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Boas Práticas de Fabricação de Polpa de Acerola

Book · June 2015

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2 authors:

José Carlos Moraes Rufini Adriane Coelho


Federal University of São João del-Rei Universidade Federal de Lavras (UFLA)
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Boletim de Extensão

Boas Práticas de
Fabricação de Polpa
de Acerola
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI

CURSO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO


DE POLPA DE ACEROLA

Ano 1 – número 2
Sete Lagoas
2015
Coordenação:
Prof. Dr. José Carlos Moraes Rufini

Autores:
José Carlos Moraes Rufini 1
Adriane Duarte Coelho2
Aline Martineli Batista2
Amanda Cristina Guimarães Sousa 2
Ana Clara Pimenta Pereira 2
Camila Calsavara Rocha 2
Fernanda Gonçalves Santos 2
Flávio Araújo de Moraes 2
Igor Franco Rezende 2
Júlia Rodrigues Macedo 2
Lívia Cristina Martins Santos3
Mariana Alves Pinto Barbosa 2
Samara Cristiele Barros da Cruz 2
Talita Júnia Silva Cândido 3
Tiago da Silva Almeida 2
Yesenia Mendoza Garcia4
Mayara Neves Santos Guedes5

1
Tutor PET, Departamento de Ciências Agrárias - UFSJ
2
Bolsista PET, Graduando (a) em Engenharia Agronômica - UFSJ
3
Graduando Eng. Alimentos - UFSJ
4
Estudante de mestrado do Programa de Pós-graduação em Ciências
Agrárias - UFSJ
5
Bolsista Pós-Doutorado PNPD CAPES - UFSJ

Boletim de Extensão
Sumário

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................5


2. COLHEITA E PÓS-COLHEITA.................................................................6
3. PROCESSAMENTO .......................................................................................8
3.1 Etapas do processamento .............................................................................11
3.1.1 Recepção e seleção ..........................................................................................11
3.1.2 Limpeza..............................................................................................................12
3.1.3 Sanitização ........................................................................................................12
3.1.4 Despolpamento e refino.................................................................................14
3.1.5 Envase.................................................................................................................15
3.1.6 Congelamento ..................................................................................................16
3.1.7 Armazenamento ..............................................................................................16
4. ROTULAGEM ................................................................................................16
5. EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS ........................................................17
5.1 Higienização dos equipamentos e de utensílios .....................................18
5.1.1 Pré-lavagem......................................................................................................18
5.1.2 Limpeza com detergente...............................................................................18
5.1.3 Desinfecção .......................................................................................................19
6. BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO ..................................................20
7. AGRADECIMENTOS ..................................................................................22
8. LITERATURA CONSULTADA ................................................................22
ANEXO DE FIGURAS...............................................................................................25

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1. INTRODUÇÃO
O Brasil está entre os poucos países do mundo que
cultivam a aceroleira (Malpighia emarginata D.C.) e
comercializam seu fruto, tanto na forma in natura quanto
processado. Existe uma crescente utilização deste fruto, devido a
sua riqueza nutricional. Os frutos de acerola são considerados
como uma excelente fonte de vitamina C (ácido ascórbico), fonte
de pró vitamina A, também possui vitaminas do complexo B,
como: tiamina (B1) riboflavina (B2) e niacina (B3) e minerais
como o cálcio (Ca), ferro (Fe) e fósforo (P), características que o
têm valorizado e elevado à demanda pelo produto no mercado
externo e interno.
Considerando que a maior parte da produção dos frutos de
acerola se concentra no período de primavera e verão e os frutos
são delicados com acelerada deterioração, as atividades de pós-
colheita são de grande importância para conservação da qualidade
dos frutos.
Neste cenário a produção de polpa de acerola congelada,
aliada as boas práticas de pós-colheita, se destaca como uma
importante alternativa para máximo aproveitamento dos frutos no
período de safra, possibilitando a estocagem das polpas fora da
época de produção dos frutos in natura.

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A produção de polpas de frutas congeladas está


relacionada com a atuação e interesse de agroindústrias, como é
caso das pequenas produções familiares. Porém por falta de
conhecimento técnico sobre boas práticas de fabricação muitas
delas apresentam deficiência de condições higiênicas sanitárias e
conduzem o processamento da polpa de fruta de forma
inadequada, comprometendo assim a qualidade final do produto.

2. COLHEITA E PÓS-COLHEITA


O fruto de acerola é uma drupa de três nódulos, ovais,
pesando de 3 a 16 gramas, quando maduros apresenta a cor da
casca vermelha brilhante à arroxeada e a polpa alaranjada. Em
geral os frutos apresentam três sementes que lhe conferem às
vezes um formato triangular (Figura 1). As características dos
frutos podem variar de acordo com as condições ambientais, tipo
de solo, irrigação e características genética da planta.
Para uso “in natura” os frutos são colhidos quando
maduros e para o processamento, podem ser colhidas antes da
maturação completa. Como não há frutificação contínua durante
longos períodos, a colheita é realizada todos os dias durante a
safra, ou a cada dois a três dias, para evitar perdas pela queda dos
frutos.

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Os frutos são colhidos manualmente e devem ser


manuseados com muito cuidado. No momento da colheita, os
frutos devem ser mantidos à sombra, pois sua exposição aos raios
solares diminui o teor de vitamina C e os deprecia por perda de
umidade. São então transportados para a casa de beneficiamento,
onde são submetidos à rigorosa seleção para eliminar os frutos
imaturos, muito maduros, moles, deformados e danificados por
injúrias, fungos ou insetos.
Uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos
produtores de acerola e da indústria de processamento é que a
fruta é altamente perecível quando madura, resultando em sérias
perdas de qualidade durante e após a colheita. Esse processo é
resultado de uma atividade de respiração muito intensa do fruto, o
que o classifica como climatérico, pois apresenta aumento
acentuado da taxa de respiração na fase de amadurecimento,
acompanhado por perda da firmeza (textura), mudança da cor,
sabor e do aroma.
O uso de tratamentos pós-colheita são muito
importantes para estender a vida de prateleira para
a comercialização do fruto “in natura” e para o processamento.
Para conservar a vida útil dos frutos da acerola deve-se manejar
os fatores que possam diminuir as taxas de respiração e de síntese
e atividade do etileno, por meio dos processos,

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resfriamento rápido, armazenamento refrigerado, atmosfera


modificada e transporte em condições refrigeradas.
O resfriamento rápido incide em retirar rapidamente o
calor presente na fruta, logo que essa chega do campo. Com um
pré-resfriamento eficiente, a temperatura da acerola pode ser
reduzida de mais ou menos 25ºC para 5ºC, em duas ou três horas.
Os frutos destinados ao consumo in natura são
adicionados em embalagens plásticas, pesados e conservados por
refrigeração à temperatura de 7 a 8 p C e umidade relativa entre 90
a 95%, as quais permitem sua conservação por um período de até
3 a 10 dias a partir da colheita, viável somente para mercados
próximos. Acerolas destinadas a mercados agroindustriais
distantes, devem ser armazenadas sob congelamento a
temperatura iguais ou inferiores a -20 p C.

3. PROCESSAMENTO
O processamento de acerola é uma atividade
agroindustrial importante na medida em que agrega valor
econômico à fruta, evita desperdícios e diminui perdas que
podem ocorrer durante a comercialização do produto in natura,
além de garantir a oferta de produtos beneficiados nos períodos

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de entressafra, podendo ser transportados á longa distância mais


adequadamente, na forma industrializada.
As acerolas apresentam alto rendimento de polpa e possui
inúmeros produtos alimentícios, sendo as formas mais comuns de
comercialização a polpa congelada e o suco engarrafado. Sendo
que os atributos e composição destes produtos no Brasil precisam
seguir os padrões de identidade e qualidade para polpas e sucos de
frutas.
Em pequena escala, a acerola é também empregada na
fabricação de produtos como néctares, geleias, produtos
liofilizados, conservas, licores, vinhos, sorvetes, xaropes, balas e
acrescentada a sucos de outras frutas para aumentar o teor de
vitamina C.
A polpa de fruta é o produto não fermentado, não
concentrado, não diluído, obtido de frutos polposos, por meio de
processo tecnológico adequado, com um teor mínimo de sólidos
solúveis, proveniente da parte comestível do fruto. As
propriedades físicas, químicas e organolépticas das polpas
precisam ser as originárias do fruto de origem e não podem ser
transformadas pelos equipamentos, utensílios, recipientes e
embalagens utilizadas durante o seu processamento e
comercialização.

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Na fabricação de polpas congeladas, o ideal é que os frutos


sejam processados no estádio ótimo de maturação, apresentem
maturação semelhante, uma vez que apresentaram o
desenvolvimento completo da cor, textura, sabor e aroma, além de
outras características desejáveis de pH, Brix e acidez. Uma polpa
de boa qualidade é obtida por meio de cuidados como os tratos
culturais durante a colheita e tais cuidados precisam conservar-se
nas atividades de pós-colheita.
Em relação a aditivos, na polpa de acerola podem ser
adicionados corantes naturais para correção da cor. A polpa de
acerola deve obedecer aos Padrões de Identidade e Qualidade
fixada para polpas de frutas, de acordo com a INSTRUÇÃO
NORMATIVA Nº 01, DE 7 DE JANEIRO DE 2000 do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Na tabela 1 são apresentadas as caracterís cas que a polpa
ou purê de acerola devem conter.

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Tabela1: Teores mínimos e máximos da composição da polpa de


acerola.
Teores Mínimo Máximo
Sólidos solúveis em ºBrix, a 20 C 5,5 -
PH 2,8 -
Acidez total (ácido cítrico g/100g) 0,8 -
Ácido ascórbico (mg/100mg) 800,00 -
Açúcares totais (g/100g) 4,00 9,5
Sólidos totais (g/100g) 6,5 -
Fonte: Brasil, 2000

3.1 Etapas do processamento


O processamento de polpa corresponde pelas seguintes
etapas: recepção, seleção, lavagem, descaroçamento, trituração,
despolpamento, tratamento térmico, embalagem, congelamento,
armazenamento e distribuição.

3.1.1 Recepção e seleção


Nessa etapa as frutas precisam ser pesadas e
selecionadas quanto ao seu ponto de maturação. É necessário
selecionar as frutas tendo em vista à remoção de detritos,
folhas, poeira e injúrias. São retiradas todas as frutas que
venham a comprometer a qualidade do produto final. Pode ser

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feita por escolhedores treinados ao longo de uma esteira


transportadora lisa, de roletes ou em mesa para essa função.
A seleção e a classificação podem ser realizadas levando-
se em conta vários parâmetros, entre eles tamanho, cor da casca e
textura. Para a produção de polpas, a classificação não deve ser
rigorosa nos quesitos tamanhos e uniformidade da superfície,
uma vez que esses frutos serão esmagados. Para essa sessão,
devem ser levados em consideração o treinamento dos
selecionadores e a iluminação (Figura 2).

3.1.2 Limpeza
Nessa etapa utiliza apenas água para a lavagem, podendo
ser por imersão, por agitação ou por aspersão dos frutos. Uma
lavagem prévia é necessária para a remoção de sujidades mais
grosseiras. Torna-se imprescindível, portanto, a utilização de
água de boa qualidade (Figura 3).

3.1.3 Sanitização
O cloro é o sanitizante químico de maior utilização, em
função da sua rápida ação e facilidade de utilização. O controle do
processo de sanitização por meio da concentração correta de cloro
ativo é importante por garantir não somente a eliminação

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de parte da carga microbiana do alimento, mas também de não


alterar as características organolépticas do alimento.
Podem ser utilizadas as seguintes soluções e
concentrações de sanitizantes:
- Hipoclorito de sódio a 2,0 - 2,5% ou 100 a 250 mg/kg
- Hipoclorito de sódio a 1% ou 100 a 250 mL/L
- Cloro orgânico 100 a 250 mL/kg
Geralmente a água deve conter em média de 50 a 100
mg/kg de cloro residual livre (CRL), as frutas devem ser imersas
por 15 minutos (Figura 3). Antes de preparar a mistura é
imprescindível conferir no rótulo da embalagem de hipoclorito
qual é a concentração de “cloro livre”, ou “cloro ativo”.

Tabela 2. Sugestão para o preparo de água clorada a 100 mg/kg


para sanitização, utilizando hipoclorito de sódio comercial
(NaOCl) em diferentes concentrações

Volume Quantidade de hipoclorito de sódio (% de cloro livre)


de água 5% 10% 15% 20%
50 Litros 100 mL 50 mL 33 mL 25 mL
100 Litros 200 mL 100 mL 66 mL 50 mL
200 Litros 400 mL 200 mL 133 mL 100 mL
Fonte: Chitarra, 1998

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Observações importantes:
 Remover a água clorada a cada 5 imersões, ou, assim que
considerá-la imprópria para utilização. O cloro perde
atividade à medida que é usado.
Atentar ao preparar a solução, utilizando avental
impermeável, máscara protetora e luvas de borracha. A
inalação do vapor do cloro ou o contato com a pele pode
ser muito tóxico ao organismo.
Atentar para as recomendações que compõe o rótulo da
embalagem.
 Jamais faça o uso de água sanitária para o processo de
sanitização de frutas e outros alimentos, pois pode conter
outros compostos químicos inapropriados, como a soda
cáustica.

3.1.4 Despolpamento e refino


A separação da polpa do fruto de acerola incide em passar
os frutos inteiros ou desintegrados em despolpadeira, composta
de peneiras rotativas que separa a polpa da semente. O
equipamento em aço inox é constituído de peneiras de diferentes
diâmetros de furos, com saídas para a polpa e resíduo (Figura 4).
Em geral, o despolpamento ocorre em dois estágios:

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- No primeiro, é retirada a casca e/ou sementes (as


sementes devem ser retiradas inteiras, pois a sua desintegração
pode conferir sabor estranho ao produto).
- No segundo momento, tem-se o refinamento da polpa.
No estágio de refinamento, a polpa passa por peneiras com furos
de diâmetros diferentes e específicos.

3.1.5 Envase
A polpa obtida é envasada em sacos de tamanho variado
com auxílio de enchedeiras, semi-automáticas, automáticas ou
por meios manuais. A embalagem mais utilizada são sacos de
polietileno de diferentes densidades, com capacidade de 50, 100,
500 ou 1.000 mL, a escolha vai depender do mercado a qual se
destina a polpa. Em seguida, devem ser fechados usando-se uma
seladora para sacos plásticos e logo em seguida deve ser
congelada (Figura 5).
Problemas podem ocorrer com o rompimento da solda das
embalagens das polpas, permeabilidade ou perfuração dos sacos
causados pelos cristais de gelo, o que pode servir de entrada para
contaminantes. Daí a importância de uma embalagem de alta
qualidade que seja adequada a uma boa “soldagem”.

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3.1.6 Congelamento
Logo que envasada, a polpa deve ser congelada no menor
tempo possível para conservar as características originais, mais
próximas dos frutos in natura. Para isso, devem ser utilizados
equipamentos em que a temperatura alcance -40 a -60 ºC,
(congelamento rápido) e seja estocada a -20 ºC.

3.1.7 Armazenamento
A polpa deve ser estocada a –20 ± 2 ºC em freezer ou
câmaras frias até o momento do consumo, seguindo a cadeia do
frio, por um prazo que pode variar de 4 a 12 meses. Não exceder a
capacidade máxima do equipamento, de maneira que ocorra boa
circulação de ar entre as paredes do freezer e entre as embalagens.

4. ROTULAGEM
O rótulo da embalagem deverá conter as seguintes
informações:
 Denominação: polpa de acerola
 Quantidade em gramas (g).
 Data de fabricação.
 Prazo de validade.

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 Expressões: 100% integral (caso o produto não possua


qualquer aditivo), não-fermentado e não-alcoólico.
 Denominação: Indústria Brasileira e Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
 Nome e endereço da empresa, CGC e inscrição estadual.

5. EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS


Para o processamento de polpa de acerola são
indispensáveis os seguintes equipamentos e utensílios:
- Tanque de alvenaria azulejado ou de aço inoxidável, para
lavagem.
- Mesas para seleção (em aço inoxidável).
- Mesas para preparo (em aço inoxidável).
- Mesa para a polpa embalada.
- Balança.
- Desintegrador ou liquidificador industrial (em aço
inoxidável).
- Despolpadeira (em aço inoxidável).
- Dosadora ou envasadora (em aço inoxidável).
- Termosseladora ou máquina para fechar sacos de plástico
(a quente).
- Câmara para congelamento ou freezer.

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- Baldes, facas, cestos para lixo e caixas de plástico.

5.1 Higienização dos equipamentos e de utensílios


Os equipamentos devem ser desinfetados e higienizados,
pois os mesmos são fonte de contaminação sendo capazes de gerar
películas de difícil remoção.
A limpeza e sanitização das áreas de processamento
(paredes, pisos, tetos, entre outros), assim como todo o ambiente
da agroindústria necessitam ser praticadas diariamente.

5.1.1 Pré-lavagem
Na primeira etapa se utiliza apenas água para a lavagem,
podendo ser por imersão, por agitação ou por aspersão dos materiais.
Uma lavagem prévia é necessária, para a redução da quantidade de
resíduos grosseiros, que por sua vez, ficam aderidos nas superfícies dos
utensílios, equipamentos e outros materiais.

5.1.2 Limpeza com detergente


Posteriormente a pré-lavagem é realizada a limpeza
com detergentes. Deve se usar uma esponja sintética e
detergente neutro, porque cerdas de aço e escovas são capazes

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de provocar ranhuras que tendem a servir de depósitos de detritos,


proporcionando o desenvolvimento de microrganismos. Em
seguida é realizado o enxague com água limpa até que todo o
detergente e resíduos suspensos sejam removidos das superfícies.

5.1.3 Desinfecção
É a etapa relevante do processo de higienização, visto
que objetiva à eliminação de microrganismos patogênicos e
redução dos causadores de deterioração, até níveis que favorecem
segurança para a linha de processamento, nas superfícies de
equipamentos e utensílios.
A solução mais usada é a clorada entre 100 a 200 ppm,
que por vez pode ser preparada da seguinte forma:
- 1 a 2 mL de hipoclorito de sódio (10% de cloro livre) para 1 L de
água;
Em seguida, utiliza-se a solução de cloro preparada para
a sanitização dos equipamentos.
O lixo deve ser colocado em sacos plásticos dentro de
lixeiras com tampas, necessitando ser removido diariamente da
agroindústria, quantas vezes forem necessárias.

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6. BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO


A adoção das boas práticas de fabricação é o modo mais
viável para se obter níveis adequados de segurança alimentar,
contribuindo para a segurança da qualidade do produto final,
diminuindo riscos, admitindo um ambiente de trabalho mais
satisfatório e eficaz, potencializando totalmente o processo de
produção.
As boas práticas de fabricação são de grande
importância para controlar e minimizar as possíveis fontes de
contaminação cruzada, assegurado ao produto particularizações
de qualidade e identidade. Além de avaliar os mais distintos
aspectos da indústria, que vão desde a qualidade da matéria-prima
e dos ingredientes, abrangendo a especificação de produtos e a
seleção de fornecedores, a qualidade da água, bem como o
registro em formulários apropriados de todos os procedimentos e
etapas da empresa, até as recomendações de construção das
instalações e de higiene.
A equipe da agroindústria necessita receber treinamento
periódico e constante sobre as práticas sanitárias de manipulação
de alimentos e higiene pessoal, que implementam as ‘Boas
Práticas de Fabricação’. As condutas regulares de
higiene necessitam ser rigorosamente observadas e

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fiscalizadas, todos os dias, pelo supervisor da agroindústria,


refletindo-se na higiene dos empregados e nos seus uniformes.
Os empregados devem lavar as mãos com sabão
bactericida e esfregar as unhas com escova, em pia adequada
todas as vezes que ingressarem na área de preparação de
alimentos ou quando mudarem de atividade durante a
manipulação.
A verificação a saúde do manipulados é crucial no caso de
feridas, machucados ou cortes nas mãos por ser capaz de
influenciar a qualidade da produção. Assim as pessoas que
exibirem essas condições precisam ser afastadas da área de
manipulação, igualmente os funcionários com tosse, gripe,
resfriado ou alguma outra enfermidade.
As unhas necessitam ser conservadas sempre cortadas,
limpas e sem esmaltes. O uso de barba necessita ser sempre
evitado e os cabelos devem estar sempre presos.
Todos os funcionários da agroindústria precisam ser
orientados sobre o não uso de brincos, pulseiras, anéis e relógios,
tanto para impedir que contaminem e que se percam nos
alimentos.
Na área de processamento, todos devem usar uniformes
limpos, sem bolsos e sem botões, de cor branca (ou outra cor

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clara), toucas e botas. As toucas devem ser confeccionadas em


tecido ou em fibra de papel, devendo cobrir todo o cabelo.
O uso de luvas não é obrigatório desde que os funcionários
realizem a assepsia das mãos de modo correta e com frequência,
lembrando que é sempre mais difícil higienizar uma luva do que
as próprias mãos. Recomenda-se higienizar as mãos a cada 30
minutos, com géis à base de álcool a 70%.
O silêncio deve ser mantido durante o processamento,
para que não haja contaminação nos produtos. Favorecendo
sempre uma orientação para que o diálogo entre os empregados
restrinja-se às suas responsabilidades. Sendo também
expressamente proibido comer, portar ou guardar alimentos de
consumo no interior da área de processamento.

7. AGRADECIMENTOS
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas
Gerais (FAPEMIG) e ao PET Agronomia – UFSJ.

8. LITERATURA CONSULTADA


ALVES, R.E. Características das frutas para exportação. In:
GORGATTI NETTO, A. et al. Acerola para exportação:
procedimento de colheita e pós-colheita. Brasília: EMBRAPA-
SPI, 1996. P.9-12.

Boletim de Extensão Págin


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BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento.


Instrução Normativa n. 01, de 07 de janeiro de 2000. Aprova o
Regulamento Técnico Geral para fixação dos Padrões de
Identidade e Qualidade para Polpa de Fruta. (revoga a Instrução
Normativa n.12 de 10 de setembro de 1999). Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 jan. 2000. Seção
1, p. 54. BRASIL.

BRASIL. Comissão Nacional de Normas e Padrões para


Alimentos. Resolução nº. 12 de 1978. Aprova normas técnicas
especiais, do Estado de São Paulo, revistas pela CNNPA, relativas
a alimentos (e bebidas), para efeito em todo território brasileiro.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF,
Poder Executivo, 24 jul. 1978. Seção 1, pt. I.

BRASIL. Instrução normativa n° 1,de 7 de janeiro de


2000.Estabelece o regulamento Técnico Geral para fixação dos
Padrões de Identidade e Qualidade para polpas de fruta ,Diário
oficial da republica Federativa do Brasil, 2000.

CHITARRA, M.I.F. Processamento mínimo de frutos e


hortaliças. Viçosa: CPT, 1998, 88p. (CPT. Agroindústria,
manual, 155).

FEITOSA, M. E. B. O. T.; BASTOS, M. S. R.; FREITAS.M. L.;


MORAIS. A. S. Qualidade de polpas congeladas de frutas,
fabricadas e comercializadas nos estados do Ceará e Rio grande
do norte. B.CEPPA, Curitiba, v.16, n.1, jn/jun .1998.10.p.

F R E I TA S , C . A . S . ; M A I A , G . A . ; C O S TA , J . M . C . ;
FIGUEIREDO, R.W.; SOUZA, P.H.M. Acerola: produção,
composição, aspectos nutricionais e produtos. Revista
Brasileira de Agrociência. v. 12, p. 395-400, 2006.

Boletim de Extensão Págin


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MANICA, I. et al. Acerola: Tecnologia de produção, pós-


colheita, congelamento, exportação, mercados. Porto Alegre:
Cinco Continentes, 2003. 397p.

MATTA, V.M.; JUNIOR, M.F.; CABRAL, L.M.C.; FURTADO,


A.A.L. Polpa de fruta congelada. Brasília: Embrapa, 2005.
MORORÓ, R. C. Como montar uma pequena fábrica de
polpas de frutas. Viçosa, MG: Centro de Produções Técnicas,
2006. 1 DVD.

OLIVEIRA, M.E.B.; BASTOS, M.S.R.; FEITOSA, T.;


BRANCO, M.A.A.C.; SILVA, M.G.G. Avaliação de
parâmetros de qualidade físico-químicos de polpas
congeladas de acerola, cajá e caju. Ciênc. e Tecnol. de Aliment.,
v.19, n.3, p.326-332, 1999.

RITZINGER, R., RITZINGER,C. H. S. P. Acerola. Informe


Agropecuário, Belo horizonte, v.32,n.264, p.17-25, set./out.
2011.

Boletim de Extensão
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Anexo de
Figuras

Boletim de Extensão Págin


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Figura 1. Frutos de acerola maduros (A); Colheita manual de acerola (B).


Fonte: Adaptado de MANICA et al. (2003).

Figura 2. Seleção dos frutos de Figura 3. Limpeza e sanitização


acerola dos frutos

Boletim de Extensão
P á g i n a | 27

Figura 4: Despolpamento dos Frutos

Figura 5: Envase da polpa

Boletim de Extensão
Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de Minas Gerais

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