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Escola Superior de Gestão de Santarém

Sociologia

Papel Social
e
Estatuto Social

Docente: Dr. Nuno Jorge

Discentes: Edgar Carvalho nº 080127032


Ivo Vieira nº 080127020
1º Ano Pós-Laboral
Marketing e Publicidade

Dezembro 2008
Papel Social e Estatuto Social

Índice

Introdução …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………pág. 3

1. Papel Social …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..pág. 4

a. Níveis do Papel Social ………………………………………………………………………………………………………………………………………….pág. 5

b. Expectativas …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………pág. 5 a 6

c. Multiplicidade de Papéis …………………………………………………………………………………………………………………………….pág. 6 a 7

d. Conjunto de Papéis ………………………………………………………………………………………………………………………………………………….pág. 8

2. Estatuto Social ………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………pág. 9

a. Os diversos Estatutos Sociais ………………………………………………………………………………………………………….pág. 10 a 12

b. Conflitos entre Estatutos ……………………………………………………………………………………………………………………………………pág. 13

Conclusão ………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………pág. 14

Bibliografia …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….pág. 15

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Papel Social e Estatuto Social

Introdução

Com este trabalho pretendemos que os leitores fiquem esclarecidos acerca do que são papéis e
estatutos sociais.

O trabalho estará dividido em duas partes o papel social e o estatuto social, as quais se inter-
relacionam uma com a outra.

Numa primeira parte vamos abordar o conceito de papel social, conceito este que pode ser descrito
numa breve introdução como sendo, o conjunto dos comportamentos que se espera de um indivíduo no
desempenho das suas actividades sociais. Agregado a este conceito falaremos sobre os vários níveis do papel
social, (o Papel Institucional, o Papel Individual e o Papel Interaccional). Seguidamente abordaremos a noção
de expectativa, não é só a sociedade que espera determinado comportamento por parte de cada membro no
exercício das suas funções, cada um de nós também espera um determinado comportamento por parte dos
restantes membros do grupo que se encontram em idêntica situação, sendo esta situação chamada de
expectativas mútuas. Na qual distinguimos três tipos de expectativas: as Necessárias, as Obrigatórias e as
Facultativas. Continuamente iremos falar sobre multiplicidade de papéis, na qual ao exercermos as diferentes
funções que nos são cometidas pela sociedade, estamos a desempenhar uma multiplicidade de papéis sociais.
Associado ao conceito de expectativa de comportamento abordaremos por último o conjunto de papéis.

Numa segunda parte abordaremos o conceito de estatuto social o qual podemos definir como o lugar
que um dado indivíduo ocupa num dado sistema num dado momento será chamado de estatuto
relativamente a esse sistema. Em seguida falaremos dos diversos estatutos sociais, (os estatutos actuais, os
estatutos latentes, os estatutos atribuídos e os estatutos adquiridos). Por último explicaremos o conflito entre
estatutos.

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Papel Social

Os comportamentos humanos são comportamentos com significado. Porque o indivíduo é um ser


sociocultural, as suas atitudes adequam-se e reflectem os padrões de cultura do grupo. Assim os nossos
comportamentos são, de certo modo, previsíveis. Quando comparamos os comportamentos de indivíduos
pertencentes a grupos diferentes face ao mesmo estímulo, é natural que registemos fortes diferenças. Porém,
no quadro de uma mesma colectividade, constatamos que os indivíduos se comportam de forma semelhante,
em presença dos mesmos estímulos. Isso não impede que deparemos com diversos tipos de comportamento
que se prendem com a diversidade de funções sociais desempenhadas. A multiplicidade de tarefas a
desempenhar numa colectividade conduz a que cada um dos seus membros desempenhe funções específicas,
de que resultam comportamentos diversos, mas típicos.

Às expectativas da sociedade, relativamente ao nosso comportamento em cada circunstância


particular, os sociólogos designaram de papel social.

Papel Social É o conjunto dos comportamentos que se espera de um indivíduo no desempenho das
suas actividades sociais.

Apesar de cada um de nós poder incutir uma marca pessoal no cumprimento de certo papel, em termos
gerais, espera-se de todos os indivíduos, no desempenho de papéis idênticos, comportamentos semelhantes.

O papel social representa um esquema de comportamento que temos direito de esperar de uma
pessoa, numa dada situação social, ou seja, o facto de os comportamentos dos indivíduos se adequarem e
reflectirem os padrões de cultura do grupo, torna – os de certo modo previsíveis, pois, face a uma
determinada situação, os indivíduos de um mesmo grupo provavelmente reagirão da mesma maneira. Mas
isto não faz com que nos deparamos sempre com o mesmo tipo de comportamentos, pois a multiplicidade de
funções específicas exercidas pelos membros de um grupo leva à existência de comportamentos diversos, mas
típicos. É o caso de um médico, por exemplo, enquanto profissional, é esperado dele um comportamento
próprio e distinto do que se prevê que seja adoptado de um professor, de um operário, ou de um chefe de
família.
De um chefe de família, por exemplo, é esperado que trabalhe, que sustente a família, que zele pela
segurança do seu agregado, que oriente e dirija os seus membros. Estas tarefas estão como que definidas pela
sociedade, sendo impostas pelo exterior. A sociedade espera ou exige do chefe de família o cumprimento
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destes comportamentos, enquanto que para o chefe de família estes comportamentos são considerados como
naturais, pois ao longo da sua vida ele foi tomando conhecimento do papel de chefe de família e foi
interiorizando os comportamentos que lhe são próprios. Podemos afirmar então, que existe um processo de
aprendizagem ao qual, a integração de cada indivíduo nos grupos a que pertence, é tanto mais fácil, quanto
melhor interiorizar os comportamentos típicos atribuídos ao papel que irá desempenhar.

Níveis do Papel Social

Ao falarmos de papéis sociais e de comportamentos em sociedade, é importante definirmos três níveis


de papel social.
O Papel Institucional, é o papel que a sociedade impõe perante o lugar que o indivíduo ocupa,
podemos verificar esta situação no exemplo anterior, em que a sociedade exige que um chefe de família
cumpra devidamente o seu papel.
O Papel Individual, mediante a personalidade de cada indivíduo, este vai assumir o seu papel perante
a sociedade, isto é, cada chefe de família, mediante a sua personalidade cumpre o seu papel “à sua maneira”.
O Papel Interaccional, à qual a sociedade é composta por seres complementares, ou seja, um papel
existe apenas em relação com outros papéis, pois por exemplo, o papel de pai implica o papel de filho, o papel
de médico implica o papel de doente, o papel de professor implica o papel de aluno.
No entanto não é só a sociedade que espera determinado comportamento por parte de cada membro
no exercício das suas funções, cada um de nós também espera um determinado comportamento por parte dos
restantes membros do grupo que se encontram em idêntica situação. O comportamento que esperamos de
um professor é o mesmo que esse professor espera dos restantes professores, pois eles realizam funções
idênticas, por outro lado, esse professor, esperará dos seus alunos o cumprimento dos seus papéis.
Estas expectativas mútuas (o que se espera de nós e o que esperamos dos outros), demonstram a relação
existente entre nós, os outros e a sociedade.

Expectativas

Assim podemos distinguir três tipos de expectativas: as Necessárias, as Obrigatórias e as Facultativas.


As Expectativas Necessárias são aquelas que são sancionadas por uma lei e às quais a sociedade pode
recorrer a fim de obrigar os cidadãos a respeitarem as leis, o polícia e o tribunal. Portanto, estas expectativas

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são impostas, e o detentor de um papel tem apenas uma liberdade restrita a esse respeito. Sendo o indivíduo
punido se não as respeitar. Por exemplo, o funcionário de um banco que comete um desfalque, é julgado e
consequentemente sendo este preso, o seu papel terminará. O único meio de esquivar-se das expectativas
necessárias consiste em esconder-se para escapar às sanções.
As Expectativas Obrigatórias são aquelas que não implicam sanções tão rígidas e completas como as
anteriores, são exercidas no seio de um grupo social. Certos grupos sociais impõem uma regra de conduta aos
seus membros, mas tais membros podem conformar-se mais ou menos e podem sair se não quiserem cumprir
tais condutas. É o caso da Ordem dos Médicos ou Advogados, que têm um código específico de
comportamento, há um código de comportamento, um modo de se conduzir próprio do advogado ou do
médico. Os membros comportam-se mais ou menos de acordo com as regras da Ordem. A margem concedida
é relativamente ampla, mas se não se comportarem bem, a Ordem pode infligir-lhes uma censura, e, em
último recurso, excluí-los.
Nas Expectativas Facultativas não existem sanções, neste caso os outros membros do grupo, deixam
simplesmente perceber ao “infractor” que ele está a agir mal, funcionando assim como meio de pressão.
Existem também sanções positivas, recompensa e prémios. As expectativas facultativas são essencialmente
compensadas por sanções positivas. Ao desempenhar satisfatoriamente o seu papel, uma pessoa conquista
êxito e sorrisos. Desempenhando bem o seu papel, ela coopera com o funcionamento da máquina social, e
toda a gente mostra o seu reconhecimento.
A pressão da sociedade exerce-se, com efeito, muito mais através de sanções positivas do que através
de sanções negativas.
O indivíduo que tem como objectivo uma vida sem percalços ou que deseja obter êxito no seu grupo
social, faz tudo para não decepcionar as expectativas dos outros, desempenhando da melhor maneira possível
o seu papel social, encontrando recompensa por fazer uma carreira rápida ou adquirindo uma forma ou outra
de reconhecimento ou prestígio social.

Multiplicidade de Papéis

O desenvolvimento pleno das nossas capacidades e habilidades resulta da interacção que se


estabelece entre nós, e entre nós e o meio. Esta interacção acarreta inúmeras formas de relacionamento, dada
a multiplicidade de funções que somos solicitados a desempenhar.
Uma vez que cada função exige um comportamento típico, são inúmeros os comportamentos que
realizamos. Assim, ao exercermos as diferentes funções que nos são cometidas pela sociedade, estamos a
desempenhar uma multiplicidade de papéis sociais.
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Um indivíduo casado e com filhos deverá desempenhar, em primeira instância, o papel de cônjuge e o
papel de pai. Esse indivíduo encontra-se certamente integrado noutros grupos para além do familiar, sendo-
lhe exigidos outros comportamentos. Ele pode ser também trabalhador de uma fábrica, membro de um
sindicato, militante de um partido político, sócio de certo clube recreativo, membro de uma comunidade
religiosa, etc.
A multiplicidade de funções pode originar situações de conflito entre os papéis que o indivíduo tem de
desempenhar. O papel de operário colide com o de grevista, assim como o papel de grevista pode colidir com
o de chefe de família, de membro de um partido político, etc.

É o caso do “Sr. Jones” que é um indivíduo casado, o qual exercerá o papel de marido e de pai, mas ele
também é membro de outros grupos, os quais, lhe vão exigir outros comportamentos; é funcionário de uma
empresa, militante de um partido, membro de uma comunidade religiosa, portanto exerce múltiplos papéis.

Conjunto de Papéis

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Assim, quando um indivíduo entra num grupo/empresa é confrontado com várias expectativas de
comportamento que o condicionam, podendo assim existir um conflito potencial dentro do conjunto de
papéis, tal como, existe potencial conflito entre os diferentes papéis. Por exemplo, o chefe pode fazer
exigências a um determinado homem que sejam incompatíveis com as exigências que lhe são feitas pelos
colegas de trabalho.

Um indivíduo também se relaciona com outros quando desempenha as suas funções. Então, existe um
conjunto de papéis que se pode definir como, a totalidade dos papéis representados por determinado
indivíduo, e pelos restantes a ele ligados, no desempenho de uma determinada função social.
A aprendizagem dos papéis que um indivíduo assume na sociedade é um dos aspectos mais
importantes da socialização. O conceito de papel, associado ao de estatuto, é como uma ponte entre o nível
colectivo e o individual da vida em sociedade, entre as perspectivas sociológicas e as psicológicas.

Estatuto Social
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Sociedade

Estatuto
Papel Social
Social

Conjunto de comportamentos Conjunto de comportamentos


próprios de um determinado que um indivíduo espera da
cargo social esperados pela sociedade em função do papel
sociedade social que desempenha

Intimamente ligado ao conceito de papel social encontramos o termo “Estatuto Social” que designa
um conceito utilizável nas sociedades estratificadas. Apesar de não haver total acordo entre os sociólogos
acerca do que o estatuto social deverá designar, a generalidade dos autores define-o num sentido
complementar ao conferido ao papel social. Assim, o estatuto social deverá designar o lugar, ou posição, que
determinado indivíduo ou grupo ocupa na colectividade, bem como o conjunto de comportamentos que esse
indivíduo ou grupo pode objectivamente esperar dos demais, em virtude do papel social que desempenha.

Segundo Ralph Linton que se consagrou particularmente à sociologia dos estatutos sociais, “o lugar
que um dado indivíduo ocupa num dado sistema num dado momento será chamado de estatuto
relativamente a esse sistema.” Um estatuto é uma posição particular num modelo particular, cada indivíduo
possui vários estatutos no sentido em que cada indivíduo depende de vários modelos. Contudo, se não for
facultada precisão alguma, o estatuto de um indivíduo designa a totalidade dos estatutos que ele ocupa, e
representa a sua posição com referência à sociedade global. O estatuto de um indivíduo como membro da sua
comunidade resulta de uma combinação de todos os estatutos que ele detém enquanto cidadão, advogado,
católico, marido da senhora X, e assim sucessivamente.

O estatuto social abarca o conjunto de privilégios e atributos ligados com a posição que determinado
indivíduo ou grupo ocupa na estrutura social e que os indivíduos, em geral aprendem a respeitar em virtude
do processo de socialização a que foram sujeitos.

O estatuto pode ser considerado como um conjunto de direitos e de deveres. Como diz Jean Stoetzel o
estatuto, é o conjunto dos comportamentos que o indivíduo pode esperar da parte dos outros.

Principais factores que influenciam o estatuto social:

 Estrato social a que pertence;

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 Ascendência – família de que o indivíduo provém: nobre, rica, intelectual, etc.;


 Situação económica (poder económico);
 Situação política;
 Papéis que desempenha;
 Meios que o indivíduo frequenta;
 Sexo
 Idade;
 Cor a pele; etnia;
 A religião.

Os diversos Estatutos Sociais

Ralph Linton

Estatutos Estatutos Estatutos Estatutos


Actuais Latentes Atribuídos Adquiridos

Ralph Linton estabeleceu uma distinção entre estatutos actuais e estatutos latentes e entre estatutos
atribuídos e estatutos adquiridos.

O estatuto actual é o que se exerce num determinado momento.

Os estatutos latentes são os outros estatutos, que não os que o indivíduo está a exercer num
determinado momento em concreto.

Por exemplo, quando se trata de um doente, o médico tem por estatuto actual o seu estatuto de
médico; os seus outros estatutos (por exemplo o de pai de família) são então estatutos latentes.

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Estatutos atribuídos – O lugar que cada indivíduo ocupa nos diferentes grupos a que pertence ou no
conjunto da sociedade global, poder-lhe-á ser, inquestionavelmente, transmitido, isto é, atribuído. Assim
acontece com o estatuto de filho, de herdeiro, o de monarca que ascende ao trono por via hereditária… São
impostos a todas as pessoas logo à nascença, estes estatutos são adquiridos por simples factos, como
pertencer ao género masculino ou feminino, ou a uma determinada etnia, etc. Em todos os casos apontados,
os indivíduos nada fizeram para terem direito ao cargo ou à posição social que ocupam. Conclui-se que são
estatutos que o indivíduo adquire sem nada ter feito para isso.

Esta situação é característica das sociedades tradicionais onde os papéis e os estatutos sociais se
encontram como que previamente distribuídos a determinados indivíduos, que apresentam os requisitos
biológicos, sociais e culturais necessários.

Face à estratificação e dificuldade de ascensão social características das sociedades tradicionais, os


lugares que cada indivíduo irá ocupar encontram-se definidos em função do estatuto social já ocupado pelos
seus antecessores. Esta transmissão de estatutos é resultado da falta de abertura e de dinamismo destas
sociedades e, simultaneamente, é condição necessária à reprodução do statu quo. Serão sempre os mesmos
a ocupar os mesmos lugares.

Naturalmente, a hereditariedade não é o único critério de atribuição de estatutos. Os factores


culturais também se constituem numa forma de atribuição de estatutos. Assim acontece, por exemplo, com a
posição da mulher nas sociedades tradicionais. À mulher é atribuído o papel de “dona de casa”, de “fada do
lar”, etc.

Nas sociedades tradicionais os modelos culturais vigentes são, portanto, pouco permeáveis à
mudança. Em consequência, o posicionamento do papel da mulher, ou de qualquer outro indivíduo do grupo,
relativamente aos restantes papéis sociais, será dificilmente alterado.

Dentro da família, do grupo, do estrato ou na sociedade global, os indivíduos ocupam posições


previamente determinadas, o que condiciona e retarda a mudança. A reprodução da situação social existente
encontra-se assegurada.

Estatuto adquirido – São aqueles em que o indivíduo possui tendo contribuído para a sua obtenção,
dependem essencialmente dos nossos esforços, da nossa iniciativa, da nossa vontade (profissão, nível de
formação académica, conquista de prestígio ou poder, etc.). Nestas situações, o indivíduo teve de agir para
conseguir este novo estatuto.

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As sociedades democráticas caracterizam-se, exactamente, pelas possibilidades que proporcionam aos


seus membros de adquirirem estatutos que lhes sejam mais favoráveis. A possibilidade de estudar e adquirir
os conhecimentos técnicos e científicos necessários a determinada profissão é uma das oportunidades que
estas sociedades oferecem aos jovens. Em princípio os jovens poderão conseguir uma posição social e
respectivo estatuto, superiores aos dos pais. Tudo dependerá das capacidades do próprio indivíduo. Sobe-se
na hierarquia em função do talento e da competência.

Numa sociedade aberta, ainda que estratificada, as possibilidades de mobilidade social são sempre
grandes, desde que o indivíduo se proponha a respeitar os valores e os objectivos que a orientam. Por
exemplo, um trabalhador americano, com iniciativa, gosto pelo risco e capacidade de trabalho que, pelo facto
de enriquecer o seu país, é recompensado pela conquista de um estatuto superior ao do trabalho rotineiro.

A iniciativa é um factor de desenvolvimento económico, pelo que o trabalhador com iniciativa é


estimulado e recompensado.

O desfasamento entre estatutos atribuídos e estatutos adquiridos pode contribuir para medir a
mobilidade social.

Em qualquer sistema social, há hierarquias de estatutos, em ligação com a estratificação social. O


estatuto decorre assim do posicionamento hierárquico ocupado na estrutura social, o lugar ocupado na
divisão social de trabalho, por exemplo, atribuí portanto níveis de prestígio e de poder diferenciados a
indivíduos e a grupos, permitindo falar-se em estatutos superiores e estatutos inferiores. É esta constatação
que permite ligar o estatuto social às sociedades estratificadas. Consoante o tipo de sociedade, é este ou
aquele tipo de critério (nascimento, riqueza, cultura) o mais importante na classificação dos estatutos. Por
exemplo no século XVIII, a burguesia ascendente esforçava-se por fazer prevalecer o estatuto económico
sobre o estatuto de nascimento. Vance Packard mostrou que actualmente, nos Estados Unidos, há um
desfasamento entre a hierarquia real dos estatutos (a que comanda as atitudes da opinião pública) e a
hierarquia ideal conforme com o “credo americano” que visa à igualdade dos estatutos.

Conflitos entre estatutos

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A correspondência entre sociedades tradicionais e predomínio de estatutos atribuídos, sofre uma


alteração profunda sempre que nessas sociedades, geralmente por factores que não conseguem controlar, se
dá a mudança social. Nesta situação, é natural que venham a registar-se conflitos entre os diferentes tipos de
estatuto. Assim acontece, por exemplo, com a mulher a quem é exigido e, por isso, atribuído um certo
estatuto, o de dona de casa, mas que deseja outro, nomeadamente o de ter uma profissão. Outro exemplo de
conflito entre os diferentes estatutos verifica-se sempre que um indivíduo pertence a determinado estrato
social pretende ascender, pelo seu trabalho, a um nível social superior, mas que é ridicularizado pelas suas
maneiras, sentindo-se, por isso, pouco confortável na sua nova posição.

A mudança social é, pois, um período de indefinição, onde novos valores se instalam depois de
poderosa luta contra os velhos padrões. Do confronto entre o velho e o novo sairá uma nova sociedade com
novos estatutos, novas possibilidades e, naturalmente, uma nova ordenação e hierarquização de estatutos
sociais.

Conclusão

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Com este trabalho, podemos concluir que, o papel social vem assim caracterizar modelos que,
independentemente das diferenças e das adaptações individuais, servem para orientar a acção dos indivíduos
no seu grupo ou grupos sociais.

Por sua vez, o estatuto social designa o lugar, ou posição, que determinado indivíduo ou grupo ocupa
num dado sistema, num dado momento, bem como o conjunto de comportamentos que esse indivíduo ou
grupo pode esperar da sociedade em virtude do papel social que desempenha, podendo ser este estatuto
atribuído ou adquirido.

Os papéis que assumimos nos grupos a que pertencemos definem as obrigações e os


comportamentos que os outros esperam de nós. O papel está dependente da posição que ocupamos num
dado grupo, ou seja, do nosso estatuto. Assim, o estatuto decorre do poder e prestígio que se detém num
dado grupo.

Podemos também concluir que perante várias situações/grupos um indivíduo pode assumir diferentes
estatutos e consequentemente diferentes papéis, e que o bom funcionamento do sistema social assenta na
reciprocidade de estatutos e papéis.

Bibliografia

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 Cazeneuve, J., Victoroff, D. (1982). Dicionário de Sociologia. Verbo

 Worsley, P. (1983). Introdução à Sociologia. Lisboa, Publicações Dom Quixote, (287-298)

 Silvestre, M., Moinhos, M. Sociologia 12º Ano. Lisboa, Lisboa Editora

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