DESEJO E DECISÃO
1a Edição
Capa
Créditos
Folha de Rosto
Introdução
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Conclusão
Glossário
Notas
INTRODUÇÃO
O que nos faz agir e decidir agir? Os nossos desejos. Agimos para que eles sejam
realizados. Agimos também, em muitas circunstâncias, para satisfazer regras,
morais ou convencionais. Podemos querer fazer mal a alguém que detestamos,
mas acabamos por nos abster porque é mais forte o desejo de preservar a nossa
boa consciência ou a nossa imagem social. Podemos querer desobedecer a uma
ordem policial e, afinal, obtemperamos, porque são mais prementes o medo de
sermos perseguidos e o desejo de auto-preservação. Assim, tomando o conceito
de desejo num sentido lato e admitindo que nos confrontamos, tantas vezes, com
conflitos de vontades, pode dizer-se que os desejos são os motores das nossas
ações.
É esta complexidade que faz com que a “mecânica” da decisão seja tão
difícil de entender. A ciência psicológica tem começado a revelá-la, em múltiplos
domínios: escolha de profissão, de parceiro sexual e romântico, de investimento
financeiro, de programa de saúde ou de educação, de fazer a guerra ou a paz, e
tantos outros. A pesquisa sobre a decisão é pertinente para todos: médicos,
executivos, economistas, juristas, políticos, simples cidadãos. E os custos dos
erros de decisão são enormes. Quantas vezes verificamos, tarde demais, que a
decisão tomada foi péssima? Ou que, pelo menos, havia outra melhor?
A filosofia do desejo
A ciência do desejo
Evolução : um conceito chave! Foi há cerca de 150 anos, através dos escritos de
Charles Darwin, sobretudo do célebre A origem das es- pécies(1859), mas
também de A origem do homem e a seleção sexual (1871), que a humanidade
começou a tomar consciência da sua in- serção na natureza: o ser humano é o
produto de uma evolução das espécies animais pelos mecanismos de seleção
natural e sexual. Esta ideia começou por ser admitida em relação à nossa
constituição física, anatomia e morfologia, mas, durante mais de um século,
houve grande relutância em reconhecê-la no que respeita à nossa mente, embora
o próprio Darwin já tivesse analisado a origem bio- lógica das emoções.
Todos os sábados, quando sai para caminhar, Carlos vê o vizinho a lavar o carro.
Quando regressa, observa com admiração o resultado: um carro
impecavelmente limpo. Mais tarde, Carlos limpa a sua piscina cuidadosamente e,
quando o clima permite, dá um bom mergulho depois de acabar a tarefa.
Quando já se está a secar, chega o jovem que limpa a piscina do vizinho.
Conversam um pouco, discutem alguns detalhes sobre o tratamento da água.
Depois, Carlos entrega ao jovem as chaves do seu carro para que ele o lave.
Mas, porque é que Carlos escolhe gastar tempo para limpar a piscina e
paga pela lavagem do carro? E porque é que o vizinho se dispõe a pagar para ter
a piscina limpa, mas não gasta mais dez euros para que o rapaz lhe lave também
o carro? Um economista neoclássico poderia explicar que, devido às limitações
orçamentais de Carlos, ele teve de fazer uma escolha. Preferiu, entre os dois
trabalhos, pagar a uma terceira pessoa por aquele que lhe era menos agradável.
Da mesma forma, o vizinho escolheu continuar a lavar o carro, mas aceitou
pagar para ter a piscina limpa. Ou seja, para Carlos, o trabalho de lavar o carro é
menos agradável do que o trabalho de limpar a piscina; o inverso ocorre com o
vizinho.
Vamos supor que nenhum dos dois tem restrições orçamentais. Qual
seria, então, a explicação? Simples. Para Carlos, o trabalho de limpar a piscina
vale menos do que o preço que o jovem cobra pelo serviço. Da mesma forma, o
vizinho julga que lavar o carro sozinho é menos custoso do que pagar dez euros.
As decisões quotidianas
Poder fazer escolhas é muito bom. Então, porque é que muitas pessoas
detestam o ato de decidir? Quanto mais importante consideramos uma decisão,
maior desgaste emocional temos.
Valor e utilidade
Suponhamos que vai a uma loja e, ao efetuar o pagamento, é
informado de que, devido ao valor da compra, pode escolher entre
dois prémios: receber uma camisa ou participar numa competição.
Se participar na competição e ganhar, receberá um vale que dará
direito a um fim de semana num hotel elegante de uma cidade
próxima. Esta competição consiste no lançamento de um ou dois
dados à sua escolha. Se lançar apenas um dado e o resultado for seis,
receberá o prémio. Se lançar dois dados, a soma dos resultados
deverá ser igual ou superior a dez para que ganhe.
Para a maioria das pessoas, o risco não é desejável nem útil. Suponha
que tem de decidir se participa num jogo de moeda ao ar, em que recebe 1000
euros se sair cara e paga a mesma quantia se sair coroa. Se o seu
comportamento face ao risco for compatível com a média das pessoas, não irá
aceitar a proposta. Imaginemos agora que se sair cara recebe 1000 euros e se
sair coroa paga 900 euros. Aceita jogar a moeda? Alguns responderiam que sim,
outros que não. A aceitação varia de acordo com o nível de aversão ao risco de
cada um, que está relacionado com a sua personalidade. Mas o fator mais
importante é a utilidade do objeto do risco. Uma pessoa que precise de dinheiro
preferiria manter os seus 900 euros seguros à probabilidade de 50% de ganhar
1000 euros.
Para quem o valor não seja significativo, seria mais fácil aceitar
participar no jogo. Vamos imaginar que uma pessoa aceitou participar no jogo
com o valor de 1000 euros. Será que também aceitaria se o prémio fosse de um
milhão de euros para cara, mas tivesse de pagar 900 mil euros se saísse coroa? É
provável que não. Para a grande maioria das pessoas, pensar em perder 900 mil
euros significa a catástrofe financeira. A punição pela perda é muito maior do
que o benefício do ganho.
Teoria
O pressuposto básico da Teoria da Utilidade é que para todo o
decisor existe uma função de valor real u, definido por um x fixo e
pertinente aos resultados x 1,x2,…xI , tal que, se uma ação disponível
a resulta na probabilidade pi para todos os resultados x i (para i=1,
…,I), e outra ação disponível b resulta em probabilidades qi dos
mesmos resultados, então, o decisor prefere a ação a à ação b se, e
somente se, o valor estatisticamente esperado da função de utilidade
u é maior do que sob b. Formalmente, o critério de escolha racional
é:
Porém, como já sabia Benjamin Franklin, na maioria das situações da
vida não podemos operar decisões com precisão algébrica. Os dilemas da vida
real são diferentes das situações de jogo, pois não conhecemos as probabilidades
dos acontecimentos. Consideremos, então, o seguinte exemplo:
Um terrível dilema
Vamos imaginar que a empresa em que trabalha o encaminha para
uma importante missão de venda. Deverá passar dois dias com um
importante cliente noutra cidade, onde lhe explicará todos os
detalhes de um grande projeto. Sabe que o negócio é fundamental
para a empresa e que a sua realização representa o caminho para
uma sonhada promoção.
SEXO E AMOR
Ter relações sexuais é, como beber, comer e evitar a dor, uma resposta
comportamental a uma necessidade primária, que produz satisfação por si
mesma e não exige aprendizagem. O desejo sexual, praticamente universal na
espécie humana (só 1% das pessoas interrogadas numa amostra representativa
da população britânica admitiu nunca ter sentido atração sexual7), resulta de uma
adaptação anterior à evolução dos hominídeos. Uma característica partilhada
com pelo menos alguns primatas é a atração física por certos traços do parceiro
sexual. O que lhe está subjacente é a procura (totalmente inconsciente) de “bons
genes”, de maneira a que a reprodução seja eficaz. Em muitas espécies animais,
evita-se o acoplamento com indivíduos doentes8. E, tal como os humanos, os
chimpanzés são atraídos por caras simétricas9.
Existe uma associação muito forte entre o nosso desejo romântico por
alguém e a impressão de que ele ou ela é fisicamente atraente (correlação de
cerca de .7010). Para além das variações culturais no que respeita ao ideal de
beleza, há traços visuais que são preferidos em todas as culturas, em particular a
simetria: os seres mais simétricos são considerados mais atraentes11 e os
indivíduos com maior simetria de corpo e de rosto são mais desejados como
parceiros sexuais e românticos12. Tem-se discutido sobre a possível explicação
para tal fenómeno. Uma é que os organismos mais simétricos tendem também a
ser mais saudáveis e, portanto, mais aptos do ponto de vista genético e mais
interessantes para a reprodução13. Outra é que os indivíduos particularmente
assimétricos têm, geralmente, “maus genes”; assim, considerá-los com alguma
repulsão contribui para evitar o acoplamento com eles14. Uma terceira
explicação é que é mais fácil processar percetivamente um rosto que se desvia
pouco da média e da simetria, e que um reconhecimento fácil e rápido tende a
suscitar um afeto positivo15.
A atração em encontros
Esta questão foi examinada num estudo39 com base numa enorme base
de dados extraída de um site(HOTorNOT.com), fun- dado em 2000, no qual os
seus membros avaliavam o grau de atração (how hot?) de fotos de outros
membros e colocavam as suas próprias fotos, para receberem as avaliações dos
outros. O site teve muito sucesso e deu origem a um sistema de encontros, em
que os membros podiam enviar mensagens uns aos outros e marcar encontros.
Antes de 2008, já havia mais de 1,6 milhões de membros (cerca de três quartos
eram de homens).
>A situação de dating ou de speed dating pode ser utilizada para estudar
outras questões relativas à atração e à escolha sexual. Uma delas diz respeito ao
tipo de processos utilizados para escolher o parceiro em função da abundância ou
escassez de escolhas possíveis. Outra (ver II.2) debruça-se sobre a influência que
as escolhas anteriormente operadas por outros podem ter sobre as nossas próprias
escolhas.
As estratégias sexuais
NÓS E OS OUTROS
O desejo de interação social dos seres humanos, tal como o desejo sexual, tem
profundas raízes biológicas e exprime-se sob formas que são moldadas pela
cultura. Sem dúvida, a sexualidade é um traço biológico mais primitivo do que a
sociabilidade. Nos animais, o ato sexual pode ter lugar entre dois indivíduos
isolados que se encontram, sem conduzir a uma relação estável. Muitas espécies,
no entanto, formam grupos; as interações entre os elementos dos grupos fazem
supor outros tipos de relacionamentos entre parceiros sexuais para além do
acasalamento. As motivações sociais do Homem moderno, incluindo as de
dominação em termos de poder e estatuto (ver Capítulo V), resultam da seleção
natural, mas, como as sexuais, têm tomado formas influenciadas pela cultura.
Chimpanzés e bonobos
Os chimpanzés só dispõem desta capacidade até certo ponto. Por
exemplo, quando o dominante só pode ver um de dois pedaços de
comida, o dominado prefere apoderar-se daquele que o dominante
não vê. Também mostram mais frustração, atirando algum objeto
ou indo embora furiosos, quando uma sessão é interrompida
intencionalmente pelo investigador do que quando isso acontece de
maneira acidental, o que indica que reconhecem intenções. No
entanto, a sua compreensão da intencionalidade é rudimentar. Em
situação de comunicação, eles não pegam na comida para a qual o
investigador olha ou aponta 121.
O cérebro social
Considerar a natureza social dos seres humanos significa admitir que, pelo
menos, nem toda a nossa sociabilidade resulta necessariamente de aprendizagens
sociais. A questão é importante, porque se a nossa vida social depende
inteiramente da aprendizagem, então ela é completamente maleável e o número
de possibilidades de organização e de relação social é praticamente infinito. Por
outro lado, se existe uma natureza social, tal implica que nem tudo é possível e
que certas características inatas condicionam de maneira significativa a nossa
sociabilidade, colocando-se, então, o problema de saber quais são essas
características.
Se podemos afirmar que uma natureza social humana exis - te, o difícil é
caracterizá-la. Os nossos conhecimentos científicos a este respeito são muito
limitados. Concorre para isso a influência permanente de preocupações e
preconceitos ideológicos, que fazem com que a questão seja formulada, com
frequência, de maneira errónea: saber se o homem é fundamentalmente bom e
generoso, ou, pelo contrário, fundamentalmente mau e egoísta. Estas posições
extremas resultam da vontade de interpretar o passado da humanidade e de
antecipar o seu futuro como marcados, no primeiro caso, por uma sucessão de
transformações num sentido de progresso, e, no segundo caso, pela persistência
inelutável dos nossos pernicio- sos instintos. Chomsky, lembrando que se conhece
muito pouco sobre a natureza social humana, considera que ambas as posições
“refletem os estados de espírito e as preferências pessoais e não se apoiam em
nenhum conhecimento, nenhuma compreensão sólida” 166. Porém, coerente
com o pragmatismo da cultura norte-americana que, até certo ponto, terá
herdado, ele convida-nos a sermos moderadamente otimistas ou, pelo menos, a
não sermos pessimistas. A justificação é que o pessimista que está
potencialmente er- rado, não tendo motivação para tentar mudar o que quer que
seja, não tem ocasião de verificar o seu erro; por outro lado, se o otimista agir,
quando errar pode saber que errou e se acertar pode ser confortado na sua
esperança.
O leitor já deve ter pensado que a partilha, apesar dos vestígios que terá
deixado no nosso comportamento, não corresponde ao que é habitual nas
sociedades modernas. Estas criaram defesas contra a incerteza (por exemplo, o
facto de se ter riqueza pessoal ou um nível elevado de educação), pelo menos
para os chamados cidadãos de “colarinho branco”. Para os de “colarinho azul”
(os trabalhadores), essas defesas funcionam menos bem e as incertezas com que
se defrontam são muito maiores. Não é por acaso que os últimos tendem, com
mais frequência do que os primeiros, a privilegiar a ideologia do igualitarismo.
Os genes e a cultura
Esta hipótese foi testada 192, calculando a posição ocupada por 29 países
num espaço determinado por duas dimensões, a frequên- cia do alelo curto e a
tendência ao individualismo ou ao coletivismo. Quatro países do Extremo Oriente
apresentaram valores elevados de coletivismo e uma alta frequência de alelo
curto do gene 5-HTT, pelo que, globalmente, se observou uma correlação positiva
entre estas duas variáveis altamente significativa. A prevalência de agentes
patogénicos através da história também apresentou uma correlação positiva com
a frequência do alelo curto.
POSSE E PARTILHA
O Estado dispõe dos meios que lhe permitem intervir como protetor
e pode escolher entre proteger a utilidade individual ou a utilidade
social. Em certos países capitalistas, como acontece no Japão, a
participação de todos, a cooperação e o consenso prevalecem no
seio de muitas empresas e mesmo entre diferentes grupos de
interesses202. A educação incentiva esta estratégia. Nos países
ocidentais, as redes de cooperativas promovem valores de
responsabilidade social, de solidariedade, de equidade, de
transparência e de democracia, em contraste com a grande maioria
das empresas em que a produção e a gestão não estão submetidas a
um controlo interno por parte dos seus trabalhadores.
— Fatores culturais
A racionalidade tem limites que não lhe são intrínsecos, mas dependem
da situação. Nos jogos económicos, o comportamento de cada interveniente não
é ditado apenas ou sequer pela racionalidade, mas pela apreciação que faz do
parceiro e pela consequente antecipação sobre o comportamento deste. Tal
apreciação tem de fundar-se em crenças, sem dúvida alicerçadas na experiência
própria, sobre valores morais, tendência a maximizar o resultado e racionalidade
do parceiro - quando este é anónimo e portanto desconhecido -, ou em subtis
índices que o conhecimento dele lhe possa proporcionar.
O altruísmo
Um dos jogos económicos que têm sido mais utilizados para pôr em evidência o
altruísmo é o JD (ver Glossário), no qual o potencial recebedor não pode recusar
a oferta (ou não oferta) do participante que tem a iniciativa. Oferecer algo
representa, pelo menos à primeira vista, uma atitude altruísta, de preocupação
pelo bem do outro, ou motivada por um sentimento de justiça distributiva
(fairness). O JD foi inventado por Daniel Kahneman e seus colaboradores232
para servir de controlo ao JU e, assim, permitir uma indicação da prevalência de
um sentimento não forçado de justiça ou de equidade. O altruísmo e os
sentimentos de justiça e de equidade são fenómenos reais, difundidos nas
comunidades humanas. Estes fenómenos refletem-se, fora dos círculos restritos
da família e dos amigos, nas atividades de benevolência e de doação para
instituições ou ações de caridade e de interesse público. O setor não lucrativo da
economia é uma parte importante do conjunto dos fluxos de bens e serviços.
Pode dizer-se que, no JD, em situação de anonimato, só 40% dos participantes
conservam todo o dinheiro recebido do investigador, e o montante oferecido
perfaz 20% do bolo233.
O comportamento de doação
A hipótese na base desta conceção é que, nas condições típicas dos estádios
iniciais da evolução humana, uma pequena fração de indivíduos que praticam a
reciprocidade forte se expandiu na população248. A disposição à reciprocidade
forte, que coexistiria com o altruísmo familiar e com o altruísmo recíproco, seria
visível em vários comportamentos modernos, como a cooperação na proteção de
bens públicos e a valorização dos salários. Segundo um estudo experimental249,
os “empregados” podem, na base de normas interiorizadas de reciprocidade,
fornecer mais esforço do que o esperado, e os “patrões”, na base de normas
interiorizadas de recompensa do bom comportamento e de punição do mau,
ajustam o seu esforço a estes comportamentos.
Mas será que o altruísmo para com pessoas estranhas existe realmente?
O que é certo é que as estatísticas mostram comportamentos altruístas, talvez
mesmo generosos. Em 2005, mais de 260 mil milhões de dólares foram doados a
instituições norte-americanas de caridade, dos quais 77% por pessoas individuais,
representando 2,2% do rendimento depois de deduzidos os impostos264, e 96%
das pessoas interrogadas disseram que o faziam por sentirem compaixão para
com os outros265. Um estudo mostrou que, em média, 1,3% do rendimento das
famílias era dado a não parentes e a isso há que acrescentar a ajuda
benévola 266. Muitas destas doações e desta ajuda não são feitas na perspetiva de
um retorno, pelo menos pela mesma pessoa. O altruísmo indireto deve ser
tomado em consideração, porque se pode esperar um retorno de outrem ou
mesmo de fonte mística (a roda da fortuna ou Deus me pagará). Há sempre um
retorno esperado, já que a falta de uma conduta altruísta quando existem
oportunidades para tal pode gerar um sentimento de descontentamento na própria
consciência. Indo mais longe, é sabido que as pessoas são, por vezes, capazes de
sacrificar o seu tempo, os seus interesses materiais, o conforto da sua existência,
a sua integridade física e até a vida por causas sociais, princípios morais e
ideologias. É na sua consciência que encontram o “pagamento”. Portanto,
pretender que tal altruísmo é indireto seria uma interpretação inadequada além
de cínica, posto que a recompensa não é material. A especificidade cerebral do
altruísmo relativamente ao egoísmo aponta no mesmo sentido.
A generosidade e a equidade
A generosidade, como mostrámos atrás, pode intervir no JU. Mas este não é o
único caso de jogo económico em que ela intervém. Suponhamos que alguém
lhe pergunta se prefere que lhe deem 5 ou 7 euros. Com certeza o leitor prefere
7, mas deve perguntar-se a troco de quê. Pois é: a ideia é que, se escolher 7,
outra pessoa, anónima, receberá 9, e se escolher 5, essa outra pessoa receberá
apenas 3. Estranha alternativa. Se for generoso, e mesmo se a outra pessoa lhe
for indiferente, tem todas as razões para seguir o seu próprio interesse e aceitar
os 7 euros. O problema é que receber menos do que esse indivíduo que nem
sequer conhece pode dar “dor de cotovelo”... O que é que faria? E se, entre a
generosidade e a inveja, uma vez ouvisse a voz íntima e doce da generosidade e
a vez seguinte a voz não menos íntima mas aguda da inveja? Nenhum ganha tudo
o que poderia ganhar, mas pelo menos o outro não vai ficar a rir-se, não é?
Os Capuchinhos
A equidade, ou, apresentado de outro modo, a aversão pela
desigualdade, tem raízes biológicas noutras espécies. Num estudo271
com macacos Capuchinhos (Cebus apella), quando lhes era dado a
escolher entre uma opção que os recompensava só a eles e outra
que recompensava a eles e a um congénere, escolheram mais
frequentemente esta última opção, sobretudo quando o congénere
estava presente. Noutro estudo272, o macaco podia puxar um
tabuleiro com duas recompensas, uma para ele e outra para o
parceiro; as recompensas num caso eram idênticas e noutro
favoreciam o parceiro. Os Capuchinhos mostraram um
comportamento pró-social, aceitando pequenas diferenças em favor
do parceiro, que diminuiu fortemente quando a diferença se tornava
muito grande. Eles aceitaram mesmo que fosse apenas o parceiro a
receber a recompensa, desde que esta fosse pequena. Este tipo de
comportamento é favorável ao desenvolvimento da cooperação.
Uma desigualdade ocasional pode ser compensada pelos benefícios
que trará mais tarde o comportamento pró-social. Mas, obviamente,
se a desigualdade é demasiado grande, é melhor procurar outro
parceiro.
— O sentimento de justiça
A justiça distributiva e a equidade em geral não são puras
reivindicações sociais ou puros preceitos morais. Elas correspondem
a aspirações que contribuem para a felicidade humana e têm em si
mesmas um valor hedónico.
Mas será que a “elevação” motiva atos altruístas quando os contextos são
menos compulsórios do que a presença dos seus próprios bebés ou o desconforto
provocado por um eventual preconceito racista?
Os autores deste último estudo são eles próprios muito otimistas. Pensam
que a incitação à elevação moral, através da exposição ao comportamento pró-
social dos outros, pode ajudar a aumentar o nível de pró-sociabilidade na
sociedade. Somos mais prudentes relativamente a este otimismo. Em tempo de
crise económica e risco de aumento do desemprego, duvidamos que ver o filme
de Charles Chaplin, The kid, convenceria os trabalhadores a verter uma parte dos
seus salários para um fundo de assistência às crianças, e muito menos a demovê-
los de fazer greve. Do mesmo modo, as lágrimas da criança não demoveriam
um conselho de administração de uma empresa de amputar os bónus aos seus
quadros dirigentes e os prémios aos seus acionistas, para assistência aos filhos dos
trabalhadores despedidos. Ou será que vale a pena tentar e obrigar cada conselho
de administração, antes de se reunir, a ver The kid e outros filmes semelhantes?
À luz do dia ou no escuro
As incitações físicas não são menos eficazes, pelo menos, em certos
limites. No sentido oposto à elevação moral, um ambiente escuro
predispõe à transgressão moral e aos comportamentos
agressivos284. Isto foi observado num estudo285 em que os
participantes (estudantes numa universidade norte-americana)
tinham apenas 5 minutos para resolver uma longa série de
problemas numéricos e, antes disso, receberam um envelope com 9
notas de 1 dólar e quatro moedas de 25 cêntimos. Ao fim dos 5
minutos, poderiam guardar 50 cêntimos por cada problema
resolvido e deveriam pôr o papel das matrizes e o dinheiro que
restava noutro envelope e colocá-lo numa caixa. Ninguém poderia
ver estas operações, só que, sem que os participantes soubessem,
cada um destes últimos envelopes tinha um número diferente, que
correspondia a um número numa matriz que era diferente para
todos os participantes. E eles foram, de facto, apanhados a roubar.
Entre os que trabalharam numa sala escura e os que trabalharam
numa sala iluminada, não houve diferença no número de matrizes
resolvidas. Porém, os que trabalharam na penumbra indicaram ter
resolvido muito mais matrizes (11,5 em média) do que os outros
(7,8), uma diferença de quase 2 dólares. Mais: 60% dos participantes
que estavam no escuro enganaram, contra menos de 25% dos
outros. Ora, os que estavam na sala iluminada poderiam ter feito o
mesmo porque se encontravam, não havia risco aparente.
A exclusão social
CONCLUSÃO
Como vimos no capítulo anterior, a sociabilidade, componente
essencial da natureza humana, tem uma longa e complexa história
evolutiva, na qual, desde que existe o Homo sapiens, se combinam
adaptações biológicas e culturais. Neste processo, o desenvolvimento
das capacidades cognitivas tem desempenhado um papel
importante. Os laços sociais entre os membros do bando tornaram-
se mais intensos no quadro da família e alargaram-se
progressivamente, mas de maneira mais frágil, a círculos cada vez
maiores. Como vimos neste capítulo, fazem parte das relações
sociais humanas, muito provavelmente, a procura da satisfação
egoísta do interesse individual tanto quanto a procura de cooperação
com estranhos, o altruísmo, o igualitarismo (ou a aversão à
desigualdade) e a generosidade. Pouco se sabe ainda, no entanto,
sobre as condições exatas em que estas atitudes sociais se
formaram. Com o desenvolvimento cultural e a criação de
instituições que protegem interesses comuns, a dependência entre os
indivíduos e entre os pequenos grupos tornou-se cada vez maior,
alimentando o espírito de cooperação e a tendência à expansão dos
fundos de bens coletivos.
PODER E LIDERANÇA
Será que a dominância hierárquica nas relações sociais pouco tem que ver com o
sexo e mais geralmente com a biologia? Engana-se o leitor que assim pense. Há
razões biológicas para a existência de dominantes e de dominados na nossa
espécie, mais precisamente para a existência de um gradiente de dominação301.
Tal não constitui uma justificação para as diferenças sociais. Do ponto de vista
dos valores morais relativos ao papel do indivíduo na sociedade, que não são os
mesmos no tempo da escravidão e atualmente, a biologia oferece-nos tanto o
“bom” quanto o “mau”. O que importa é compreender as raízes da dominância
hierárquica. Não defendemos a sua existência nem antecipamos as formas que
virá a tomar. O desenvolvimento mental e cultural da espécie humana e as
respetivas dinâmicas em que nos inscrevemos fazem com que quase tudo seja
possível.
Poder e ação
Poder e ação
Para verificar a ideia de que o poder conduz à ação, fez-se uma
experiência 312 em que os participantes eram colocados num papel
de gestor ou de subordinado. Disse-se aos gestores que iriam dirigir,
avaliar e recompensar os subordinados numa tarefa de coordenação
(construção de um modelo Lego). Antes da tarefa, os gestores e os
subordinados participaram num cenário de blackjack (Jogo do Vinte
e Um). Neste jogo, o dealer dá a cada jogador duas cartas, uma
com a face visível e a outra não, podendo os jogadores pedir mais
cartas. Se o total de pontos acumulados exceder 21, há falência;
portanto, o objetivo do jogo é alcançar o máximo possível de pontos
sem falir. O dealer tem de tirar cartas até ter, pelo menos, 16 pontos
e deve parar quando se encontra com 17 ou mais. Uma situação
particularmente delicada é aquela em que o jogador tem 16 pontos
na mão e a carta visível do dealer é um 10. Pedir carta, ou parar? Os
estudos têm mostrado que mais de dois terços dos jogadores
profissionais não pedem carta, embora tivessem mais probabilidades
de ganhar se o fizessem. Pensa-se que o receio que têm do remorso
que lhes provocaria a falência é mais forte do que a pena de verem
o dealer ultrapassá-los. Neste estudo, os participantes, chegados a
essa situação, deveriam parar ou pedir carta; 92% dos gestores
decidiram pedir carta, contra apenas 58% dos subordinados. Entre os
participantes que não intervieram na manipulação prévia de poder,
59% pediram carta, o que permite concluir que não é a falta de
poder que inibe a ação, mas sim a posse de poder que conduz à
ação. Na realidade, basta lembrar um episódio de poder para que a
pessoa se sinta mais inclinada à ação. Utilizou-se a técnica de
priming, que permite ativar nos participantes o conceito e até a
impressão de ter ou de ser vítima de poder, quaisquer que sejam a
sua disposição pessoal e o seu conceito de poder e submissão ao
poder. Metade dos participantes deveria recordar uma situação em
que tenha tido poder sobre outra pessoa e escrever sobre ela (são os
P+); a outra metade deveria escrever sobre uma situação em que se
tenha sentido submetida ao poder de outrem (são os P-). Depois,
responderam a um questionário noutra sala, onde havia um
ventilador que deveria incomodá-los. Entre os P+, 69% afastaram
ou desligaram o ventilador, contra apenas 42% entre os P-. Agir ou
não agir, pelo menos em situações banais, depende do que se acaba
de viver ou pensar. As evocações de posse de poder ou de submissão
a um poder alheio são importantes nas tomadas de decisão.
O poder conduz à proteção dos interesses próprios, mas não só. Tem
o efeito de suscitar ação, independentemente dos destinatários dos
benefícios da ação. Tal foi verificado confrontando dois dilemas
sociais. No Dilema de Consumo, se, por exemplo, todos os
pescadores pescarem tanto quanto quiserem, não ficam peixes
suficientes para assegurar a reprodução e esgota-se o bem comum.
No Dilema de Contribuição, cada indivíduo prefere não ter de
contribuir, por exemplo, para a televisão pública, mas se ninguém
contribuir, a televisão pública desaparece. Estes dois tipos de dilemas
são estruturalmente equivalentes, mas não psicologicamente 313,
porque o de Contribuição implica entregar o que se possui, e o de
Consumo implica desistir de um ganho. Segundo a teoria do
prospeto314, o primeiro ato é mais doloroso. Se o poder estimula a
ação, um efeito irónico desta relação de causalidade é pescar mais
no Dilema do Consumo, mas também contribuir mais no de
Contribuição. Parece contraditório, mas quem não conhece
personalidades antissociais, com a reputação de praga que devasta
tudo, e que, no entanto, são também pró-sociais ao fazerem doações
para grandes obras? Na experiência em que foram utilizados estes
dois dilemas, os grupos de P+ e de P- foram constituídos a partir da
recordação por escrito, respetivamente, de um episódio de poder
sobre outrem ou de submissão ao poder de outrem. O grupo de
controlo recordou uma experiência neutra (o que acontecera na
véspera), sem relação com a noção de poder. Os resultados
mostraram que os P+ “pescaram” mais e contribuíram também
mais do que os P- e do que o grupo de controlo, não havendo
diferença entre estes dois grupos. Note-se que a manipulação
destinada a criar os P+ e os P- não alterou o estado de humor dos
participantes e que as diferenças interindividuais no seu estado de
humor não afetaram o efeito de poder; era importante verificar esta
situação, porque um humor mais positivo poderia ser mais propício à
ação. Estes resultados parecem indicar que, se todos fôssemos P+,
os recursos rapidamente se esgotariam e a humanidade sofreria
imensas privações, ao mesmo tempo que empreendimentos públicos
como monumentos, pontes, rodovias, comboios de alta velocidade,
etc., se espalhariam por todo o globo.
Poder e atenção
Outras pesquisas mostraram uma relação complexa entre o poder e
a atenção social. Os indivíduos com estatuto social mais baixo
exibem uma maior tendência para perceber alguma ameaça em
situações sociais ambíguas315, ou para desconfiar mais dos
outros316. Também se observou que as crianças317, os adultos318 e
os primatas não humanos319 classificados como P- concentram
mais o olhar nos outros (sobretudo os de estatuto mais elevado) do
que os P+. Provavelmente, a atenção social contribui para a análise
rigorosa dos estados dos outros. De facto, os P- avaliaram melhor o
que deles pensam os P+ do que os P+ relativamente ao que deles
pensam os P- 320. Assim, é quando temos menos poder do que o
outro que descobrimos melhor a perceção que o outro tem de nós
mesmos. Uma reanálise 321 destes dados mostrou que se deve
distinguir entre a precisão relacional e a sensibilidade interpessoal,
isto é, a precisão com que o patrão prenuncia as respostas do seu
subordinado ou este as respostas daquele, e a precisão do estereótipo.
Os patrões conhecem melhor as características gerais de um
subordinado, do que o inverso. Revelam, portanto, uma maior
precisão do estereótipo e uma menor precisão relacional, o que lhes
permite mais facilmente considerar os subordinados como meios
para atingir os seus objetivos. Outros estudos mostraram que o
sentimento de poder tende a intensificar os preconceitos sociais322.
Poder e agressivividade
Uma variável importante neste tipo de situações é a perceção que o
poderoso tem da sua própria competência para manter o poder, ser
influente e satisfazer as expectativas que decorrem da sua posição.
Foi examinada a hipótese 330 de os poderosos que se sentem pouco
competentes também se sentirem ameaçados e adotarem uma
atitude de autodefesa. Como a atitude de autodefesa, geralmente,
conduz a respostas agressivas331, o resultado seria uma associação
frequente entre o poder e a agressão: no caso, o patrão ser agressivo
com os seus trabalhadores. Numa experiência, os participantes, de
profissões diferentes, começaram por estimar o seu grau de
autoridade e poder no trabalho, bem como o seu medo de uma
avaliação negativa, como indicador da perceção que tinham do seu
grau de incompetência. A agressão foi avaliada através das
respostas, numa escala de 1 (nada característico em mim) a 7
(altamente característico), a afirmações como “quando sou
fortemente provocado, posso bater noutra pessoa”. Entre os
participantes com mais poder, mas não entre os que tinham menos,
uma baixa competência subjetiva estava associada à agressão. E
entre os participantes com baixa competência subjetiva, mas não
entre os que se sentiam competentes, quanto maior era o poder,
maior era a tendência para a agressão. Como estes dados eram
puramente correlacionais, uma experiência baseou-se na criação de
poder alto e baixo (segundo a técnica da recordação de episódio) e
de sentimento de competência alto e baixo (recordação de episódio
em que se sentiram eficientes ou não eficientes). Foi utilizada uma
medida comportamental de agressão: os participantes deveriam
escolher uma série de sons, de intensidade crescente (até 130
decibéis), que aplicariam a estudantes num teste quando estes
respondessem erradamente. Os resultados confirmaram que o poder
acompanhado de um sentimento de incompetência conduz à
agressão.
Poder e cognição
O poder é como uma balança de pratos desiguais: quando um tem muito, outro
tem pouco. Em certos casos, o que tem pouco não reconhece a legitimidade do
outro. Quando o poder é tido por ilegítimo, os P- tornam-se mais ativos, formam
objetivos prioritários e exibem comportamentos que visam à sua realização, tal
como os P+. O poder ilegítimo suscita raiva e a raiva conduz os “sem poder” a
procurar derrubar o sistema que sustenta o poder ilegítimo. Inevitavelmente
também, eles implicam-se mais em comportamentos arriscados.
Poder e sentimento
Como vimos, as pessoas que detêm poder prestam menos atenção às que não
detêm poder do que o inverso; e, comparadas com estas, são menos capazes de
julgar as emoções dos outros e de reagir a elas. Numa situação de negociação, os
negociadores com menos poder fazem mais concessões aos opositores que se
zangam do que aos que não se zangam, ao passo que os negociadores com mais
poder não ajustam as suas exigências às emoções manifestadas pelo outro367.
Este último tipo de comportamento pode refletir um sentimento exagerado de
autoconfiança, mas então este seria apenas um intermediário entre o poder e a
deficiência de perceção das emoções dos outros.
Como é que as pessoas que sentem ter ou não ter poder reagem ao
sofrimento dos outros? Convém distinguir dois tipos de respostas emocionais. A
reciprocidade emocional refere-se ao facto de um indivíduo sentir as emoções
de outro e, assim, experimentar em si mesmo a aflição alheia. A
complementaridade emocional é o facto de o indivíduo experimentar uma
emoção diferente da que observa mas que lhe é complementar, como quando
sente compaixão diante da aflição do outro.
Poder e consumo
A liderança
Líderes e seguidores
CONCLUSÃO
Com origem na competição pela reprodução sexual, a desigualdade
entre os seres humanos relativamente ao poder estendeu-se, ao
longo da história, aos sistemas de governação, de complexidade
crescente e à propriedade e ao uso de uma série de bens materiais e
imateriais. Ao contrário da ideia de que ter ou não poder resulta
automaticamente de disposições pessoais, tem-se observado que a
posse e a falta de poder influenciam fortemente não só as relações
sociais e o comportamento, como também a cognição, os afetos, os
juízos de moralidade e as próprias capacidades de decisão e de
ação. O poder é instável: gera ilusões de controlo e, quando
percebido como ilegítimo, suscita a revolta. Nos conjuntos sociais
organizados e definidos por um objetivo, o poder procura exprimir-
se como liderança, mas as formas desta conduzem a perceções e
reações diversas que dependem de fatores sociopsicológicos. Na
sociedade atual, de crescente globalização e de extrema agudização
das desigualdades, a questão da liderança tornou-se particularmente
candente para os grupos que possuem o poder.
Capítulo VI
O Dinheiro
A especificidade do dinheiro
As pessoas diferem entre elas pelo grau de motivação pelo dinheiro, de esforços
que fazem para obtê-lo e da satisfação que o mesmo lhes proporciona. Porém,
pode dizer-se que, salvo casos excecionais, ninguém é indiferente ao dinheiro e
ninguém recusaria tê-lo. Uma questão importante é a da especificidade do
dinheiro. Será que o dinheiro traz a quem o recebe a mesma satisfação que
qualquer outro bem? Será que, enquanto elemento influente da relação com os
outros, produz a mesma satisfação que a receção de uma manifestação de
simpatia? Será, dito de maneira mais abrangente e abstrata, que a recompensa
produz os mesmos efeitos no comportamento, independentemente de ser
monetária ou social? Parece que sim.
Quando se tem dinheiro, a vida parece ser melhor do que quando não se tem. De
facto, as dificuldades de dinheiro estão associadas à mortalidade mais
precoce 421, à depressão e a outros problemas de saúde 422. Quem tem dinheiro
pode enfrentar mais facilmente situações inesperadas, cujas soluções podem
exigir meios financeiros fora do habitual. No entanto, o amor pelo dinheiro e a
sua posse também podem ter consequências desfavoráveis, em particular no que
diz respeito às relações interpessoais. As pessoas que valorizam muito o dinheiro
e as relações no seio da família são frequentemente vítimas de stress423. Existe a
ideia de que o dinheiro é bom para o “eu” pessoal e mau para o “eu” interpessoal
de muitos de nós424. O que quer isto dizer e quais são as evidências empíricas? O
desejo de dinheiro conduz os indivíduos a concentrarem-se no desempenho
pessoal, o que requer esforço. A preocupação pelo sucesso acompanha-se de um
sentimento de autossuficiência e da tendência para reservar para si as decisões e
atividades importantes. As atividades centradas no dinheiro contribuem para a
criação de um modo de pensamento em que a pessoa calcula transações,
entradas e saídas, sendo menos sensível às necessidades dos outros. A este modo
de pensamento opõe-se outro, baseado na valorização das relações humanas
caracterizadas pelo afeto e pela intimidade.
Trocar o presente pelo futuro e reagir aos grandes e aos pequenos ganhos e
perdas
É possível diferir um ganho no tempo para que ele se torne maior. Tal decisão
implica uma crença: a de que o mundo não só não é totalmente aleatório, mas,
na sua previsibilidade parcial, é minimamente justo. Esta crença num mundo
justo desenvolve-se na infância. Assim, à medida que as crianças avançam em
idade, tornam-se mais capazes de se privar de uma recompensa imediata para
obter uma maior mais tarde. Porém, mesmo adulto, quando esta crença é
ameaçada, observa-se um aumento do desejo de gratificação imediata.
Uma condição necessária desta mudança terá sido, sem dúvida, uma
produção sustentada, suscetível de criar um excedente permanente de bens
relativamente àqueles que eram indispensáveis à sobrevivência de todos. Mas
esta condição não é suficiente. Que forças fizeram com que se abandonasse o
antigo contrato social de repartição? Por mais extraordinário que pareça, a
principal força determinante desta mudança pode ter sido a variabilidade
interindividual intrínseca às características psicológicas dos indivíduos. Mais
especificamente, a sua variabilidade na tendência a adotar uma taxa de desconto
temporal mais ou menos exigente no adiamento da obtenção das recompensas.
Esta hipótese foi proposta num estudo461 sobre uma pequena sociedade
pré-industrial da Amazónia boliviana, os Tsimane’, nos estádios iniciais de uma
exposição contínua à economia de mercado. Os Tsimane’, cerca de 8000
indivíduos que vivem em mais de 100 aldeias ao longo de margens de um rio,
caçam, pescam, colhem plantas e praticam uma agricultura de corte e queima.
Já nos referimos a eles neste capítulo, para ilustrar como a pressão da economia
de mercado pode transformar os comportamentos e os sentimentos de uma
sociedade caracterizada pela partilha e a troca direta de bens. Aqui, o que nos
interessa é analisar como, neste tipo de sociedade, pode nascer uma desigualdade
socioeconómica a partir de características intrínsecas aos indivíduos quando o
desenvolvimento das condições de produção e de trabalho o permite. Faltando
dados sobre este processo na história da humanidade, o encontro de comunidades
baseadas na partilha e na troca com a sociedade atual de economia de mercado
constitui uma fonte possível de evidência.
CONCLUSÃO
O futuro é o mundo dos possíveis. E só um dos possíveis, no que
concerne a espécie humana, se realiza a cada momento, através de
um jogo extremamente complexo de interações entre variáveis
ambientais, tecnológicas, económicas, sociais e mentais, incluindo a
vontade dos homens e das mulheres. Um dos possíveis que
dependem da vontade humana é que os bens de base da nossa
época, como a água, o abrigo, o aquecimento, a comida, a roupa, a
higiene, a saúde, a educação, a informação, a cultura, o transporte e
o descanso, venham a ser subtraídos à economia de mercado. No
fim desta evolução, a economia de mercado poderia manter-se para
aquilo que é único, como possuir uma joia ou a pintura de um
mestre, assistir a um espetáculo artístico, realizar uma viagem
extraordinária, fazer uma refeição preparada por um grande
cozinheiro. A paciência, preferência pelo melhor futuro, continuaria,
então, a caracterizar cada indivíduo, movido pelo seu anseio de
excelência, de ser o mais importante, o mais admirado, o mais
respeitado e o mais amado, porque ser o mais poderoso e o mais
rico teriam perdido o seu significado presente.
CAPÍTULO VII
Teoria de Portefólio;
CAPM;
Hipótese do Mercado Eficiente.
Segundo Shiller 471, “a teoria dos mercados eficientes tem por base que
habilidades diferentes não levam a desempenhos diferentes nas aplicações. Ela
afirma que as pessoas mais inteligentes não serão capazes de se sair melhor que
as menos inteligentes. Em termos de retorno esperado sobre os investimentos,
pode-se escolher ações aleatoriamente”. A discussão sobre a eficiência dos
mercados ainda é um dos tópicos não resolvidos em finanças. Como se viu, um
dos pressupostos da teoria dos mercados eficientes é que os investidores agem
racionalmente. Logo, a discussão acerca da racionalidade dos tomadores de
decisão tem importância capital para as finanças, porque, diferentemente de
outras ciências sociais, esta ainda se apoia na crença de que o comportamento da
maioria dos agentes económicos pode ser explicado assumindo que eles têm um
padrão de preferências estável e bem definido, fazendo sempre escolhas
racionais472. Porém, os humanos, em inúmeras situações, fazem escolhas não
racionais.
Finanças Modernas
O CAPM
O terceiro pilar das finanças modernas é o Capital Asset Pricing Model (CAPM),
que especifica as condições de equilíbrio no mercado de títulos de renda variável.
De acordo com Tobin477, numa situação de equilíbrio, o retorno de um
investimento em determinado ativo deve apresentar dois prémios: o do tempo e o
do risco corrido. O prémio pelo tempo representa uma recompensa pelo não
consumo imediato de uma renda. O prémio do risco é equivalente à diferença
entre os retornos pagos e a taxa livre de risco. Assim, os investidores somente
aceitarão comprar um ativo com risco se o retorno esperado compensar
adequadamente o risco. Além das premissas adotadas por Markowitz, Sharpe
adotou novas premissas para formular o CAPM:
Mercado Eficiente
AS PRIMEIRAS EVIDÊNCIAS
A CRÍTICA DA RACIONALIDADE
Resumindo:
No início dos anos 70 do século XX, Tversky observou que, por vezes, os
decisores usam estratégias de análise diferentes quando têm à disposição muitas
alternativas e um tempo limitado para tomar decisões. Nesta situação, não
tentam manipular mentalmente todos os atributos ponderados e todas as opções
disponíveis. Tversky verificou que, normalmente, em decisões que envolvem
escolhas entre várias alternativas, os humanos utilizam um processo de
eliminação por aspeto. Primeiro, concentram-se num aspeto ou atributo das
diversas opções disponíveis, estabelecem um critério mínimo para o mesmo e
eliminam todas as opções que não satisfaçam este aspeto. Logo a seguir,
selecionam um segundo aspeto, que é aplicado às opções remanescentes. Este
processo é repetido até que reste apenas uma alternativa. Como exemplo, pode-
se considerar um investidor que tenha de escolher uma ação para comprar.
Como primeiro critério, ele estabelece que a relação preço da ação dividido pelo
seu lucro deve ser maior que 0 e menor que 6. Seleciona, então, um grupo de
ações. A seguir, determina que a relação entre preço e valor patrimonial da ação
deve ser inferior a 1, reduzindo o grupo de ações ainda mais. Determina, a
seguir, que a ação deve ter liquidez ou ter tido, em média, mais de 10 negócios
diários no último ano. E vai selecionando até restar apenas uma ação para
comprar. Apesar de, aparentemente, ter utilizado um critério racional no
processo de eliminação por aspetos, na verdade, não fez escolhas ótimas. Uma
ação que tivesse uma relação preço/lucro ligeiramente maior que 6 poderia ter
um desempenho superior por outros critérios, tornando-a, dada uma estratégia de
investimento definida, a melhor escolha.
A CONTABILIDADE MENTAL
Algumas vezes, a contabilidade mental é bastante positiva, por
exemplo, na separação, a cada início de mês, de uma parte do
orçamento para poupança com a finalidade de adquirir uma casa,
para o estudo dos filhos ou para as próximas férias. Mas, outras
vezes, faz com que as pessoas paguem juros muito altos, pedindo
empréstimos só para não mexer em algum compartimento
“sagrado”, como a poupança para a compra de casa própria, por
exemplo. O indivíduo pode ter parte do seu portefólio de
investimentos a render 9% ao ano e estar a pagar 40% ao ano para
contrair um empréstimo destinado a cobrir um furo do orçamento
doméstico.
CONCLUSÃO
A análise de decisões pode ser dividida em três categorias:
normativa, descritiva e prescritiva 510. A análise normativa
preocupa-se com a solução racional dos problemas de decisão e
define o processo de decisão ideal. A descritiva refere-se à maneira
como as pessoas tomam decisões. E a prescritiva fundamenta o
aconselhamento prático para ajudar as pessoas a tomar decisões
mais racionais. As finanças comportamentais tentam entender de
forma descritiva as decisões e podem servir para o enriquecimento
das prescrições dadas aos investidores. Quando um analista
financeiro trabalha com um investidor, ele normalmente idealiza um
investidor racional, capaz de entender de forma clara que uma
perda de parte do património é algo absolutamente esperado num
investimento de risco; alguém capaz de dizer claramente o que quer
e o que não quer. Porém, o investidor real, muitas vezes, é alguém
muito diferente do ideal: está cheio de intenções ocultas, medos e
expectativas que não são explicadas ou sequer conhecidas por ele
próprio.
Viver Feliz
Esta ideia, porventura quase tão velha como o pensamento, foi elaborada
há mais de 2300 anos por Aristóteles511: a felicidade (eudaimonia,
etimologicamente “espírito guardião do bem”) é o “sumo bem”, o valor supremo
acima de todos, o fim dos fins. “Tanto o vulgo como os homens de cultura
superior dizem ser esse fim a felicidade e identificam o bem viver e o bem agir
com o ser feliz.” Porém, o homem do vulgo “não o concebe do mesmo modo
que os sábios”, identifica-o “com diferentes coisas, com a saúde quando está
doente, e com a riqueza quando é pobre” (I, 4). Para Aristóteles, a felicidade “é
procurada sempre por si mesma e nunca com vistas em outra coisa” (I, 13),
sendo atingida vivendo-se de acordo com a virtude (arête) . Eudaimonia é um
conceito ético, é a felicidade feita de virtude, de conhecimento do bem e do mal.
Veremos adiante que esta noção é ainda mantida como um dos termos, sendo o
outro hedonia, de uma dualidade (segundo os autores, integrável ou não)
característica da felicidade ou do bem-estar subjetivo.
Faz parte da complexidade da vida mental dos seres humanos a competição entre
sistemas motivacionais, portanto, entre expectativas e desejos de gratificações
diferentes. A motivação sexual pode favorecer o estabelecimento de uma
relação romântica num casal e contribuir para um sentimento estável de
felicidade, mas pode também, mais tarde, competir com aquela relação e levar
à sua destruição. A procura incessante de maior riqueza ou de maior prestígio
social pode conduzir a uma atividade frenética, que deixa pouco tempo para o
sentimento de bem-estar subjetivo e mergulha o indivíduo no stress e na
ansiedade. Em certas situações, o sistema motivacional sexual e/ou romântico
pode até entrar em competição com o sistema motivacional orientado para a
riqueza e/ou o prestígio. Não parece, portanto, que possamos estabelecer relações
simples entre os diversos objetivos perseguidos pelos indivíduos, e muito menos
entre os objetivos específicos de um domínio (sexo, riqueza, poder, etc.) e os
objetivo de bem-estar ou felicidade.
Como veremos mais adiante, o BEO condiciona o BES, mas não faz
parte dele. Na utilidade psicológica, pode distinguir-se entre a utilidade processual
– as emoções positivas associadas à atividade – e a utilidade instrumental519.
Kahneman distinguiu também entre a utilidade da decisão, a utilidade
esperada 520 e a utilidade experimentada 521. Para este autor, a utilidade
experimentada, a que chama também bem-estar hedónico, é um aspeto do BES,
sendo o outro a avaliação da vida, menos emocional e incluindo essencialmente
os pensamentos do indivíduo sobre a sua vida 522. Esta distinção recebe também
outros nomes, como “experiência on-line da utilidade” e “avaliação global da
vida” 523. O critério desta distinção é, portanto, duplo: refere-se à natureza do
estado mental, essencialmente emocional ou essencialmente cognitivo, e ao
intervalo temporal, ou seja, respetivamente o momento atual ou recente e um
período longo, que pode até ser a vida inteira.
A equipa norueguesa cujas ideias temos vindo a expor não considera que
a hedonia e a eudaimonia sejam apenas sentimentos. Elas são também, uma e
outra, orientações ou disposições. Alguns indivíduos dão mais importância à
componente hedónica das suas vidas, outros à componente eudaimónica. Aqueles
autores previram que, enquanto as situações que não implicam desafio suscitam
sentimentos hedónicos reforçados em caso de orientação hedónica, as situações
de desafio causam sentimentos eudaimónicos reforçados por uma orientação do
mesmo tipo. Para verificarem estas predições, utilizaram o Método de
Reconstrução do Dia (MRD) (ver a caixa a seguir). Os participantes no estudo
também avaliaram os itens da Escala de Satisfação na Vida 530 (“Estou satisfeito
com a minha vida”, “Ao longo da minha vida fui obtendo as coisas importantes
que desejava”, etc.) e de outra escala 531 que põe em evidência o crescimento
pessoal (através de itens de curiosidade e competência, por exemplo);
finalmente, avaliaram a felicidade e o interesse que experimentam em certos
episódios. Os resultados confirmaram as predições. As situações fáceis
suscitaram sentimentos hedónicos e as situações difíceis promoveram
sentimentos eudaimónicos. Comparando os indivíduos que manifestaram valores
altos em satisfação com a vida e os que manifestaram valores altos em
crescimento pessoal, verificou-se que nas situações fáceis só a satisfação com a
vida contribuiu para a felicidade episódica, enquanto nas situações difíceis só o
crescimento pessoal mostrou uma tendência neste sentido. Assim, a hedonia está
relacionada com as partes fáceis e agradáveis da vida, e a eudaimonia com o
desafio e a luta. Esta conclusão parece evidente, mas alguns autores defendem o
contrário, que “a felicidade nasce menos da experiência passiva de
circunstâncias desejáveis que da implicação em atividades que conduzem a um
objetivo” 532 e que “é o processo de esforçar-se para alcançar objetivos – mais
do que alcançá-los – que é crucial para a felicidade” 533. Afinal, estas
afirmações espelham apenas um tipo de orientação, mesmo que, admitimos, este
tipo de orientação – para o crescimento pessoal –tenha vindo a ser o motor do
progresso da humanidade. Acrescente-se que orientação dominante não é
orientação exclusiva. Um indivíduo pode guiar-se pela eudaimonia em certos
aspetos ou momentos da sua vida e pela hedonia noutros, e a sabedoria pode estar
na harmonização de ambas. O dilema de Hércules pode ser um falso dilema. As
jovens que lhe indicaram caminhos diferentes foram chamadas Prazer e Virtude
pelos respetivos inimigos, mas mais sábios foram os amigos de ambas, ao
chamarem-lhes Felicidade.
A AVALIAÇÃO DA VIDA
Esta distinção foi considerada num estudo537 em que, nos anos 2008
e 2009, mais de 450 mil residentes nos EUA responderam por
telefone a várias perguntas sobre o seu bem-estar subjetivo.
Comparando com dados do Gallup World Poll, relativos a 151 países,
esta população obteve uma nota elevada em avaliação da vida: em
média, 6,76 (numa escala de 0 - “a pior vida possível” - a 10 - “a
melhor vida possível”), o que representa o 9.º lugar entre os países,
depois dos da Escandinávia, do Canadá, da Holanda, da Suíça e da
Nova Zelândia. Este grupo foi também 5.º em felicidade e 10.º em
prazer, mas 69.º em tristeza, 75.º em cólera, 89.º em preocupação e
um dos piores em stress (no geral, o stress é mais elevado nos países
com maior rendimento nacional bruto538). Distinguindo os
entrevistados em função do rendimento anual, observa-se uma
dissociação entre as medidas de bem-estar emocional e a avaliação
da vida: para esta última, a nota continua a subir acima de 120 mil
dólares, mas, para o bem-estar, a relação positiva registada até 75
mil dólares (dois terços da população norte-americana não têm
rendimento maior) tende a estagnar a partir deste montante. A
pobreza (rendimento mensal inferior a 1000 dólares,
correspondendo a 10% da população) exacerba consideravelmente
a dor provocada por infortúnios como o isolamento, o divórcio e as
doenças. Assim, ter mais dinheiro não permite comprar mais
felicidade e emoções positivas, mas dispor de muito pouco dinheiro
está associado a sofrimento.
O conto de Leo Tolstoi De quanta terra um homem precisa? (How Much Land
Does A Man Need?) permite, ainda hoje, refletir acerca do dinheiro e da
felicidade que se pode comprar com ele. A história conta a saga de Pakhom, um
camponês russo que vivia com a família numa pequena fazenda e que dividia
com os vizinhos o pasto para os animais.
CONCLUSÃO
A vontade de progredir e realizar é fundamental para a felicidade
humana e para o progresso de uma sociedade. Pessoas acomodadas
e sem vontade de mudar a vida e o mundo tendem a não ser muito
felizes. É justo que as pessoas tentem melhorar as suas vidas. É
extremamente desejável que as pessoas acumulem bens que lhes
permitam ter tranquilidade material. A busca do progresso
individual, se feita com ética e serenidade, possibilita o progresso de
todos. Mas é fundamental estabelecer limites para os desejos
compatíveis com as possibilidades de cada um. Evite que a sua vida
seja consumida pela louca corrida para ter cada vez mais. Lute para
progredir, guarde uma parte do que você ganhar para quando se
reformar, mas não se esqueça de aproveitar a vida, porque ela é
finita.
Glossário relativo aos jogos económicos
Jogo do Ditador (JD) – O jogador 1 (J1) recebe uma certa quantia e pode
partilhá-la com o segundo jogador (J2), na proporção que achar melhor. J2 não
pode recusar o que J1 lhe oferecer.
Jogo do Vinte e Um – O dealer dá a cada jogador duas cartas, uma com a face
visível e a outra não. Cada jogador pode pedir mais cartas, sendo o objetivo
alcançar o maior número possível de pontos e mais do que o dealer. Se o seu total
de pontos acumulados exceder 21, há falência. O dealer tem de tirar cartas até
obter, pelo menos, 16 pontos e deve parar quando se encontrar com 17 ou mais.
O jogador pode decidir continuar ou parar.