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1E2
COMPETÊNCIA: 4 HABILIDADES: 15 e 16
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Início
Era Período Eventos
(milhões de anos)
Clima flutuando entre frio e ameno. Avanços e recuos glaciais. Extinção de muitos
Quaternário 1,6
mamíferos e aves de grande porte. Primeiros humanos modernos do gênero Homo.
Neogeno 23
macacos do Velho Mundo. Mamíferos pastadores em abundância. Primeiros hominídeos
eretos e grandes carnívoros. Aves e mamíferos marinhos diversificam-se.
Clima ameno a frio. Mares continentais largos e rasos. Elevação dos Alpes e Himalaia. A
América do Sul separa-se da Antártica. Clima ameno a muito quente no final do período.
Primeiros mamíferos insetívoros e primatas. Expansão extensiva de mamíferos e aves.
Paleogeno 65
Irradiação de famílias de mamíferos placentários. Primeiros macacos do Novo Mundo.
Formação inicial de pradarias. Aves carnívoras gigantes, incapazes de voar, eram pre-
dadores comuns.
Clima ameno em todo o período. Níveis dos mares elevados. A África e a América do Sul
se separam. Clímax dos dinossauros e répteis marinhos, seguido da extinção destes gru-
Cretácio 135
pos. Início da irradiação de mamíferos marsupiais e placentários. Primeiras angiospermas.
Declínio das gimnospermas. Aparecimento de muitos grupos de insetos.
Mesozoica
Clima ameno. Os níveis dos continentes são baixos com grandes áreas cobertas pelos
Jurássico 205
mares. Primeiras aves. Abundância de dinossauros. Crescimento exuberante de florestas.
Glaciação extensiva do Hemisfério Sul no início do período. Elevação dos Apalaches. Ari-
dez marcante em algumas áreas. Origem das coníferas, cicadófitas e ginkgos. Desapa-
Permiano 290
recem os tipos anteriores de florestas. Irradiação dos répteis. O período termina com
extinção em massa.
Clima quente com pequena variação sazonal nos trópicos. Níveis das terras baixos. Áreas
pantanosas com a formação de depósitos de carvão. Irradiação dos anfíbios. Abundância
Carbonífero 355
de tubarões. Samambaias com esporos e árvores com “casca”. Primeiros répteis. Insetos
gigantes. Grandes florestas de pteridófitas.
Paleozoica
Mares na maior parte das terras, com montanhas locais. Primeiros peixes com nadadeiras
Devoniano 410
raiadas e nadadeiras lobadas. Primeiros tetrápodes terrestres.
Clima ameno. Topografia em geral plana. Primeiros peixes com mandíbulas. Primeiros
Siluriano 438
invertebrados terrestres.
Clima ameno. Mares rasos. Continentes em geral com topografia plana. Os mares cobrem
boa parte do atual território dos Estados Unidos. Glaciação no final do período. Primeiros
Ordoviciano 510
vertebrados (peixes sem mandíbula). Invertebrados marinhos em abundância. Primeiras
plantas terrestres.
7
No fim da Idade dos Peixes, um grupo de peixes de água
doce iniciou a adaptação à vida terrestre, originando os pri- 3. TEORIAS SOBRE A ORIGEM DA VIDA
meiros anfíbios. No período seguinte, apareceram os rép- O mistério da origem da vida intriga o ser humano desde
teis, primeiros vertebrados terrestres, assim como os primei- a Antiguidade.
ros insetos alados.
Doutrinas milenares da Índia, da Babilônia e do Egito en-
Os primeiros mamíferos surgiram no período Triássico, as- sinavam que rãs, cobras e crocodilos eram gerados espon-
sim como os primeiros dinossauros. No período seguinte, taneamente pelo lodo dos rios. Esses seres, que apareciam
apareceram as primeiras aves. inexplicavelmente no lodo e na lama, eram vistos como
No período Cretáceo, ocorre a extinção dos dinossauros. No fim manifestações da vontade dos deuses.
desse período, ocorreu uma grande irradiação adaptativa dos Até mesmo filósofos ilustres, como Platão e Aristóteles,
mamíferos, fato que originou muitas das ordens de animais su- defendiam ideias semelhantes sobre a origem dos seres
periores conhecidas atualmente. Alguns mamíferos insetívoros vivos. Dessa interpretação, surgiu a teoria da geração es-
deram origem a um grupo de animais com polegares oponíveis pontânea, ou teoria da abiogênese, segundo a qual os se-
e com unhas no lugar de garras denominados primatas. res vivos originam-se da matéria bruta de modo contínuo.
A lenta movimentação dos continentes terrestres, denomina- Entretanto, a teoria da geração espontânea foi contesta-
da deriva continental, originou, há 250 milhões de anos, da por diversos cientistas, que, por meio de experimentos,
um supercontinente denominado Pangeia. Há aproximada- provaram que um ser vivo só se origina de outro ser vivo.
mente 200 milhões de anos, teve início a separação da Pan- Surgiu, então, a atualmente aceita teoria da biogênese.
geia. Há 90 milhões de anos, a América do Sul descolou-se da
Teoria da abiogênese: os seres vivos surgem da ma-
África. Há 50 milhões de anos, a Índia uniu-se à Ásia, e, cinco
téria bruta de maneira contínua (geração espontânea).
milhões de anos depois, a Austrália separou-se da Antártica.
Principais defensores: Aristóteles, Platão, Needhan, Vir-
Os primatas experimentaram processos evolutivos distintos nos gílio, Aldovandro, Kricher e Van Helmont.
dois lados do mundo. No continente americano, eles restringi-
Teoria da biogênese: os seres vivos surgem de ou-
ram-se ao ambiente das árvores e desenvolveram adaptações
tros seres vivos. Principais defensores: Redi, Spallanzani
morfológicas muito eficientes para esse hábito, entre elas uma
e Pasteur.
cauda com grande capacidade preênsil. No Velho Mundo, os
prossímios originaram novas formas de primatas, entre eles
uma linhagem evolutiva de hábito terrestre que originou, há 3.1. Van Helmont
cerca de 5 milhões de anos, os primeiros hominídeos. Van Helmont (1580-1644), considerado o maior fisiologis-
Os primeiros hominídeos fazem parte do gênero Australo- ta de seu tempo, criou diversas receitas para a abiogêne-
pithecus, os primeiros a apresentarem nos registros fósseis se. Uma delas é a fórmula para se obter ratos por meio da
uma morfologia dos membros inferiores completamente geração espontânea:
adaptada à bipedia. O aparecimento do Homo sapiens ‘’Enche-se de trigo e fermento um vaso, que é fechado com
ocorreu há aproximadamente 400 mil anos. uma camisa suja, de preferência de mulher. Um fermento
vindo da camisa, transformado pelo odor dos grãos, trans-
forma em ratos o próprio trigo’’.
Como se sabe, os ratos que apareciam não se formavam a
partir da camisa e do trigo, como acreditava Van Helmont,
mas eram atraídos pela mistura.
A origem do planeta terra documentário De acordo com a teoria da abiogênese, depois de alguns
COMPLETO dias deveriam surgir da carne moscas e outros insetos. Isso,
contudo, não aconteceu nos frascos fechados com gaze.
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Nos frascos fechados, Redi não encontrou nada sobre a Needham contribuía para o fortalecimento da teoria da
carne, mas constatou ovos e larvas de insetos sobre a geração espontânea.
gaze que fechava os recipientes. Esse experimento de-
monstrou que os insetos eram atraídos pela carne e que 3.4. Abbey Spallanzani
o aparecimento de larvas era causado pelos ovos colo-
cados pelos insetos. Os resultados de Redi fortaleceram Em 1770, contudo, o cientista italiano Abbey Lazzaro
a teoria da biogênese, mas, ainda assim, muitos conti- Spallanzani (1729-1799) criticou seriamente os experi-
nuavam aceitando a teoria da geração espontânea. mentos de Needham. Spallanzani provou que o aqueci-
mento prolongado de substâncias orgânicas acondicio-
nadas em recipientes fechados, providos de válvula de
larvas escape, não propiciava o desenvolvimento de microrga-
nismos. Needham respondeu às críticas de Spallanzani
afirmando que ferver substâncias em recipientes fechados
destruía a “força vital”, pois tornava o ar desfavorável ao
aparecimento da vida.
ausência
de larvas Por meio de novos experimentos, Spallanzani demons-
trou que surgiam microrganismos quando os recipientes
fechados e submetidos à fervura eram abertos, entrando
frasco aberto frasco fechado com gaze em contato com o ar, provando que a “força vital’’ não
havia sido destruída. Apesar disso, Spallanzani não con-
EXPERIMENTO REALIZADO POR REDI, CUJO RESULTADO REFORÇOU seguiu provar que o aquecimento de material orgânico
A TEORIA DA BIOGÊNESE. em recipientes fechados não alterava a qualidade do ar.
Needham saiu favorecido dessa polêmica, o que reforçou
3.3. John Needham ainda mais a teoria da geração espontânea.
VIVENCIANDO
O processo de pasteurização foi criado a partir dos experimentos de Pasteur realizados para provar a teoria da
biogênese. A pasteurização é o processo usado para conservar alimentos, pois elimina microrganismos patogênicos
que causam azedamento ou acidificação, sem causar alterações físico-químicas no valor nutritivo dos alimentos. O
processo consiste em elevar a temperatura do alimento por um determinado tempo, e, em seguida, resfriá-lo a uma
temperatura inferior a de antes, com a finalidade de eliminar os microrganismos. Por ser um processo rápido e brando,
ele não elimina 100% dos microrganismos, não sendo essa a finalidade, uma vez que existem microrganismos nesses
alimentos que precisam ser ingeridos. Para remover 100% dos microrganismos, o alimento deve passar por um pro-
cesso de esterilização e posteriormente ser lacrado para evitar novas contaminações. A pasteurização é muito usada
na indústria alimentícia, principalmente em leite, sucos, cerveja, polpas de frutas, entre outros.
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desenvolvimento da vida em recipientes fechados submeti-
Pasteurização: outra impor- dos à fervura –, Pasteur realizou os seguintes experimentos
tante contribuição de Pasteur utilizando frascos com gargalos longos e curvas:
1
A pasteurização, criada em 1864 por Louis Pasteur, é 2
O gargalo do frasco é
O caldo nutritivo é
um procedimento industrial empregado no tratamen- despejado em um esticado e curvado ao fogo
frasco de vidro
to do leite, de sorvetes, de cervejas etc.
Pasteurização lenta: também conhecida como Várias hipóteses foram formuladas para explicar a origem
da vida, como a panspermia (vida vinda de outra parte do
LTLT (low temperature long time, baixa tempe-
universo por meio de meteoros; no entanto essa teoria não
ratura por longo tempo), mantém a temperatu-
explica a origem da vida, apenas transfere o problema para
ra a 63 °C por 30 minutos.
outro lugar) e a criação divina. Não obstante, a teoria mais
Pasteurização rápida: HTST (high temperature and aceita atualmente é a hipótese da evolução gradual dos
short time, alta temperatura por pouco tempo), sistemas químicos, desenvolvida pelo russo Aleksandr
mantém a temperatura a 72 °C por 15 segundos. Oparin e pelo inglês John Burdon Sanderson Haldane na
década de 1920. Para se compreender a teoria de Oparin e
Pasteurização muito rápida: UHT (ultra high tem-
Haldane, é preciso conhecer as condições da Terra primitiva.
perature, temperatura ultraelevada), mantém a
temperatura entre 130 °C e 150 °C, por um perí- Logo depois da formação da Terra, a atmosfera possuía
odo de 3 a 5 segundos. uma composição bem diferente da atual, sendo formada
FONTE: <HTTP://INFOESCOLA.COM/MICROBIOLOGIA/PASTEURIZAÇÃO>.
provavelmente por metano (CH4), amônia (NH3), hi-
ACESSO EM: 6 FEV. 2015.AS CONDIÇÕES DA TERRA PRIMITIVA drogênio (H) e vapores de água (H2O). A atmosfera
primitiva não apresentava oxigênio (O2), o que permitia
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que a radiação ultravioleta proveniente do Sol atingisse Nos coloides, cada molécula de proteína encontra-se en-
a superfície terrestre de forma intensa. Na atmosfera atual, volvida por várias moléculas de água atraídas pela diferen-
essa radiação também atinge a Terra, mas em quantidade ça de carga elétrica. Se há alteração no grau de acidez da
menor, pois é filtrada pela camada de ozônio (O3), que não solução coloidal, as moléculas de proteína aproximam-se,
existia nos tempos primitivos. formando vários aglomerados proteicos envoltos por várias
moléculas de água. Esses aglomerados foram chamados
A Terra primitiva por Oparin de coacervados.
Atualmente, a teoria mais aceita é a de que o Sistema Esses coacervados não eram seres vivos, mas uma
Solar se formou de uma só vez, a partir da concen- primitiva organização das substâncias orgânicas,
tração de uma massa gasosa, há aproximadamente principalmente de proteínas e ácidos nucleicos, em
4,6 bilhões de anos. Em cada planeta, os átomos se um sistema isolado do meio. Apesar de isolados, os coacer-
agruparam de maneira que os mais pesados ficaram vados podiam trocar substâncias com o meio externo, sendo
no centro, e os mais leves, na superfície. que, em seu interior, havia condições para a ocorrência de
No caso da Terra, os elementos mais pesados, concentra- inúmeras reações químicas.
dos no centro, foram o ferro (Fe) e o níquel (Ni), e os mais Com as constantes reações químicas, alguns coacervados tor-
leves, localizados na superfície, foram o carbono (C), o hi- naram-se mais complexos, chegando inclusive a apresentar
drogênio (H), o oxigênio (O) e o nitrogênio (N). Na supefície capacidade de duplicação. Nesse momento, teriam surgido os
do planeta, a temperatura era provavelmente muito alta. primeiros seres vivos, que, apesar de muito primitivos, eram
Contudo, devido ao contato com o espaço cósmico – que capazes de reproduzir-se, dando origem a outros seres vivos.
é muito frio –, teria ocorrido um resfriamento que possibi- Essa evolução gradual dos sistemas químicos teve a duração
litou ligações químicas entre os elementos. A água foi uma provável de 2 bilhões de anos. O esquema a seguir representa
dessas substâncias formadas. Devido às altas temperaturas essa hipótese.
p
da superfície, toda substância líquida era evaporada. Os
vapores de água, entretanto, ao entrar em contato com as H2O H2
ra “sopa nutritiva’’. Moléculas de proteína dispersas em água HIPÓTESE DA EVOLUÇÃO GRADUAL DOS SISTEMAS QUÍMICOS -
formaram uma solução coloidal com características próprias. PROPOSTA POR OPARIN E HALDANE
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do sistema simula os mares primitivos, que recebiam as
3.7. O experimento de Miller e Urey chuvas e os compostos formados na atmosfera.
A hipótese da evolução gradual dos sistemas químicos foi
testada pela primeira vez em 1953 pelos químicos norte- Pela análise da água acumulada nessa parte em “U”, foi pos-
-americanos Stanley L. Miller (1930-2007) e Harold Urey sível verificar a formação de moléculas orgânicas, dentre elas
(1893-1981). Eles construíram um aparelho que simulava alguns aminoácidos, substâncias que formam as proteínas.
as condições da Terra primitiva e introduziram nele os gases Dessa forma, o experimento de Miller e Urey demonstrou
que provavelmente constituíam a atmosfera daquele período: que moléculas orgânicas (aminoácidos) poderiam
amônia (NH3), hidrogênio (H), metano (CH4) e vapor de água. ter-se formado nas condições da Terra primitiva,
ELETRODOS
o que reforçou a hipótese da evolução gradual dos siste-
mas químicos.
TUBO PARA
CRIAR VÁCUO POLO POSITIVO POLO NEGATIVO
AMÔNIA
METANO
3.8. A hipótese autotrófica
HIDROGÊNIO
VAPOR D’AGUA
SÁIDA DO VAPOR
Como todo ser vivo necessita de alimento para sobreviver,
parece lógico admitir que os primeiros seres vivos tenham
CONDENSADOR
ENTRADA DE ÁGUA
sido capazes de produzir seu próprio alimento, ou seja, te-
nham sido autótrofos.
Alguns cientistas não acreditam que a vida tenha surgido
ÁGUA FERVENTE PARA
GERAR VAPOR nos mares rasos e quentes da Terra primitiva, uma vez que
a superfície do planeta era bombardeada frequentemente
por meteoros gigantes. Dessa forma, a crosta terrestre não
teria a estabilidade necessária para o desenvolvimento da
RESULTADOS PARA
ANÁLISE vida. Esses cientistas acreditam que a vida se originou nos
assoalhos oceânicos, perto de fontes térmicas, onde exis-
EXPERIMENTO DE MILLER E UREY: FORMAÇÃO DE tiam bactérias capazes de utilizar compostos químicos para
AMINOÁCIDOS NA TERRA PRIMITIVA
obter energia e produzir seu próprio alimento.
A figura anterior ilustra o esquema do experimento. A água,
ao ferver, transforma-se em vapor e ocasiona a circulação De fato, está comprovado que essas bactérias quimiossin-
em todo o sistema, conforme indicado pelas setas. No balão tetizantes vivem em fontes térmicas sulfurosas em regi-
em que se encontra a mistura gasosa, ocorrem descargas ões tão profundas que a luz solar não consegue alcançar.
elétricas simulando raios, que deviam ser muito frequentes Esse fato pode confirmar a hipótese de que os primeiros
naquela época. seres vivos eram autótrofos. Entretanto, existe uma ob-
jeção muito séria a essa teoria: os autótrofos sintetizam
Em seguida, as substâncias são submetidas a um resfria- alimentos orgânicos (a partir de substâncias inorgânicas)
mento para simular a condensação nas altas camadas da à custa de uma série extremamente complexa de reações
atmosfera, fator que provoca as chuvas. A parte em “U”
químicas, exigindo que seu próprio organismo também
Conceitos de química são aplicados no famoso experimento de Miller e Urey, dado que envolve reações químicas que
transformavam compostos inorgânicos em compostos orgânicos precursores da vida. Dessa forma, compreender como
os átomos e íons se conectam e como se comportam, baseado na geometria das moléculas, para formarem pequenas
moléculas orgânicas, como aminoácidos, e, posteriormente, moléculas orgânicas maiores, como as proteínas, é fun-
damental para entender como foi possível o início da vida a partir de moléculas inorgânicas simples, como metano,
nitrogênio, hidrogênio e vapor de água, que estavam presentes na atmosfera primitiva.
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seja complexo. Assim, a hipótese autotrófica pressupõe 3.9.2 Formação de proteínas
que um ser vivo já complexo teria surgido repentinamen-
te. Contudo, a teoria da evolução biológica, contra a qual Para abordar a formação de proteínas, é importante re-
não há objeções sérias, afirma que os primeiros seres capitular o processo de combinação de dois aminoácidos,
vivos devem ter sido bastante simples, levando muito constituindo, assim, um dipeptídeo. Como é possível ob-
tempo para se tornarem complexos. Por esse motivo, os servar, a formação de um dipeptídeo é um exemplo de
biologistas não aceitam a hipótese autotrófica, síntese por desidratação.
pois ela vai contra a teoria da evolução. +
NH2 O R O
3.9. A hipótese heterotrófica R C C+ H NH C C
Essa hipótese sugere que a forma mais primitiva de vida H OH H OH
surgiu em um ambiente complexo, na forma de um ser
muito simples e incapaz de fabricar seu alimento. Não se NH2 O H R+ O
trata de geração espontânea, uma vez que a teoria da abio-
gênese afirma que seres complexos podem surgir repenti- H2O + R C C N C C
namente de matéria bruta. A hipótese heterotrófica, por
sua vez, supõe que um ser muito simples evoluiu vagarosa- H H OH
mente da matéria inanimada, fato que ocorreu há milhões
O bioquímico norte-americano Sidney W. Fox (1912-1998)
de anos e não ocorre mais.
aqueceu uma mistura seca de aminoácidos e, depois do
De acordo com a hipótese heterotrófica, a vida teria surgi- resfriamento, verificou que eles haviam se unido para com-
do por meio das etapas ilustradas abaixo: por moléculas maiores e mais complexas, semelhantes a
proteínas, que foram denominadas proteinoides.
FORMAÇÃO DE AMINOÁCIDOS Na Terra primitiva, os aminoácidos teriam chegado às
rochas levados pelas chuvas. A evaporação da água te-
ria deixado os aminoácidos secos sobre a superfície das
FORMAÇÃO DE PROTEÍNAS CAPACIDADE DE REPRODUÇÃO
rochas quentes. Em tais condições, teria ocorrido a for-
mação de ligações peptídicas pela evaporação da água e
FORMAÇÃO DE COACERVADOS APARECIMENTO DE AUTÓTROFOS
a consequente formação de proteínas; mais tarde, essas
proteínas seriam levadas aos oceanos pelas chuvas.
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3.9.4. Surgimento dos heterótrofos mas e ATP do meio ambiente e fermentado a glicose, ob-
tendo a energia necessária para a sobrevivência. Assim, os
É possível afirmar que não havia camada de ozônio na at-
primeiros seres vivos teriam sido heterótrofos anaeróbios.
mosfera da Terra primitiva, uma vez que o ar era composto
por amônia, metano, hidrogênio e vapores de água e, além
disso, tinha ausência de nitrogênio e oxigênio; portanto, a 3.9.6. Capacidade de reprodução
temperatura da superfície terrestre era muito alta, condição Devido a sua capacidade de retirar alimentos e energia
intensificada pelo fato de o planeta ser constantemente do meio e organizar as moléculas em padrões definidos,
atingido por raios ultravioletas. os heterótrofos-anaeróbios primitivos teriam crescido
Nesse cenário, variadas combinações de elementos simples gradativamente, a tal ponto que teriam surgido novos
levavam à formação de aminoácidos, açúcares simples, áci- problemas na luta pela sobrevivência: com o aumento
dos graxos e nucleotídeos, como uma sopa nutritiva. Assim, volumétrico do indivíduo, a difusão do alimento do meio
foi possível, em algum momento, a formação de seres uni- exterior para o interior do coacervado teria ficado mais
celulares heterótrofos. A única fonte de energia disponível lenta por causa da distância a ser percorrida dentro do
era a própria sopa nutritiva (sem O2); dessa forma, eram heterótrofo; desse modo, o coacervado teria começado
heterótrofos fermentadores queliberavam CO2. a sofrer fome.
Com o passar do tempo, mais mutações foram ocorrendo e Nessas condições, ele teria perecido ou teria se dividido
surgiram organismos aptos a usar CO2 e energia luminosa para reduzir seu volume. Contudo, qualquer mecanismo de
como fontes de energia. Assim, surgiram os seres autótro- divisão teria gerado um novo problema; ao dividir-se, o coa-
fos fermentadores e fotossintéticos, que passaram a cervado teria corrido o risco de se desorganizar e, portanto,
liberar O2 para a atmosfera terrestre. perder as características de sistema complexo adquiridas em
muito tempo de evolução.
3.9.5. Obtenção de energia
Nos organismos bem-sucedidos, teriam surgido os ácidos
Para se manter e se desenvolver, um sistema de coacer-
nucleicos, moléculas que controlam os processos básicos
vados, necessitaria de uma fonte de energia constante e
de reprodução e organização. Em tais condições, o orga-
controlável. A hipótese heterotrófica sugere que essa fonte
nismo primitivo que tivesse DNA teria encontrado o meio
de energia teria sido a energia das ligações químicas exis-
para se duplicar de maneira exata, transmitindo aos seus
tentes nas imensas quantidades de substâncias compos-
descendentes o mesmo padrão de organização adquirido
tas, geradas por processo abiogenético durante milhares
depois de toda evolução transcorrida.
de anos no mar primitivo.
Nos seres vivos mais recentes, a energia para a sobrevi-
vência das células é obtida, em geral, da glicose. A fim de
conseguir a energia, a célula diminui a energia de ativação
necessária, para que a molécula de glicose possa ser que-
brada, liberando a energia de suas ligações; esse processo
é realizado com a utilização de enzimas e ATP (adenosina
trifosfato). Em certos casos, como na ausência de oxigênio,
a célula consegue retirar energia da glicose pelo processo
de fermentação. Será que tal processo poderia ter ocorrido
com os coacervados?
O bioquímico norte-americano Melvin Calvin (1911-1997) multimídia: sites
realizou experiências semelhantes às de Miller, misturan- FONTE: YOUTUBE
do gases que estariam presentes na atmosfera primitiva e
www.infoescola.com/evolucao/origem-da-vida/
bombardeando-os com raios ultravioleta. Como resultado,
obteve misturas de compostos orgânicos, entre os quais www.infoescola.com/evolucao/hipotese-he-
a glicose. Como as enzimas são sempre proteínas, elas já terotrofica/
poderiam ter existido (experiência de Fox). Por outro lado, www.infoescola.com/evolucao/hipotese-au-
todos os elementos necessários para formar o ATP pode- totrofica/
riam ter existido no mar primitivo, inclusive fosfatos. Nesse
sentido, os coacervados podem ter retirado glicose, enzi-
14
3.9.7. Surgimento dos autótrofos a origem da vida. Entretanto, essas hipóteses são sempre
vulneráveis a mudanças graças ao avanço tecnológico e
Ao longo do desenvolvimento da vida na Terra, houve diver- ao conhecimento científico. A revisão de hipóteses é parte
sas mutações no material genético dos seres vivos. A partir de- essencial da pesquisa científica.
las, há cerca de 2,7 bilhões de anos atrás, surgiram seres vivos
unicelulares com capacidade de sintetizar matéria orgânica a
partir de matéria orgânica, ou seja, organismos autótrofos.
15
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
Habilidade
Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer
15 nível de organização dos sistemas biológicos.
Esta questão irá testar a capacidade de interpretação de hipóteses científicas por meio de experimentos e
como os resultados desses experimentos apoiam ou refutam a hipótese. Resultados dentro do esperado
podem tornar a hipótese uma lei científica.
Modelo 1
(ENEM) EM CERTOS LOCAIS, LARVAS DE MOSCAS, CRIADAS EM ARROZ COZIDO, SÃO UTILIZADAS COMO ISCAS PARA PESCA. ALGUNS CRIADORES, NO
ENTANTO, ACREDITAM QUE ESSAS LARVAS SURGEM ESPONTANEAMENTE DO ARROZ COZIDO, TAL COMO PRECONIZADO PELA TEORIA DA GERAÇÃO ESPONTÂ-
NEA. ESSA TEORIA COMEÇOU A SER REFUTADA PELOS CIENTISTAS AINDA NO SÉCULO XVII, A PARTIR DOS ESTUDOS DE REDI E PASTEUR, QUE MOSTRARAM
EXPERIMENTALMENTE QUE
Análise expositiva 1 - Habilidade 15: Os experimentos de Redi e Pasteur demonstraram que não é possível
C o surgimento de vermes ou microrganismos por geração espontânea. Nessa situação, é importante saber analisar o
procedimento experimental adotado pelos cientistas e como os resultados obtidos refutaram a teoria da abiogênese.
O experimento de Redi foi realizado com a utilização de dois frascos com um pedaço de carne cada. Um frasco permaneceu
aberto e o outro foi fechado com gaze. Com o passar dos dias, ele observou que havia vermes somente no frasco que permaneceu
aberto, refutando a hipótese da abiogênese. Já Pasteur provou que microrganismos não podem surgir espontaneamente. Ao ferver
o meio de cultura em um recipiente com pescoço de cisne, ele esterilizava o meio e o acúmulo de líquido no pescoço do recipiente
impedia que bactérias do ar entrassem no meio. Com isso, o meio de cultura permanecia estéril. Essa condição se invertia quando
o pescoço de cisne era retirado, promovendo a entrada de ar e, consequentemente, o crescimento bacteriano no meio de cultura,
que ficava com cor turva.
Alternativa C
16
Habilidade
Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização tax-
16 onômica dos seres vivos.
Esta questão sobre análise filogenética vai testar se o aluno consegue observar os padrões evolutivos
envolvidos (ancestralidade em comum) e como isso interfere diretamente nas relações taxonômicas
entre as espécies apresentadas, ou seja, quais serão as espécies mas relacionadas entre si.
Modelo 2
(ENEM) O ASSUNTO NA AULA DE BIOLOGIA ERA A EVOLUÇÃO DO HOMEM. FOI APRESENTADA AOS ALUNOS UMA ÁRVORE FILOGENÉTICA, IGUAL À MOSTRADA
NA ILUSTRAÇÃO, QUE RELACIONAVA PRIMATAS ATUAIS E SEUS ANCESTRAIS.
10
Australopithecus
15
Ramapithecus
25
Dryopithecus
35
50
Mamíferos Insetívoros
APÓS OBSERVAR O MATERIAL FORNECIDO PELO PROFESSOR, OS ALUNOS EMITIRAM VÁRIAS OPINIÕES, A SABER:
I. OS MACACOS ANTROPOIDES (ORANGOTANGO, GORILA E CHIMPANZÉ E GIBÃO) SURGIRAM NA TERRA MAIS OU MENOS CONTEMPORANEAMENTE
AO HOMEM.
II. ALGUNS HOMENS PRIMITIVOS, HOJE EXTINTOS, DESCENDEM DOS MACACOS ANTROPOIDES.
III. NA HISTÓRIA EVOLUTIVA, OS HOMENS E OS MACACOS ANTROPOIDES TIVERAM UM ANCESTRAL COMUM.
IV. NA HISTÓRIA EVOLUTIVA, NÃO EXISTE RELAÇÃO DE PARENTESCO GENÉTICO ENTRE MACACOS ANTROPOIDES E HOMENS. ANALISANDO A ÁRVORE FILO-
GENÉTICA, VOCÊ PODE CONCLUIR QUE:
Análise expositiva 2 - Habilidade 16: Na figura, é observada uma filogenia, que é uma representação da his-
B tória evolutiva dos seres vivos que envolve o seu grau de parentesco. Indivíduos com o mesmo ancestral em comum
mais recente apresentam maior grau de parentesco e são considerados mais proximamente relacionados.
De acordo com a filogenia, temos um ancestral em comum a todos os primatas, um ancestral em comum entre os símios do velho
mundo com todo o restante dos primatas, um ancestral em comum entre os símios do velho mundo e todo o resto dos primatas,
um ancestral em comum entre gibão e todo o resto dos primatas e um ancestral em comum entre o gorila e o grupo formado
por chimpanzé e homens. Também é possível observar que homens e chimpanzés compartilham um ancestral em comum mais
recente. Com isso, pode-se concluir que as afirmações:
I. Verdadeira, pois, de acordo com a filogenia, os macacos antropoides e os homens surgiram entre 0 e 2 milhões de anos.
II. Falsa, pois os homens primitivos compartilham um ancestral em comum com os macacos antropoides.
III. Verdadeira, pois, de acordo com a filogenia, os homens e os antropoides (orangotango, gorila e chimpanzé e gibão) pos-
suem um ancestral em comum.
IV. Falso. Compartilham ancestral em comum.
Alternativa B
17
DIAGRAMA DE IDEIAS
ORIGEM DA VIDA
PANSPERMIA
VIDA A PARTIR DA VIDA A PARTIR DE ALGO VIVO
MATÉRIA BRUTA
• ARISTÓTELES SERES VIVOS OU SUBS- F. REDI (1660)
• J.B. VAN HELMONT TÂNCIAS PRECURSORAS, FRASCOS COM CARNE
VINDAS DE OUTROS
LOCAIS DO COSMO L. PASTEUR (1860)
PESCOÇO DE CISNE
COMPOSTOS INORGÂNICOS
ORIGINAM MOLÉCULAS ORGÂNICAS
TEORIA PRÁTICA
TEORIA TEORIA
AUTOTRÓFICA HETEROTRÓFICA
18
AULAS EVIDÊNCIAS EVOLUTIVAS
3E4
COMPETÊNCIA: 4 HABILIDADES: 15 e 16
19
que os organismos não foram criados simultaneamente,
ou seja, há fósseis de diferentes idades. Os fósseis não
são encontrados juntos nos mesmos estratos geológi-
cos, o que mostra que as espécies não apareceram ao
mesmo tempo e que sofreram modificações, uma vez
que os fósseis não possuem as mesmas características
das espécies atuais.
PROCESSO DE FOSSILIZAÇÃO.
DESDE A MORTE ATÉ A DESCOBERTA DOS RESTOS FÓSSEIS.
20
que apresente 1/8 do carbono radioativo estimado para
um organismo vivo indica que a morte deve ter ocorrido há
aproximadamente 22 ou 23 mil anos.
Um princípio químico, como o tempo de meia-vida do carbono-14, é utilizado para determinar a idade de um fóssil e,
assim, estudar o processo evolutivo e a relação entre os indivíduos. A colisão entre raios cósmicos e o nitrogênio-14,
presente na atmosfera terrestre, forma o carbono-14. Esse isótopo do carbono pode ligar-se com o oxigênio, forman-
do o gás carbônico, que é absorvido pelas plantas. Quando um organismo morre, a quantidade de carbono-14 sofre
uma queda, o que resulta em um decaimento radioativo. O tempo de meia vida do carbono-14 é de 5730 anos. Dessa
forma, um organismo que morreu há 5730 anos apresentará a metade do conteúdo de 14C.
21
VIVENCIANDO
“O carbono-14 é formado a partir da colisão entre raios cósmicos e o nitrogênio-14, encontrados na atmosfera terrestre. Esse
isótopo do carbono liga-se facilmente com o oxigênio, formando o gás carbônico (14CO2), que é absorvido pelas plantas.
Quando um ser vivo morre, a quantidade de carbono-14 diminui, o que implica em um decaimento radioativo.”
(HTTP://MUNDOEDUCACAO.BOL.UOL.COM.BR/FISICA/DATACAO-CARBONO-14.HTM)
Por meio da datação com carbono-14, é possível estimar a idade dos fósseis e, assim, elucidar o processo evolutivo e
seus parentescos.
Úmero Rádio
Ulna Carpo
Metacarpo
1
2
3
5 4
Humano
Úmero
Ulna
Metacarpo
Rádio Carpo
multimídia: vídeo
Cavalo
FONTE: YOUTUBE
Úmero
POA ciência de Jurassic Park | Nerdolo- Ulna Rádio
1
Carpo
gia 57 2 Metacarpo
22
suas fases iniciais, e que a diferenciação só ocorre mais tar-
de. Portanto, entre espécies ou grupos evolutivamente pró-
ximos, existe uma semelhança embriológica muito grande
em relação às fases iniciais do desenvolvimento.
BRAÇO HUMANO
DNA
Replicação ASA DE MORCEGO
informação
Transcrição informação
Transcrição
23
Estruturas homólogas possuem a mesma origem embrioló- Intestino
delgado HOMEM
COELHO
gica. A homologia é evidente no processo de formação das Apêndice
Ceco Intestino
espécies, a partir de um ancestral comum, e caracteriza o que Intestino grosso
chamamos de irradiação adaptativa. Veja um exemplo: delgado
Ceco Intestino
Apêndice delgado
vermiforme
Ceco
Sacro
Cóccix
(cauda vestigial)
24
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
Habilidade
Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer
15 nível de organização dos sistemas biológicos.
Este exercício testa a capacidade do aluno de interpretar o processo biológico (queda do meteorito e o im-
pacto ambiental causado) e relacioná-lo à extinção dos dinossauros.
Modelo
(ENEM) PALEONTÓLOGOS ESTUDAM FÓSSEIS E ESQUELETOS DE DINOSSAUROS PARA TENTAR EXPLICAR O DESAPARECIMENTO DESSES ANIMAIS. ESSES ESTUDOS
PERMITEM AFIRMAR QUE ESSES ANIMAIS FORAM EXTINTOS HÁ CERCA DE 65 MILHÕES DE ANOS. UMA TEORIA ACEITA ATUALMENTE É A DE QUE UM ASTEROIDE
COLIDIU COM A TERRA, FORMANDO UMA DENSA NUVEM DE POEIRA NA ATMOSFERA.
DE ACORDO COM ESSA TEORIA, A EXTINÇÃO OCORREU EM FUNÇÃO DE MODIFICAÇÕES NO PLANETA QUE
a) Desestabilizaram o relógio biológico dos animais, causando alterações no código genético.
b) Reduziram a penetração da luz solar até a superfície da Terra, interferindo no fluxo energético das teias tróficas.
c) Causaram uma série de intoxicações nos animais, provocando a bioacumulação de partículas de poeira nos organismos.
d) Resultaram na sedimentação das partículas de poeira levantada com o impacto do meteoro, provocando o desapare-
cimento de rios e lagos.
e) Evitaram a precipitação de água até a superfície da Terra, causando uma grande seca que impediu a retroalimentação
do ciclo hidrológico.
Análise expositiva - Habilidade 15: Entender o fenômeno das extinções corretamente é de grande im-
B portância para dominar esse processo biológico. Existe a crença de que o impacto por si só foi a grande
causa das extinções dos dinossauros há 65 milhões de anos. Na verdade, a Terra já vinha passando por alte-
rações climáticas consideráveis que foram potencializadas devido aos efeitos da queda do meteoro. Dentre
esses efeitos, a formação de uma camada de poeira foi determinante, uma vez que reduziu drasticamente a
incidência de luz na superfície terrestre, diminuindo assim a captação de energia dos produtores e compro-
metendo as teias alimentares. Como os dinossauros eram muito numerosos, sofreram drasticamente com
esse processo a ponto de serem extintos.
Alternativa B
25
DIAGRAMA DE IDEIAS
EVIDÊNCIAS EVOLUTIVAS
FÓSSEIS
BIOQUÍMICA,
OS ANIMAIS DE BIOLOGIA E GENÉ-
ANTIGAMENTE TICA MOLECULAR
ERAM DIFERENTES
EX: ANIMAIS COM AS MESMAS
PROTEÍNAS EVIDENCIAM
UM PARENTESCO
ANATOMIA
COMPARADA
ORIGEM DISTINTA,
MESMA ORIGEM
MAS MESMA FUNÇÃO
ÓRGÃOS ÓRGÃOS
HOMÓLOGOS ANÁLOGOS
DIVERGÊNCIA CONVERGÊNCIA
ADAPTATIVA ADAPTATIVA
26
AULAS TEORIAS EVOLUTIVAS
5E6
COMPETÊNCIA: 4 HABILIDADES: 15 e 16
2. AS IDEIAS DE LAMARCK
A teoria de Lamarck foi publicada em 1809. Ele defendia
que as características necessárias à adaptação em um cer-
to ambiente pudessem ser adquiridas, simplesmente, pelo
uso intensivo do órgão ou estrutura envolvida (1), e que
essa “transformação” pudesse ser transmitida aos descen-
dentes, ou seja, hereditariamente (2).
O lamarquismo está baseado em dois pontos:
1. Lei do uso e desuso
2. Transmissão hereditária de caracteres adquiridos
Exemplo: o comprimento do pescoço das girafas pode ser
entendido, se pensarmos nos esforços diários para alcançar
SEGUNDO LAMARCK, AS GIRAFAS TERIAM, A PRINCÍPIO, PESCOÇOS CURTOS E TERIAM
VIVIDO EM AMBIENTES ONDE A VEGETAÇÃO RASTEIRA ERA RELATIVAMENTE ESCASSA.
VIVENCIANDO
A elucidação dos processos evolutivos possibilitou a compreensão dos parentescos evolutivos e permitiu o desenvol-
vimento de teorias que, acredita-se, estão cada vez mais próximas de desvendar como os seres vivos se modificaram
(ou seja, evoluíram) ao longo do tempo. Pela teoria de Darwin, compreende-se como as bactérias podem ficar resis-
tentes aos antibióticos. O antibiótico, que é uma substância utilizada para combater infecções bacterianas, elimina os
microrganismos menos resistentes, mas não é capaz de eliminar formas mais resistentes, que se reproduzem passando
o gene de resistência para as próximas gerações. Quando um paciente com infecção bacteriana deixa de tomar o
antibiótico, ou o toma de maneira inadequada, pois já se sente melhor clinicamente, pode fazer com que as bactérias
resistentes aumentem sua população, fazendo com que a doença retorne de maneira mais agressiva. Por isso, é im-
portante tomar antibióticos sempre com recomendação médica e sempre nos horários indicados por esse profissional.
27
O lamarckismo é considerado equivocado pela biologia Ele observou que diferentes espécies de tentilhões ficavam
contemporânea: os lamarckistas defendem que os bagres restritas a diferentes ilhas, bem como o formato do bico dos
cegos das grutas de Ipiranga ficaram cegos devido ao de- espécimes desses pássaros adequava-se à necessidade de
suso e à atrofia dos olhos na ausência da luz; no entanto, consumir os alimentos disponíveis em cada uma das ilhas.
foi demonstrado que tais animais simplesmente descendem Darwin notou também as semelhanças entre os espécimes
de formas com visão atrofiada (mutações), que surgiram es- de tentilhões habitantes das ilhas e do continente. Desse
pontaneamente, quer na presença, quer na ausência de luz. fato, ele concluiu que aquelas diferentes espécies partilha-
Outro questionamento dessa teoria foi realizado por Weis- vam um ancestral em comum, que provavelmente deixara
mann, em experiências cortando caudas de camundongos o continente para viver nas ilhas. Assim, por seleção natural,
por sucessivas gerações e mostrando que não havia atrofia foram originados indivíduos adaptados aos diversos modos
desse apêndice. Ele foi autor da teoria da “continuidade do de vida do ambiente. Nesse sentido, é provável que as espé-
plasma germinativo”, segundo a qual o germe é imortal, cies de pássaros de Galápagos tenham se originado de uma
não sendo as alterações provocadas pelo meio ambiente única espécie ancestral oriunda do continente sul-america-
transmissíveis aos descendentes. no. A diversificação da espécie original, que teria originado
as diferentes espécies atuais, ocorreu como resultado das
Apesar de suas interpretações sobre a evolução teremm
diferentes alimentações e habitats existentes em cada ilha.
sido refutadas, Lamarck foi um dos primeiros cientistas a
criticar o fixismo introduzindo o conceito de adaptação do
organismo ao meio, que é fundamental para a compreen-
são do processo evolutivo. Bico grande e forte que Bico grande e afiado que
esmaga sementes grandes agarra e corta insetos
Bico curto e fino que Bico pequeno e forte que
apanha insetos das fendas parte sementes
Bico grande e fino que tira
néctar de flores
e duras no solo
28
Espécies animais ou vegetais selecionadas naturalmente A teoria da seleção natural é o principal ponto do da-
pressupõem sempre um agente seletor, responsável pela rwinismo. Na época, as ideias de Darwin foram duramente
seleção dos indivíduos mais aptos a determinado habitat. combatidas, principalmente por considerar o homem como
De acordo com a teoria da seleção natural, os indivíduos mais uma espécie animal.
selecionados detinham características mais vantajosas para
O pescoço comprido das girafas é um bom exemplo para
a sobrevivência, conseguiam resistir e se reproduzir, trans-
explicar a teoria darwinista. Como ocorre atualmente, nasce-
mitindo essas características aos descendentes. No caso dos
riam indivíduos com diferentes tamanhos de pescoço, uma
tentilhões, o agente seletor foi o alimento, uma vez que as
das variações que ocorrem quanto a inúmeras características
condições climáticas gerais das ilhas são parecidas.
entre os filhos de um mesmo casal (1). As girafas com pes-
No caso de animais que viviam em regiões muito frias, a coço maior teriam maior disponibilidade de alimento do que
temperatura teria atuado como agente seletor. Consegui- as outras, principalmente em épocas de escassez, quando
riam sobreviver nesse ambiente apenas os indivíduos com as poucas folhas estão localizadas mais ao alto. Melhor ali-
características corpóreas vantajosas, como uma espessa mentadas, teriam maiores possibilidades de se reproduzirem.
camada de gordura que atuasse como isolante térmico. Com um pescoço um pouco mais longo que o de seus pais,
elas poderiam deixar descendentes com as mesmas caracte-
Na segunda metade do século XIX, Charles Darwin apresen-
rísticas. Assim, teriam maior possibilidades de sobrevivência
tou, com bases sólidas, evidências das modificações sofridas
os indivíduos com pescoço mais longo (2). Depois de muitas
pelas espécies, formulando uma explicação sobre os possíveis
gerações, o comprimento do pescoço desses animais teria
mecanismos que atuariam no processo de evolução biológica.
aumentado, modificando uma característica da espécie.
Em seu livro A origem das espécies, Darwin expôs a sua teoria
Os indivíduos que nascem não são idênticos e, como nem
da evolução por seleção natural, partindo de duas observações:
todos sobrevivem, permanecerão aqueles mais adaptados.
Os organismos vivos produzem um grande número de No caso das girafas, sobreviveram aquelas com o pescoço
sementes ou ovos, mas o número de indivíduos nas po- mais longo (3).
pulações normais é mais ou menos constante, o que
Portanto, o Darwinismo pode ser entendido a partir de três
só pode ser explicado pela grande mortalidade natural.
pontos fundamentais:
Organismos de mesma espécie, ou então de uma popula-
ção natural, são muito variáveis em forma e comportamen- 1. variabilidade intraespecífica
to, sendo a variabilidade influenciada pela hereditariedade. 2. seleção natural
3. adaptação
Observações
Em todas as espécies e populações existe a variação,
sob forma de diferenças individuais.
A maioria dos organismos produz descendentes em
número muito maior do que o número dos que conse-
guem sobreviver até a idade reprodutiva.
Conclusões
VARIABILIDADE É UM FATO NATURAL NAS ESPÉCIES Darwin concluiu que existe uma competição ou “luta” pela
SILVESTRES, COMO OBSERVADO NA FIGURA. sobrevivência, na qual muitos indivíduos são eliminados.
Desse modo, havendo variabilidade e grande mortalida- As características que favorecem os indivíduos nesse proces-
de, alguns organismos tem maior probabilidade de deixar so de eliminação são transmitidas às gerações posteriores.
descendentes do que outros. Darwin denominou seleção
natural esse tipo de reprodução seletiva. A seleção natural
ou a “luta pela vida com a sobrevivência do mais apto” é As reflexões do economista Thomas Malthus a respeito do
o fator orientador da evolução, mas não a causa das va- aumento da população humana contribuíram para algumas
riações, que ele foi incapaz de desvendar. A dificuldade de conclusões de Darwin. De acordo com Malthus, grande parte
Darwin só foi resolvida com a descoberta das mutações do sofrimento humano, provocado por guerras, fome, doen-
responsáveis pelas variações, teoria exposta no século XX ças etc., deve-se ao aumento da população humana ultra-
por Hugo de Vries e denominada Mutacionismo. passar a velocidade de disponibilidade dos recursos do meio.
29
“[...] população humana tende a crescer para além das pos-
GERAÇÃO 1
sibilidades do meio, cresce exponencialmente, enquanto que
os recursos alimentares crescem em progressão aritmética.” POPULAÇÃO DE
INDIVIDUOS
THOMAS MALTHUS (1766-1834), COLABORADOR DE DARWIN.
Caráter Caráter Caráter
POPULAÇÃO DE
INDIVIDUOS
30
3.2.2. Mimetismo
A ação da seleção natural também traz vantagens aos or-
ganismos semelhantes a outros pelas características que
apresentam. O mimetismo é uma delas. Determinados or-
ganismos, denominados mímicos, apresentam característi-
cas que os confundem com outro grupo de organismos, OPHRYS APIFERA
os modelos. Em geral, essa semelhança ocorre por padrão
de coloração, textura, formato corporal, comportamento, O mimetismo mülleriano ocorre quando duas ou mais
constituição química etc. Ela confere ao mímico uma van- espécies assumem características uma da outra, como
tagem adaptativa. Existem três tipos de mimetismo: bate- veneno ou sabor desagradável. Devido à coloração de
siano, mülleriano e reprodutivo. advertência semelhante, ambas ampliam o número de
predadores que passam a evitá-las. É caso das corais-ver-
O mimetismo batesiano (de defesa) consiste na imita-
dadeiras-peçonhentas. Dentre as várias espécies delas se-
ção de um modelo tóxico ou perigoso por espécies “sa-
rem bastante parecidas, os predadores evitam todas elas.
borosas” ou inofensivas, que escapam de ser predadas.
É o caso da borboleta-vice-rei (Limenitis archippus), O mimetismo reprodutivo é bastante comum entre
cujo sabor é agradável aos pássaros, mas que apresenta plantas que mimetizam a fêmea de insetos e aprovei-
grande semelhança com a borboleta-monarca (Danaus tam a tentativa de acasalamento para sua polinização.
plexippus), de sabor desagradável e extremamente tóxi- É o caso da Ophrys apifera, orquídea bastante comum
ca. Ambas são evitadas por pássaros predadores, o que no Mediterrâneo e vulgarmente chamada erva-abelha.
garante evidente benefício para a “imitadora” (borbole- Suas flores lembram as fêmeas de uma espécie de
ta-vice-rei), que mimetiza a monarca. abelha (Eucera nigrilabris). Essas semelhanças atraem
os machos, que acabam polinizando as flores e contri-
buindo para a reprodução da orquídea.
3.2.3. Camuflagem
Trata-se de um conjunto de técnicas e métodos que permite a
um organismo permanecer indistinto do ambiente que o ro-
deia. A camuflagem pode ser vantajosa para o predador, que
cerca a presa sem ser percebido, e para a presa, que se con-
LIMENITIS ARCHIPPUS (BORBOLETA-VICE-REI) funde com o meio, passando desapercebida pelo predador.
O mesmo ocorre no caso das cobras-corais verdadeiras Homocromia: consiste na coloração semelhante do
(Micrurus sp., modelo) e das falsas corais (Erithrolampus organismo com a do meio onde vive: cascas, galhos e
aesculapi, imitadoras). As verdadeiras são bastante temi- folhas de árvores, cor da areia etc.
das em razão da alta potência do seu veneno neurotóxico. Homotipia: consiste na semelhança do indivíduo com
Ambas, no entanto, são dotadas de coloração de advertên- a forma de estruturas presentes no meio onde vive. É o
cia. Mas as falsas não têm dentes inoculadores de peçonha caso dos insetos bicho-folha e bicho-pau, que se asse-
e não oferecem perigo a eventuais predadores. melham a folhas e gravetos, respectivamente.
FALSA-CORAL Camaleão
CORAL-VERDADEIRA BICHO-PAU
31
morte desses indivíduos, a mutação desaparecerá da po-
pulação. Ela poderá aparecer novamente caso ocorra uma
nova mutação. É a oscilação genética que depende do fato
de o gene ser favorável ou não; ela também explica como
os genes detrimentais podem aumentar de frequência e
como, em índios, há frequências altas de tipos sanguíneos
Bicho-folha diferentes, de acordo com a tribo.
As diferenças existentes entre os indivíduos de uma mesma
espécie se enquadram sob a designação de variabilidade.
As fontes de variabilidade são as mutações e a recombina-
ção genética. É importante salientar que a mutação consti-
tui a matéria-prima da evolução e ocorre espontaneamen-
te, ou seja, nunca aparece como resposta do organismo a
uma situação ambiental, na tentativa de adequar-se a uma
exigência do meio.
As variações são submetidas ao meio ambiente, que, pela
seleção natural, conserva as favoráveis e elimina as desfa-
multimídia: vídeo voráveis. Assim, quando as condições ambientais se modi-
FONTE: YOUTUBE ficam, algumas variações se tornam vantajosas e permitem
aos indivíduos que as possuem sobreviver e produzir mais
Evolução da Forma - Documentário (2008) descendentes do que aqueles que não as têm. Em resumo,
apresenta-se o seguinte:
32
e, como eram mais vigorosas, foram aumentando em frequ-
CÓPIA
CORRETA
ência e substituindo as mariposas claras, que passaram a ser
eliminadas pelos predadores, pois haviam se tornado mais
visíveis. Os predadores da mariposa, que atuam, portanto,
como agentes seletivos, são os pássaros.
CÓPIA
MUTANTE
as mutantes escuras passaram a ser camufladas pela fuligem produto está presente
no meio.
33
Muita atenção ao fato de que mutações são even-
tos raros, uma vez que nosso organismo detém me-
canismos próprios para evitar erros na produção de
moléculas de DNA.
Para compreender o conceito de neodarwinismo, é necessário o conhecimento básico sobre genética e bioquímica. Por
meio de mutações no DNA, que são erros ao acaso ou nas bases nitrogenadas ou em cromossomos, o indivíduo pode
desenvolver características benéficas. Assim, esse organismo torna-se mais apto ao meio em que vive, tendo mais chanc-
es de sobreviver e de passar seus genes aos descendentes. Dessa forma, duas áreas da biologia, como a bioquímica dos
ácidos nucleicos e as teorias evolutivas, interagem e se completam.
34
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
Habilidade
Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível
15 de organização dos sistemas biológicos.
Por meio do modelo de mapa-múndi apresentado na questão, e munido do conhecimento prévio de que esses continen-
tes eram unidos há milhões de anos (Pangeia), o aluno deverá relacionar essa situação com o fenômeno biológico da
migração e, posteriormente, como a separação dos continentes foi capaz de criar a diversidade observada.
Modelo
(ENEM) NO MAPA, É APRESENTADA A DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DE AVES DE GRANDE PORTE E QUE NÃO VOAM.
Avestruz
Ema
Emu
HÁ EVIDÊNCIAS MOSTRANDO QUE ESSAS AVES, QUE PODEM SER ORIGINÁRIAS DE UM MESMO ANCESTRAL, SEJAM, PORTANTO, PARENTES. CONSIDERANDO QUE,
DE FATO, TAL PARENTESCO OCORRA, UMA EXPLICAÇÃO POSSÍVEL PARA A SEPARAÇÃO GEOGRÁFICA DESSAS AVES, COMO MOSTRADA NO MAPA, PODERIA SER:
a) a grande atividade vulcânica, ocorrida há milhões de anos, eliminou essas aves do Hemisfério Norte.
b) na origem da vida, essas aves eram capazes de voar, o que permitiu que atravessassem as águas oceânicas, ocupando
vários continentes.
c) o ser humano, em seus deslocamentos, transportou essas aves, assim que elas surgiram na Terra, distribuindo-as pelos
diferentes continentes.
d) o afastamento das massas continentais, formadas pela ruptura de um continente único, dispersou essas aves que
habitavam ambientes adjacentes.
e) a existência de períodos glaciais muito rigorosos, no Hemisférico Norte, provocou um gradativo deslocamento dessas
aves para o Sul, mais quente.
Análise expositiva - Habilidade 15: A princípio, o ancestral dessas aves vivia em uma mesma área, uma vez
D que os continentes eram unidos. A migração fez com que diferentes populações se separassem e, posteriormente,
com o afastamento das massas continentais, essas populações ficassem isoladas geograficamente. Isso favoreceu
o surgimento dessas aves a partir do mesmo ancestral.
Alternativa D
35
DIAGRAMA DE IDEIAS
TEORIAS EVOLUTIVAS
LAMARCK DARWIN
NEODARWINISMO
TEORIA SINTÉTICA
DA EVOLUÇÃO
RECOMBINAÇÃO
MUTAÇÃO
GENÉTICA
VARIABILIDADE
SELEÇÃO NATURAL
ADAPTAÇÃO
LEI DO USO E DESUSO
DIRECIONAL
DISRUPTIVA
ORGANISMO SE O AMBIENTE
ADAPTA AO SELECIONA OS MAIS
AMBIENTE ADAPTADOS
36
AULAS ESPECIAÇÃO
7E8
COMPETÊNCIA: 4 HABILIDADES: 15 e 16
ISOLAMENTO GEOGRÁFICO
DIFERENCIAÇÃO
DE LONGA DURAÇÃO
Melhor do que uma única definição para espécie, que fa- PROGRESSIVA
ISOLAMENTO
GEOGRÁFICO
DIFERENCIAÇÃO
PROGRESSIVA
1. A ORIGEM DAS ESPÉCIES
A especiação ou o processo de formação das es-
pécies é um acontecimento lento e gradual que requer
certas condições especiais mínimas e obrigatórias. Observe ISOLAMENTO
o esquema e a explicação a seguir: REPRODUTIVO
37
Entre organismos da mesma espécie há fluxo gênico, depende do quanto as espécies incipientes podem se
que é consequente de semelhança e identidade genética, separar geograficamente. Observe na tabela a seguir a
além de mesmo número e tipos de cromossomos. Logo, a comparação entre alguns dos modos de especiação que,
engenharia genética, por manipulação cromossômica e mesmo diferentes, podem contribuir para a redução de
gênica, pode abreviar esse processo, permitindo o apareci- fluxo gênico.
mento de novas espécies ou de pelo menos espécies trans-
Modos de
gênicas. Devemos lembrar, no entanto, que a fertilidade Características Representação
especiação
é condição obrigatória entre os descendentes de toda e
qualquer espécie natural, pois, apesar dos indivíduos trans-
gênicos serem considerados fenotipicamente “superiores”,
Alopátrica As populações
muitas vezes são estéreis.
(alo = outros; são geografica-
mente isoladas.
1.1. Redução de fluxo gênico pátrica = lugar)
Uma pequena
população fica
Peripátrica
isolada na borda
(peri = perto)
de uma popu-
lação maior.
38
com as moscas de espinheiros, e as da maçã, com as da
2.3. Especiação parapátrica maçã. Assim, o fluxo gênico entre essas populações ficou
O isolamento geográfico não está presente nesse tipo de reduzido. A mudança de espinheiro para maçã pode ser o
especiação. Por exemplo, em uma população espalhada começo da especiação simpátrica.
por uma grande área, com diversificados ambientes, a
adaptação a essas diferentes regiões fará com que conjun-
tos de indivíduos, gradualmente, tornem-se espécies distin-
2.5. Isolamento reprodutivo
tas. Não é necessário um obstáculo geográfico específica O isolamento reprodutivo é um subproduto da especiação,
que os separe. A especiação pode se caracterizar apenas em outras palavras, é o seu ponto de chegada. É a condi-
pela distância entre os grupos. ção a partir da qual pode-se afirmar definitivamente que
houve especiação a partir de um grupo ancestral. O isola-
mento reprodutivo indica a incapacidade total ou parcial
2.4. Especiação simpátrica de os indivíduos de duas subpopulações se reproduzirem
entre si. Quando essas subpopulações entram em contato,
Nicho é um termo usado para designar a função ou o o isolamento reprodutivo impede a mistura de genes.
papel desempenhado pelos organismos de deter-
minada espécie em seu ambiente de vida. Isso inclui 2.5.1. Mecanismos de isolamento reprodutivo
suas necessidades alimentares, a temperatura ideal de so-
Esses mecanismos podem ser classificados em pré-zigóti-
brevivência, os locais de refúgio, as interações com os “ini-
cos e pós-zigóticos. Os mecanismos pré-zigóticos impe-
migos” e com os “amigos”, os locais de reprodução etc.
dem a fecundação e a formação do zigoto.
Isolamento estacional ou sazonal – decorre de di-
Diferentes dos tipos anteriores, a especiação simpátrica não ferenças nas épocas de reprodução. Por exemplo: gru-
necessita de distância geográfica em larga escala para a pos de rãs que vivem em uma mesma lagoa, mas não
diminuição do fluxo gênico entre os indivíduos de uma po- se reproduzem na mesma época, ou espécies de orquí-
pulação. A simples exploração de um novo nicho por uma deas que, embora habitem a mesma região, florescem
subpopulação pode contribuir para a redução do fluxo gênico em dias diferentes, o que lhes impede o cruzamento.
entre indivíduos. Ocasionalmente, pode acontecer entre inse-
tos herbívoros que optem por uma nova planta hospedeira. Isolamento ecológico – resulta da ocupação por
populações de diferentes “microambientes”. Mesmo
vivendo na mesma região geográfica, habitam micro-
ambientes distintos. Leões e tigres podem se cruzar em
cativeiro e produzir descendentes férteis. Entretanto,
em ambiente natural eles não se cruzam, uma vez que
vivem em microambientes distintos.
Isolamento etológico ou comportamental – de-
corre de diferentes padrões de comportamento de corte.
Antes do acasalamento, representam um fator de funda-
mental importância para a reprodução de diferentes es-
pécies. O canto das aves, por exemplo, por ser específico,
multimídia: sites atrai apenas um parceiro(a) da mesma espécie.
39
gônadas anormais ou da incompatibilidade dos cro-
Híbrido é o nome dado a um indivíduo formado pela mossomos herdados de pais de diferentes espécies.
união de indivíduos de espécies diferentes. É o resulta- Exemplo clássico desse caso é o burro ou a mula. Trata-
do da mistura genética entre espécies distintas. -se de um híbrido estéril, resultado do cruzamento en-
tre o jumento (Equus asinus) e a égua (Equus cabalus).
O burro e a mula são considerados híbridos interespe-
Os mecanismos pós-zigóticos são aqueles que inviabilizam a
cíficos e não constituem uma terceira espécie.
sobrevivência do híbrido ou a sua fertilidade. Mesmo ocorrendo
a cópula, esses mecanismos impedem ou dificultam seu desen-
volvimento. Os principais tipos de isolamento pós-zigótico são: Exceção à regra
Mortalidade do zigoto – trata-se da fecundação Apesar de a regra dizer que híbridos são estéreis, há
entre gametas de espécies diferentes que pode levar registros de exceções a essa regra com filhotes de
à formação de zigoto pouco viável. Em razão de de- mula. Considerando que uma égua tem 64 cromos-
senvolvimento embrionário irregular, o zigoto não se somos, e um jumento, 62, a principal barreira para
desenvolve depois de fecundado e é levado à morte. esse tipo de reprodução diz respeito à diferença na
quantidade de cromossomos dos pais da mula. Os 63
Inviabilidade do híbrido – diz respeito à cópula
cromossomos da mula constituem um número ímpar,
entre indivíduos de espécies diferentes, à formação do
que não pode ser dividido em cromossomos pares (a
zigoto e à morte prematura do embrião devido à in-
importância dessa divisão será explicada, quando fa-
compatibilidade entre os genes maternos e paternos.
larmos sobre divisão celular), o que, em princípio, a
Algumas espécies de rã, embora habitem a mesma
tornaria incapaz de reproduzir-se. Entretanto, apesar
lagoa e eventualmente se cruzem, geram híbridos in-
de alguns casos já terem sido registrados ao redor do
terespecíficos que não são capazes de se desenvolver.
mundo, ainda não há uma explicação para o fato, que
Esterilidade do híbrido – decorre da formação do permanece sendo estudado por pesquisadores.
híbrido interespecífico e estéril devideo à presença de
VIVENCIANDO
O estudo do termo “especiação” permite compreender como surgem novas espécies e como outras podem ser extintas
ao longo do tempo. A interferência humana no meio ambiente, com o desmatamento, o assoreamento dos rios e as
construções de cidades, estradas e hidrelétricas, causa o aparecimento de barreiras geográficas, o que contribui para
o isolamento reprodutivo, alterando o fluxo gênico das populações. Esse fato pode ocasionar o surgimento de novas
espécies, assim como o desaparecimento de outras. Dessa forma, é possível propor mecanismos de conscientização e
educação ambiental para minimizar a interferência humana na evolução das espécies.
2.6. Cladogramas e parentesco evolutivo dão origem a novas características e espécies. Há casos em
que novas espécies não aparentam muita semelhança. No
O processo da evolução padroniza a relação entre es- entanto, restam ainda características que as relacionam,
pécies. Conforme as linhagens (espécies) evoluem e se como as evidências evolutivas estudadas. Em Biologia, o
separam, herdam as alterações e diferenciam seus ca- cladograma é utilizado para representar o grau de parente-
minhos evolutivos, é produzido um padrão ramificado sco entre espécies.
de relações evolutivas.
Cada dicotomia indica um ancestral comum partilhado.
No cladograma, o ramo principal mostra o ancestral comum Quanto mais próximos os ramos, maior é o grau de
e cada ponto de ramificação são eventos de especiação que parentesco entre os grupos.
40
de espécies foram nomeadas e descritas pelos cientistas.
ima ter ra
Segundo a União Internacional para a Conservação da Na-
tiss ogas scu
en ela
n b tureza (UICN), até a metade do século XXI, mais de 25%
D. d D. o
D. m da fauna e flora terrestre devem desaparecer. Essa organi-
zação calcula que quase um quarto das 4.600 espécies de
mamíferos conhecidas corre risco de extinção.
Táxon merofilético Táxon parafilético
Linhagem do
táxon A (ramo)
Linhagem do
táxon D (ramo)
Táxon Táxon Táxon Táxon
A B C D
Eventos de
especiação X espécie ancestral
X (nó)
A B C Caráter a (sinapomorfia)
Único ancestral
de C
Árvore filogenética: relações filogenéticas ou de parentesco entre os seres vivos.
Ancestral comum
de B e C
3.1. Os processos naturais
A extinção de espécies acontece de forma natural desde
Ancestral comum o surgimento da vida no planeta. Suas principais cau-
de A, B e C
sas são as modificações climáticas, como as desertifica-
ções, glaciações e alterações da atmosfera decorrentes
das atividades vulcânicas. Elas tornam o meio ambiente
NESTE CLADROGRAMA, B E C SÃO PARENTES MAIS PRÓXIMOS QUE A E C. desfavorável à permanência de alguns grupos, que, por
seleção natural, desaparecem – o principal exemplo
são os dinossauros. No entanto, a maioria das espécies
consegue se adaptar e sobreviver a essas mudanças, pois
elas costumam ocorrer lentamente.
41
-gigante (China), o pinguim-grande (Islândia e Canadá), ração nas frequências alélicas, ou seja, a proporção de um
o cavalo-selvagem (Europa Central), o bisão, ou o boi- tipoGenes
de genesão
alelo em relação
trechos de DNAaoqueconjunto de alelos;
armazenam outros
a infor-
-selvagem, e o pelicano-branco (França). Várias espécies acham quepara
mação a deriva genética
a síntese ou a variação aleatória
de proteínas.
vegetais também correm risco de extinção. É o caso das dessas frequências é que tem um papel de destaque
Locus gênico se refere à localização de um gene
orquídeas de Chiapas, no México, das bromélias – típicas nessas mudanças.
no cromossomo.
das zonas tropicais e subtropicais, encontradas no conti-
nente americano e em parte da África –, das “madeiras Genes alelos, ou apenas alelos, são segmentos ho-
de lei”, como mogno, jacarandá, marfim, cerejeira, im- mólogos do DNA, ou seja, formas alternativas de um
buia, canela, entre outras, usadas em todo o mundo para mesmo gene.
a confecção de móveis e na construção civil.
No Brasil, o país de maior biodiversidade do mundo, cer-
Os selecionistas acreditam que a seleção natural é a
ca de 300 espécies da fauna e flora estão ameaçadas de
“única” força capaz de direcionar os processos evolutivos,
extinção: lobo-guará, onça-pintada, gato-mourisco, veado-
sendo que os outros fatores proporcionam, no máximo,
-campeiro, cervo-do-pantanal, ariranha, mico-leão, anta,
uma pequena contribuição. O selecionismo prega que
peixe-boi, psitacídeos (arara e papagaio) e tucano. A lis-
as substituições alélicas ocorrem em consequência de se-
ta passa pelos répteis, como o jacaré-de-papo-amarelo e
leção dos mais adaptados, no qual o novo alelo substituirá
tracajá, e estende-se, inclusive, a invertebrados de diversos
um antigo em função de aumentar o valor adaptativo
filos, que ocupam os costões e praias da orla marítima.
dos organismos que o possuem. Assim, os polimor-
fismos seriam mantidos, quando a coexistência de dois ou
4. FILOGENIA DOS SERES VIVOS mais alelos num loco for vantajosa para o organismo ou
para a população.
A história da vida começou há aproximadamente 4,6 bi-
lhões de anos, em uma Terra coberta principalmente por Já os neutralistas acreditam que, principalmente num
água e envolta em uma atmosfera com amônia, metano, nível molecular, a maioria das mudanças evolutivas não
hidrogênio e dióxido de carbono. Vulcões em atividade e está relacionada a uma seleção positiva dos alelos de maior
tempestades constantes completavam o cenário dessa Ter- valor adaptativo, e sim à deriva genética, ou seja, à va-
ra primitiva. A vida, como hoje a conhecemos, teria sido riação aleatória das frequências dos alelos. A teoria neu-
impossível nessa época. As descargas elétricas e a ação dos tralista surgiu no fim dos anos 1960, quando uma grande
raios ultravioleta forneceram a energia para o aparecimen- quantidade de dados de sequenciamento de proteínas foi
to de moléculas orgânicas a partir de moléculas inorgâni- obtida, provendo, pela primeira vez, dados empíricos para
examinar as teorias relacionadas à substituição de genes/
cas, entre elas algumas proteínas e o polinucleotídeo ácido
alelos. O neutralismo não diz que todos os alelos possuem
ribonucleico (RNA). Em seguida, acredita-se ter surgido o
estritamente o mesmo valor adaptativo, mas que a variação
ácido desoxirribonucleico (DNA) a partir de um molde de
nas frequências deles está ligada, principalmente, à deriva
RNA e, assim, proteínas codificadas por informação dos
genética aleatória. Segundo eles, a seleção deve operar,
ácidos podem ter aparecido. Por último, completando 1 bi-
mas é muito fraca para influenciar as mudanças aleatórias.
lhão de anos de evolução química, uma membrana lipídica
deve ter envolvido essas moléculas, originando-se, assim, Segundo a teoria neutralista, um loco polimórfico é constitu-
a primeira célula procarionte e heterótrofa, que usava as ído de alelos que tendem a se fixar ou a se estinguir. Assim,
moléculas diluídas na água para seu metabolismo. Dessa os processos moleculares importantes para o andamento da
célula primitiva, originaram-se todos os seres vivos. Portan- evolução são resultado de um contínuo surgimento das varia-
to, todos descendem de um único ancestral, isto é, formam ções por mutação e consequente fixação ou extinção aleató-
um grupo monofilético. A universalidade do código ge- ria dos alelos. A substituição alélica seria, portanto, um
nético para todas as células sugere essa origem comum. processo longo e gradual, no qual a frequência dos
Uma origem polifilética implicaria a existência de vários alelos aumenta ou diminui randomicamente até que
ancestrais para os seres vivos. eles sejam perdidos ou fixados por ordem do acaso.
A verdade é que, a base da disputa entre selecionistas e neu-
5. NEUTRALISMO E SELECIONISMO tralistas está relacionada aos valores adaptativos dos
alelos mutantes. Ambas concordam que a maioria das
Vários evolucionistas discordam sobre qual é o principal novas mutações é deletéria e que essas alterações não
mecanismo responsável pela flutuação das frequências contribuem para a taxa de mutação nem para a quantidade
alélicas numa população. Alguns acham que a seleção de polimorfismos dentro de uma população. A diferença está
natural é a mais importante força direcionadora da alte- relacionada à proporção relativa de mutações neutras entre
42
as mutações não deletérias. Enquanto os selecionistas isolados eram predados mais facilmente e não deixavam
consideram que poucas mutações são seletivamen- muitos descendentes, enquanto aqueles que viviam em
te neutras, os neutralistas acreditam que a maioria grupos geravam descendentes que possuíam a tendência
delas é seletivamente neutra. de viverem agrupados.
O mais importante nessa controvérsia selecionista-neutra- Assim, as populações que tinham indivíduos com maior
lista é mostrar que o efeito produzido por interações capacidade de solucionar problemas para manter a coesão
aleatórias não pode ser negligenciado e que a evolução desses grupos obtiveram maior sucesso. Essa resolução de
molecular está diretamente relacionada ao polimorfismo gê- problemas era facilitada quando havia uma vocalização
nico. Apesar de tudo, as discussões ainda continuam, e novos complexa (pré-requisito para a linguagem humana).
trabalhos têm sido feitos com o intuito de conseguir dados Uma pré-adaptação para a vocalização foi um fator funda-
empíricos que suportem uma ou outra teoria. A partir des- mental para que essa característica pudesse existir.
sas discussões, deve-se definir uma teoria adequada da
evolução que seja consistente também com os pro- Pré-adaptacão são estruturas que já existem naquela espé-
cessos evolutivos que ocorrem no nível molecular. cie e que permitem que o animal tenha sucesso no ambien-
te. O ancestral humano já possuía uma estrutura física para
Para encerrar, é óbvio que algumas características apresen- vocalização (garganta, glote, estruturas para passagem
tam um valor adaptativo muito maior do que outras. Por do ar etc.). Ele só pôde desenvolver a linguagem porque
exemplo, um hemofílico apresenta um valor adaptativo mui- já possuía essas pré-adaptações (no caso, pré-adaptacões
to mais baixo que um não hemofílico, aspecto que até os para a linguagem).
neutralistas reconhecem e sabem que a seleção é muito im-
Um outro exemplo seriam as abelhas, que também vi-
portante nesses casos. A polêmica é se há um maior número
vem em grupo e precisam se comunicar. Como elas não
de mutações seletivamente neutras ou se, para qualquer mu-
desenvolveram nenhuma estrutura de vocalização ou
dança no DNA, existe um aumento ou diminuição, mesmo
de comunicação sonora, comunicam-se por meio de si-
que pequena, no valor adaptativo do indivíduo, possibilitan-
nais químicos, por estruturas desenvolvidas a partir de
do a atuação da seleção num determinado loco. pré-adaptações específicas. Ao se analisar uma deter-
minada adaptação em um animal, deve-se tentar iden-
6. EVOLUÇÃO HUMANA tificar a pré-adaptação que possibilitou o aparecimento
daquela característica.
Os seres humanos possuem um cérebro grande se compa-
rado a outros mamíferos ou primatas. Um indivíduo adulto
tem um cérebro de quase 4 kg, para um peso corporal mé-
dio de aproximadamente 70 kg. Ou seja, aproximadamen-
te 6% do nosso peso é composto de massa cefálica.
Os pesquisadores buscam determinar os motivos que leva-
ram a essa cefalização acentuada no gênero Homo.
A seguir, de forma simplificada, serão apontadas algumas
ideias a respeito desse tema.
A priori, tentou-se identificar um fator isolado que explicasse
essa característica, mas logo percebeu-se a limitação desse en-
foque. Atualmente, as pesquisas tentam ser mais realistas, en-
focando uma série de fatores que teriam agido em conjunto.
Quando os ancestrais dos humanos tiveram a necessidade
de descer das árvores para a sobrevivência (o que pode BIPEDIA E ESTRUTURA DAS MÃOS.
ter ocorrido devido a uma mudança no habitat, como a
diminuição do número de árvores), eles tiveram de lidar No caso da evolução humana, a pré-adaptação estrutural
com um ambiente diferente, no qual ser bípede oferecia permitia que eles ao menos grunhissem. Esses grupos an-
algumas vantagens. cestrais foram selecionados positivamente pelo meio am-
biente daquela época. Ao longo das gerações, aqueles que
Vivendo em campos abertos, aqueles que permaneciam possuíam uma melhor vocalização eram gradativamente
em grupos eram mais favorecidos (seleção natural de com- selecionados, enquanto os outros acabavam sendo sele-
portamento). Assim, ao longo das gerações, os indivíduos cionados negativamente (extintos).
43
O ambiente fora das árvores era bem mais hostil, pois con- comportamento forrageador (de busca de alimento) mais
tinha um maior número de variáveis. Nas árvores, a quan- complexo e eficiente, que, por sua vez, fazia uma pressão
tidade de alimento é maior do que em um campo aberto. seletiva para a expansão cerebral.
É possível afirmar que, para se obter a mesma quantidade
Existem outros obstáculos a serem superados para o au-
de alimento encontrada facilmente em 10 m2 na floresta,
mento do cérebro, além do alto custo energético. O tama-
esses homens primitivos deveriam percorrer 10.000 m2 em
nho da pélvis (bacia) das fêmeas é um dos exemplos. No
seu novo habitat.
nascimento, o feto deve passar pela junção pélvica da fê-
O fato de ser bíbepe era uma grande vantagem na cober- mea; para isso, a cabeça não pode ser muito grande. Essa
tura dessas extensas áreas, além de liberar os membros restrição é uma das razões para o crescimento contínuo
anteriores desses animais (braços e mãos) para recolher as do cérebro, mesmo depois do nascimento. Isso faz com
frutas e manusear os alimentos. Assim, os mais habilidosos que os bebês sejam extremamente dependentes das mães,
com os alimentos foram favorecidos e tiveram maior su- mas, por outro lado, gera uma flexibilidade tremenda, pois
cesso evolutivo, deixando mais descendentes. Na ciência, o cérebro vai crescendo (e montando as ligações entre os
isso é conhecido como “pressão positiva” para os mais ha- neurônios), sempre se ajustando ao ambiente e facilitando
bilidosos, ou seja, aqueles que tem mais habilidade levam o aprendizado direto ainda na formação cerebral.
vantagem em relação aos menos habilidosos e prevalece- No nascimento, o cérebro humano tem cerca de 25%
riam em termos de evolução. Outras estruturas, como as do peso do cérebro de um adulto; aos quatro anos de
da mão, também foram se modificando e teriam sido sele- idade, esse valor é de 84,1%.
cionadas a cada geração. Algumas alterações facilitavam o
Chimpanzés nascem com 47% do peso do cérebro de
manuseio do alimento, gerando maior habilidade.
um adulto; aos quatro anos, já têm 100% do peso total.
Dessa forma, os membros anteriores foram lentamente se mo- Com isso, é possível perceber outra restrição para um
dificando e assumindo a forma que conhecemos, ou seja, com cérebro muito grande e flexível: a redução da taxa re-
o polegar opositor aos outros dedos, possibilitando uma maior
produtiva, pois os pais devem cuidar dos filhotes por
firmeza e precisão nos movimentos. Além de facilitar o manu-
um período de tempo maior.
seio dos alimentos, esse fator permitiu que o homem ancestral
segurasse galhos, pedras e outros objetos. Em conjunto, todos O bipedalismo, associado à possibilidade de explorar ou-
esses fatores resultaram em um cérebro mais desenvolvido. tros ambientes, além de exigir mais do cérebro, abriu novos
horizontes para a evolução biológica humana. A seguir, as
vantagens angariadas com isso:
desenvolvimento da habilidade para o transporte de
alimentos;
redução de pelos sobre as áreas do corpo não expostas
ao sol forte;
liberação das mãos para diferentes usos, inclusive para
cuidar dos filhos;
redução do consumo de energia em caminhadas a ve-
locidades normais; e
aumento do horizonte de visão e aperfeiçoamento da
Comparação entre a pelve humana e a de um chimpanzé.
proteção contra predadores.
44
sociais, a domesticação de animais, o cultivo de plantas e
Evolução humana – hominídeos
o domínio do homem sobre a natureza, causando, ao mes-
cérebro grande;
mo tempo, graves problemas a outras espécies.
dependência total do uso de
utensílios;
cérebro, tecnologia, linguagem simbólica completa; e
linguagem e cultura capacidades cognitivas desen-
volvidas através de processos
complexos de transmissão da in-
formação de geração em geração.
proteínas de grandes animais;
consumo significativo de plantas
ricas em hidratos de carbono;
dieta e subsistência
consumo retardado da comida
adquirida; e
partilha dos alimentos. 6.2. Apontamentos sobre a origem
laços sexuais e econômicos fortes
entre machos e fêmeas; do homem
crianças dependentes; Em meados do século XIX, a teoria de Charles Darwin so-
adolescência prolongada; bre o mecanismo da evolução das espécies estremeceu o
reprodução e sociedade vida social organizada em torno mundo da ciência. A consequência lógica e irrefutável de
de um lugar central; e
tudo o que ele havia descoberto era a de que a espécie
inexistência de caninos grandes
que possam ser usados em con-
humana não teria sido criada separadamente dos outros
texto de interação social. seres vivos, como afirmavam as Escrituras das três maiores
porte ereto e locomoção bípede; religiões monoteístas, mas evoluído a partir de espécies in-
locomoção e habitat e feriores e já extintas, antecessoras dos macacos antropoi-
habitats abertos. des, como o chimpanzé, o gorila e o orangotango.
Na época, esse era um conceito inaceitável. Primeiro, por-
Homo sapiens que refutava os dogmas religiosos, que ainda ocupavam
Homo sapiens sapiens
neanderthalensis um lugar central no comando das sociedades ocidentais.
crânio achatado crânio abaulado Darwin teve uma educação teológica em Cambridge,
estava destinado a ser um pároco da Igreja anglicana e
testa curta testa evidenciada descendia de uma próspera família de proprietários rurais,
osso supraorbital ausência/redução acentua- profissionais liberais e industriais. Seus amigos eram todos
bastante expandido da do osso supraorbital conservadores ou ligados à religião e ao governo, forte-
órbitas oculares grandes órbitas oculares pequenas mente opostos à noção de evolução das espécies como um
face projetada
mecanismo independente do Criador.
face curta
para a frente Segundo, porque temia-se que, ao aceitar esse conceito, o
ausência de queixo presença de queixo homem perderia seu lugar especial na Criação, rebaixan-
osso occipital achatado osso occipital abaulado do-se a mais um animal entre os animais, “liberando os
instintos mais baixos” da população, que poderia revoltar-
ossos longos espe-
ssos e curvos
ossos longos mais delgados -se contra o governo e instaurar a anarquia, tão temida
pelos governantes (é preciso não esquecer que a influência
ossos longos com
ossos longos com pouca super- da Revolução Francesa ainda se fazia sentir e que o socia-
grandes áreas para
fície para ligação de músculos
ligação de músculos lismo acabava de nascer como movimento político e social,
ameaçando tirar o poder dos velhos privilégios da monar-
6.1. Evolução cultural quia, da elite econômica etc.).
Em terceiro lugar, havia um argumento científico sólido contra
A cultura é um processo tipicamente humano: a evolução
a hipótese defendida por Darwin e seus seguidores: até então,
da humanidade se tornou muito mais cultural do que bio-
não havia qualquer evidência concreta de que os registros fós-
lógica. Cultura, portanto, é o acúmulo de conhecimentos
seis comprovassem a progressão evolutiva dos hominídeos.
e hábitos cuja renovação depende muito mais do surgi-
mento de novas técnicas do que das mutações em si. Foi O castelo cuidadosamente montado pelos opositores de
essa evolução cultural que permitiu a formação dos grupos Darwin começou a desmoronar quando foram descobertos
45
os primeiros esqueletos de um ser evidentemente muito O Homo sapiens sapiens provavelmente tem apenas 100 mil
mais primitivo que o Homo sapiens sapiens (a espécie mo- anos de existência como espécie independente, um período
derna do ser humano), o Homem de Neandertal, encon- extremamente curto em termos geológicos, ou mesmo para
trado em escavações no vale do rio Neander, na Alemanha a idade total do gênero Homo. Trata-se de uma espécie que
(“tal” significa “vale”, em alemão). está há pouquíssimo tempo na superfície deste planeta.
As observações mostraram um ser com postura ereta, cor- Uma conclusão surpreendente no estudo dos hominídeos é
po e membros praticamente iguais aos nossos, mas com que, provavelmente, existiram muitas espécies de hominíde-
um crânio com semelhanças ao de um gorila. os ancestrais que foram extintas sem deixar marcas. A linha
sobrevivente, em determinadas épocas históricas, chegou a
A descoberta foi atacada na época, e seus opositores argu-
ter um número extremamente reduzido de indivíduos. Um
mentaram que o fóssil pertencia a um ser humano deforma-
estudo recente do DNA mitocondrial (que é transmitido ape-
do ou aleijado. No entanto, a descoberta acabou se conso-
nas através da linha feminina, diferentemente do DNA, que
lidando com outros achados em várias partes da Europa e
tem componentes maternos e paternos) mostrou que houve
do Oriente Médio, provocando uma enorme polêmica. Mos-
uma época no passado em que existiam apenas cerca de 40
trou-se, pela primeira vez, que havia o registro histórico de
mil seres humanos em toda a face da Terra. Qualquer grande
um ser muito semelhante ao homem, que não mais existia,
desastre natural ou epidemia teria inviabilizado essa espécie.
e que podia ser um indivíduo intermediário entre macacos e
Esses estudos de biologia molecular também evidenciaram
homens. A descoberta deu um grande impulso à aceitação
que toda a humanidade descende, provavelmente, de não
das teorias de Darwin pelos cientistas e incentivou a busca
mais do que seis indivíduos que habitaram o sul da África,
desenfreada por homens cada vez mais primitivos, o que
sendo que uma dessas mulheres é responsável por 60% de
veio a acontecer somente no século XX, inicialmente na Áfri-
todos os genomas da humanidade atual, enquanto que ou-
ca, mas também na Ásia e Oceania.
tras cinco são responsáveis pelos 40% restantes.
46
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
A evolução biológica e a antropologia cultural e social caminham juntas para explicar a história do homem na Terra.
Por meio de registros fósseis, como o tipo de arcada dentária, é possível estimar qual seria a alimentação daquele ser e
também o tamanho do crânio. A partir dessas informações, é viável recriar o contexto onde possivelmente os indivíduos
estavam inseridos, como os caçadores-coletores, que tinham uma distribuição de trabalho e uma divisão social. Desse
modo, é possível reproduzir as interações entre os indivíduos de uma sociedade de 200 mil anos atrás.
Habilidades
Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer
15 nível de organização dos sistemas biológicos.
Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização
16 taxonômica dos seres vivos.
Nesta questão sobre diversidade fenotípica associada ao ambiente ocupado, é fundamental a interpretação correta do
modelo apresentado, associando a cor da pelagem com a cor do ambiente. Com isso, será possível entender como os
processos evolutivos estão ocorrendo.
Modelo
(ENEM) OS RATOS PEROMYSCUS POLIONOTUS ENCONTRAM-SE DISTRIBUÍDOS EM AMPLA REGIÃO NA AMÉRICA DO NORTE. A PELAGEM DE RATOS DESSA
ESPÉCIE VARIA DO MARROM CLARO ATÉ O ESCURO, SENDO QUE OS RATOS DE UMA MESMA POPULAÇÃO TÊM COLORAÇÃO MUITO SEMELHANTE. EM GERAL, A
COLORAÇÃO DA PELAGEM TAMBÉM É MUITO PARECIDA À COR DO SOLO DA REGIÃO EM QUE SE ENCONTRAM, QUE TAMBÉM APRESENTA A MESMA VARIAÇÃO DE
COR, DISTRIBUÍDA AO LONGO DE UM GRADIENTE SUL-NORTE. NA FIGURA, ENCONTRAM-SE REPRESENTADAS SETE DIFERENTES POPULAÇÕES DE P. POLIONOTUS.
CADA POPULAÇÃO É REPRESENTADA PELA PELAGEM DO RATO, POR UMA AMOSTRA DE SOLO E POR SUA POSIÇÃO GEOGRÁFICA NO MAPA.
47
O MECANISMO EVOLUTIVO ENVOLVIDO NA ASSOCIAÇÃO ENTRE CORES DE PELAGEM E DE SUBSTRATO É:
a) A alimentação, pois pigmentos de terra são absorvidos e alteram a cor da pelagem dos roedores.
b) O fluxo gênico entre as diferentes populações, que mantém constante a grande diversidade interpopulacional.
c) A seleção natural, que, nesse caso, poderia ser entendida como a sobrevivência diferenciada de indivíduos com
características distintas.
d) A mutação genética, que, em certos ambientes, como os de solo mais escuro, têm maior ocorrência e capacidade de
alterar significativamente a cor da pelagem dos animais.
e) A herança de caracteres adquiridos, capacidade de organismos se adaptarem a diferentes ambientes e transmitirem
suas características genéticas aos descendentes.
Análise expositiva - Habilidade 15 e 16: Compreender como os mecanismos evolutivos são capazes de pro-
C duzir padrões encontrados de acordo com o meio ambiente onde as espécies habitam é primordial para entender a
situação proposta. Observa-se nesse esquema que a coloração dos ratos varia de acordo com o ambiente em que
ocupam, ou seja, ratos de pelagem mais escura vivem em ambientes em que o solo é mais escuro. O que ocorre é
que provavelmente a pelagem com cor parecida ao substrato confere uma vantagem adaptativa. Pode-se enten-
der esse processo por meio da seguinte situação: Presumivelmente existiam ratos de todas as cores em todos os
ambientes. Aqueles que tinham coloração diferente do substrato eram predados de maneira mais fácil e, com isso,
foram extintos. Por outro lado, aqueles com pelagem semelhante ao ambiente sobreviviam, pois conseguiam passar
despercebidos pelo predador e transmitiam essa cor de pelagem aos descendentes. Esse mecanismo evolutivo é
denominado seleção natural e foi proposto por Charles Darwin.
Alternativa C
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DIAGRAMA DE IDEIAS
DIFERENCIAÇÃO
PROGRESSIVA
ESPECIAÇÃO
ISOLAMENTO ISOLAMENTO
REPRODUTIVO REPRODUTIVO
PRÉ-ZIGÓTICO PÓS-ZIGÓTICO
• SAZONAL • MORTALIDADE
• ECOLÓGICO DO ZIGOTO
• MECÂNICO FORMAÇÃO DE • INVIABILIDADE
• COMPORTAMENTAL NOVAS ESPÉCIES OU ESTERILIDADE
DO HÍBRIDO
CLADOGRAMA
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