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2.2.

1 FLORESTAS

Segundo levantamento do IBGE de 2017, o estado possuía 1.005.275


ha de florestas plantadas, 314.418 ha de matas naturais e 6.026.258 ha
naturais destinados a área de preservação permanente (APP) ou reserva legal
(RL). Além disso, há 366.853 ha destinados a sistemas agroflorestais
(integração lavoura-pecuária-floresta).
Dentro das florestas plantadas, predomina o gênero Eucalyptus, onde,
em 2018, 16% da área total de plantio do gênero no Brasil encontrava-se no
MS, sendo o estado que apresentou o maior aumento da área plantada entre
2012 e 2018 (IBÁ, 2019). As espécies de Eucalyptus plantadas no MS são: E.
camaldulensis, E. citriodora, E. grandis, E. tereticornis, E. urocam, E.
urophylla e E. urograndis (híbrido), o qual é o mais plantado (MATO GROSSO
DO SUL, 2009).

Figura X – Distribuição em 2018 e evolução da área de plantio de eucalipto nos estados


brasileiro.

Fonte: Industria Brasileira de Árvores – IBÁ, 2019.

Figura y – Histórico da área plantada de eucalipto e pinus no Mato Grosso do Sul, segundo a
IBÁ. .

Fonte: Industria Brasileira de Árvores – IBÁ, 2019

Já considerando sua vegetação nativa, MS é composto majoritariamente


pelo bioma Cerrado e pelas formações florestais Floresta Estacional
Semidecidual (ao Sudeste) e Decidual (a Oeste), e vegetação Chaquenha a
Oeste. Porém outras vegetações podem ser encontradas, como consta no
mapa abaixo.
Figura x – Vegetação nativa do Mato Grosso do Sul.

Fonte: Mato Grosso do Sul, 2016.

Segundo o Instituto de Meio Ambiente de Mato grosso do Sul – IMASUL


(dados coletados em 2021), o estado possui 71 Unidades de Conservação
(UC). Delas, uma única é federal, a qual é compartilhada com o Paraná, que
possuí cerca de 75% de sua extensão. As outras constituem em: 21 Municipais
de Proteção Integral (50.754,94 ha), 39 Municipais de Uso Sustentável
(4.330.217,53 ha) e 10 Estaduais (202.606 ha), as quais são mais bem
detalhadas na tabela a seguir. Vale destacar que todas as florestas das UCs
Estaduais possuem uso econômico turístico e valor cultural.

Tabela 1 – Unidades de Conservação Estaduais do Estado de MS

Nome Área (ha) Bioma Ano de criação Possui plano de manejo?

PE DO PROSA 135 Cerrado 2002 Sim


PE MATAS DO SEGREDO 188 Cerrado 2000 Sim
PE DAS VÁRZEAS DO RIO IVINHEMA 73.345,15 Mata Atlântica 1998 Sim
PE DO PANTANAL DO RIO NEGRO 76.851,80 Pantanal 2000 Sim
PE DAS NASCENTES DO RIO TAQUARI 30.618 Cerrado 1999 Sim
MN DO RIO FORMOSO 18 Cerrado 2004 Não
MN GRUTA DO LAGO AZUL 274, 0387 Floresta Estacional 2001 Não
APA RIO CÊNICO ROTAS MONÇOEIRAS 15.440 Cerrado e Floresta Aluvial 2000 Sim
APA ESTRADA-PARQUE DE 10,108 (42,5 Cerrado 2000 Não
PIRAPUTANGA km)
AEIT ESTRADA PARQUE DO PANTANAL 6000 Pantanal 1993 Não
Fonte: Adaptado de IMASUL, 2021.

2.2.2 CARACTERISTICA DA FLORESTA

3. INSTRUMENTOS DA POLÍTICA FLORESTAL

A Política Florestal sul-mato-grossense se destaca no território nacional,


a qual trouxe grandes empresas e desenvolvimento econômico sólido ao
estado. Uma grande iniciativa adveio do REFLORE-MS (Associação Sul-Mato-
Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas) junto ao
financiamento do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas), ambas entidades privadas, que em 2008 criaram o Plano Estadual
de Florestas de Mato Grosso do Sul — PEF/MS (DIÁLOGO FLORESTAL,
2015). Em março de 2009, foi então publicado, pelo Governo do Estado,
Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria,
do Comércio e do Turismo – SEPROTUR e SEBRAE/MS, o Plano Estadual
Para O Desenvolvimento Sustentável De Florestas Plantadas, contendo o
PEF/MS.
Para a implementação do Plano Estadual Florestal, foi sugerida a
estrutura organizacional apresentada na figura X. A Secretaria de
Desenvolvimento Agrário, da Indústria, do Comércio e do Turismo
(SEPROTUR) consolidada na posição de Articulador Político do PEF/MS, a
partir de uma equipe especializada no setor florestal, denominada de Unidade
Gestora. A Unidade Gestora possui como função coordenar e acompanhar os
Programas Estratégicos, em conjunto com as Entidades Envolvidas. Estas, por
sua vez, são os agentes executores dos Programas Estratégicos, via convênio,
as quais podem ser compostas por instituições públicas ou privadas, nacionais
ou internacionais voltadas para o desenvolvimento técnico, econômico e social
(BID, Banco Mundial, FAO, ITTO). Já o Conselho Consultivo, representado
pela Câmara Setorial de Florestas, visa tornar o processo de implantação do
PEF/MS transparente e amplamente discutido. De forma geral, a Câmara
Setorial Consultiva do Programa de Desenvolvimento Florestal – CSF,
instituída pela SEPROTUR, tem como objetivo reunir representantes de
entidades públicas e privadas da cadeia produtiva de florestas plantadas,
visando parcerias na elaboração e execução de projetos e ações de interesse
do setor (MATO GROSSO DO SUL, 2009).
Figura X – Organização geral do PEF/MS

Fonte: MATO GROSSO DO SUL, 2009.

Dentro dos Programas Estratégicos apresentadas no organograma da


figura X, o PEF/MS apresentou, em 2008, as seguintes possíveis entidades
envolvidas e ações a serem realizadas:

Figura y – Programas Estratégicos, entidades envolvidas e ações definidas pelo PEF/MS

Fonte: MATO GROSSO DO SUL, 2009.


3.1 LEGISLAÇÕES ESTADUAIS

Em maio de 1994, foi publicado no Diário Oficial nº 3.780 a Lei Nº 1.488,


a qual concede incentivas fiscais destinadas ao reflorestamento no estado de
Mato Grosso do Sul, sejam nativas ou exóticas. Após 22 dias, foi sancionada a
Lei nº 7.808, de 25 de maio de 1994, na qual constam os seguintes
artigos:

“As pessoas físicas ou jurídicas que exploram, utilizam,


industrializam, transformam ou consumam matéria-prima florestal, no
Estado de Mato Grosso do Sul, deverão promover a reposição
florestal no mesmo território estadual, mediante o plantio de espécies
florestais adequadas as peculiaridades regionais sob os aspectos
ambientais, observado um mínimo equivalente ao respectivo
consumo”, salvo aqueles que apresentem certas comprovações
determinadas no Art. 8° (MATO GROSSO DO SUL, 1994, Art. 1°);

“A reposição florestal deverá ser efetuada através da adoção de


técnicas de condução, de exploração e de manejo compatíveis com
os variados ecossistemas do Estado e, prioritariamente, em áreas
degradadas ou descaracterizadas (...) pela vinculação de florestas
plantadas, mediante apresentação de projeto técnico de
florestamento e/ou reflorestamento próprio ou consorciado com
terceiros ou através de Inventário Florestal (inciso I)” (MATO
GROSSO DO SUL, 1994, Art. 3°);

“Observados os respectivos Inventários Florestais, os


empreendimentos executores de reposição serão inspecionados no
3º, 5º 7º e 10º ano de sua implantação e/ou regeneração com
propósitos de constatação da viabilidade técnica e econômica para
ajuste de créditos” (MATO GROSSO DO SUL, 1994, Art. 5°).

Com isso, o Estado do Mato Grosso do Sul possuía o plano de


desenvolver de forma organizada seus maciços florestais e atrair fábricas, haja
vista que os incentivos fiscais federais ao reflorestamento presentes na década
de 70 no Brasil favoreceram a formação de grandes plantios, mas muitos não
foram aproveitados pela não instalação de indústrias no estado devido às
dificuldades econômicas do Brasil na década de 80 (DIÁLOGO FLORESTAL,
2015).
Em junho de 2007, entrou em vigor o Decreto n° 12.339, o qual dispõe
sobre o exercício de competência do licenciamento ambiental no âmbito do
Estado de Mato Grosso do Sul, considerando a necessidade de consolidar o
sistema de licenciamento ambiental como instrumento da Política Ambiental
Estadual, visando ao desenvolvimento sustentável.
Porém, a principal ação legislativa em prol de uma Política Florestal do
Estado adveio da Lei nº 3.480, de 21 de dezembro de 2007, a qual instituiu os
Cadastros Técnico-Ambiental Estadual, criou a Taxa de Controle e Fiscalização
Ambiental Estadual (TFAE) e a Taxa de Transporte e Movimentação de
Produtos e Subprodutos Florestais (TMF), entre outras providências. Tais taxas
foram ajustadas e detalhadas, posteriormente, pela Lei nº 3.608, de 19 de
dezembro de 2008, Decreto nº 12.550, de 9 de maio de 2008, Decreto nº
12.914, de 5 de janeiro de 2010; Decreto nº 12.921, de 12 de janeiro de 2010;
e Decreto nº 12.925, de 29 de janeiro de 2010. Além disso, o Decreto nº 12.550
tornou obrigatório o Cadastro Técnico-Ambiental Estadual de Atividades
Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais.
Sendo assim, com uma política florestal bem direcionada por meio do
PEF/MS, menos de cinco anos depois o Governo do Estado tomou uma
iniciativa que facilitou o desenvolvimento do Setor Florestal no Estado: o
Decreto nº 13.432, de 29 de maio de 2012, o qual revoga o Decreto nº 7.508,
de 23 de novembro de 1993, que dispõe sobre o licenciamento ambiental na
atividade florestal. Com isso, o Mato Grosso do Sul se tornou o primeiro estado
brasileiro a desonerar o produtor rural do Licenciamento Ambiental na atividade
florestal. Tal decisão é justificada por muitos produtores ao fato de a
certificação florestal, obrigatória a muitas empresas à venda, ser muito mais
rigorosa do que a Lei.
3.2 FINANCEIROS

O Estado do Mato Grosso do Sul apresenta um política clara em


fornecer subsídios através de incentivos fiscais e financeiros à instalação de
grandes indústrias, como foi o caso da Eldourado e Suzano, e ao lograr áreas
de plantio de eucalipto a transformação em papel e celulose. Além disso, em
2011 a Taxa de Movimentação Florestal (TMF) foi isentada, e em 2015, o
governador do estado isentou por prazo indeterminado a Taxa de Transporte e
Movimentação de Produtos e Subprodutos Florestais (TMF) incidente sobre a
atividade econômica de carvão vegetal. O incentivo busca a geração de
empregos na cadeia produtiva do carvão vegetal, a qual apresenta um
mercado consumidor instável, e também desonerar a produção encarecida aos
pequenos produtores. Porém, muitos consideram a iniciativa do governo
estadual em dispensar o licenciamento ambiental para o plantio de florestas
(nas condições que deixam o Pantanal de fora), um dos principais atrativos a
investidores. Tal política visou desburocratizar e acelerar a produção florestal
no estado (SILVA, 2017).
No que se refere a créditos e financiamentos para empreendimentos
florestais e floresto-industriais em Mato Grosso do Sul, há diferentes linhas, do
micro até grande porte. No âmbito do Fundo Constitucional de Financiamento
do Centro-Oeste — FCO, há linhas para empreendimentos floresto-industriais
de Desenvolvimento Industrial para MPE (Micro e Pequenas Empresas), e a
Infra-Estrutura Econômica para MGE (Médias e Grandes Empresas). Já a linha
existente para empreendimentos florestais é a de Conservação da Natureza,
disponível desde Micro até Grandes Empreendimentos, para a implantação de
florestas nativas e exóticas. Também há linhas de créditos e financiamentos
para empreendimentos florestais e industriais do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES (MATO GROSSO DO SUL,
2009).
Nas estratégias de Atração de Investimentos, o SEBRAE/MS é
responsável por divulgar o PEF/MS às pequenas e médias empresas;
identificar, orientar e oferecer capacitações a investidores preferenciais,
visando assegurar as atividades de base da cadeia produtiva florestal; e
contribuir para a organização dos produtores e fornecedores através dos
princípios da cooperação, visando o desenvolvimento e consolidação dos
Arranjos Produtivos Locais (APL) do setor florestal de Mato Grosso do Sul
(MATO GROSSO DO SUL, 2009).

3.5 LINHAS DE AÇÃO PRIORITÁRIAS

Atualmente, podemos ver três linhas prioritárias do Governo do Mato


Grosso do Sul. A primeira consiste em alavancar o setor florestal sul-mato-
grossense por meio de investimento em grandes empresas do setor privado. A
segunda na realização de um novo planejamento para expandir setor florestal
no estado e adensar a cadeia produtiva. Já a terceira visa o alinhamento às
tendências e interesses internacionais no que diz respeito ao aquecimento
global.
Nos últimos anos, vimos como destaque: a autorização, os incentivos
financeiros e o acompanhamento do Projeto Cerrado, nova fábrica da Suzano a
em construção no município de Ribas do Rio Pardo; do Projeto Vanguarda 2.0,
nova fábrica da Eldorado em construção no município de Três Lagoas; e do
Projeto já finalizado Horizonte 2, na época realizado pela Fibria, a qual compõe
a Suzano desde 2018. Outro passo recente foi a autorização do Governo
Estadual, em Novembro deste ano, a Eldourado Celulose para a construção de
uma ferrovia de 89 km entre sua fábrica em Três Lagoas e Aparecida do
Taboado.
Além disso, seguindo a linha adotada em 2007, o Governo visa
concretizar o novo Plano Estadual de Desenvolvimento Sustentável de Floresta
Plantada, onde o Sebrae/MS e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente,
Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro)
assinaram um convênio para elaboração do plano. Segundo publicação de
2020 em canal de divulgação da SEMAGRO, o secretário Jaime Verruck
afirmou: “Tivemos um avanço substancial do setor florestal, hoje tem uma
representatividade significativa na economia, sendo o primeiro estado na
exportação de celulose do país, e somos o segundo em área plantada. Nos
próximos dois anos seremos o líder nacional em área plantada de floresta” e
que o Plano “é um replanejamento para atrair novos empreendimentos, para
fazer o adensamento da cadeia produtiva, para buscar novos mercados e
estimular novos negócios”, onde o plano trará informações de grande
importância e identificará as oportunidades para as micro e pequenas
empresas dentro desse setor.
Já na questão desenvolvimento sustentável atrelado às políticas
internacionais do aquecimento global, o Mato Grosso do Sul oficializou em
Novembro de 2021 a Política Estadual de Mudanças Climáticas – PEMC e o
Plano Estadual MS Carbono Neutro – PROCLIMA, apresentando ambos na
26ª Conferência das Partes (COP 26). Com isso, o governo apresenta soluções
como a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF), com seu produto “Carne
Carbono Neutro” propiciada pelas florestas. Assim, haverá uma maior
integração do setor florestal com a pecuária nacional. Por fim, o Estado objetiva
ser certificado internacionalmente como um território Carbono Neutro a partir
de 2030.

4. CONCLUSÃO

Pode-se concluir que o Estado de Mato Grosso do Sul é um dos maiores destaques a
nível nacional no Setor Florestal. As boas condições ambientais atreladas à vontade de formar
um Distrito Florestal contribuíram para um planejamento excepcional de uma Política
Florestal. Com isso, usando-se de incentivos fiscais e financeiros, atraiu-se grandes empresas
de papel e celulose, tornando o estado o maior exportador de papel e celulose do Brasil. Além
disso, Mato Grosso do Sul deixou clara sua cooperação no contexto de crise climática, sendo
um grande exemplo internacional.

Referências:

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