INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA GOIANO

CAMPUS MORRINHOS
LICENCIATURA EM QUÍMICA

Leonardo Eleutério da Costa

Prática 2
DIAGRAMA DE SOLUBILIDADE PARA UM SISTEMA TERNÁRIO DE
LÍQUIDOS

Morrinhos – GO
2018
Fundamentação teórica
Dois líquidos puros, ao serem misturados, podem formar uma única fase
homogênea ou duas fases, cada qual com uma composição desses dois líquidos. Isso
acontece devido ao fato de que a mistura busca a formação mais estável. Quando esse
estado é atingido, diz-se que esse sistema encontra-se em equilibro líquido-líquido.
Um estado de equilíbrio termodinâmico, que é buscado por todos os
sistemas, é a qu el e qu e ap r es e nt a u m m í ni m o de E n er gi a Li vr e d e
Gi b bs . Q ua nd o s e m i st u r am du a s substâncias, se define dG como a
diferença da Energia Livre de Gibbs da solução e dos compostos puros. Se for
menor do que zero, forma-se uma solução monofásica homogênea. Caso contrário, a
formação de duas ou mais fases será mais estável.
Um sistema composto por dois ou mais líquidos pode ser homogêneo
ou não de a co rd o co m a c on c e nt r a ç ão d e c ad a c om pon e nt e.
Al guns fa t o re s qu e i nf l u en ci am n a miscibilidade dos líquidos são:
temperatura, pressão e a fração molar de dois componentes.
Uma forma de se analisar em que proporções se pode ter uma mistura
de três com po ne nt e s hom o gên e a é pe l os di a gr am as t ri an gul a re s d e
s ol u bi l i d ad e.
A c om posi ç ã o d e um si st em a t er n á ri o se d á p el as l i nh as
pa r al el as ao s t rê s l a dos do t ri ân gul o q u e s e i nt er c ep t a m no pont o q u e
r ep re s ent a a c om pos i ç ão do si st em a.
No p re s ent e trabalho será estudado o sistema constituído de acetona (C3H6O),
água (H2O) e acetato de etila (C4H8O2).
Á temperatura ambiente, os pares H2O – C3H8O e C4H8O2 – C3H6O são
miscíveis em todas as proporções. Porém, a H2O e o C4H8O2 são parcialmente
miscíveis, e quando misturados podem formar duas fases, uma rica em H2O e outra rica
em C4H8O2.
Objetivo
Realizar um estudo sobre um sistema homogêneo através da construção do
diagrama de fases de um sistema ternário.

Objetivos Específicos
 Construir o diagrama de solubilidade de dois líquidos parcialmente miscíveis e
de um terceiro miscível nos outros dois.
 Verificar experimentalmente a solubilidade de dois líquidos parcialmente
miscíveis (água e acetato de etila) com um terceiro completamente miscível
(acetona) nos outros dois.
 Analisar a solubilidade e as variáveis que interferem neste fenômeno.

Materiais e Reagentes
 Erlenmeyers;
 Béqueres;
 Suporte Universal;
 Garras;
 Agitador Magnético;
 Buretas;
 Pipetas;
 Acetona;
 Água Destilada e
 Acetato de Etila.

Procedimentos Experimentais
1. Montado o sistema para titulação com o uso do suporte universal, garras, bureta
e agitador magnético para dar assim início ao experimento.
2. Com o auxilio de pipetas e béqueres foram coletados as quantidades de acetato
de etila e água destilada, conforme se segue em Tabela 1.
3. Transferido para um erlenmeyer as quantidades coletas de água e acetato de
etila, obtendo assim uma mistura opaca/túrbida.
4. Com a mistura contida no erlenmeyer, a mesma foi levada ao agitador onde a
acetona foi sendo adicionada gota a gota com vigorosa agitação, até a obtenção
de uma mistura límpida (apenas uma fase – solução homogênea).
5. Repetiu-se os procedimentos 2, 3 e 4 para as demais misturas que se segue em
Tabela 1.
6. Aferiu-se temperatura ambiente e pressão atmosférica a que se deu o
experimento.
 Tabela 1 – Volumes de acetato de etila e água usados no procedimento.

VOLUME (cm³)
Mistura
Acetato de etila Água

1 3,0 22,0

2 4,0 21,0

3 6,0 19,0

4 9,0 16,0

5 11,0 14,0

6 14,0 11,0

7 16,0 9,0

8 19,0 6,0

9 20,0 5,0

10 21,0 4,0

11 22,0 3,0

12 23,0 2,0

Resultados e Discussões
Com o sistema de titulação previamente montado pudemos iniciar a prática, com
todo cuidado possível e um bom trabalho de equipe para assim obtermos resultados
confiáveis para análises e discussões.
Coletado as quantidades necessárias, tanto de água como de acetato de etila, para
cada etapa pudemos proceder com a titulação, que se baseou na adição de gota a gota de
acetona com vigorosa agitação sobre a solução turva de água e acetato de etila, até a
obtenção de um sistema límpido/homogêneo.
Para cada mistura, com quantidades diferentes de água e acetato de etila, foram
anotadas as quantidades de acetona gasta para obtenção de um sistema homogêneo,
como se segue em Tabela 2.
Obs.: Tomando o cuidado de sempre completar o interior da bureta com acetona antes
de cada etapa.
 Tabela 2 – Volume de acetona gasto para cada mistura de água e acetato de etila.

VOLUME (cm³)
Mistura
Acetato de etila Água Acetona

1 3,0 22,0 6,5

2 4,0 21,0 7,8

3 6,0 19,0 12,1

4 9,0 16,0 14,9

5 11,0 14,0 16,2

6 14,0 11,0 17,3

7 16,0 9,0 17,5

8 19,0 6,0 16,2

9 20,0 5,0 16,1

10 21,0 4,0 14,4

11 22,0 3,0 13,0

12 23,0 2,0 10,0

Com a adição de porções de acetona sobre a mistura, a mesma se distribui entre

duas fases e provoca uma redistribuição de água e de acetato de etila nas duas fases.
Dessa forma, parte da água da fase aquosa transfere-se para a fase orgânica e vice-versa.
Com essa adição contínua de acetona, as composições das duas fases tendem para
valores semelhantes, a quantidade de umas das fases aumenta e, consequentemente, a da
outra diminui, até que esta se extingue, ficando o sistema constituído por uma única
fase. A partir deste ponto, independentemente da quantidade de acetona adicionada, o
sistema permanece homogêneo.
O experimento se deu a uma temperatura de 29 ºC (302,15 K) e pressão
atmosférica de 1 atm. A acetona e o acetato de etila são dois solventes biodegradáveis e
relativamente pouco agressivos.
Considerando que não houve variações dos volumes de componentes ao serem
misturados, foi possível calcular a composição de cada solução, no ponto em que a
turvação desaparece, em porcentagem de volume, como se segue em Tabela 3, usando
as seguintes expressões matemáticas;

𝑽𝒂𝒄𝒆𝒕𝒂𝒕𝒐
%𝑨𝒄𝒆𝒕𝒂𝒕𝒐 =
𝑽á𝒈𝒖𝒂 + 𝑽𝒂𝒄𝒆𝒕𝒐𝒏𝒂 + 𝑽𝒂𝒄𝒆𝒕𝒂𝒕𝒐
 𝑽á𝒈𝒖𝒂
%Á𝒈𝒖𝒂 =
𝑽𝒂𝒄𝒆𝒕𝒂𝒕𝒐 + 𝑽𝒂𝒄𝒆𝒕𝒐𝒏𝒂 + 𝑽á𝒈𝒖𝒂

𝑽𝒂𝒄𝒆𝒕𝒐𝒏𝒂
%𝑨𝒄𝒆𝒕𝒐𝒏𝒂 =
𝑽𝒂𝒄𝒆𝒕𝒂𝒕𝒐 + 𝑽á𝒈𝒖𝒂 + 𝑽𝒂𝒄𝒆𝒕𝒐𝒏𝒂

Onde podemos considerar que Vacetato+Vágua+Vacetona são iguais aos volumes

totais de cada mistura, respectivamente.

Tabela 3 – % V/V dos três componentes na mistura.

%V/V
Volume Total (cm³)
Acetato+Água+Acetona
Acetato Água Acetona

31,5 9,523809524 69,84126984 20,63492063

32,8 12,19512195 64,02439024 23,7804878

37,1 16,17250674 51,21293801 32,61455526

39,9 22,55639098 40,10025063 37,3433584

41,2 26,69902913 33,98058252 39,32038835

42,3 33,09692671 26,00472813 40,89834515

42,5 37,64705882 21,17647059 41,17647059

41,2 46,11650485 14,5631068 39,32038835

41,1 48,66180049 12,16545012 39,17274939

39,4 53,29949239 10,15228426 36,54822335

38 57,89473684 7,894736842 34,21052632

35 65,71428571 5,714285714 28,57142857

 O diagrama abaixo mostra os resultados e as conseqüentes análises.

Diagrama 1 – Diagrama de Fases do sistema ternário formado por

acetona – água – acetato de etila.

1 fase

2 fases

A curva do diagrama mostra a miscibilidade da mistura (água+acetona+acetato)

durante o processo, a área do lado abaixo da curva indica os pontos onde a mistura não é
homogênea, ou seja, tem-se duas fases distintas. Consequentemente, a área do lado
acima da curva apresenta os intervalos onde tem-se apenas uma fase, ou seja, os pontos
em que o sistema/mistura é homogêneo(a).
E quanto aos graus de liberdade do sistema representados por pontos acima e
abaixo da curva de miscibilidade? E as variáveis necessárias para descrever estes
sistemas?

Podemos calcular os graus de liberdade do sistema através da Regra de Fases de Gibbs:

F=C–P+2
Onde:
F = graus de liberdade
C = nº de componentes do sistema
P = nº de fases que coexistem no sistema.

Assim, acima da curva de miscibilidade, temos:

C = 3 componentes
P = 1 fase
F=C–P+2
F=3–1+2

F=4

Isto implica que podemos alterar quatro variáveis do sistema (pressão, temperatura,
composição da água e percentagem de composição do acetato de etila).

Já quanto para a área abaixo da curva, temos:

C = 3 componentes
P = 2 fases

F=C–P+2
F=3–2+2

F=3

Isto implica que podemos alterar três variáveis do sistema (pressão ou temperatura,
porcentagem da composição da acetona e da água).
O ponto no gráfico onde 20% do volume da solução corresponde a acetona e
60% corresponde ao volume de água, é identificado no Diagrama 1. Nesse ponto, a
mistura é heterogênea, isso significa que, a concentrações abaixo de 20% de acetona,
em solução, não é possível obter um sistema miscível.
A partir da densidade da acetona (0,79g/cm³) e da água (1g/cm³) calculou-se a
massa relativa de ambas na solução, através da expressão;
𝒎
𝝆=
𝑽
𝒎=𝝆×𝑽
Para a água, temos;

𝑚á𝑔𝑢𝑎 = 𝜌á𝑔𝑢𝑎 × 𝑉á𝑔𝑢𝑎

𝑚á𝑔𝑢𝑎 = 1𝑔/𝑐𝑚³ × 20𝑐𝑚³

𝒎á𝒈𝒖𝒂 = 𝟐𝟎𝒈
Para a acetona, temos;

𝑚𝑎𝑐𝑒𝑡𝑜𝑛𝑎 = 𝜌𝑎𝑐𝑒𝑡𝑜𝑛𝑎 × 𝑉𝑎𝑐𝑒𝑡𝑜𝑛𝑎

0,79𝑔
𝑚𝑎𝑐𝑒𝑡𝑜𝑛𝑎 = × 6,5 𝑐𝑚³
𝑐𝑚3
𝒎𝒂𝒄𝒆𝒕𝒐𝒏𝒂 = 𝟓, 𝟏𝟑𝟓𝒈

Conclusão
A partir do experimento de um sistema líquido ternário e da construção do
diagrama ternário para os devidos componentes (água, acetato de etila e acetona) foi
possível observar que quando o sistema possuía apenas água + acetato de etila, a
solução era heterogênea, possuindo assim duas fases distintas, já que a água e o acetato
de etila são imiscíveis um no outro, e na medida em que a acetona foi sendo adicionada
com vigorosa agitação, a mistura passou-se a ser homogênea. Com isso foi possível
concluir na prática, que quando se tem dois líquidos imiscíveis entre si, se pode
adicionar um terceiro líquido (acetona) no qual os dois líquidos iniciais (água e acetato
de etila) são miscíveis.

Referência
Castellan, Gilbert W. Físico-química; tradução /de/ Luiz Carlos Guimarães, Rio de
Janeiro, LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1984.
Roteiro de Prática – Diagrama de solubilidade para um sistema ternário de líquidos.
Sistema Origin 8.