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Scarleth Alencar

Cirurgia Ambulatorial
Cirurgia de unha
O médico que tem a formação mais específica e mais detalhada para fazer o
tratamento de uma unha, seja o tratamento clínico, tópico ou cirúrgico de uma
unha é o dermatologista, muitas vezes podemos observar no dia a dia o médico
da família tratando clinicamente, ou eventualmente até um cirurgião geral na
urgência, quando eventualmente o paciente apresentou uma unha encravada, um
abcesso ou até em ambulatório de pequena cirurgia, mas é importante saber que
o médico mais habilitado a fazer todo esse diagnóstico e tratamento é o
dermatologista.
Outro ponto importante é a importância de outros profissionais, como as
manicures, pedicures, que muitas vezes vão atrapalhar, caso façam um corte
inadequado que leva a um crescimento inadequado da unha e pode causar
complicações, mas muitas vezes esse profissionais ajudam, os podólogos, que
ainda existe muito preconceito em relação a eles, por não serem médicos, eles tem
curso técnico e já existem faculdades com esse curso de podologia em nível
superior, e a forma como eles fazem esse tratamento sem o uso de bloqueio
anestésico é muito interessante, mas mesmo assim, o profissional mais adequado
para realizar esse tipo de procedimento é o dermatologista.

Anatomia da unha

o A unha é uma lâmina córnea que surge a partir do espessamento da pele,


durante o desenvolvimento do feto ela surge para proteger essas extremidades
dos dedos e artelhos;
o Ela surge a partir do espessamento da camada córnea a partir de colágeno,
ocorre uma hiperceratose e então ocorre a formação desse anexo;
o É importante entender alguns conceitos relacionados com a estrutura da unha,
ela vai ter relação direta da falange distal, ela surge como proteção nessa
região ela tem uma proximidade muito grande;
o A unha possui suas bordas, onde encontram-se os sulcos laterais da unha,
existe a borda livre, tem-se também a lâmina ungueal, que é onde a unha vai se
“deitar” e proximalmente tem-se a matriz ungueal, e a partir dessa matriz que
ocorre o crescimento ungueal;
o Existem duas estruturas que é importante saber a denominação, que é o
eponíquio e o hiponíquio, o eponíquio é a área localizada superiormente a
matriz, que é um colágeno mole que protege essa região da matriz, é; a lúnula,
que é essa área branca, nada mais é que a visualização da região da matriz,
que se estende até a parte mais interna do dedo, e por cima da matriz tem-se
o eponíquio;
o Na área distal, junto da borda livre tem-se o hiponíquio, que também é o
espessamento da lâmina ungueal, que protege a parte distal da lâmina;
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o Esses conceitos abordados são importantes para descrever os procedimentos
de forma mais adequada, por isso é importante saber o que é a borda livre da
unha, o que são as bordas laterais, os sulcos laterais, o que é a lúnula, que ela
faz parte da matriz, saber que o eponíquio se encontra recobrindo a matriz e
protegendo e que o hiponíquio está na região mais distal, esses conceitos são
fundamentais para o entendimento da anatomia da unha.

Paroníquea

o Existem algumas complicações relacionadas à unha, a paroníquea é uma delas;


o A paroníquea consiste em uma infecção relacionada com a região ungueal;
o Essa inflamação/infecção pode ocorrer de forma aguda ou crônica;
o Normalmente essas inflamações ou infecções são relacionadas a pequenos
ferimentos, pequenas perfurações nessa região periungueal, seja na região
próxima do eponíquio, seja na região próxima do hiponíquio, mas
principalmente na região do eponíquio, que é a região mais alta;
o Normalmente essas inflamações mais agudas começam a se localizar próximo
do local de entrada, tendo pequenos pontos ou orifícios de entrada que os
microrganismos começam a causar uma inflamação próximo dessa
localização, e a medida que esse problema não é tratado adequadamente,
essa inflamação começa a surgir e se transformar em abcesso, a formação de
pus nessa região do eponíquio pode se caracterizar como uma inflamação ou
infecção aguda mas de um quadro que não foi tratado inicialmente;
o Muitas vezes essa infecção esta relacionada com pequenos ferimentos
relacionados com atividade doméstica, algum trabalho manual, manipulação,
quando não tratado adequadamente, ou seja, quando não se realiza a limpeza
adequada e acaba se perpetuando;
o Normalmente essas inflamações/infecções acontecem principalmente
relacionadas com os Staphylococcus aureus, como eles estão presentes na
pele, a qualquer momento em que se tem uma quebra de barreira ou alguma
lesão importante que possa gerar um quadro infeccioso, os Staphylococcusvão
ser os responsáveis por essa infecção de forma mais imediata, a medida em
que se apresenta uma inflamação/infecção mais crônica pode se ter outros
microrganismos relacionados, como estreptococos, gram negativos entéricos,
mas principalmente os Staphylococcus aureus que vão esta relacionados com
as infecções mais agudas;
o Quando se pensa em infecção crônica, normalmente é importante relacionar
com pessoas que tem trabalhos manuais, principalmente pessoas que deixam
a mão muito úmida por muito tempo, por exemplo, lavadeiras, que acontece
uma infecção crônica nessa região e essa infecção crônica vai se perpetuando
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e começa a lesar não só a região do eponíquio, mas também o próprio
desenvolvimento ungueal, então muitas pessoas que tem dismorfismos,
distrofimos ungueais, principalmente relacionadas com estrias na formação da
unha, isso tudo pode esta relacionado com a paroníquea;
o Normalmente há a necessidade de antibiótico venoso

o A paroníquea pode se apresentar inicialmente como a imagem a esquerda, com


uma inflamação leve, podendo está relacionada até mesmo com o fato da
manicure retirar a cutícula, a cutícula nada mais é do que uma proteção dessa
região do eponíquio, então quando quando se retira essa proteção, quando se
realiza pequenas lesões, tem-se a colonização bacteriana que pode levar a
uma infecção;
o Nos casos iniciais, na maioria das vezes não há necessidade de um tratamento
mais intensivo, seja cirúrgico ou clínico;
o Ao chegar no estagio representado na imagem a direita, há um abcesso,
surgindo a necessidade de uma drenagem;

o Normalmente a forma de drenagem vai depender da profundidade da lesão,


quando há uma lesão superficial, ou seja, quando ocorre nas bordas, seja
lateral ou seja na borda superior, junto ao eponíquio, nesses casos uma simples
incisão nessa região, nesse sulco, faz-se uma incisão com uma lâmina numero
11, que permite a drenagem dessa secreção e faz-se o tratamento com
antibioticoterapia, associada com a drenagem e curativos;
o Sempre que existem uma lesão aberta, há a necessidade da limpeza,
antissepsia e a drenagem associada com antibioticoterapia, normalmente
realiza-se a drenagem, antibiótico e curativo;
o Quando há uma lesão somente na parte mais superior da unha, a situação de
drenagem se da no local do ponto das cegas, normalmente não há necessidade
de lesão da unha, de ressecção, secção ou remoção da unha, a unha como
anexo funciona como proteção da região distal dos dedos, então é
fundamental que ela seja preservada sempre que possível;
o Normalmente quando há uma lesão no eponíquio realiza-se uma incisão mais
alta e outra junto a inserção da unha, faz-se a ressecção dessa área, sendo
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possível fazer a drenagem desse abcesso e esse paciente fica fazendo o
tratamento de antibioticoterapia, curativos e drenagem;
o Há casos mais graves em que essa paroníquea, se não tratada
adequadamente a infecção desce e forma um abcesso subungueal, nesses
casos, essas paroníqueas que causam esses abcessos subungueais são muito
mais sintomáticas, pois esse abcesso que era somente superficial, que estava
somente comprimido a pele, agora está sendo comprimido entre a unha e a
falange distal, então ele gera uma dor importante, semelhante aos casos de
traumas em que ocorrem a formação de hematomas subungueais,
normalmente quando há a formação de algum conteúdo nessa região
subungueal gera um quadro doloroso muito importante, então somente a
drenagem superficial não vai ser suficiente, então em alguns casos há a
necessidade de secção parcial da região proximal da unha, nos casos em que
é possível se preservar essa porção proximal da unha, existe uma técnica em
que se realiza pequenas janelas dessa região proximal, em forma de triangulo
e com uma pequena pinça (Kelly ou Halsted) é possível se realizar a drenagem,
e normalmente a literatura orienta a colocação de pequenos drenos, um de
cada lado, são drenos laminares, drenos de penrose, normalmente esses
drenos de penrose tradicionais são bem maiores e mais calibrosos, então pode
se realizar um pequeno corte até mesmo em um dedo de luva e esse dedo de
luva vai funcionar como um dreno laminar sendo colocado nessa região, e o
tratamento continua com drenagem, curativos até a cicatrização completa e
antibioticoterapia;
o O tratamento da paroníquea, seja superficial ou profunda é sempre baseada
no tripé de antibioticoterapia, drenagem e curativo;
o Nos casos em que a inflamação é crônica, como já falado anteriormente, na
maioria das vezes leva a alguma alteração no próprio desenvolvimento dessa
unha, levando aos poucos a infecção secundária, não somente por
Staphylococcus aureus, mas também pode levar a infecções fúngicas, a
bactérias multirresistentes, nesses casos muitas vezes há a necessidade de não
somente de drenagem, mas de um tratamento a longo prazo, com
corticoterapia, ou muitas vezes há necessidade de tratamentos antifúngicos
associados com essas infecções secundarias;
o Tratamentos agudos por conta da necessidade podem ser realizados por
médicos não especialistas na área, no entanto quando se começa a ter um
quadro mais crônico, mais complexo, de difícil tratamento e difícil resolução,
sendo a paroníquea crônica um deles, há a necessidade de acompanhamento
com um dermatologista, ele vai poder realizar esse tratamento, que
normalmente demoram bastante tempo (meses), sendo fundamental esse
encaminhamento ao especialista nos casos em que o quadro não se resolve
adequadamente;
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o São várias as causas, essas alterações ungueais vão acontecer não somente
por quadros infecciosos locais, mas por exemplo, um paciente que tem um
quadro dermatológico como psoríase, dermatite de contato, ele pode começar
a levar a essas alterações, paciente que tem onicocriptose, como pode se
observar no exemplo C, que aos poucos começa a lesar e causar a formação
de uma infecção crônica, nesses casos é necessário a realização de um
tratamento mais agressivo.

Onicomicose

o A onicomicose pode até mesmo se enquadrar como uma infecção secundária,


que nada mais é que uma infecção por fungo na região ungueal;
o A onicomicose é caracterizada principalmente por 2 formas principais, e essa
classificação esta diretamente relacionada aos locais de entrada dos fungos,
por onde os fungos vão começar a entrar para causar essa infecção: se
começam a entrar na região subungueal distal e lateral ou naregião
subungueal proximal;
• Se começam a entrar na região subungueal distal e lateral, ou seja, nas
bordas laterais e a partir do hiponíquio, a região subungueal distal é por
onde eles normalmente começam a causar o quadro infeccioso, infestando
toda essa região e ocorre uma manifestação difusa na unha, essa
inflamação começa a causar uma hiperceratose dessa região do
hiponíquio, podendo se perceber que a unha do paciente começa
praticamente a se soltar do leito ungueal, ocorre uma hiperceratose do leito
ungueal e a unha começa a se soltar quase que por completo, esses
quadros não acontecem da noite pro dia, são quadros que vão
acontecendo aos poucos;
• Ou região subungueal proximal, na região do eponíquio, junto da matriz, se
caracterizando como um quadro muito agressivo e grave, mas
externamente leva um tempo para ser possível a visualização desse
acometimento, pois a lesão é muito mais proximal, não tem tanta
manifestação na região ungueal como se visualiza na Onicomicose distal;
o A onicomicose nos casos mais leves e iniciais vão poder ser tratadas com
derivados imidazólicos tópicos, corticoide, mas em casos mais graves é
necessário um tratamento e acompanhamento de longo prazo;
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Importante: Lembrar o que é eponíquio, hiponíquio, paroníquea, que é uma
infecção que ocorre principalmente na região do eponíquio, não esquecer o que
é onicomicose e onicogrifose, ou seja, todos os conceitos.

Onicogrifose

o A onicogrifose é outra manifestação relacionada com a unha, que nada mais é


do que o desenvolvimento anormal das unha, quando foi falado anteriormente
que o paciente apresentava um dismorfismo da unha, significa que a unha
começa a crescer de forma irregular, por exemplo, um paciente com
paroníquea crônica tem uma tendência a fazer certo grau de onicogrifose, não
sendo o quadro mais típico;
o O quadro mais típico ocorre normalmente em mulheres, não se sabe
exatamente o motivo, pacientes idosos, e muitas vezes leva a formação de unha
extremamente irregulares, espessadas e encurvadas, o que acontece muitas
vezes é que por vários motivos, não se sabe muito bem, nesses casos em que
não é congênito, ocorre uma espécie de separação da unha da sua matriz, e a
partir da separação dessa matriz a unha começa a crescer de forma irregular,
não tendo mais a organização que a matriz leva na formação da unha, da
matriz associada com o leito ungueal;
o A unha normal cresce com um formato pois ela esta associada com o
crescimento a partir de uma matriz que esta diretamente relacionada com o
seu leito ungueal, quando ela se separa desse leito ungueal ela pode começar
a crescer de forma irregular, que é o que acontece na onicogrifose;

o Na imagem pode se observar uma unha que cresce de forma dismórfica, que
começa a crescer de forma irregular, normalmente isso ocorre nos pés, essas
unhas são muito espessas e na maioria das vezes é quase que impossível fazer
o corte dessa unha com uma tesoura, normalmente é possível realizar o corte
apenas com um alicate mais grosseiro;
o A onicogrifose é difícil ocorrer em todos os dedos, quando ela ocorre em todos
os dedos, normalmente há uma associação com uma malformação congênita,
mas de forma geral, ela está mais presente nos hálux;
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o O tratamento da onicogrifose seria a remoção completa da unha, se
caracterizando como uma exceção, pois a unha é uma proteção, nos casos em
que essa onicogrifose leva a um dano pro paciente, para tentar corrigir esse
dano e tentar fazer com que essa unha cresça adequadamente pode se lançar
mão dessa terapêutica, que consiste basicamente na remoção completa da
unha até a região de todo o seu leito ungueal e a cauterização química desse
leito com células germinativas é realizado com fenol, não sendo comum a
realização dessa cauterização química por um médico generalista, quando há
a necessidade desse tipo de procedimento indica-se o encaminhamento para
o especialista.

Unha em pinça

o Outra manifestação que também pode acontecer na região ungueal são as


unhas em pinça, que nada mais é do que mais um dismorfismo ungueal, sendo
também mais comum nas mulheres;
o A unha em pinça acontece quase que sempre no hálux;
o Na maioria das vezes ocorre de forma idiopática;
o O tratamento, por sua vez, acontece na maioria das vezes apenas para
sintomáticos;
o Essa unha em seu sentido longitudinal começa a crescer de forma mais
arredondada e suas bordas começam a penetrar dentro da matriz, começando
a causar danos, seja externo, na região da pele, seja dano na própria matriz
ungueal, ocorrendo o descolamento dessa unha que está em formação e há a
lesão dessa matriz que esta localizada na região mais inferior;
o Nos casos sintomáticos existem algumas técnicas de tentativa de fixação, como
incisões longitudinais e fixação com alguns grampos, em casos mais
específicos e grosseiro dessa unha em pinça em que há a necessidade de
tratamento, os pacientes precisam ser encaminhados para o especialista, que
é realmente quem tem alguma experiência no tratamento desse tipo de
paciente;
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o No exemplo A apresenta-se como se fosse o início do quadro da unha em pinça,
já no exemplo C pode se observar que a unha no sentido longitudinal esta
penetrando não somente da pele, do tecido celular subcutâneo, mas até
mesmo da matriz ungueal, sendo um quadro doloroso;
o São dismorfismos que levam a danos importantes para o paciente;
o Existem algumas malformações, sejam ósseas, muitas vezes calçados muito
apertados, cortes irregulares que podem levar a um crescimento inadequado
e a esse tipo de dismorfismo, mas normalmente são alterações próprias do
paciente;

o Existem vários tipos de dismorfismos, muitas vezes ocorre uma união, não
sendo possível separar, como por exemplo, eventualmente pode acontecer a
unha em bico de papagaio, dismorfismos associados seja por uma alteração
infecciosa, uma paroníquea levando a um dismorfismo, seja por uma onicólise
que consiste no deslocamento da unha – placa ungueal do leito ungueal, como
pode se observar na imagem D a unha “se soltando” e começa a se apresentar
de forma dismórfica;
o Existem uma série de fatores que podem alterar o desenvolvimento das unhas,
a unha é um anexo da pele e existem várias doenças, principalmente
comorbidades e alterações nutricionais que podem levar a alterações das
unhas, sendo sempre importante observar esse problema nesse contexto, como
por exemplo, paciente que tem doenças dermatológicas, como a psoríase,
dermatite de contato, as lesões de pele podem levar a lesões ungueais e ao
dismorfismo;
o Existem também quadros infecciosos, contaminação bacteriana e fúngica que
causam dismorfimos;
o Existem comorbidades difusas que também podem levar ao dismorfismo das
unhas, como em pneumopatas, tabagistas crônicos que apresentam
onicocromatoses, unhas amareladas associada ao tabagismo, pacientes
renais crônicos também apresentam alterações ungueais;
o Pacientes com deficiências nutricionais, déficit de cálcio, magnésio, paciente
com síndrome do intestino curto, que não conseguem absorver
adequadamente os oligoelementos e começam a ficar com as unhas
quebradiças.

Unha encravada – Onicocriptose


Scarleth Alencar
o O nome técnico de unha encravada é onicocriotose;
o Não pode se colocar todos os paciente que são caracterizados como unha
encravada dentro de um mesmo grupo, eles não vão ser tratados da mesma
forma, por isso é importante aprender e entender o conceito, o que caracteriza
a unha encravada e como tratá-la, existem maneiras mais agressivas e
invasivas e maneiras menos agressivas, há pacientes que consegue ter sucesso
no tratamento apenas com pedicure, podólogo antes de chegar a realizar um
procedimento cirúrgico;
o Quanto mais precoce for a realização do procedimento, menos agressivo vai
ser o quadro do paciente, se o paciente começa a apresentar uma lesão
ungueal e ele rapidamente procura atendimento, mesmo que não seja um
cirurgião, para a realização do tratamento adequado, basta fazer o corte
adequado da unha e essa unha vai parar de lesar;
o Basicamente a unha encravada vai se caracterizar por uma inflamação crônica
na região periungueal, o que caracteriza a unha encravada é que o
crescimento ungueal começa a se formar de forma irregular, mas
principalmente na região lateral, as bordas laterais da unha, normalmente não
apresenta lesão de hiponíquio ou eponíquio, as alterações começam nas
bordas laterais, pois a unha começa a crescer e ocupar a região de borda livre
que existia, além de muitas vezes a unha começar a crescer de forma irregular,
e irregular de forma mais alta, então não começa lesando somente a lateral, ela
começa a crescer também na região superior, já acometendo parte do
eponíquio;
o Nos casos mais leves, quando a unha invade apenas esse tecido lateral, nos
quadros mais iniciais não deu tempo de acontecer a inflamação crônica
levando a formação de um granuloma piogênico, sabe-se que nessa região
periungueal, por conta da inflamação crônica, lesão crônica da pele, ocorre a
formação de uma malformação vascular relacionada com a inflamação
crônica, que é o granuloma piogênico;
o Esses granulomas piogênicos precisam ser ressecados, nos casos em que o
quadro é mais leve, mais inicial, não acontece nem a formação do granuloma,
então nos casos em que ocorre apenas a inflamação local, que se percebe que
somente a borda lateral começou a crescer a mais, faz-se o
corte/liberação/separação da borda lateral da unha, cortando a unha
adequadamente, realizando limpeza e colocar algodão ou gaze para realizar
curativo e provavelmente essa unha volte a crescer adequadamente, sem a
necessidade de submeter o paciente a procedimentos mais agressivos, com
bloqueios, ou seja, basicamente era o corte da unha que se encontrava
inadequado, não havendo necessidade de curetagem ou cauterização;
o No entanto, quando esse processo começa a ser crônico, e esse processo
começa a ser crônico muitas vezes devido ao corte inadequado da unha, o
paciente usa sapatos muito apertados causando trauma de repetição, ou até
mesmo, o paciente pode ter alguma deformidade óssea, e essas deformidades
ósseas podem acarretar a essas alterações crônicas;
Scarleth Alencar
o Nos casos em que o tratamento menos agressivo ou menos invasivo não é
possível, deve se lançar mão dos tratamentos mais agressivos, normalmente a
inflamação crônica começa a levar a formação de alteração vascular, o
chamado granuloma piogênico, esse granuloma piogênico não se resolve
espontaneamente, nesses casos por mais bem intencionado que podólogo,
manicure possam ser eles não vão conseguir fazer a ressecção sem o paciente
sentir muita dor, e se não for feita a ressecção dessa região é difícil que esse
apresente melhora, pelo menos a curto prazo;
o Basicamente quando a unha se apresenta acometida e com o granuloma
piogênico é necessário a realização da cirurgia, e nos casos em que é
necessário a realização de cirurgia propriamente dita, há a necessidade do
bloqueio interdigital, dos nervos interdigitais;

o Normalmente os nervos interdigitais passam próximos ao periósteo, dos dois


lados, é fundamental que o bloqueio seja feito na região em que o nervo passa
(após a antissepsia), não deve se perfurar o nervo para a realização do
bloqueio, o anestésico deve se lançado na região próxima ao nervo, para que
essa região fique encharcada e o estímulo doloroso não passe, o bloqueio deve
ser feito tanto na região medial, quanto lateral, sendo recomendada uma
perfuração a 90º junto do periósteo, chegando próximo a ele, volta “enchendo”
essa região, com no máximo 0,2/0,3 ml, pois é uma região pequena, com poucas
estruturas, lembrando que sempre que a agulha for introduzida, deve se
aspirar antes e somente depois de aspirar deve se injetar o anestésico, no
mesmo ponto de perfuração inicial faz-se um leque superior e inferior, sendo
possível com uma única perfuração fazer o bloqueio de toda a região medial e
lateral;
o Deve se aguardar o tempo de latência do anestésico e então iniciar o
procedimento, que consiste basicamente em realizar a limpeza tirando toda a
sujidade região, tirando tecidos necróticos, cobrir com gaze, após o bloqueio
pode se utilizar de um garrote, não ultrapassando 10/15 minutos, após o garrote
identifica-se a área lesada, com uma pinça ou tentacânula para soltar a unha
do leito ungueal na região acometida, soltando-a da borda lateral,
levantando/soltando a espícula ungueal, que pode se apresentar lesando não
somente a borda lateral, como também a região do eponíquio;
o Após soltar a espícula, faz-se uma secção, retirando esse seguimento, quando
se retira essa espícula, tem-se a exposição do leito ungueal, por isso deve se
tentar a retirada de forma menos grosseira possível, em alguns casos,
dermatologistas realizam a cauterização da matriz com fenol, e os cirurgiões
normalmente fazem a ressecção ou curetagem, que é considerado mais
agressivo, realiza-se essa ressecção até a saída de todo o tecido amolecido, o
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chamado tecido de granulação, depois desse processo pode se fazer o
curativo, em casos de ressecção ou curetagem o sangramento é um pouco
maior, sendo necessário um curativo compressivo.

o Nos casos em que há um granuloma lateral importante é necessário a


ressecção junto com o leito ungueal, a incisão fica em aspecto de “V”, não sendo
possível somente fazer a curtetagem do granuloma, é necessário a ressecção
do mesmo como um topo, nesses casos há a necessidade de hemostasia, que
pode ser realizada com compressão, fenol ou apenas com a remoção e
hemostasia através de sutura aproximando o leito, ou um ponto de reparo na
própria unha, especialmente quando a área ressecada for muito grande;

o Existem algumas diferenças de profissional para profissional, mas basicamente


essa remoção, chamada de cantoplastia vai ser baseada na remoção do canto
da unha com a sua espícula, remoção da matriz ou cauterização da matriz no
leito ungueal, associado com a remoção do granuloma;

Pergunta
Por qual motivo realiza-se o garroteamento?
Ele não é obrigatório, mas ele ajuda na realização do procedimento, uma vez que
a região do leito ungueal é muito vascularizada, a medida que é realizada a
ressecção tem-se um sangramento importante, com o garroteamento é possível
minimizar um pouco esse sangramento, sendo possível até mesmo a realização
do procedimento de forma mais rápida, com melhor visualização das estruturas.
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Hematoma subungueal

o Tudo que se apresenta na região subungueal leva a uma dor importante,


normalmente o hematoma subungueal está associado com trauma, quando
ocorre um trauma importante nessa região ocorre um sangramento que vai se
apresentar entra a unha, o leito ungueal e a região da falange distal,
comprimindo toda essa região e causar uma dor significativa, sendo
fundamental a realização da drenagem;
o Essa drenagem pode ser cirúrgica, nos casos em que não é possível a realização
de uma punção, nesses casos é necessário a realização de uma “janela” com o
bisturi, semelhante a realizada na paroníquea, e por ser um procedimento
doloroso, existe a necessidade de realização de bloqueio interdigital;
o Em alguns casos é possível somente a realização da punção, utilizando uma
agulha, normalmente uma agulha 25x7 ou 25x8 (verde ou preta), e no local mais
escurecido, roda-se a agulha perfurando a unha até que a agulha chegue no
espaço subungueal e drene esse sangue, na maioria das vezes não é
necessário aspirar, esse sangue vai drenar espontaneamente, ocorrendo a
descompressão e diminuindo a dor do paciente, e ele deve ser orientado de
realizar calor local, curativo e o caso vai se resolver, nos casos em que isso não
é possível, realiza-se a “janela” como procedimento cirúrgico, com bloqueio
interdigital, e muitas vezes realizando a ressecção da porção mais proximal da
unha e se possível evitar essa ressecção, realizando somente a “janela” nessa
região para fazer a drenagem;

Trauma em unha

o Ainda em relação aos traumas, deve se lembrar sempre que a unha é a


proteção da porção distal dos dedos, sempre que houver um trauma e essa
unha for parcialmente removida, caso essa unha não tenha sido avulsionada
de forma total e ela seja viável, é possível realizar a fixação da unha ao seu leito,
como mostra a imagem, com pontos em U, entrando na unha e saindo na pele,
sempre realizando uma antissepsia, limpeza importante dessa região, para
tentar evitar infecção, sendo sempre a melhor opção fixar a unha novamente
do que deixar o paciente sem ela, funcionando como um “curativo biológico”
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para os dedos, sendo sempre melhor a própria unha cobrindo a região que
sofreu o trauma, do que utilizar gazes, algodão ou qualquer coisa do tipo;
o Essa fixação da unha é um procedimento doloroso, necessitando da realização
do bloqueio interdigital.

Pergunta
No caso dessa fixação da unha, qual o fio utilizar?
Nesse caso de fixação da unha pode se utilizar do fio 4.0/5.0, já nos casos em que
há a necessidade de fixação da unha onicocriptose, muitas vezes precisa-se de
fios mais calibrosos, como 2.0/3.0, pois a unha do hálux é mais espessa, para
conseguir realizar essa sutura precisa-se de uma agulha um pouco mais firme, e
pra isso necessita-se de fios mais grossos.

Tumores benignos
o Existem alguns tumores que podem acometer a região ungueal, essa região,
como parte da nossa pele também pode apresentar tumores, e a maioria deles
também pode se apresentar em outros segmentos/locais;
o Tumor glômico:

• O glomus nada mais é do que um aglomerado de células, que em grandes


parte são células nervosas que vão tentar regular a temperatura e vão estar
localizados nessa região, quando há uma hipertrofia desse glomus, tem-se
o tumor glômico, que é uma hipertrofia do glomus, que é um tumor benigno;
• Quando há a hipertrofia dessa lesão, normalmente é possível a
visualização, com uma área mais arroxeada na região da base da unha,
junto da lúnula, sendo possível a visualização através da ressonância como
mostra a imagem, nesses casos há a necessidade da remoção;
• Para a remoção do tumor glômico, remove-se inicialmente a unha da região
acometida, para a melhor visualização do tumor, que normalmente
apresenta-se bem circunscrito, não sendo muito aderido aos planos
adjacentes, faz-se a ressecção do tumor como um todo, faz-se a sutura e
em seguida o curativo, esperando a cicatrização por segunda intenção, e
posteriormente o crescimento da unha;
o Outro tipo de tumor que pode se apresentar, não somente na unha, mas
também nas regiões peringueais são as verrugas:
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• As verrugas são tumores benignos de característica viral, normalmente
hiperceratótica, que podem de forma frequente se apresentar na região
periungueal, o seu tratamento pode ser feito através de uma cauterização,
que pode ser química, com vários tipos de ácidos em várias concentrações,
como o ácido tricoloacético, normalmente esse tipo de tratamento é feito
pelo dermatologista, nos casos em que ocorre a persistência das verrugas,
pode se realizar a eletrocauterização sob bloqueio interdigital,
normalmente a cauterização química ocorre de maneira doméstica, sob
orientação médica, devendo sempre orientar o paciente de depositar esse
acido unicamente na região verrucosa;
• Nos casos em que se realiza a eletrocauterização, curetagem e
eletrocoagula-se para hemostasia, tendo resposta melhor que a excisão
cirúrgica, pois normalmente há uma recidiva muito grande na cicatriz
cirúrgica, não sendo recomendado esse tipo de procedimento, sendo o
tratamento de escolha na maioria das vezes a eletrocauterização;
o Existem também os tumores benignos como granuloma, que nada mais são do
que granulomas piogênicos, que são muito presentes nas regiões periungueais,
principalmente nos casos de onicocriptose, mas também podem está presentes
nos pacientes com paroníquea crônica e o tratamento é a remoção cirúrgica;

o Os fibromas (lesão de tecido conjuntivo) existem de forma geral no corpo todo,


mas também podem se apresentar na região periungueal;
o Os condromas normalmente são tumores mais profundos, que podem até levar
a necessidade de ressecção completa e o diagnóstico acontece a partir do
momento em que eles começam a se elevar e causar uma protrusão da unha;

Tumores malignos

o O melanoma é o tumor de pele mais agressivo, causando muita metástase e


recidiva local e é um tumor que precisa ser diagnosticado de forma precoce,
nos casos em que é feito esse diagnóstico muitas vezes há indicação de
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amputação, o paciente precisa assinar o TCLE e ser ciente desse tipo de lesão
e seus riscos e possibilidades;
• Suspeita-se de melanoma quando há o acometimento da unha como
mostra a imagem, o sinal de Hutchinson, que é essa linha escurecida no
meio da unha, sendo característica e bem sugestiva do melanoma, sendo
necessário a realização da investigação, já encaminhando esse paciente
para o especialista;
o Os carcinomas basocelular e espinocelular são muito raros na região ungueal
ou periungueal, mas quando se apresentam, necessitam do tratamento
completo, sendo difícil a necessidade de amputação nesses casos, sendo
necessário somente a remoção da lesão completa com margens, para evitar a
necessidade de um tratamento adjuvante.

Exemplos
o Onicoatrofia:

o Sulcos: esses sulcos longitudinais são dismorfismos que muitas vezes estão
associados com a paroníquea crônica ou alguma doença de base do paciente;

o Onicólise: consiste na “liberação”, a unha esta se desprendendo do leito


ungueal, estando associada muitas vezes com as onicomicoses, sendo muito
comum ocorrer uma hiperceratose a partir o hiponíquio e ocorrer a onicólise;

o Cromoníquia: consiste na alteração da coloração da unha, seja por hematoma,


tabagismo, seja por infecção crônica por pseudômonas (cromoníquia
esverdeada);
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• Essas alterações difusas de coloração das unhas como anexos, muitas
vezes podem refletir características sistêmicas do paciente, seja
comorbidades, sejam lesões locais, deficiências nutricionais e as cirurgias
que podem ser realizadas vão esta diretamente relacionadas
principalmente a quadros infecciosos e sintomatologias desses quadros,
seja na paroníquea, seja na onicocriptose que há a necessidade do
tratamento das complicações associadas com a infecção, seja na
onicomicose que normalmente o tratamento é mais clínico, no dismorfismo
que muitas vezes há necessidade de um tratamento funcional para que
essa unha cresça de forma adequada, essas cirurgias ajudam nesse
tratamento muitas vezes com associação ao tratamento clínico;

Pergunta
É comum ocorrer dessas lesões de unha desencadearem osteomielite?
Não, é muito raro, quando acontece está associado a lesões muito profundas, se
ocorrer, há a necessidade de liberação completa da infecção e antibioticoterapia
EV muitas vezes por tempo prolongado.

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