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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA - CCET


INSTITUTO DE QUÍMICA - IQ
FÍSICO QUÍMICA EXPERIMENTAL – QUI0632
Docente: Davi Serradella Vieira

Experimento 7: Ordem de reação e constante cinética

Carlos Ranieri Costa Batista

NATAL/RN

2022
Sumário

1.1 Introdução 3
1.2 Objetivo 6
1.3 Materiais 6
1.4 Procedimento experimental 6
1.4.1 Etapa A - Preparo das soluções 6
1.4.2 Etapa B - Determinação de λmax 7
1.4.3 Etapa C - Obtenção da curva de calibração (teste da Lei de Lambert- 7
Beer) 7
1.4.4 Etapa D - Acompanhamento da Cinética de Reação do CV 7
1.4 Resultados 8
1.5 Conclusão 15
1.6 Referências 16
1.1 Introdução

A lei da velocidade diz que a taxa de desenvolvimento das reações é diretamente


proporcional ao produto da constante da reação pelas concentrações dos reagentes. A Lei da
Velocidade da Reação relaciona a rapidez de uma transformação química com as
concentrações dos reagentes em quantidade de matéria (mol/L), podendo ser enunciada da
seguinte forma:

“A taxa de desenvolvimento ou velocidade de uma reação química, a uma dada


temperatura, é diretamente proporcional ao produto de uma constante pelas
concentrações dos reagentes, em quantidade de matéria, elevadas aos seus respectivos
expoentes determinados experimentalmente.”

Sendo sistematicamente equacionada pela seguinte expressão a partir da reação


genérica aA + bB ⇌ cC + dD:
v = k.[A]α .[B]β
Em que:

v = velocidade da reação;

k = constante que só depende do valor da temperatura;

α e β = expoentes determinados experimentalmente.

A ordem da reação em relação a um reagente indica a dependência que existe entre a


concentração desse reagente e a velocidade da reação global, nada mais é do que a relação
matemática que existe entre a taxa de desenvolvimento ou velocidade da reação e a
concentração em quantidade de matéria dos reagentes.
Por exemplo, consideremos ainda a reação genérica abaixo:

aA + bB ⇌ cC + dD
Seja a lei da velocidade dessa reação dada por:

v = k . [B]b
Nesse caso, a ordem global dessa reação será igual a “b”, a ordem da reação em
relação ao reagente “B” também será igual a “b” e, em relação ao reagente “A”, será igual a
zero. Lembrando que α + β = ordem global da reação.

Para esse experimento será acompanhada a reação de decomposição do cristal violeta


(CV- Violeta de metila ou violeta de metilo é um grupo de substâncias usadas como
indicadores de pH e corantes, também chamados de violeta cristal ou cristal violeta ou ainda
violeta de genciana.), que apresenta coloração bastante intensa, mas que vai perdendo a
intensidade de sua coloração em função da reação com uma base que contém o íon hidróxido,
até dá origem a um produto incolor.

Neste estudo será usada como técnica de medição a espectrofotometria (utiliza um


instrumento de análise capaz de medir e comparar a quantidade de luz absorvida, transmitida
ou refletida por uma determinada amostra, seja ela solução, sólido transparente ou sólido
opaco. Esse instrumento tem suas leituras feitas a partir da interação da luz eletromagnética
com a matéria.) para então fazer medidas de absorbância em diferentes intervalos de tempos e
assim poder fazer um estudo cinético seguindo a reação dos reagentes envolvidos que está
representada logo abaixo:

CV + HO− → Produto Incolor

A absorbância medida será do cristal de violeta que irá caindo com o passar do tempo,
visto que sua concentração vai diminuindo. Desta reação podemos escrever a lei da
velocidade que será:

-d[CV ]= k[HO−]m[CV ]n
dt
Utilizando uma concentração inicial do íon hidróxido proveniente do hidróxido de
sódio em excesso, isto é, concentração essa muito maior do que a do cristal violeta, a partir
disso, pode-se então, utilizar o método de isolamento da base, visto que a concentração dessa
permanecerá praticamente a mesma concentração inicial, e então pode-se lidar com a ordem
de reação do outro reagente (CV). Feito isso, a equação da lei da velocidade é resumida à:

-d[CV ]= k2[CV ]n
dt

em que k2= k[HO−]m. Como no experimento em questão serão utilizados duas concentrações
de base diferentes, então teremos:
ki2 = k[HO−]i m

kii2 = k[HO−]ii m

dividindo as equações acima, temos:

kii2 = k[HO−]ii m/ ki2 = k[HO−]i m

kii2 = [HO−]ii m/ ki2 = [HO−]i m

Em que, sabendo o kii2 e ki2 pode-se encontrar a ordem de reação referente a reação
aqui estudada.

O método diferencial pode ser aplicado a essa nova lei de velocidade para a situação
aqui estudada, onde a velocidade (v) são as derivadas (−d[CV ]/dt). Aplicando o logaritmo na
equação acima, tem-se:

ln(v) = lnk2 + n·log[CV]

pela qual pode-se obter os valores de K2 e a da ordem de reação (n).

A figura logo abaixo mostra a concentração do reagente com o passar do tempo, nele
percebemos que a concentração vai diminuindo tendendo a zero, como é o caso do cristal de
violeta que terá sua decomposição estudada neste experimento.

Figura 1: Concentração de um reagente vs o tempo.

Fonte: Manual de práticas.

Para saber a velocidade de reação basta aplicar a diferencial em cada ponto que liga
os pares ordenados do gráfico acima através da equação:
v = -d[CV ]
dt

1.2 Objetivo

Determinar a ordem global da reação entre o cristal violeta e o hidróxido, e sua constante
cinética.

1.3 Materiais

- Solução de cristal de - Espectrofotômetro - Becker


violeta, 0,03 g/L

- NaOH - Cronômetro - Balança analítica

- H2O destilada - Pipetas graduadas

- Vidro de relógio - Balões volumétricos

1.4 Procedimento experimental

1.4.1 Etapa A - Preparo das soluções

Inicialmente foram preparadas cinco soluções do cristal violeta em água destilada em


um balões volumétricos de 50 mL nas seguintes proporções:
• Balão 1: 1 mL de solução estoque;
• Balão 2: 2 mL de solução estoque;
• Balão 3: 3 mL de solução estoque;
• Balão 4: 4 mL de solução estoque;
• Balão 5: 5 mL de solução estoque.
1.4.2 Etapa B - Determinação de λmax

Posteriormente foram efetuadas medidas de absorbância para a solução de cristal


violeta de concentração intermediária (balão 3), variando-se λ de 500 - 620 nm:
1 - Foi selecionado o comprimento de onda λ = 500 nm;
2 - Foi calibrado o espectrofotômetro para 100% de transmitância (ou 0 de absorbância) com
o “branco”, segundo instruções contidas no manual;
3 - Foi feita a leitura do valor de absorbância da solução do balão 3;
4 - Foram feitas medidas de absorbâncias em diferentes comprimentos de onda (variando-se λ
de 10 em 10 nm) ao calibrar o espectrofotômetro com o “branco” a cada λ selecionado. Então
foi determinado a faixa de comprimento de onda onde a absorbância é máxima e efetuado
novas medidas variando-se de 2 em 2 nm para a obtenção de λmax com uma maior precisão;
5 - Então foi fixado esse λmax (comprimento de onda de máxima absorção do cristal violeta)
para as medidas cinéticas a serem tomadas neste experimento.

1.4.3 Etapa C - Obtenção da curva de calibração (teste da Lei de Lambert-

Beer)

Nessa etapa do experimento foi feito o ajuste do equipamento λmax determinado na


etapa anteriormente e assim foi medida as absorbâncias das soluções (1) a (5).

1.4.4 Etapa D - Acompanhamento da Cinética de Reação do CV

Num balão de 50 mL foi diluído 10 mL da solução estoque de cristal violeta com água
destilada. Posteriormente num segundo balão (50 mL) foi diluído 4 mL de solução 0,1 mol/L
de NaOH. Então foi transferida a solução de NaOH preparada para um frasco de erlenmeyer e
a solução de cristal violeta para uma proveta de 50 mL. Depois foi adicionada a solução
contida na proveta (cristal violeta) à solução de NaOH, acionando o cronômetro. Foi agitado
levemente a mistura reacional para que fosse homogeneizada e transferida rapidamente para a
cubeta do espectrofotômetro. Então foi colocada a cubeta no aparelho e efetuada a primeira
leitura em t = 30 s. Foram realizadas leituras de absorbância de 30 em 30 s durante 15
minutos e repetido a cinética dobrando-se a concentração inicial da solução de NaOH.

1.4 Resultados

Após ter selecionado o comprimento de onda λ = 500 nm, o foi calibrado o


espectrofotômetro para 100% de transmitância (ou 0 de absorbância) com o “branco”,
segundo instruções contidas no manual, ou seja, em 500 nm foi zerado a solução branco.

Logo após foram feitas medidas de absorbâncias em diferentes comprimentos de onda


(variando-se λ de 10 em 10 nm) ao calibrar o espectrofotômetro com o “branco” a cada λ
selecionado e assim foi determinado a faixa de comprimento de onda onde a absorbância é
máxima, conforme está especificado na Tabela 1 logo abaixo, na qual tem-se que o
comprimento de onda máximo foi em 570.

Tabela 1: Valores da calibração do fotômetro, variando de 10 em 10 nm

Dados da calibração do fotômetro

Comprimento de
Absorbância A
onda (nm)

500 0,341
510 0,405
520 0,464
530 0,510
540 0,554
550 0,601
560 0,646
570 λmax 0,673
580 0,644
590 0,549
600 0,411
610 0,270
620 0,166
Fonte: Arquivo pessoal.

Dos dados presentes na Tabela 2 acima podemos gerar o Gráfico 1 correspondente


que está logo abaixo.
Gráfico 1: Curva de calibração para uma variação de 10 em 10 nm

Fonte: Arquivo pessoal.

A metodologia citada logo acima foi repetida, mas agora para uma nova variação do
comprimento de onda. Para isso foi selecionado o comprimento de onda λ = 500 nm, o foi
calibrado o espectrofotômetro para 100% de transmitância (ou 0 de absorbância) com o
“branco”, segundo instruções contidas no manual, ou seja, em 500 nm foi zerado a solução
branco.

Logo após foram feitas medidas de absorbâncias em diferentes comprimentos de onda


(variando-se λ de 2 em 2 nm) ao calibrar o espectrofotômetro com o “branco” a cada λ
selecionado e assim foi determinado a faixa de comprimento de onda onde a absorbância é
máxima, conforme está especificado na Tabela 2 logo abaixo, na qual tem-se que o
comprimento de onda máximo foi em 570.
Tabela 2: Valores da calibração do fotômetro, variando de 2 em 2 nm

Dados da calibração do fotômetro

Comprimento de
Absorbância A
onda (nm)

560 0,644
562 0,653
564 0,660
566 0,668
568 0,671
570 λmax 0,673
572 0,668
574 0,666
576 0,657
578 0,657
580 0,645
Fonte: Arquivo pessoal.

Dos dados contidos na Tabela 2 acima podemos gerar o Gráfico 2 correspondente


que está logo abaixo.

Gráfico 2: Curva de calibração para uma variação de 2 em 2 nm


Fonte: Arquivo pessoal.

Esse comprimento de onda máximo (570 nm) foi identificado para ser usado como
padrão de medida para então encontrar as respectivas absorbâncias para as diferentes
soluções devidamente identificadas no início do procedimento, sendo analisadas as
absorbâncias com a passagem do tempo para as cinco soluções como está descrito na Tabela
3. Nesta tabela está contida a concentração do cristal violeta para as cincos soluções, sendo
que essa concentração foi calculada a partir da fórmula da diluição: C1 . V1= C2 . V2

Tabela 3: Valores da calibração do fotômetro, variando de 2 em 2 nm.

Dados da calibração do fotômetro

Solução Absorbância A [CV] mol/L

1 0,237 1,52x10-6
2 0,401 3,05x10-6
3 0,673 4,57x10-6
4 0,791 6,096x10-6
5 0,972 7,62x10-6
Fonte: Arquivo pessoal.

Da Tabela 3 podemos gerar o Gráfico 3 conforme representado logo abaixo.

Fonte: Arquivo pessoal.


Para uma amostra da solução de NaOH a 0,10 mol/L foi medida as absorbâncias, bem
como as concentrações e o ln[v] para cada valor, conforme está na Tabela 4.

Tabela 4: Relação da Absorbância (A) x Tempo (s) x [CV] x ln[v]/ para a Concentração de
NaOH em 0,10 mol/l

Tabela para concentração de NaOH em 0,10 mol/l

Tempo (s) Absorbância (A) [CV] ln[v]

30 0,710 5,82E-6 -15,4558


60 0,681 5,57E-6 -16,1906
90 0,632 5,17E-6 -16,6708
120 0,589 4,82E-6 -17,0289
150 0,548 4,49E-6 -17,3242
180 0,511 4,18E-6 -17,5765
210 0,479 3,92E-6 -17,7953
240 0,450 3,68E-6 -17,9913
270 0,424 3,47E-6 -18,1686
300 0,407 3,33E-6 -18,3148
330 0,384 3,15E-6 -18,4683
360 0,363 2,98E-6 -18,6116
390 0,344 2,82E-6 -18,7454
420 0,323 2,65E-6 -18,8825
450 0,305 2,50E-6 -19,0088
480 0,290 2,38E-6 -19,1238
510 0,279 2,28E-6 -19,2231
540 0,267 2,19E-6 -19,3243
570 0,256 2,10E-6 -19,4204
600 0,246 2,02E-6 -19,5115
630 0,235 1,93E-6 -19,6061
660 0,224 1,84E-6 -19,7005
690 0,214 1,75E-6 -19,7906
720 0,206 1,69E-6 -19,8712
Fonte: Arquivo pessoal.

Da tabela acima podemos gerar o gráfico que relaciona a concentração do reagente e o


ln[v].
Fonte: Arquivo pessoal.

Pela formula ln(v) = lnk2 + n·log[CV] e os dados fornecidos pelo gráfico w oa


contidos na tabela podemos concluir que K2= 4,88x10-10 e n= 950110, ou aproximadamente 1.

Foi realizada a mesma medição da absorbância em relação ao tempo, bem como a


concentração do cristal violeta e o ln[v], conforme está descrito na Tabela 5, sendo que os
dados obtidos foram agora para uma amostra da solução de NaOH a 0,20 mol/L.

Tabela 5: Relação da Absorbância (A) x Tempo (s)/ para a Concentração de NaOH em 0,20
mol/l
Tabela para concentração de NaOH em 0,20 mol/l

Tempo (s) Absorbância (A) [CV] ln[v]

30 0,730 5,98E-6 -15,4280


60 0,721 5,91E-6 -16,1336
90 0,549 4,49E-6 -16,8116
120 0,489 4,01E-6 -17,2150
150 0,429 3,52E-6 -17,5690
180 0,384 3,15E-6 -17,8622
210 0,346 2,83E-6 -18,1205
240 0,313 3,56E-6 -18,3543
270 0,284 2,32E-6 -18,5693
300 0,258 2,11E-6 -18,7707
330 0,234 1,92E-6 -18,9836
360 0,217 1,78E-6 -19,1261
390 0,199 1,63E-6 -19,2927
420 0,189 1,52E-6 -19,4344
450 0,174 1,42E-6 -19,5701
480 0,163 1,33E-6 -19,6999
510 0,153 1,25E-6 -19,8238
540 0,143 1,17E-6 -19,9486
570 0,136 1,11E-6 -20,0528
600 0,128 1,05E-6 -20,1648
630 0,123 1,01E-6 -20,2534
660 0,117 9,59E-7 -20,3499
690 0,112 9,18E-7 -20,4381
720 0,107 8,77E-7 -20,5263
Fonte: Arquivo pessoal.

Da tabela acima podemos gerar o Gráfico 5 que está logo abaixo.

Fonte: Arquivo pessoal.

Pela formula ln(v) = lnk2 + n·log[CV] e os dados fornecidos pelo gráfico w oa


contidos na tabela podemos concluir que K2= 7,88x10-10 e n= 905670, ou aproximadamente
1.
Como temos ki2 e kii2, a partir da fórmula abaixo podemos determinar a ordem do
reagente.
kii2 = [HO−]ii m/ ki2 = [HO−]i m

Substituindo os valores, temos:

7,88x10-10/ 4,88x10-10= (0,20/ 0,10)m

Aplicando o logaritmo neperiano, temos:

ln(1,61)= m.ln(2)

m= 0,69

Ou aproximadamente 0,7.

Sabendo disso podemos determinar a constante de velocidade a partir da fórmula:


k2 = k[HO−] m

Substituindo os valores:

7,88x10-10= K(0,20)0,7

K= 2,43x10-9

Por fim, podemos obter a ordem da reação que parte da equação da velocidade geral que está
descrita logo abaixo.

v = k[HO−]1[CV ]0,7

Como a ordem da reação nada mais é do que o somatório dos expoentes das
concentrações dos reagentes, como comentado anteriormente na introdução deste trabalho,
logo, a ordem da reação será 1,7. Arredondando esse valor, temos que a ordem da reação será
igual a 2.

1.5 Conclusão

Por fim, concluímos que com a metodologia adotada foi possível alcançar os
objetivos dessa prática ao determinar a ordem global da reação entre o cristal violeta e o
hidróxido, bem como sua constante cinética.
1.6 Referências

[01] ISBN 978-85- 216-1600-9. ATKINS, P.; DE PAULA, J. Atkins, física-química. Rio de
Janeiro: LTC, 2008.

[02] Apostila de Físico Química Experimental, Instituto de Química/UFRN, 2021.

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