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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

PÓS GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

Resenha Crítica de Caso Rede de Atenção Psicossocial: qual o lugar da


saúde mental?
Brenda Mirelly Almeida Nunes

Trabalho da disciplina: Clínica da Atenção Psicossocial

Tutor: Prof. ALINE MONTEIRO GARCIA

Remanso

2021

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Rede de Atenção Psicossocial: qual o lugar da saúde mental?

Brenda Mirelly Almeida Nunes1

DIAS, Paulo, SALETE, Maria, BATISTA, Túlio. Rede de Atenção Psicossocial:


qual o lugar da saúde mental?. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro.
2014. 253-271.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
73312014000100253&lang=pt
Acesso em: 04 de fevereiro 2020

Apresentação do Artigo
O artigo “Rede de atenção Psicossocial: qual o lugar da saúde mental” consta
sobre o estudo qualitativo realizado na Rede de Atenção Integral à Saúde Mental do
município de Sobral, onde os resultados demostram que os serviços de saúde
mental convivem com diferentes arranjos em rede, operando por uma diversidade de
dispositivos de cuidado o que possibilita a negociação de projetos terapêuticos
menos medicalizantes. Obtendo o objetivo de levantar discursões sobre interações
estabelecidas entre níveis de complexidade do sistema de saúde na atenção à
saúde mental e compreender a conformação da rede de atenção à saúde mental do
município.
Através da Reforma Sanitária brasileira, foi possível a criação dos Centros de
Atenção Psicossocial, que se organizam agregando os diferentes níveis de atenção
à saúde, proporcionando maior aplicabilidade das ações locais, favorecendo o
surgimento de experiências exitosas nos diversos setores da saúde. Com tudo,
devido à alta complexidade dos problemas de saúde, que envolvem não só as
demandas dos pacientes, mas também a produtividade e organização dos
trabalhadores de saúde, as redes se tornam uma prerrogativa para o seu
funcionamento, sendo, portanto, inerentes ao trabalho voltado ao cuidado da saúde.
Desta forma, é necessário não só levar em consideração ações do Sistema Único de

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Bacharel em Psicologia, pós graduada em Psicologia Hospitalar, pós graduanda em Saúde Mental e
Atenção Psicossocial. Email: psi.brendaalmeida@gmail.com

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Saúde (SUS), pois tal questão, envolve muitos outros sistemas, assim como
políticas públicas e o Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
A formação de rede se deu pelo importante movimento de descentralização
da saúde no Brasil, implementando ações locais e estabelecendo setores de saúde
em seus diversos níveis de atenção, como regionalização e hierarquização. Essas
ações, foram introduzidas por procedimentos normativos, que ocorrem de maneira
engessada e rígida, sem possibilidade de flexibilização, com intuito de organizar o
fluxo das pessoas via sistema. Por ser um sistema totalmente baseado em um
modelo piramidal, ocorre um enrijecimento da atenção à saúde, pois há um alto nível
de complexidade no sistema de saúde, que ordena o fluxo dos pacientes de forma
desorganizada, sem avaliação técnica de um profissional para a necessidade de
assistência de saúde de forma individualizada para os usuários. Desta forma, a
realidade mostra como o sistema piramidal interfere no processo de adoecimento,
ocasionando uma complexidade ainda maior na da qualidade e prestação do serviço
de saúde para a sociedade.
Diante desta realidade, como estratégia para a melhoria do sistema, foi
levantado a sugestão do modelo circular, tendo o diferencial de não apontar, não
existir hierarquia e que funciona de forma horizontal, excluindo a gradação de níveis
hierárquicos verticais. É necessário levar em consideração que o sistema precisa
funcionar de acordo com as necessidades de seus usuários e não apenas de forma
preestabelecida, na qual os usuários é que precisam se adequar.
Por tanto, é necessário compreender a existência de um tipo de rede que se
compõe sem modelo, que não parte de algo engessado e estruturado, e sim,
baseado no trabalho das equipes de saúde, pois, são os trabalhadores operando a
rede mediante aos fluxos. Com o único objetivo do cuidado em saúde e resolver os
problemas de saúde dos usuários, através de encaminhamentos realizados,
procedimentos partilhados, projetos terapêuticos que procuram consistência no
trabalho multiprofissional.
Os centros de Atenção Psicossocial é um dos serviços mais eficientes para a
superação do modelo manicomial, por serem comunitários, estarem inseridos em
determinada cultura e em um território definido com dificuldades, problemas e
potencialidades. Além disso, se articula com ações de saúde mental em rede junto à

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atenção básica (Programa Saúde da Família – PSF), ambulatórios, leitos de
internação em hospitais gerais e ações de suporte e reabilitação psicossocial. E não
fazem parte da lógica de hierarquização, se organizando em diferentes níveis de
atenção em saúde em uma só unidade e em questões importantes do SUS.
No município de Sobral, as organizações dos serviços de saúde mental se
aproximam-se de um modelo des-hierarquizado, pois em suas redes, possibilitam
surgimento de espaços para criar conexões e fluxos que são produzidos pelos
próprios trabalhadores em seus cotidianos, estabelecendo o critério de liberdade do
trabalho vivo no ato. Na cidade, existem diferentes serviços de saúde mental, com
diversos níveis de complexidade do sistema de saúde, as equipes multiprofissionais
articulam tais serviços a demanda de acordo com as necessidades dos usuários
demandantes de assistência, oferecendo um serviço de qualidade e organizado.
Desde modo, a atenção à saúde de Sobral viabiliza o cuidado integral dos
seus usuários realizando articulações de seus serviços, o de saúde mental com toda
a rede assistencial de saúde. Tal gerenciamento possibilita consequentemente
articulações com os múltiplos setores da sociedade e ajuda a desconstruir a ideia
segundo a qual a pessoa com transtorno mental precisa ser cuidada apenas num
espaço restrito a ela
Considerações Finais
Conforme o estudo demostrou, as redes formadas dentro do sistema de saúde
têm expressão no meio social, mediante diversos agenciamentos, possibilitando o
surgimento de novos modos de relação onde cada sujeito está inserido. Desta
forma, o artigo traz evidências que, para uma boa prestação de serviço em saúde é
necessário mudar as formas de organização de saúde mental, fruto da
reestruturação do setor no Brasil.
O artigo demostra o modelo de estrutura piramidal da rede e seus prejuízos e
desorganização do serviço de saúde, o que interfere diretamente em um serviço de
baixa qualidade aos usuários da assistência de saúde. Colocando então em
proposta o gerenciamento das redes de atenção à saúde do município do Sobral,
que obtém um modelo de des-hierarquizado, que traz benefícios e impacta
diretamente no processo de adoecimento dos usuários e na forma do trabalho da

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equipe. Sendo então esclarecido a necessidade de avaliação dos serviços de saúde
Mental na perspectiva da forma de trabalho já existentes.

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