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Tecnologia dos Vidros

Nome: Gabriela Bugni Ribeiro RA: 744383

Aula 4 - Matérias-Primas e Fusão


O calcário mesmo muito puro é escuro, pela presença de matéria orgânica.
Os vidros convencionais geralmente têm o nome de ‘Soda-Calsílica’ pois os três principais
componentes são: Sílica (areia), Cálcio (calcário) e Sódio (barrilha).

- CHUMBO:
“Cristais” são vidros com alto teor de Chumbo (Teor de PbO > 24%).
Características do vidro ‘cristal’: Densidade elevada; alto índice de refração (brilho); sonoridade;
‘baixa’ temperatura de fusão; difícil de homogeneizar (pois SiO2 tem baixa densidade e o PbO alta);.
Aplicações: Artístico e de mesa; Bloqueadores de radiação em hospitais e usinas nucleares (são
opacos ao raio X e raio Gama); Telas de TV antiga; Vidros ópticos.
Dificuldades: Precisa de uma atmosfera e o banho muito oxidantes durante a fusão (senão reduz a
forma metálica de Pb). Os nitratos são usados para tornar esses banhos com bastante oxigênio
disponível (por exemplo, parte do carbonato de sódio é substituído por nitrato de sódio)
Marcas que fabricam vidros cristais: Boehmia e Swarovski sendo esse último um vidro muito bom
com qualidade óptica (não tem quase defeitos – bolhas, cordas). Eles fazem vidros transparentes e
coloridos com a mesma qualidade. A MP mais usada é o Zarcão (Pb3O4).

- ZINCO:
Características: Aumenta o índice de refração (é parecido com o cálcio, mas é mais pesado, então
eleva o índice de refração); melhora a resistência química; aumenta a dureza; diminui a dilatação
térmica, diminui a viscosidade em altas temperaturas (facilita o refino).
Fontes: Smithsonita (ZnCO3), Zincita (ZnO) ou produtos preparados da indústria química (A MP que
se usa, vai depender da pureza que se quer).

- FLUORETOS:
Características: Ação fluidificante (com pouca adição de fluoretos a viscosidade diminui muito – age
quebrando as ligações da estrutura tridimensional dos tetraedros formando oxigênios nonbrigding);
Opacificante (deixa o vidro opaco - branco - com concentração acima de 4%) substituindo pratos
cerâmicos que são muito pesados.
Problema: Flúor tem uma baixíssima pressão de vapor (é difícil mantê-lo dentro do vidro), e o flúor é
muito reativo então forma ácido fluorídrico com facilidade acarretando num grave problema
ambiental. Acontece o mesmo dentro dos fornos, então é muito agressivo para os refratários.
Fontes: Criolita (Na2AlF6), Calcita (CaF2), Fluoreto de Alumínio (AlF3) ou Fluoreto de Sódio (NaF).

- CORANTES: elementos que dão cor ou que descolorem o vidro. (A cor depende do estado de
oxidação do íon).
Para tirar a cor verde que o ferro da no vidro normalmente se usam selénio e cobalto (quantidades
muito pequenas, é difícil homogeneizar na mistura).
Os principais cromóforos são aqueles que tem estados de oxidação variáveis (dependendo do estado
de oxidação aquele elemento dá uma cor diferente ao vidro). Por isso o banho deve ser redutor ou
oxidante dependendo da cor desejada (isso não é trivial).
Tabela: oxidação do íon e sua cor.

- AGENTES DE REFINO: facilitam o processamento (não tem função nas propriedades finais dos
produtos). Ajuda a tirar os gases do interior do vidro, não deixando bolhas ou defeitos e tornando a
mistura mais homogênea.
Principais agentes de refino: Sulfato de sódio (mais utilizado), NaCl (usado para fazer vidros
borosilicatos), antimónio e arsênio, sendo os dois últimos muito usado na indústria de cristal e vidro
óptico.

- FUSÃO
O processo de fusão de um vidro não é trivial e ainda é muito pouco estudado. São muitas matérias
primas diferentes e as reações e cinéticas entre as MPs são distintas. TM de um vidro é a faixa de
temperaturas desde a fusão do primeiro componente até a fusão do último, formando um líquido
viscoso.
Para um vidro, não existe uma temperatura fixa de fusão (é uma faixa muito ampla), onde ocorre
uma série de reações químicas e fusões (congruente (não forma peritético, ou seja, uma composição
sólida ao ser aquecida forma líquido) ou incongruente (formação de peritético, ou seja, uma
composição sólida ao ser aquecida forma líquido + sólido)).
A partir de 350 a 400°C já começa esse processo entre as MP’s e vai até 1300 – 1400°C para a
completa formação de líquido (dependendo da composição química).

- Diagrama de equilíbrio - noções básicas:


Eutético: Líquido => Sólido (A) + Sólido (B) - surge por imiscibilidade de alguns átomos na solução
vítrea, porém isso tem um limite de solubilidade, ao ser atingido forma-se o eutético.
Peritético (fusão incongruente): Sólido (AB) => Líquido + Sólido (A) - componente químico está fora
do campo primário.
No eutético, quando um sólido é aquecido e passa pelo ponto eutético ele se transforma em líquido.
No peritérico ao ser aquecido, o sólido se transforma parte em líquido e parte continua num outro
sólido.
Regra da alavanca - Relação linear que Calcula: quantidade de fases e suas composições químicas. É
uma regra linear e vale para qualquer ponto do diagrama por respeita a proporcionalidade estre as
fases independente da escala.
Regra da alavanca.

Diagrama de equilíbrio ternário: Esse diagrama é tridimensional, mas para trabalhar com ele tem
que se esquecer uma das dimensões e transformar o mesmo em bidimensional.
Para ter um ponto invariante (eutético) tem que ter 4 fases em equilíbrio (não mais 3 como
acontecia no diagrama binário).
Cada diagrama ternário é uma isoterma, ou seja, a temperatura é fixa (metáfora de uma pessoa
olhando de cima do avião curvas de nível no solo), isso transforma o diagrama em 2D.
Campo primário α: Faixa de composição que quando resfria o líquido forma primeiro a fase α.
Campo primário β: Faixa de composição que quando resfria o líquido forma primeiro a fase β.
O líquido começa a surgir a partir da temperatura do eutético coexistindo com o sólido até a linha
liquidus (e sua composição química vai variando até chegar na linha). O mesmo raciocínio podemos
ter com o resfriamento.
Com 3 fases, para aplicar a regra da alavanca surge um triângulo, onde cada vértice corresponde a
100 % daquele elemento (ou líquido, ou α, ou β).

- Linhas de Aikemade determinam os Triângulos de Compatibilidade: determina as fases finais de


equilíbrio (importante antes de fazer uma composição). Qualquer composição química que está
dentro de um triângulo vai formar as 3 fases dos vértices e o líquido só vai terminar no eutético que
conecta as 3 fases.

- Etapas de formação de vidro: 1) Aquecimento da mistura de MPs; 2) Transformações cristalinas; 3)


Desidratação; 4) Decomposição dos carbonatos; 5) Decomposição dos sulfatos; 6) Reações no estado
sólido; 7) Reações com fase líquida; 8) Fusão dos produtos das reações; 9) Dissolução dos restos de
fases sólidas (sílica).
Os fundentes se fundem em baixa temperatura e tem baixa viscosidade (exemplo do sódio que
reage no estado sólido com a sílica e na interface entre eles forma um metasilicato que tem baixo
ponto de fusão) – o que favorece as reações - e só em temperaturas mais altas que a sílica se funde
aumentando a viscosidade do vidro (uma matéria prima de sílica muito fina, se funde mais
facilmente deixando gases no interior líquido).

- Forno:
 Zona de fusão: Num forno, a zona de fusão é aproximadamente de 1/3 do comprimento,
todas as MPs se fundem ali. O aquecimento é feito em cima por chamas, por esse motivo, há
gradientes de temperatura no interior do forno e isso é imprescindível para o
funcionamento do mesmo, porque cria fluxos e correntes que fazem homogeneizar o
líquido. A formação de líquido sempre acontece na superfície e há um perfil de
temperaturas.
 Zona de Refino: Tem a função de tirar as bolhas do interior da mistura já fundida. É uma área
grande pois o líquido tem alta viscosidade após a zona de fusão.
 Garganta: Ponto estreito para apenas o vidro (sem bolhas) passar.
 Acondicionamento térmico: Zona que dá a temperatura certa de trabalho para o vidro ser
moldado em produtos.

O ar presente na mistura das MPs e no começo do líquido é importante para gerar o gradiente
térmico (pois ele é isolante) e faz as reações químicas acontecerem pelas duas superfícies e o
fundido escorre “como um rio” liberando esses gases.

- Reações:

As reações entre Na2O-SiO2-CO2 formam compostos no eutético de menor ponto de fusão, que
reagem com a sílica novamente formando compostos de menor ponto de fusão ainda, que reagem
novamente com a sílica formando outros compostos no eutético com um ponto de fusão menor
ainda.
Esse mesmo processo acontece com outras matérias primas como entre CaO-SiO2-CO2, só que
nesse caso a temperatura que começa as reações no estado sólido são mais altas, a partir de 1000 a
1200°C.
No caso das transformações entre Na2O-CaO-SiO2-CO2. Quando mistura as 3 MPs as primeiras
reações são entre os carbonatos (de sódio e cálcio) - na interface entre os grãos dos 2 carbonatos
que estão em contato.

A fusão congruente acontece quando a fase está no campo primário dela. Quando não, é um
indicativo de fusão incongruente (formação de peritético).

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