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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DR.

JUIZ DE DIREITO

Processo nº: 0520611-23.2021.4.05.8400T

EDNALVA LUIZ DE BRITO, já devidamente qualificada,


vem à presença de Vossa Excelência, em causa própria, infra
assinado, interpor

RECURSO DE APELAÇÃO

em face da decisão que indeferiu em ação beneficio


previdenciário por incapacidade ajuizada em face do INSS.

Requer, desde já o seu recebimento no efeito suspensivo, com a


imediata intimação do recorrido para, querendo, oferecer as
contrarrazões e, ato contínuo, sejam os autos, com as razões
anexas, remetidos ao Egrégio Tribunal de Justiça Federal do
Estado do Rio Grande do Norte para os fins aqui aduzidos.

Termos em que pede e aguarda deferimento.

Natal, 26 de janeiro de 2022.

EDNALVA LUIZ DE BRITO

#3488527 Wed Jan 26 17:35:35 2022


 

RAZÕES RECURSAIS

Apelante: EDNALVA LUIZ DE BRITO

Apelado: INSS

EGRÉGIO TRIBUNAL FEDERAL,

COLENDA CÂMARA,

EMÉRITOS DESEMBARGADORES.

DA TEMPESTIVIDADE

Nos termos dos Arts. 219 e 1.003, §5º do CPC, o prazo para interpor o
presente recurso é de 15 dias úteis, sendo excluindo o dia do começo e incluindo o dia
do vencimento nos termos do Art. 224 do CPC/15.

Dessa forma, considerando que a decisão fora publicada em diário


oficial, tem-se por tempestivo o presente recurso, devendo ser acolhido.

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DO PREPARO

Informa que deixa de recolher o preparo recursal, por ser beneficiária da


Justiça Gratuita.

BREVE SÍNTESE E DA DECISÃO RECORRIDA

A autora é portadora de patologia, desde 18 de janeiro de 2021, que o


torna incapacitada para desenvolver atividade laborativa e sequer levar uma vida
normal, conforme cópia de que junta em anexo.

DO HISTÓRICO MÉDICO

Em 18 de janeiro de 2021 a autora passou a realizar tratamento médico,


não tendo, contudo, readquirido sua capacidade laboral, em que pesem seus esforços e
dedicação para se recuperar.

Como comprovação da gravidade e evolução da incapacidade, junta em


anexo os seguintes laudos:

Laudo de ________ : ________

Laudo de ________ : ________

Laudo de ________ : ________

DO HISTÓRICO OCUPACIONAL

O Autor sempre trabalhou como ________ , ________ , ou seja, a doença


impede o Autor de atuar no ramo que já vinha trabalhando e pelo contexto social, sua
idade e qualificação, dificilmente poderá ser ocupar alguma atividade administrativa.

DA NEGATIVA DO BENEFÍCIO - Nº ________

Todavia, não obstante o laudo médico apresentado, o Autor teve o seu

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pedido de benefício por auxílio-doença indeferido, sob a justificativa de que ________ ,
após breve e superficial avaliação médica realizada pela autarquia.

No entanto, a patologia que acomete o demandante o torna incapaz para o


exercício de toda e qualquer atividade laborativa que lhe garanta mínimas condições do
seu próprio sustento, conforme os atestados médicos em anexo, razão pela qual requer a
concessão do benefício de auxílio-doença.

Por fim, cabe ressaltar que o autor é segurado da previdência social e


preenche todos os requisitos de carência e qualidade de segurado.

Após trâmite regular, a ação obteve a seguinte decisão:

________

Ocorre que, tratando-se de decisão definitiva, cabível o recurso de


apelação.

DO MÉRITO DA AÇÃO

DO DIREITO

Nos termos da Lei nº 8.213/91, para a concessão de benefício por


incapacidade, basta a presença de três requisitos. No presente caso, os referidos
requisitos são perfeitamente demonstrados da seguinte forma:

QUALIDADE DE SEGURADO (art. 11 - 13; 102): Vínculo ao


INSS, uma vez que da última contribuição não ocorreu a perda
da qualidade de segurado, conforme provas em anexo;

CARÊNCIA (art. 24; 25, I): Contribuição junto à Autarquia


Previdenciária de ________ a ________ , conforme
comprovantes em anexo.

INCAPACIDADE (art. 59; 42; 62 e 86): Doença ________ ,

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conforme laudos que junta em anexo, afetando diretamente a
capacidade do Autor no desempenho de suas funções atuais.

Portanto, diante da incapacidade do Autor, bem como de posse da


carência necessária, assim como não perdeu a qualidade de segurado, faz jus à
concessão do benefício.

DO DIREITO AO AUXÍLIO DOENÇA

O benefício de auxílio-doença está previsto na Lei nº 8.213/1991, e é


devido ao segurado que, após cumprida a carência exigida, ficar incapacitado para o
exercício de suas atividades habituais por mais de quinze dias.

Isso é o que estabelece o artigo 59, da lei 8.213/91, vejamos:

O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo


cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido
nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua
atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

No presente caso, o Autor (produtor rural que trabalha em regime de


economia familiar) ao comprovar que exerceu atividade rural por 12 meses e que
exercia a atividade rural antes de contrair a enfermidade, faz jus ao auxílio doença.

Afinal, no presente caso, os requisitos legais para o seu deferimento,


foram efetivamente atendidos:

1 - Qualidade de segurado por meio de ________ ;

2 - Cumprimento da carência (12 meses de contribuições) por


meio de ________ ;

3 - Superveniência de enfermidade que incapacite o segurado


para o trabalho por meio de ________ ;

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Assim, demonstrado o atendimento aos requisitos legais, requer o
deferimento do pleito, conforme precedentes sobre o tema:

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE


COMPROVADA. TRABALHADOR RURAL. QUALIDADE
DE SEGURADO ESPECIAL. VEÍCULO AUTOMOTOR.
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. 1. Quatro são os requisitos para a concessão
do benefício em tela: (a) qualidade de segurado do requerente;
(b) cumprimento da carência de 12 contribuições mensais; (c)
superveniência de moléstia incapacitante para o
desenvolvimento de qualquer atividade que garanta a
subsistência; e (d) caráter definitivo/temporário da incapacidade.
2. Demonstrada a incapacidade total e temporária para o
trabalho, após a realização de cirurgia, cabível a concessão de
auxílio-doença no período em que a segurada esteve
incapacitada. 3. Considera-se comprovado o exercício de
atividade rural havendo início de prova material complementada
por prova testemunhal idônea. 4. A propriedade de veículo
automotor não é suficiente para descaracterizar a condição de
segurado especial. 5. O indeferimento da postulação de
benefício junto ao INSS, por si só, não caracteriza dano moral
passível de reparação. Trata-se de ato administrativo passível de
correção pelos meios legais cabíveis, tanto na própria Autarquia
como perante o Judiciário. 6. Considerando as peculiaridades do
caso concreto e os parâmetros descritos nos incisos do § 2º do
artigo 85 do CPC, deve a verba honorária ser mantida em 20%
sobre o valor da condenação. (TRF4, AC 5031675-
24.2017.4.04.9999, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR
DO PR, Relator LUIZ FERNANDO WOWK PENTEADO,
juntado aos autos em 04/09/2019, #63488527)

No presente caso, o Autor é portador de Lúpus eritematoso disseminado


(CID 10 - M32.9), enfermidade que faz dele, no atual momento, pessoa incapacitada
para o exercício de suas atividades habituais, conforme discorrem os laudos médicos em

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anexo.

O Lúpus eritematoso é uma doença inflamatória de origem autoimune


que afeta múltiplos órgãos e tecidos, tais como pele, articulações, rins, cérebro e outros
órgãos, causando sintomas como fadiga, febre e dor nas articulações, impedindo a plena
atividade laboral.

Ainda que a doença seja preexistente à filiação, trata-se de direito ao


auxílio doença uma vez que se trata de progressão ou agravamento da doença, conforme
________ .

Tal doença ao impedir o pleno exercício das atividades laborativas deve


motivar a concessão do auxílio doença, conforme precedentes sobre o tema:

PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE.1.


Pedido de concessão de benefício previdenciário por
incapacidade (auxílio doença e aposentadoria por invalidez).2.
(...). Com relação ao mal incapacitante, de acordo com o laudo
pericial produzido pela médica (...) (evento 019), a autora é
portadora de "Lúpus eritematoso disseminado [sistêmico] não
especificado (CID 10 - M32.9)", enfermidade que faz dela, no
momento atual, pessoa incapacitada para o exercício de suas
atividades habituais. (...) Ou seja, do laudo médico judicial
produzido é possível extrair a conclusão de que a autora, em
razão da enfermidade que apresenta, encontra-se inapta para o
exercício da atividade que habitualmente exerce, (...), ACOLHO
O PEDIDO inicial, extinguindo o processo com resolução de
mérito (art. 487, I, do CPC), condenando o INSS a
conceder/restabelecer à autora o benefício de auxílio-doença, a
contar de 03 de abril de 2018, em valor a ser apurado
administrativamente. (...). É o voto. (TRF 3ª Região, 11ª
TURMA RECURSAL DE SÃO PAULO, 16 - RECURSO
INOMINADO - 0000444-76.2018.4.03.6339, Rel. JUIZ(A)
FEDERAL ANA AGUIAR DOS SANTOS NEVES, julgado em
14/03/2019, e-DJF3 Judicial DATA: 22/03/2019, #93488527)

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É importante destacar que o pressuposto para a concessão de auxílio -
doença é a existência de incapacidade para o trabalho. Isso quer dizer que basta
demonstrar o atendimento aos requisitos legais e que sua doença o incapacita para o
labor, sendo devida a concessão do benefício desde o seu requerimento, conforme
precedentes sobre o tema:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE CONCESSÃO DE


APOSENTADORIA POR INVALIDEZ E/OU AUXÍLIO-
DOENÇA. PRESENTES OS REQUISITOS PARA
CONCESSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. O auxílio-doença é devido aos
segurados que se encontram temporária e parcialmente
incapacitados para o exercício de atividades laborativas. (TJ-MS
- APL: 08004226020148120027 MS 0800422-
60.2014.8.12.0027, Relator: Des. Odemilson Roberto Castro
Fassa, Data de Julgamento: 10/04/2019, 3ª Câmara Cível, Data
de Publicação: 12/04/2019, #93488527)

PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-


DOENÇA. Comprovado pelo conjunto probatório que a parte
autora é portadora de enfermidade(s) que a incapacita(m)
temporariamente para o trabalho, é de ser reformada a sentença
para restabelecer o auxílio-doença desde a cessação
administrativa até a data da concessão da aposentadoria por
idade".(AC 5012948-80.2018.4.04.9999, 6ª Turma, Rel. João
Batista Pinto Silveira, Julgado em: 17/10/2018, #63488527)

Dessa forma, cumpridos tais requisitos, outro não poderia ser o resultado
do pedido senão a concessão do auxílio doença.

HIV - ESTIGMA SOCIAL QUE INVIABILIZA O ACESSO AO MERCADO DE


TRABALHO

No presente caso a doença que acomete o Autor é caracterizada pelo alto


estigma social, especialmente pelos sintomas visíveis ________ que revelam se tratar de

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portador de HIV.

Mesmo que assintomática, o estigma social fica perfeitamente


caracterizado diante do rápido emagrecimento, bem como ________ , inviabilizando o
acesso ao mercado de trabalho.

Ademais, mesmo que não evidenciada a total incapacidade laborar o


Autor, insta consignar que o estigma social enfrentado pelo Autor é suficientemente
hábil a impedir a sua recolocação no mercado de trabalho, sendo irrelevante a sua
capacidade física, conforme precedentes sobre o tema:

PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO ORDINÁRIA.


APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOS
ATENDIDOS. INCAPACIDADE LABORAL PARCIAL E
DEFINITIVA. PORTADOR DE HIV. CONDIÇÕES SOCIAIS.
TERMO INICIAL. CONSECTÁRIOS LEGAIS DA
CONDENAÇÃO. RE Nº 870.947/SE. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO. EFEITO SUSPENSIVO. INDEFINIÇÃO.
DIFERIMENTO PARA A FASE DE CUMPRIMENTO.
TUTELA ANTECIPADA.1. São três os requisitos para a
concessão dos benefícios por incapacidade: 1) a qualidade de
segurado; 2) o cumprimento do período de carência de 12
contribuições mensais; 3) a incapacidade para o trabalho, de
caráter permanente (aposentadoria por invalidez) ou temporário
(auxílio-doença).2. O segurado portador de enfermidade que o
incapacita, ainda que de forma parcial, mas definitivamente para
múltiplos trabalhos, sem chance de recuperação para atividades
compatíveis com suas limitações, tem direito à concessão do
benefício de aposentadoria por invalidez.3. Esta Corte, em todas
suas Turmas, vem concedendo benefício previdenciário por
incapacidade a portadores de HIV ainda que não apresentem a
doença em atividade, sob análise das condições pessoais e
sociais desses requerentes.4. É imprescindível considerar, além
do estado de saúde, as condições pessoais da parte segurada,
como a sua idade, a presumível pouca instrução, o tipo de labor

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desenvolvido e, por fim, a realidade do mercado de trabalho
atual, já exíguo até para pessoas jovens e que estão em perfeitas
condições de saúde. Nesse compasso, ordenar que a parte
postulante, com tais limitações, recomponha sua vida
profissional, negando-lhe o benefício no momento em que dele
necessita, é contrariar o basilar princípio da dignidade da
pessoa.5. Em relação ao termo inicial, o entendimento que vem
sendo adotado é no sentido de que, evidenciado que a
incapacidade laboral já estava presente quando do requerimento
administrativo/da cessação do benefício pela autarquia
previdenciária, mostra-se correto o estabelecimento do termo
inicial do benefício previdenciário em tal data. 6. Diferida para a
fase de cumprimento de sentença a definição sobre os
consectários legais da condenação, cujos critérios de aplicação
da correção monetária e juros de mora ainda estão pendentes de
definição pelo STF, em face da decisão que atribuiu efeito
suspensivo aos embargos de declaração opostos no RE nº
870.947/SE, devendo, todavia, iniciar-se com a observância das
disposições da Lei nº 11.960/09, possibilitando a requisição de
pagamento do valor incontroverso.7. Mantida a antecipação de
tutela, pois presentes os requisitos exigidos para o deferimento
da tutela de urgência seja na forma do CPC/73 ou no CPC/15.
(TRF4, AC 5001022-05.2018.4.04.9999, Relator(a):
FERNANDO QUADROS DA SILVA, TURMA REGIONAL
SUPLEMENTAR DO PR, Julgado em: 17/12/2018, Publicado
em: 18/12/2018)

PREVIDENCIÁRIO.
AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.
INCAPACIDADE LABORAL. PORTADOR DO VÍRUS HIV.
TERMO INICIAL.1. Tratando-se de auxílio-doença ou
aposentadoria por invalidez, o Julgador firma sua convicção, via
de regra, por meio da prova pericial.2. Considerando as
conclusões do perito judicial de que a parte autora é portadora
do vírus HIV, associadas ao estigma social da doença e à

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dificuldade de inserção no mercado de trabalho, é devido o
benefício de aposentadoria por invalidez. 3. Tendo o conjunto
probatório apontado a existência da incapacidade laboral desde a
época do cancelamento administrativo, o benefício é devido
desde então. (TRF4, AC 5027189-59.2018.4.04.9999,
Relator(a): CELSO KIPPER, TURMA REGIONAL
SUPLEMENTAR DE SC, Julgado em: 29/11/2018, Publicado
em: 04/12/2018)

Afinal, pela baixa qualificação do recorrente , bem como pelos sérios


danos psicológicos causados pela doença, conforme laudos psicológicos que atestam a
sua fragilidade emocional e quadro depressivo, a recolocação no mercado de trabalho é
praticamente impossível. Nesse sentido confirmam os precedentes:

PROCESSUAL CIVIL. REMESSA NECESSÁRIA.


AUSÊNCIA PARCIAL DE INTERESSE RECURSAL. NÃO
CONHECIMENTO EM PARTE. PREVIDENCIÁRIO.
AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.
QUALIDADE DE SEGURADO DEMONSTRADA.
CARÊNCIA LEGAL DISPENSADA. AIDS (HIV). LAUDO
PERICIAL. CONTEXTO SOCIOECONÔMICO. ESTIGMA
SOCIAL. BAIXA ESCOLARIDADE. IMPROVÁVEL
REABILITAÇÃO PROFISSIONAL. DEPRESSÃO.
EMAGRECIMENTO SENSÍVEL. HIPERTENSÃO
ARTERIAL SISTÊMICA. PRECEDENTE. VALORAÇÃO DO
CONJUNTO PROBATÓRIO. CONVICÇÕES DO
MAGISTRADO. INCAPACIDADE TOTAL E
PERMANENTE CONFIGURADA. APOSENTADORIA POR
INVALIDEZ DEVIDA. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS
DE MORA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SÚMULA 111
DO STJ. APLICABILIDADE. APELAÇÃO DO INSS
PARCIALMENTE CONHECIDA E, NA PARTE
CONHECIDA, DESPROVIDA. REMESSA NECESSÁRIA
PARCIALMENTE PROVIDA. ALTERAÇÃO DOS
CRITÉRIOS DE APLICAÇÃO DA CORREÇÃO

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MONETÁRIA E DOS JUROS DE MORA. SENTENÇA
REFORMADA EM PARTE. 1 - (...) 3 - A Lei nº 8.213/91, nos
arts. 42 a 47, preconiza que o benefício previdenciário da
aposentadoria por invalidez será devido ao segurado que tiver
cumprido o período de carência exigido de 12 (doze)
contribuições mensais, estando ou não em gozo de auxílio-
doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação
para exercício da atividade que lhe garanta a subsistência. (...)
10 - No que tange à incapacidade, o profissional médico
indicado pelo Juízo a quo, com base em exame realizado em 31
de janeiro de 2011 (fls. 164/167), consignou: "O periciado é
portador de vírus da imunodeficiência humana (HIV), com
diagnóstico em 1995, quando estava assintomática e realizou
uma doença de sangue. A partir deste momento passou a realizar
acompanhamento regular "utilizar medicação anti-retroviral,
porém em 2001 apresentou episódios de infecções oportunistas,
inclusive uma meningite por criptococcus. Posteriormente o
quadro foi controlado, evoluindo então com alterações próprias
da infecção pelo HIV, como o quadro depressivo alegado e
constado à perícia médica. Ao exame atual identificam-se
evidentes sintomas depressivos, associados à importante
emagrecimento provocado pela própria síndrome da
imunodeficiência adquirida (SIDA). Além disso, o periciando é
portador de hipertensão arterial sistêmica, parcialmente
controlada. Portanto, pode-se concluir que o periciando
apresenta-se em estágio avançado da doença, com prognóstico
reservado e tendência à piora progressiva. Fica caracterizada
uma incapacidade total e permanente para o trabalho" (sic). Por
fim, fixou a data do início da doença (DID) em 1995 e da
incapacidade (DII) em 2008. 11 - O juiz não está adstrito
integralmente ao laudo pericial, nos termos do que dispõe o art.
436 do CPC/73 (atual art. 479 do CPC) e do princípio do livre
convencimento motivado. Por ser o juiz o destinatário das
provas, a ele incumbe a valoração do conjunto probatório
trazido a exame. Precedentes: STJ, 4ª Turma, RESP nº

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200802113000, Rel. Luis Felipe Salomão, DJE: 26/03/2013;
AGA 200901317319, 1ª Turma, Rel. Arnaldo Esteves Lima,
DJE. 12/11/2010. 12 - Nessa senda, à luz das máximas da
experiência, subministradas pelo que ordinariamente acontece
no dia a dia (art. 335 do CPC/1973, reproduzido no art. 375 do
CPC/2015), tem-se que a incapacidade do autor, em realidade,
surgiu em 2001. 13 - Segundo consta do próprio laudo médico, o
demandante foi submetido a 3 (três) internações no referido ano,
por ter contraído, em decorrência do HIV, "meninguegite por
criptocucus". Nas palavras do expert, tendo sido diagnostico
como portador do vírus em 1995, o requerente "passou a realizar
acompanhamento médico regular e utilizar medicação anti-
retroviral, porém em 2001 apresentou episódios de infecções
oportunistas" (sic). 14 - A análise da incapacidade para o labor,
no caso da imunodeficiência adquirida, deve se dar à luz das
ocupações funcionais habituais do seu portador, do seu grau de
escolaridade, do potencial exibido para recolocação profissional
e reabilitação e, por fim, do ambiente profissional de
convivência, eis que muitos dos portadores do vírus HIV, ainda
que assintomáticos, não têm oportunidades de trabalho e são
marginalizados pela sociedade, sofrendo com os
constrangimentos, preconceitos e estigmas que giram em torno
da doença; apresentam debilidades físicas e psicológicas; e, em
razão do coquetel que são submetidos, passam por diversos
efeitos colaterais, com náuseas e fadigas que dificultam o
exercício de atividade laboral. Precedente. 15 - Alie-se, como
elemento de convicção, que o requerente é portador de sintomas
depressivos e emagrecimento sensível, bem como "hipertensão
arterial sistêmica". 16 - Dessa forma, pelo diagnóstico
apresentado, evolução patológica e histórico profissional, tem-se
por presente a incapacidade absoluta e definitiva para o
exercício de atividade que lhe garanta a subsistência desde 1995.
17 - (...) . (TRF3 - Acórdão Apreenec - Apelação/remessa
Necessária - 1906743 / Sp 0016552-81.2009.4.03.6183,
Relator(a): Des. Carlos Delgado, data de julgamento:

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30/01/2019, data de publicação: 06/02/2019, 7ª Turma,
#83488527)

Motivos que devem conduzir ao reconhecimento da incapacidade do


recorrente com o imediato provimento do presente pedido.

DA AVALIAÇÃO SOCIAL DO SEGURADO

Apesar de constar no laudo médico a capacidade do segurado para


atividades administrativas, deve ser considerado que o recorrente trabalhou a vida
inteira com trabalho pesado e não possuiu qualquer instrução para se colocar no
mercado de trabalho, evidenciando a sua incapacidade.

No presente caso, o recorrente possui ________ , e tem como instrução


apenas ________ , uma vez que trabalhou a vida toda como ________ , evidenciando a
inviabilidade de retornar ao mercado de trabalho numa atividade administrativa.

Trata-se de inadequada a análise pericial que deixa de avaliar o contexto


social do recorrente , uma vez que conforme orientação do Superior Tribunal de Justiça,
além da saúde do segurado, devem ser considerado se os seus aspectos
socioeconômicos, profissionais e culturais o tornam incapaz para o exercício do trabalho
habitual e inviabilizam seu retorno ao mercado de trabalho, in verbis:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.


VIOLAÇÃO DO ART. 1.022 DO CPC/2015. NÃO
OCORRÊNCIA. REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DO
BENEFÍCIO. CONSIDERAÇÃO DOS ASPECTOS
SOCIOECONÔMICOS, PROFISSIONAIS E CULTURAIS DO
SEGURADO. DESNECESSIDADE DE VINCULAÇÃO DO
MAGISTRADO À PROVA PERICIAL. PRECEDENTES.
REVISÃO DO ACÓRDÃO. IMPOSSIBILIDADE.REEXAME
DE FATOS E DAS PROVAS. SÚMULA N. 7/STJ.(...) III - No
caso dos autos, o Tribunal de origem determinou a
implementação do benefício da aposentadoria por invalidez por
entender que a condição de saúde da segurada, seus aspectos

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socioeconômicos, profissionais e culturais a tornam incapaz para
o exercício do trabalho habitual e inviabilizam seu retorno ao
mercado de trabalho. IV - Verifica-se que o acórdão regional
está em conformidade com o entendimento jurisprudencial desta
Corte no sentido de que "a concessão da aposentadoria por
invalidez deve considerar, além dos elementos previstos no art.
42 da Lei 8.213/91, os aspectos socioeconômicos, profissionais
e culturais da segurada, ainda que o laudo pericial apenas tenha
concluído pela sua incapacidade parcial para o trabalho" (REsp
n. 1.568.259/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda
Turma, julgado em 24/11/2015, DJe 1/12/2015). Outros
julgados: AgRg no AREsp n. 712.011/SP, Rel. Min. Assusete
Magalhães, DJe 4.9.2015; AgRg no AREsp n. 35.668/SP, Rel.
Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, julgado em 5/2/2015, DJe
20/2/2015 e AgRg no AREsp n. 497.383/SP, Rel. Ministra
Assusete Magalhães, Segunda Turma, julgado em 18/11/2014,
DJe 28/11/2014. V - Assim, havendo o Tribunal de origem
concluído pela incapacidade laborativa da segurada, o
acolhimento da tese recursal de modo a inverter o julgado
demandaria necessariamente o revolvimento do conjunto fático-
probatório dos autos, o que é inviável na instância especial
diante do enunciado n. 7 da Súmula do STJ. VI - Recurso
especial improvido. (AREsp 1348227/PR, Rel. Ministro
FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, julgado em
11/12/2018, DJe 14/12/2018, #63488527)

Nesse sentido, confirma a jurisprudência sobre o tema:

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA.
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE
PERMANENTE. CONDIÇÕES PESSOAIS DO SEGURADO.
A circunstância de ter o laudo pericial registrado a possibilidade,
em tese, de serem desempenhadas pelo segurado funções
laborativas que não exijam esforço físico não constitui óbice ao
reconhecimento do direito ao benefício de aposentadoria por

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invalidez quando, por suas condições pessoais, aferidas no caso
concreto, em especial a idade e a formação acadêmico-
profissional, restar evidente a impossibilidade de reabilitação
para atividades que dispensem o uso de força física, como as de
natureza burocrática. (TRF-4 - AC: 50583217120174049999
5058321-71.2017.4.04.9999, Relator: TAÍS SCHILLING
FERRAZ, Data de Julgamento: 23/05/2018, SEXTA TURMA,
#33488527)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.


ART. 42, CAPUT E § 2º DA LEI 8.213/91. QUALIDADE DE
SEGURADO. CARÊNCIA. INCAPACIDADE TOTAL E
PERMANENTE REVELADA PELO CONJUNTO
PROBATÓRIO E CONDIÇÕES PESSOAIS DA PARTE
AUTORA. REQUISITOS PRESENTES. APOSENTADORIA
POR INVALIDEZ DEVIDA. TERMO INICIAL DO
BENEFÍCIO. 1. Comprovada a incapacidade total e permanente
para o trabalho, diante do conjunto probatório e das condições
pessoais da parte autora, bem como presentes os demais
requisitos previstos nos artigos 42, caput e § 2º da Lei n.º
8.213/91, é devida a concessão do benefício de aposentadoria
por invalidez. 2. O termo inicial do benefício é a data do
requerimento administrativo, de acordo com a pacífica
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (REsp nº
200100218237, Relator Ministro Felix Fischer. DJ 28/05/2001,
p. 208). 3. Apelação do INSS não provida. Apelação da parte
autora provida. (TRF-3 - Ap: 00095556520184039999 SP,
Relator: DESEMBARGADORA FEDERAL LUCIA URSAIA,
Data de Julgamento: 22/05/2018, DÉCIMA TURMA, Data de
Publicação: e-DJF3 Judicial 1 DATA:30/05/2018, #23488527)

Ou seja, deve ser analisada a funcionalidade do indivíduo, através da


ponderação dinâmica entre os fatores pessoais, sociais e econômicos de cada segurado.

Sobre o tema, já foi sumulado pelo TNU, que as condições pessoais e

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sociais do segurado devem ser considerados na análise de viabilidade de retorno ao
trabalho:

Súmula 47 do TNU

Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o


trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais
do segurado para a concessão de aposentadoria por
invalidez.

Razão pela qual diante da demonstração inequívoca da incapacidade do


Autor, faz jus à percepção do benefício de auxílio-doença, a contar da data da sua
cessação.

DA ALEGADA DOENÇA PRÉ-EXISTENTE

Diferentemente do que alegado pelo INSS, apesar da pré-existência da


doença do Autor, a atividade laborativa que o mesmo estava submetido agravou
consideravelmente o seu quadro e, consequentemente, antecipando a sua incapacidade.

Em situações como estas, a jurisprudência é firme ao reconhecer o direito


do Autor no recebimento do auxílio doença:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR


INVALIDEZ/AUXÍLIO-DOENÇA. REQUISITOS. DOENÇA
PRÉ-EXISTENTE AO INGRESSO AO RGPS. PROGRESSÃO
DOS SINTOMAS. RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-
DOENÇA. Tendo sido comprovado que houve progressão das
moléstias durante os anos de labor, faz jus a autora ao
restabelecimento do benefício de auxílio-doença. (TRF-4 - AC:
50076978120184049999 5007697-81.2018.4.04.9999, Relator:
PAULO AFONSO BRUM VAZ, Data de Julgamento:
20/02/2019, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DE SC,
#73488527)

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Motivos que devem conduzir ao imediato deferimento do presente
pedido.

DO EMPREGADO DOMÉSTICO

No presente caso, apesar de reconhecida a incapacidade por perícia


médica, foi negado o pedido de auxílio doença sob o seguinte fundamento:

"Não possui incapacidade por mais de quinze dias consecutivos"

Ocorre que no presente caso, foi desconsiderado que o Requerente é


empregado doméstico, conforme cópia da CTPS em anexo.

Dessa forma, tratando-se de empregado doméstico, o pagamento a


partir do primeiro dia de incapacidade deve ser feito pelo INSS, conforme redação
do Decreto 3.048/99:

Art. 72. O auxílio-doença consiste numa renda mensal calculada


na forma do inciso I do caput do art. 39 e será devido:

I - a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade


para o segurado empregado, exceto o doméstico, e o
empresário;

I - a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade


para o segurado empregado, exceto o doméstico;

II - a contar da data do início da incapacidade, para os


demais segurados;

Ao excetuar o doméstico no referido caso, o prazo exigido superior a 15


dias deve ser considerado somente para o segurado empregado, não englobando os de
natureza doméstica, como é o caso.

Nesse sentido é a jurisprudência:

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Empregado doméstico. Afastamento do trabalho por
incapacidade reconhecida em atestado médico. Pagamento dos
15 dias. O inciso I, do art. 72 do Decreto 3.048/99 excepciona
expressamente o empregado doméstico do recebimento do
auxílio-doença a partir do 16º dia, sendo que o inciso II do
mesmo diploma legal estabelece que o benefício é devido
desde a data do início da capacidade "para os demais
empregados", expressão que, por óbvio, inclui o empregado
doméstico. Recurso da reclamada parcialmente provido. (TRT-1
- RO: 00116590220155010301, Relator: JORGE FERNANDO
GONCALVES DA FONTE, Data de Julgamento: 19/09/2016,
Terceira Turma, Data de Publicação: 26/09/2016, #43488527)

Portanto, requer a reconsideração da decisão da 18ª Junta de Recursos

DOS PEDIDOS

Por estas razões REQUER:

1. O recebimento do presente recurso nos seus efeitos ativo e


suspensivo, nos termos do Art. 1.012 do CPC, com o deferimento da
antecipação da tutela recursal para fins de ________ ;

2. Seja deferido novo pedido de gratuidade de justiça, nos termos do


Art. 98 do CPC/15;

3. A intimação do Recorrido para se manifestar querendo, nos termos


do §1º, art. 1.010 do CPC;

4. A total procedência do recurso para reformar a decisão recorrida e


determinar ________

5. Informa que deixou de efetuar o preparo por ser beneficiário da


justiça gratuita

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6. A condenação do recorrido ao pagamento das despesas processuais e
sucumbência.

Nestes termos, pede deferimento.

________ , ________ .

________

Anexos:

1. Laudo médico

2. Prova do tratamento médico

3. Laudos

4. Negativa do pedido

5. Laudos médicos

6. Custas recursais - se não houver pedido de Justiça Gratuita

7. Procuração - Certificar a existência do instrumento no processo

8. Provas da miserabilidade - se houver pedido de Justiça Gratuita

#3488527 Wed Jan 26 17:35:35 2022

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