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Avaliação psicológica em instituições de justiça

Giovanna Dainez Rodrigues – dainez.giovanna@gmail.com


Avaliação Psicológica
Instituto de Pós-Graduação − IPOG
Florianópolis, SC, 26 de outubro de 2020

Resumo
A área jurídica passou a abranger a psicologia jurídica, mais especificamente a
avaliação psicológica, no século VXIII, quando os saberes psicológicos passaram a ser
indispensáveis e auxiliares no processo de julgamento de delitos. Contudo, ainda há a
necessidade da discussão e aprofundamento sobre instrumentos e técnicas utilizadas
pelos examinadores no âmbito jurídico e também acerca das leis que regularizam a
profissão dos psicólogos jurídicos. Conforme é defendido neste artigo, o psicólogo
desempenha um papel importante na apuração de fatores específicos requisitados pelo
Judiciário, tais como avaliação das características da personalidade, análise de
periculosidade e outros exames psicológicos, e em perícias de questões referentes à
saúde mental, ao ambiente carcerário, bem como à personalidade e à dinâmica de
funcionamento do indivíduo encarcerado, fornecendo subsídios ao processo judicial. O
presente artigo tem o objetivo de apresentar a atuação do psicólogo jurídico nas
instituições jurídicas e prisionais, enfatizando o processo da avaliação psicológica.
Apesar de a psicologia estar ramificada no Direito há mais de dois séculos, são
necessárias criações de testes e técnicas mais específicos ao sistema jurídico, assim
como a atualização das técnicas já existentes.

Palavras-chave: Psicologia jurídica. Sistema prisional. Peritos. Avaliação psicológica.


Direito Penal.

1. Introdução
O tema escolhido para ser apresentado é algo que há muitos anos me causa
interesse, antes mesmo da escolha do curso de graduação. Vinda de uma família
composta por muitos policiais, advogados e pessoas ligadas ao Direito, o mundo
jurídico sempre me rodeou. Durante a graduação, cursando a matéria de Psicologia
Jurídica, fui convidada a conhecer o Complexo Penitenciário da Papuda, um presídio de
segurança máxima, sediado em Brasília, para fazer entrevistas com os psicólogos que
ali trabalhavam.
Durante as conversas, os profissionais relatavam que haviam sido aprovados
em concurso público para agentes penitenciários, e não para psicólogos. Entretanto, em
razão de sua formação acadêmica, foram alocados em outra função. Contaram um
pouco de suas rotinas, demandas de trabalho e dos desafios diários. As informações
passadas por eles, os sentimentos despertados em mim e a aproximação com os
detentos despertaram em mim ainda mais a curiosidade e o encantamento pela área.
O presente artigo tem por objetivo discutir a importância da avaliação
psicológica dentro do contexto jurídico e a atuação do psicólogo junto ao Direito Penal.
Esse profissional, também designado como perito, é chamado a atuar em
processos criminais de diversas formas. Com seus conhecimentos e técnicas, tem o
objetivo de auxiliar a Justiça em questões relativas à saúde mental dos envolvidos em
processos penais, mediante a avaliação psicológica de suspeitos, compreender as
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verdadeiras motivações de um crime e detectar padrões de comportamento dos


processados, na busca do bem-estar e da recuperação do indivíduo.
O objetivo da Psicologia Jurídica é a compreensão de comportamentos que
estão inter-relacionados ao Direito, e este artigo apresenta essa atuação dentro das
instituições prisionais.
A Psicologia Jurídica é uma vertente de estudo da Psicologia. Consiste na
aplicação de conhecimentos psicológicos a assuntos relacionados ao Direito,
principalmente quanto aos estudos sociojurídicos dos crimes e em relação à
personalidade da pessoa natural e seus embates subjetivos, notadamente sua saúde
mental. Assim sendo, a Psicologia Jurídica tem se dividido em outros ramos de estudo,
de acordo com as matérias a que se referem. Destaque-se ainda que há um longo
caminho a trilhar no entendimento e caracterização da área.
Segundo Sônia Altoé, em seu artigo Atualidade da Psicologia Jurídica, a
primeira aproximação entre a Psicologia e o Direito ocorreu por meio da psicologia do
testemunho. Para a autora,

A história nos mostra que a primeira aproximação da Psicologia com o Direito


ocorreu no final do século XIX e fez surgir o que se denominou “psicologia do
testemunho”. Esta tinha como objetivo verificar, através do estudo experimental
dos processos psicológicos, a fidedignidade do relato do sujeito envolvido em
um processo jurídico. (ALTOÉ, 2001, p. 1)

A relação do Direito com a Psicologia tem sido discutida desde o século


XVIII, mas a Psicologia Jurídica no Brasil, enquanto área de atuação especifica,
começou a ter força e a se consolidar somente no século XX. Conforme a Lei de
Execução Penal (LEP), os psicólogos só obtiveram sua regulamentação dentro do
sistema penitenciário em 1984, quando essa norma foi sancionada.
Na Idade Média, a loucura era um assunto pouco tratado ou discutido. Os
direitos dos considerados loucos eram restringidos e os atendimentos médicos, restritos
a poucos privilegiados. No século XVII, a loucura passou a ser causa de excludente de
ilicitude. Estabelecimentos para internações psiquiátricas foram criados em toda a
Europa, excluindo do seio da sociedade os indivíduos considerados doentes mentais e,
consequentemente, uma ameaça para a ordem da sociedade (ROVINSKI, 1998).
Segundo Brito (2005), naquela época a Psicologia era vista como uma
prática voltada a realizar exames e avaliações que forneciam diagnósticos. Essa época,
marcada pela inauguração do uso dos testes psicológicos, fez que o psicólogo fosse
visto como um “testólogo”, como na verdade o foi na primeira metade do século XX
(GROMTH-MARNAT, 1999, apud LAGO, 2009).
Psicólogos alemães e franceses desenvolveram trabalhos empírico-
experimentais sobre o testemunho e sua participação nos processos judiciais.
Após esse período, os psicólogos clínicos iniciaram juntamente com
psiquiatras uma colaboração nos exames psicológicos legais e em sistemas de Justiça
juvenil (JESUS, 2001).
Segundo Leal (2008), em 1868, a Psicologia passa a auxiliar a Justiça,
quando o médico francês Prosper Despine publica o livro Psychologie Naturelle,
tratando do estudo de casos de criminosos graves daquela época. Seu material de
estudo foi obtido nas detalhadas informações contidas na La Gazette des Tribunaux −
jornal francês dedicado exclusivamente a assuntos jurídicos ou da jurisprudência − e
em publicações análogas. Eram textos escritos por eminentes advogados e
jurisconsultos. Despine concluiu que os delinquentes não possuíam enfermidades
físicas e nem mentais, mas, sim, anomalias que faziam parte de suas tendências e
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comportamentos morais motivados por ódio, vingança, avareza, a aversão ao trabalho,


entre outros. Além disso, Despine incentivou as demais pessoas a seguirem nessa
linha de investigação e passou a ser considerado fundador da Psicologia Criminal.
Na França do século XVIII, o psiquiatra Philipe Pinel realizou a revolução
institucional, liberando os doentes mentais de suas cadeias, dando-lhes assistência
médica adequada, garantindo-lhes voltar a viver em sociedade (PAVON, 1997).
Em 1890, com o surgimento da psicanálise, decorrente de estudos do
médico Sigmund Freud, o sujeito passou a ser visto de forma mais compreensiva, e o
psicodiagnóstico ganhou força, deixando de ser apenas um aspecto médico, passando
a ser também psicológico (CUNHA,1993).
Classificados em duas categorias distintas, de maior e menor severidade, os
pacientes passaram a receber um atendimento mais adequado. Os menos severos
foram encaminhados a psicólogos, em busca de uma melhor compreensão de sua
personalidade. Os mais severos, compatíveis com internações, eram encaminhados a
psiquiatras. O psicodiagnóstico ficou a cargo dos psicólogos (ROVINSKI, 1998).
O trabalho dos psicólogos juristas no Brasil iniciou-se em 1960, mas prever a
data correta em que iniciaram suas atividades no sistema prisional é algo mais
complexo, pois não existe um único marco teórico publicado. Essa atuação não ocorreu
de forma única e definitiva. Pelo contrário, esses profissionais foram sendo inseridos na
área criminal de forma lenta, gradual e muitas vezes voluntária, espalhando-se pelas
diversas áreas do Direito, atuando em casos de adolescentes infratores e de adultos
considerados criminosos por descumprirem ordens e comprometerem a paz da
sociedade (ROVINSKI, 2002).
O Decreto nº 53.464, de 21 de janeiro de 1964, regulamenta a Lei nº 4.119,
de 27 de agosto de 1962, que dispõe sobre a profissão de psicólogo. Em seu texto, no
art. 6º, observa-se que, entre outras atribuições, cabe ao psicólogo “realizar perícias e
emitir pareceres sobre a matéria de psicologia” (BRASIL, 1964).
Academicamente, cabe citar que a Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, em 1980, foi pioneira em relação à Psicologia Jurídica, criando uma área de
concentração dentro do curso de especialização em Psicologia Clínica, denominada
Psicodiagnóstico para Fins Jurídicos. Seis anos mais tarde, tornou-se um curso
independente do Departamento de Clínica, fazendo parte do Departamento de
Psicologia Social (ALTOÉ, 2001). Atualmente, não são todos os cursos de Psicologia
que oferecem a disciplina de Psicologia Jurídica, e quando o fazem normalmente é uma
matéria opcional, com carga horária pequena. Nos cursos de Direito, a disciplina
passou a ser obrigatória, ainda que a carga horária também seja curta.
Existe certa deficiência na formação acadêmica dos profissionais da
Psicologia ligados ao Direito, de modo a demandar das instituições judiciárias cursos de
capacitação, treinamento e reciclagem, apesar de já haver um aumento, em relação à
disponibilidade do ensino da Psicologia Jurídica. É o que se pode extrair das palavras
de Vivian de Medeiros Lago et al. (2009, p. 485):

Esses dados acarretam uma deficiência na formação acadêmica dos


profissionais, o que exige oferecimento, por parte das instituições jurídicas, de
cursos de capacitação, treinamento e reciclagem. Os psicólogos sentem estar
sempre “correndo atrás do prejuízo”, uma vez que as discussões sempre giram
ao redor de noções básicas com as quais o psicólogo deveria ter tomado
contato antes de chegar à instituição. Porém, essa realidade tem se modificado.
Atualmente, são oferecidos cursos de pós-graduação em Psicologia Jurídica
em universidades de estados brasileiros como Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás,
Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São
Paulo, o que revela a expansão da área no País.
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Nas palavras de Shine (2005, p. 15),


A Psicologia Jurídica, uma especialidade recém-reconhecida pelo Conselho
Federal de Psicologia, é uma área carente de bibliografia e seus operadores
têm encontrado caminhos solitários e próprios para desenvolver seus trabalhos
e estudos.

A leituras demostram que, na discussão sobre a reação entre Psicologia e


Direito, os autores tendem a compartilhar a ideia de que essas disciplinas têm em
comum seu objetivo de intervenção (ROVINSKI, apud URRA, 2002). Psicologia e
Direito partem do indivíduo como um sujeito único, responsável por seus atos e
condutas, com capacidade para modificá-los.

1.1 Atuação dos psicólogos em instituições de Justiça


Inicialmente a Psicologia Jurídica é marcada basicamente por exames
periciais e criminológicos. Tempos depois, os psicólogos passaram a atuar juntamente
com psiquiatras nos exames legais e também no estudo da psique de jovens. Dentro do
Direito, a atuação dos psicólogos não se limitou à área do Direito Penal: expandiu-se
até os processos de Direito Civil, e vem se dilatando cada vez mais com o passar do
tempo.
Seguindo esse ponto de vista, é possível destacar a atuação do psicólogo no
que concerne aos direitos da infância e da juventude, especificamente quanto ao
Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), lei criada em julho de 1990, para a proteção
integral da criança e do adolescente. É o marco legal e regulatório dos direitos humanos
de crianças e adolescentes. A promulgação dessa lei fez que a atuação dos psicólogos
jurídicos fosse vista de maneira distinta daquela de até então, no sentido de que houve
maior abertura a debates sobre o comportamento humano. Além disso, fez surgir uma
interdisplinariedade que implicou aumento no campo de atuação dos psicólogos, pois
não estariam mais limitados aos laudos, relatórios e perícias (LAGO, 2009).
Em julho de 1984, com a promulgação da Lei de Execução Penal (Lei
Federal nº 7.210/1984 [BRASIL, 1984]), os psicólogos passaram a ter sua atuação
reconhecida pelas instituições penitenciarias, e todos os condenados com pena
privativa de liberdade passaram a ser classificados com base em seus antecedentes e
personalidades, para orientar a individualização da execução penal. Essa classificação
passou a ser realizada por uma Comissão Técnica de Classificação. In verbis, o art. 7º
dessa lei:

Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada


estabelecimento, será presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2
(dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um)
assistente social, quando se tratar de condenado à pena privativa de
liberdade. (BRASIL, 1984, grifo meu)

Pode-se destacar que a Psicologia e o Direito estão próximos e partilham da


mesma preocupação: a conduta humana − apesar de terem visões distintas.
Historicamente ambas se interligaram por meio da realização de psicodiagnósticos, pois
a Psicologia detinha o saber de que o Direito necessita. Apesar de a avaliação
psicológica ainda ser a principal demanda dos operadores de Direito e o principal elo
entre Direito e Psicologia, outras formas de intervenção também ganharam força e são
igualmente importantes, como medidas de proteção e socioeducativas e o
acompanhamento de crianças e adolescentes. São áreas coexistentes, com objetivos e
propósitos distintos, mas também complementares.
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Outro ponto importante a se destacar é que os psicólogos desenvolviam


suas práticas antes mesmo da criação da LEP, em 1984, que regulamentou os
trabalhos dos psicólogos dentro do sistema prisional. Conforme o Conselho Regional de
Psicologia do Rio de Janeiro (CRP/RJ-2005), os psicólogos atuavam em manicômios
jurídicos, hoje conhecidos como Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico
(CONSELHO REGIONAL..., 2005).
De acordo com a LEP (art. 99 e 100), o Hospital de Custódia e Tratamento
Psiquiátrico destina-se aos inimputáveis e semi-imputáveis, e o exame psiquiátrico e os
demais exames necessários ao tratamento são obrigatórios para todos os internados.
Santos (2013) considera que o objetivo da Psicologia Jurídica é fornecer auxílio nos
processos de intervenção judicial e na tomada de decisão dos processos de caráter
judicial, além de oferecer avaliação do comportamento humano conforme a demanda
apresentada nos âmbitos da Justiça.
Entretanto, Costa et al. (2006) entendem que a Psicologia busca
compreender as ações humanas, de uma perspectiva individual até os seus contextos
sociocultural. Por sua vez, o Direito busca normas e parâmetros legitimados na
sociedade como fundamento e meta de suas decisões. O maior desafio é criar
confluências que possam unir essas duas ciências e permiti-las trabalhar juntas em prol
do bem-estar da sociedade.
Segundo Silva (2003), Psicologia Jurídica e avaliação psicológica têm
caminhado lado a lado no âmbito judicial para suprir as demandas da Justiça, e ao
longo do tempo têm se aperfeiçoado. A Justiça, na necessidade de atestar a veracidade
dos testemunhos e também a capacidade psicológica das famílias, passou a incluir a
Psicologia em seus processos legais, com o objetivo de determinar se o indivíduo
possui ou não algum distúrbio que o incapacite em suas responsabilidades perante o
ato que cometeu, com a finalidade de perícia.
Nas palavras de Shine (2009), para a Justiça, laudo seria um instrumento
que daria acesso privilegiado à verdade, como uma prova técnica; por outro lado, para
a Psicologia, seria uma forma avocar atenção às necessidades psicológicas dos
envolvidos.
Ainda citando Shine (2019, p. 13), em sua pesquisa de doutorado,

O laudo em sua forma escrita possui um valor intrínseco ao processo e


extrínseco à pesquisa como fonte de pesquisa pelo qual poderíamos observar a
conjugação dos conhecimentos de uma disciplina do saber (Psicologia)
comunicada a leigos, porém doutores em outra área do conhecimento humano
(os operadores do Direito).

A Resolução nº 013/2007 do Conselho Federal de Psicologia (CFP), nas


definições da especialidade de psicólogo especialista em Psicologia Jurídica, traz a
atuação do psicólogo, no que se refere ao perito: “Atua como perito judicial nas varas
cíveis, criminais, de justiça do trabalho, da família, da criança e do adolescente,
elaborando laudos, pareceres e perícias a serem anexadas aos processos [...]”
(CONSELHO FEDERAL..., 2007).
A Psicologia Jurídica faz-se presente não apenas no Direito Penal, mas
também no Direito de Família, no Juizado da Infância e da Juventude, no Direito Civil,
no Direito Penal e no Direito do Trabalho.
Silva (apud JUNG, 2014, p. 2) esclarece que

Recorre-se à prova pericial das avaliações psicológicas quando os argumentos


ou demais provas de que se dispõe não são suficientes para o convencimento
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do juiz em seu poder decisório, portanto, esta tem como finalidade última
auxiliar o juiz em sua decisão acerca dos fatos que estão sendo julgados.

Shine (2005, p. 3) afirma que, “o encontro entre o psicólogo-perito com o seu


sujeito-periciado se dá dentro do contexto específico que a demanda legal informar ou
instituir”.
Bernardi (1999) afirma que o psicólogo jurídico tem como propósito o estudo
da conduta dos atores jurídicos no âmbito do Direito, da lei e da Justiça. Ao juiz, como
centro da instituição forense, cabe deliberar a sentença judicial do ponto de vista legal e
social, de acordo com as leis sancionadas pela sociedade.
Conforme Silva (2003), a decisão final será sempre a do juiz, mas os laudos
psicológicos são de responsabilidade do psicólogo e podem auxiliar e influenciar o
veredito final, e com isso o psicólogo forense deve possuir uma postura imparcial e
neutra, mas sem perder de foco a solicitação feita pelos agentes judiciais. Os testes são
usados não apenas por serem instrumentos de uso restrito dos psicólogos, mas
também por fornecerem indícios acurados quanto às defesas psicológicas e os
prejuízos psíquicos e informações técnicas que ultrapassam o conhecimento jurídico. O
instrumento utilizado durante o processo de avaliação deve ser válido, fidedigno e
adequado à demanda do caso apresentado, de forma a garantir seu uso confiável.
Segundo Davoglio e Argimon (2010, p.111), “na área forense, a avaliação
psicológica exige que o profissional tenha sempre presente a possibilidade de distorção
dos dados pelo periciado”.
Conforme o mesmo autor, quando os argumentos, demandas e provas não
são suficientes para o convencimento do juiz em seu poder decisório, recorre-se à
prova pericial. Essa, portanto, tem a finalidade de auxiliar o juiz na sua decisão final
acerca dos fatos que estão sendo julgados. A perícia judicial é considerada um meio de
prova e deve ser apresentada por meio de laudo pericial, o qual deve ser redigido em
linguagem precisa, clara, inteligível e concisa, porém com as expressões próprias da
linguem profissional, evitando-se, assim, a diversidade de significados da linguagem
popular. Deve apresentar redação bem estruturada e bem definida, de forma ordenada,
de modo a fornecer elementos que auxiliem a decisão judicial, respondendo os quesitos
solicitados. Embora seja um documento técnico, deve ser de fácil compreensão.
Segundo Jung (2014), embora o Direito exija respostas imediatas e
definitivas, o laudo psicológico poderá somente apontar tendências e indícios.
De acordo com Rovinski (2004a), os métodos e técnicas de investigação utilizados na
avaliação psicológica forense não se distinguem dos processos da avaliação clínica e
necessitam somente de uma adaptação aos objetivos forenses.
Ainda de acordo com Jung (2014, p. 3),

em uma perícia psicológica forense o psicólogo geralmente utilizará entrevistas


e testes psicológicos para conhecer os aspectos psíquicos do sujeito que se
relacionam com a questão legal pronunciada, buscando eleger quais
instrumentos poderão auxiliá-lo nesta investigação. No momento da escolha de
quais instrumentos são mais adequados para um determinado tipo de perícia
psicológica, há de se considerar se estes podem responder à demanda, ou
seja, às perguntas formuladas pelos agentes jurídicos (ou seja, definem-se
quais atributos serão avaliados e quais são os instrumentos mais adequados
para conhecê-los). Este é um cuidado que deve existir em qualquer tipo de
avaliação psicológica e que, na perícia psicológica, deve ser revestida de um
cuidado especial, pois a grande maioria dos instrumentos dos quais dispomos
não foram especificamente construídos para uso em avaliações forenses e as
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conclusões obtidas a partir dos mesmos deverão ser transpostas para os


objetivos e linguagem jurídicos.
.
Entende-se que não existe uma metodologia fixa para a realização das
avaliações psicológicas periciais. Elas são construídas de acordo com a demanda
solicitada e o sujeito avaliado. O indicado é a leitura prévia dos autos do processo, de
modo a propiciar o levantamento de hipóteses antes do primeiro contato com o
indivíduo e assim direcionar a entrevista para a hipótese a ser investigada. Embora seja
constante a discussão acerca da fidelidade das ferramentas de avaliação, uma
pesquisa realizada com psicólogos forenses no estado do Rio Grande do Sul, por
Rovinski e Elgues (1999), mostrou que 87% dos psicólogos entrevistados fazem uso de
instrumentos psicológicos e também de entrevistas clínicas. Com base nessas
ferramentas, os testes projetivos são mais aplicados no âmbito jurídico.
Conforme Shine (2005), as entrevistas não são focadas somente no
avaliado: podem envolver pessoas da família e outros terceiros que possam fornecer
mais dados sobre o sujeito. As entrevistas, ainda, devem responder as hipóteses
levantadas pelo solicitante da avaliação. Esses dados devem ajudar a conferir a fide-
dignidade das respostas fornecidas pelo avaliado.
Outra área de atuação do psicólogo dentro do Direito é na Vara da Infância e
da Juventude, realizando avaliações psicológicas periciais no contexto da delinquência
juvenil; e também nos casos de disputa de guarda de menores.
Em 2007, o CFP publicou a Resolução CFP nº 13/2007 (CONSELHO
FEDERAL..., 2007), reconhecendo o título de psicólogo especialista em Psicologia
Jurídica.

1.2 Avaliação psicológica e Direito Penal


No Direito Penal, conforme Rovinsky (apud JUNG, 2014), quando há a
necessidade de esclarecer quão preservadas encontravam-se as capacidades de
entendimento e autodeterminação do réu no momento do crime, é realizado os exames
de determinação da responsabilidade penal. Outro exame muito utilizado é o atestado
de sanidade mental, pois muitas vezes a insanidade mental é usada como artifício para
livrar de uma penalidade um réu, e também o exame de interdição, que consiste em
avaliar a capacidade civil do sujeito, ou seja, se ele possui ou não discernimento pleno
para exercer os atos da vida civil.
A presença dos psicólogos nas prisões tem sido marcada por muitas lutas e
por questionamentos sobre a prática pericial do exame criminológico. O CFP
regulamentou a Resolução CFP 12/2011 (CONSELHO FEDERAL..., 2011), que
formalizou a atuação do psicólogo no âmbito do sistema prisional. Em seu parágrafo
único do art. 2º vedou ao psicólogo participar de procedimentos que envolvam as
práticas de caráter punitivo e disciplinar.
Jung (2014) afirma que o psicólogo forense deve ter a mesma ética
profissional dos psicólogos de outras áreas de atuação, seguindo as exigências dos
códigos de ética do CFP. Além disso, devem sujeitar-se as avaliações aprovadas pelo
Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (Satepsi). O Satepsi divulga informações
sobre os testes psicológicos à comunidade e aos psicólogos e desenvolveu uma
cartilha de avaliação psicológica em 2013 para nortear a realização da avaliação
psicológica no contexto judiciário e prisional. O psicólogo deve garantir o sigilo da
avaliação e informar ao avaliado quais os objetivos da análise e qual a demanda do
judiciário.
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De acordo com Jung (2014) no Brasil existe uma escassez de pesquisas no


âmbito da Psicologia Jurídica, e poucos testes exclusivamente indicados para o
contexto judicial, e com a crescente demanda da sociedade moderna, novas técnicas
devem ser adaptadas. Além disso a autora afirma que no Brasil, apenas dois
instrumentos que são direcionados às avaliações psicológicas no âmbito jurídico, o
PCL-R ou Escala Hare e o IFVD, enquanto em outros países existem vários
instrumentos de avaliação.
A Resolução do CFP nº 17/2012 dispõe sobre a atuação do psicólogo como
perito em diversos contextos. Em seu capítulo I, “Realização da Perícia”, o art. 1º traz:
“A atuação do psicólogo como perito consiste em uma avaliação direcionada a
responder demandas específicas, originada no contexto pericial”. Em seguida, no art.
2º, informa que “o Psicólogo Perito deve evitar qualquer tipo de interferência durante a
avaliação que possa prejudicar o princípio da autonomia teórico-técnica e ético
profissional, e que possa constranger o periciando durante o atendimento. ”
(CONSELHO FEDERAL..., 2012). Além disso, o psicólogo poderá fazer observações e
visitas domiciliares e institucionais, aplicação de testes psicológicos, utilização de
recursos lúdicos e outros instrumentos, métodos e técnicas reconhecidas pela ciência
psicológica.
Entre as exigências feitas pelo Código de Ética Profissional do Psicólogo
(Resolução CFP nº 010/2005 [CONSELHO FEDERAL..., 2005]), esse profissional deve
prezar pelo princípio da autonomia teórico-técnica e ético-profissional da profissão,
explicando e informando ao periciando sobre o objetivo da avaliação e esclarecendo-lhe
as técnicas utilizadas. O sigilo dos documentos e avaliações é de total responsabilidade
do psicólogo, e quando ele atuar em equipe multidisciplinar deve fornecer apenas
informações estritamente necessárias às intervenções específicas dos demais
profissionais da equipe.
Bernadi (2010) afirma que o psicólogo é responsável por fornecer in-
formação ao magistrado para a decisão do processo judicial, como também trabalhar
todas as dimensões do caso.
Partindo para a área penal, o Código de Processo Penal (BRASIL, 1941),
apresenta um assunto importante a ser levado em consideração, o Título VI, Capítulo
VIII − Da insanidade mental do acusado (artigos 149 a 154).
O CFP (CONSELHO FEDERAL..., 2009) observa que os profissionais de
psicologia que atuam nas instituições judiciárias atendem pessoas em amplo espectro,
que variam de sujeitos presos em todos os tipos de regime a pessoas em prisão provi-
sória e em núcleos de custódia, bem como a pacientes psiquiátricos, além de familiares,
funcionários e agentes penitenciários. É importante lembrar que estudos realizados nas
instituições penitenciárias servem de parâmetro para os métodos de avaliação
psicológica nos tribunais.
Para Jung (2014), o primeiro momento do psicólogo com o sujeito a ser
avaliado dá-se na entrevista psicológica, na qual o psicólogo jurídico investigará
aspectos pertinentes à vida do avaliado e buscará a compreensão do funcionamento
psicológico dele, visando à intersecção da percepção do indivíduo com os fatos
referentes ao processo delituoso, por meio da observação de suas linguagens verbal e
não verbal.
Esteves et al. (2008) afirmam que, nas avaliações psicológicas no campo
judiciário, o psicólogo utiliza entrevistas semiestruturadas, abertas e fechadas. Outros
instrumentos usados são os testes de habilidade e projetivos e questionários; dá-se,
contudo, prevalência à aplicação de testes projetivos, pois servem como meio de
comunicação entre os aspectos psicológicos do paciente e o psicólogo. A maior
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vantagem dos testes projetivos é a possibilidade de manifestação de conteúdo sem o


controle consciente do paciente, que desconhece os aspectos técnicos do instrumento,
possibilitando uma análise global das características inconscientes e suas
consequências.
Jung (2014) ressalta a importância da minúcia na escolha quanto à
aplicação de testes, em razão do poder de simulação de traços, sintomas e
características que favoreçam o examinado diante de um processo avaliativo.
Bernadi (2010) argumenta que o psicólogo direciona as estratégias de
avaliações psicológicas dos examinados com base no estudo dos autos, isto é, de
todos os documentos e provas que compõem o processo judicial, bem como em sua
formação teórica e nas das condições institucionais e situações emocionais dos
implicados no processo judicial.

1.3 Inimputabilidade
Outro ponto por se destacar é a atuação interdisciplinar entre Psicologia e
Direito, especialmente nos casos que requerem atenção especial, como o das pessoas
com transtorno mental, consideradas inimputáveis perante o Judiciário, porém autoras
de delitos (CORREIA; LIMA; ALVES, 2007).
De acordo com Silva (2011), a inimputabilidade é uma palavra com raízes no
campo da saúde mental e essencialmente utilizada no âmbito jurídico, tendo como
significado a impossibilidade de o sujeito realizar um ato com pleno discernimento, ou
seja, sem consciência e/ou juízo de realidade.
Para Cosmo et al. (2011), o filósofo Aristóteles foi o precursor da noção de
responsabilidade penal ao afirmar que esta só existe se o sujeito, no momento em que
cometeu o crime, tinha a capacidade de conhecer a natureza e as consequências de
seu ato, caso contrário ele deve ser considerado inimputável, isto é, não sendo
responsável criminalmente, tampouco civilmente, pelo seu comportamento. Dessa
maneira, não deve ser atribuída nenhuma pena judicial aos indivíduos acometidos de
transtornos mentais. Por ser doente, o sujeito necessita de ser acompanhado pelas
estruturas da psiquiatria e da psicologia.
Em alguns casos, quando o agente é considerado como doente mental e
cometem atos criminosos, ainda que tenham algum transtorno mental e também
consciência do ato praticado e se autodeterminar quanto ao comportamento criminoso,
deverão ser julgados antes de serem tidos como inimputáveis, mesmo que no futuro
possam vir a ser inseridos num plano terapêutico (TEIXEIRA, 2006).
O art. 26 do Código Penal refere-se exclusivamente à inimputabilidade penal
em caso de doença mental e declara ser “isento de pena o agente que, por doença
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado era, ao tempo da ação ou
da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
se de acordo com esse entendimento [...]” (BRASIL, 1940). O mesmo Código Penal, no
art. 41, prevê que qualquer condenado que apresente doença mental tem de ser
recolhido a hospital de custódia ou a estabelecimento adequado.
Souza (2008) destaca que o ponto mais importante e necessário é
estabelecer e definir o real conceito e extensão de doença metal que deve ser levado
em conta para efeitos de avaliação da imputabilidade e quais os critérios que devem
compor a perícia que irá fornecer o laudo para o magistrado, pois não cabe ao perito
definir se o arguido é ou não imputável, devendo apenas referir se no momento do
crime o agente teria capacidade ou não de se autodeterminar. O ato de julgar se o
sujeito é imputável ou não ficará a cargo do juiz. O perito deverá somente responder às
questões (quesitos) do juiz, e se porventura algum dos quesitos versar sobre a
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inimputabilidade do sujeito, deverá ser mencionada a consciência (ou o que se apurar)


dele durante o fato (ROVINSKI, 2000).
De acordo com Malcher (2009), o Código Penal adotou o sistema misto, ou
biopsicológico, para proceder ao reconhecimento da inimputabilidade, no qual não
basta a existência da doença para isentar o agente da pena: além do elemento
biológico (doença), exige o fator cronológico/temporal, o qual possibilita saber se o
autor, no momento do crime, em razão da doença da qual é portador, estava
impossibilitado de entender o sentido ético-jurídico de sua conduta.
O art. 149 do CPP estabelece que perícia psiquiátrica é imprescindível nos
casos em que exista a necessidade de especificações referente à insanidade mental do
acusado (BRASIL, 1941). O exame de verificação da responsabilidade penal é
realizado por médicos psiquiatras e pelo psicodiagnóstico jurídico como ferramenta
complementar à perícia (ANDROVANDI et al., 2007). A perícia psiquiátrica engloba
exames psiquiátrico, exames psicopatológicos, a avaliação psicológica, entre outros. O
psicólogo atua nesta última, que deve ater-se apenas a aspectos relevantes para o
litígio (SACRAMENTO, 2012).
Conforme já exposto, o psicodiagnóstico em avaliações periciais inclui a
aplicação de testes que deve estar em conformidade com a Resolução CFP nº
002/2003, os quais estabelecem os critérios de credibilidade dos psicodiagnósticos
(CONSELHO FEDERAL..., 2003). A aplicação de testes é uma ferramenta importante
nas avaliações periciais, mas eles não são o seu único recurso (ROVINSKI, 2000). É
importante destacar novamente que inexistem instrumentos de avaliação psicológica
específicos para o âmbito jurídico e que os profissionais devem recorrer a instrumentos
da clínica projetiva. Androvandi et al. (2007) destacam os testes de inteligência (verbal e
não verbal) como instrumentos recorrentes nas avaliações psicológicas periciais como
excludentes de culpabilidade e punibilidade.
A aplicação isolada dos testes não é suficiente para fornecer subsídios que
embasem uma avaliação psicológica pericial. Androvandi et al. (2007), todavia,
defendem que a maneira mais eficaz de confeccionar uma perícia psicológica
atualmente é a “combinação” de instrumentos e técnicas de entrevista e observações
detalhadas.
O psicólogo deve, sempre, buscar respaldo ético em sua atuação, tendo em
vista que o Código de Ética desse profissional prevê que

I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade,


da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos
valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos;
II. O psicólogo trabalhará visando a promover a saúde e a qualidade de vida
das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer
formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão;
III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e
historicamente a realidade política, econômica, social e cultural;
IV. O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo
aprimoramento profissional, contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia
como campo científico de conhecimento e de prática (CONSELHO
FEDERAL..., 2005, p. 7).

1.4 Avaliação psicológicas nas instituições penitenciárias


A Lei de Execução Penal (LEP), em seu artigo 8º, caput e parágrafo único,
no título Do Condenado e do Internado, originalmente instituiu o exame criminológico
para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação de seus dos
11

antecedentes e da personalidade do avaliado, colaborando para um tratamento


carcerário adequado às suas necessidades singulares. Veja-se o teor do dispositivo
citado:

Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime


fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos
necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da
execução. Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser
submetido o condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em
regime semiaberto. (BRASIL, 1984)

O exame, como forma ritual e científica de fixar diferenças individuais,


amarrou cada indivíduo à sua própria singularidade, indicando a aparição de uma nova
modalidade de poder em que cada um recebe como status permanente uma
individualidade estatutariamente ligada aos traços, às medidas, aos desvios e às
avaliações que caracterizam o indivíduo e fazem dele, de todo modo, um “caso”. A
própria prática do exame cria um objeto de estudo para o saber e um objeto de
intervenção para o poder (FOUCAULT, 1997).
O exame criminológico tem por objetivo a correta aplicação da pena, de
forma individualizada, na busca da reinserção social do condenado, para que o período
em que ele permanecer encarcerado não seja somente de isolamento social e punitivo,
na medida em que a pena tem como propósito promover o desenvolvimento, por parte
do apenado, de valores para o convívio com a sociedade e consigo mesmo. Deve ser
realizado pela Comissão Técnica de Classificação (CTC), composta por um psicólogo,
um assistente social, um psiquiatra e dois chefes de serviço, além do diretor da unidade
prisional, que preside a comissão; nos demais casos, a comissão atuará junto ao Juízo
da Execução e será integrada por fiscais do serviço social (LEP, art. 7º).
É importante ressaltar que o exame criminológico é distinto do exame de
periculosidade, tendo em vista que o último é aplicado a infratores com transtornos
mentais em medida de segurança e abrange questões de ordem psicológica e
psiquiátrica do apenado, tais como grau de agressividade, periculosidade, maturidade,
com o objetivo de prognosticar a potencialidade de novas práticas criminosas.
O parecer para troca de regime e o exame para livramento condicional ou
indulto são genericamente chamados de exame criminológico, e também são avaliados
pela Comissão Técnica de Classificação (CTC) e por peritos em exame criminológico.
O exame criminológico consiste em uma avaliação da evolução do sujeito encarcerado
e de quais as possibilidades de ele cometer um novo crime quando estiver em contato
com a sociedade ou em um regime menos rígido.
De acordo com Cardozo (2010), o condenado à pena privativa de liberdade
deve ser submetido ao exame criminológico em dois momentos distintos de sua pena:
no início da execução, para um exame de personalidade, para determinar o tipo de
tratamento penal que o apenado deve receber; e durante o cumprimento da pena, para
avaliar os efeitos que o encarceramento lhe causam.
Em 2003, a Lei nº 10.792 (BRASIL, 2013) alterou significativamente o art.
112 da LEP, substituindo a necessidade do exame criminológico para a progressão de
regime por um simples atestado de bom comportamento carcerário emitido pelo diretor
do estabelecimento prisional.
É importante destacar que o Supremo Tribunal Federal (STF), em dezembro
de 2009, publicou a Sumula Vinculante 26, que faz alusão à necessidade de o juiz da
execução determinar de forma fundamentada a realização do exame criminológico,
12

tendo em vista que antes era considerado obrigatório no regime fechado e facultativo no
regime semiaberto (BRASIL, 2009). O texto menciona que, para efeito de progressão
de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da
execução pode determinar, de modo fundamentado, a realização de exame
criminológico. O atual entendimento que prevalece nos tribunais superiores é que se
trata de um assunto facultativo, não importando o regime de cumprimento de pena),
devendo o magistrado fundamentar sua necessidade.
Nesse mesmo diapasão, em 2010 o Superior Tribunal de Justiça (STJ)
editou a Súmula nº 439, admitindo o pedido do exame criminológico pelas
peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada, embora se faça necessário
somente o atestado de bom comportamento, firmado pelo diretor do estabelecimento
prisional. Veja-se parte do teor da súmula, em que é citado antecedente jurisprudencial:

[...] de acordo com o art. 112 da Lei nº 7.210/1984, com a redação dada pela
Lei nº 10.792/2003, para a progressão de regime, não mais se exige seja o
apenado submetido ao exame criminológico, cuja realização pode ser
determinada, desde que devidamente motivada a decisão [...]”.
“De acordo com as alterações trazidas pela Lei 10.792/03, o exame
criminológico deixa de ser requisito obrigatório para a progressão de
regime, podendo, todavia, ser determinado de maneira fundamentada pelo
juiz da execução de acordo com as peculiaridades do caso. Assim, mesmo
que não tenho sido realizado em primeira instância, o exame criminológico
pode ser determinado pelo tribunal a quo, desde que este se funde em
elementos concretos (relativos sempre a fatos ocorridos no curso da execução
penal) a apontar para a sua necessidade. [...]” (HC 94577 SP, Rel. Ministra
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em
15/05/2008, DJe 02/06/2008). (BRASIL, 2010, grifo meu)

Recentemente o art. 112 da LEP foi novamente modificado, Lei nº 13.964,


de 2019, a qual conferiu nova redação ao referido dispositivo. Passou a valer o tempo
de pena já cumprida, de acordo com o crime cometido, e em todos os casos o apenado
só terá direito à progressão de regime se ostentar boa conduta carcerária, comprovada
pelo diretor do estabelecimento. In verbis, o novo teor do art. 112 da LEP:

§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se


ostentar boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento,
respeitadas as normas que vedam a progressão. (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019). (BRASIL, 2019)

Em 2010, o CFP publicou a Resolução nº 009/2010, regulamentando a


atuação do psicólogo no sistema prisional. Em seu art. 4º, fica expresso que é vedado
aos psicólogos realizarem exames criminológicos e se envolverem em assuntos de
caráter punitivo ou disciplinar. Veja-se o conteúdo normativo da resolução:

Art. 4º. Conforme indicado nos Art. 6º e 112º da Lei n° 10.792/2003 (que alterou
a Lei n° 7.210/1984), é vedado ao psicólogo que atua nos
estabelecimentos prisionais realizar exame criminológico e participar de
ações e/ou decisões que envolvam práticas de caráter punitivo e
disciplinar, bem como documento escrito oriundo da avaliação psicológica
com fins de subsidiar decisão judicial durante a execução da pena do
sentenciado. (CFP, 2010, grifo meu)

Uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra
o CFP e o Conselho Regional de Psicologia da Sétima Região (CRP7ª) pede a
13

suspensão da Resolução CFP nº 012/2011, que regulamenta a atuação do psicólogo


no âmbito do sistema prisional, normatizando a avaliação psicológica, proibindo a
elaboração de prognóstico criminológico, conforme previsto em seu art. 4º. A ação
alega que a mencionada vedação, entre outras constantes na resolução, fere o direito
constitucional ao livre exercício profissional dos psicólogos, em especial àqueles com
especialização em psicologia jurídica e aos psicólogos ocupantes de cargos públicos
nas estruturas do sistema prisional. Sustenta, ademais, a possibilidade de o juiz das
execuções determinar aos psicólogos do sistema prisional ou a Judiciário a elaboração
de exame criminológico, para o efeito de concessão de benefício na vigência do
cumprimento da pena, conforme jurisprudência do STJ e do STF. Ademais, a
Resolução nº 12/2011 extrapolou seu poder regulamentar, ao instituir vedações não
previstas em lei, além de as restrições impostas pela norma questionada atentarem
contra o direito fundamental à proteção ao impedir que os profissionais habilitados
contribuam para a prevenção de práticas delituosas e a melhor instrução das decisões
judiciais. Em suma, a ação pública solicitou a suspensão, em todo o país, dos efeitos da
Resolução nº 12/2011 do CFP (BBRASIL, 2015).
O CFP se pronunciou alegando que apesar de a Lei 10.792, de 2003, ter
extinguido a obrigatoriedade do exame, o exame criminológico continua sendo a
principal prática dos psicólogos no sistema prisional, e ainda é alto o número de juízes
que continuam a exigi-lo como requisito para a concessão dos direitos constitucionais,
em muitas das vezes sem apresentar qualquer fundamentação jurídica para tal.
O CFP segue se pronunciando sobre o tema e permanece com a ideia de
que o exame criminológico não deve ser realizado, haja vista que tramitam projetos de
lei tanto na Câmara quanto no Senado que preveem o retorno da obrigatoriedade do
exame. Entre os argumentos, está a impossibilidade de qualquer profissional, com
qualquer instrumento, prever as ações futuras de uma pessoa. Outro ponto
argumentado foi sobre superlotação das celas a não separação de presos por crime
cometido, além da inexistência de projetos que garantam os direitos legais previstos
pela LEP para os presos, como escolas, oficinas profissionais, trabalho, etc.
Quanto à suspensão da resolução, o CFP apelou da sentença, tentando
reverter a decisão. A 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por
unanimidade, negou provimento à apelação. Está sendo providenciado o recurso
competente para tentar reverter a decisão na instância superior.
Esteves, Alves e Castro (2008) afirmam que o processo de avaliação ou de
perícia na área forense ou criminal, embora possua características próprias da área,
deve seguir um conjunto de procedimentos técnicos e cientificamente embasados para
que o profissional possa apoiar suas decisões em critérios bem definidos e científicos.

1.4 Medidas e instrumentos de avaliação forense


Segundo Davoglio e Argimon (2010), a utilização de instrumentos de
avaliação, sejam eles projetivos ou não, devem obedecer às normas presentes em seus
manuais e também aos padrões científicos que comprovam sua credibilidade e
autenticidade. Além disso, a ferramenta deve se adequar aos propósitos da
investigação, ao mesmo tempo em que precisa se ajustar aos objetivos da
investigação. Com isso, é de suma importância que os psicólogos utilizem o
instrumento correto para obter um maior número de dados e informações relevantes
para o processo de investigação e avaliação do caso.
Ainda conforme esses autores, os questionários servem para fazer uma
avaliação de transtorno de personalidade e também podem avaliar as questões que
estão subjacentes a eles, classificando-os como sendo gerais ou específicos, de-
14

pendendo dos seus possíveis objetivos. A dificuldade encontrada na utilização do


questionário está na validação de suas propriedades psicométricas, especificamente no
que tange à consistência destas.
Segundo Rovinski e Elgues (1999), a avaliação nas perícias psicológicas
está relacionada às questões que são geradas pela lei. A singularidade de tal avaliação
exige uma adaptação das informações aos quesitos jurídicos formulados, de modo a
valorizar as estratégias de obtenção dos dados, para que estes tenham mais
confiabilidade. Apesar de serem avaliações distintas das de uso clínico, os psicólogos
tendem a utilizar na área forense métodos de investigação idênticos aos empregados
na clínica, o que parece gerar inconsistências relevantes.
Na atualidade, torna-se então relevante entender a avaliação forense, no
campo psicológico, como uma atividade ampla, que ultrapassa muito a ideia
psicometrista que sustentou os primeiros trabalhos na área jurídica. Isso tende a ser
particularmente verdadeiro quando a avaliação se direciona para questões que
envolvem a personalidade. Desse modo, instrumentos projetivos ou psicométricos são
coadjuvantes num trabalho diagnóstico que se sobrepõe às questões meramente
nosográficas. A importância desses instrumentos reside justamente em contribuir para a
compreensão aprofundada e ampla do fenômeno apresentado via judicial (ROVINSKI,
2009).
Voltando à linha de pensamento de Davoglio e Argimon (2010), o Inventário
Multifásico de Personalidade de Minnesota (MMPI) tem sido uma grande referência na
questão de validação de outros instrumentos, principalmente aos que estão associados
aos transtornos de personalidade.
No âmbito das investigações forenses, os testes projetivos têm sido um
recurso de suma importância. A técnica mais tradicional, o Teste de Rorschach,
composto por dez pranchas com manchas de tintas simétricas, cujas respostas acerca
das “imagens” que o examinando vê revelam traços de psicopatologia, além de amplas
informações sobre a dinâmica de sua personalidade.
Abade, Coelho e Fazzani Neto (1993) desenvolveram um estudo com
homicidas utilizando o Rorschach. Os examinandos apresentavam condutas violentas e
cruéis. Os pesquisadores observaram, entre outros aspectos, que os avaliandos
demonstraram dificuldades na prova, indicadas pelas reações imediatas e a falta de
organização diante da apresentação das manchas, denotando afetividade infantil e
pouco controle, principalmente no que tange ao julgamento. O estudo ainda ressaltou
que o Teste de Rorschach é uma das técnicas mais valiosas entre os testes
psicológicos para a investigação de traços de personalidade psicopata, mas ainda
compete com outras técnicas gráficas e projetivas com poucos estudos de validade e
confiabilidade para a realidade brasileira. Cabe assinalar que são poucos os
profissionais que sabem fazer a correta aplicação e correção do Teste do Rorschach.
Segundo Rovinski (2004a) a perícia na área judicial se diferencia das demais
por ser desenvolvida por um perito especialista e também por ser de fato um
mecanismo de prova. Em razão de ser uma prova pericial, ela fornece informação
técnicas desconhecidas pelo juiz e percebida pelo profissional psicólogo forense.

2. Considerações finais
O artigo apresentou um breve histórico sobre o início da atuação profissional
do psicólogo no contexto jurídico, demonstrando que, ao longo dos anos, sua prática
tem se expandido em razão dos variados contextos em que está inserido
15

Verifica-se que as práticas adotadas para proceder à avaliação psicológica


nessa área do Direito necessitam respeitar as características de complexidade e alta
individualidade dos casos.
Enfatiza-se a importância do conhecimento técnico e da habilidade do
profissional que atua na área, de modo a subsidiar a decisão judicial a partir de uma
avaliação técnica de excelente qualidade, atentando-se sempre para os limites de sua
atuação e para a importância e consequências que seu trabalho assume nos processos
judicias.
Tendo em vista que estamos vivenciando um momento de avanços e
mudanças no que tange à atuação do psicólogo dentro do sistema prisional, em
específico na área de perícias psicológicas, ao longo deste trabalho foi possível ver que
a perícia psicológica está para além dos testes psicológicos. O trabalho desempenhado
pelo psicólogo num contexto jurídico por si só já sugere que o profissional atue de modo
a enfocar a subjetividade do indivíduo
Os estudos apresentados confirmam a Psicologia Jurídica como área
consolidada de atuação do psicólogo brasileiro, embora ainda enfrente desafios
provenientes de uma formação acadêmica deficitária, com reflexos na qualidade do
trabalho ofertado.
Diante dos resultados das pesquisas realizadas por diversos autores citados,
observou-se que para atender as demandas do Poder Judiciário, os testes projetivos
são o meio mais utilizado para as avaliações de personalidades.
A avaliação psicológica pericial recobre não apenas o Direito Penal, mas
também o Direito do Trabalho, o Direito de Família e o Juizado da Infância e da
Juventude.
Como vimos anteriormente, em relação a outros países, o Brasil está
engatinhando em se tratando de Psicologia Jurídica.
Portanto é necessário afirmar que este trabalho objetivou apresentar a
história da psicologia jurídica, enfatizando o processo de avaliação psicológica,
adentrando os caminhos que levaram à consolidação das instituições de Justiça, além
do desenvolvimento do trabalho do psicólogo. Destacou-se também que os psicólogos
logram êxito em contribuir com o Direito com seus conhecimentos e trabalho,
especialmente aqueles desenvolvidos no âmbito do Direito Penal.

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