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MÓDULO: MEIO AMBIENTE AMAZÔNIA

PROFESSOR(A): TICIANO LAVOR

PRIMEIRAMENTE VAMOS ENTENDER UM POUCO SOBRE O


BIOMA AMAZÔNIA

O bioma Amazônia ocupa mais de 40% do território nacional. Nele


estão localizados os estados do Pará, Amazonas, Amapá, Acre, Rondônia e Roraima
e algumas partes do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. Também inclui terras de países
próximos ao Brasil, como as Guianas, Suriname, Venezuela, Equador, Peru e Bolívia.
A floresta amazônica é conhecida como abrigo da maior biodiversidade do
mundo, pois nela podem ser encontradas milhares de espécies animais, vegetais e micro-
organismos. Além da variedade de seres biológicos, a região conta com muitos rios, os
quais formam a maior reserva de água doce de superfície disponível no mundo. O clima
que caracteriza a região é o equatorial úmido. Quanto ao relevo, é possível perceber
diferentes formações, como planaltos e planícies.

Vamos analisar com mais calma alguns elementos que compõem este rico bioma:

FAUNA
Pesquisas indicam que na Amazônia existem cerca de trinta milhões de espécies
animais. Dá para acreditar? E isso porque nem todas as espécies foram encontradas e
estudadas pelos cientistas. Lá existem alguns animais que ainda são desconhecidos pelos
homens. Bom, mas uma coisa é certa: são muitos animais convivendo neste grande
ecossistema. Talvez os mais famosos deles sejam os macacos. Eles são numerosos:
coatás, cuxiús, barrigudos... Uma infinidade de primatas pode ser encontrada nos galhos
das árvores amazônicas. Além deles existem outros mamíferos característicos da região.
São mamíferos terrestres, como onças, tamanduás, esquilos, e mamíferos aquáticos, como
peixes-boi e botos.
Os répteis também têm território garantido. Em um passeio pela região podem ser
vistos lagartos, jacarés, tartarugas e serpentes. Entre os anfíbios, existem variados tipos
de rãs, sapos e pererecas. Uma grande coleção de peixes é outro fato digno de nota: nas
águas amazônicas estão 85% das espécies de peixes de toda a América do Sul. Todos os
anos milhares deles migram tentando encontrar locais adequados para reprodução e
desova. É o que se chama Piracema.
Outros seres ainda menores têm grande importância no equilíbrio deste
ecossistema: os insetos. Eles são numerosos. Besouros, formigas, mariposas e vespas
fazem parte do grupo que é maioria na fauna amazônica.
Na terra, na água e no ar. Há grande variedade também de aves na
floresta. Araras, papagaios, periquitos e tucanos colorem as copas das árvores. Mais de
mil espécies de aves já foram catalogadas.
A vegetação divide-se em três categorias: matas de terra firme, matas de várzea e
matas de igapó.
As matas de terra firme são aquelas que estão em regiões mais altas e por este
motivo não são inundadas pelos rios. Nelas estão árvores de grande porte, como a
castanheira-do-pará e a palmeira.
As matas de várzea são as que sofrem com inundações em determinados períodos
do ano. Na parte mais elevada desse tipo de mata, o tempo de inundação é curto e a
vegetação é parecida com a das matas de terra firme. Nas regiões planas, que permanecem
inundadas por mais tempo, a vegetação é semelhante a das matas de igapó.
As matas de igapó são as que estão situadas em terrenos mais baixos. Estão quase
sempre inundadas. Nelas a vegetação é baixa: arbustos, cipós e musgos são exemplos de
plantas comuns nestas áreas. É nas matas de igapó que encontramos a vitória-régia, um
dos símbolos da Amazônia.

SOLO
O solo da floresta amazônica é em geral bastante arenoso. Possui uma fina camada
de nutrientes que se forma a partir da decomposição de folhas, frutos e animais mortos.
Esta camada é rica em húmus, matéria orgânica muito importante para algumas espécies
de plantas da região.
Em áreas desmatadas, as fortes chuvas "lavam" o solo, carregando seus nutrientes.
É o chamado processo de lixiviação, que deixa os solos amazônicos ainda mais pobres.
Apenas 14% de todo o território pode ser considerado fértil para a agricultura.
Mas se apenas essa pequena parte é fértil, como existem tantas árvores? Aqui está
um dos pontos essenciais para o equilíbrio do ecossistema. Neste processo a camada de
húmus tem um papel fundamental. Além disso, os poucos nutrientes presentes no solo
são rapidamente absorvidos pelas raízes das árvores, e estas plantas, por sua vez, tornam
a liberar nutrientes para enriquecimento do solo. Trata-se de uma constante reciclagem
de nutrientes.

RELEVO

Compõem o bioma Amazônia planícies (terrenos com pouca variação de altitude),


depressões (tipo de relevo aplainado, onde são encontradas colinas baixas) e planaltos
(terrenos com superfície elevada).
As planícies são constantemente inundadas pela água dos rios. Na região de
planaltos existem algumas serras, como as de Taperapecó, Imeri e Parima. Ficam na
Amazônia as formações de relevo mais baixa - planície Amazônica - e mais alta - planalto
das Guianas - do país. É nesse planalto que se encontra o Pico da Neblina, ponto mais
alto do Brasil, com cerca de 3.015 metros.

ÁGUA
A água é um importante componente em um ecossistema. Isto porque a água é
fundamental para a vida. No caso da floresta amazônica, a água doce é abundante: trata-
se da maior bacia hidrográfica do planeta. Seu principal rio é o Amazonas, que possui
mais de mil afluentes (rios menores que nele deságuam), é o mais largo do mundo e
grande responsável pelo desenvolvimento da floresta.
Os rios influenciam a vida dos animais e, como você já viu, a vegetação do lugar.
De forma geral, são classificados em três tipos: rios de águas barrentas, de águas claras e
águas pretas.
A coloração da água varia de acordo com determinadas substâncias que podem
ser encontradas nos rios. Os chamados rios de águas barrentas, como o Madeira e o
próprio Amazonas, têm a cor da água modificada por serem ricos em sedimentos e
nutrientes. Os de águas claras, como o Xingu, o Tapajós e o Trombetas possuem muitos
trechos de corredeiras e cachoeiras. Estes rios não banham tantos terrenos ricos em
nutrientes como os de água barrenta. Desta forma apresentam água mais cristalina.
Por fim, os rios de águas pretas são assim denominados por nascerem em terrenos
de planície e carregarem a areia e o húmus que caracterizam o solo de tais terrenos. O
húmus é o grande responsável pela cor escura das águas. O mais conhecido rio amazônico
de aguas pretas é o rio Negro.

CLIMA
Na região amazônica chove bastante e a temperatura é elevada, normalmente
variando entre 22ºC e 28ºC. É o chamado clima equatorial úmido, que caracteriza algumas
áreas próximas à linha do Equador. E como o clima interfere? Pelo que vimos até aqui,
você já deve imaginar alguma forma... Por exemplo: de acordo com a intensidade das
chuvas sobe o nível dos rios; com o aumento do nível dos rios algumas áreas podem ser
alagadas e, uma vez alagadas, essas áreas podem ser mais ou menos adequadas à vida de
determinados vegetais e animais.

PERCEBERAM UMA COISA?


Bioma Amazônia é muito mais que simplesmente floresta amazônica. É todo um
conjunto.

O QUE SERIA “ECOSSISTEMA”?

Fatores como o clima, relevo, solo e água interferem na vida de animais e


vegetais. Essa interação seria o que costumamos chamar de ecossistema. Ecossistema é o
nome dado ao conjunto de seres vivos ou não que caracterizam um lugar, uma região.
Podemos dizer então que fazem parte de um ecossistema animais, plantas, bactérias, a
água, o vento, o solo, a luz do sol... tudo isso junto, ou seja, a forma como todos esses
fatores se relacionam, como eles estão ligados, é o que determina um ecossistema.
Os ecossistemas podem ser divididos em terrestres e aquáticos. Além desta divisão,
também podem ser classificados em naturais, como, por exemplo, bosques, florestas,
desertos e oceanos e artificiais, criados pelo homem, como açudes, aquários e plantações.
Biomas são reuniões de ecossistemas agrupados de acordo com aspectos de vegetação,
relevo e clima. Aqui no Brasil, o Ministério do Meio Ambiente admite a existência de
sete biomas:

 Amazônia,
 Cerrado,
 Caatinga,
 Pantanal,
 Mata Atlântica,
 Campos Sulinos,
 Costeiro.
O QUE É A AMAZÔNIA LEGAL?

O conceito de Amazônia Legal foi instituído pelo governo brasileiro como forma
de planejar e promover o desenvolvimento social e econômico dos estados da região
amazônica, que historicamente compartilham os mesmos desafios econômicos, políticos
e sociais. Baseados em análises estruturais e conjunturais, seus limites territoriais tem um
viés sociopolítico e não geográfico, isto é, não são definidos pelo bioma Amazônia – que
ocupa mais de 40% do território nacional e se estende também pelo território de oito
países vizinhos -, mas pelas necessidades de desenvolvimento identificadas na região.
Em termos administrativos brasileiros, a região chamada Amazônia Legal é
composta dos seguintes estados:

 Acre,
 Amapá,
 Amazonas,
 Pará,
 Rondônia,
 Roraima,
 Tocantins,
 Mato Grosso,
 Maranhão.

A Amazônia Legal é uma área de 5.217.423 km², que corresponde a 61% do


território brasileiro. Além de abrigar todo o bioma Amazônia brasileiro, ainda contém
20% do bioma Cerrado e parte do Pantanal matogrossesense. Ela engloba a totalidade dos
estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins
e parte do Estado do Maranhão. Apesar de sua grande extensão territorial, a região tem
apenas 21.056.532 habitantes, ou seja, 12,4% da população nacional e a menor densidade
demográfica do país (cerca de 4 habitantes por km²). Nos nove estados residem 55,9% da
população indígena brasileira, cerca de 250 mil pessoas, segundo a FUNASA.

HISTÓRIA

Para integrar uma região sempre pouco povoada e pouco desenvolvida, a Lei
1.806, de 06/01/1953 criou a (hoje extinta) Superintendência do Plano de Valorização
Econômica da Amazônia (SPVEA) e anexou à Amazônia Brasileira, os estados do
Maranhão, Goiás e Mato Grosso. Aquele dispositivo legal também definiu que esta área
seria chamada de Amazônia Legal, e através dela se concentrariam os esforços para
combater o subdesenvolvimento econômico daquela parte do país. Em 1966, a SPVEA
foi substituída pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM),
órgão que além de coordenar e supervisionar programas e planos de outros órgãos
federais, muitas vezes mesmo os elaborava e executava. Os limites da Amazônia Legal
foram estendidos várias vezes em consequência de mudanças na divisão política do país.
A sua forma atual foi definida pela Constituição de 1988, que incluiu Tocantins, Roraima
e Amapá. Atualmente a região é responsabilidade por uma nova versão da SUDAM,
autarquia federal criada pela Lei Complementar n°124, de 3 de janeiro de 2007 e
vinculada ao Ministério da Integração Nacional (Em 1º de janeiro de 2019, o Ministério
da Integração Nacional e o Ministério das Cidades foram fundidos e transformados
em Ministério do Desenvolvimento Regional).
FUNDO AMAZÔNIA

O Fundo Amazônia tem por finalidade captar doações para investimentos não
reembolsáveis em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, e de
promoção da conservação e do uso sustentável da Amazônia Legal, nos termos
do Decreto nº 6.527, de 1º de agosto de 2008. O Fundo apóia projetos nas seguintes
áreas:

 Gestão de florestas públicas e áreas protegidas;


 Controle, monitoramento e fiscalização ambiental;
 Manejo florestal sustentável;
 Atividades econômicas desenvolvidas a partir do uso sustentável da vegetação;
 Zoneamento ecológico e econômico, ordenamento territorial e regularização
 fundiária;
 Conservação e uso sustentável da biodiversidade;
 Recuperação de áreas desmatadas.
O Fundo Amazônia pode utilizar até 20% dos seus recursos para apoiar o
desenvolvimento de sistemas de monitoramento e controle do desmatamento em outros
biomas brasileiros e em outros países tropicais. Além da redução das emissões de gases
de efeito estufa, as áreas temáticas propostas para apoio pelo Fundo Amazônia podem ser
coordenadas de forma a contribuir para a obtenção de resultados significativos na
implementação de seus objetivos de prevenção, monitoramento e combate ao
desmatamento e de promoção da conservação e do uso sustentável das florestas na
Amazônia Legal. O Fundo é gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social – BNDES, que também se incumbe da captação de recursos, da
contratação e do monitoramento dos projetos e ações apoiados.

O RELATÓRIO DO INPE QUE GEROU POLÊMICA EM 2019

Primeiramente vamos entender o que é INPE:

O INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) surgiu no início dos anos


1960, motivado pelas expectativas que se criaram em torno das primeiras conquistas
espaciais obtidas pela União Soviética e pelos Estados Unidos. Em 1957, os soviéticos
lançaram o primeiro satélite ao espaço, o Sputnik. Um ano depois, foi a vez de os Estados
Unidos colocarem o Explorer em órbita da Terra. Na época, dois alunos de engenharia do
Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Fernando de Mendonça e Júlio Alberto de
Morais Coutinho, com a colaboração do Laboratório de Pesquisa Naval da Marinha dos
Estados Unidos, construíram uma estação de rastreio, com a qual conseguiram captar os
sinais dos dois satélites.
Em 1960, a Sociedade Interplanetária Brasileira (SIB) resolveu, durante a Reunião
Interamericana de Pesquisas Espaciais, propor a criação de uma instituição civil de
pesquisa espacial no país, e enviou uma carta ao então presidente da República, Jânio
Quadros, sugerindo tal iniciativa.
O ano de 1961 seria decisivo para o ingresso do Brasil na era espacial. Em maio
desse ano, os Estados Unidos, em resposta aos intentos soviéticos - que um mês antes
haviam colocado o primeiro homem, Yuri Gagarin, em órbita da Terra -, lançaram o
Programa Apollo, reforçando o empenho que dariam ao seu programa espacial. Em
discurso, o presidente John Kennedy afirmou que até o final daquela década um
astronauta norte-americano pisaria o solo lunar, como efetivamente ocorreu, em 1969.
Em agosto do mesmo ano, Jânio Quadros, entusiasmado com as iniciativas na
área, assinou o decreto que criaria o Grupo de Organização da Comissão Nacional de
Atividades Espaciais (GOCNAE), o embrião do que viria a ser o INPE, dando início às
atividades espaciais no Brasil. As atribuições do GOCNAE eram: propor a política
espacial brasileira em colaboração com o Ministério das Relações Exteriores; desenvolver
o intercâmbio técnico-científico e a cooperação internacional; promover a formação de
especialistas; realizar projetos de pesquisa; e coordenar e executar as atividades espaciais
com a indústria brasileira.
Os primeiros anos de existência do GOCNAE ou CNAE, como passou a ser
conhecido nos anos 1960, foram dedicados às ciências espaciais e atmosféricas, num
momento em que a comunidade científica internacional intensificava as pesquisas nas
áreas de geofísica, aeronomia e magnetismo, devido à reduzida atividade solar nos Anos
Internacionais do Sol Calmo (1964 – 1965). O interesse externo na coleta de dados na
faixa equatorial trouxe a oportunidade de o INPE se inserir na comunidade científica
internacional.
As campanhas científicas em cooperação com outros países, além de gerar dados
para a pesquisa, seriam fundamentais também à formação de especialistas. O INPE então
propôs ao Ministério da Aeronáutica a construção de uma base de lançamento no
Nordeste, para lançar foguetes com cargas úteis científicas. O Centro de Lançamento de
Foguetes da Barreira do Inferno (CLFBI, que mais tarde seria denominado CLBI),
instalado no município de Natal (RN), foi inaugurado em 1965, com o lançamento de um
Nike-Apache, foguete da National Aeronautics and Space Administration (NASA). Até
1970, foram lançados cerca de 230 foguetes estrangeiros e nacionais, através do projeto
Sondagem Aeronômica com Foguetes (SAFO). Posteriormente, houve também
cooperação com a agência espacial francesa, o Centre National d’Études
Spatiales (CNES), que equipou o CLBI com uma moderna estação de rastreio e controle,
em troca do uso do Centro.
As atividades científicas do início da década de 1960 permitiram que o Instituto
recebesse, já em 1965, o Segundo Simpósio Internacional de Aeronomia Equatorial
(SISEA), fruto das atividades em cooperação com a NASA. As campanhas em
cooperação com a comunidade científica internacional passaram a ser uma estratégia para
capacitar a pesquisa do INPE e equipes de instrumentação que apoiariam os experimentos
de Ciência Espacial e Atmosférica. Em 1968, deu-se início às atividades de lançamento
de balões estratosféricos com carga útil dedicada às pesquisas nas áreas de atmosfera,
astrofísica e geofísica. Nesse ano foram lançados cerca de 130 balões para medidas de
raios-X, na região da Anomalia Magnética do Atlântico Sul.
O crescimento natural das ciências espaciais levou à realização, no INPE, em
1974, da 17ª Reunião do Comitê de Pesquisa Espacial (COSPAR). No início dos anos
1980, o INPE engajou-se no então recém-criado Programa Antártico Brasileiro
(PROANTAR), iniciando nessa região o desenvolvimento de pesquisas em geofísica,
física da alta atmosfera, meteorologia, clima e oceanografia, atividades mantidas até hoje
na Antártica. Em meados dos anos 1980, foi criado o Laboratório de Ozônio, que
proporcionou grande visibilidade ao INPE quando a redução da camada de ozônio tornou-
se de interesse público mundial.
As atividades experimentais sempre foram um ponto forte do INPE e, seguindo
essa linha, na década de 1980, o Instituto participou do Experimento Troposfera Global
na Camada Limite sobre a Atmosfera da Amazônia (GTE/ABLE), em colaboração com
a NASA e outras organizações nacionais e estrangeiras. Em 1995, outro grande
experimento foi realizado, o Smoke, Clouds, and Radiation-Brazil (SCAR-B), também
em colaboração com a NASA.
Em 2008, o INPE criou o programa de Clima Espacial (EMBRACE), com o objetivo de
medir e modelar a interação Sol-Terra e seus efeitos no espaço próximo e na superfície
do território brasileiro. As tempestades magnéticas e ionosféricas, geradas pela atividade
solar, interferem nas atividades humanas ao impactarem as transmissões de dados de
GPS, satélites, aviões e sistemas elétricos. Para tornar esse programa operacional, o INPE
instalou uma infraestrutura de coleta de dados, modelagem e previsão de Clima Espacial.
Como extensão dessa iniciativa, foi inaugurado o Laboratório Conjunto Brasil-China para
Clima Espacial, em 2014, dando início aos trabalhos de criação de produtos
computacionais destinados às aplicações de clima espacial.
Os desenvolvimentos alcançados pelas ciências espaciais e atmosféricas
culminaram com a participação do INPE no projeto norte-americano LIGO para
detecção de ondas gravitacionais. Em fevereiro de 2016, a colaboração LIGO comunicou
a primeira medida direta de ondas gravitacionais, previstas teoricamente por Albert
Einstein em 1916, e que se configurava num desafio experimental de um século. O INPE,
até o momento, é a única instituição brasileira que mantém atividades experimentais em
ondas gravitacionais.
Com a evolução dos satélites meteorológicos e de sensoriamento remoto na
década de 1960, o Instituto ampliou suas áreas de atividade e interesse científico. Dois
grandes projetos foram criados com o objetivo de desenvolver pesquisas aplicadas a partir
do uso de dados e imagens de satélites. Em 1966, foi criado o programa Meteorologia por
Satélite (MESA), baseado na recepção de imagens meteorológicas de satélite da
série Environmental Science Services Administration (ESSA), dos Estados Unidos, que
passaria a ser denominada NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration),
da NASA. O INPE capacitou especialistas para fazer uso de estações de recepção de
dados, cuja tecnologia foi repassada à indústria nacional. Diversas unidades foram
fornecidas a instituições de pesquisa e monitoramento, como o Instituto Nacional de
Meteorologia (INMET) e empresas.
Outro programa com a mesma concepção, o Projeto Sensoriamento Remoto
(SERE) teve início em 1969 e envolveu o treinamento de pessoal nos Estados Unidos
para a realização de missões de mapeamento dos recursos naturais do território brasileiro
por meio de fotos aéreas e da recepção de dados do Earth Resources Technology
Satellite (ERTS), que deu origem à série de satélites LANDSAT. Em 1970, foi realizada
a primeira experiência em sensoriamento remoto, a Missão “Ferrugem”, cujo objetivo
era detectar a ferrugem nos cafezais na região de Caratinga (MG). Já em 1974, o INPE
passou a utilizar as imagens do LANDSAT para mapear o desmatamento na Amazônia.
O uso de satélites de comunicação foi outra área de interesse do INPE explorada dentro
da perspectiva de desenvolvimento e uso de aplicações de tecnologias espaciais em
problemas nacionais.
Entre o final dos anos 1960 e início da década de 1970, foi criado o projeto Satélite
Avançado de Comunicações Interdisciplinares (SACI), que consistia na utilização de um
satélite de telecomunicações da NASA para a transmissão de conteúdos educacionais de
nível fundamental e treinamento de professores em regiões remotas do país. Esse projeto
teve uma experiência piloto com escolas do Rio Grande do Norte, entre 1973 a 1975.
Programas educacionais eram produzidos e transmitidos do INPE.
Apesar desse projeto não ter evoluído como uma área de atividade do INPE, os
desenvolvimentos nas áreas de sensoriamento remoto e de meteorologia prosperaram.
Todos esses projetos tinham como fundamento a geração de benefícios econômicos e
sociais ao país. Também eram concebidos para proporcionar visibilidade ao Instituto e
com isso legitimar as atividades espaciais, ainda incipientes.
Para dar sustentação ao pioneirismo científico das atividades espaciais, o INPE
criou, ainda na década de 1960, um projeto que fomentaria a formação de especialistas
para suprir a falta de cientistas nas diferentes áreas de pesquisa em que o Instituto já vinha
atuando. Em 1968, foi estabelecido o PORVIR, através do qual o INPE iniciou suas
atividades de Pós-Graduação. Além de garimpar pesquisadores talentosos ainda em
formação nas universidades, pesquisadores estrangeiros foram atraídos para atuar em
diferentes áreas de pesquisa e ensino do INPE. A capacitação dos pesquisadores envolvia
ainda a realização do doutorado no exterior. Esses pesquisadores, quando retornavam ao
país, passavam a atuar na formação de novos cientistas nos cursos de pós-graduação do
INPE.
No início dos anos 1970, com a ampliação das atividades do Projeto SERE, o
Brasil era o terceiro país no mundo a receber imagens do satélite LANDSAT-1. Essa
iniciativa precursora abriu caminho para investimentos nos anos 1980, que permitiram a
recepção de dados dos satélites das séries Satellite Pour l’Observation de La
Terre (SPOT) e Earth Resource Satellite (ERS-1).
Os resultados gerados por essa área de sensoriamento remoto tornaram-se mais
evidentes quando o INPE realizou o Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, pela
primeira vez, nos anos 1970. Também data dessa época a apresentação do primeiro
trabalho sobre o desmatamento na região amazônica a partir de imagens de satélite. Na
década seguinte, a vocação do Instituto para desenvolver atividades voltadas à área
ambiental, a partir do acesso ao espaço, se consolidou.
Foi lançado o projeto de Detecção de Queimadas a partir de imagens de satélites
de órbita polar da série NOAA/Advanced Tiros-N e, nos anos 1990, o INPE iniciou o
projeto de Avaliação da Cobertura Florestal na Amazônia Legal, utilizando dados a partir
do ano de 1988. Esse trabalho passou aser conhecido como Projeto Desflorestamento da
Amazônia Legal (PRODES), criado no âmbito do Programa de Monitoramento da
Amazônia (AMZ). O programa PRODES, que oferece estimativas anuais para a taxa de
desmatamento na Amazônia Legal brasileira, é hoje a fonte primária de informações para
as decisões do governo federal quanto às políticas de combate ao desmatamento na
Amazônia.
Em 2004, o INPE lançou o sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo
Real (DETER), também voltado para a região amazônica, que mapeia diariamente as
áreas de corte raso e de processo progressivo de desmatamento por degradação florestal.
Trata-se de um levantamento mais ágil, que permite identificar áreas para ações rápidas
de fiscalização e controle do desmatamento.
Um marco importante para a história do Brasil no combate ao desmatamento ilegal
e na política de preservação da vegetação no país foi o lançamento, pelo Ministério do
Meio Ambiente, em 27/11/2015 (Portaria 365), do Programa de Monitoramento
Ambiental dos Biomas Brasileiros, usando a tecnologia de satélite. Esse programa tem o
objetivo de mapear e monitorar a vegetação de todos os biomas nos mesmos moldes do
que já é feito para a região da Amazônia. A abrangência do programa envolve, além do
bioma Amazônia, os biomas Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal.
A partir de meados dos anos 1960, o INPE iniciou e ampliou suas atividades em
pesquisa científica e de recepção e processamento de dados e imagens de satélites
meteorológicos. Desde essa época, realiza desenvolvimentos extraindo uma série de
produtos a partir de dados e imagens obtidos de sensores a bordo de satélites das
séries Geostationary Operational Environmental Satellite (GOES), National Oceanic &
Atmospheric Administration (NOAA), dos Estados Unidos, e Meteorological
Satellite (METEOSAT), da União Europeia.
Na década de 1980, como desdobramento das atividades de pesquisa e acompanhando a
evolução das previsões numéricas de tempo nos países desenvolvidos, pesquisadores do
INPE propuseram a criação de um moderno centro de previsão de tempo, onde seriam
desenvolvidos modelos a serem processados em um supercomputador.
A criação do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) foi
aprovada em 1987 e sua inauguração ocorreu em 1994. Planejado para gerar previsões
numéricas de tempo, o CPTEC passou a fornecer também previsões de clima sazonal.
Alguns anos depois, o novo centro passou a gerar previsões regionais, cobrindo a América
do Sul com melhor resolução, e no início dos anos 2000, previsões e monitoramento
ambiental.
Com a atualização constante de sua base computacional de alto desempenho, o
CPTEC tornou-se um centro de referência internacional, com capacidade científica e
tecnológica que permite a melhoria contínua de suas previsões para o país e América do
Sul.
Além das previsões, o CPTEC realiza o monitoramento da atmosfera e chuvas,
agregando informações ambientais e de tempo e clima às atividades do agronegócio, na
geração de energia, em transportes, serviços e obras, turismo e lazer etc.
No biênio 1996-1997 teve início o Experimento de Grande Escala da Biosfera-
Atmosfera na Amazônia (LBA), em parceria com organizações de 12 países. Em sua fase
inicial, sob a liderança do INPE, o LBA tinha como objetivo buscar respostas
fundamentais sobre os ciclos da água, energia, carbono, gases e nutrientes na Amazônia
e sobre como esses ciclos se alteraram com o uso da terra pelo homem. Esse experimento
veio confirmar a liderança do INPE no setor e a relevância das questões ambientais em
sua agenda científica. Outro fato que veio reforçar a agenda do Instituto na área ambiental
foi a instalação no INPE, em 1994, do Instituto Interamericano de Pesquisa em Mudanças
Globais (IAI).
O envolvimento do INPE nas questões ambientais, sob a forma do uso das
ferramentas de modelagem numérica e coleta de dados por meio de satélites e plataformas
terrestres, vem crescendo de forma marcante nos últimos anos. Prova disso é a
participação de cientistas de seus quadros na elaboração dos relatórios
do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), que funciona sob os auspícios
da Organização das Nações Unidas (ONU), e a liderança no comitê científico
do International Geosphere Biosphere Programme (IGBP), a partir de 2006.
Recentemente, o INPE ampliou sua agenda de pesquisa para incluir o tema de
Ciência do Sistema Terrestre, com foco nos impactos causados pela atividade antrópica
e pelas mudanças climáticas. Iniciativas de pesquisa e liderança em projetos
internacionais de pesquisa sobre a Amazônia, como o LBA, participação na elaboração
de relatórios do IPCC, e a liderança no comitê científico do IGBP (2006 a 2012), levaram
o INPE a criar, em 2009, o Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST). O objetivo
do CCST é analisar os caminhos de sustentabilidade do Brasil frente às mudanças
ambientais globais, ampliando, assim, a agenda de pesquisa do INPE na área ambiental.
No início dos anos 1970, com a criação da Comissão Brasileira de Atividades
Espaciais (COBAE), órgão responsável pela elaboração da política espacial e
coordenação do Programa Espacial Brasileiro, o INPE assumiu o papel de executor de
atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da área de satélites. Naquela ocasião,
houve um intenso debate para definir uma missão espacial que capacitasse o país em
engenharia e tecnologia espacial. Apesar da negociação com a França para desenvolver
uma missão conjunta, a COBAE optou por um programa autônomo - a Missão Espacial
Completa Brasileira (MECB) -, que começou a ser desenvolvido em 1978.
A MECB foi aprovada em 1979 e seria um divisor de águas para o INPE, tendo
em vista o aumento de seu orçamento, a contratação de recursos humanos e projetos de
ampla infraestrutura. Os objetivos iniciais da MECB eram o desenvolvimento de quatro
satélites e de um veículo lançador, e a construção de uma infraestrutura para as operações
de lançamento. O então Centro Tecnológico Aeroespacial (CTA) ficou responsável pelas
tarefas relativas ao lançador e pela base de lançamento.
O INPE seria responsável pelo desenvolvimento de dois satélites de coleta de
dados ambientais de aproximadamente 100 kg e de dois satélites de sensoriamento remoto
de cerca de 150 kg para órbita polar, bem como pelo desenvolvimento de um sistema de
solo para o controle de satélites e para o processamento e distribuição de dados de suas
cargas úteis. Como resultado, a MECB impulsionou a consolidação definitiva de mais
uma área atuação do Instituto - a Engenharia e Tecnologia Espacial (ETE).
Pela MECB foi construído o Laboratório de Integração e Testes (LIT), inaugurado
em 1987. O LIT é responsável pela montagem e integração dos satélites brasileiros, mas
também vem sendo contratado para a realização de testes e integração de satélites
estrangeiros. Além disso, atende a solicitações de teste, verificação e calibração de
sistemas e subsistemas para vários setores da indústria nacional.
Com a MECB, também foi criado o Centro de Controle e Rastreio de Satélites
(CRC), com unidades em São José dos Campos, Cuiabá e Alcântara, bem como o Centro
de Missão de Coleta de Dados em Cachoeira Paulista. O CRC foi inaugurado em 1988
para fazer o controle dos dois Satélites de Coleta de Dados Ambientais (SCD), mas a
partir de 2001 se capacitou para realizar o controle compartilhado com a China dos
satélites da série China-Brazil Earth Resources Satellites (CBERS).
Os resultados mais visíveis da MECB no INPE foram os lançamentos do SCD- 1,
em 1993, e do SCD-2, em 1998. Esses lançamentos representaram o cumprimento da
tarefa inicial do INPE na MECB, que consistia no desenvolvimento e lançamento de dois
satélites de coleta de dados ambientais. Por outro lado, o objetivo de lançar outros dois
satélites de sensoriamento remoto não pode ser completado nos moldes previstos
originalmente pela MECB.
Em paralelo ao desenvolvimento e lançamento dos SCDs, o INPE investiu na
instalação de uma infraestrutura de várias centenas de Plataformas de Coleta de Dados
(PCDs) distribuídas por todo o território nacional e países vizinhos. Seu desenvolvimento
foi promovido pela MECB, tendo se transformado em uma atividade operacional que
continua a ser apoiada pelos satélites da série CBERS.
Em associação às atividades de P&D de tecnologias espaciais, foram criados os
Laboratórios Associados, instituídos em 1986 com o objetivo de desenvolver atividades
de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) de interesse para a área espacial, tais como
sensores e materiais, plasma, computação e matemática aplicada, e combustão e
propulsão.
Os anos 1980 foram marcados por sucessivas crises econômicas que se refletiram
parcialmente nos resultados da MECB. Para enfrentar as dificuldades financeiras, mas
também por razões de estratégia geopolítica, visando o acesso às tecnologias sensíveis
necessárias para o desenvolvimento de satélites de sensoriamento remoto de forma
autônoma, o INPE buscou a cooperação internacional. Juntamente com os Ministérios da
Ciência e Tecnologia e das Relações Exteriores, começou a discutir e negociar com a
China, em 1984, um protocolo de cooperação para o desenvolvimento, a fabricação, testes
e lançamento de dois satélites de sensoriamento remoto de grande porte. A cooperação
também incluía a operação, recepção, processamento e disseminação das imagens por
estações brasileiras e chinesas.
A assinatura do protocolo de cooperação entre Brasil e China, em 1988, resultou
no lançamento do primeiro satélite da série CBERS, em 1999, e do CBERS-2, em 2003.
A partir do êxito desse programa, houve a renovação da cooperação, com o lançamento
do CBERS-2B em 2007 e ampliação da missão conjunta com mais dois satélites, CBERS-
3 e CBERS-4.
Em 2013, com a falha no lançamento do CBERS-3, as equipes brasileira e chinesa
se comprometeram a realizar um grande esforço para produzir, integrar, testar e lançar o
satélite seguinte, o CBERS-4, dentro de um cronograma apertado de um ano. O satélite
foi lançado com sucesso em dezembro de 2014, trazendo nova perspectiva à extensão do
programa entre os dois países. As imagens CBERS são utilizadas no controle do
desmatamento e de queimadas na Amazônia Legal, no monitoramento de recursos
hídricos, na produção e expansão agrícola, cartografia, entre outras aplicações.
A década de 2000 foi positiva para o INPE em termos orçamentários. Com o
aumento dos dispêndios em C&T pelo governo Lula a partir de 2004, o orçamento do
INPE cresceu de R$ 100 milhões, em 2003, para R$ 200 milhões, em 2007, chegando a
R$ 250 milhões em 2010. Esse incremento de recursos permitiu um melhor planejamento
dos programas de satélite, incluindo contratações junto à indústria nacional. Atualmente,
os principais programas de satélites desenvolvidos pelo INPE são, além do CBERS, a
Plataforma Multimissão (PMM).
A PMM é uma plataforma de uso múltiplo para satélites de até 500 kg de massa
total em órbitas de 600 a 1000 km. Para os próximos anos, INPE planeja lançar uma série
de satélites baseados na PMM, para aplicações de observação da Terra (sensoriamento
remoto e clima espacial) e científicas (astrofísica e geofísica espacial).
A história de grandes iniciativas do INPE traduz a postura proativa de sua
comunidade científica, que aos poucos ampliou a área de atuação da instituição em
resposta às demandas da sociedade e dos desafios científicos e tecnológicos. A
competência adquirida nas suas principais áreas de atividade - Ciências Espaciais e
Atmosféricas, Ciências Ambientais e Meteorológicas, e Engenharia e Tecnologias
Espaciais - foram estabelecidas, por um lado, graças às cooperações científicas
internacionais. Por outro, valeu-se da constituição de uma comunidade científica e
tecnológica de excelência que se estabeleceu sob a estratégia da formação nos mais
avançados centros de pesquisa e pela atração de pesquisadores do exterior para atuar na
instituição.

AGORA SIM, VAMOS AO RELATÓRIO DE JULHO DE 2019:

No dia 03 de julho de 2019, dados consolidados foram inseridos nesta no sistema


Terra Brasilis, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), dando conta de que o
desmatamento na Amazônia Legal brasileira atingiu em junho de 2019, um aumento de 88%
em comparação com o mesmo mês no ano de 2018. De 1º a 30 de junho, foram destruídos
920,4 km² de floresta amazônica no território brasileiro, contra 488,4 km² no mesmo mês
em 2018, segundo sistema que monitora alertas de áreas destruídas na região.
O relatório afirmava que, junho de 2019 era o terceiro pior mês desde que o sistema
de monitoramento de alertas havia sido criado, em 2015. Observe o gráfico abaixo:
No total, junho de 2019 teve 2.903 alertas inseridos no Terra Brasilis, e 97% do
desmatamento foi registrado em quatro estados, o que nos mostra um desmatamento bastante
“concentrado”. Veja no gráfico abaixo:

O Terra Brasilis foi criado em 2015 pelo INPE. Ele é alimentado com dados do
Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), um "sistema de alerta
para dar suporte à fiscalização e controle de desmatamento e da degradação florestal" ao
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA).
Os dados compilados no sistema não têm o objetivo de consolidar o desmatamento
no bioma da mesma forma que é feito, por exemplo, pelo sistema do MapBiomas –
mantido
por entidades – ou do Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por
Satélite (Prodes).
O MapBiomas reúne informações coletadas ao longo de todo o ano e faz a limpeza
e verificação dos dados, eliminando por exemplo nuvens e outras possíveis interferências
para apresentar o dado consolidado do ano anterior. Tomando como base o Deter, que
também é usado pelo Terra Brasilis, o MapBiomas também lançou recentemente um
sistema de alertas de desmatamento que promete ajudar na aplicação de multas.

RELATÓRIO DE 18 DE NOVEMBRO DE 2019:

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgou no dia 18 de


novembro de 2019, um outro relatório com a estimativa da taxa de desmatamento para os
nove estados da Amazônia Legal Brasileira. O valor estimado foi de 9.762 km² para o
período de agosto de 2018 a julho de 2019. Esse valor representava um aumento de
29,54% em relação a taxa de desmatamento apurada pelo PRODES 2018 que foi de 7.536
km².
Esta taxa foi fruto dos dados gerados pelo Projeto de Monitoramento do
Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (PRODES). O mapeamento utilizou
imagens do satélite Landsat ou similares para registrar e quantificar as áreas desmatadas
maiores que 6,25 hectares. O PRODES considerou como desmatamento a remoção
completa da cobertura florestal primária por corte raso, independentemente da futura
utilização destas áreas.

A Tabela abaixo apresenta a distribuição da estimativa do desmatamento


para o ano de 2019 por estados:

A próxima Tabela apresenta as variações da taxa para cada estado entre os anos
de 2018 e 2019. A análise desta tabela mostra um crescimento do desmatamento nos
estados que já indicavam maior contribuição, com exceção do estado de Rondônia, que
tem uma expressiva taxa de desmatamento e mostrou uma pequena diminuição no
desmatamento entre 2018 e 2019:
POLÊMICAS:

Como sabemos, não só o desmatamento em si, mas as queimadas na Amazônia


foram tema de destaque na mídia nacional e internacional em 2019. Protestos e
manifestações de líderes mundiais e personalidades pressionaram o presidente Jair
Bolsonaro a tomar medidas para controlar a situação na floresta amazônica.
Após a divulgação do relatório de 03 de julho de 2019, o presidente Bolsonaro
questionou as informações divulgadas pelo INPE. Na ocasião, o mandatário disse
suspeitar que o órgão estivesse “a serviço de alguma ONG”, ou “aparelhado pela
esquerda brasileira e por isso os números podem ter sido inflados” e afirmou que “se
realmente fosse todo esse desmatamento, a Amazônia já teria sido extinta”. Depois das
declarações, o presidente solicitou explicações sobre os dados para o responsável pelo
INPE. O então diretor do Instituto, Ricardo Galvão, rebateu as acusações de Bolsonaro
e reafirmou que todos os dados eram verdadeiros.
No dia 22 de julho de 2019, Bolsonaro criticou novamente o INPE fazendo
declarações sobre o prejuízo que o levantamento provocaria contra a imagem do Brasil
no exterior, principalmente em meio às negociações de acordos bilaterais e do
MERCOSUL. As declarações de Bolsonaro e os números do desmatamento da
Amazônia, divulgados pelo IMPE, começaram a ganhar repercussão internacional. O
governo brasileiro foi alvo de críticas de inúmeros líderes mundiais como França,
Noruega e Alemanha.
Um fato no mínimo curioso ocorreu no dia 29 de julho de 2019 quando Bolsonaro
alegou “uma questão de agenda” para cancelar uma reunião com o ministro das Relações
Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, poucos minutos antes do compromisso. Mas
publicou um vídeo enquanto cortava o cabelo no horário em que o encontro estava
previsto. A medida foi ironizada pelo chanceler francês como uma “urgência capilar”.
No dia 31 de julho de 2019, o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles,
chegou a admitir o aumento do desmatamento durante o ano de 2019. Mas afirmou que o
sistema de alertas do INPE não é apto para comparações mensais. Ele ainda alegou que
as informações não estão erradas, mas foram interpretadas de “maneira equivocada” pelos
veículos de comunicação. Em agosto de 2019, depois de realizar uma reunião com o
ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, em Brasília, Galvão (então presidente
do INPE) é exonerado.
No dia 10 de JULHO DE 2020, o sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo
Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), divulgou que a Amazônia
registrou 1.034,4 km² de área sob alerta de desmatamento em junho de 2020, recorde para o
mês de junho em toda asérie história, que começou em 2015. No acumulado do 1º semestre de
2020, os alertas indicam devastação em 3.069,57 km² da Amazônia, aumento de 25% em
comparação ao primeiro semestre de 2019. Os dados servem de indicação às equipes de
fiscalização sobre onde pode estar havendo crime ambiental. Os números não representam a
taxa oficial de desmatamento, que é medida por outro sistema, divulgado uma vez ao ano.
Vale ressaltar que o Brasil enfrentapressão deinvestidores estrangeirosparadiminuir
odesmatamentonaAmazônia.Nodia09dejulhode2020,ovice-presidenteHamiltonMourão
disse para investidores que o Brasil busca reduzir o desmatamento, mas os dados mostram
aumento na tendência de desmate. Mourão afirmou que os investidores estrangeiros querem
ver"resultados"dapolíticaambientaldoBrasil.Adeclaraçãofoidadaemcoletivadeimprensa
concedida após videoconferência entre o vice-presidente, ministros do governo federal e
investidores estrangeiros para tratar da preservação do meio ambiente no Brasil. No mês
anterior,umgrupode29grandesfundosinternacionaisdeinvestimento,quegerenciacercade
R$ 20 trilhões em recursos, enviou uma carta aberta às embaixadas brasileiras de oito
países(EstadosUnidos,Japão,Noruega,Suécia,Dinamarca,ReinoUnido,FrançaeHolanda).
Na carta, manifestaram preocupação com o aumento do desmatamento no Brasil eapontaram
umaincertezageneralizadasobreas condiçõesparainvestirefornecerrecursos financeiros ao
Brasil.
Europeus também ameaçaram “desenvestir”no Brasil devido ao desmatamento. Sete
grandes empresas de investimento européias disseram à agência de notícias Reuters que
“desinvestirão” em produtores de carne, operadoras de grãos e até em títulos do governo do
Brasil se não virem progresso rumo a uma solução para a destruição crescente da Floresta
Amazônica.
AsameaçasdeinvestidorescommaisdeUS$2trilhõesemativosadministrados,como
ofinlandêsNordeaeabritânicaLegal&GeneralInvestmentManagement(LGIM),podemser
um indicativo (palavras do professor Ticyano Lavor) de como o setor privado está adotando
ações globais, ou pelo menos “engrossando” o discurso, no sentido da proteção da maior
floresta tropical domundo.

No dia 21 de janeiro de 2020, o presidente Jair Bolsonaro determinou a criação do


Conselho Nacional da Amazônia Legal, a ser coordenado pelo vice-presidente da
República, Hamilton Mourão. Em seu Twitter, Bolsonaro explicou que seria utilizada a
própria estrutura da Vice-Presidência:
O objetivo do conselho é coordenar as diversas ações em cada ministério voltadas
para a proteção, defesa e desenvolvimento sustentável da Amazônia. "Dentre outras
medidas determinadas está também a criação de uma Força Nacional Ambiental, à
semelhança da Força Nacional de Segurança Pública, voltada à proteção do meio
ambiente da Amazônia", afirmou o presidente.

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