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O PLANEJAMENTO NO ATENDIMENTO EDUCACIONAL

ESPECIALIZADO

Márcio Luís Hassler1 - SEED/PR

Eixo – Psicopedagogia, Educação Especial e Inclusão


Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

O presente trabalho apresenta como tema principal o planejamento e sua importância na


escolarização do Atendimento Educacional Especializado (AEE), através da Sala de Recursos
Multifuncional (SRM), serviços de apoio pedagógico especializado já constante como
ferramenta pedagógica central na Política Nacional de Educação Especial (PNEE) na
Perspectiva Inclusiva. Demonstrar a necessidade desse atendimento aos alunos com
necessidades especiais é de fundamental importância, respeitando suas limitações,
particularidades e especificidade, bem como o diálogo do professor da SRM com o (s) professor
(es) das salas regulares e com as famílias e outros órgãos envolvidos direta ou indiretamente
com a educação do estudante, oportunizando a construção do conhecimento e a efetiva
participação no processo educacional desses sujeitos. Compreende-se, dessa forma, que o
planejamento através do Plano de Atendimento Educacional Especializado é de suma
importância, pois guiará todo esse processo de ensino-aprendizagem e espera-se que através
desse trabalho consiga-se contribuir para a melhoria desses atendimentos. O plano de AEE
consiste em atingir o objetivo de desenvolvimento das habilidades de cada aluno atendido nas
Salas de Recurso Multifuncional, facilitando, assim, a verificação das dificuldades que podem
e devem ser sanadas, envolvendo todos que participam da vida escolar do aluno. Desta forma
as necessidades educacionais do aluno poderão ser contempladas pelas propostas pedagógicas
da escola. Este plano consiste na descrição das características do desenvolvimento do aluno,
buscando alcançar os objetivos traçados na construção do Plano do AEE, organizando-o de
forma a atender as intervenções pedagógicas, que irão ajudar no desenvolvimento do aluno no
processo ensino aprendizagem dos alunos público alvo da Educação Especial.

Palavras-chave: Planejamento. Atendimento Educacional Especializado. Sala de Recursos


Multifuncional. Alunos. Professores.

1
Mestre em Geografia pela UFPR, Professor da rede pública de ensino do Estado do Paraná. E-mail:
malupfrs@yahoo.com.br.

ISSN 2176-1396
15863

Introdução

Atualmente observam-se muitas mudanças na sociedade, onde se apresentando novos


conceitos e novas conjunturas: vivem-se diferentes momentos culturais, políticos, sociais e
estruturais favoráveis à democratização das instâncias sociais, onde se destaca inclusive o
processo de inclusão de alunos com necessidades especiais, não só na escola, mas em todos os
âmbitos da sociedade contemporânea. Nesse sentido, essa inclusão escolar tem sido bastante
debatida, provocando inclusive transformações e modificações no contexto escolar, quer seja
ele estrutural ou funcional, obrigando os professores a reverem suas posturas, seus métodos,
seus saberes e seus fazeres com relação á essa diversidade no espaço escolar que até alguns
anos atrás ficava excluída dessa realidade.
Uma das transformações que vem alcançando bastante destaque e repercussão,
sobretudo nas escolas públicas brasileiras, é o AEE (Atendimento Educacional Especializado),
implementada pelo MEC (Ministério da Educação) enquanto uma diretriz política e
pedagógica, compreendendo que enquanto modalidade de ensino de Educação Especial, ela
deve ser oferecida de forma suplementar ou complementar aos estudantes que contemplem essa
necessidade no turno oposto ao qual frequentam as turmas em que estiverem regularmente
matriculados.
Para que isso se efetive, é de fundamental importância a inter-relação entre os
professores, ou professores da sala regular com o profissional da SEM (Sala de Recursos
Multifuncional). O planejamento das atividades para esse atendimento vai se de igual
importância, uma vez que devem ser respeitadas as particularidades e as especificidades de cada
um dos alunos.
Para tanto, objetiva-se, neste trabalho, demonstrar, através de um exemplo de Plano de
Aula, uma alternativa de planejamento que contemple essa necessidade, através do qual,
profissionais que atuam nessa área poderão se guiar para melhor planejar e desenvolver suas
atividades na área de Atendimento educacional especializado.

Atendimento educacional especializado e as Salas de Recurso Multifuncionais (SRM)

De acordo com a Resolução nº 04/2009, do Conselho Nacional de Educação, da Câmara


de Educação Básica, que instituiu as Diretrizes operacionais para o Atendimento Educacional
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Especializado (AEE) na Educação Básica, modalidade Educação Especial, preconiza que a


função do AEE é

(...) complementar ou suplementar a formação do aluno por meio da disponibilização


de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para
sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem.
(BRASIL, 2009)

Dessa forma, O Atendimento Educacional Especializado, desde sua concepção, foi


pensando como sendo uma atividade diretamente relacionada com a sala de aula regular onde
o aluno atendido estiver frequentando, como uma forma de atender a determinadas necessidades
especiais desse aluno, caracterizando-se, esse atendimento, por pensar e realizar práticas
pedagógicas e didáticas específicas com metodologias alternativas que pudessem potencializar
a capacidade de apreensão e compreensão desses alunos nas salas de aula regulares, garantindo
o acesso, a permanência e a aprendizagem dos mesmos na escola.
Nesse sentido, faz-se necessário reforçar o papel político e social que a escola deve ter
em nossa sociedade, ou seja, uma escola que não seja apenas o local de ‘reprodução’ de
conhecimento, mas um local onde novos conhecimentos sejam construídos, principalmente
conhecimentos livres de preconceitos e que valorizem os seres humanos sem distinção.

A adaptação não deve conduzir à perda da individualidade em um conformismo


uniformizador. Esta tarefa é tão complicada porque precisamos nos libertar de um
sistema educacional referido apenas ao indivíduo. Mas, por outro lado, não devemos
permitir uma educação sustentada na crença de poder eliminar o indivíduo. E esta
tarefa de reunir na educação simultaneamente princípios individualistas e sociais,
simultaneamente – como diz Shelsky – adaptação e resistência, é particularmente
difícil ao pedagogo no estilo vigente. Certa feita, quando discorria acerca de educação
política para jovens professores, mostrei por que acredito que quem deseja educar para
a democracia precisa esclarecer com muita precisão as debilidades da mesma. Eis um
exemplo de como nossa educação constitui necessariamente um procedimento
dialético, porque só podemos viver a democracia e só podemos viver na democracia
quando nos damos conta igualmente de seus defeitos e vantagens (ADORNO, 1995,
p. 144).

Assim sendo, somente a implantação do Atendimento Educacional Especializado nas


escolas públicas não é suficiente, pois a conscientização e esclarecimentos a respeito das formas
como são desenvolvidas as diversas experiências nos espaços escolares se faz necessário,
respeitando as potencialidades, particularidades e especificidades desses alunos. O sistema de
ensino atual e a escola contemporânea enfrentam o desafio de dar significado e repensar a
diversidade que se encontra em suas entranhas, uma vez que isso será de fundamental
importância política, social e pedagógica, mas acima de tudo, importância humanitária, para o
acolhimento e correto atendimento dos alunos com necessidades especiais.
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Ainda no ano de 2006 a Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação a


respeito das SRMs (Salas de Recursos Multifuncionais), um dos espaços possíveis de
Atendimento Educacional Especializado, definindo que

Salas de recursos multifuncionais são espaços da escola onde se realiza o atendimento


educacional especializado para os alunos com necessidades educacionais especiais,
por meio de desenvolvimento de estratégias de aprendizagem centradas em um novo
fazer pedagógico que favoreça a construção de conhecimentos pelos alunos,
subsidiando-os para que desenvolvam o currículo e participem da vida escolar
(BRASIL, 2006).

No sentido da inclusão dos estudantes com necessidades especiais nas salas de aula
regulares das escolas públicas, deve-se frisar a importância de se constituir num espaço de
enriquecimento da aprendizagem no aspecto educacional e pedagógico, fazendo com que esse
espaço valorize as potencialidades do estudante atendido pelo AEE em todas as suas formas de
ação e interação no cenário escolar. Sendo assim, é imprescindível que a formação dos
professores que atuam nas Salas de Recursos Multifuncionais ocorra considerando o
conhecimento de suas funções, de seu papel e sobretudo das necessidades específicas dos
estudantes que participam do atendimento.
No artigo 9º da Resolução nº 04/2009 consta que para o sucesso das atividades de uma
Sala de Recursos Multifuncional é necessário que ocorra a articulação entre o profissional desta
sala com os professores da sala de aula regular frequentada pelo aluno, juntamente com o
estreitamento dos laços de diálogo com as famílias, a interlocução com o serviço de saúde que
atende aquele aluno, assistência social, quando for o caso, entre outros setores que possam ser
ou estar envolvidos direta ou indiretamente com o estudante. Ainda neste mesmo documento
é previsto que o professor do AEE é responsável também por:

I – identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos de


acessibilidade e estratégias considerando as necessidades específicas dos alunos
público – alvo da Educação Especial; II – elaborar e executar plano de Atendimento
Educacional Especializado, avaliando a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos
pedagógicos e de acessibilidade; III – organizar o tipo e o número de atendimentos
aos alunos na sala de recursos multifuncionais; IV – acompanhar a funcionalidade e a
aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade na sala de aula comum do
ensino regular, bem como em outros ambientes da escola; [...] VI – orientar
professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados
pelo aluno; VII – ensinar e usar a tecnologia assistiva de forma a ampliar habilidades
funcionais dos alunos, promovendo autonomia e participação; VIII – estabelecer
articulação com os professores da sala de aula comum, visando à disponibilização dos
serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e das estratégias que
promovem a participação dos alunos nas atividades escolares (BRASIL, 2009,
Art.13).
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Cabe à escola, dessa forma, manter ampla organização com o objetivo de atender às
demandas pedagógicas e educacionais de cada um dos estudantes atendidos pelo Atendimento
Educacional Especializado na Sala de Recursos Multifuncional, respeitando suas limitações,
particularidades e especificidades, nunca generalizando as situações, permitindo constituir a
sua própria autonomia, condição para a construção do conhecimento.

Planejamento no AEE

No contexto que foi apresentado, na sociedade contemporânea, o Atendimento


Educacional Especializado, mesmo com muitas dificuldades, barreiras e contratempos, está se
integrando ativamente ao cotidiano escolar regular, até mesmo porque de acordo com
orientações institucionais

A politica Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva tem


como objetivo o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência,
transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas
regulares, orientando os sistemas de ensino para promover resposta às necessidades
educacionais especiais. (BRASIL, 2004, p.8)

Quando as pessoas participam do processo de socialização no espaço escolar acabam


incorporando em seu desenvolvimento educacional uma maior facilidade de aprendizagem,
processo este que se dá em conjunto com diversos fatores externos, como a família, as relações
com a comunidade em que vive e a sua própria aceitação, pois como afirma FERREIRA (2006),
o educador deve além de proporcionar o acesso à educação desses estudantes, combater
barreiras que possam provocar a exclusão educacional destes.
Através de diversos documentos que orientam o funcionamento do AEE, pode-se
constatar que é papel do professor que atua na Sala de Recursos Multifuncional elaborar,
produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de acessibilidade e estratégias,
considerando as especificidades e particularidades de cada um de seus alunos, complementando
ou suplementando conteúdos específicos do ensino regular conforme a necessidade de cada
aluno atendido. Este trabalho, no entanto, não deve ser solitário do professor da SEM, mas em
conjunto com os professores das salas regulares frequentadas pelos alunos, bem como
pedagogo, família e demais setores ou instituições envolvidas no processo social e educacional
desse aluno. É de fundamental importância que o professor conheça o aluno, suas limitações,
suas potencialidades, suas necessidades e suas particularidades, evitando sempre generalizações
e comparações com outros alunos.
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Para que este conhecimento realmente ocorra e se efetive é necessário que seja
elaborado um estudo de caso individual de cada aluno atendido pelo professor, o qual irá
contribuir para o desenvolvimento do seu trabalho na construção do conhecimento com esse
aluno, pois irá valorizar suas particularidades através de metodologias específicas e próprias
aplicadas a ele.
O professor da Sala de Recursos Multifuncional só terá ciência da situação e das
necessidades do aluno após essa pesquisa e observações iniciais, complementando com o
diagnóstico de um especialista em saúde, criando, a partir daí, meios e possibilidades para
trabalhar as potencialidades desse aluno, tendo condições de elaborar um plano do AEE para
desenvolver o trabalho com o aluno, destacando que cada aluno é um caso específico e para
cada aluno deverá ser desenvolvido um plano Individualizado.
A elaboração do Plano do Atendimento Educacional Especializado vem contribuir, de
forma indispensável, essencial e primordial para que cada aluno atendido possa desenvolver
seus aspectos intelectuais, cognitivos e sociais, uma vez que neste plano devem estar
contemplados aspectos como os objetivos, as metas e as estratégias que serão utilizadas para
que o desenvolvimento deste aluno seja garantido e seu sucesso no processo ensino-
aprendizagem seja contemplado. Informações importantes como dados de identificação,
diagnóstico inicial destacando suas barreiras e dificuldades também fazem parte deste roteiro
por serem fundamentais no estabelecimento do vínculo entre o professor e o aluno, devendo
ainda ser acrescentadas informações sobre a escola que o aluno frequenta, como adaptações e
materiais didáticos utilizados. Por fim, a articulação entre o professor de AEE e o professor da
sala regular deve ocorrer para garantir o sucesso das atividades com o aluno atendido.
Apresenta-se, a seguir, um modelo de Plano do Atendimento Educacional Especializado
que pode servir de orientação para o planejamento dos profissionais que atuam nessa área.

Plano do AEE – Atendimento Educacional Especializado

O Plano de Atendimento Educacional Especializado apresentado a seguir é fruto de


observação e trabalho conjunto com a Sala de Recursos Multifuncional da Escola Municipal
Nadir Nepomuceno Alves Pinto. Para a elaboração deste plano foi considerado um caso
específico de uma aluna com 10 anos de idade frequentando o 3º ano das Séries Iniciais do
Ensino Fundamental. Não houve a identificação de professores, da aluna, dos pais ou de
qualquer outra pessoa que participasse direta ou indiretamente deste trabalho.
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Os dados foram coletados através do acompanhamento de alguns atendimentos da aluna


em questão, e em conversa com a professora responsável pela SEM da escola, que também teve
papel fundamental nas orientações para a elaboração deste plano.

Identificação dos sujeitos

Para a elaboração deste Plano de Atendimento Educacional Especializado, conforme já


explicitado anteriormente, foi utilizada a metodologia de observação e orientação direta da
professora regente da SRM da Escola Municipal Nadir Nepomuceno Alves Pinto, localizada
no município de Araucária, que atende as séries iniciais e as séries finais do Ensino
Fundamental.

Coleta de dados e análise de resultados

No decorrer de 2 semanas foi acompanhado presencialmente o atendimento à aluna em


questão e através da simples observação foi constatado como são realizados os atendimentos
da professora responsável pela Sala de Recursos Multifuncionais. As práticas não serão aqui
relatadas por não se tratar dos objetivos propostos neste trabalho.
A partir destas observações e das orientações específicas da professora regente, pôde-se
chegar a elaboração do Plano de Trabalho apresentado a seguir, que poderá servir de modelo à
colegas que atuam em alguma SEM para o planejamento de suas atividades docentes.

Plano de Atendimento Educacional Especializado

I – Dados de identificação:
Unidade Educacional: Escola Municipal Nadir Nepomuceno Alves Pinto
Aluna: Não Idenficada neste trabalho
Nascimento: XX/XX/2007 Idade: 10 anos
Ano: 3º Ano – Ensino Fundamental Turma: C Turno: Tarde
Pais ou responsáveis legais: Não identificados neste trabalho
Diretor: Não Idenficado neste trabalho
Pedagoga: Não Idenficada neste trabalho
Professora Regente: Não Idenficada neste trabalho
Professor RMD: Não Idenficadas neste trabalho
Professora de Apoio (02 dias na semana): Não Idenficada neste trabalho
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Diagnóstico: Deficiência Intelectual


Uso de medicação: ( X ) Não ( ) Sim - Qual: _________________
Atendimentos Clínicos: ( ) Não ( X ) Sim - Neurologista e Psicologo.
II – Organização do AEE
Data da matrícula no AEE: maio de 2016
Composição do atendimento: ( X ) Grupo ( ) Individual
Turno: ( X ) Manhã ( ) Tarde
Horário: 7: 30 as 9:30/ 10:00 as 11:30
Quantas vezes na semana: ( 03 )
III – Síntese do estudo de caso
Os avanços obtidos ao longo do ano se deram através de atendimento individual e
acompanhamento constante no decorrer das atividades, sendo necessário profissional de apoio
para a mesma. Concomitantemente, a família necessita de acompanhamento de Assistente
Social e Psicólogo com orientação familiar.
IV – Diagnóstico da estudante
A aluna XXXXXXX foi avaliada em maio de 2016, sendo que desde então frequenta a
Sala de Recursos Multifuncionais, na frequência de 03 vezes por semana, em contraturno de
sua sala de aula regular, sendo que nos demais dias da semana permanece sob os cuidados da
sua mãe.
Realizou atendimento com fonoaudióloga e segundo a mãe recebeu alta ainda em 2015,
não necessitando mais do acompanhamento dessa profissional. Ainda de acordo com a mãe, a
aluna aguarda atendimento com psicóloga, para a qual foi encaminhada no início de 2015. Faz
acompanhamento com neurologista e está inserida na Rede de Proteção do bairro Costeira, nesta
cidade de Araucária.
Iniciou seus estudos na escola Nadir em 2012 no 1º ano, cursou três vezes o 2º ano,
sendo aprovada em 2016 para o 3º ano mediante ata e documentação indicando a necessidade
de profissional de apoio, visto que a aluna está muito aquém dos conteúdos do ano escolar em
que se encontra.
Durante os atendimentos na SRM (Sala de Recursos Multifuncional), possui bom
relacionamento com as professoras e professores e com seus colegas, faz amizades com
facilidade, mas apresenta atitudes agressivas e “faz birra” quando contrariada. Não se mostra à
vontade para falar sobre si, mas gosta de relatar fatos cotidianos ocorridos em sua casa e com
frequência narra historias envolvendo fantasmas e fatos improváveis. Esta lentamente
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mostrando pequenos progressos, mas ainda apresenta oscilação nas informações que domina,
sendo comum mostrar que domina determinado assunto e pouco tempo depois já não recorda.
Nas atividades escolares de Língua Portuguesa, compreende a linguagem como forma de
representação social. Faz o registro do seu primeiro nome e ainda necessita de apoio visual para
registrar o sobrenome. Já nomeia todas as letras do alfabeto e sua ordem sequencialmente.
Identifica algumas sílabas e combinações de letras simples. Em Matemática conta
sequencialmente até aproximadamente trinta (30). Relaciona o numeral à quantidade até cinco
(05), identificando com apoio o antecessor e o sucessor.
V – Objetivos do plano do AEE
O Plano de Atendimento Individual busca levar o aluno à autonomia e ao
desenvolvimento da aprendizagem através da organização de recursos e atividades com as
Áreas do Desenvolvimento (Funções Psicológicas Superiores, Psicomotora e Afetividade) e
Áreas do Conhecimento (Língua Portuguesa e Matemática).
VI – Conteúdo e encaminhamento
Áreas de Desenvolvimento:
Funções Psicológicas Superiores: memória, atenção, raciocínio, percepção e linguagem;
Área Psicomotora: esquema corporal, lateralidade, postura e coordenação motora global
e fina;
Afetividade: desenvolvimento sócio emocional (comportamento), interação e
autonomia.
VII - Atividades a serem desenvolvidas
Montagem de jogos como quebra-cabeças, sete erros, labirinto, caça figuras (Lince) e
memória com ênfase no planejamento da ação e estratégia para solução.
Enigmas, dominó de associação de ideias, Tagran, jogo do objeto (onde são
apresentados diferentes objetos e retirado um deles para que o aluno indique o que foi retirado).
Desafios como: completar figuras, identificar sons onomatopeicos, sequencia de ideias,
ampliação de figuras, jogos de encaixe, figura-fundo, logica.
Ênfase diária no calendário, identificando como está o tempo, dia da semana, mês,
semana, conceitos como antes e depois.
Através do diálogo e de dinâmicas, os alunos serão conduzidos à busca da autonomia e
do controle emocional, respeitando conceitos básicos de convivência e valores, sendo para isso
discutidos temas como ganhar e perder, frustação, situações conflituosas do cotidiano, respeito
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e diferença de opiniões, tolerância, entre outros, para que o aluno seja capaz d identificar e
analisar suas atitudes de forma crítica.
VIII - Áreas de conhecimento
Língua Portuguesa:
Oralidade: correspondências e diferenças entre oralidade e escrita, linguagem como
representação social, produção de textos de diferentes gêneros com emprego da variedade
linguística adequada, reconto oral de historias ouvidas ou lidas, expressão oral (clareza e
coesão).
Escrita: usos e funções sociais da escrita, conhecimento e identificação das letras do
alfabeto e sua ordem, função do espaçamento e segmentação de palavras (espaços em branco),
direção, orientação e alinhamento da escrita, uso de maiúsculas e minúsculas (cursiva), uso do
dicionário, paragrafação, unidades menores da escrita (reconhecimento de unidades fonológicas
como sílabas, rimas, terminações de palavras), compreensão do principio alfabético da escrita
(entendimento de que, em principio, a cada fonema ‘som’ corresponde um grafema ‘letra’ e
vice-versa), escrita de palavras, frases e textos alfabeticamente, função da pontuação na escrita,
ortografia, correspondências e diferenças entre oralidade e escrita (compreensão de que da
segmentação da cadeira sonora é diferente da segmentação da escrita, entendendo que se fala
de uma maneira e se escreve de outra), elementos coesivos.
Leitura: ampliação do repertório linguístico, construção do comportamento de leitor,
reconhecimento global das palavras, decodificação de palavras, decodificação de frases e
textos, sentido de palavras, frases ou textos por meio do título, das imagens, das informações
contidas na capa, contracapa e no índice (no caso de livros e revistas), reconhecimento da
presença de diferentes vozes nos textos lidos (narrador, personagens, participantes de diálogos,
etc...), uso de maiúsculas e minúsculas, compreensão de textos me linguagem visual (pinturas,
fotografias) e em linguagem verbal e visual (historias em quadrinhos, tirinhas e outros).
IX - Atividades a serem desenvolvidas
Na oralidade, serão oportunizadas situações nas quais o aluno sinta a necessidade de
realizar a leitura, que poderá ser realizada em imagens, cartazes, roteiros, textos, livros, revistas,
jornais, entre outros, regras e instruções de jogos, bem como oportunidades para que o aluno
relate suas experiências e situações do cotidiano. Para isso, a Sala de Recursos Multifuncionais
disponibiliza ao alcance livre dos alunos livros, revistas de diferentes abordagens, livros de
literatura, de historia em quadrinhos ‘gibis’ e outros, além do empréstimo na biblioteca da
escola, desenvolvendo assim um ‘aluno leitor’.
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Na escrita, serão destacados diversos gêneros textuais, bem como propagandas,


convites, histórias em quadrinhos, notícias, entrevistas, para análise e interpretação das
informações. Utilizando registro escrito e softwares educativos serão produzidos textos
individual e coletivamente, em forma de historias em quadrinhos, poesia, livros animados,
livros interativos e textos com diferentes gêneros textuais.
Serão priorizadas atividades metalinguísticas – envolvendo aspectos da linguagem oral,
escrita e de leitura como passatempos, cruzadinhas, caça palavras, adivinhas, piadas, músicas e
desafios linguísticos diversos disponibilizados em material impresso e através de softwares
educativos.
X- Matemática:
Números e operações: sistema de numeração decimal, leitura, escrita e contagem de
números até 1000, sequencia numérica, antecessor e sucessor, ordem crescente e decrescente,
conceitos como: dúzia, dobro, triplo, metade; quatro operações – adição e subtração com e sem
reagrupamento, multiplicação com reagrupamento e divisão com um algarismo no divisor,
partindo sempre de situações problemas e desafios matemáticos.
Geometrias: localização e orientação espacial – retomada e aprofundamento em direita
e esquerda (lateralidade); reconhecimento de formas geométricas no espaço em que está
inserido, sequencias lógicas com o uso de formas geométricas.
Grandezas e Medidas: calendário (semana, mês, bimestre, trimestre, semestre, ano); uso
do relógio (segundos, minutos, horas); sistema monetário (identificação e uso das cédulas e
moedas).
Tratamento da informação: construção de gráficos de barras ou colunas e leitura e
interpretação dos mesmos.
XI - Atividades a serem desenvolvidas:
Uso de materiais manipuláveis para formação de conceitos matemáticos, partindo para
atividades com materiais concretos como material dourado e ábaco para a compreensão do
Sistema Numérico Decimal.
Interpretação de situações problemas envolvendo adição e subtração com e sem
agrupamento, além do uso de softwares educativos que abordem as quatro operações básicas e
demais conteúdos de matemática como sequencia numérica, antecessor e sucessor, números
pares e ímpares, entre outros.
Noções de sistema monetário, valor de cédulas e moedas, através de atividades lúdicas
como ‘mercado’, pesquisa de preços em encartes e situações problemas.
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Jogos como “sempre 10” e outros desafios matemáticos que exploram o cálculo mental
e exercício da lógica, raciocínio e matemática.
XII – ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DIANTE DOS
OBJETIVOS DO PLANO AEE
A avaliação dos resultados ocorrerá de forma contínua e diagnóstica durante os
atendimentos na Sala de Recursos Multifuncional e durante as mediações com o ensino regular,
família e outros profissionais envolvidos para redimensionamento do trabalho desenvolvido
com a aluna.
Os dados serão apresentados sistematicamente em forma de parecer descritivo ao final
de cada semestre. Será utilizado também portfólio como registro das atividades.

Considerações Finais

O Atendimento Educacional Especializado é de fundamental Importância para que os


alunos com alguma necessidade especial possam melhorar seu desenvolvimento social,
educacional, escolar e pessoal, não somente na escola, mas também em sua casa, sua família e
sua vivência diária, não deixando de lado seu objetivo principal que é o sucesso no processo
ensino-aprendizagem, favorecendo sua inclusão nas salas regulares da escola.
Apesar de muitas dificuldades enfrentadas diariamente no decorrer de suas atividades,
os profissionais das SRM, por exemplo, estão evoluindo e conseguindo atingir seus objetivos
no atendimento a esses alunos. Em virtude de diversas legislações o poder executivo deve dar
suporte e condições de trabalho a esses professores.
Destaca-se ainda a importância da formação dos professores que atuam no AEE,
fazendo com que o trabalho melhore e os alunos sejam melhor atendidos, através da formação
continuada e sobretudo através de planejamentos, como o exemplo apresentado neste trabalho
de conclusão de curso.
O atendimento oferecido ao aluno com necessidades especiais através do AEE deve,
necessariamente ter a articulação entre o professor que vai atender a essa demanda e o professor
do ensino regular que o estudante frequenta, suscitando ajustamentos e adaptações pedagógicas
desse (s) professor(es) com relação ao aluno e com os demais de sua sala de aula. A adaptação
curricular e a flexibilização de conteúdos e atividades aos alunos com necessidades especiais é
de fundamental importância para que eles atinjam os objetivos propostos no processo ensino-
aprendizagem.
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REFERÊNCIAS

ADORNO, T. W. Educação e emancipação. São Paulo: Paz e Terra, 1995.

BRASIL. Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão. O Acesso de Alunos com


Deficiência às Escolas e Classes comuns da Rede Regular. Brasília,2004.

__________. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Brasília:


Secretaria Especial de Direitos Humanos. Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência, 2006.

______. Resolução nº. 4, de 02 de outubro de 2009. Institui Diretrizes Operacionais para o


Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial.
Diário Oficial da União. Brasília: CNE/CP, 2009.

FERREIRA, Windyz B. Educar na diversidade: práticas educacionais inclusivas na sala


de aula regular. In: Ensaios Pedagógicos - Educação Inclusiva: direito à diversidade.
Brasília: SEESP/MEC, 2006.

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