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PROCESSO N : 0001504-38.2010.805.0208
PARTE AUTORA : CRISTIANO JOSÉ MOURA MARQUES
PARTE RÉ : SEGURO BRADESCO AUTO/RE COMPANHIA DE SEGUROS
BANCO BRADESCO S.A.
SENTENÇA
Relatório
Cuida-se de ação ordinária proposta por CRISTIANO JOSÉ
MOURA MARQUES em face do SEGURO BRADESCO AUTO/RE COMPANHIA
DE SEGUROS e do BANCO BRADESCO S.A., com pedido de indenização por
danos materiais e morais, nos termos da peça portal de fls. 02/11.
Narra a parte autora, em apertada síntese, que sofreu um
acidente no dia 24/05/2010, aproximadamente às 08:15h, quando colidiu seu veículo
com uma pedra, na rodovia entre o município de Remanso/BA e Petrolina/PE.
Aduz que, embora estivesse em dias com as parcelas do
seguro, teve que arcar, em 05/06/2010, com as despesas do conserto, no importe de
R$5.673,74, e, ainda, com o aluguel de outro veículo, no valor de R$1.500,00,
ambos à época.
Segundo a parte autora, a necessidade de locar um veículo foi
causada pela recusa de a seguradora fornecer um carro reserva, devidamente
previsto na apólice de seguro, e, ainda, pelo fato de está frequentando um curso de
pós-graduação na cidade de Petrolina/PE.
Por fim, alega que a demora no conserto do veículo fez com
que não tivesse condições de concluir referido curso, causando-lhe um prejuízo total
de R$10.000,00, e que todos esses fatos somados causaram-lhe dor e angustia,
passíveis de reparação.
Juntou procuração à fl. 13 e os documentos de fls. 14/58.
Citado via carta precatória, o BANCO BRADESCO S.A.
contestou às fls. 66/73.
Em sede preliminar, arguiu a sua ilegitimidade passiva, por ser
pessoa jurídica diferente da Bradesco Seguros S.A. e, ainda, por ser estranho à
relação jurídica-obrigacional existente entre as partes.
No mérito, aduziu a impossibilidade de exercer seu direito de
defesa, por não ter acesso aos documentos necessários aos esclarecimentos dos
fatos, e que a parte autora não se desincumbiu do ônus de provar os danos sofridos.
Alega, ainda, que os fatos descritos na inicial não atingiram
direitos da personalidade e que foram meros transtornos, incapazes de causarem
danos morais. Por fim, afirma que a eventual indenização da parte autora não pode
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Fundamentação
Superadas as preliminares (fls. 330/332), passo ao
enfrentamento do mérito.
Mérito
Falha do serviço.
Aplica-se ao presente caso o Código de Defesa do
Consumidor.
Nos termos de seu art. 3°, caput, e 2°, consumidor é toda
pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário
final, enquanto fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem
atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Levando em consideração as disposições do CDC e a
análise dos autos, verifico, de pronto, que assiste razão à parte demandante.
Nos moldes do art. 14 da Lei n. 8.078/90, o fornecedor de
serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à sua prestação, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
A teor do § 3° do art. 14 da norma jurídica em questão, o
fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar a culpa
exclusiva do consumidor ou de terceiro ou quando, tendo prestado o serviço, o
defeito inexistir.
No que pese a exceção legal acima, entendo que o
BRADESCO AUTO/RE COMPANHIA DE SEGUROS LTDA dela não pode se
beneficiar, porquanto não se desincumbiu de mostrar a existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito invocado (art. 333, II, CPC), nem de ter a parte
autora contribuído para o resultado danoso.
A parte ré não comprovou que houve um prévio acerto de que
o autor deveria levar o automóvel abalroado para a Oficina Renovel, localizada na
Avenida Engenheiro Gentil Tavares, 720, Getúlio Vargas, Aracaju/SE.
Vale ressaltar, quanto a isso, que o fato de o automóvel não ter
sido guinchado pela Seguradora, mas pela concessionária, não coloca a parte ré em
condições de ditar para qual oficina o veículo deveria ter sido removido, quando
possível ao autor optar por uma das oficinas previamente credenciada.
Isso porque as condições gerais da apólice Bradesco Auto
Seguro previa em seus Serviços Complementares – Assistência Auto Dia e Noite,
item 9, que “em caso de acidente ocorrido fora do município de residência do
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Dispositivo
Diante do exposto, com base no art. 269, inciso I, do CPC,
julgo parcialmente procedentes os pedidos para condenar a SEGURO BRADESCO
AUTO/RE COMPANHIA DE SEGUROS a restituir à parte autora a importância de
R$5.673,74(cinco mil, seiscentos e setenta e três reais, setenta e quatro centavos) e
a indenizá-la em R$12.000,00 (doze mil reais), a título de danos morais.
Julgo improcedentes os demais pedidos de indenização por
danos materiais.
O valor dos danos materiais deverá ser corrigido a partir do
desembolso, em 05/06/2010, enquanto que o valor da condenação em danos morais
deverá sê-lo a partir da data desta sentença, até a data do efetivo pagamento,
conforme súmula 362 do STJ, com a incidência de juros moratórios, em qualquer
caso, a partir do evento danoso (05/06/2010), ambos calculados pela variação da
Taxa Selic, a teor da súmula 54 do STJ.
Caso a parte ré não efetue o pagamento do valor corrigido e
atualizado no prazo máximo de 15 (quinze) dias, contados do trânsito em julgado e
independentemente de nova intimação, o montante da condenação deverá ser
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acrescido de multa no percentual de 10% (dez por cento), conforme art. 475-J do
CPC.
Custas e honorários pelo réu, em face da sucumbência mínima
da parte autora, estes últimos fixados em R$1.800,00 (Mil e oitocentos reais), já
sopesadas a complexidade da causa e a dignidade da advocacia.
Retifique-se a autuação, para excluir do feito o Banco Bradesco
S.A, motivo pelo qual os autos deverão retornar ao setor de distribuição deste juízo.
PRI.
Expedientes necessários.
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