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Materialidades da comunicação e participação política na internet: potências e

limitações1

Rodrigo Carreiro2

UFBA (Universidade Federal da Bahia)

Resumo

Diante da discussão acerca das possibilidades democráticas da internet, o presente artigo visa
contribuir para o debate ao abordar a questão da perspectiva das materialidades da
comunicação (GUMBRECHT & PFEIFFER, 1994). Tal linha teórica trata o suporte material
do meio e suas características como determinantes de processos midiáticos, inclusive a
utilização que se faz da internet em busca de novos ideais democráticos, engajamento cívico e
participação política. Para tanto, analisamos tópicos de argumentação das possibilidades
democráticas da internet, dimensionando-os com posicionamentos quanto à materialidade da
internet e da forma como essa pode influenciar a participação política em rede, seja em nível
potencial ou limitador.

Palavras-chave: materialidades; comunicação; democracia; internet

1.0 – Introdução

O surgimento de novas tecnologias da informação e comunicação sempre esteve


relacionado à transformação de práticas sociais. No caso da política e da democracia, novos
meios de comunicação suscitam debates em torno do acesso à informação, fator intimamente
ligado à possibilidade de participação e engajamento político dos cidadãos. Isso ocorreu, e
ainda ocorre, em relação à internet, mesmo que o contexto político mundial aponte para a
consolidação da democracia representativa ao redor do globo.
Inegavelmente, a rede mundial de computadores trouxe consigo novos elementos que
injetaram uma certa “novidade” no campo das ações políticas, mobilização, acesso à
informação política e transparência do Estado (COLEMAN; BLUMLER, 2009). A partir
disso, a lógica legitimadora de participação civil na esfera política ganha outro dispositivo,
encontrando na internet novas possibilidades técnicas de acesso à informação e acionamento
ideológico. A esperança defendida por muitos foi de que a internet suprisse algumas
deficiências do Estado democrático participativo, que sofre do hiato existente entre a esfera

1
Artigo científico apresentado ao eixo temático “Políticas, Governança e Regulação da Internet”, do IV
Simpósio Nacional da ABCiber.
2
Especialista em convergência midiática e mestrando do PPGCCC (Facom-UFBA). Membro do Grupo de
Pesquisa Comunicação, Internet e Democracia.
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política (interesses dos representantes do Estado e do próprio Estado) e a esfera pública
(anseios e necessidades da população) (GOMES, 2005a). Argumentos demonstram que por
um lado a internet é o local das novas disposições políticas e ambiente propício para
democracia mais horizontal (LEMOS, 2009; LÉVY, 1999; CANAVILHAS, 2009;
RHEINGOLD, 2002), enquanto que outra linha acadêmica entende que a internet não altera a
força democrática do cidadão (KEETER et al, 2002; ZUKIN et al, 2006; ESTER & VINKEN,
2003).
A fim de contribuir para o debate, o presente artigo apresenta a discussão do tema sob
a luz das materialidades da comunicação, programa de pesquisa formulado inicialmente por
Gumbrecht & Pfeiffer (1994) e que entende o suporte material dos meios como determinante
dos processos midiáticos. Partindo do pressuposto de que as tecnologias “permitem” práticas
sócio-culturais próprias, analisamos as potências e limitações da internet em direção à
democracia sob a perspectiva da materialidade da internet. Discutiremos como essa
materialidade pode influenciar no engajamento cívico ou participação política, seja no âmbito
potencial ou limitador.

2.0 – Engajamento cívico e participação política na internet


A discussão em torno das potencialidades e limitações da democracia face às
utilizações da internet surgiu no hiato de dois aspectos que falharam. Primeiro, no “cardápio
restrito” (GOMES, 2005b) de ferramentas oferecidas pelo Estado para aproximação entre
população e Estado, seja no âmbito de participação política local, regional ou nacional; e
segundo, na falha do jornalismo em ser uma alternativa fiscalizadora as ações desse mesmo
Estado. “O papel democrático primário dos meios e agentes da comunicação de massa é
funcionar como cão de guarda a vigiar o Estado, em defesa do interesse público ou do
domínio da cidadania” (GOMES, 2005a, p. 215).
A internet, portanto, teria o desafio de agregar, em uma rede global de inteligência
(LÉVY, 1999), todos os cidadãos interessados em se aproximar das decisões políticas, seja
através de discussões públicas, promovendo mobilizações, propondo ações afirmativas, dentre
outras situações. Então, diversas iniciativas tentaram dar poder ao cidadão no sentido de se
aproximar das decisões políticas (FLEW; WILSON, 2010) – ou então o próprio Estado dispôs
algumas ferramentas para promover accountability e orçamentos participativos (SAMPAIO,
2010a), só para ficar em dois exemplos. A partir disso, a lógica legitimadora de participação
civil na esfera política ganha outro dispositivo, encontrando na internet novas possibilidades
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técnicas de acesso à informação e acionamento ideológico. De qualquer modo, é perigoso
falar em “crise” na democracia:
Como aponta Gomes (2005b, 2007), nunca houve tantos países no mundo que
adotassem o regime democrático, as teorias sobre democracia avançaram em
décadas o que foi preciso séculos no passado e, finalmente, a idéia de democracia
nunca esteve em tão alta conta. A “crise”, segundo o autor, está, como apontado
acima, nas práticas, instituições e valores da política contemporânea que se afastam
da democracia desejável (Gomes, 2005b, p. 58). (SAMPAIO, 2010b).

Como os valores políticos, refletidos em seus representantes, sofrem de certo desgaste,


Vitale (2007) expõe duas situações limites que apontam para o enfraquecimento da
representação política. Primeiro, existe um déficit na prestação pública de contas, o que
“borraria” o entendimento da população das ações do Estado. Segundo, os representantes do
povo não conseguem se alinhar a interesses em comum que justifiquem suas decisões. É
dentro dessas falhas, portanto, que se devem criar novas iniciativas, dispositivos e ferramentas
democráticas capazes de ampliar o elo entre políticos e população para camadas mais efetivas
de ação.
Lévy (1999) e toda uma tradição de cibercultura vêm defendendo que o ciberespaço
não deve servir apenas como repositório de atividades comerciais ou de entretenimento. Deve
também dar base para formação do que ele chama de “inteligência coletiva”, um processo
social que resulta da conversação e distribuição do conhecimento em escala global, ligada em
rede, resultando em “enriquecimento” mútuo.

3.0 – As materialidades da comunicação


Antes de tentar se aprofundar na teoria em questão, é preciso ter noção que sua
aplicabilidade em qualquer processo comunicacional depende do contexto social e histórico
em que está sendo produzido. A internet, a qual, em parte, estudaremos nas páginas seguintes,
é fruto de um contexto democrático próprio, uma vez que suas concepções globais de acesso e
exploração são reflexos diretos das democracias contemporâneas, da abertura de mercados,
globalização e rápida evolução das tecnologias da informação e comunicação. Por outro lado,
essa mesma internet também tem o poder de nos fazer repensar concepções sobre práticas
tradicionais, como a democracia, por exemplo, e buscar objetivos reconfigurados.
A partir dessa relação dialogante, podemos observar que as tecnologias “permitem”
práticas sócio-culturais próprias, na medida em que “o significado da tecnologia na
comunicação não está na sua funcionalidade” (TANG, 2006, p. 2). É a relação dessa
funcionalidade com o uso material que o homem faz que vai produzir resultados e
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representações de mundo. Então, a partir da criação de uma nova tecnologia, vemos nosso
“mundo” se modificar pela reutilização de antigas técnicas – que, em certo nível, são
repensadas – e apropriação de novas, essa já “moldadas” pela articulação das anteriores
(DUARTE, 2007). Por ser um processo multifacetado e que desperta interpretações em vários
níveis da comunicação, as materialidades podem servir como um amplo quadro de análise
desses fenômenos.
Em linhas gerais, praticamente qualquer campo pode ser pensado sobre a ótica das
materialidades. Como observa Felinto (2001), o que importa “é a busca por um novo modo de
encarar os objetos culturais” (p. 10), por isso que é possível projetar suas bases de análise em
direção à internet, o ciberespaço e as relações que se estabelecem nesse ambiente. No entanto,
é preciso ter cautela ao abordar as materialidades na comunicação. O campo das teorias da
comunicação tem tradição consolidada em diversos aspectos e caminho tortuoso em outros, o
que nos leva, portanto, a tratar a teoria em questão sem tentativas de estabelecer definições e
aplicações definitivas. Enfatizamos que a escolha por um novo caminho teórico nesse artigo é
na tentativa de problematizar o assunto em questão e ampliar os horizontes relacionados à
mediação das novas tecnologias da informação e comunicação, política e o usuário.
Então, além do nível da interpretação, existe um nível “inalcançável”, que serve como
ponto de partida para o processo comunicacional: as materialidades (FELINTO, 2001). A
gênese do programa de pesquisas está nos estudos literários, conduzidos pelo professor
Gumbrecht e que têm referência de outros campos e autores da comunicação, como Marshall
McLuhan e Walter Benjamin. “Materialidade da Comunicação (MdC) é um programa de
pesquisa, que pretende indagar sobre as condições, o lugar, o suporte e as modalidades de
produção de sentido, que, por si, são isentos de sentido” (HANKE, 2005, p. 2). Portanto, falar
em materialidades é ter a noção de que todo ato de comunicação pressupõe um suporte
material para se formar.
Pela teoria das materialidades devemos reconhecer o papel dos artefatos e dos
atores na comunicação. É, portanto contra a imaterialidade da comunicação que
essa teoria surge. Para Gumbrecht, o sentido não deve se sobrepor ao suporte e à
materialidade. Isso, no entanto, não significa que seja impossível uma
interpretação do processo comunicacional (LEMOS, 2010, p. 6).

Mcluhan (1962) e seus estudos sobre comunicação também seguem linha parecida.
Para o autor, se o “meio é a mensagem”, então o meio é também definidor de parâmetros
limitadores e potencializadores da informação. O meio vai além da simples transmissão de
mensagem, pois ele permite (ou força) a transformação do ambiente midiático já formado.

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Mais do que isso, “constrói espaço e tempo e desenvolve sociabilidade específica entre
pessoas como também entre pessoas e os objetos mediados” (TANG, 2006, p.9). Isso é
perceptível nas relações diárias que estabelecemos, desde a forma como vemos televisão,
passando pelo modo como lidamos com correspondências (virtuais ou não), até na maneira
como procuramos garantir nossos direitos civis.
Então, o sentido perderia importância para a concepção material do meio? Para
Gumbrecht (2004) isso não é o mais importante, e sim a noção de que a produção de sentido
só se concretiza a partir do diálogo entre formas materiais. Felinto (2001) exemplifica essa
lógica recorrendo à primeira instância da teoria, isto é, os estudos literários. Esses têm papel
fundamental para formação do pensamento das materialidades, visto que a teoria carrega a
ideia de repensar o texto para além do próprio sentido, levando em consideração experiências
de leituras particulares, contexto histórico e a forma como a pessoa tem acesso ao conteúdo.
A ideia do “não-hermenêutico” de Gumbrecht é, antes de qualquer coisa, provocadora.
Não tem um sentido substitutivo nem muito menos vem para criticar profundamente a
hermenêutica. Essa também é a intenção do presente artigo, que permanece com suas bases
fincadas naquilo que Hanke (2005) chama de dicotomia entre “uma materialidade, uma
presença de coisas e situações num nível de „realidade‟ fora da interpretação, e, de outro lado,
as respectivas interpretações” (p. 2). Essa imbricada relação leva ao entendimento de que não
só o agente humano é reflexo do contexto social, mas também as tecnologias que são
produzidas. Pode-se dizer, portanto, que “cada prática de armazenamento e transmissão de
informação tem uma história material que diz tanto dos produtos e usos das tecnologias
quanto da noção de sujeito” (DUARTE, 2007, p. 48). Há uma espécie de mediação mútua,
que muito tem, em sua concepção primeira, dos elementos de sua própria materialidade.
Essa noção parece bastante interessante para entender como as pessoas podem se
apropriar da internet para fins democráticos, buscar garantias cidadãs, lutar por direitos
cívicos e se engajar em causas de bem comum. No caso da rede mundial de computadores e
das novas tecnologias da informação e comunicação, o estudo das materialidades lida com o
“não palpável” e com o fluxo de bits “invisíveis”. São os bancos de dados e suas
especificações, códigos e processos; interfaces acessíveis ou não; conexão banda larga ou
lenta; habilidade técnica etc. Todos fatores no âmbito da materialidade específica da internet e
que vão determinar o uso que será feito dela.

4.0 – Materialidades da internet e democracia: potências e limitações


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No campo da comunicação, estudos sobre internet e democracia trilham diversos
caminhos, como já apontado na primeira parte desse artigo. A intenção dessa parte é pensar a
participação política e os potenciais democráticos da internet através da teoria das
materialidades da comunicação, buscando entender como a materialidade da internet pode
influenciar no engajamento cívico, seja no nível potencial ou limitador. O objetivo é que
possamos contribuir para um debate que aproxime as áreas de comunicação política e
cibercultura.
Para fins de sistematização, iremos adotar uma categorização de potenciais
democráticos da internet que foi resumida e discutida por Gomes (2005b). Como lembra o
autor, “sem pretender, com isso, uma síntese das sínteses, mas apenas produzir um sumário do
debate” (p. 66), nossa abordagem enumera sete blocos temáticos e faz a respectiva discussão.
Além disso, essa categorização segue argumentos de vantagens democráticas da internet
apresentada por outros autores (LÉVY, 1999; SAMPAIO, 2010; COLEMAN & BLUMLER,
2009; BIMBER, 2001; SILVA, 2009):
a) Superação dos limites de tempo e espaço para a participação política. De uma
maneira geral, vivemos atualmente em um espaço de fluxos (dinheiro, informação, tecnologia
etc.), e é esse espaço que irá se refletir nas relações sociais e na produção de conteúdo na
internet (CASTELLS, 1999). Se temos cada vez mais informação circulando em rede, temos
também inúmeras ferramentas que contribuem para isso, inclusive em busca de efeitos
democráticos.
Tratamos de fluxos de conteúdos cada vez mais robustos, super vias do conhecimento
global em constante colaboração e, como afirma Lévy (1999), ambientes interligados por nós.
Esses são formados também por dados, que seriam, na visão de Manovich (2001),
condicionadores de relações sociais e de como entendemos nós mesmos. Talvez não tão
determinantes, mas que implicam ações diretas, como novas formas de acessar informação
política, por exemplo, e como agir diante de uma nova possibilidade de engajamento cívico.
Com dados e tecnologia de acesso disponíveis, as pessoas têm a potencialidade de engendrar
estratégias cognitivas diferentes, levar à frente ações mais efetivas de democracia e moldar
realidades sociológicas, ideológicas e imaginárias da sociedade contemporânea.
A característica desterritorializante da internet põe o cidadão num jogo político mais
complexo ainda, pois qualquer cidadão pode se comunicar com pessoas de qualquer lugar do
mundo. Isso não acontecia com as mídias de massa. As mídias de funções pós-massivas
(LEMOS, 2007), como a internet, permitem uma conexão global sem obstáculos e,
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principalmente, sem intermediários. Daí que emergem iniciativas que visam uma junção
global de esforços na defesa de causas genéricas da população mundial, como meio ambiente.
Ongs e entidades do gênero continuam sua atuação “offline”, mas utilizam da materialidade
desterritorializante da internet para angariar mais seguidores e lutadores da mesma causa.
Além disso, a mesma característica propicia disseminação de cada vez mais informação
pública, o que gera a criação de novas iniciativas por parte da esfera civil no sentido de
cobrança de atitudes políticas e acompanhamento a partir dessa publicação.
b) Extensão e qualidade do estoque de informações on-line. Algumas
características materiais da internet podem ser importantes para pensar o engajamento cívico
do ponto de vista da quantidade de informação disponível. É possível, por exemplo, acessar
uma infinidade de informações das mais variadas fontes existentes, fato esse que contribui
para o que alguns autores apontam como o grande problema da falta de participação política:
a pouca informação. Antes da internet, obviamente, era possível ler em bibliotecas, informar-
se com vizinhos e amigos, ver televisão etc. A partir disso, criaria uma “camada” de
informação que subsidiaria argumentos e pensamentos em direção a processos democráticos,
desde participação em reuniões de bairro, passando por discussões políticas em âmbito local,
até o engajamento em causas maiores.
A supressão do espaço tratado no tópico anterior faz da internet um meio em que
praticamente não há limite para tal. A estocagem pode ser feita de várias formas e é
justamente nesse ponto que reside um importante ponto a ser discutido. A informação na
internet não tem “cara”, não se apresenta de forma igual para todos, pois é possível
disponibilizá-la e acessá-la por inúmeras plataformas. Manovich (2001) trata essa
característica como a que dá base de sustentação das novas mídias. A transcodificação
transforma a mídia em dado de computador, em códigos baseados em “zeros” e “uns”.
Mesmo considerando que textos digitalizados ainda são sentenças gramaticais, continua o
autor, isso tudo está transcodificado em linguagem de programação computacional.
Resgatando Mcluhan (1962) e sua já clássica frase, “o conteúdo do meio também é um
meio”, Strate (2008) exemplifica como o meio se reconfigura: o meio do discurso se tornou o
conteúdo da escrita, o meio da leitura se tornou a impressão, o meio da impressão se tornou o
conteúdo do hipertexto. É justamente esse hipertexto um dos qualificadores da internet como
meio que pode servir de base para iniciativas democráticas. No entanto, essa relação
dialogante de hipertextos na internet não garante qualidade da informação política, por
exemplo. Gomes (2005b) questiona: “Como pode o cidadão comum distinguir num volume
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absurdo de informação política entre aquela confiável, veraz e relevante e aquela errônea,
distorcida e falsa?” (p. 70). A resposta talvez esteja no que Gumbrecht (2004) chame de
“produção de presença”, isto é, “aquilo que é palpável, concreto, evidente, e tem um impacto
corporal” (HANKE, 2005, p. 4). A extensão da estocagem de informação é justamente isso:
apesar de estar acessível de forma “invisível”, é algo perfeitamente à disposição do uso por
parte das pessoas. No entanto, para “digestão” dessa informação é preciso traduzir conteúdo
em efeitos de significado, prática que, no âmbito da comunicação política, só ocorre se o
cidadão tiver alto nível de educação e renda (KEETER et al, 2002; ZUKIN et al, 2006).
c) Comodidade, conforto, conveniência e custo. Com a internet e sua característica
de conexão de pessoas em rede, o espaço físico da política se “transporta”, em parte, para o
espaço de bits. Já há eleição via internet3 e proposição de emendas a projetos de lei, essa
última uma prática até comum no Brasil atualmente4. É importante entender que a internet dá
essa potencialidade aos cidadãos. A comodidade, conforto, conveniência e custo atuam em
duas vias. Primeiro, na clara potência de liberação do pólo de emissão da informação, isto é,
na possibilidade que o meio internet propicia de forma intrínseca. Mesmo que criada com
determinado propósito, o meio se tornou outro quando foi apropriado pelo público, “revirado”
e “remixado”. Segundo, a potencialidade também facilita iniciativas de participação no
modelo up-down, pois a mesma lógica se repete para o poder público: é mais fácil
disponibilizar contas públicas (accountability), mais cômodo e barato.
A internet modifica o sentido final do conteúdo público, que seria o que Gumbrecht &
Pfeiffer (1994) trata como produção de sentido através (a priori) do elemento material
disponível. Exemplo claro disso é o recente vazamento de informações militares da Guerra do
Afeganistão, mais de 90 mil documentos que, se estivessem fisicamente dispostos a qualquer
cidadão do mundo, dificilmente atrairia tanta atenção. Transformados em bits e organizados
em base de dados acessíveis globalmente, esses documentos se reconfiguram, tornam-se
passíveis de múltiplas utilizações. E são informações que podem perfeitamente servir para
fomentar manifestações públicas, mobilização popular e engajamento contra a guerra. Além
disso, como veremos no tópico “e”, o acesso global à informação pública questiona forças de
pressão e poder.

3
Países como Suíça e Estônia já realizaram eleições on-line, com votação feita via computador pessoal:
http://tek.sapo.pt/noticias/internet/suica_efectua_primeira_votacao_via_internet_c_878449.html;
http://www.dnt.adv.br/noticias/direito-eleitoral/estonia-um-pais-onde-ate-a-votacao-nacional-e-online/.
4
Sites do Governo Federal disponibilizam ferramentas que permitem discussões sobre leis a serem aprovadas,
além de realização de audiências públicas on-line, como no: http://www.edemocracia.camara.gov.br.
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d) Facilidade e extensão de acesso. Basicamente, parece claro a noção de que é
preciso traduzir códigos técnicos e de linguagem para que se possa consumir uma mensagem
midiática. O alcance do acesso a determinada tecnologia pode depender de diversos aspectos
e quando se fala de internet um dos temas mais comentados é a exclusão digital,
principalmente em países subdesenvolvidos. Porém, no contexto do presente artigo, a
dificuldade de acesso tem dois níveis. O primeiro é o mais óbvio, que é verdadeiramente o
alcance da internet, genericamente falando, na dimensão de disponibilização do acesso
primeiro da rede mundial de computadores. O segundo se refere ao nível em que o cidadão já
está conectado e navegando “perfeitamente”, porém encontra dificuldade no acesso à
informação política, gastos públicos, grupos de ativistas etc. Esse acesso à informação, já
tratado em parte aqui, pode se transformar em atitudes políticas mais direcionadas.
A literatura de materialidades da comunicação fala em “afford”, na perspectiva de que
as tecnologias “permitem” certas práticas sociais, isto é, a funcionalidade per se não existe
(TANG, 2006), o que existe é a utilização dessa funcionalidade para produzir resultados e
representações de mundo. Por isso que é necessário obter a habilidade de quebra de códigos
técnicos e de linguagem, a verdadeira “transdução” do meio. Voltando ao exemplo do
Wikileaks, qual o propósito de ter documentos secretos revelados se não houver habilidade
em traduzir isso em atitudes efetivas? Para a imprensa parece mais fácil, pois já há certa
tradição nisso, mas para o público em geral5 pode haver constrangimento técnico. De qualquer
forma, a oportunidade de acesso que a internet proporciona não é compartilhada por outros
meios de comunicação, principalmente se formos pensar em termos de transparência e
abertura (GOMES, 2005b).
e) Sem filtros nem controle. Ainda que um “novo mundo” de possibilidades
comunicacionais se abra no simples conectar da internet, há de se relativizar sua força
comunitária global. Steinberg (2004) tem uma visão cautelosa quanto a isso. Embora admita
que o poder de circulação da informação esteja mais diluído, o autor acredita que novas
formas de poder surjam ou simplesmente se transportem para o “mundo on-line”. Ele busca
na materialidade da internet subsídios para afirmar que a própria lógica de funcionamento
técnico da internet gera sistemas de controle. Obviamente que não são sistemas semelhantes
aos da transmissão em massa, como a TV, que concentra poder na produção e distribuição,
não no consumo. Para internet, sobretudo no atual cenário, a possibilidade é de vetores de

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Talvez para heavy users e nativos digitais haja mais facilidade.
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produção, transmissão e consumo mais horizontais, mas que acabam tendo limitações em sua
própria concepção tecnológica. Steinberg (2004) explica que os sistemas de controle de fluxos
e a própria arquitetura da rede de redes limita, de certo modo, a circulação de conteúdo. Seja
nos endereçamentos de protocolo ou nas conexões estabelecidas por roteadores globais, há
sempre algum tipo de poder concebido. Ora, conexões não se formam sozinhas. Elas precisam
de “impulso”.
Mesmo que se perceba práticas bem descentralizadas, a comunicação na rede ainda
mantém centros de pressão e poder. A materialidade específica da internet não trouxe a ideia
de comunicação global ou o estabelecimento do mito da biblioteca de Alexandria. Por outro
lado, é possível identificar algumas práticas políticas e comunicacionais bem direcionadas e
com propósito marcante, sem filtros nem controles. É o caso dos smart mobs (RHEINGOLD,
2002), que problematizam a questão dos movimentos sociais e, principalmente, questionam a
emissão de poder desses movimentos. Eles se caracterizam por organizar-se em torno de uma
rede complexa de atores sociais, em que uma das características principais é reunião de
identidades culturais distintas sem organização central ou hierárquica. Além disso, há um
resultado efetivo de ações em espaços públicos, de forma física. Esse é um exemplo em que
podemos compreender o caráter potencial da rede em reunir pessoas (o que parece óbvio), ou
seja, a materialidade da internet atua de forma quase que natural em conectar destinos
diferentes, locus de individualidades que, juntas, formam uma coletividade6. Porém, essa
materialidade em si não garante nenhuma atitude política mais organizada. A materialidade
nesse sentido atua em outra dimensão, isto é, ela não determina prática sócio-política, mas sim
permite e condiciona em certo alcance.
f) Interatividade e interação. Vimos na primeira parte desse artigo como se estrutura
a democracia deliberativa, calcada prioritariamente no debate público de idéias. A perspectiva
democrática da internet que mais salta aos olhos, portanto, diz respeito à possibilidade de
interação entre pessoas – que teria como uma das utilizações possíveis a discussão de temas
relacionados à política. E mais: também cria canais de comunicação entre Estado e população,
para que o primeiro informe o que está fazendo e também tenha acesso ao que o segundo
reivindica. Se a informação é unilateral e advinda do centro do poder apenas, então “falta a
esta democracia qualquer sentido de soberania popular que se supere o mero e episódico
exercício eleitoral” (GOMES, 2005b, p. 68).

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O filósofo Pierre Lévy discute a inteligência coletiva em termos de processo social que resulta da conversação
e distribuição do conhecimento em escala global, ligada em rede, resultando em “enriquecimento” mútuo.
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É perceptível nas atuais apropriações da internet que os usuários não têm postura
passiva, como em parte possuem diante da televisão. Web 2.0, mídias locativas,
ciberativismo, wikis, são todas ações típicas do atual momento da rede mundial de
computadores. Basicamente, tudo isso pode ser usado a favor de um maior engajamento
cívico e participação política, pois estamos diante de um meio ainda novo, um working
progress global, que não nos permite “acostumar” com elementos estabelecidos. A acoplagem
humano-tecnologia é reconfigurada a todo momento, mas mantemos uma característica
importante: colaboração. Tal como os primitivos que não conseguem ver um filme e não
participar7 (MCLUHAN, 1962), o usuário da internet é parte dela, assim como ela já se tornou
parte dele.
Obviamente que essa visão tem contrapontos e, no caso do objeto do presente artigo,
também apresenta opositores. Sampaio (2010b) lembra que alguns debates poderiam se
formar à margem de decisões efetivas e “polarizados por posições extremas e acabariam se
tornando trocas de insultos (flames). A competição seria provocativa” (p. 40). Essa não é uma
regra, mas pode se tornar uma prática recorrente em ambientes políticos que são repositórios
de paixões partidárias, como redes sociais e sites de partidos. Mas se pensarmos em outros
dispositivos da web 2.0, constataremos exemplos mais palpáveis em que a criação de uma
rede de contatos pode gerar debates mais aprofundados8.
Andrade (2007) chama atenção para o caráter de conexão global de pessoas e
instituições. Esse aspecto vem ganhando mais forma com a introdução de novos dispositivos
móveis de comunicação, novas ferramentas de geolocalização e redes sociais, que estariam
deslocando o centro de atenção do objeto para as pessoas. A materialidade da internet, no
sentido da democracia, muda o paradigma de consumo do objeto (televisão, rádio, jornal) para
consumo do objeto com outro cidadão.

7
McLuhan (1962), ao analisar o consumo de um filme por uma tribo primitiva, explica que a diferença de
percepção de tempo e espaço deles não permitia que "consumissem" um filme da forma que sociedades iniciadas
na arte faziam. Para os integrantes da tribo, não havia código social formado sobre como assistir a filmes, além
do fato daquela tecnologia ser estranha a seus hábitos. Portanto, a atitude imediata foi a de participação e
imitação do que era visto na tela, isto é, a percepção e tradução da tecnologia foi a da colaboração. Com a
internet, esse parece ser também um caminho para seu próprio entendimento: desde sua criação, sua lógica
remetia à cooperação e ligação em rede, mesmo que para fins completamente diferentes dos de hoje.
8
Iniciativa de engajamento cívico na internet, o Cidade Democrática (www.cidadedemocratica.com.br) se
constitui num exemplo de formação de rede social em torno de discussões sobre problemas locais. É possível
criar perfil, estar em contato com outros cidadãos e cooperar em debates sobre determinada cidade, propor
propostas e apontar problemas. Órgãos das prefeituras e demais entidades políticas também fazem parte da rede.
Além desse, o Adote um Vereador (www.adoteumvereador.net) também cria uma rede de cidadãos, só que de
blogs que fiscalizam as ações de vereadores da cidade de São Paulo.
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g) Oportunidade para vozes minoritárias ou excluídas. Sem barreiras espaciais e
físicas, qualquer grupo social marginalizado pode ganhar “terreno” nos bits da internet, saindo
do gueto para o mundo. Essa perspectiva libertária é uma das bandeiras mais claras da e-
democracia, pois é a partir da ultrapassagem da barreira do desconhecimento que ONGs,
grupos, ativistas e pessoas que estavam à margem da hegemonia comunicacional de massa
podem passar a ser vistas. Assim, Mcluhan (1962) afirma que o meio é a mensagem porque o
usuário é o conteúdo.
E o próprio cidadão é portador da sua mensagem na internet. Se não há projeção
material num meio físico, cada pessoa pode ter seu quinhão cibernético, local de discussões
das mais variadas. O engajamento toma forma a partir de cada usuário, como dito antes, a
partir da conexão de individualidades projetadas em ações políticas em busca de uma causa
em comum. Esses espaços podem não ser latifúndios comparados à grandes conglomerados
de comunicação, mas estão disponíveis para acesso global.
Se a internet sozinha não modifica cultura política de participação (GOMES, 2005b;
SAMPAIO, 2010; BIMBER, 2001), pelo menos acrescenta mais uma camada de
possibilidades informativas e propicia que movimentos sociais se manifestem. O Movimento
Zapatista talvez tenha sido umas das primeiras ações efetivas de manifestação política
utilizando a internet como meio de mobilização e disseminação de informação, assim como
hoje podemos ver movimento de garantia de direitos homessexuais9 se articulando ou até
movimentos em busca do fim da corrupção eleitoral10.

5.0 – Considerações finais


Em linhas gerais, as materialidades da comunicação podem ser usadas para estudos
dos mais variados – inclusive contribuir para a discussão da internet como modificadora de
processos democráticos. Diante de linhas de pesquisas antagônicas, jogamos luz sobre o
assunto a partir dessa perspectiva mais voltada para a cibercultura, embora não haja intenção
em estabelecer resultados definitivos. Isso significa que o presente artigo é mais um esforço
no sentido de entender como a internet potencializa ou enfraquece iniciativas democráticas,
exemplificadas no engajamento cívico.
Mesmo que haja um hiato entre anseios da população e práticas políticas, a internet
não conseguiu se tornar o meio que vai modificar essa situação. Antes vinculada aos meios de

9
http://www.naohomofobia.com.br
10
http://www.mcce.org.br/
12

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comunicação de massa, essa ideia passa a ser vinculada também à internet, pois, como vimos,
ela apresenta algumas características que possibilitam mais comodidade de acesso,
hiperligação de pessoas e instituições públicas, liberdade de expressão, superação dos limites
de tempo e espaço e acesso global à informação. Esse último fator é particularmente
importante para entender como uma característica material de determinada tecnologia pode
ser determinante para mudança de práticas sociais. Ao promover acesso mais fácil, cômodo e
“universal” à informação, a internet pode ser um passo importante para mudança da cultura de
iniciativas e interesse político. Um dos pontos primordiais para participação ou engajamento
político é a obtenção de informação (KEETER et al, 2002), para que ela possa ser processada,
digerida e transformada em atitudes políticas. Uma vez que essa informação está à disposição
como nunca antes esteve, pelo menos a primeira etapa do processo já pode ser realizada.
Naturalmente, esse parece ser um processo lento. Mesmo que cada vez mais tenhamos
pessoas acessando a internet e participando dela, é preciso ainda criar a cultura política
necessária para que esses cidadãos transformem informação em atitudes e práticas em direção
a novas garantias democráticas.

6.0 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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