Você está na página 1de 6

Texto para Atividades de Ergonomia

As doenças de coluna correspondem a cerca de 30 casos de aposentadorias para cada grupo


de 100 mil beneficiários da Previdência Social, além de estar entre as principais causas de
licenças médicas. A maioria dos afetados são homens, principalmente de idade mais
avançada. A forma de levantar um peso e a massa do trabalhador com relação à do objeto
devem ser observadas para se evitar danos à coluna.
Enquanto alguns ortopedistas recomendam que uma pessoa deve levantar no máximo o
equivalente a 50% do seu peso, outros preferem uma recomendação menos genérica, que
individualize a capacidade do ser humano para carregar determinado peso, de acordo com
as suas condições físicas e da saúde em geral. Há ponderação, nessas recomendações, no
que se refere às mulheres, pois normalmente são tidas como menos fisiologicamente
formadas para tarefas pesadas.                 
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estabelece que o trabalhador pode carregar
até 60 quilogramas (kg), mas no âmbito internacional a Niosh (National Institute for
Ocupational Safety and Health), órgão internacional que fixa normas para a questão,
determina o limite de 25 kg no exercício das tarefas laborais. Esse é o critério seguido nos
países europeus.
Projeto de Lei (PL 5.746/05) que foi aprovado no Senado e encaminhado para a Câmara
dos Deputados reduz de 60 kg para 30 kg a carga máxima que um trabalhador pode
carregar individualmente, alterando o Artigo 198 da CLT que trata desse limite. Os 60 kg
fixados na legislação brasileira foram adotados há mais de um século.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e o Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) não fixam patamares para os equipamentos
em função da força física do trabalhador. A explicação das assessorias de imprensa dos
dois órgãos é de que as comissões internas de prevenção a acidentes de trabalho das
empresas "cuidam dessas questões de interesse dos empregados". 
A Norma Técnica 17, do Ministério do Trabalho e Emprego, que trata de ergonomia,
estabelece que todos os equipamentos colocados à disposição do trabalhador devem estar
adequados às características psicofisiológicas destes e à natureza do trabalho a ser
executado. O uso de equipamento mecânico de ação manual para levantamento de material
"deve ser executado de forma que o esforço físico seja compatível com a capacidade de
força e não comprometa a saúde ou a segurança" de quem o executa.
O presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), Carlos Campos,
que é médico e ergonomista, opina que "há um conjunto de condições que precisam ser
observadas" para se avaliar o peso que uma pessoa deve carregar "sem prejudicar a saúde".
Isso inclui, conforme explica o médico, uma série de situações ligadas às condições da
pessoa e ao tipo da carga: o tempo que vai ser empregado para o seu  deslocamento; o
esforço que vai ser feito para retirá-la de onde está colocada, e a forma com que ela vai ser
conduzida pelas mãos, além da observância de detalhes sobre a manipulação com o auxílio
de equipamentos. 
Além disso, diz Carlos Campos, "tudo vai depender de onde está o peso, se está no solo, a
que distância do corpo de quem vai carregar, quanto se vai ter que encurvar a coluna para
pegá-lo”. Segundo ele, “quanto mais perto do corpo o peso estiver, tanto melhor será para
o conforto de quem vai transportá-lo".  Para o especialista, é preciso levar em conta
também quanto tempo levará a tarefa e com que frequência será executada ao longo do dia.
Atividades;
Analisando os relatos abaixo, descreva com as palavras de vocês o que
poderíamos fazer para melhorar as condições de trabalho destes senhores
abaixo.
O pedreiro Natalino Souza (50 anos) diz que "quem mexe com
construção tem que ser ‘pau pra toda obra’". Ele recomenda que se deve ter
"técnica para cuidar de peso”. Segundo explica, "se um saco de cimento [que tem
50 kg] é pesado para uma pessoa, ela deve cortá-lo no meio com a enxada e
assim pegar 25 quilos de cada vez”.
Natalino recomenda também que o trabalhador sempre se agache para
pegar um objeto pesado. No caso da caixa de cerâmica, peso também comum às
suas atividades, “da mesma forma que o cimento, o melhor é que ela não esteja
no chão, para não precisar encurvar o corpo na hora de transportar". 
MELHORIAS
Nessa abordagem explanada pelo senhor Natalino Souza, cuja profissão
de pedreiro, indica que para trabalhar em construção, a pessoa tem que ser pau
pra toda obra, já se presume que os trabalhadores executem diversas atividades
ao longo do dia, em locais diferentes, com ferramentas diferentes, circulação em
diversos pontos na mesma obra com riscos variados. Dentro da obra, embora
cada um tenha sua função definida, sabemos que a realidade dos trabalhadores
pode variar, e os cuidados ergonômicos podem sofrer alterações ao longo do dia,
dependendo do serviço executado. Devem-se considerar também dentro da obra
os equipamentos a serem utilizados o que vai gerar observações quanto aos
aspectos ergonômico.
Situação: Levantamento, manuseio, transporte de carga pesada. No caso
“Saco de Cimento de 50 kg”. Sabe-se que o transporte manual é um dos maiores
causadores de acidentes, e lesões. Essas lesões em sua maioria afetam a coluna
vertebral, em outros casos podem provocar até hérnia escrotal dentre outros
males. A seguir modo como devemos e não devemos proceder ao levantamento
de cargas:

Sugestão de melhoria: treinamento com orientações de postura, ginástica


laboral, possibilidade de veículo de transporte de carga, conforme sugestões
abaixo e de acordo com o serviço:

Antônio Geraldo Barbosa (53 anos), que transporta mudanças, diz que
não enfrenta problema de coluna - "crônico, pelo menos" - mas que tem duas
hérnias inguinais. "Enquanto puder, vou continuar trabalhando. Escolho
ajudantes mais pela habilidade do que pela idade, e que tenham a mesma força
minha. O cuidado deve ser na forma de carregar [o peso], porque, para subir ou
descer uma escada, por exemplo, não se pode deixar o móvel escorregar ou cair,
para não o estragar".
O senhor Antônio Geraldo realiza mudanças, embora já sinta os reflexos de
uma série de posturas inadequadas que vem sendo tomadas ao longo dos anos,
conforme descreve dizendo que já possui duas hérnias inguinais. O mesmo alega
que contrata ajudantes para execução do trabalho, porém o aconselhável seria a
busca de auxílio médico. Como sabemos que a realidade dele seja igual a de
muitos trabalhadores, o mesmo ainda trabalha por vontade própria, e contrata
ajudantes para auxiliá-lo. Agora alguns pontos importantes no transporte de
mudança, pesos a serem levantados, número de ajudantes pra manuseio dessas
mudanças. Por ser um trabalho braçal pesado, sempre deverá ser realizada por
ajudantes de mesma força, mesma altura (seria o ideal), e com disposição pra
execução do serviço. Trabalho sempre executado entre duas pessoas no mínimo.
Situação: Transporte de mudanças, onde o cuidado deve ser na forma de
carregar [o peso], porque, para subir ou descer uma escada, por exemplo, não se
pode deixar o móvel escorregar ou cair, para não o estragar.
Condições ideais de trabalho e sugestão de melhoria: Carga
próxima ao corpo, sem rotação lateral do tronco, pequena distância vertical entre
a origem e o destino, menos que uma vez a cada 5 minutos.

Para Deocleciano Siqueira da Silva (47 anos), que trabalha com madeira
há 12 anos, "quando o peso é muito grande, o melhor é utilizar a ajuda de algum
equipamento mecânico". Ele mostrou peças de madeira em um armazém no
Setor de Indústrias e Abastecimento (SIA) que, segundo calcula, "devem pesar
em torno de 250 quilos” e que só podem ser transportadas por três pessoas. Ele
disse que conhece muita gente que já mudou de profissão "para não ter que  
pegar nada pesado". 
Situação: Peças de madeira em um armazém no Setor de Indústrias e
Abastecimento (SIA) que, segundo calcula, "devem pesar em torno de 250 quilos”
e que só podem ser transportadas por três pessoas.
Por se tratar de carga extremamente pesada, muito acima dos 60 kg
impostos para homens, conforme CLT 198, ainda que o serviço seja executado
por 3 pessoas, o melhor nessa situação é a utilização de veículos de tração
manual ou motorizada prezando a otimização do serviço, e a menor
desdobramento humano para a execução da tarefa.
Procedimentos auxiliares: Avaliação da carga; Manutenção de um espaço
livre para acesso à carga; Obter condições seguras do solo e do trajeto a ser
percorrido; Posicionar os pés corretamente; Segurar a carga usando totalmente
as mãos; Levantar cargas do chão com o dorso retificado e os joelhos dobrados;
Carregar a carga o mais próximo possível do corpo; Evitar movimentos de torção
em torno de eixo vertical do corpo; Utilizar, sempre que possíveis elementos e
equipamentos auxiliares; Participação periódica de programas de treinamento.

O trabalhador Francisco de Assis (45 anos) transporta mercadorias na


Central de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa), e diz que em geral são
embalagens que pesam em torno de 20 quilos. Devido ao peso, diz que "não há
nenhum problema" em colocá-las no caminhão.
Situação: Transporte mercadorias na Central de Abastecimento do
Distrito Federal (Ceasa), e diz que em geral são embalagens que pesam em torno
de 20 quilos.
A CLT 198 determina que um homem possa carregar até 60 kg. Embora a
legislação diga isso, acredito que quanto menor esforço físico o trabalhador
requerer para a execução do serviço, menos desgastante será para ele o
trabalho. Sendo assim, o surgimento de alguma doença ocupacional decorrente
do trabalho será menor, o que será benéfico para ambos os lados, empregado e
empregador.
Condições ideais de trabalho e sugestão de melhoria: Podendo esse
peso ser dividido entre duas pessoas, melhor. Seguir orientações sobre postura
pra levantar uma carga é muito importante, conforme ilustração abaixo:
Ou ainda: Transporte com veículo de tração motora ou manual, como é comum
nas CEASAS em sua maioria, como demonstra a ilustração a seguir:

Imagem 1. Imagem 2.
Imagem 1: Individuo carregando carrinho com excesso de peso, e com postura inadequada. Resultado da má postura:
Excesso de peso. Solução: Divisão do peso em mais de uma viagem, ou utilização de um carrinho mais adequado pra
transporte das caixas, como demonstra imagem 2.

O aposentado Clarindo Florêncio Santos (67 anos) faz trabalho autônomo


no local e diz que evita levantar botijão de gás ou garrafão de água. "Não sinto
dor porque me previno e aqui uso carrinho para levar embalagens do caminhão
até os boxes da Ceasa".
Essa situação demonstra como esse cidadão busca agir pelo princípio
prevencionista, e não reacionista. Claro que um bom técnico de segurança irá
fazer o acompanhamento do trabalhador sempre que possível, para constatar se
o relato dos funcionários condiz com a realidade de trabalho deles. No decorrer
do trabalho do senhor Clarindo, o mesmo não executa trabalho que envolvam
carga pesada, o que mesmo assim não afasta a possibilidade do mesmo
apresentar algum desgaste por outros movimentos repetitivos, cansaço físico,
tempo de exposição, por exemplo, à concentração de pessoas no seu local de
trabalho.

Você também pode gostar