Você está na página 1de 16

O CONTADOR DE HISTÓRIAS

ou “O narrador”
Anotações sobre o ensaio de Walter Benjamin
Transformação das formas épicas
“Devemos imaginar a transformação das formas épicas segundo ritmos comparáveis aos
que presidiram à transformação da crosta terrestre no decorrer dos milênios. Poucas
formas de comunicação humana evoluíram mais lentamente e se extinguiram mais
lentamente. O romance, cujos primórdios remontam à Antiguidade, precisou de centenas
de anos para encontrar, na burguesia ascendente, os elementos favoráveis a seu
florescimento. Quando esses elementos surgiram, a narrativa começou pouco a pouco a
tornar-se arcaica; sem dúvida, ela se apropriou, de múltiplas formas, do novo conteúdo,
mas não foi determinada verdadeiramente por ele. Por outro lado, verificamos que com a
consolidação da burguesia – da qual a imprensa, no alto capitalismo, é um dos
instrumentos mais importantes – destacou-se uma forma de comunicação que, por mais
antigas que fossem suas origens, nunca havia influenciado decisivamente a forma épica.
Agora ela exerce essa influência. Ela é tão estranha à narrativa como o romance, mas é
mais ameaçadora e, de resto, provoca uma crise no próprio romance. Essa nova forma de
comunicação é a informação.”

“O narrador” In: Magia e técnica, Arte e política.


FORMAS DE COMUNICAÇÃO
1. A contação de histórias
- Arte milenar de transmissão das experiências
- Predominantemente oral

2. O romance
- Arte antiga, mas que floresce na modernidade
- Indício de crise da contação de histórias

3. A informação
- Enquanto forma literária pertencente à imprensa, é uma forma moderna
- Principal motor do processo que levará ao desaparecimento do contador de histórias
na modernidade
FORMAS DE COMUNICAÇÃO
1. A contação de histórias
- Arte milenar de transmissão das experiências
- Predominantemente oral

2. O romance
- Arte antiga, mas que floresce na modernidade
- Indício de crise da contação de histórias

3. A informação
- Enquanto forma literária pertencente à imprensa, é uma forma moderna
- Principal motor do processo que levará ao desaparecimento do contador de histórias
na modernidade
FORMAS DE COMUNICAÇÃO
1. A contação de histórias
- Arte milenar de transmissão das experiências
- Predominantemente oral

2. O romance
- Arte antiga, mas que floresce na modernidade
- Indício de crise da contação de histórias

3. A informação
- Enquanto forma literária pertencente à imprensa, é uma forma moderna
- Principal motor do processo que levará ao desaparecimento do contador de histórias
na modernidade
FORMAS DE COMUNICAÇÃO
1. A contação de histórias
- Arte milenar de transmissão das experiências
- Predominantemente oral

2. O romance
- Arte antiga, mas que floresce na modernidade
- Indício de crise da contação de histórias

3. A informação
- Enquanto forma literária pertencente à imprensa, é uma forma moderna
- Principal motor do processo que levará ao desaparecimento do contador de histórias
na modernidade
O contador de histórias
> O saber que vem de longe (no tempo e/ou no espaço)

> A transmissão da experiência


- O caráter oral da transmissão
- Ouvir / pedir / dar conselhos
- A sabedoria: arte de continuar histórias
- Sabedoria como lado épico da verdade
(Forma filosófica narrativa)

> Não dá explicações: continua a história


O contador de histórias

> O contador de histórias retira seu conteúdo da tradição, funde-o com


a sua experiência, para depois devolver outra história para o repertório
da tradição (já que cada ouvinte pode transmitir essa história de boca
em boca, repetindo o processo).
O saber que vem de longe
Arquétipos do Contador de histórias

1. O viajante
- Distância espacial

2. O sedentário
-Distância temporal
Arquétipos do Contador de histórias
O sistema corporativo medieval

mestre (sedentário)
+
aprendizes (viajantes)
=
aperfeiçoamento da arte de contar histórias
Arquétipos do Contador de histórias
O sistema corporativo medieval

Já foi um aprendiz viajante


mestre (sedentário)
+
aprendizes (viajantes) Serão mestres sedentários
=
aperfeiçoamento da arte de contar histórias
“É como se estivéssemos privados de uma faculdade que nos parecia segura
e inalienável: a faculdade de intercambiar experiências.

Uma das causas desse fenômeno é óbvia: as ações da experiência estão em


baixa, e tudo indica que continuarão caindo até que seu valor desapareça de
todo. (...) Com a guerra mundial tornou-se manifesto um processo que
continua até hoje. No final da guerra, observou-se que os combatentes
voltavam mudos do campo de batalha não mais ricos, e sim mais pobres em
experiência comunicável. E o que se difundiu dez anos depois, na enxurrada
de livros sobre a guerra, nada tinha em comum com uma experiência
transmitida de boca em boca. Não havia nada de anormal nisso.”

“O narrador” In: Magia e técnica, Arte e política.


“Porque nunca houve experiências mais radicalmente desmoralizadas
que a experiência estratégica pela guerra de trincheiras, a experiência
econômica pela inflação, a experiência do corpo pela guerra de
material e a experiência ética pelos governantes. Uma geração que
ainda fora à escola num bonde puxado por cavalos se encontrou ao ar
livre numa paisagem em que nada permanecera inalterado, exceto as
nuvens, e debaixo delas, num campo de forças de torrentes e
explosões, o frágil e minúsculo corpo humano.”

“O narrador” In: Magia e técnica, Arte e política.


Contar histórias x Informar

-O saber que vem de longe -Verificação imediata


-O miraculoso -O plausível
-Artesanato da palavra oral -Reprodução em massa da
. palavra escrita
-Surpresa -Explicação
-Reelaboração do passado -Novidade
“O narrador”
In: Magia e
técnica, Arte
e política.
“O narrador”
In: Magia e
técnica, Arte
e política.

Você também pode gostar