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REVISTA ON-LINE QUADRIMESTRAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE

ANO III - N° 9 - OUTUBRO/2014 A JANEIRO/2015

Edição em homenagem a Hélio Jefferson de Souza Filho (13.8.1958/27.9.2014)


|EDITORIAL|

As Escolas Iniciáticas, da mesma forma que as pessoas, as famílias, as nações,


possuem suas genealogias. De forma bastante sintética podemos afirmar que a Teosofia
origina-se de dois grandes troncos iniciáticos: o Budismo Esotérico do norte da Índia e as
tradições também esotéricas ligadas ao Cristianismo, a principal delas relativa ao Culto do
Santo Graal.
A tradição teosófica foi mantida na íntegra em nossa Instituição até 1969, quando
a então Sociedade Teosófica Brasileira transformou-se em Sociedade Brasileira de
Eubiose. Isso não significa que os ensinamentos teosóficos foram banidos. Pelo contrário,
eles foram ressignificados com o novo hálito trazido pelos conhecimentos legados pelo seu
fundador, Henrique José de Souza.
O que é Eubiose?
É o legado teosófico fertilizado pelos conhecimentos avatáricos revelados por
Henrique José de Souza, e que pode ser sintetizado com a pequena frase: Eubiose - Ciência
da Vida. Ciência porque pressupõe um método de pesquisa pessoal, grupal e universal.
Vida, porque todas as informações adquiridas, quer de uma maneira mental, quer através
da emoção, têm que ser vivenciadas no cadinho da experiência humana, transformar-se
em comportamentos que se sintonizem com as irradiações do Novo Avatara do Ciclo de
Aquarius.
A Sociedade Brasileira de Eubiose é portanto uma Instituição Iniciática que
organiza e transmite aos seus discípulos, não apenas a Tradição Iniciática das Idades, cerne
de todas as organizações esotéricas e exotéricas, mas um plus, um mais além, que são as
ferramentas práticas, teóricas e iniciáticas, não apenas necessárias, mas essenciais para se
viver de forma consciente e plena a Era de Aquarius.
Uma entre diversas características da Iniciação Eubiótica é que ela se dá no
mundo, no meio do turbilhão da vida cotidiana, e não como era realizada séculos atrás nos
mosteiros protegidos das vicissitudes humanas. E vale lembrar a alegoria iniciática da Ave
de Hamsa, que vinda do céu mergulha nas águas lamacentas do lago, para em seguida alçar
voo, mantendo sua plumagem imaculada.
No lago lamacento predominam a satisfação imediata das emoções
libidinosas, o esquecimento da tradição e das práticas espirituais, e tudo vira um
rosário de acontecimentos efêmeros, que também perde suas ligações com as utopias
e consequentemente com o futuro. Há um culto desenfreado do espetáculo, da
superficialidade, daquilo que pode ser consumido imediatamente e logo em seguida
descartável.
Como não poderia deixar de ser, neste lago alegórico, que é a Face da Terra,
predomina entre os humanos seres a infelicidade, a incompletude, a ansiedade provocada
pelo culto obstinado do transitório, do passageiro, do efêmero.
Por outro lado, é na Face da Terra que se processa a evolução humana. Ela não
pode ser desprezada pelo discípulo da Sociedade Brasileira de Eubiose, sob pena de
condenar-se à alienação espiritual, à vaidade e ao egoísmo, sentimentos e atitudes caóticos
que levam à perda das ligações com a alta consciência avatárica.
Viver eubioticamente é, portanto, ser, através do Amor-Sabedoria para com toda a
humanidade, uma partícula atuante do projeto espiritual do Novo Avatara de Aquarius.

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COLOMBO E CABRAL
Por H. J. DE SOUZA
ESTUDO ESOTÉRICO

“Com três caravelas conquistarei um reino que não é o meu” –


palavras de Colombo, que o mundo desconhece.

EM DEFESA DO NOSSO TRABALHO DE HOJE

S
e de Colombo, que viveu há quatro
séculos e meio, ignora-se até hoje o
verdadeiro nome, o berço de sua origem
e muitas das passagens de sua vida,
inclusive algumas das assombrosas viagens por ele
realizadas, que dizer da do Cristo, da qual já vinte séculos
nos separam? Cingir-se à Bíblia com as suas vinte e duas
mil emendas, da Vulgata, afora “enxertos” ou passagens
apócrifas?
Não falemos de qualquer notícia que, de uma
esquina para outra, ou antes, de boca em boca, vai
perdendo a sua originalidade, tomando em geral aspecto
muito maior, numa amplitude descritiva verdadeiramente
pasmosa: a mentira, consciente ou não, diante, muitas
vezes, do pavor que se apodera daquele que presencia
um acidente, uma catástrofe capaz de abalar os nervos...
Outras vezes, porém, simples mania de mentir, de se
engrandecer perante outras pessoas, a quem se procura
dar semelhantes notícias...
“Quem conta um conto, acrescenta um ponto”,
diz em forma de verso o velho adágio popular. Do mesmo
modo que: “Em tempo de guerra, mentira como terra”...
Nos dolorosos tempos da Campanha de Canudos,
por exemplo, Moscou, que era então o seu arraial,
também transformado em verdadeira Gibraltar, devido à
inexpugnabilidade das suas igrejas, verdadeiras fortalezas
de mais de um metro de espessura nas suas paredes,
dizíamos, “mil vezes foi tomada, mil vezes foi arrasada”...
enquanto a cabeça do coronel Tamarindo, na ponta de
um espeque, passava de mão em mão como um troféu de
guerra. E o coronel Moreira César, por sua vez, baqueava
em cima do seu cavalo...
O que de mais verídico subsiste de semelhante
campanha, está descrito em Os Sertões de Euclides da
Cunha na primorosa linguagem, que lhe era peculiar. Haja
vista quando, falando dos “Triunfos pelo telégrafo”,

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é obrigado a dizer: “Estes fatos chegavam às capitais da verdade, ocultando uma outra Chave, que não poderiam
República e dos Estados inteiramente baralhados” (o grifo descobrir os mais conspícuos filólogos.
é nosso). Em brilhante artigo assinado por um nome
Sujeitando-nos a tais “mentiras”, coube-nos, ilustre, que é o de Lindolfo Collor, por sinal que, ao lado de
justamente, por prova escrita de português, “a descrição um outro, por sua vez, da autoria de alguém mui querido
da chegada do Gal. Artur Oscar à capital baiana à frente em nosso País, ou seja, o Almirante Gago Coutinho,
de suas forças”. E como toda a população da “Cidade do transparece a famosa sigla constante do codicilo do
Salvador” a ela tivesse assistido, cremos que, daquela vez, testamento de Colombo, transmitida como a autêntica ao
não se apresentaram “os acréscimos que se dão de uma seu filho e herdeiro D. Diogo.
esquina para outra, ou de boca em boca”, ao menos na Não podemos deixar de ficar extasiados diante
sinceridade natural de um “adolescente”, que se algum das decifrações criptográficas do filólogo português,
temor lhe fazia vibrar os sentimentos, além dos inspirados major Santos Ferreira, pois que, sem ser um versado em
por semelhante campanha, onde baquearam dezenas Ocultismo, para não dizer, em Teosofia, desvendou a parte
de briosos soldados no cumprimento do seu dever, lado mais terrena ou humana da referida sigla. Nem sequer
a lado com pobres “fanáticos”, era o de não passar por leitor é desta revista, embora ela já conte dezesseis anos
“mentiroso” “perante um mundo tão grande de gente”... de existência, correndo todo o Brasil e alcançando mesmo
A “prova escrita” de hoje é bem diferente, diversos países do mundo, principalmente, na Europa,
pois que, além do mais, aumentaram a idade e as Portugal e Espanha, e, em nosso continente, todo ele, quer
responsabilidades do referido “adolescente”. Por isso ao Norte quer ao Sul, cujos museus, instituições culturais
que, segundo o faz em todos os seus estudos, encobre e pessoas ilustres disputam a sua posse.
a verdade, com os véus da Iniciação (na razão do Parabéns, pois, não só ao ilustre poliglota e
Margaritas ante porcos...), ou aqueles que velam a hebraísta português, Santos Ferreira, como ao autor do
própria deusa Ísis, à vista profana para que, “por baixo da precioso trabalho publicado em O Jornal de 12 de outubro,
letra que mata”, o aspirante à Luz Sublime da Verdade, dedicado à Descoberta da América, lastimando outro
possa encontrar “o Espírito que vivifica”. Sim, porque, tanto não podermos fazer com o eminente genealogista
“se quiserdes encontrar essa mesma Verdade”, como Antônio Ferreira de Serpa, por ter falecido há pouco em
estamos fartos de dizer, buscai-A por trás da Mentira... Lisboa.
Para isso, completamos os nossos estudos de maiores
responsabilidades, com a conhecida frase latina: Procuremos, nós outros, pois, revelar o que de
mais secreto (ou esotérico) faz parte da referida sigla e os
Vitam impendere Vero. possíveis pontos da vida do mesmo Colombo, e também de
................... Cabral, diante de outros estudos que lhes temos dedicado
Em antigos estudos nossos, quando, nesta mesma no decorrer dos 17 anos de existência da Instituição que
revista, tivemos que falar das duas prodigiosas figuras que dirigimos, e 16 desta revista, como seu órgão oficial desde
foram Colombo e Cabral, não podíamos deixar de aplicar a 1925, ou seja, um ano depois da fundação material da
“chave filológica”, como uma das mais preciosas com que primeira.
se iniciam os homens. E esta a sigla encontrada no codicilo do
Assim, ao tratarmos de Colombo, por exemplo, testamento do grande Almirante, que diversos Países,
desdobrávamos seu pseudônimo, em Cristo e Colombo, tanto tempo depois do mesmo ter morrido – como Cabral
Columbus, Colombina etc. que, no final de contas, vai ter – na maior das misérias, e abandonado por amigos
à Pomba e pelo próprio rei Fernando, por dar crédito aos seus
caluniadores, fazem questão de o “terem como filho”. 1
– como símbolo da Terceira Pessoa da Trindade
Cristã que tanto vale pela “terceira manifestação do
Logos”, chamem-lhe de Espírito Santo ou outro nome
qualquer.
Por isso que se punha ele sob a proteção dessa Fac-simile da escrita e da SIGLA de Colombo, reproduzido da
mesma Trindade, porém, disfarçada como Cristo, Maria Obra “Amerika” de Rudolf Cronau.
e José ou Yoseph (como se diz em hebraico), mas, em

1
Já tivemos ocasião de dizer em um dos referidos artigos: “Fiquem com as glórias, mas deixem ao menos ao Homem... as suas
misérias, além do mais, porque outra foi a sua verdadeira Pátria”...

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Mundo, estava trabalhando pelo Advento de
dois ramos raciais: o 6º em Norte-América,
e o 7º na do Sul, cujos ramos, de futuro se
interpenetrarão ou formarão um só. Sim,
daqui há alguns milênios, quando justamente
a 5ª raça-mãe (ou Ária) tiver alcançado o
máximo de sua evolução. 2
E a prova de tudo isso se acha no
restante da mesma sigla: S A S, para “Sumo
Sacerdote Agartino”, sendo que, como
homenagem à sua verdadeira Pátria - a
AGARTA - a inicial desta fica no meio e os
dois SS, em lateralidade, na mesma razão,
aliás, do referido Governo Espiritual do
Mundo, isto é, o Rei no centro e os dois
Ministros nas referidas extremidades. Foi
de tão transcendente mistério que saíram as
Duas Colunas do Templo de Salomão, até
hoje adotadas pela Maçonaria, embora esta
Cristovão Colombo e seu brasão. bem longe esteja de saber, com exatidão, o
verdadeiro significado de seus símbolos. Uma
Já tivemos ocasião de dizer que o grande Iniciado, coluna de Ouro ou Solar, e outra de Prata
que era Colombo, colocava-se sob a proteção da “Sagrada ou Lunar. Na Vedanta, são os dois caminhos: Jakim ou
Família”, como são chamados Jesus, Maria e José (note- Jnana, Conhecimento, Iluminação etc. e Bohaz ou Bhakti,
se que ele preferiu substituir o nome de Jesus pelo de Devoção, Mística, Amor, mas, em verdade, Justiça. A
Cristo... e isso tem muita importância esotérica...), mas, expressão, portanto, do mesmo Rei Salomão: Justo e
em verdade, ocultando uma outra Chave, referente ao Sábio, como o são todos os Iluminados. Tais iniciais
que todo Iniciado reconhece “como Governo Espiritual figuram nos nomes e nas vidas de muitos dos referidos
do Mundo” formado por “Três pessoas distintas e Uma Seres. Haja vista: João Batista, anunciador de Jesus (ou
só Verdadeira”, na razão da Tríade Superior Teosófica, a Jeoshua Ben Pandira). E este tem por palco cênico, de sua
Mônada ou Consciência Universal. Com outras palavras: vida: Jerusalém e Belém. José Bálsamo foi o pseudônimo
“o Rei do Mundo e seus Dois Ministros ou Colunas vivas”. de Cagliostro, até o dia em que um “charlatão”, ou antes,
Note-se mesmo, que em tal sigla figura um S no vértice da Mago Negro, assenhoreou-se, muito propositadamente
pirâmide, formada com as sete referidas letras, e nas duas de semelhante nome, para... destruir os transcendentais
filas inferiores ou por baixo da primeira, figuram também esforços do grande Iniciado.
três letras, na razão do mesmo Governo Espiritual do O Grão-Mestre, nas Sociedades secretas,
Mundo. representa o terceiro Caminho da Vedanta, que é o de
No entanto , o S superior (que tanto vale por Karma. Por isso, torna lugar entre as duas colunas. É,
Salvador, como algo mais ainda) relaciona-se à Linha ainda, a haste central da Balança, cujas duas conchas
SERÁPIS de Adeptos, que naquela época não estava (Amor e Sabedoria ou Justiça) devem estar equilibradas,
ainda formada, na face da Terra, por isso mesmo, sob pena de não ser um Adepto ou Homem Perfeito.
falava e agia Ele, Colombo, ao mesmo tempo como um Vejamos, agora, a segunda série de três letras, ou
Serápis (reportem-se ao deus Serápis, egípcio, e seus sejam: K, M e Y. Qualquer membro da S.T.B. (também
sacerdotes etc. ... ) e como “Sumo Sacerdote Agartino”, três iniciais) diria imediatamente: Cristo-Missão Y, nome
tal como Nostradamus, Paracelsus e outros mais, cada por que é conhecido o nosso trabalho, justamente por
qual com a sua missão ou papel no mundo, isto é, quer abranger os dois referidos «ramos raciais», para cujo
como “profetas, teurgos, terapeutas” etc., quer como Advento, como foi dito anteriormente, veio Colombo
navegadores ou descobridores. Muito mais interessante descobrir o novo ou 5º continente. Ele os contava pelos
sabendo o mesmo Colombo que, descobrindo o Novo

2
. Vide O Verdadeiro Caminho da Iniciação e outros estudos nossos por esta revista, onde tratamos, com maior profundeza, do magno
problema dos ciclos raciais.
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cinco dedos da mão, pelos cinco sentidos, pelos Tattvas interpretações), mas, também, “o que conduz o Cristo”
ou forças sutis da Natureza, que também são cinco etc. ao Novo Mundo. Por isso mesmo, “com três caravelas
Por isso mesmo, não podia enganar-se. Assim, toma conquistarei um Reino que não é o meu”, na mesma razão
como exemplo um ovo, para ser colocado de pé, em das palavras atribuídas a Jeoshua, como um outro Cristo:
cima da mesa em torno da qual estavam aqueles que o “meu reino não é deste mundo”. 3
contestavam, como fizeram com Jesus, no Templo, os
sacerdotes ou doutores... Além disso, o ovo – como um
embrião – representa um por venir ou porvir: o futuro que Note-
ali estava lançado ou jogado... em cima de uma mesa. se, ainda,
Não, uma profecia vulgar, mas... a Ciência dos Magos, que a palavra
Adeptos, Iluminados etc. No Tarô (cartas de jogar ou KRISTOFERENS,
Arcanos Maiores e menores, em número de 78, ou sejam: escrita como se
22 maiores e 56 menores), o arcano 7 ou o número total vê na sigla, ou do
da sigla (1, mais 3, mais 3 igual a 7...) é representado modo greco-
pelo Carro ou Mercabah. Hieroglificamente, uma flecha -latino, possui
com a ideia de arma, de instrumento, que se emprega nove letras. E
para governar (não era Colombo um grande navegador, o arcano 9, no
a ponto de dominar a tripulação revoltada, e vir ter aos mesmo Tarô, é
Umbrais do Novo Mundo?...), dirigir, vencer etc. a todas representado
as coisas na vida. Duas flechas põe ele na sua assinatura pelo ERMITÃO,
(Christoferens) uma apontando para o céu, e outra... para Iluminado ou
o seio da Terra, referindo-se ao ponto que às duas separa, à Homem Perfeito.
própria Terra, seu eixo etc. Esotericamente falando, como Razão de trazer
um Iluminado que era, vencedor se fez dos três mundos: na mão uma
o divino, o humano e o do seio da terra, para os ignaros, lanterna acesa,
inferno, mas, em verdade, “reinos inferiores”, por se “iluminando
originar do termo: in-fera. o caminho” a
quantos o quiser
Astronomicamente falando, tal arcano e letra seguir.
correspondem ao signo de Gêmeos... Ermitão ou Homem Perfeito Sua letra
E só isso daria para escrever um compêndio, é o Teth hebraico,
inclusive, no que diz respeito à Direção da referida Missão representado hieroglificamente por um TETO, telhado ou
Y, em tudo e por tudo, em forma-dual... cumeeira. Símbolo, portanto, de proteção. Não implorava
Quem conhece o Tarô, sabe muito bem que tal a proteção de uma Trindade (3 vezes 3 igual a 9...) o
arcano é representado por um Rei, que dirige o Carro... mesmo Colombo?... digamos, aquela sob cuja égide ele
onde se acham atreladas duas Esfinges, ou andróginos mesmo se encontrava, com semelhante missão?
em separado: o Pai-mãe dirigido pelo Filho. Nesse caso, Astronomicamente, corresponde ao signo do
Cristo, Maria e José ou Yoseph, mas no seu verdadeiro Leão. Esse mesmo “Leão ou Dragão de ouro” da famosa
sentido... e não naquele” mayávico ou ilusório”, que profecia de Paracelso (além daquela da Flor de Lis, que
mui propositadamente lhe deu o grande Iniciado, em seria destruída e da qual falamos neste mesmo número
uma época em que, quem não fosse cristão, melhor dito, na Seção dedicada a São Lourenço, na razão da queda
católico (não foi Isabel, a católica, quem lhe ofereceu as dos Bourbons, ou seja, a mesma Monarquia, para a
três caravelas? ... ), não arranjava coisa alguma na vida... implantação da República francesa), dizíamos, serviria
fato que ainda hoje, muitas vezes acontece. de símbolo para um tal Henrique, que deveria vir do
Quanto à sua própria assinatura (em cima, Oriente etc., embora mal interpretada pelos “profetas” de
a razão de ser do seu trabalho, ou em nome de quem hoje, que, diga-se de passagem, “proliferam como erva
Ele, Colombo, levava avante semelhante missão na daninha”... baralhando o verdadeiro sentido das coisas...
face da Terra. E por baixo, de modo velado, quem Ele
era...), CRISTOFERENS, ou “aquele que conduz”,
que leva o Cristo, não só em seu nome (como uma das

3
. Sobre a verdadeira significação do termo “Cristo”, veja-se o longo estudo que fizemos em nosso livro O Verdadeiro Caminho da
Iniciação e em várias publicações desta revista.
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Não é também interessante que o Brasil tenha (Maria provém de Mare o mar etc. estamos fartos de
essa conformação geográfica? 4 ensinar), nesse caso, uma “ave marinha”, se era Colombo
A soma total da sigla é 16, isto é, 7 mais 9 igual um grande navegador, sem falar no resto, que é muito mais
a 16: A Casa de Deus, como é chamado semelhante importante, ainda: Ave ou Avis (avis rara in terris, que ele
arcano. Como Terra da Promissão ou Nova Canaã, todo o também era... ) se ao mesmo Colombo se diz “ser um filho
continente americano representa a “Casa de Deus”, como bastardo de um príncipe da casa de Aviz e... o último dos
prova ter sido até agora poupado pela grande destruição, rebentos de D. Henrique”... Com vista à “Ordem de Aviz”,
por que esta passando o mundo... que, muito antes, chamava-se de Mariz.
Não fomos, também – embora nada sejamos Por que havia Colombo de ter por nome exotérico
(na razão do Ego sum qui sum, ou “eu sou quem sou”...), Salvador Gonsalvez Zarco?
improvisado navegador, indo da cidade do Salvador, que Quanto ao termo Salvador já se falou por demais...
passa por ser a do nosso nascimento, a Portugal... e dali a Sobre o de Gonsalves ou Consalves os dois ilustres
São Lourenço de Gôa, depois, a Ceilão, Calcutá, caminho filólogos portugueses disseram o que lhes foi possível
ao Norte da Índia? dizer. E de modo sem igual, do ponto de vista profano ou
Por uma exotérico. Quanto ao Alves final do segundo termo, faz
dessas interessantes ainda lembrar o de Avis, de Alvares, e, por que não dizer,
causalidades, o emblema de um outro Ser muito mais misterioso, ainda, que se
da Prefeitura da referida chamou Nun’Alvares (o condestável)?
cidade, é “a pomba Albor ou Alvor (a alvorada de um novo Ciclo, com
solta por Noé que volve a descoberta, por sua vez, de um Novo Mundo), também
conduzindo no bico o provém de ALBOREA, Al-Bordi (Montanha Primordial
ramo de oliveira”, e por etc.), e finalmente Albion, que possui a mesma AGARTA,
baixo a conhecida frase dentro dos diversos nomes, que as tradições de vários
latina: SIC ILLA AD países lhe dão. A “velha Albion” é a mesma Inglaterra,
As armas da velha cidade de ARCAM REVERSA EST como um dos pedaços da Atlântida, poupados pela grande
THOMÉ DE SOUZA (assim voltou ela para a catástrofe...
Arca ou Barca). Barca, Arca, caravela, o quer que seja, Quanto ao termo ZARCO, desdobra-se em
tanto se refere ao próprio termo Cristo, Salvador etc. como Z (Zeus, Zero, Zoro, ou Goro, donde o termo “Goro
ao de Colombo, colombina ou pomba... do Espírito Santo. ou sacerdote do Rei do Mundo”, que se encontra nas
Donde, a Maha-Yana ou “Grande Barca de escrituras transhimalaias) e ARCO, pois que ao mesmo
Salvação”, do Budismo do Norte, em um de cujos Templos “arco-íris” se denomina de “ponte de fio de navalha”,
estivemos do mesmo modo que, antes de chegarmos a que conduz de um mundo a outro, na razão do “mundo
Calcutá, tocando em Ceilão, estivemos em contato com a de Duat, mundo jina, astral etc.” que separa o humano do
Hina-Yana ou “pequena Barca de Salvação” do Budismo agartino; do mesmo modo que, em sentido contrário, ou
do Sul, em cujo lugar vieram juntar-se à comitiva Dois de subida, elevação etc. o ponto de partida é o humano
misteriosos Seres, para formarem um TERNÁRIO, ou terreno, o astral em relação com o «véu Akáshico, de
com alguém da comitiva, se os outros (mais quatro... ) Mayá, ou seja o mesmo que a Cabala, na sua linguagem
completavam o iniciático número 7... Sem temor de fazer velada, denomina de Quod superius, sicut quod inferius”...
cair sobre nós, “a ira de Jehovah”, chamá-los-íamos de justamente, por separar o terreno do divino. Zero-arco
KUMARAS, pois, um deles, além do mais, possuía “pés ou astro (astral etc.) foi o nome de um dos seres da série
tão pequeninos”, que pareciam de cabrito... Mas, paremos dos ZOROASTROS, que em verdade, como “religião
aqui por ser vedado dizer o resto. do Fogo ou solar”, demonstra que ZERO-ASTRO não é
Quanto à Salve ou Ave Maria etc. que se encontra outro senão o próprio Sol. E a prova é que o grande faraó
em tal sigla, faz-nos lembrar, também, na nossa tão Kunaton, instituiu o culto “ao disco (ou zero) solar”- E
infantil maneira de interpretar as coisas, o de Ave-mare Aton equivale ao mesmo Sol. 5

4
. Todos os países possuem a sua, tal como a Lei a exige. Um, até, em forma de bota... Bota difícil de descalçar, diante de um outro
Leão, que é aquele de Judá, que volveu à praça de Adis-Abeba, em lugar da loba... como tanto o desejava o imperador Heile Selassié,
com suas duas enigmáticas iniciais, só lhe faltando um J, se é que não o possui, em seu nome secreto...”
5
. Kunaton lido anagramaticamente, ou seja, NOTANUK, quer dizer: o doador de favores o que empresta a vida a todas as coisas etc.
embora até hoje ninguém tenha decifrado semelhante mistério... O mesmo deus Ptah do Egito, note-se bem, representa o terceiro
aspecto daquela mesma Trindade, a quem implorava Colombo etc. Do mesmo modo, “é o distribuidor de favores!...”
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Outrora, escrevia-se Espanha com H, por isso o último ou quarto, de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia,
mesmo, as três letras que compõem o nome de Helena para dar razão de ser a um CRUZEIRO Mágico, que,
Petrovna Blavatsky, mesmo que sua missão, ao lado embora traçado na face da Terra, tem a forma idêntica
de Olcott, para a América do Norte ocultava os nomes em seu Seio, e nos céus, a esplendorosa Constelação,
dos países donde vieram as mônadas (a Península possuidora do mesmo nome, que a bem dizer, é o precioso
Ibérica), isto é, Hespanha e Portugal, firmando-se mui Símbolo estelar da Pátria Brasileira. Donde possuir ela
especialmente no Brasil. Depois de fundada a nossa Obra, a “Ordem do Cruzeiro”, como a mais alta distinção que
passam tais letras a significar: HOJE PELO BRASIL. se pode conceder a um homem ilustre, um herói, um
Não são os dois idiomas usados na América do benemérito, enfim, seja nacional ou estrangeiro. 6
Sul? Isso, além do mais, vem provar que, exotericamente Volvendo às três iniciais H. P. e B. no que diz
falando, Colombo é espanhol, enquanto Cabral, respeito a Helena Petrovna Blavatsky, foi ela, ao lado de
português, pois que, a sua verdadeira Pátria, como foi dito, Olcott, uma espécie de Yokanan ou anunciadora – além
tanto se acha no Gonçalves de Colombo, como no Alvares do seu papel, como já foi dito, para a 6ª sub-raça, em
de Cabral. Norte-América – de um par verdadeiro, cujos nomes são
Se se traçar uma reta de Porto Seguro (Atlântico) completamente idênticos, ou sejam, Henrique e Helena.
até alcançar o lado oposto ou Pacífico, atingiremos a Uma simples casualidade, e não que tenha algo a ver uma
Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, algo assim como forma-dual com a outra.
“uma marcha para Oeste”, ou de se unirem os dois JHS, como se viu, sai da cidade do Salvador,
“mares-oceanos”, como se dizia antigamente. Outrossim, indo a Portugal, onde, além do mais, existe uma estância
traçando-se uma vertical partindo da Serra do Roncador, hidromineral (como a Sul-Mineira) denominada São
em Mato Grosso da qual tanto falamos em nossos escritos, Lourenço dos Anciães, região essa, onde há muitos anos
vai-se ter à Vila Velha, em Ponta Grossa, no Estado do se reuniam os primeiros Membros de uma Ordem secreta,
Paraná... denominada dos Marizes (dos Morias, dos Meuros etc.) e
dos quais existem ainda muitos ramos no velho Portugal
com esse nome, por sinal que
José de Alencar, no seu imortal
romance O Guarani, ao pai e
irmão de Ceci deu os nomes
Antonio e Diogo de Mariz.
Pouco importa que o contestem,
mas foi dessa mesma Ordem
que surgiu a mais conhecida,
ou seja, a de Aviz. Não se deve
esquecer que, a dos Templários,
por sua vez, se transformou na
Ordem de Cristo. A cor da fita
e do emblema dos Avizes era
Verde, enquanto a de Cristo,
encarnada. A união entre
ambas forma a cor da primitiva
Ordem, donde ambas saíram:
a dos Marizes. Sim, com
essas mesmas cores (verde-
encarnado) surgiu o pavilhão da
Pedro Alvares Cabral e seu brasão
Pátria Portuguesa... Mistérios
que o mundo profano não sabe
Razão de se dizer de modo velado, mesmo ainda nem pode descobrir...!
agora o estamos fazendo... que – numa transcendental
geminidade, vem ao mundo alguém, em nossa Obra, de
Mato Grosso, enquanto o outro, do Paraná: e a seguir,
mais um de Porto Seguro, no sul da Bahia, e finalmente,

. A Ordem do Cruzeiro possui cinco graus: 1º Grã-Cruz, 2º Grande Oficial, 3º Comendador, 4º Oficial e 5º Cavaleiro.
6

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Assim, o “Sumo Sacerdote Agartino Por isso, a
KRISTOFERENS COLUMBUS”, se assim o quiserem, capital baiana, de
também era Grão-Mestre dos Taichus-Marus, 7 Cristóvão Colombo
relacionados com os 22 Templos agartinos (os mesmos traz o nome de
Arcanos Maiores), de que fala Saint –Yves d’Alveydre em Cristo ou Salvador,
uma de suas obras ocultistas, embora de modo velado. enquanto do outro,
Cada Sumo Sacerdote agartino forma lateralidade com BAÍA, CABRÁLIA ou
um outro Ser, para um de maior categoria que fica no VERACRUZ.
centro, pois, sendo sete as cidades da referida região, à 1500! ano de
razão de três templos para cada uma delas, dirigidas por Cristo ou Cristiano,
essa mesma Trindade (a Trindade de Colombo e de todos como o Verdadeiro
os Grandes Iniciados...), formam o número 21, que unidos ROSACRUZ.
a uma síntese de todas as outras cidades (ou uma 8ª, tal Sim, a rubra (ou Saint –Yves d’Alveydre
como na Atlântida...) completa o número 22. A tal cidade, ensanguentada) Flor
daremos de preferência, o nome SHAMBALLAH, por “Sumo Sacerdote Agartino
crística (cor da referida KRISTOFERENS COLUMBUS”, se
ser o mais conhecido de todos, embora tenha o seguinte Ordem em Portugal)
significado: SHAMBA, SHOMA etc. e ALLAH, isto é, “a assim o quiserem, também era Grão-
cercada de espinhos... no -Mestre dos Taichus-Marus, relacionados
cidade lunar, a cidade dos deuses etc.” por ser uma Ilha. centro de uma CRUZ.
Sim, a chamada “Ilha Imperecível”, pois que nenhum com os 22 Templos agartinos (os mesmos
cataclismo a pode destruir... Um século Arcanos Maiores), de que fala Saint –Yves
que se finda: Colombo. d’Alveydre em uma de suas obras ocultistas,
Da mesma maneira que a palavra constituída por Outro século que embora de modo velado
sete letras, que é também a chave na franco-maçonaria começa: Cabral.
(ou seja VITRIOL, termo alquímico muito conhecido), Séculos XV e XVI. O Kumara, a Casa de Deus, segundo os
para a famosa frase latina VISITA INTERIORA TERRAE mesmos Arcanos.
RECTIFICANDO INVENIES OMNIA LAPIDEM, tantas
vezes por nós empregada, apontava essa região sagrada a No XVII, o Ocultismo da Renascença. A revolução
que acabamos de nos referir, assim também, as sete letras de Oliver Cromwell, na Inglaterra, a Francesa, no século
superiores da sigla de Colombo, como já o dissemos e imediato. Cem anos justos antes de ser implantada a
provamos, tanto quanto é possível fazer-se através de uma República Brasileira. Do mesmo modo que a misteriosa
revista como esta, ligadas se acham com a mesma região passagem dos Condes de Cagliostro e São Germano, na
antes apontada, à missão do grande navegador, e até ao face da Terra...
futuro, ao porvir, para o qual estava ele trabalhando... As três iniciais LPD (sempre três...) que o
Sim, pois o mesmo S, que serve de cúspide a semelhante mesmo Cagliostro trazia no peito, como Grão-Copta de
pirâmide, tanto Pode ser Salvador, como Srinagar, e até certa Fraternidade egípcia, com o significado de LILIA
São Lourenço, deixando de parte o L, que possui um outro PEDIBUS DESTRUE, e com a qual foi, de fato, “destruída
sentido, que não vem ao caso apontar. Nesse caso, três a Flor de Lis dos Bourbons” (vide nosso estudo neste
SSS como os que figuram entre as sete letras da sigla de número, na Seção dedicada a São Lourenço), para não
Colombo. dizer, implantada a República Francesa, um século e meio
A missão de Cabral não é mais do que um codicilo depois, de modo caótico (ou oposto), foram as mesmas
para o espiritual Testamento de Cristóvão Colombo. Foi que a destruíram, já então servindo de nomes a certas
ele – como Pedro – a pedra fundamental, ao raiar do século personagens, chamem-se elas Laval (Leon Blum), Petain,
XVI (1500), do Grande Edifício Humano. Daladier, ou mesmo Darlan...

7
. Em artigo nosso publicado nesta Revista em 1927, dissemos sobre o assunto as seguintes palavras:
“A AGARTHA mantém 22 Templos ou os 22 Arcanos maiores de Hermes, que são, ainda, as 22 letras de vários alfabetos, inclusive o
hebreu, e representa o ZERO místico (Zero astro ou Sol, tanto vale, donde o termo ZOROASTRO etc.) ou o Incognoscível. O Zero é
Tudo ou Nada. Tudo para a Unidade harmônica. Nada sem Ela. Tudo pela Sinarquia, Nada pela Anarquia.
Um outro Templo encobre este (serve de escudo, de “círculo de resistência” etc.) : é a Maçonaria dos Taichus-Marus, cujos ramos se
estendem, secretamente, na Ásia e em muitos países cristãos.
Esta Maçonaria (melhor dito, Fraternidade Secreta), cujo Templo – é mais conhecida, dizemos hoje, por Bhante-Yaul ou Jaul, (na razão
das duas iniciais das colunas do de Salomão ou J é B, Jakim e Bohaz etc. ) se compõe de 33 Lojas, e cada Loja, por sua vez, compõe-se
de um Mestre e 33 obreiros (deixemos passar a numeração, que, não é bem essa, aparte opiniões contrárias), cada obreiro tem 33
discípulos, e possui por trás das suas 33 Lojas, um Conselho presidido por Um Ser de hierarquia elevada (o mesmo “Rei do Mundo”,
Melquisedec, o nome que lhe quiserem dar).
Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 10
Nós outros, de há muito, já as tínhamos exaltado, letra, o Thau hebraico, que tem por hieróglifo: o Seio. Seio
em nossa própria Obra, isto é, na parte do Globo onde da Mulher ou Mãe, que amamenta seu filho na primeira
se dá a Construção, e não a Destruição... através do das quatro idades da vida. Seio, também, da Mãe-Terra,
termo LAUDATE PUERI DOMINE, “louvai, crianças, para todos os seres que nela habitam: por isso mesmo
ao Senhor”. Sim, porque é nelas que se acham todas as seus filhos. “Seio da Terra”, ou “Laboratório do Espírito
esperanças da SEMENTE, que há de germinar e produzir Santo” como o denominam as escrituras sagradas
os frutos de uma Nova Civilização, Não fosse nosso lema: do Oriente. Espírito Santo, como se disse em outros
Spes messis in semine, “a esperança da colheita está na lugares, simbolizado pela Ave (Avis) solta por Noé (lido
SEMENTE”. anagramaticamente, é o EON grego, com o significado
Sim, a Obra começou – desta vez – em de “Manifestação da Divindade na Terra”), e que volta
SRINAGAR, para se consolidar ou objetivar em São com o esperançoso ramo de oliveira no bico (Ramo racial,
Lourenço, através daquele “par”, que, para o mundo, entretanto, se todo Manu, seja Moisés ou outro qualquer,
passa por ter nascido na “Cidade do Salvador”. vem sempre à frente de uma nova raça ou civilização...).
LORENZO-PAOLO-DOMICIANI, por sua Nos primitivos alfabetos hebraicos, tal letra era
vez, o nome secreto do Conde de São Germano, pouco representada por uma cruz, embora até hoje ignorado
importa que ninguém o saiba, ou ouse contestar as nossas fosse tão obscuro simbolismo, que outro não é senão o
palavras... Thau, como 22ª letra do referido alfabeto, relacionar-se,
cabalisticamente, com O Mundo. Não é esse o significado
São Germano representava o CONSTRUENS. do arcano 22? Uma cruz tanto vale pelo número 4 (quatro
Enquanto Cagliostro, o DESTRUENS. braços etc.). E a prova é que, astronomicamente falando,
O equilíbrio entre ambos equilibra também a possui o seguinte símbolo,
evolução geral do mundo.
LOURENÇO-PRABASHA-DARMA - pouco
importa que todos agora o saibam – é o nome do Manu.
Sim, o Manu da 7ª sub-raça...
Repetimos: LOURENÇO-PRABASHA-
DHARMA, sim, porque o Oriente aí está representado ou seja, o mesmo mundo... com seu pesado madeiro
no sânscrito como língua sagrada na velha Aryavartha. cármico às costas. Enquanto Vênus como seu reflexo nos
Enquanto o Ocidente, no português do termo céus e justamente o contrário:
LOURENÇO. Língua, por sua vez, sagrada, pelo
privilégio de ser a adotada nas duas pátrias irmãs, que
melhor seria dizer, Mãe (Portugal) e filho (Brasil) .
Não exigiu a Lei que o Oriente se fundisse no
Ocidente?
Por isso que da mesma vieram Aqueles que
Quanto à língua portuguesa ressoa como o canto
dirigem a Terra: “os Senhores de Vênus”.
dos devas (anjos), no Heptacórdio Celeste. No Grande
Concerto Universal da Cadeia Setenária, não foi Ela a Como manifestação divina, ou terceiro Logos, é
escolhida para a civilização conhecida sob o nome de inscrito de outro modo:
“7ª sub-raça do ciclo ário?” Por isso que a Missão da
STB, no que diz respeito ao continente sul-americano, é
denominada de Missão dos Sete Raios de Luz.
Dizer as afinidades que o referido termo
(LOURENÇO) tem com a Obra em que a
Sim, a cruz passa para o centro do círculo, ou,
STB se acha empenhada, não fica bem em
antes, para “o seio da Terra”.
semelhante trabalho, e, sim, na Seção dedicada a ele
mesmo, que é sempre a “Chave que fecha o portal de Símbolo, portanto do Espírito Santo, como 3ª
cada um dos números de seu órgão oficial, a revista pessoa dessa mesma Trindade.
DHÂRAN”. Júpiter, assinalado do
LAURENTA é o nome que tem o 22º ou último seguinte modo
Arcano Maior, também chamado: O MUNDO. É sua

Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 11


equivale a um “quatro”. E quando se coloca sobre seu E, como prova material e indiscutível de tudo isso,
divino Trono, o mesmo número fica aí invertido: não foi em São Lourenço, sobre o cume duma montanha,
que começou o trabalho de arregimentar as Mônadas que,
em torno de LOURENÇO-PRABASHA-DHARMA, irão
constituir, nas terras descobertas por Colombo e Cabral, as
civilizações dos últimos ramos raciais?
Montanha sagrada, como o Monte Meru, Monte
Sinai, Gólgota, Tabor, Al-Bordi, Moria e tantas outras!
Trono ou cadeira, tanto vale. O mistério insondável das Montanhas! Nelas
Não é a mesma Terra o 4º globo de nosso nascem os rios que fogem em cristalinos coleios
sistema? E tudo nele não se regula por um “compasso (semelhantes à marcha de Kundalini, o fogo serpentino),
quaternário”? As quatro idades, ciclos ou Yugas, como para os “mares-oceanos”, como eram outrora chamados
chamam as mesmas escrituras orientais; as quatro fases os grandes mares. Nelas nascem todas as Obras de
lunares, as quatro marés, os quatro tempos respiratórios caráter divino! E nelas são sacrificados os Mártires dessas
(inspirar, guardar o ar nos pulmões, expirar e conservá- mesmas Missões... 8
lo fora); as quatro idades da vida humana (infância, O fato de alguém se chamar Pedro Álvares Cabral,
adolescência, maturidade e velhice). O lema da Esfinge, e adotar por brasão vários ramos de uma Árvore (a Árvore
é: SABER-OUSAR-QUERER-CALAR. E, assim, tudo genealógica dos Kumaras ou Cabiras), tendo embaixo, no
mais... escudo, dois CABRITOS, e em cima, ou no “cume”, na
Razão por que a última lâmina do Tarô é cúspide etc. um outro, um pouco menor, na razão de uma
representada por “uma Jovem, a quem se dá o nome de Trindade cumárica, ou Pai-Mãe e Filho, denota superiores
LAURENTA, além do mais, por estar cercada de louros ou conhecimentos esotéricos, que não os podem ter homens
lauréis... Em cada canto da referida lâmina, um dos quatro vulgares, por mais ilustres que sejam. Bastava isso, para
animais da Esfinge, simbolizando, também, os quatro confirmar tudo quanto dissermos a seu respeito.
pontos cardeais, que são dirigidos, cosmicamente, pelos Por isso mesmo vamos parar aqui, por já termos
quatro Maharajas (ou “grandes Reis”...). No baralho de falado demais, embora direitos nos facultasse a Lei para
jogar, quatro não são esses mesmos Reis, na razão dos tanto, justamente quando dois fronts completamente
quatro naipes que o compõem?... Do mesmo modo, os distintos se apresentam aos olhos do mundo: o das forças
quatro elementos: Terra, Ar, Água e Fogo. E na sua parte do Mal dirigindo o ciclo agonizante, e o das forças do Bem,
mais transcendente, a Palavra Sagrada, por sua vez, por sua vez, dirigindo o ciclo que ressurge das cinzas do
composta de quatro letras: passado, para fazer jus ao precioso conceito do sociólogo
IOD-HÉ-VAU-HÉ, embora o segundo Hé, tenha mexicano José Vasconcelos, ao dizer: “É dentre as
uma pronúncia bem diferente da que julgam os mais bacias do Amazonas e do Prata, que sairá a raça cósmica
conspícuos hebraistas. realizadora da concórdia universal, por ser filha das dores
e das esperanças de toda a Humanidade”.
Salve, Árvore Genealógica dos Cabiras, honrada
nos preciosos nomes Cristóvão Colombo e Pedro Álvares
CABRAL .
Vitam impendere Vero!

REFERÊNCIA: DHÂRANÂ, Ano XVI, de outubro a dezembro de


1941, nº 110.

Montanha Sagrada MOREB

8
. Cuidado, porém, com os “messias guerreiros” que, sendo também três na agonia de um ciclo, para o nascimento de outro... mais
parecem “avataras” demoníacos como aqueles três flagelos de Deus: Átila, Gengis-kan e Tamerlão.
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IRMÃOS VILLAS BÔAS:
A FORMAÇÃO DE UMA NOVA CONSCIÊNCIA1

José Luiz Conrado Vieira2

“Orlando, Cláudio e Leonardo compuseram as vidas mais


extraordinárias e belas de que tenho notícia. Pequenos-
-burgueses paulistas, condenados a vidinhas burocráticas
medíocres, saltaram delas para aventuras tão ousadas e
generosas que seriam impensáveis, se eles não as tivessem
vivido. Só se compara à de Rondon a façanha desses três
irmãos que se meteram Brasil adentro por matas e campos
indevassados ao encontro de índios intocados pela civilização”.

Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 13


Introdução em 22.3.2014, por ocasião de seu 5º
Inequívoco, portanto, o vínculo Encontro Nacional, realizado em São
Ainda que diferentes os graus de
entre a ação dos três e o trabalho Lourenço - MG.
conhecimento, aqui e ali, poucos são os
brasileiros que nunca ouviram falar nos eubiótico, notadamente na Diz-se justa a homenagem
Irmãos Villas Bôas, como são conhecidos sua vertente “araratiana”, a já por serem os Irmãos Villas Bôas
Orlando (1914-2002), Cláudio (1916- qual, como se sabe, envolve de merecedores, por certo, dos maiores
1998) e Leonardo Villas Bôas (1918- modo muito especial a ideia de elogios, tanto pela vida incrível que
1961). Novo Pramantha e a questão viveram em prol dos índios, como
relativa ao desenvolvimento do pelo legado que deixaram em termos
E não é para menos: afinal, esses
Quinto Sistema de Evolução, que de consciência e de realização efetiva
três paulistas, oriundos da região de
tem o Brasil como “referencial de ideias e projetos. E pertinente,
Botucatu, dedicaram as suas vidas,
geográfico” ponderada a perspectiva de futuro com
quase que integralmente, à causa
que atua a Ordem do Ararat, não só
indígena, e o fizeram de forma intensa,
pelo significado e alcance das ações dos
apaixonada, mesclando vontade,
três em termos prospectivos, como por sua defesa, nas
idealismo, conhecimento, coragem, ousadia, realismo
vertentes material e subjetiva, da região em que se situa o
e capacidade realizadora, que fizeram com que seus
chamado (no âmbito do pensamento eubiótico) Sistema
esforços, além de outros resultados e legados relevantes,
Geográfico do Roncador (SGR).
culminassem em algo antes impensável, qual seja, a
criação do Parque Indígena do Xingu (PIX), entre o norte Vale ressaltar que o Prof. Henrique José de Souza,
e o noroeste do estado do Mato Grosso, considerado a em artigo publicado na Dhâranâ nº 23, após fazer
maior reserva do gênero no mundo. alusão aos três Templos que estariam firmados no Brasil
(Itaparica - BA, São Lourenço - MG e Nova Xavantina -
Não foi à toa que Darcy Ribeiro (outro grande
MT) fez menção, expressamente, ao trabalho dos Villas
brasileiro, antropólogo e aliado dos Villas Bôas na luta
Bôas na “descoberta” da região em que erigido o de Nova
pela criação desse Parque), disse3: “Orlando, Cláudio e
Xavantina, ocasião em que mencionou, também, tanto o
Leonardo compuseram as vidas mais extraordinárias e
Roncador em si como, de quebra, Juscelino Kubitschek,
belas de que tenho notícia. Pequenos-burgueses paulistas,
figura de destaque no contexto eubiótico4.
condenados a vidinhas burocráticas medíocres, saltaram
delas para aventuras tão ousadas e generosas que seriam Inequívoco, portanto, o vínculo entre a ação dos
impensáveis, se eles não as tivessem vivido. Só se compara três e o trabalho eubiótico, notadamente na sua vertente
à de Rondon a façanha desses três irmãos que se meteram “araratiana”, a qual, como se sabe, envolve de modo muito
Brasil adentro por matas e campos indevassados ao especial a ideia de Novo Pramantha e a questão relativa ao
encontro de índios intocados pela civilização”. desenvolvimento do Quinto Sistema de Evolução, que tem
o Brasil como “referencial geográfico” e, como “centro
Daí o acerto da homenagem, justa e pertinente,
nevrálgico”, precisamente a região do Roncador, onde se
que, aproveitando a oportunidade do aniversário, em
encontra o SGR, terceiro dos sistemas geográficos que
12.1.2014, de cem anos do nascimento de Orlando Villas
norteiam o trabalho eubiótico no País, sistema esse cujo
Bôas, decidiu a Ordem do Ararat (integrante da Sociedade
“centro” (ou 8ª cidade) está em Nova Xavantina.
Brasileira de Eubiose - SBE) fazer a esses três irmãos,

1
. Este artigo está baseado em (e estruturado a partir de) outro, intitulado Irmãos Villas Bôas, Roncador e Ararat, publicado na edição nº 171 (abril/2014), Ano 14,
págs. 6/10, do Boletim Informativo Integre-se, do Departamento de São Paulo - Lacerda Franco da Sociedade Brasileira de Eubiose (SBE).
2
. Membro da Série Interna do Departamento de São Paulo - Lacerda Franco da SBE.
3
. Vide texto intitulado Os Irmãos Villas Bôas, como item das Apresentações do livro A Marcha para o Oeste, de Orlando e Cláudio Villas Bôas (São Paulo:
Companhia das Letras, 2012, p. 11).
4
. No artigo intitulado Meu Canto de Cisne, publicado na Dhâranâ nº 23 (julho-dezembro/1963, Ano XXXVIII, pág. 5), referiu-se o Prof. Henrique José de Souza a
“um Templo nas imediações do Roncador, como centro do sistema geográfico Brasileiro, onde já se acha um marco apontando esse mesmo lugar que em verdade
nos pertence, fato esse glorioso”, e completou dizendo ser o sertanista Villas Bôas o seu descobridor (referindo-se aí, provavelmente, a Orlando), “como prova ter
ele passado um telegrama ao Presidente Juscelino Kubitschek cientificando-o de semelhante descoberta e respectiva medida de firmar naquele lugar semelhante
marco”.

Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 14


A Marcha para o Oeste, Getúlio dizer, do citado adensamento.
e o Sistema do Roncador Vale ressaltar o quão denso era
Com efeito, os Irmãos Villas (e, de certo modo, ainda é) o imaginário
Bôas tiveram participação marcante no popular relativamente à região do
desbravamento da região do Roncador- Roncador-Xingu e seus índios (muitos
Xingu, seja pela utilização de uma dos quais estariam ali, diz-se, para
nova metodologia de abordagem dos guardar o mistério da cidade dos
índios (tanto na aproximação/atração, “telhados resplandecentes”5, também
como em termos de convivência com as referida como “cidade perdida”),
diversas etnias da região e entre elas), alimentado não somente a partir
... ao longo dessa
que permitiu o contato exitoso com de relatos de fatos reais, como de
caminhada participaram
grupos indígenas até então praticamente hipóteses e mitos os mais variados.
ativamente, de forma direta
desconhecidos, seja pela formação de ou indireta, da formação de Nesse sentido, convém lembrar,
uma nova consciência a respeito da inúmeras cidades, ajudando de um lado, as dificuldades (reais)
questão indígena no Brasil, seja, ainda, a promover o que se poderia encontradas pelo Marechal Rondon
pela criação do Parque Indígena do denominar, de certa forma, diante da enorme resistência dos índios
Xingu (PIX). Além disso, ao longo dessa de “adensamento” material xavantes6 à entrada em seu território
caminhada participaram ativamente, de e subjetivo da região em e, de outro, a questão (real, mas com
forma direta ou indireta, da formação de que se situa o Sistema aspectos já quase míticos) da passagem
inúmeras cidades, ajudando a promover Geográfico do Roncador do arqueólogo e pesquisador inglês
o que se poderia denominar, de certa (SGR) Coronel Percy Fawcett (1867-1925)
forma, de “adensamento” material e pela região, onde teria desaparecido
subjetivo da região em que se situa o quando de sua expedição, em 1925,
Sistema Geográfico do Roncador (SGR). para tentar localizar uma “civilização perdida” na Serra do
Roncador .7
E não só a cidade de Nova Xavantina (MT), sede do
SGR, mas também diversas outras que compõem aquele Ainda sobre os atributos daquela região, cabe
sistema, como Barra do Garças, Água Boa, Canarana, destacar a existência de comentários feitos pelo Prof.
São Félix do Araguaia etc., fizeram parte, em maior ou Henrique José de Souza em artigos publicados por
menor grau, do roteiro de trabalho e das expedições de que Dhâranâ, sobretudo na década de 19308, referindo-se
participaram os Villas Bôas em sua epopeia da Marcha não só às “condições de existência” da chamada “cidade
para o Oeste, as quais constituíram os vetores, por assim perdida”, mas também a uma passagem “subterrânea”

5
. Em artigo intitulado Brasília - Capital da Era de Aquarius, publicado em Dhâranâ nºs 13 e 14 (janeiro-junho/1960, Ano XXXV, pág. 3), Valdemar H. Portela e Her-
nani Monteiro Portela referem-se à “região do Roncador, onde um dia se acharão as ruínas da Cidade dos Telhados Resplandecentes”, fazendo alusão à sua cone-
xão com a “4ª Cidade Atlante”.
6
. Há várias menções, em artigos publicados em Dhâranâ, à condição dos xavantes (ou chavantes) como guardiões de certos segredos da região do Roncador-Xin-
gu. Na Dhâranâ nº 106 (outubro-dezembro/1940, Ano XV, pág. 3, nota de rodapé nº 2), por exemplo, no artigo intitulado O Mistério dos Incas, de P. Odinot, com
comentários do Prof. Henrique José de Souza, há menção à “tradição que nos fala do aviso lançado pelos chavantes todas as vezes que alguém ousa aproximar-se
daquelas ‘terras sagradas’”. Consta daquele artigo, também, que “o termo ‘chavantes’, embora silvícola, poderia ser decomposto em dois outros bem nossos: chave
e antes... E, confirmada esta derivação, confirmada ficaria igualmente a hipótese de estar na mão deles a chave do enigma que, infelizmente não pode ser revelado
aos chamados civilizados, a menos que adquiram uma cultura diferente daquela que recebem nas suas escolas”.
7
. Consta que os índios Kalapalo, que teriam tido contato com Fawcett, opuseram-se fortemente, mesmo muitas décadas depois, em 1996, a novas expedições que
buscavam pesquisar o ocorrido com ele, conquanto tenham, por outro lado, ajudado os Villas Bôas nesse mesmo sentido.
Interessante, nessa linha, o contido no site da editora brasileira denominada Kalapalo, na qual consta ser este “o nome de uma importante tribo do Alto Xingu,
hoje dentro do Parque Nacional do Xingu”, e que “foram eles os primeiros índios não civilizados a travarem contato com os irmãos Villas Bôas, em 1945, durante
a Expedição Roncador-Xingu”, além de estarem, também, “diretamente envolvidos com a história do misterioso desaparecimento do explorador e aventureiro
inglês, o Coronel Percy Fawcett, em 1925”. A seguir, diz: ”Os Kalapalos impediram ou ajudaram a impedir, de algum modo, a passagem de um explorador colonial
britânico, mas permitiram a passagem de brasileiros preocupados com o futuro dos índios e com o rumo do desenvolvimento nacional. Esse discernimento intuiti-
vo e sua posição de responsabilidade, como uma espécie de ‘guardiões da entrada da Amazônia’, são bastante representativos da filosofia da editora” (vide http://
www.kalapalo.com.br/index.php/editora/; acessado em 5.5.2014, às 22h).
8. Vide, por exemplo, artigos intitulados El Dorado (Dhâranâ nºs. 67 a 69; julho-setembro/1931; Ano VI), O Governo Oculto da S.T.B. (Dhâranâ nº 77; julho-setem-
bro/1933; Ano VIII) e A Esfinge da Serra do Mar (Dhâranâ nº 85; julho-setembro/1935; Ano X).

Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 15


ligando determinado ponto da região, às nesse contexto, pois, que Getúlio buscou
margens do Rio Xingu, à cidade de Cuzco, mobilizar o País e a opinião pública em
perto de Machu-Pichu, no Peru. Isso para geral com uma campanha de grande
não dizer das várias referências existentes impacto voltada para a integração
(no pensamento eubiótico) à condição de nacional.
região “jina” envolvendo a área do Sistema Getúlio lançou a Marcha para o
Geográfico do Roncador9. Oeste por intermédio de um discurso
Enfim, os jovens Orlando, Cláudio considerado memorável, transmitido por
e Leonardo Villas Bôas, detentores de um rádio a partir do Palácio da Guanabara,
“espírito aventureiro” e morando, então, em cadeia nacional, na passagem de
na capital de São Paulo, onde trabalhavam, ano de 1937 para 1938, à meia-noite, ao
na época, em empresas privadas (Orlando ensejo da tradicional saudação do dia de
e Leonardo) e no serviço público (Cláudio), “Ano Bom” ao povo brasileiro, dizendo11:
O verdadeiro sentido de
decidiram, de modo surpreendente, largar “A civilização brasileira, a mercê dos
brasilidade é a Marcha para o
tudo o que tinham na “cidade grande” fatores geográficos, estendeu-se no sentido
Oeste. No século XVIII, de lá jorrou
e envolver-se numa empreitada difícil e da longitude, ocupando o vasto litoral,
o caudal de ouro que transbordou
altamente arriscada, mata adentro, no onde se localizaram os centros principais
na Europa e fez da América o
Estado do Mato Grosso, por intermédio da de atividade, riqueza e vida. Mais do que
Continente das cobiças e tentativas
Expedição Roncador-Xingu (que durou de uma simples imagem, é uma realidade
aventurosas. E lá teremos de
1943 a 1949), criada pelo governo federal10, urgente e necessária galgar a montanha,
ir buscar: — dos vales férteis e
tornando-se, a partir daí, sertanistas, transpor os planaltos e expandir-nos
vastos, o produto das culturas
estudiosos das culturas indígenas e, acima no sentido das latitudes. Retomando a
variadas e fartas; das entranhas da
de tudo, grandes amigos dos índios. trilha dos pioneiros que plantaram no
terra, o metal, com que forjar os
Essa expedição fez parte do coração do Continente, em vigorosa e
instrumentos da nossa defesa e do
movimento denominado Marcha para épica arrancada, os marcos das fronteiras
nosso progresso industrial.”
o Oeste, lançado por Getúlio Vargas em territoriais, precisamos de novo suprimir
1º.1.1938 com vistas à ocupação das obstáculos, encurtar distâncias, abrir
chamadas “manchas brancas” do território brasileiro, caminhos e estender fronteiras econômicas, consolidando,
concentradas no oeste e no norte do País, por serem definitivamente, os alicerces da Nação. O verdadeiro
regiões pouquíssimo conhecidas, até então, e que se sentido de brasilidade é a Marcha para o Oeste. No século
mostravam objeto de grande cobiça, já naquela época, XVIII, de lá jorrou o caudal de ouro que transbordou
por parte de potências estrangeiras. Vale notar que o na Europa e fez da América o Continente das cobiças e
lançamento desse movimento se deu ainda no calor dos tentativas aventurosas. E lá teremos de ir buscar: — dos
fatos políticos que haviam sacudido o País no final de vales férteis e vastos, o produto das culturas variadas e
1937, visto que em novembro daquele ano (10.11.1937) fartas; das entranhas da terra, o metal, com que forjar
havia sido decretado o regime conhecido como Estado os instrumentos da nossa defesa e do nosso progresso
Novo, pelo qual passava Getúlio, dentre outros poderes, industrial.”
a poder governar por intermédio de Decretos-Leis. Foi Vale lembrar, para os que se vinculam ao

9
. Por exemplo, no artigo intitulado El Dorado (Dhâranâ nºs. 67 a 69; julho-setembro/1931; Ano VI) o Prof. Henrique José de Souza, após se referir a local deno-
minado, no âmbito das lendas tupis, de “Matatú-Araracanga” (isto é, diz ele, “Cachoeira das Araras”), fala de outro local como segue: “Mais interessante ainda,
é aquele situado muito além do primeiro, às margens do Xingu, por cujas galerias subterrâneas – à parte negações estúpidas de quem nada sabe a respeito – se
pode ir até a cidade de Cuzco, próximo a Machu-Pichu, no Peru, como antiga Fraternidade Jina, por sinal, onde esteve H.P.B em uma de suas viagens em volta do
mundo”.
10
. A Expedição Roncador-Xingu foi criada pela Coordenação de Mobilização Econômica (CME, uma espécie de “superministério”, na época), por intermédio da
Portaria nº 77, de 3.6.1943, tendo sido, posteriormente, declarada de “interesse militar” através do Decreto-Lei nº 5.801, de 8.9.1943 (vide http://www2.camara.
leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-5801-8-setembro-1943-415761-publicacaooriginal-1-pe.html; acessado em 9.5.2014, às 16h08).
11
. Vide http://www.quemdisse.com.br/frase.asp?frase=98596#ixzz30ZPgb3Sa (acessado em 5.5.2014, às 10h36; contém texto intitulado O verdadeiro sentido de
brasilidade é a marcha para o Oeste), dentre outros que mostram esse discurso.

Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 16


Semana de Arte Moderna, idealizada por Di Cavalcanti e realizada entre 13 e 18.2.1922 no Teatro Municipal de São Paulo), no
bojo do qual pontuaram escritores e artistas como Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Menotti Del
Pichia, Sérgio Milliet, Heitor Villa-Lobos, Di Cavalcanti, Victor Brecheret, Tarsila do Amaral e Anita Malfatti.

pensamento eubiótico, a importância de Getúlio Vargas pontuaram escritores e artistas como Oswald de Andrade,
na medida em que, considerado um assura, fez parte do Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Menotti Del
grupo (que incluía Mahatma Gandhi, Hiroíto, Rudolf Pichia12, Sérgio Milliet, Heitor Villa-Lobos, Di Cavalcanti,
Steiner e outros) de 14 personalidades incumbidas de Victor Brecheret, Tarsila do Amaral e Anita Malfatti,
criar uma ambiência adequada, nos planos intelectual, dentre outros, e a partir do qual passaria a ser colocada em
filosófico e político, para a germinação e posterior debate, mais incisivamente, essa questão da identidade
expansão do trabalho em que se engajariam o Prof. cultural.
Henrique José de Souza e Dona Helena Jefferson de A propósito, um editorial histórico do jornal Folha
Souza. Nessa linha, encarregou-se Getúlio de transformar de São Paulo, de 15.5.197813, dizia que “os críticos e os
as bases econômica e social do Brasil, a fim de que o País estudiosos entram em sintonia num ponto: a Semana
pudesse superar a fase de economia primária/agrícola de Arte Moderna, realizada em 1922, em São Paulo,
e se tornar uma economia industrializada, tendo, para representou um marco, verdadeiro ponto de inflexão
tanto, introduzido uma nova (e, à época, revolucionária) no modo de ver o Brasil”. E, após ressaltar que “do
legislação trabalhista, incluindo a definição do salário- ponto de vista artístico, o objetivo fundamental da
-mínimo para o trabalhador, bem como dado início à Semana foi acertar os ponteiros da nossa literatura
indústria de base brasileira, envolvendo especialmente com a modernidade contemporânea”, disse o editorial
as áreas de siderurgia e energia, além de estabelecer as que “desse ângulo, o modernismo é expressão da
diretrizes iniciais da política de industrialização para modernização operada no Brasil a partir da década de
substituição de importações (ISI) que seria fundamental 20, que começava a dar sinais de mudança (vide, no
para a mudança do patamar produtivo da economia plano político, o movimento rebelde dos tenentes) de
brasileira. Além disso, trouxe inovações em vários outros uma economia agroexportadora para uma economia
campos, como o voto feminino, o ensino de música na industrial”.
educação pública (por influência de Villa-Lobos) etc.
No campo científico, sobretudo na antropologia,
Importa salientar, também, que o Brasil vivia, entre na história e na sociologia surgiriam obras marcantes
as décadas de 1920 e 1930, uma grande efervescência com Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda, dentre
não só no âmbito político, mas também no plano cultural, outros, discutindo as características da formação do povo
com a busca de uma identidade (cultural) propriamente brasileiro, tendo Gilberto Freyre, em particular, trazido
brasileira, cujo ponto de partida fora, em grande medida, o o que se poderia denominar, de certo modo, de “novo
Movimento de 1922 (Semana de Arte Moderna, idealizada paradigma” acerca da importância da mestiçagem no
por Di Cavalcanti e realizada entre 13 e 18.2.1922 Brasil.
no Teatro Municipal de São Paulo), no bojo do qual

12
. Terezinha de Jesus Dias Pacheco reproduz, em seu artigo Bruno de Menezes e o Modernismo no Pará (Revista Em Tese, v. 6, pp. 165-172, agosto/2003; Belo
Horizonte: UFMG/FALE/Pós-Lit), parte do discurso em que Menotti del Picchia, na qualidade de orador oficial da segunda noite do evento, dizia o que se pensava
sobre o Modernismo: “A nossa estética é de reação. Como tal, é guerreira. O termo futurista, com que erradamente a etiquetaram, aceitamo-lo porque era um car-
tel de desafio (...) No Brasil não há, porém, razão lógica e social para o futurismo ortodoxo, porque o prestígio do seu passado não é de molde a tolher a liber-
dade da sua maneira de ser futura. Demais, ao nosso individualismo estético repugna a jaula de uma escola. Procuramos, cada um, atuar de acordo com nosso
temperamento, dentro da mais arrojada sinceridade. (...) Queremos luz, ar, ventiladores, aeroplanos, reivindicações obreiras, idealismos, motores, chaminés de
fábricas, sangue, velocidade, sonho, na nossa Arte (...)”. (grifamos)
13
. Editorial intitulado Semana de Arte Moderna: o sarampo antropofágico. Vide http://almanaque.folha.uol.com.br/semana22.htm: acessado em 5.5.2014, às
10h28.

Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 17


Getúlio, após sobrevoar a região do Roncador e tomar contato com toda aquela imensidão praticamente intocada16, resolvesse criar dois organismos
para iniciar a sua ocupação: a Expedição Roncador-Xingu e a Fundação Brasil Central (FBC), sendo a primeira um órgão de vanguarda, que escolheria
os pontos ideais para os futuros grupos de povoamento, enquanto a segunda, a FBC, encarregar-se-ia, na sequência, de implantar esses núcleos

Na música, Heitor Villa-Lobos inseria em suas depois, desmentir) que a fim de permitir a “acomodação”
obras motivos brasileiros, ligados ao campo (com a figura dos povos que se debatiam na guerra, seria o caso de se
do “caipira”) e à floresta, causando grande perplexidade promover a ocupação dos espaços brancos do território
no âmbito das elites arraigadas ao culto ao “europeísmo”. brasileiro15. Essa declaração, somada à publicação
E, importa salientar, no terreno das filosofias por Cassiano Ricardo (1895-1974), em 1940, de um
religiosas começava a se estruturar o movimento livro homônimo do movimento (Marcha para Oeste),
eubiótico, entre 1921 e 1924, com a criação da entidade fez com que o processo, segundo Orlando Villas Bôas,
Dhâranâ - Sociedade Mental Espiritualista, que passaria efetivamente acontecesse.
a se denominar, em 1928, Sociedade Teosófica Brasileira Enfim, consta que esse pronunciamento de
(STB), vindo a assumir, mais tarde, o nome atual de Raynaud fez com que Getúlio, após sobrevoar a região
Sociedade Brasileira de Eubiose (SBE). O surgimento do Roncador e tomar contato com toda aquela imensidão
dessa corrente filosófica (Eubiose) deu-se, pois, praticamente intocada16, resolvesse criar dois organismos
contemporaneamente e, de certo modo, em sintonia com para iniciar a sua ocupação: a Expedição Roncador-Xingu
o movimento de renovação da literatura, das artes e da e a Fundação Brasil Central (FBC), sendo a primeira um
arquitetura no Brasil, notadamente no que tange ao seu órgão de vanguarda, que escolheria os pontos ideais para
aspecto de definição de uma identidade propriamente os futuros grupos de povoamento, enquanto a segunda,
brasileira, presente o fato de que uma das ideias-força a FBC, encarregar-se-ia, na sequência, de implantar
do pensamento eubiótico envolve, precisamente, a esses núcleos17. Nesse processo, acabariam assumindo,
proposição do Brasil como grande nação do futuro. acessoriamente, também as funções de mapear toda a
Assim, foi nesse contexto de novidades e região central do Brasil e marcar o centro geográfico
perplexidades que Getúlio Vargas lançou o movimento do território nacional, além de providenciar a abertura
Marcha para o Oeste, o qual se mostraria, entretanto, de caminhos que permitissem a ligação por terra com o
bastante claudicante até o início da década de 1940, restante do País.
por fatores os mais diversos, tanto de ordem interna Para a consecução dessa empreitada Getúlio Vargas
(pela precariedade dos instrumentos de ação, escassez encarregou João Alberto Lins de Barros, nomeado para
de recursos etc.), quanto ligados à esfera internacional a Coordenação de Mobilização Econômica (CME), de
(com o rescaldo, ainda, da Grande Crise de 1929 e, por adotar todas as medidas necessárias à ocupação das
outro lado, a iminência e posterior eclosão da II Guerra citadas “manchas” ou “espaços brancos” a oeste do
Mundial), tendo tido novo impulso, segundo relatos território nacional, iniciando o que passaria a ser chamado
de Orlando Villas Bôas14, após um pronunciamento de “interiorização do Brasil” ou “integração nacional”. À
atribuído a um iminente político francês, Paul Raynaud frente da Expedição, Getúlio colocou o tenente-coronel
(1878-1966), que teria declarado (ainda que tentasse, Mattos Vanique18.
14
. Vide: (a) Programa Roda Viva de 19.4.1993 (TV Cultura de São Paulo), em http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/534/entrevistados/orlando_villas_boas_1993.
htm (acessado em 5.5.2014, às 10h26); e (b) vídeo intitulado Irmãos Villas Bôas - Bandeirantes do séc. XX, atribuído a NVillas, postado em http://www.youtube.
com/watch?v=TIm20LBaBXw (acessado em 5.5.2014, às 10h45).
15
. Orlando Villas Bôas reproduziu, no Programa Roda Viva de 19.4.1993 (op. cit.), com as seguintes palavras, o que teria sido a declaração de Paul Raynaud: “Já
que a tônica da guerra é um espaço vital, por que não ocupar os [espaços] brancos do Brasil Central com as populações descendentes da Europa?” (vide Memória
Roda Viva no link citado na nota anterior: acessado em 5.5.2014, às 10h26).
16
. Curioso que há uma referência, na Dhâranâ nº 106 (outubro-dezembro/1940, Ano XV), no artigo intitulado O Mistério dos Incas, de P. Odinot, a uma viagem de
Getúlio Vargas à região, como segue: “Quando da patriótica e construtiva viagem de Sua Excelência o Senhor Presidente da República ao Norte do País, teve oca-
sião de sobrevoar uma faixa de terreno nas imediações da Serra do Roncador e, tanto ele como alguns membros da sua comitiva, observaram, verdadeiramente
admirados ‘longas e perfeitas estradas’ que simples selvagens não podiam ter construído”.
17
. Vide Programa Roda Viva de 19.4.1993, da TV Cultura de São Paulo (op. cit.).
18
. João Pacheco de Oliveira observa (em Uma viagem ao Brasil profundo, como prefácio do livro A Marcha para o Oeste, de Orlando e Cláudio Villas Bôas - op.
cit., p. 18) que João Alberto Lins de Barros “fora integrante do movimento tenentista, participara da Coluna Prestes e mantinha uma intensa atividade política nas
décadas de 1930 e 1940”, e que Mattos Vanique era um dos mais antigos colaboradores de Getúlio e ex-chefe de sua segurança pessoal. Isso parece dar uma certa
dimensão da preocupação de Getúlio com relação a esse projeto de ocupação do oeste brasileiro.

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Vontade, ousadia e persistência: uma marca francamente
dos Villas Bôas militarista da
expedição e dar
Foi, pois, dentro daquele contexto de novidades,
uma nova tônica
reflexões e perplexidades vivido pelo País, a que se somou
ao avanço na
toda a ambiência, de corte nacionalista, gerada a partir
mata e à atração
do lançamento do movimento marcha para o oeste, que
dos indígenas,
os irmãos Orlando, Cláudio e Leonardo se mostrariam
baseada na
incrivelmente ousados e persistentes para conseguir o Aldeia indígena no Xingú
linha de ação do
seu engajamento na Expedição Roncador-Xingu, que
Marechal Rondon Coroando seu trabalho, e depois de uma
acabaria se tornando a porta de entrada para o extenso e
(pautada pelo longa e exaustiva jornada de vários anos com
árduo trabalho que marcaria suas vidas e os notabilizaria
lema “morrer se discussões, propostas, negociações e tentativas
nacional e internacionalmente.
preciso for, matar de convencimento de governantes, ministros,
Com efeito, ainda que se considere a forte influência nunca”), do qual parlamentares, acadêmicos etc., além, claro,
de toda aquela efervescência, não era de se esperar que dos próprios índios, conseguiram convencer o
foram, de certa
governo Jânio Quadros a criar, em 1961, por
jovens educados e bem empregados, vivendo junto à forma, discípulos. decreto, o Parque Indígena do Xingu (PIX), que
família e com toda uma perspectiva de vida pela frente Os três irmãos engloba uma área de cerca de 27.000 Km²
numa das maiores cidades do País, largassem tudo para fizeram com entre o norte e o noroeste do Mato Grosso...
se meter numa aventura incerta e no meio da selva. E que a missão,
logo três irmãos, de uma só vez. Como dizem alguns, que tinha tudo para ser “violenta” (já pela resistência
parece que havia algo mais, como uma força ou “chamado dos índios ao ingresso em seu território), acabasse se
interior” a compeli-los no sentido de irem para o centro- transformando numa expedição de contato e atração em
oeste brasileiro naquele momento. que imperaram a busca da confiança, da pacificação e do
Essa vontade e essa persistência ficaram patentes respeito às diversas etnias que habitavam a região.
no momento em que, recusados em sua primeira tentativa Desta forma, seu engajamento na Expedição
de engajamento na Expedição (por saberem ler e escrever, Roncador-Xingu acabou se tornando decisivo para o
já que a preferência era por pessoas de baixa cultura, desbravamento, árduo e complexo, mas pacífico, de boa
destinadas ao “trabalho pesado”), em São Paulo, não parte da Amazônia meridional, notadamente da região do
hesitaram e foram tentar, novamente, numa outra frente Rio Xingu e seu entorno, e para o estabelecimento de um
de seleção aberta em Goiás, fazendo-se passar, num lance contato inovador com diversas etnias e nações indígenas
teatral (deixando a barba crescer e usando roupas velhas até então isoladas. Sua ação na região se desdobrou,
e “surradas”), por sertanejos analfabetos. Cláudio e ainda, até a década de 1970.
Leonardo apresentaram-se primeiro, foram admitidos e,
Nessa longa caminhada pela mata, enfrentaram
na sequência, chamaram Orlando.
desafios os mais diversos, indo da contração de doenças
Evidentemente que, sendo bem educados e (ao que consta, Orlando teria contraído malária mais
inteligentes, logo assumiram posições de liderança e de uma centena de vezes), até riscos de vida por ataques
comando junto aos demais expedicionários, quase todos de índios, de animais selvagens e, até, de fazendeiros,
muito simples e com pouca ou nenhuma alfabetização, latifundiários, exploradores da floresta, madeireiros e
sendo alguns matutos da própria região. Da mesma outros “brancos” que viram na ação deles uma ameaça
forma, ganharam logo a confiança da chefia militar da aos seus interesses econômicos, muitas vezes ilegítimos
expedição. e/ou ilegais, na região. Tiveram que enfrentar e superar
posições divergentes e interesses os mais diversos, de
comerciais a religiosos, de privados a públicos, bem como
Liderança, inovação e desafios: o Parque visões equivocadas e ultrapassadas acerca dos índios e da
Indígena do Xingu importância de sua presença no Brasil.
Aliás, para muitos analistas a liderança dos
Villas Bôas foi fundamental para transformar o caráter

19
. Vide, por exemplo, o tópico “Parque Indígena do Xingu” na Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Ind%C3%ADgena_do_Xingu; acessado em 5.5.2014,
às 22h04).

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Coroando seu trabalho, e depois de uma longa Assim, os Villas Bôas conseguiram ir além da ação
e exaustiva jornada de vários anos com discussões, do Marechal Rondon (reconhecida também, diga-se de
propostas, negociações e tentativas de convencimento de passagem, como francamente humanista), na primeira
governantes, ministros, parlamentares, acadêmicos etc., metade do século XX, e inauguraram uma nova visão, uma
além, claro, dos próprios índios, conseguiram convencer nova tomada de consciência acerca da questão indígena e
o governo Jânio Quadros a criar, em 1961, por decreto, o da forma de atração dos índios pela “civilização”. Olhando
Parque Indígena do Xingu (PIX), que engloba uma área de uma perspectiva científica, trabalharam a consciência
de cerca de 27.000 Km² entre o norte e o noroeste do Mato social da necessidade de se conhecer melhor a riqueza e a
Grosso (equivalente, aproximadamente, ao estado de importância, para o futuro, dos povos indígenas, de suas
Alagoas, maior que o de Sergipe e apenas 10% menor que culturas e de seu habitat histórico (a floresta), além do
a Bélgica), hoje tido como a mais importante reserva do cuidado necessário para evitar a “aculturação predatória”
gênero no mundo, onde vivem, pacificamente, pelo menos e a destruição que marcaram, ao longo da história, os
14 diferentes etnias e mais de 5000 índios detentores de contatos com índios.
uma rica diversidade cultural, a começar pelo uso de um Consciência, ademais, do cuidado que se há que
conjunto de línguas que, segundo a Unesco, constitui o ter (antecipando, de certa forma, os novos paradigmas
mais belo e expressivo mosaico linguístico das Américas, de direitos humanos prevalecentes no final do século
baseado nos quatro grandes troncos linguísticos indígenas XX) no trabalho árduo, lento e gradual de incorporação
do Brasil, a saber: caribe, aruaque, tupi e macro-jê. desses seres humanos diferenciados, dessa “humanidade
diferente” (como dizia Darcy Ribeiro), à civilização. Vale
Diversidade cultural, “humanidade dizer, na perspectiva eubiótica, incorporação ao esforço de
diferente” e miscigenação geração de uma “raça-síntese” no Brasil.
Aliás, essa adjetivação remonta a uma observação
de Claude Lévi-Strauss em seu Tristes Trópicos,
Toda essa diversidade cultural, aliás, é exaltada, referida por Orlando Villas Bôas21, tendo sido também
dentre outros, por Danilo Santos de Miranda no texto empregada por Cláudio Villas Bôas pouco antes de
denominado A ação cultural como contato com o outro20, deixar o Parque do Xingu, em 1976, quando se referiu
quando se refere ao conjunto das etnias existentes no à condição diferenciada dos indígenas dizendo: “quem
Brasil e destaca o equívoco de se tratar os índios a partir viveu mais de 30 anos com os índios, como eu, sente que
de uma “imagem abstrata”, como “um conceito sempre eles representam uma outra humanidade, com valores
pronunciado no singular”. Diz ele: “esta é uma violência complexos que nós não conseguimos compreender”.22
simbólica: em meio a uma extraordinária diversidade
que ultrapassa 200 povos e 150 línguas é agressiva nossa Enfim, fato é que essa “humanidade diferente” há
constante atitude de reduzir toda essa riqueza a uma única que fazer parte, num ritmo próprio, também diferente,
categoria de gente ou, ainda pior, de raça”. do grande processo civilizatório brasileiro, marcado
pela miscigenação, pela formação de um povo mestiço,
Portanto, completa Danilo, “não poderíamos falar resultante do aproveitamento de todas as contribuições
de índio, mas de índios, no plural, para não corrermos (“experiências”) dos biotipos e das culturas originárias
o risco de extirpar todo um manancial de diversidade dos vários povos que o compõem. Diga-se de passagem,
cultural. E não apenas de índios, mas de culturas um povo que já traz, desde o descobrimento, uma
indígenas, para tratá-los como iguais em condições e extensa contribuição miscigenatória a partir dos
direitos humanos. Uma igualdade que sugere novas portugueses, implícita na frase emblemática dita por Tom
relações de troca e não só de observação no nível sujeito x Zé no documentário O Povo Brasileiro23: “somos uma
objeto de pesquisa”. contemporaneidade dos milênios”.

20
. Esse texto abre o livro Tradição e Resistência: encontro de povos indígenas (São Paulo: Edições SESC/SP, 2008), pp. 9/10.
. Vide introdução do livro, de natureza autobiográfica, Orlando Villas Bôas: História e Causos (São Paulo: Ed. FTD, 2006). Para Lévi-Strauss, “não estamos em
21

contato com um povo de cultura primitiva [...] estamos tendo a oportunidade de viver com uma outra humanidade, com uma outra ética, outra moral, outra visão
de mundo”.
22
. Vide, por exemplo, http://www2.uol.com.br/JC/_1998/0203/br0203a.htm (acessado em 9.5.2014, às 12h50).
23
. Documentário baseado na obra O Povo Brasileiro, de Darcy Ribeiro, produzido e disponibilizado em DVD pela Versátil Home Vídeo (São Paulo: 2005)

Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 20


Completando, na linha do índios, ao governo e aos demais
pensamento eubiótico, um povo interessados, além da comunidade
mestiço porque aqui há de se fazer, científica), para que o processo,
por desígnio histórico (de “Obra”), a embora árduo, se desenvolvesse
mais emblemática mistura de raças e de forma pacífica, gradual, mas
culturas, um caldeamento racial de que firme, procurando, quando
deve resultar a “raça do futuro”, como necessário, “negociar” ou persuadir
raça-síntese, já na perspectiva de raça- positivamente, com diálogo e
-consciência. argumentos consistentes, aqueles
que não concordavam ou resistiam,
de alguma forma, aos seus métodos
O resultado da ação dos Villas e ideias. Daí o enorme respeito que
Bôas ganharam, desde logo, e o amplo
Enfim, foi desse índio, sujeito reconhecimento mundial, seja na
do descobrimento do Brasil, mas esfera científica, seja no âmbito
frequentemente oprimido e, por político, de que são exemplos
vezes, até “massacrado” durante mais marcantes as duas indicações para o
de 400 anos, que os Irmãos Villas Prêmio Nobel da Paz.
Bôas trataram de cuidar, preservar, No âmbito de sua ação para
“apaziguar” e respeitar, mediante Carta de próprio punho do Marechal criação do Parque do Xingu merecem
uma atração positiva. Tendo Orlando, Rondon para os Irmãos Villas-Bôas.
destaque duas das premissas
quase sempre, à frente, atuaram O marechal só escrevia de próprio punho que nortearam a proposta que
fortemente na criação de condições e/ para sua filha e para os Villas-Bôas. É elaboraram, a saber:
ou na melhoria da assistência geral importante atentar para o encerramento
(criando até mesmo convênio médico da carta: afetuoso abraço do velho, seu a) “constituir uma reserva
admirador Cândido M. S. Rondon. natural onde a flora e a fauna
com a Universidade Federal de São
Paulo – Unifesp) às várias etnias e (Wikipédia) intocadas guardassem, para o Brasil
na garantia da preservação da fauna e da flora da região. futuro, um testemunho do Brasil do
Além disso, favoreceram a realização de pesquisas Descobrimento”;
e estudos nas mais diversas áreas do conhecimento, b) “prestar assistência direta e proteger as tribos
notadamente em etnologia, etnografia e linguística, da região, “defendendo-as de contatos prematuros
facilitando o acesso de pesquisadores tanto nacionais e nocivos com as frentes de ocupação da sociedade
como de universidades estrangeiras, sempre com o devido nacional”.
acompanhamento e supervisão, além de viabilizarem Além disso, quatro vetores (ou ideias-força)
a filmagem documentária da vida dos índios, o que parecem ter estado sempre presentes nessa marcha para
permitiu a formação de um importante acervo audiovisual o oeste empreendida por Orlando, Cláudio e Leonardo
destinado a estudos e outros trabalhos24. Villas Bôas, a saber: ambiência (fundamental para que
Por conseguinte, lembrando o subtítulo do último conseguissem avançar em seus objetivos); consciência (da
livro de Orlando e Cláudio (Marcha para o Oeste: a necessidade de se conhecer e registrar adequadamente
epopeia da expedição Roncador-Xingu), foi épica, de fato, a identidade cultural dos índios brasileiros e defendê-los
a empreitada dos três irmãos, constituindo-se num dos da aculturação predatória, aí incluída, ao que parece, a
mais relevantes e complexos eventos da história dos índios consciência “intuitiva” do Brasil como sede da próxima
no Brasil e dos estudos antropológicos e sociológicos fase da evolução do gênero humano, tendo a miscigenação
brasileiros, para os quais se tornou uma inestimável fonte como um dos instrumentos); cooperação (seja entre
de informações. os três, seja com os demais envolvidos na empreitada,
Resta claro que eles souberam criar uma ambiência incluindo os índios, tornando-se nota marcante de todo
“luminosa”, em todos os níveis relacionais (junto aos o trabalho no Roncador-Xingu); e futuro (pressuposto

24
. Vide, por exemplo, o tópico “Parque Indígena do Xingu” na Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Ind%C3%ADgena_do_Xingu; acessado em 5.5.2014,
às 22h04).

Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 21


na busca de proteção e preservação material e subjetiva Da mesma forma, não lhes faltaram vontade férrea
da região, cabendo lembrar, a propósito, a perspectiva (“superior”), coragem e capacidade de realização para
eubiótica que tem no Roncador uma espécie de “sede” do fazê-lo.
futuro). Desta forma, tornaram-se, a um só tempo,
Enfim, os três irmãos atuaram decisivamente, discípulos diletos de outro grande sertanista e indigenista,
dentre outros: o Marechal Rondon, e mestres e/ou inspiradores de toda
• no reconhecimento, mapeamento e ocupação de uma plêiade de antropólogos, sociólogos e pensadores em
grande parte da região do Roncador-Xingu; geral, relativamente à questão indígena.

• na abertura de mais de 1.500 km de picadas e


outras vias de acesso na mata virgem; Conclusão
• no surgimento ou consolidação de mais de 40
cidades; Em síntese, o tratamento da questão indígena no
• na atração e proteção de mais de 5.000 índios de Brasil não seria mais o mesmo depois dos Villas Bôas. O
diversas etnias; que se seguiu à sua ação no Roncador-Xingu não mais
• na realização de inúmeros estudos fundamentais pôde ignorar o tipo de abordagem, de cuidado e de amor
para o conhecimento das culturas dos povos indígenas; pelo próximo e pelo futuro do País que caracterizou a ação
dos três.
• na formação de novas lideranças indígenas,
melhor preparadas para a defesa de suas culturas e Enfim, atuaram como verdadeiros “defensores
para o contato e a transição para a “civilização”; do futuro”, ou seja, com espírito “araratiano”. Ademais,
considerando os quatro verbos (querer, saber, ousar e
• na revitalização do Serviço de Proteção ao Índio calar) usualmente associados à imagem do “cavaleiro
(criado em 1910, sob a batuta do Marechal Rondon, andante” (como defensor das causas justas e que se pauta
dando origem à Funai, em 1967); pela busca do bem, do bom e do belo), parece claro que
• na concepção e efetivação do Parque Índígena do não lhes faltaram vontade férrea (querer), conhecimento
Xingu; empírico, “intuitivo” e/ou científico, conforme o caso
(saber), uma dose imensa de ousadia (ousar) e, ainda, a
• etc.
capacidade de perceber as dificuldades e as possibilidades,
a cada momento, sabendo propor, exigir, cobrar, mas
também, por certo, silenciar estrategicamente (calar) para
alcançar seus objetivos.
Consciência, vontade e capacidade realizadora

Voltando à questão da “consciência”, parece


claro que eles perceberam, como poucos, a necessidade
de preservação de toda a diversidade étnica, cultural e
ambiental que envolvia a região do Roncador-Xingu e,
quiçá, também a sua importância como parte do processo
de evolução da sociedade brasileira e da afirmação do povo
brasileiro como produto de uma miscigenação inalienável
de povos e culturas.
Por tudo isso, parece que consciência (intuitiva
ou concreta, pouco importa) acerca do que deveria ser
feito em relação aos índios e ao próprio meio ambiente
da região do Roncador-Xingu não faltou aos irmãos
Villas Bôas, tenha ela sido um atributo prévio ao seu
engajamento naquela epopeia ou, então, adquirida de Orlando Vilas-Boas e um índio do povo Ikpeng ("Txikão"),
forma rápida, ampla e profunda ao longo do processo. no segundo contato, em 1967 (Wikipédia)

Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 22


Portanto, por toda a trajetória de ação e pelo extenso trabalho de formação de uma nova consciência acerca da
questão indígena no Brasil e da necessidade de proteção da região do Roncador-Xingu, onde se encontra o Sistema
Geográfico do Roncador, que caracterizaram a vida dos Irmãos Villas Bôas, merecem os parabéns a Sociedade Brasileira de
Eubiose e, em particular, a Ordem do Ararat pela homenagem prestada a esses três ilustres brasileiros.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA VIEIRA, JOSÉ LUIZ CONRADO - Irmãos Villas Bôas, Roncador
e Ararat. Artigo in Boletim Integre-se, edição nº 171
MIRANDA, DANILO SANTOS DE - A ação cultural como
(abril/2014), Ano 14, págs. 6/10. São Paulo: Departamento
contato com o outro, in Tradição e Resistência: encontro
de São Paulo - Lacerda Franco da Sociedade Brasileira de
de povos indígenas, pp. 9/10. São Paulo: Edições SESC/SP,
Eubiose (SBE), 2014.
2008.
VILLAS BÔAS, ORLANDO e VILLAS BÔAS, CLÁUDIO - A
ODINOT, P. - O Mistério dos Incas. Artigo in Revista Dhâranâ
Marcha para o Oeste: a epopeia da Expedição Roncador-
nº 106 (outubro-dezembro/1940, Ano XV), com comentá-
Xingu. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
rios de Henrique José de Souza. São Paulo: Sociedade Brasi-
leira de Eubiose, 1940. VILLAS BÔAS, ORLANDO - Orlando Villas Bôas: História e
Causos. São Paulo: Ed. FTD, 2006.
OLIVEIRA, JOÃO PACHECO DE - Uma viagem ao Brasil
profundo, in (como prefácio) A Marcha para o Oeste:
a epopeia da Expedição Roncador-Xingu, de Orlando e SITES E PÁGINAS DA INTERNET
Cláudio Villas Bôas. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
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Dhâranâ nº 23; julho-dezembro/1963, Ano XXXVIII. São
Acessado em 5.5.2014, às 10h45 (vídeo intitulado Irmãos
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Villas Bôas - Bandeirantes do séc. XX, atribuído a NVillas).

Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 23


JOÃO, O YOKANAAN
Marcelo José Wolf

A palavra junho evoca muitas imagens e emoções


no povo brasileiro, e certamente a mais forte relaciona-
se às festas populares realizadas país afora neste mês.
Fogueira, quadrilha, comidas típicas, bandeirinhas,
tudo formando um belo, harmonioso e colorido conjunto
para celebrar os três santos católicos homenageados:
Antônio, João e Pedro. O ponto máximo dessas festas
é a homenagem a São João. Este forneceu alguns dos
principais elementos desta tradição, como a fogueira,
representando o aviso a Maria do nascimento do
filho de sua prima Isabel; os fogos de artifício, usados
popularmente para “despertá-lo”; o próprio nome
dado a estas festas, juninas, que é uma derivação de sua
denominação original: “joaninas”.
São João Batista, muito mais do que um santo
católico ou homenageado nas citadas festas, pode ser
considerado a expressão de um arquétipo de profundas
esferas da psique humana. Símbolo de coragem, de
sacrifício, de superação do medo e até do enfrentamento
da morte em nome de suas convicções e de uma causa
maior, ele é o paradigma do androginismo psíquico:
a junção dos princípios masculino e feminino na
alma humana, congregando a força bruta e a doçura
num mesmo ser; a sabedoria e o amor; o destemor e a
resignação. Um verdadeiro símbolo solar, associado no
imaginário popular à fogueira, a despertar as chamas da
verdadeira espiritualidade nos homens: Amor, Bondade
e Sabedoria (“São João, São João, acende a fogueira no
meu coração”). É um dos santos (senão o) mais retratados
nas artes, passando por Leonardo da Vinci, Michelangelo
Caravaggio, Oscar Wilde, entre muitos outros. Mais do
que um ícone cristão, João Batista representa muitas
coisas.

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A Hierarquia dos Yokanaans
O nome João se origina do hebraico
pnr (Yôhānān). É uma junção das quatro letras hebraicas
Iod, He, Vau e Heth (que, em conjunto, formam o
Tetragramaton Sagrado, que para os hebreus seria o
nome da Divindade Suprema, também pronunciado
como Yaveh), mais o termo chanan, que significa “graça”.
Unidas, formam a palavra Yokanan, cuja tradução poderia
ser “Graça Divina”. Batista vem de sua missão, que foi
batizar homens no Rio Jordão. Um deles foi o próprio
Cristo, a quem o profeta referiu-se da seguinte forma:
“Depois de mim vem aquele que é mais forte do que eu, de
quem eu não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia
das sandálias. Eu vos batizei com água. Ele, porém, vos
batizará com o Espírito Santo”.
A etimologia deste nome representa toda
uma classe de seres divinos com uma missão muito
específica na terra: a hierarquia dos Yokanaans. Como
nos foi ensinado por Henrique José de Souza, fundador
da Sociedade Brasileira de Eubiose, Yokanaans são
seres com uma função dupla: Arautos (ou Profetas) e
Sacrificiais. Como Arautos, anunciam o futuro, a boa
nova, trazem uma nova palavra que reflete um novo estado
de consciência. Essa boa nova vai além do conhecimento
corrente dos homens, muitas vezes colidindo com o status
vigente. Como seres sacrificiais, imolam-se a fim de
resgatar karmas e pendências do passado, para livrar os
seres humanos desses laços que impedem sua evolução. João Batista por Leonardo da Vinci
Por isso são chamados também de “cordeiros”, os João Batista pode ser considerado o arquétipo, o
cordeiros que se sacrificam em prol de uma causa maior, modelo desta hierarquia de seres, pois represen-
donde o símbolo do Agnus Dei qui tollis peccata mundi da tou as duas funções há cerca de 2000 anos. Além
tradição cristã. de ser um arauto da missão do Cristo, deu-se em
Há Yokanaans mais ligados à função de arautos; sacrifício por ela.
outros são verdadeiros cordeiros místicos que, se
necessário, dão-se em holocausto. João Batista pode ser denominados “incorruptíveis”. Sua função sacrificial está
considerado o arquétipo, o modelo desta hierarquia de diretamente ligada à redenção do sexo, pesado madeiro
seres, pois representou as duas funções há cerca de 2000 que assola e aprisiona a humanidade na Terra (o pecado
anos. Além de ser um arauto da missão do Cristo, deu-se original dos homens, na verdade, vem do fato de terem
em sacrifício por ela. Numerologicamente, as iniciais nascido sob o signo do desejo sexual de seus pais, mais
de seu nome também indicam isso: J é a décima letra do ligado ao instinto animal, e não de uma união sexual pura
alfabeto, e B a segunda. Somadas perfazem o número que visa, naquele exclusivo momento, à geração de um
doze, que nos arcanos maiores representa “O Enforcado”, ser; esta sim é a oitava superior da sexualidade, ligada ao
um número de sacrifício, ou sacro ofício em prol de uma princípio da geração).
causa santa. Isso é ilustrado de forma bem clara no drama de
Segundo o Professor Henrique, os Yokanaans sua vida. Herodíades, esposa de Herodes, apaixonou-se
são seres andróginos: mesmo tendo um sexo externo, por ele, mas foi recusada, pois ele estava comprometido
internamente possuem em perfeito equilíbrio as com sua missão e sua pureza espiritual. Como vingança,
polaridades masculina e feminina em suas almas, como já arquitetou um plano diabólico, envolvendo sua filha e seu
dito anteriormente. São seres puros e virgens, e por isso marido, que culminou com a decapitação do Yokanaan.

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O trecho a seguir, do Livro de Flávio Nestor, secção 6ª,
da biblioteca de Duat, ilustra o trágico acontecimento:
“Yokanan não procurou o palácio de Herodes senão para o
convencer da sua própria missão, como arauto de Yesuph,
na esperança de que o mesmo acabasse por auxiliar o
lançamento dos primeiros alicerces do Grande Império, de
que a própria raça judaica teria o mais importante papel.
Por desgraça, Herodíades, sua mulher, tomou-se de amores
por Yokanan. E como este fosse fiel, tanto à sua virgindade
como à sua missão, a mulher diabólica tramou o drama
fatal que acabou por fazer cair a cabeça de Yokanan. Foi
assim que se deu a imolação do Cordeiro de Deus... Salomé
foi o fruto dadivoso que a serpente escolheu para a exigência
de semelhante sacrifício, pois que Herodes era, ao mesmo
tempo, seu pai e amante. Acontece porém, que mãe e filha
sendo rivais com Herodes, também se passaram a ser com
Yokanan. Por isso que, despeitadas, tramaram a vingança
junto àquele que não passava de um títere em suas mãos”.
A peça teatral Salomé, de Oscar Wilde, e a
belíssima ópera de mesmo nome, de Richard Strauss, e
baseada nesta peça, ilustram artisticamente esse drama
ocorrido na Galileia dois mil anos atrás.

João Evangelista - era o discípulo mais jovem de


Dois solstícios, dois Joãos Jesus, e tido como o mais amado pelo mestre. Foi
Além de Batista, outro João tem uma grande um dos quatro escritores dos Evangelhos, princi-
importância na tradição cristã: João, o Evangelista. pais livros do Novo Testamento, e seu evangelho
Ambos se complementam, e por isso são considerados é considerado o mais místico e filosófico de todos.
os patronos da Maçonaria. João Batista era primo Além disso, ele escreveu o Apocalipse de São João,
de terceiro grau de Jesus e fez o papel de seu Arauto, livro profético de um simbolismo profundo e, até
anunciador; pregava um reino fundamentado no espírito hoje, mal interpretado.
(era conhecido como “a voz que clama no deserto”), e
para isso convertia as pessoas pelo batismo e combatia de sol e sistere, e significa “sol parado”: no solstício de
vigorosamente a corrupção do governo de Herodes verão o sol, aparentemente, para mais próximo da terra;
e os vícios de sua família, em especial, de sua esposa no de inverno, mais longe de nosso planeta. A relação
Herodíades. João Evangelista era o discípulo mais jovem direta entre os solstícios e os dois “Joãos” reforçam o
de Jesus, e tido como o mais amado pelo mestre. Foi um mito solar: São João Batista relaciona-se ao solstício de
dos quatro escritores dos Evangelhos, principais livros do verão do hemisfério norte (relacionado ao ciclo passado,
Novo Testamento, e seu evangelho é considerado o mais ou ciclo de peixes, levado a efeito no hemisfério norte),
místico e filosófico de todos. Além disso, ele escreveu o o sol externo a iluminar o caminho dos homens de boa
Apocalipse de São João, livro profético de um simbolismo vontade; São João Evangelista, ao solstício de inverno,
profundo e, até hoje, mal interpretado. interiorizando o sol dentro da humanidade com sua
O primeiro batizava com água, purificando e mística e simbolismo. Podemos, também, considerar
limpando as emoções e os pecados; o segundo promovia ambos como colunas da expressão máxima do mito solar:
um batismo de fogo com sua palavra mística a penetrar O Cristo. Enquanto que um anuncia a sua vinda, o outro
o coração dos homens. Pelas datas em que são saudados propaga a sua palavra.
(dias 24 de junho e 27 de dezembro, respectivamente), A ligação de João Batista com a Maçonaria vai
relacionam-se, simbolicamente, aos solstícios, que além do patronato. Ele tem as iniciais J e B, mesmas
indicam ciclos da natureza, abrindo e fechando fases de das colunas maçônicas Jakim e Bohaz, que se originam
produtividade humana. A palavra solstício vem da junção das remotas sânscritas Jnana e Bakti, que expressam

Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 26


as duas polaridades universais: Amor-Conhecimento e
Rigor-Ação. Elas formam as colunas do Rei do Mundo,
representadas por muitos símbolos, entre eles o Báculo e a
Espada. Todos esses simbolismos sintetizam a polaridade
universal, a regular a vida e evolução nos mundos
manifestados.

João e Janus
É muito pouco falada a associação entre João e
o deus romano Jano ou Janus. Segundo Henrique José
de Souza, ambos os nomes têm o mesmo significado:
“O que possui duas faces”. O deus Jano é representado
por dois rostos, cada uma olhando em sentido oposto.
Simbolicamente um olha para o passado e outro para o
futuro. Também é representado por duas portas: uma
de entrada e outra de saída (janua em latim significa
“porta”). Por isso é considerado o deus dos inícios, das
decisões e escolhas. Do termo Janus também se derivam Busto do deus Jano - Vaticano
os nomes Jano, Jaino, Jairo, João, Jefferson etc, todos
nomes ligados ao sacrifício...
sabe este ser não nos sirva de exemplo para a necessidade
Jano deu origem ao nome janeiro, primeiro mês
do sacrifício, seja em qualquer esfera da vida humana,
e que inaugura o ano. Mas essa relação também está
transformando-o num sacro ofício... tão importante
ligada aos solstícios: janeiro e junho são duas portas por
é essa virtude que a sexta pétala do Chacra Cardíaco,
onde penetra a luz do sol mais ou menos intensamente.
denominada Yagu, tem como tema meditativo “O
Por isso a estreita relação entre o deus romano e os dois
Mistério do Sacrifício”. Quem sabe Jano não grita, de
Joãos. Mais especificamente a João Batista, como um
forma silenciosa e simbólica através de seu mito, pela
Yokanaan, esta relação estreita-se ainda mais: enquanto o
necessidade de se olhar para o passado e para o futuro,
deus romano representa o passado e o futuro, através das
com vistas ao PRESENTE, que é o único, eterno e fugaz
duas faces, seres desta hierarquia trabalham pelo passado
momento da vida humana.
e pelo futuro: resgatando o primeiro e preparando/
anunciando o segundo, como dito anteriormente. Deixamos aqui, como tema de meditação, as
palavras dos teósofos Jean e Michel Angebert, escritas
Também há representações de Jano cujas faces
na introdução de “O Livro da Tradição”: “Em todas as
são: uma de um homem jovem e belo (representando o
épocas o Homem tem-se inclinado sobre o seu destino,
futuro), e a outra de um ancião (representando o passado).
fazendo a si mesmo a tríplice interrogação, que data das
Aqui vemos uma nítida similaridade com o Primeiro
origens da Humanidade: ‘Quem somos? De onde viemos?
Arcano da era de Aquário, o Unilateral: figura arquetípica
Aonde vamos?’. Se não podemos ainda antecipar sobre o
representada por um ser metade jovem e metade ancião.
futuro ou preconceber sobre o devir, isso se deve na verdade
Também remete à Asgalacha, a junção dos símbolos dos
a uma razão bem simples: não conhecemos a outra face
planetas Júpiter (jovial) e Saturno (ancião), donde deriva
de JANUS, que é a do passado, ou antes, julgamos ver seu
a verdadeira Swástica que impulsiona a evolução na Terra
rosto, e esse rosto, entretanto, continua afogado na sombra.
(a “swástica” nazista foi uma deturpação consciente deste
Nossa verdadeira identidade situa-se no Presente. Fagulha
símbolo milenar presente nas tradições orientais, em
vivida cuja luz nos transporta no Tempo e no Espaço, esse
especial, a indiana, tornando-se um símbolo de involução.
Presente se afirma pelo encontro de duas forças: o Grande
E por isso, dentro da Eubiose, é chamada de “Sowástica”).
Passado e o Futuro que o HOMEM PRIMORDIAL dotado
E qual a lição que o mito de Janus deixa para das qualidades essenciais que fazem com que ele possa deter
o homem moderno e ocidental? Qual a inspiração que este papel de pontífice, função sagrada, já que se inscreve
esse mesmo homem deve extrair da vida e função dos em uma concepção total do universo na qual o divino vem a
Yokanaans, especialmente João Batista? Que cada um se confundir com o terrestre através da lei das harmonias e
medite e responda essa questão por si próprio. Quem das correspondências.”
Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 27
O PODER FEMININO NA ARTE
O CANTO ETERNO DE

Allahmirah
Iara Fortuna

Uma pequena homenagem à Mãe de todas as Mães, a Divina Mãe, a Grande Mãe que pulsa,
vibra, inspira; que plasma e gera todas as grandes artistas do mundo, e seus filhos intelectuais
que são suas obras artísticas.
Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 28
Ao eterno feminino

QUEM É ESSA QUE AVANÇA COM A AURORA?


ASAS GIGANTES SOBRE O MUNDO?
MISTO DE FORÇA E TERNURA?
EM TUAS ENTRANHAS, TODAS AS SEMENTES
EM TEU VENTRE, TODA A HUMANIDADE
SOPRA SOBRE OS LÍRIOS E OS VERMES, SOBRE SANTOS E DEVASSOS,
SENHORA DE TODOS OS COMEÇOS
QUEM É ESSA QUE BRILHA NA NOITE ESCURA?
VEM COM A ETERNIDADE, FERE O CAOS VESTIDA DE SOL,
DANÇA MAGESTOSA SOBRE TUDO
COM A MAGIA E BELEZA DE MILHARES DE CORCÉIS
OH! ÂNIMA, O ETERNO FEMININO EM TI, EM MIM
EM TUDO QUE ANSEIA E AMA
VIVE EM TODAS AS MARIAS, HELENAS, JOANAS
HÁLITO INFINITO DO TEMPO,
MERGULHA, PENETRA, TRANSCENDE
COM FIOS INVISÍVEIS, VAI TECENDO AS TEIAS DA VIDA,
COM PAIXÃO E SONHO
COM ARDOR E GLÓRIA,
OH! DEUSA ETERNA DE TODAS AS CONTRADIÇÕES!
ALMA FORMOSA, CHEIA DE AMOR E FÚRIA!

Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 29


Com o nascimento dos Dhyanis no ano de 1900, e
da excelsa Adamita, o aspecto feminino da Divindade, na
significativa data de 8 de julho de 1900, podemos observar
o grande impulso, a imensa expansão que ocorreu desta
data para cá nos diversos ramos do conhecimento.
Especificamente falando da Mulher, nós poderíamos
discorrer sobre o seu grande destaque na política, nas
ciências, nas comunicações, nas artes, em suas mais
variadas modalidades, seja na pintura, na escultura, no
teatro, no canto, na dança ou na literatura. Em se tratando
da SBE, o enfoque do aspecto feminino nas artes, justifica-
se porque a nossa Obra nasceu num Teatro. Os GE, em
sua forma física como Henrique e Helena, reencontraram-
se num Teatro, no teatro São João, em Salvador - BA.
Poderiam ter se reencontrado num parque, ou numa
praça, ou mesmo num consultório médico. Mas quis o
Eterno que eles se reencontrassem num Teatro, em meio
a uma peça teatral, Tim-Tim por Tim-Tim, interpretando
dois personagens gregos, com toda a sua corte de sete A Arte da qual falaremos hoje, é a Divina Arte, um polo de união
musas e sete trovadores. Atores e atrizes no Teatro São entre o mundo divino e o mundo terreno, a arte que está num plano
João. Atores e atrizes no grande palco da vida, pois a intermediário, e nasce como inspiração divina, uma inspiração que
máscara física, a Grande Maya, escondia a verdadeira brota como Amor Universal, pois só o Amor pode gerar a verdadeira
hierarquia destes seres. obra de arte, o Amor que nasce do Manto Azul da Divina Mãe, e
Assim, foi com uma Cia. Teatral, que os Gêmeos e é captado e transformado em obra artística, por suas filhas, tulkus,
toda a sua Corte, rumaram para Portugal e posteriormente aspectos e sub-aspectos.
para a Índia, abraçando definitivamente a sua missão, no
grande teatro da vida, cujas cortinas ainda permanecem
abertas, e somente serão fechadas ao final de todas as
rondas, num sétimo Sistema de Evolução. Mas voltando Vida, então não é de se espantar que a Divina Musa esteja
àquele longínquo ano de 1899, às vésperas de um a milhões de anos-luz de nós atualmente.
novo século, os espectadores de Tim-Tim por Tim-Tim, Antes de 1.900, nos séculos anteriores, a mulher
possivelmente nem de longe desconfiavam do drama precisava esconder seu talento em pseudônimos
magistral que se desenrolava nos palcos daquele teatro, masculinos, como, por exemplo. George Sand, a musa
um drama do qual participaria a HUMANIDADE inteira. inspiradora e amante de Frederic Chopin, grande
A Arte da qual falaremos hoje, é a Divina Arte, um escritora, que precisava vestir-se de homem para ser aceita
polo de união entre o mundo divino e o mundo terreno, no ambiente literário de sua época.
a arte que está num plano intermediário, e nasce como Até mesmo a mãe de Helena Blavatsky, Helena
inspiração divina, uma inspiração que brota como Amor Faddéef, a primeira novelista em língua russa, também
Universal, pois só o Amor pode gerar a verdadeira obra de notável escritora, tinha que escrever usando pseudônimos,
arte, o Amor que nasce do Manto Azul da Divina Mãe, e é para driblar o preconceito na sociedade russa da época.
captado e transformado em obra artística, por suas filhas, Felizmente hoje não é mais assim.
tulkus, aspectos e sub-aspectos.
Passemos agora a lembrar de algumas destas
Na Grécia antiga, que foi o berço da Arte Clássica, a mulheres, que, por missão, geraram filhos maravilhosos,
verdadeira Arte assentava-se num tripé: Beleza – Bondade não físicos, mas filhos do intelecto, da mente e da
– Verdade. Se a obra artística não expressasse estes três inspiração, e quando falamos de inspiração, geração,
elementos, não era considerada obra de arte. Nós podemos criação e plasmação, estamos nos referindo aos “olhos de
então perceber o quanto nos afastamos hoje deste ideal Deus” sobre o mundo, a excelsa Mãe Allahmirah.
tão sublime. O que a mídia nos faz ver, ouvir, perceber não
Mulheres que conseguiram captar esta energia
guarda a menor sintonia com a verdadeira obra artística.
cósmica tornando-se instrumentos do Divino, para
Mas é natural que assim seja, pois se estamos na Kali
embelezar o mundo, através da sua voz, sua dança, sua
Yuga, “num fim de ciclo apodrecido e gasto”, como dizia
música, suas mãos.
nosso Mestre, e se a Arte é o espelho da vida, a Arte imita a
Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 30
O CANTO
Uma das mulheres sobre as quais Allahmirah a paulista, de São
abriu suas asas, fazendo-se presente em sua voz, para que João da Boa Vista,
tivéssemos talvez um GUIOMAR
pequeno vislumbre NOVAES.
da divina melodia que Nasceu em
deve banhar seu trono, 28.2.1894 e
foi a grande soprano faleceu em
MARIA CALLAS. São Paulo, no
Uma das dia 7.3.1979.
maiores cantoras líricas Guiomar Novaes
do mundo. Americana, fez uma carreira
de ascendência estupenda,
grega. Filha de foi grande
imigrantes gregos, teve divulgadora da
inúmeras dificuldades obra de Villa-Lobos no exterior. Villa-Lobos, “o índio de
econômicas na casaca”, como lhe apelidou Menotti Del Picchia.
infância. É considerada Vizinha de Monteiro Lobato, e ainda menina,
até hoje, a maior soprano de todos os tempos. Faleceu Guiomar o inspirou a criar a personagem Narizinho, “a
de um ataque cardíaco aos 54 anos, e teve suas cinzas menina de nariz arrebitado” do Sítio do Pica-pau amarelo.
jogadas no mar Egeu, conforme sua vontade. Segundo os Em 1909, com o auxílio do Governo do Estado de São
entendidos no canto lírico, nenhuma artista até hoje pode Paulo, foi estudar em Paris, e ao desembarcar na França,
lhe fazer sombra. foi convidada a visitar uma compatriota, que desejava
ouvi-la: nada menos do que a Princesa Isabel, também
pianista que vivia próxima a Versalhes, no exílio. E foi a
Continuando, Princesa Isabel quem estimulou Guiomar a incluir em seu
esta expressão maviosa repertório e a tocar para toda a Europa, a Grande Fantasia
da Mãe Divina não Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro”, de Gottschalk.
poderia deixar de Ela evidenciava assim sua nacionalidade, e contribuía para
vibrar também neste o reconhecimento internacional do Brasil. Participou da
sagrado solo brasileiro, Semana de Arte Moderna, em 1922, e foi aclamada nos
na Pátria do Avatara, EUA como a melhor pianista do mundo. Está enterrada
e no dia 11 de maio no Cemitério da Consolação em São Paulo, e foi enterrada
de 1902, nasce no Rio ao som da Marcha Fúnebre, da Sinfonia Heroica, de
de Janeiro, Balduína Beethoven.
de Oliveira Sayão, La
piccola brasiliana como
o grande maestro Arturo Toscanini, seu grande admirador, E FRANCISCA
referia-se a ela. BIDU SAYÃO levou o nome do EDWIGES NEVES
Brasil ao exterior, e, detalhe interessante, em 1938 ela GONZAGA? A
cantou para o casal Roosevelt, na Casa Branca e estes lhe CHIQUINHA
GONZAGA?
ofereceram a cidadania americana, que ela gentilmente
recusou, dizendo: “Não, obrigado, no Brasil eu nasci, e Grande mulher,
no Brasil hei de morrer”. Infelizmente não deu tempo. Ela artista estupenda,
morreu nos EUA de pneumonia, sem ter realizado um de quantas obras criou,
seus maiores desejos: “rever a Baía de Guanabara”. quanta música nasceu
de seus dedos, e quanto
preconceito sofreu!
Outra mulher que levou o nome do Brasil para o Filha de um General do
exterior com imensa dignidade, através das suas mãos, Exército Brasileiro com
que faziam vibrar a alma humana pelas teclas do piano, foi uma negra com quem

Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 31


ele se casou, foi a primeira chorona brasileira (pianista É considerada a primeira compositora popular do
de choro) e a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil, fazendo uma fusão entre música clássica e popular.
Brasil. Seu padrinho era Duque de Caxias. Foi obrigada O piano à época de Chiquinha era um instrumento usado
a casar-se muito jovem, mas não suportando os maus- somente para composições clássicas, e ela quebra esse
tratos do marido, e o descaso para com sua Arte, separou- tabu. Por isso, atualmente o dia do seu aniversário, 17
se dele, o que foi um escândalo na época. O pai nunca a de outubro, é comemorado o Dia Nacional da Música
perdoou. Levou consigo o filho mais velho, pois os outros Popular Brasileira.
três filhos que ela teve, foram-lhe tirados. Ela lutou para Foi fundadora da SBAT (Sociedade Brasileira
ter os filhos de volta, mas foi em vão. Chiquinha criou o de Autores Teatrais) e autora da primeira marcha
filho mais velho sozinha, dando aulas de piano, o que era carnavalesca com letra, no Brasil: Ô abre-alas, que ela
inadmissível na época. compôs para um bloco de carnaval no Rio de Janeiro.
Além disso, era altamente politizada. Participou Chiquinha Gonzaga compôs perto de 1.500
ativamente da Campanha Abolicionista e da Proclamação músicas, entre valsas, tangos, polcas, choros, maxixes,
da República no Brasil. lundus, quadrilhas etc.

A DANÇA
Citando o nos museus do Louvre e no museu Britânico. Por isso sua
que dizia o filósofo dança lembra a Arte Grega, pois, segundo ela, “sua arte
alemão F. Nietsche: surge da grande fonte natural da beleza: a Grécia antiga”.
“eu só acreditaria num Conheceu Auguste Rodin, o grande gênio da
Deus que dançasse”, escultura, e com ele aprendeu que nada é feio na Arte, a
lembremo-nos agora não ser aquilo que não tem personalidade, aquilo que não
de uma Mulher muito oferece uma verdade interna ou externa. Neste sentido, na
à frente de seu tempo, Arte, o feio pode ser belo, é possível dançar a deformidade
para quem a “dança de um corpo, a feiúra, o que é torto e disforme, se tudo isto
era liberdade pura”, contiver uma verdade na forma de se expressar, tudo isto
uma ligação cósmica pode ser imensamente Belo.
com sua natureza
divina, como se a Isadora Duncan teve uma vida terrível. Foi tachada
Luz e o Esplendor de de imoral por ter tido filhos fora do casamento. Nunca
Allahmirah fluísse de quis se casar, mas casou-se uma vez com um poeta russo,
seus braços, suas mãos, para que ele conseguisse a permanência nos EUA.
seus pés e todo o seu E ela, que dançou a liberdade e o amor, teve que
corpo. ISADORA dançar a dor também. A dor de ter perdido seus dois filhos
DUNCAN, a mãe da dança moderna no Ocidente pequenos, afogados no Rio Senna. Ao se deparar com a
. profunda tristeza de ter perdido seus únicos filhos, ela
Isadora foi a porta-voz da liberdade do corpo e diz: “não, aqui não há gesto, nem qualquer expressão”.
da alma. Causou polêmica ao jogar fora as sapatilhas de Isadora só foi salva pela Arte. Só a Arte pode salvá-la, e
ponta e ignorar todas as técnicas do balé clássico, dizendo ela disse: “a arte é maior que a vida”. E teve a partir da
que a dança não era isso. “A dança é o movimento do dor um insight, ao perceber que todos os filhos do mundo,
corpo humano em harmonia com o movimento da terra”. poderiam ser seus filhos. E assim, continuou dançando a
“Minha dança é o movimento da alma”. Ela começou a dança da vida. Criou uma Escola de Dança para crianças
estudar minuciosamente a natureza e seus movimentos. O carentes na Rússia. Ao voltar para os EUA, teve visto
movimento do vento nas folhas, nas árvores, o movimento negado, e também na Inglaterra. Tachada de comunista,
das marés, e percebeu que todo o planeta dança, a Terra morreu pobre, sem pátria, de maneira trágica com sua
dança e daí “o movimento pode ser uma prece, uma forma enorme echarpe, que ela sempre usava, enroscada sob as
de oração”. rodas do carro que a conduzia. Morreu em Nice, na França
em 14 de setembro de 1927. E está sepultada no Père-
Os movimentos de Isadora lembram muito a Arte Lachaise. Ela criou e dedicou a seus filhos que morreram,
Grega, pois ela inspirou-se para criar seus movimentos e a todas as crianças do mundo “a dança dos espíritos
nas figuras das bailarinas que ela via nos vasos gregos sagrados”.
Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 32
A PINTURA
Na pintura, espiritismo e torna-se grande amiga do médium Chico
como não lembrarmos Xavier. Passa então a vender seus quadros, doando
da grande parte do dinheiro a uma instituição administrada por
TARSILA DO Chico. Morreu de depressão em 1973, na Beneficência
AMARAL. Portuguesa, e está enterrada no cemitério da Consolação,
em São Paulo.
Foi uma das
figuras centrais da Outro quadro interessantíssimo de Tarsila é A
pintura brasileira Negra
e da primeira fase
do movimento
modernista (ao lado
de Anita Malfatti).
Seu quadro Abaporu,
de 1928 inaugura o movimento antropofágico nas artes
plásticas.

Tarsila dizia que esta pintura era fruto das histórias


contadas pelas mucamas da fazenda, em sua infância.
Elas falavam de coisas que impressionaram Tarsila,
quando criança, tais como: o caso das escravas dedicadas
O que foi esse movimento? A Antropofagia nas a trabalhar nas plantações de café, e que não podiam parar
artes dizia que a arte e as influências que vinham da para amamentar seus filhos. Então o que elas faziam:
Europa deveriam ser mastigadas e digeridas, mescladas impedidas de suspender seu trabalho, elas amarravam
à nossa cultura brasileira, e devolvidas com a nossa pedrinhas nos bicos dos seios, para que estes ficassem
roupagem, a nossa cor. Era possível receber a influência bem alongados, e assim pudessem ser colocados sobre os
europeia, mas esta influência tinha que ser devorada, ombros, a fim de poderem amamentar seus filhos, que elas
remodelada e transformada numa Arte nossa, brasileira. carregavam nas costas.
No Abaporu, nós percebemos a enorme discrepância entre Ainda na pintura, vamos ver a dor transformada
os pés e a cabeça, querendo dizer que devemos fincar em Arte em
firmemente os pés em nossas raízes, em nossa terra, em FRIDA
nossa cultura, criando uma Arte nossa. Era essa a ideia KAHLO, a
básica do Movimento Modernista. grande pintora
A Antropofagia propunha a digestão de influências mexicana.
estrangeiras como num ritual canibal (em que se devora Com seis
o inimigo, com a crença de poder-se absorver suas anos contraiu
qualidades) para que a arte nacional ganhasse uma feição poliomielite,
brasileira. Tarsila que era muito rica, filha de fazendeiros, que a deixou
com a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, perde com uma
toda a sua fortuna, e o marido Oswald de Andrade que se lesão no seu
apaixona e se casa com a revolucionária Patrícia Galvão, pé direito. Daí
a Pagu. Em 1965, submete-se a uma cirurgia de coluna, ela ganhou
onde por erro médico fica paralítica para sempre, e perde o apelido de
sua única filha Dulce. “Frida, perna
de pau”. Aos 18 anos sofreu um grave acidente. O bonde
A partir de todas estas perdas, ela aproxima-se do
no qual viajava chocou-se com um trem. Frida ficou meses
Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 33
entre a vida e a
morte, passou por
diversas cirurgias
para reconstruir
seu corpo inteiro,
que estava todo
perfurado. Este
acidente obrigou-a
a usar coletes
ortopédicos pelo
.Raízes - Frida Kahlo
resto da vida e
chegou a pintar
um deles: A Coluna
Partida. A última anotação em seu diário foi: “Espero que
minha partida seja feliz, e espero nunca mais regressar.
Depois do
A sensação que nunca me deixou é a de que meu corpo
colete de gesso,
carrega em si, todas as chagas do mundo”.
passou a usar um colete de ferro. Durante sua longa
convalescença ela começou a pintar, e foi assim, pintando Ironicamente, seu último quadro foi uma natureza
a própria dor de forma magnífica. Foi considerada morta: Viva la vida.
uma pintora surrealista, mas ela declarava: “nunca fui Descobrimos em Frida, o Poder Transformador da
surrealista. Nunca pintei sonhos. Pintei sim a minha Arte, a Arte transformando a dor em Beleza.
própria realidade”. Casou-se com o muralista Diego
Rivera

A ESCULTURA
e do espírito, filhas da Divina Mãe que plasma formas,
essências e valores espirituais, que estas mulheres
fantásticas conseguem captar, transformar em Arte, e
Na Escultura esta dor trazer para o mundo físico, embelezando-o.
pôde falar bem alto através de
CAMILE CLAUDEL,
a fantástica artista, aluna e
amante de Auguste Rodin.

Tão artista quanto ele,


ou talvez até mais do que ele
mesmo. Sofreu na pele a dor de ter seu trabalho preterido
por Rodin, que se sentindo ofuscado pelo brilhantismo
das criações de Camile, procurou deixar a sua obra
sempre num segundo plano, talvez, e é bem provável que
enciumado de seu talento excepcional. Rodin a abandona,
e Camile começa a enlouquecer. Ficou internada por 30
anos, passando todo esse tempo amarrada e sedada, até
morrer aos 79 anos. Vida sofrida, é verdade, mas suas
obras estão aí e falam por ela. Hoje falamos dela, desta
mulher, frágil em sua personalidade, mas gigantesca em
sua Arte.

Camile Claudel foi capaz de canalizar sua


sensibilidade para criações belíssimas, filhas da mente
Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 34
O TEATRO

Como já nos Mas que


reportamos no início, a Obra orgulho para todos
gigantesca dos deuses sobre nós, brasileiros,
a Face da Terra, começou ter nascido aqui
num teatro. Então, como no Brasil, na
não lembrarmos desta pátria do Avatara,
mulher que a maioria de nós, Arlete Pinheiro
infelizmente não chegou a Esteves Torres,
conhecer, nunca a viu num a FERNANDA
palco, pois morreu jovem MONTENEGRO.
e deu a vida por esta arte. Levou com imensa
A grande diva do teatro dignidade o nome do Brasil para fora, concorrendo e
CACILDA BECKER. ganhando tantos prêmios internacionais, vencedora agora
Cacilda morreu em cima de um palco, atuando em 2013 do Emmy Internacional de Melhor Atriz por sua
na peça “ESPERANDO GODOT” de Samuel Becket, atuação em Doce de Mãe.
quando têve um aneurisma cerebral, em pleno palco. Neste mesmo ano foi eleita pela revista Forbes, a 15ª
Correram para ver se havia algum médico na plateia, mas celebridade mais influente do Brasil.
não havia, e ela foi levada para o hospital ainda com as Fernanda nasceu no subúrbio do Rio de Janeiro,
roupas do seu personagem. Infelizmente não resistiu, e os filha de uma dona de casa e de um mecânico, crescendo
palcos brasileiros perderam a Divina Dama do Teatro. num ambiente bastante humilde.
Cacilda Becker, filha de imigrantes italianos, tinha Foi a primeira atriz contratada pela TV Tupi do Rio
apenas nove anos quando seus pais se separaram, e sua de Janeiro em 1951. Fez inúmeras telenovelas, e fez parte
mãe Alzira Becker, viu-se então obrigada a criar as três da Cia. Teatral de Maria Della Costa e do TBC.
filhas sozinha, uma delas, a também atriz Cleyde Yáconis,
recentemente falecida. Por este motivo, fixaram-se em Ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim pelo
Santos, e Cacilda sofreu muito preconceito, já que era filme Central do Brasil, e no ano de 1999, concorreu ao
pobre, e filha de pais separados. Dessa forma, ela nunca Oscar por sua atuação neste mesmo filme. É a primeira
pode estabelecer amizade com pessoas da alta sociedade. atriz latino-americana, e a única brasileira já indicada ao
Oscar. Neste mesmo ano ela foi condecorada com a maior
Foi considerada a maior atriz do teatro brasileiro, e comanda que um brasileiro pode receber da Presidência
hoje está sepultada no Cemitério do Araçá, em São Paulo.
Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 35
da República: “A Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Convidada para ocupar o Ministério da Cultura,
pelo reconhecimento ao destacado trabalho nas artes no governo de José Sarney e Itamar Franco, recusou
cênicas brasileiras”, entregue a ela pelo então presidente as duas ofertas, dizendo: “sou melhor no palco, que no
Fernando Henrique Cardoso. Ministério”.

A DANÇA-TEATRO
Citemos agora havia um corpo humano sem capacidade de expressão.
a mãe da dança-teatro, Só um cadáver não tem mais expressão alguma. Para
precursora por unir estas Pina todos podem, e devem descobrir uma maneira de
duas artes, e recentemente se expressar. Ela via o corpo físico como o templo onde
falecida: a alemã PINA habita a centelha divina, e assim sendo, não poderia haver
BAUSCH. corpo feio.
Pina rompeu
com todas as formas
tradicionais de dança e
teatro. Em seus trabalhos,
os quatro elementos
terra, água, fogo e ar
são destacadamente
importantes. Ela criou
uma estética e uma linguagem corporal incomum. Veio
a falecer apenas cinco dias após ter descoberto um
diagnóstico de câncer.
Pina Bausch encerrou sua vida física dizendo:
“Dancem, dancem todos, ou estaremos perdidos”.
A Sagração da Primavera, com música de Igor
A grande artista alemã descobriu novas formas do Stravinsky, narra o ritual tribal da primavera, no qual uma
nosso corpo se expressar, dizendo que não há corpo feio, virgem será sacrificada. Existem muitas e variadas versões
todos podem se expressar, todos podem dançar, pessoas para este balé, mas esta coreografia de Pina Bausch é uma
gordas, velhas, nada disso importa, já que para ela não das mais belas.

A LITERATURA
Na Literatura, como não Foi sempre ligada à educação, e
lembrarmos de algumas mulheres fundou em 1934, a primeira Biblioteca
que, através de suas criações, puderam Infantil do Brasil.
estabelecer e firmar esta ponte entre o
É dela a frase: Aprendi com as
Divino e o Terreno: CECÍLIA, CORA E
CLARICE.
primaveras a me deixar cortar e a voltar
sempre inteira.
CECÍLIA BENEVIDES DE
CARVALHO MEIRELLES foi E do seu Romanceiro da
desde pequena sempre rodeada de erdas. Inconfidência:
Ela nasceu três meses após a morte do pai, Liberdade, essa palavra que o sonho humano
e perdeu a mãe antes dos três anos. Filha alimenta
órfã, foi criada por uma avó açoriana. Em
1919, com apenas 18 anos publica seu primeiro livro de Que não há ninguém que explique
poesias: Espectros. Seu marido, que sofria de depressão E ninguém, que não entenda”…
aguda, suicidou-se.
Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 36
ANA LINS DOS GUIMARÃES PEIXOTO CLARICE
BRETAS – LISPECTOR,
CORA CORALINA. ucraniana que se
A poetisa da terra, do naturalizou brasileira,
chão. Teve seu primeiro e que se declarava
livro publicado quando pernambucana.
já tinha quase 76 anos de Seus pais eram
idade, apesar de escrever judeus, e fugiram por
desde pequena. várias aldeias da Ucrânia
Mulher muito para escaparem da
simples, doceira de perseguição aos judeus
profissão, sua obra é durante a Guerra Civil
interessante por sempre Russa. Ela chegou ao
ter vivido longe dos Brasil com um ano de
centros urbanos, alheia idade. Quando questionavam sua nacionalidade, Clarice
a modismos literários. Em 1911 foge para São Paulo com afirmava não ter ligação nenhuma com a Ucrânia:
um advogado e vai viver em São Paulo, na cidade de Avaré “Naquela terra, eu literalmente nunca pisei. Fui carregada
por 45 anos, bem como em Jaboticabal onde nasceram no colo. Minha verdadeira pátria é o Brasil”.
seus seis filhos. Só conseguiu publicar seu primeiro livro Foi criada no Recife durante a infância. Teve dois
aos 76 anos, porque recebeu grande elogio de Carlos filhos, sendo que Pedro, o mais velho era esquizofrênico.
Drummond de Andrade, que pediu que os leitores
observassem com carinho sua poesia, pois ela estava no rol Foi comparada a Kafka na literatura latino-
das maiores poetisas brasileiras. -americana. Algumas de suas obras mais famosas: Laços
de Família, A Hora da Estrela, A Paixão segundo G.H.”

HELENA JEFFERSON DE SOUZA


A Maior de todas as Artistas
Mas a maior de todas as artistas da qual falaremos
agora, aquela que fez da sua vida inteira uma obra de arte
viva, esculpida pelas mãos do Eterno, e que foi na Face da
Terra a objetivação física da Mãe das Mães, a Mãe de todas
as Mães, é a nossa Mestra HELENA JEFFERSON
DE SOUZA, e que muitos de nós chamamos
carinhosamente de “mamãe Helena”.
Se nós observarmos a personalidade de algumas
destas mulheres artistas que vimos anteriormente, nós
vamos perceber que, em inúmeros casos, a personalidade
humana difere e distancia-se em muito da sua criação,
esta sim inspirada, divina, fruto do eu interior da artista
em conexão com planos superiores. São casos em que
a criadora e a obra criada distanciam-se imensamente,
formando um hiato incompreensível entre a obra e o
criador.
No caso de nossa Mestra, criador e obra formavam
uma só essência. Ela era uma Obra de Arte Viva, pois unia
em si mesma, a tríade grega da Arte que citamos no início:
Bondade, Verdade e Beleza.
Isto nos é passado por depoimentos de quem

Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 37


a conheceu bem e muito conviveu com ela, e também Nossa Obra. Essa Obra que surge como Dhâranâ, depois
mergulhando nas inúmeras falas em Rituais dos quais STB, e por fim SBE. Essa Obra é um quadro que pintor
ela era a consciência cósmica do Segundo Trono, falando nenhum conseguiria pintar, composição que músico
diretamente a seus filhos. Como se por ela mesma algum poderia compor, poesia que nenhum poeta jamais
passassem todos os movimentos artísticos, do Classicismo escreveu.
ao Modernismo. Estes quadros, que veremos a seguir, foram
Dona Helena foi a maior de todas as artistas, pintados por ela, e nós podemos observar a delicadeza
porque só uma grande artista poderia ser capaz de que deles emana, um mosaico de cores onde percebemos
conduzir com doçura e força uma Obra tão grande, difícil a grande predileção de Dona Helena por flores,
e complexa como a nossa. Ela que era Helena no plano principalmente rosas, até chegar ao seu autorretrato.
físico e Allahmirah como consciência cósmica, criou Quando as cortinas do palco de sua vida física se
juntamente com Henrique José de Souza uma Obra de fecharam no dia 31 de julho de 2000, no momento em que
Arte insuperável por qualquer outra, a maior de todas: a seu corpo descia do Santuário carregado por seus filhos,

Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 38


naquela tarde amena, muitos de nós narraram ter sentido seus filhos e todos os munindras, para continuarmos a
algo indefinível naquela hora, como se o tempo tivesse pintar esse Quadro que é a nossa Obra, pintar com as
parado, o tempo que não parecia mais ser esse nosso cores da União, do Perdão e do Amor; com as tintas da
tempo físico, envolvidos num espaço não era exatamente justiça, da virtude, da compreensão, como tanto ela pedia
este espaço. Particularmente posso dizer que nunca mais nos Rituais. O Quadro a pintar será o da união de todos
tive sensação igual. Uma serenidade e uma paz infinitas nós, uma corrente indestrutível de elos que ela tanto pediu
pairavam naquele momento, e certamente Allahmirah que formássemos.
estendia seus longos braços sobre o mundo, abençoando a Esta será a OBRA DE ARTE que caberá a cada um
todos. Eu me lembro que cheguei a pensar, como um filho de nós ajudar a criar. Uma composição na qual cada um
faz quando perde a mãe, e tem medo: e agora? acrescentará um acorde sonoro, harmônico e perfeito na
Mas a Grande Artista do Eterno deixava entre nós grandiosa Sinfonia da Vida.

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50 ANOS
DA ATUAL SEDE DO
DEPARTAMENTO DE SÃO PAULO - LACERDA FRANCO
Gustavo Julio Kuhlmann

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O Departamento de São Paulo - Lacerda Franco comemorou, no dia 9 de maio de 2014,
cinquenta anos de existência na sua atual sede

SUA HISTÓRIA

E ste Departamento teve


seu início em outro
local. No dia 7 de julho de 1947
uma dúvida: pelo número da sala
e pelo fato de que o Santa Helena
tinha apenas sete andares, é
ele surge com o nome de Rama provável que a localização correta
Cruzeiro do Sul, numa sala do Clube fosse o primeiro andar.
de Esportes da Estrada de Ferro
Central do Brasil. A primeira palestra ou
conferência pública foi realizada
Em solenidade presidida pelo no dia 19 de outubro de 1947 com
engenheiro Eduardo Cícero de Faria a exposição do tema Por que sofre
foram os presentes informados que a Humanidade, pelo Dr. Cícero de
o Professor Henrique José de Souza Faria. Pouco tempo depois, por
havia autorizado a constituição, em força do aumento da quantidade
São Paulo, de um Departamento de irmãos e de frequentadores
da então Sociedade Teosófica das palestras, a sala no Edifício
Brasileira com o nome de Rama Santa Helena tornou-se pequena,
Cruzeiro do Sul, cujos estatutos o que obrigou a mudança da Rama
foram lidos e aprovados naquela para a sede provisória no Edifício
mesma ocasião. Em consequência Martinelli, 25º andar, sala 2509.
disso, Eduardo Cícero de Faria foi
eleito seu Presidente. No dia 6 de setembro de
1948, o Sr. Almir Barbosa de
Indicados por ele, o Sr. Almir Souza foi eleito Presidente, em
Barbosa de Souza foi nomeado substituição a Cícero de Faria
secretário e o Sr. Ayrton Moreira que voltara para o Rio de Janeiro.
Ramos Ortiz, tesoureiro. Eduardo Em dezembro desse mesmo ano,
Cícero de Faria e Almir de Souza, A seta mostra o local da sede da Cruzeiro a Rama mudou-se para novo
na verdade, estavam fazendo a do Sul – Sociedade Cultural Espiritualista, endereço, na Rua da Liberdade,
transferência da Rama Cruzeiro na Av. da Liberdade 47, quinto andar 118, 1º andar.
do Sul, de São Lourenço para São
Paulo, conforme determinação do No ano seguinte, no mês
Professor Henrique José de Souza. de julho, nova mudança de endereço, desta feita para a
sede própria, situada no 5º andar da Rua Liberdade, 47.
As Ramas ou Lojas eram, nessa época, em número A nova sede, agora chamada de Cruzeiro do Sul Sociedade
de quatro: Loja Morya, no Rio de Janeiro, a Loja Kut- Cultural e Espiritualista, foi oficialmente inaugurada em
Humi, em Niterói, a Loja Hilarião, em Belém do Pará, cerimônia especial com a presença do Professor Henrique
e a Rama Serápis, também no Rio de Janeiro. A quinta José de Souza e da Sr.ª Helena Jefferson de Souza.
Rama, a Cruzeiro do Sul, foi formada em São Lourenço. As
Ramas possuíam, na época, autonomia tanto financeira Em 26 de julho de 1952 a Rama passou a
como administrativa, além de possuírem estatutos e ser chamada de Cruzeiro do Sul Sociedade Cultural
diretoria próprios. Dependiam, no entanto, da Matriz em Espiritualista e em 13 de novembro de 1957, Cruzeiro do
assuntos da doutrina teosófica e nos espirituais. Sul – Casa Capitular de São Paulo da Sociedade Teosófica
O início das atividades, porém, ocorreu na Praça Brasileira.
da Sé, 247 (A Grande Mãe), no Edifício Santa Helena, 19o
andar, sala 133 (!). Ali Almir Barbosa de Souza passou a Seus dirigentes eram eleitos e tinham o título de
ministrar as primeiras aulas. Existe, porém, neste caso, Presidente, como determinava o Estatuto de então da
Sociedade Teosófica Brasileira.
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Assim, desde sua fundação, como Rama Cruzeiro No entanto, a quantidade de irmãos e
do Sul, até a sede da Avenida da Liberdade, como Cruzeiro frequentadores continuava a aumentar e tornava-se
do Sul - Casa Capitular, a administração foi exercida pelos necessário um novo local, mais amplo.
seguintes presidentes:

1o Presidente: Dr. Eduardo Cícero de Faria
2o Presidente: Almir Barbosa de Souza
3o Presidente: Francisco Romagnoli
4o Presidente: Clóvis Bradaschia
5o Presidente: Francisco Celeghin
6o Presidente: Ari Telles Cordeiro

SURGE O DEPARTAMENTO DE SÃO PAULO - LACERDA FRANCO

Fachada do prédio da recém-inaugurada sede Cruzeiro do Sul – Casa Capitular de São Paulo na Av. Lacerda Franco, 1059

Conforme nos conta Sérgio Scalfaro, no capítulo seria construído à semelhança do de São Lourenço. O
intitulado Nossa Vida com o Mestre, em sua apostila para o Mestre fez um único pedido: que na fachada fosse erguido
Grau Astaroth: um mural com a figura de Apolo descendo o Olimpo em
carruagem puxada por seis cavalos.
Em 1962, após muitos estudos, começa a ser Todo o período vivido ao lado do Mestre foi
construída, em São Paulo, a sede da Cruzeiro do Sul. Os fantástico. Revelações as mais importantes chegavam ao
estudos indicavam que os 70 irmãos, aproximadamente, nosso conhecimento, redigidas através do teclado da velha
da Série Interna, deveriam aumentar consideravelmente máquina de escrever que o Mestre não queria trocar. A sede
a partir do novo local. Assim a nova sede deveria ter continuava a ser construída a todo vapor. O nosso grande
proporções bem mais amplas em relação à existente que desejo era ver o Mestre presente em sua inauguração.
possuía uns 80 m2 e se situava na Rua da Liberdade, 47, em
São Paulo. Partimos, assim, para uma construção arrojada
àquela época. Foram construídos 650 m2 de área útil em
terreno de 432 m2. Até um templo para reuniões tributárias

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Um artigo intitulado Rememorando Eunice, de Dalmo Ribas, foi publicado na revista Dhâranâ nº 240, Ano 78, de
fevereiro de 2002, págs. 10/11. O texto refere-se à pianista Eunice Katunda e em determinado trecho conta-nos o seguinte:

A título de curiosidade, mencionarei um acontecimento que provavelmente permanece no conhecimento de


poucas pessoas. A sede da Casa Capitular Cruzeiro do Sul localizava-se à Avenida da Liberdade, 47, primeiro
andar. Embora as novas dependências da Sociedade na Av. Lacerda Franco, 1059 estivessem sendo construídas,
o Professor jamais fora até as obras, fazendo sua supervisão a distância. No entanto, cada detalhe era discutido
e recomendado pelo Mestre à liderança do projeto, formado por Sérgio Scalfaro, Ari Telles Cordeiro e Waldemar
Portella.
Quando foi o momento de se criar o painel que decoraria o frontispício da sede, JHS fez a Eunice Katunda
uma minuciosa descrição de como o mesmo deveria ser. A concepção artística dele foi transmitida por Eunice ao
seu irmão, o arquiteto Helio de Monte Lima, que não só realizou o desenho, como produziu o painel, pintando os
azulejos cerâmicos com tintas especializadas, a fogo.
Presenciei o momento em que Eunice apresentou ao Mestre a arte-final do painel, desenhada em diversas
folhas de papel vegetal. Fazendo, ainda, uma última observação, JHS assim se pronunciou:
“Muito bem, podem executar; missão cumprida. Apolo já pode retornar aos céus”.

E então, com o apoio de Ary Telles Cordeiro e Valdemar de Holanda Portella, além de outros, mas principalmente ao
empenho e ao trabalho de Sérgio Scalfaro, a nova sede foi inaugurada oficialmente em solenidade ocorrida em 9 de maio de
1964, às 20 horas. Uma realização à altura da dedicação deste obreiro, que juntamente com sua esposa, Consuelo Scalfaro
tanto realizaram e continuam realizando pela Obra, fiéis aos ideais do Professor Henrique, de quem foram discípulos
diretos.

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Entrega da chave simbólica da nova sede da Cruzeiro do Sul - Casa Capitular de São
Paulo, na Avenida Lacerda Franco. Compondo a mesa, entre outros, a V. Helena Jefferson
de Souza, o V. Jefferson Henrique de Souza, Paulo Albernaz e Ari Telles Cordeiro.

À mesa diretora formada na solenidade de


inauguração, estavam Sr.ª Helena Jefferson de Souza, Com a criação de outros departamentos na cidade
então Presidente da STB e Grã-Mestra da Ordem do Santo (Sumaré, Mooca e Santana), o nome correto passou a ser
Graal, seus filhos Selene Jefferson de Souza e Jefferson Departamento de São Paulo - Lacerda Franco da Sociedade
Henrique de Souza, Sr. Almir Barbosa de Souza, Sr. Brasileira de Eubiose
Ary Telles Cordeiro, Presidente da então Casa Capitular
Cruzeiro do Sul e o Sacerdote Paulo Albernaz, entre Ele teve os seguintes Administradores:
outros. Na ocasião foram prestadas homenagens à D.
Helena (que recebeu a chave simbólica da nova sede) e à 1º Administrador: Ciro Barbosa
memória do Professor Henrique José de Souza. 2o Administrador: Clodoaldo Francisco Assis Rehder
3o Administrador: Paulo Cardoso Nunes
Concretizada a mudança para a nova sede, a antiga 4o Administrador: José Natal Consentino
seria destinada, exclusivamente às reuniões dos jovens 5o Administrador: Wladimir Ballesteros
componentes do Instituto Cultural Brasileiro e da Ordem
dos Cadetes do Ararat. Não podemos deixar de mencionar, neste momento,
o Irmão Amaragy Soares Ferreira, que prestou um grande
Na Alameda (depois Avenida) Lacerda Franco, serviço ao Departamento, atuando como tesoureiro (e
a Casa Capitular Cruzeiro do Sul teve os seguintes auxiliando e incentivando diversas outras atividades),
dirigentes: desde o final da administração de Ciro Barbosa até o ano
de 2009, já na gestão de Wladimir Ballesteros.
1o Diretor: Ari Telles Cordeiro
2o Diretor: Jefferson Henrique de Souza Tampouco poderíamos deixar de lembrar os
3o Diretor: Ari Telles Cordeiro Instrutores que muito contribuíram, não só para a
4o Diretor: Vicente Feola Filho qualidade na divulgação dos ensinamentos eubióticos,
5o Diretor: Rodolpho Molino como também para o afluxo de diversas pessoas para
a nossa Instituição. Infelizmente, não poderemos citar
Então, de acordo com as resoluções adotadas todos, mas, homenagear nomes como os de Mario
por ocasião das Assembleias realizadas em 27 e 28 Paziente, Hernani Portella, Dirce Bonfá, Francisco Vilella
de setembro de 1969, em São Lourenço, o nome da Filho, Adhemar Ramos, Aulus Cirillo, entre tantos outros,
Sociedade Teosófica Brasileira foi mudado para Sociedade é homenagear também os muitos Irmãos que se dedicaram
Brasileira de Eubiose. Da mesma forma, a Casa Capitular e se dedicam ao trabalho de instrução na Eubiose. Todos
Cruzeiro do Sul passou a se chamar Departamento de São idealistas, como os Irmãos que trabalharam e trabalham
Paulo da Sociedade Brasileira de Eubiose. Os dirigentes na coordenação das atividades dos Pupilos, todos fiéis
passaram a ser chamados de Administradores. realizadores do lema Spes Messis in Semine.

Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 44


SURGE A CASA 2 Jefferson de Souza, acompanhado de sua esposa, V.
Nízia. Os convidados foram então homenageados com as
Tal como previsto, o departamento cresceu muito apresentações do Coral Infantil da Eubiose, sob a regência
rapidamente, concentrando as atividades de ensino, de Rosana Lambert, e do Coral da Eubiose, regido por
a Biblioteca, Sala de Revelações e muitos eventos. O Ariane Braga Nunes.
crescimento da Lacerda Franco passou a exigir um espaço Em seguida, o Presidente da SBE, Sr. Hélio, fez um
maior, que não havia. A solução foi buscar um espaço pronunciamento no qual ressaltou a importância do novo
fora. E, como resultado do apoio do Deputado Almino espaço para a ampliação das atividades sociais e culturais
Afonso e do trabalho incansável do então Administrador da sociedade, reconhecida pela Câmara Municipal
da Lacerda, Clodoaldo Rehder, o então Governador do como “de Utilidade Pública”, e agradeceu a presença
Estado de São Paulo, Mario Covas, oficializou a concessão do Deputado Almino Afonso, cuja intercessão junto ao
do imóvel situado no nº 1.091, da Av. Lacerda Franco. governo estadual foi decisiva para a concessão do imóvel.
Falou também da expansão da SBE na capital paulista,
A casa estava em péssimo estado de conservação, com a inauguração de novos departamentos, anunciando
mas graças ao empenho da arquiteta Maria Virgínia que o próximo seria em Santana, bairro da zona norte da
Muniz da Silva, também membro da SBE, foi feito um cidade.
grande trabalho de reforma e modernização do prédio. As
necessidades financeiras foram atendidas por doações e, Em seguida, o Administrador Regional do
principalmente, pela ajuda extraordinária dos eubiotas Departamento, Clodoaldo Rehder, agradeceu a ajuda
Adhemar Ramos e Antonio Carvalho, através de dezesseis entusiasmada e competente da equipe que o assessorou
workshops, sempre com grande sucesso, tanto de renda em mais esta conquista. Além da Casa 2, Clodoaldo
como de público. Rehder foi responsável também pela constituição dos
Departamentos do Sumaré e de Santana).
A INAUGURAÇÃO DA CASA 2
Após a cerimônia foi oferecido um coquetel ao qual
Em 11 de novembro de 2000, o novo espaço estavam presentes diversos irmãos da Lacerda e de outros
foi inaugurado. A fita de inauguração foi cortada pelo Departamentos da Grande São Paulo
Presidente da Sociedade Brasileira de Eubiose, V. Hélio

O presidente da SBE, V. Hélio Jefferson de Souza acompan- Deputado Almino Afonso entre o Presi-
hado de sua esposa, D. Nízia, corta a fita inaugural da Casa dente da SBE, Helio Jefferson de Souza e
2 do Departamento São Paulo-Lacerda Franco, ao lado de Ro- Clodoaldo Rehder - Administrador do De-
dolpho Molino - Diretor Social, Clodoaldo Rehder - Adminis- partamento de São Paulo - Lacerda Franco.
trador do Departamento Lacerda Franco e Gustavo Kuhlmann
– Secretario de Comunicação e Divulgação.

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Convidado, o Governador Mario Covas, não dessa instituição. Na certeza de que o evento revestiu-se
podendo comparecer em virtude de estar se preparando de muito êxito, o Sr. Gov. cumprimenta V.S., solicitando-
para uma cirurgia, acometido por gravíssima doença. lhe, ainda, a gentileza de ser o portador dos parabéns
Enquanto punha os negócios de Estado em ordem, aos responsáveis pelo grande sucesso. Cordialmente (a)
enviou-nos o seguinte telegrama: Antonio Carlos Rozeque Malufe, Secretário Particular do
Gov. Mário Covas”.
Gabinete do Governador do Estado de São Paulo
(Secretaria Particular). 13.11.2000. Ao senhor Hélio No novo imóvel, conhecido hoje como Casa 2,
Jefferson de Souza, Pres. da SBE. foram realizados diversos eventos e atividades como os
Senhor Presidente, incumbiu-me o Excelentíssimo ensaios do Coral Infantil, do Coral Adulto e das peças
Sr. Gov. Mário Covas de encaminhar os agradecimentos ao de teatro, o Clube de Xadrez, além de vários eventos de
seu honroso convite de inauguração solene do departamento confraternização.

REFORMA DA SEDE

Wladimir Ballesteros, ao assumir a atual


administração, reformou o Departamento-sede,
executando grandes mudanças físicas, modernizando
sua estrutura, criando, inclusive, um novo visual para a
fachada do departamento. A reforma foi coordenada pelo
arquiteto Edison Ribeiro, membro da SBE.
A Casa 2, hoje, concentra diversas atividades, como
as aulas dos Graus, a Biblioteca (ambas transferidas do
departamento-sede), Cura Prânica, Acupuntura e cursos
diversos, como o de Astrologia. Lá também acontecem as
aulas de alfabetização de adultos, que atendem hoje vinte e
oito alunos do entorno da Lacerda.
Essa mudança das muitas atividades para a Casa 2
deu-se ao fato de que está sendo construído um Santuário
no andar superior do departamento-sede, visando criar
Inauguração da reforma da sede - V. Nízia, Wladimir Balles-
um espaço exclusivo para rituais. No salão inferior, ou teros e V. Hélio Jefferson de Souza
seja, na agora denominada Sala Henrique
José de Souza são realizadas aulas dos
Graus, palestras públicas, rituais dos
pupilos, recitais e reuniões da Ordem do
Santo Graal.
Temos assim, dois espaços de grande
força para a dinamização e o crescimento
necessários para o desenvolvimento da
Instituição e da Obra.
Observação: houve muita dificuldade
em se obter dados sobre a história da nossa
Instituição e do nosso Departamento. Por isso
foram muito valiosas as contribuições dos
Irmãos Elielson Gomes, Ana Muniz, Celina
Tomida e, principalmente, as de Manoel
Neivas, que levantou diversos documentos
que apoiaram este artigo. A todos, muito
obrigado!

Dhâranâ On-line outubro de 2014 a janeiro de 2015 46


SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE

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2º Vice-Presidente: Selene Jefferson de Souza

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da Fonseca, Laudelino Santos Neto (Presidente) e Silvio Piantino.
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Ano III – edição 9 – outubro/2014 a janeiro/2015
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