GUIA DA
DISCIPLINA
2019
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
1. INTRODUÇÃO À MORFOSSINTAXE
Objetivo:
Entender a perspectiva morfossintática de estudos da Língua Portuguesa.
Introdução:
Nos estudos linguísticos, é importante saber as palavras têm uma significação
especial. Assim, “saber o significado técnico que as palavras têm na área linguístico-
gramatical é um compromisso de todo profissional que atua no ensino e na pesquisa de
língua portuguesa.” (HENRIQUES, 2009, p. 11)
Embora para facilitar o estudo haja uma divisão entre morfologia e sintaxe, forma e
função são inseparáveis. Por isso a morfossintaxe é tão importante.
Existe uma dinâmica nas manifestações dos componentes morfológicos, por isso
devemos entender as noções de morfema, palavra e de classe.
Observe:
Já o termo palavra deve ser entendido como elemento “[...] que se usa para designar
a unidade mínima autônoma (lexical ou gramatical) para a qual se espera, por exemplo,
que exista uma entrada própria num dicionário ou que, numa gramática, exista um
paradigma que a inclua.” (HENRIQUES, 2009, p. 15)
sendo elas: substantivo, artigo, adjetivo, pronome, numeral, verbo, advérbio, preposição,
conjunção e interjeição. Essas classes são divididas em palavras variáveis (aquelas que
variam em gênero, número ou grau) e palavras invariáveis (as que não variam).
Como ler ou escrever um texto vai muito além de uma mera compreensão ou
organização de palavras, é preciso saber que os textos são compostos por palavras,
termos, orações e períodos. Todos esses elementos têm uma relação entre si, e é a análise
sintática que estuda a função e a ligação de cada elemento que forma um período.
1.2.2. Períodos
Os períodos são unidades sintáticas; são enunciados construídos por uma ou mais
orações e possuem sentido completo. Os períodos podem ser simples ou compostos:
Período simples: é constituído por uma oração, que recebe o nome de oração
absoluta. É um enunciado com apenas um verbo e sentido completo.
Período composto: é constituído por mais de uma oração, ou seja, dois ou
mais verbos.
1.3. Morfossintaxe: palavras e sintagmas a serviço do texto
Como visto anteriormente, a morfossintaxe diz respeito à análise em termos
morfológicos e sintáticos com relação às orações, sendo importante frisar que:
Análise morfológica: analisa as palavras de uma forma individual,
independentemente da ligação que ocorre com as demais.
Análise sintática: analisa de maneira conjunta a relação existente entre
palavras de uma mesma oração, apontando a função que cada palavra
exerce.
Análise morfológica
As = artigo definido
Meninas = substantivo
Estavam = verbo estar
Preocupadas = adjetivo
Análise sintática
As meninas = sujeito simples
Estavam preocupadas = predicado nominal
Preocupadas = predicativo do sujeito
2. MECANISMOS SINTÁTICOS
Objetivo:
Conhecer a área da gramática que estuda a relação entre as palavras na oração.
Introdução:
A sintaxe é o campo da gramática que analisa a disposição das palavras na frase.
Podemos afirmar que um texto está sintaticamente correto quando existe uma relação
lógica entre as frases, ou seja,
[...] quando os elementos de uma oração estão dispostos de maneira que nos
permita compreender o conteúdo de determinada mensagem. Mesmo que não
saiba – ou não soubesse – o que é sintaxe, você é capaz de produzir enunciados
que obedeçam às suas regras, já que a finalidade da comunicação é produzir
discursos inteligíveis, cujo significado seja acessível e compreensível. (PEREZ,
2019)
Nós chegamos.
Nós = 1ª pessoa do plural
-mos = (flexão de primeira pessoa do plural)
Exemplos:
Maria e José conversaram até de madrugada. (SUJEITO COMPOSTO)
Mais de uma professora se abraçaram. (EXPRESSÃO mais de um/uma)
Nem chuva nem frio são bem recebidos. (SÉRIE nem... nem)
2.3.1. Próclise
Na próclise, o pronome será posicionado antes do verbo. Segundo Pilastre (2019, p.
20), o pronome pessoal oblíquo será atraído (deverá estar próximo) por:
advérbios (incluindo formas negativas não, nunca, jamais), desde que não haja
pausa;
conjunções subordinativas;
pronomes (relativos, indefinidos, demonstrativos, interrogativos);
com o gerúndio precedido da preposição em.
Exemplos:
Não se esqueça de mim.
Soube que me negariam ajuda.
Identificaram duas pessoas que se encontravam desaparecidas.
Em se tratando de casos graves, ele atende prontamente
2.3.2. Mesóclise
Na mesóclise, o pronome surge intercalado ao verbo. Ela será empregada quando o
verbo estiver no futuro do presente ou no futuro do pretérito do indicativo (desde que não
haja palavra atrativa).
Exemplos:
Desenhar-te-ei nos meus sonhos.
Dir-lhe-ei isso!
Contar-te-ia a verdade.
2.3.3. Ênclise
Na ênclise, o pronome surgirá depois do verbo, obedecendo à sequência verbo-
complemento. Segundo Pilastre (2019, p. 20), a ênclise ocorre:
Exemplos:
Telefonei-lhe na hora combinada.
Prometo amar-te.
Fez-me um favor. Só isso!
Objetivo:
Conhecer os termos essenciais da oração.
Introdução:
Toda oração é formada por termos chamados essenciais: o sujeito e o predicado. É
em torno desses dois elementos que as orações são estruturadas. Leia:
Chove.
Neta oração, temos apenas o predicado chove, porque o verbo chover não se refere
a nenhum sujeito, é verbo impessoal.
Uma maneira prática para encontrar o sujeito da oração é fazer perguntas antes do
verbo:
Quem é que joga bola? ---------- Eu
Quem é que ouve música? ----- Nós
Quem é que está latindo? ------- O cachorro
sujeito
Observe:
Em “Eu e Simone viajamos de férias” temos um sujeito composto porque temos mais
de um núcleo (eu / Simone).
Em “Ganhei o prêmio da loteria” temos um sujeito oculto, porque embora não esteja
expresso na oração, é facilmente reconhecido pela terminação verbal (ganhei = eu).
Em “Nevou no Sul durante o inverno” temos sujeito inexistente, porque o verbo nevar
não se refere a nenhum sujeito. Nos casos de oração sem sujeito, os verbos são
considerados impessoais e vem conjugados na 3ª pessoa do singular.
Outro exemplo:
Objetivo:
Conhecer os termos relacionados ao verbo.
Introdução:
Em Língua Portuguesa, os termos relacionados ao verbo são: objeto direto, objeto
indireto, adjunto adverbial e agente da passiva.
O verbo transitivo pode ser: transitivo direto, transitivo indireto e transitivo direto e
indireto. No caso do verbo transitivo direto, ele é aquele que exige um complemento
chamado objeto direto, ligado ao verbo sem preposição. Já o verbo transitivo indireto é
aquele que exige um complemento chamado objeto indireto, ligado ao verbo por preposição
(normalmente, a, de, em). E o verbo transitivo direto e indireto é aquele que exige dois
complementos: um objeto direto – sem preposição – e um objeto indireto – com preposição.
Eu li o romance.
Sujeito simples: eu
Predicado verbal: li o romance
Verbo transitivo direto: li
Objeto direto: o romance
Perceba que após o verbo transitivo direto podemos fazer as perguntas “o quê?”,
“quem?”, sem preposição. No exemplo: O quê eu li? – reposta: o romance (objeto direto).
Perceba que após o verbo transitivo indireto podemos fazer as perguntas “a quê?”,
“a quem?”, de quê?”, “de quem?”, em quê?”, “em quem?”, com preposição (a, de, em). No
exemplo: Em quê eles acreditam? – reposta: em fantasmas (objeto indireto).
Lugar (onde?)
Tempo (quando?)
Modo (como?)
Intensidade (quanto?)
Companhia (com quem?)
Causa (por quê?)
Fim (para quê?)
Afirmação
Negação
Dúvida
Instrumento
Meio
No exemplo 1, o gato é sujeito (sujeito agente) e pratica a ação verbal – voz ativa.
Já no exemplo 2, o rato é sujeito, mas um sujeito paciente, porque sofre a ação verbal –
voz passiva analítica.
Na voz passiva analítica, embora o sujeito seja o rato, quem realmente pratica a ação
verbal é o gato – ele é o agente da ação. Por isso o termo pelo gato recebe o nome de
agente da passiva.
O agente da passiva é o termo que indica quem pratica a ação de uma oração na
voz passiva. É um termo preposicionado, sendo utilizada maioritariamente a
preposição por ou as suas formas contraídas (pelo, pela, pelos, pelas). O agente da
passiva corresponde ao sujeito de uma oração na voz ativa.
Um verbo está na voz passiva quando o sujeito gramatical é o paciente da ação, ou
seja, quando o sujeito gramatical sofre a ação verbal praticada pelo agente da
passiva. (NEVES, 2019)
A voz passiva analítica é formada pelo verbo auxiliar (ser, estar) seguido do particípio
do verbo principal. O verbo no particípio concorda com o sujeito paciente em gênero e
número. Observe os exemplos:
Os erros foram corrigidos pelo revisor.
Os aviões serão consertados por técnicos especialistas.
Quando passamos um verbo da voz ativa para a voz passiva analítica, repare que:
O verbo da voz ativa é sempre transitivo direto ou transitivo direto e indireto.
O objeto direto da voz ativa passará a ser sujeito paciente.
O verbo principal da voz ativa irá para o particípio com o verbo auxiliar (ser,
estar).
O verbo auxiliar deverá ser conjugado no mesmo tempo e modo em que se
encontra o verbo na voz ativa.
O agente da passiva liga-se ao verbo por meio de preposição (por, de, pelo,
pela, do, da etc).
Objetivo:
Conhecer os termos relacionados ao nome.
Introdução:
Existem alguns termos que se ligam aos nomes. São eles: predicativo, complemento
nominal, adjunto adnominal e aposto.
5.1. Predicativo
Existem dois tipos de predicativo: o do sujeito e o do objeto.
O termo em nós liga-se ao nome confiança por meio da preposição em. Confiança é
um substantivo que precisa de um complemento: confiança em quê?, em quem? O termo
em nós que completa o sentido de um nome é chamado de complemento nominal.
Como o junto adnominal apresenta uma função adjetiva, pode ser representado por
um adjetivo, por uma locução adjetiva, por um pronome adjetivo, por um numeral ou por um
artigo. Veja os exemplos a seguir:
Na análise sintática, o adjunto adnominal deve ser analisado após cada núcleo que
ele acompanha.
O adjunto adnominal…
é dispensável, apresentado uma informação acessória a um nome.
estabelece relação com um substantivo concreto.
pode ser ou não precedido de uma preposição.
O complemento nominal…
é obrigatório, sendo utilizado para completar o sentido de um nome que
apresenta uma significação incompleta.
estabelece relação com um adjetivo ou um advérbio.
é sempre precedido de uma preposição.
Apesar disso, esses dois termos são facilmente confundidos quando estabelecem
relação com um substantivo abstrato e quando o adjunto adnominal é representado por
uma locução adjetiva, formada pela preposição de e por um substantivo.
5.4. Aposto
Leia:
Júnior, meu primo, comprou um carro novo.
Na oração acima, há entre virgulas uma expressão que explica quem é Júnior. Essa
explicação recebe o nome de aposto.
O aposto é um termo acessório da oração que, sintaticamente relacionado com
outro termo da oração, serve para explicar, esclarecer, desenvolver, detalhar,
enumerar, especificar, resumir, comparar... esse outro termo. O aposto permite o
enriquecimento textual, fornecendo informações novas sobre os termos da oração.
(NEVES, 2019)
O aposto pode aparecer antes ou depois do termo ao qual se refere, bem como ser
destacado ou não por sinais de pontuação, como vírgula, dois-pontos ou travessão. Pode
ainda ser precedido ou não de preposições ou de expressões explicativas (isto é, como).
Objetivo:
Entender o significado e a tipologia de frase, oração e período.
Introdução:
Frase, oração e período são três conceitos essenciais da sintaxe. “Uma frase é um
enunciado que apresenta um sentido e uma estrutura completa.” (NEVES, 2019) A
estruturação de palavras em uma frase tem um propósito comunicativo, de transmissão de
um conteúdo. Existem frases simples e complexas, nominais e verbais, com diferentes
intenções comunicativas.
“Uma oração é uma unidade sintática que indica uma ação verbal.” (NEVES, 2019)
Quando os enunciados apresentam um ou mais verbos ou locuções verbais, temos uma
oração ou mais. Cada um desses verbos ou locuções verbais é uma oração.
“Um período é uma frase onde há a junção de uma ou mais orações de sentido
completo.” (NEVES, 2019) Podem ser simples ou compostos, conforme o número de
orações que apresentam.
6.1. Frase
De acordo com Neves (2019), frase é um conceito muito abrangente,
compreendendo desde estruturas muito simples a estruturas muito complexas. Veja os
exemplos a seguir:
Bom dia!
Para!
Cuidado com isso!
O menino não obedeceu ao pai.
Você quer saber o motivo da minha preocupação?
Embora tenha sido pedida a colaboração de todos, poucos funcionários dedicaram
parte do seu tempo à elaboração de uma lista de melhorias do processo de produção
da fábrica.
Exemplos:
6.2. Oração
Segundo Chalegre (2011), frases que possuem sentido completo e verbo (ou locução
verbal) são consideradas orações. Uma frase pode conter uma ou mais orações, a
depender do número de verbos que possua.
Exemplos:
a) Murilo brincou no parquinho. (um verbo = uma oração)
b) Hoje levarei o Murilo ao parquinho, ele brincará bastante. (dois verbos = duas
orações)
c) Amanhã levarei Murilo ao parquinho, ele brincará com a Carol, porém serei
cuidadosa. (três verbos = três orações)
6.3. Período
Segundo Chalegre (2011), trata-se de frases formadas por uma ou mais orações,
tendo no seu todo um sentido completo. O período pode ser simples ou composto.
Período simples: é formado por apenas uma oração, chamada de oração
absoluta. Exemplos:
a) O almoço hoje será um assado.
b) Crianças precisam de amor.
c) Ele me presenteou com um lindo anel.
Objetivo:
Introdução:
Observe o exemplo a seguir:
Analisando a frase, é possível constatar que existem dois verbos: dar (deram) e
descer (desceram). Logo, trata-se de um período composto, pois temos a presença de mais
de um verbo. (DUARTE, 2019) Vamos agora desmembrar as orações que integram esse
período:
Deram o braço / Desceram a rua.
Outro aspecto que merece ser analisado é que ambas as orações são
independentes, ou seja, uma não depende da outra, em se tratando de termos sintáticos,
para serem dotadas de sentido. Esta é a razão principal de serem conceituadas como
orações coordenadas. Elas, por sua vez, podem aparecer sem a presença de um conectivo
(conjunção), como podem também ser ligadas por ele, assim como nos mostra o exemplo
original, ou seja: “Deram o braço e desceram a rua”.
Assim podemos definir o período composto por coordenação como aquele que é
formado por orações coordenadas, sintaticamente independentes, pois não exercem
função sintática em realacao umas `as outras.
A CONJUNÇÃO É COODENATIVA.
A ORAÇÃO É COORDENADA.
Objetivo:
Conhecer as principais características do período composto por subordinação.
Introdução:
Segundo Duarte (2019), no período composto por subordinação existe pelo menos
uma oração principal e uma subordinada. A oração principal é sempre incompleta, ou seja,
alguma função sintática está faltando. As orações subordinadas desempenham a função
sintática que falta na principal: objeto direto, indireto, sujeito, predicativo, complemento
nominal...
Repare que a oração principal está incompleta, pois falta objeto indireto para o verbo
gostar (Quem gosta, gosta de alguma coisa). Sendo assim, a oração subordinada
desempenha a função de objeto indireto da principal.
A CONJUNÇÃO É SUBORDINATIVA.
A ORAÇÃO É SUBORDINADA.
9. SINAIS DE PONTUAÇÃO
Objetivo:
Conhecer os sinais de pontuação utilizados em Língua Portuguesa.
Introdução:
Os sinais de pontuação representam os recursos atribuídos à escrita. Dentre suas
muitas finalidades, está a de reproduzir pausas e entonações da fala.
Não devemos usar a vírgula entre o sujeito e o predicado e entre o verbo e seus
complementos (objetos).
Ponto e vírgula (;): é usado para: separar itens enumerados; separar um período
que já se encontra dividido por vírgulas. Exemplos:
A Matemática se divide em: geometria; álgebra; trigonometria; financeira.
Ele não disse nada, apenas olhou ao longe, sentou-se por cima da grama;
queria ficar sozinho com seu cão.