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limitações1
Rodrigo Carreiro2
Resumo
Diante da discussão acerca das possibilidades democráticas da internet, o presente artigo visa
contribuir para o debate ao abordar a questão da perspectiva das materialidades da
comunicação (GUMBRECHT & PFEIFFER, 1994). Tal linha teórica trata o suporte material
do meio e suas características como determinantes de processos midiáticos, inclusive a
utilização que se faz da internet em busca de novos ideais democráticos, engajamento cívico e
participação política. Para tanto, analisamos tópicos de argumentação das possibilidades
democráticas da internet, dimensionando-os com posicionamentos quanto à materialidade da
internet e da forma como essa pode influenciar a participação política em rede, seja em nível
potencial ou limitador.
1.0 – Introdução
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Artigo científico apresentado ao eixo temático “Políticas, Governança e Regulação da Internet”, do IV
Simpósio Nacional da ABCiber.
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Especialista em convergência midiática e mestrando do PPGCCC (Facom-UFBA). Membro do Grupo de
Pesquisa Comunicação, Internet e Democracia.
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Mcluhan (1962) e seus estudos sobre comunicação também seguem linha parecida.
Para o autor, se o “meio é a mensagem”, então o meio é também definidor de parâmetros
limitadores e potencializadores da informação. O meio vai além da simples transmissão de
mensagem, pois ele permite (ou força) a transformação do ambiente midiático já formado.
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Países como Suíça e Estônia já realizaram eleições on-line, com votação feita via computador pessoal:
http://tek.sapo.pt/noticias/internet/suica_efectua_primeira_votacao_via_internet_c_878449.html;
http://www.dnt.adv.br/noticias/direito-eleitoral/estonia-um-pais-onde-ate-a-votacao-nacional-e-online/.
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Sites do Governo Federal disponibilizam ferramentas que permitem discussões sobre leis a serem aprovadas,
além de realização de audiências públicas on-line, como no: http://www.edemocracia.camara.gov.br.
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Talvez para heavy users e nativos digitais haja mais facilidade.
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O filósofo Pierre Lévy discute a inteligência coletiva em termos de processo social que resulta da conversação
e distribuição do conhecimento em escala global, ligada em rede, resultando em “enriquecimento” mútuo.
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McLuhan (1962), ao analisar o consumo de um filme por uma tribo primitiva, explica que a diferença de
percepção de tempo e espaço deles não permitia que "consumissem" um filme da forma que sociedades iniciadas
na arte faziam. Para os integrantes da tribo, não havia código social formado sobre como assistir a filmes, além
do fato daquela tecnologia ser estranha a seus hábitos. Portanto, a atitude imediata foi a de participação e
imitação do que era visto na tela, isto é, a percepção e tradução da tecnologia foi a da colaboração. Com a
internet, esse parece ser também um caminho para seu próprio entendimento: desde sua criação, sua lógica
remetia à cooperação e ligação em rede, mesmo que para fins completamente diferentes dos de hoje.
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Iniciativa de engajamento cívico na internet, o Cidade Democrática (www.cidadedemocratica.com.br) se
constitui num exemplo de formação de rede social em torno de discussões sobre problemas locais. É possível
criar perfil, estar em contato com outros cidadãos e cooperar em debates sobre determinada cidade, propor
propostas e apontar problemas. Órgãos das prefeituras e demais entidades políticas também fazem parte da rede.
Além desse, o Adote um Vereador (www.adoteumvereador.net) também cria uma rede de cidadãos, só que de
blogs que fiscalizam as ações de vereadores da cidade de São Paulo.
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http://www.naohomofobia.com.br
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http://www.mcce.org.br/
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