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1. INTRODUÇÃO
Ainda que não haja evidencias que confirmem que o diagnóstico deste trasntorno,
ele pode ser feito no primeiro ano de vida, pois segundo Garcia e Lampreia (2011), há
sinais do transtorno que já podem ser percebidos antes dos 12 meses de idade. Um
estudo de investigação que buscava identificar os primeiros sinais de TEA percebidos
pelos pais dessas crianças, chegou a conclusão de que os problemas no
desenvolvimento social foram os primeiros sinais percebidos e já eram presentes no
primeiro ano de vida da criança. Esse resultado também foi encontrado em outros estudos
sobre o tema, ressaltando a importância da observação dos desvios da comunicação
social para preconizar a identificação dos sinais do transtorno (ZANON et al., 2014).
O primeiro desses estudos a ser publicado foi feito pelo Psiquiatra infantil, Leo
Kanner em 1946, que ao estudar as psicoses infantis na Johns Hopkins
University localizada nos Estados Unidos, chegou à conclusão de que o Autismo era um
distúrbio com diagnóstico separado da esquizofrenia. Apesar do autismo ter algumas
semelhanças com a esquizofrenia, como: estereotipias e comprometimento no
relacionamento interpessoal, ele chegou à conclusão de que o distinguia o autismo da
esquizofrenia infantil era o fato de que os sintomas de risco apareciam após o terceiro ano
de vida na esquizofrenia infantil, enquanto no autismo eles já se apresentavam desde o
início da vida, e incluiu também a informação de que os autistas não apresentavam
pensamentos fantasiosos como visto na esquizofrenia. Kanner publicou o Os distúrbios
autísticos de contato afetivo, apresentando o autismo infantil precoce, após analisar 11
casos de patologia grave (LAMPREIA, 2012; DIAS, 2015; WITHMAN, 2015).
Ele recorta um quadro cujo termo autista indica uma estrutura
anormal da personalidade da criança e uma caracterização que
sublinha o isolamento e a forte resistência em estabelecer
contato afetivo-social. (DIAS, 2015, p.308)
Kanner descreveu as principais características do autismo como crianças que
apresentavam um alheamento extremo já no início da vida, não respondiam aos estímulos
externos, viviam fora do mundo e mantinham, concomitantemente, uma relação
“inteligente” com objetos. Sua descrição foi embasada na teoria do desenvolvimento,
particularmente no trabalho de Gesell, que demonstrou que crianças típicas exibem um
interesse marcante na interação social numa fase precoce da vida. Ele ainda sugeriu que
o TEA era um transtorno inato e constitucional, em que as crianças nasciam sem
motivação para a interação social. Um ano depois, em 1944, Hans Asperger descreveu
uma síndrome onde a diferença entre o autismo de Kanner era que essas crianças só
apresentavam os sintomas após os seus três anos de vida e tinham um nível elevado de
inteligência e linguagem (DIAS, 2015).
Rogers e Dawson (2014) sugerem que o autismo afeta a forma como são feitas as
sinapses, e as ligações entre as diferentes regiões do cérebro. Acredita-se que é por esse
motivo que as crianças com transtorno do espectro autista possuem uma dificuldade para
aprender a executar comportamentos complexos, que precisam de um funcionamento de
várias regiões cerebrais ao mesmo tempo. Sinais do transtorno podem percebidos logo
nos primeiros meses de vida.
Esse foi um dos motivos que fizeram com que uma nova lei fosse sancionada em
2017, a Lei 13.438/2017, que diz que pediatras do sistema único de saúde, deverão fazer
aplicação de um protocolo em todas as crianças até seus 18 meses de idade. Esse
protocolo tem em sua estrutura cerca de 20 perguntas que serão capazes de avaliar os
riscos ao desenvolvimento psíquico dessas crianças (BRASÍLIA, 2017. p.2).
Com a aplicação correta deste protocolo e um olhar clínico apurado, crianças com
TEA poderão iniciar a intervenção precocemente, o que resultará em um melhor
prognóstico já que até os 5 anos de idade o cérebro possui uma alta plasticidade neural, o
que possibilita atuar ao nível da transformação das sinapses neurais que ocorrem com
maior intensidade até essa idade. Existem várias possibilidades de abordagens
terapêuticas com diferentes modelos, porém com a mesma finalidade de preconizar esse
tratamento para que haja a redução dos desenvolvimento, que são as principais
características do transtorno do espectro autista (ROGERS e DAWSON, 2014).
O TEA tem origem nos primeiros anos de vida, mas sua trajetória inicial não é
uniforme. Em algumas crianças, os sintomas são aparentes logo após o nascimento. Na
maioria dos casos, no entanto, os sintomas do TEA só são consistentemente
identificados entre os 12 e 24 meses de idade. Por exemplo, aos 6 meses de idade,
Ozonoff e colaboradores não encontraram diferenças entre bebês que mais tarde
receberam o diagnóstico de TEA e aqueles que continuaram a desenvolver-se tipicamente
no que diz respeito à frequência de comportamentos sociais e comunicativos próprios
dessa idade (sorriso social, vocalizações dirigidas e olhar para o rosto de outras pessoas).
Por outro lado, diferenças na frequência desses comportamentos eram claramente
perceptíveis aos 12 e/ou 18 meses de idade. Há também evidência de que, a partir dos 12
meses de idade, as crianças que mais tarde recebem o diagnóstico de TEA distinguem-se
claramente daquelas que continuam a desenvolver-se tipicamente em relação à
frequência de gestos comunicativos (apontar) e da resposta ao nome. Outros sinais já
aparentes aos 12 meses de idade incluem o manuseio atípico de objetos (enfileirar ou
girar os brinquedos) e/ou sua exploração visual2. Não obstante essa evidência, o
diagnóstico do TEA ocorre, em média, aos 4 ou 5 anos de idade3–5. Essa situação é
lamentável, tendo em vista que a intervenção precoce está associada a ganhos
significativos no funcionamento cognitivo e adaptativo da criança. Alguns estudiosos tem
até mesmo sugerido que a intervenção precoce e intensiva tem o potencial de impedir a
manifestação completa do TEA, por coincidir com um período do desenvolvimento em que
o cérebro é altamente plástico e maleável6,7. Não é surpreendente, portanto, que a busca
por sinais precoces do autismo continua sendo uma área de intensa investigação
científica. Alguns marcadores potencialmente importantes no primeiro ano de vida incluem
anormalidades no controle motor, atraso no desenvolvimento motor, sensibilidade
diminuída a recompensas sociais, afeto negativo e dificuldade no controle da atenção.
São sinais sugestivos no primeiro ano de vida: - perder habilidades já adquiridas, como
balbucio ou gesto dêitico de alcançar, contato ocular ou sorriso social; - não se voltar para
sons, ruídos e vozes no ambiente; - não apresentar sorriso social; - baixo contato ocular e
deficiência no olhar sustentado; - baixa atenção à face humana (preferência por objetos); -
demonstrar maior interesse por objetos do que por pessoas; - não seguir objetos e
pessoas próximos em movimento; - apresentar pouca ou nenhuma vocalização; - não
aceitar o toque; - não responder ao nome; - imitação pobre; - baixa frequência de sorriso e
reciprocidade social, bem como restrito engajamento social (pouca iniciativa e baixa
disponibilidade de resposta) - interesses não usuais, como fixação em estímulos sensório-
viso-motores; - incômodo incomum com sons altos; - distúrbio de sono moderado ou
grave; - irritabilidade no colo e pouca responsividade no momento da amamentação; A
avaliação formal do Desenvolvimento Neuropsicomotor é fundamental e indispensável e
faz parte da consulta pediátrica.
Após essas 16 obras terem sido recuperadas, passaram por um critério de exclusão,
onde foram feitas, inicialmente, a leitura dos títulos e resumos para eliminação de estudos
que não tinham aproximação com o tema, excluindo assim 10 obras. Posteriormente, foi
feita a verificação de duplicidade, resultando na exclusão de mais 1 obra, resultando
então em 5 trabalhos, como mostra o fluxograma abaixo.
A seguir, efetuada a leitura das obras selecionadas, foram obtidas as informações
necessárias para a materialização dessa revisão de literatura.
Fluxograma da pesquisa:
RESULTADOS:
REFERÊNCIAS
FLORES, M.; SMEHA, L. Bebês com risco de autismo: o não-olhar do médico. Ágora:
Estudos em Teoria Psicanalítica, vol 16, no spe, bl 141–157, 2013.
GOMES, C.; SOUZA, D.; SILVEIRA, A.; et al. Intervenção comportamental precoce e
intensiva com crianças com autismo por meio da capacitação de cuidadores. Revista
Brasil Edição Especial, Marília, v 23, n 3, p. 377-390, 2017.
ROGERS, S. J.; VISMARA, L.; WAGNER, A. L.; et al. Autism Treatment in the First Year of
Life: A Pilot Study of Infant Start, a Parent-Implemented Intervention for Symptomatic
Infants. Journal of Autism and Developmental Disorders, vol 44, no 12, bl 2981–2995,
2014.
SCHMIDT, C.; KUBASKI, C.; BERTAZZO, J.; et al. Intervenção precoce e autismo: um
relato sobre o Programa Son-Rise. Psicologia em Revista, vol 21, no 2, bl 412, 2016.
ZANON, R.; BACKES, B. BOSA, C. Identificação dos primeiros sintomas do autismo pelos
pais. Psicologia: Teoria e Pesquisa, vol 30, no 1, bl 25–33, 2014.
ZAQUEU, L.; TEIXEIRA, M.; ALCKMIN-CARVALHO, F.; et al. Associações entre Sinais
Precoces de Autismo, Atenção Compartilhada e Atrasos no Desenvolvimento Infantil.
Psicologia: Teoria e Pesquisa, vol 31, no 3, bl 293–302, 2015.