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Foi Aristóteles quem, pela primeira vez, distinguiu o âmbito dos argumentos lógico-formais daquilo que é apenas
arguível, estabelecendo três tipos distintos de argumentação legítima:
- Argumentação científica, na qual se faz uso da demonstração ou prova.
- Argumentação dialética, na qual se infere dedutivamente a partir de premissas apenas hipotéticas, razoáveis ou
prováveis.
- Argumentação retórica, que inclui procedimentos não dedutivos e que se desenvolve em torno de um elemento
fundamental, a persuasão.
Tanto no caso da retórica como no da dialética, o ponto de partida não são verdades estabelecidas, mas premissas
verosímeis, abertas à discussão. Porém, ao contrário da dialética, que se apoia sobre argumentos dedutivos, a retórica
faz também uso de argumentos não dedutivos e desenvolve-se em torno de um elemento específico – a persuasão
–, que define a sua natureza e a distingue de todas as outras maneiras de estudar a argumentação.
O objetivo da retórica é suscitar a adesão de um interlocutor - ou de um auditório - a uma crença e levá-lo a adotar
um comportamento. Está presente nas situações de comunicação da vida social, ética, estética, religiosa ou política,
caracterizadas pelo confronto entre crenças hipotéticas e por discordâncias profundas sobre a verdade e a falsidade
destas. Por exemplo:
→ Como é possível uma sociedade justa?
→ Como podemos alguma vez saber se de facto alcalamos a verdade?
→ O valor da vida de uma pessoa vai diminuíndo à medida que envelhece?
A arte da palavra eficaz ou persuasiva, a retórica, está, desde sempre, presente em grande parte da nossa
comunicação quotidiana. Depois de uma época áurea na Antiguidade greco-romana, a retórica, como ciência,
permaneceu adormecida durante séculos, até que, na época contemporânea, conheceu um renascimento importante.
Grande parte da renovação e do interesse atual pela retórica ficaram a dever-se às teorias de Chaïm Perelman e do
seu discípulo Michel Meyer (1950-).
Para Perelman, a argumentação informal (ou retórica) é algo com uma natureza radicalmente diferente de uma
demonstração. Enquanto a demonstração é definida como um processo lógico-formal de derivação ou de prova, a
argumentação informal tem um caráter dialógico: implica uma resposta por parte do auditório (conjunto de todos
aqueles que o orador quer influenciar com a sua argumentação) e o confronto de pontos de vista. A argumentação
informal é sempre necessariamente pessoal e situada. A demonstração, pelo contrário, é um exercício racional
impessoal, isolado do contexto.
Ao contrário da argumentação informal, a demonstração não exige um auditório para ser concretizada ou construída.
É essencialmente cálculo: deduz de um modo constrigente conclusões a partir de premissas, segundo regras
puramente formais.
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Catarina Pires, Carlos Amorim, Clube das Ideias (Aprendizagens Essenciais) 10ºano (Adaptado).
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Filosofia - 10º ano: O DISCURSO ARGUMENTATIVO – Principais tipos de argumentos e falácias informais
Já no que respeita à previsão, a estratégia argumentativa passa por partir de um conjunto de casos ocorridos para
deles concluir que no futuro o mesmo se verificará.
- Todos os A observados (até este momento) são X. Logo, todos os A observados (no futuro) serão X.
Por exemplo: «É verdade que os pêssegos já observados têm caroço. Logo, o próximo pêssego que for observado terá
caroço».
Para garantirmos que os nossos argumentos indutivos são fortes, isto é, para acautelarmos que o vínculo que une
premissas e conclusão está baseado num forte grau de probabilidade:
- A amostra deve ser ampla.
- A amostra deve ser relevante, isto é, representativa do universo em questão.
- Não deve omitir-se, a propósito da amostra, informação relevante.
Argumentar por analogia pode parecer, à primeira vista, uma forma de raciocínio segura. Todavia, para que um
argumento por analogia possa ser considerado forte, devemos poder responder afirmativamente às duas primeiras
perguntas do conjunto que se segue e negativamente à terceira.
- As semelhanças apontadas são relevantes para a conclusão?
- A comparação tem por base um número razoável de semelhanças?
- Não haverá diferenças importantes entre o que está a ser comparado?
→ Argumentos de autoridade
São argumentos cuja conclusão é sustentada pela opinião de um especialista ou pelos dados de uma instituição
confiável. X (uma fonte com a obrigação de saber) diz A. Logo, A é verdade.
Para que um argumento de autoridade possa ser considerado forte:
- As fontes devem ser citadas.
- As fontes devem ser qualificadas para a afirmação.
- As fontes devem ser imparciais.
- Deverá existir acordo relativamente à informação.
FALÁCIAS INFORMAIS2
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Luís Rodrigues, Filosofia 11ºano, Plátano Ed. (adaptado).
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Filosofia - 10º ano: O DISCURSO ARGUMENTATIVO – Principais tipos de argumentos e falácias informais
● O QUE SÃO FALÁCIAS?
As falácias são inferências onde se aparenta tirar uma conclusão lógica quando, de facto, tal não acontece, pese
embora a sua força persuasiva. São, portanto, erros de raciocínio.
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Filosofia - 10º ano: O DISCURSO ARGUMENTATIVO – Principais tipos de argumentos e falácias informais
Falácia da amostra Ocorre quando a generalização é feita a partir de dados insuficientes para sustentar essa
não representativa generalização. [Ex.: concluir que a intenção de voto da maioria dos portugueses será socialista,
tendo por base uma sondagem dirigida apenas a indivíduos do sexo masculino .]
Falácia da falsa Ocorre quando o número de objetos comparados é reduzido, as semelhanças entre si são
analogia escassas e pouco ou nada relevantes. [Ex.: «O Estado é como uma empresa. Logo, deve ser
gerido por empresários».]
Falácia do apelo Ocorre quando: 1) a autoridade (“especialista” – pessoa ou instituição) invocada para a
inadequado à argumentação não é competente ou não é reconhecida como tal; 2) há ausência de
autoridade identificação dessa mesma autoridade (indicação de fontes); 3) a autoridade invocada é
contradita por autoridades (especialistas) com igual reputação; ou (4), quando a autoridade
em causa não é imparcial. A violação de um destes critérios indica que estamos perante
uma falácia do apelo inadequado (ilegítimo) à autoridade. [Ex.: Muitos cientistas acreditam na
existência de extraterrestres. Logo, os extraterrestres existem».]
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