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Universidade Federal do Ceará (UFC)

Departamento de Engenharia hidráulica e Ambiental (DEHA)


Fenômenos de transporte - TD0943
Profa. Samiria Maria Oliveira da Silva

Atividade 03 – Escoamento interno e externo


1. Calcule a perda de carga ocorrida no escoamento abaixo dado as seguintes premissas (2,0
pontos):
• O fluxo é constante e incompressível;
• Os efeitos de entrada são insignificantes;
• O tubo não envolve componentes como curvas, válvulas e conectores. 4 A seção de tubulação
não envolve dispositivos de trabalho, como bombas e turbinas.
• A densidade e a viscosidade dinâmica do fluido são dadas como ρ = 999,7 kg/m³ e μ = 1,307 ×
10-3 kg/m⋅s.

Solução:
Os efeitos da entrada são insignificantes, assim, o escoamento é totalmente desenvolvido
𝑠𝑉𝐷 (999,7)(1,2)(2 𝑥 10−3 )
𝑅𝑒 = = = 1836
𝜇 1,307 𝑥 10−3
64 64
Laminar, 𝑓 = 𝑅 = 1836 = 0,0349
𝑒

𝐿 −𝑠𝑉² 15 𝑚 (999,7). (1,2) 1 𝐾𝑁 1 𝐾𝑃𝑎


∆𝑃 = ∆𝑃𝐿 = 𝑓 = 0,0349 . .( )( )
𝐷 2 0,002 𝑚 2 1000 𝐾𝑔. 𝑚/𝑠 1 𝐾𝑁/𝑚²
= 188 𝐾𝑃𝑎

∆𝑃𝐿 𝐿 𝑉² 15 𝑚 (1,2)²
∆𝐻 = 𝜌𝑔
= 𝑓𝐷 2𝑔
= 0,0349 .
0,002 2 𝑥 (9,81)

∆𝐻 = 19,2 𝑚

2. Considere a instalação mostrada a seguir em ferro fundido com leve oxidação (ε=0,30 mm)
com um diâmetro de 50 mm. Considere que nas singularidades existentes as perdas de carga são as
seguintes: entrada e saída da tubulação (K = 1,0), cotovelo 90º (K=0,90), curvas de 45º (K=0,2) e
registro aberto (K=5,0). Use a equação de Darcy-Weisbach (Equação Universal) para determinar a
vazão transportada pela instalação. Considere que o registro está totalmente aberto e que a viscosidade
cinemática equivale a 10-6. (2,0 pontos).
Solução:
A perda de carga entre os dois reservatórios é igual a:
∆𝐻 = 50 − 45 = 5 𝑚
Essa perda de carga é resultado das perdas localizadas e distribuídas ao londo da tubulação,
podendo ser expressa como:

∆𝐻 = (∆𝐻𝑒𝑛𝑡𝑟 + ∆𝐻cot 90º + 2∆𝐻curv 45º + ∆𝐻𝑟𝑒𝑔 + ∆𝐻𝑠𝑎𝑖𝑑 ) + ∆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑡


𝑙𝑜𝑐

𝑣2
∆𝐻 = (𝑘𝑒𝑛𝑡𝑟 + 𝑘cot 90º + 2𝑘curv 45º + 𝑘𝑟𝑒𝑔 + 𝑘𝑠𝑎𝑖𝑑 ) + ∆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑡
2𝑔
Usando a equação universal (Darcy-Weisbach):
𝑣2 𝐿 𝑣2
∆𝐻 = (𝑘𝑒𝑛𝑡𝑟 + 𝑘cot 90º + 2𝑘curv 45º + 𝑘𝑟𝑒𝑔 + 𝑘𝑠𝑎𝑖𝑑 ) +𝑓
2𝑔 𝐷 2𝑔
𝐿 𝑣2
∆𝐻 = (𝑘𝑒𝑛𝑡𝑟 + 𝑘cot 90º + 2𝑘curv 45º + 𝑘𝑟𝑒𝑔 + 𝑘𝑠𝑎𝑖𝑑 + 𝑓 )
𝐷 2𝑔
Substituindo:
(2 + 13 + 15 + 25) 𝑣2
5 = (1 + 0,9 + 2 × 0,2 + 5 + 1 + 𝑓 )
0,05 2 × 9,81
𝑣2
5 = (8,3 + 900𝑓 )
2 × 9,81

98,1
𝑣=√
8,3 + 900𝑓

(1 ponto)
Observe que para calcular a vazão, basta calcular a velocidade média e multiplicá-la pela área da
seção. No entanto não se pode calcular o valor de 𝑓 acima pois este depende de 𝑅𝑒 que por sua
vez depende de 𝑣. Poderíamos fazer as substituições necessárias para obtermos uma equação de
uma única variável (𝑣), mas como a expressão de 𝑓 é complexa, não conseguiríamos isolar 𝑣 na
equação, demandando algum processo numérico para a sua resolução.
Uma outra estratégia é adotar um valor inicial para 𝑓, calcular 𝑣 e atualizar o valor de 𝑓
iterativamente até obter a convergência de 𝑣. Assim, adotando 𝑓 = 0,01:
98,1
𝑣=√ = 2,38 𝑚/𝑠
8,3 + 900 × 0,01

Para atualizar o valor de 𝑓, calcula-se 𝑅𝑒:


𝑣𝐷 2,38 × 0,05
𝑅𝑒 = = = 119000
𝜈 10−6
Usando a equação de Swamee-Jain:
0,25
𝑓=
𝜀 5,74 2
[𝑙𝑜𝑔 (
3,71𝐷 𝑅𝑒 0,9 )]
+

Lembre que 𝜀 e 𝐷, devem estar na mesma unidade


0,25
𝑓= 2 = 0,033
0,3 5,74
[𝑙𝑜𝑔 ( + )]
3,71 × 50 1190000,9
Assim:

98,1
𝑣=√ = 1,61 𝑚/𝑠
8,3 + 900 × 0,033

𝑣𝐷 1,61 × 0,05
𝑅𝑒 = = = 80500
𝜈 10−6
0,25
𝑓= 2 = 0,033
0,3 5,74
[𝑙𝑜𝑔 ( + )]
3,71 × 50 805000,9

98,1
𝑣=√ = 1,61 𝑚/𝑠
8,3 + 900 × 0,033

Ou seja, 𝑣 converge para 1,61 𝑚/𝑠


𝜋𝐷 2 𝜋0,052
𝑄=𝑣 = 1,61 = 3,1 × 10−3 𝑚3 /𝑠 = 3,1 𝐿/𝑠
4 4
(1 ponto)

3. Qual o efeito do carenamento no (a) arrasto de atrito (0,5 pontos) e (b) arrasto de pressão (0,5
pontos)? O arrasto total agindo sobre um corpo necessariamente diminui como resultado do
carenamento? Explique (0,5 pontos)
Solução: Como resultado do carenamento:
(a) o arrasto de atrito aumenta por aumentar a área superficial;
(b) o arrasto de pressão diminui retardando a separação da camada limite devido a redução da
diferença de pressão; e,
(c) o arrasto total diminui em altos números de Reynolds (o caso geral), mas aumenta em números
de Reynolds muito baixos (fluxo progressivo) desde que o arrasto de atrito domine em números de
Reynolds baixos.
O carenamento pode reduzir significativamente o arrasto geral em um corpo com alto número de
Reynolds.
4. Durante um experimento com alto número de Reynolds, a força de arrasto total agindo sobre
um corpo esférico de diâmetro D=12cm submetido a um fluxo de ar a 1 atm e 5ºC é medida resultando
em 5,2N. O arrasto de pressão agindo sobre o corpo é calculado integrando-se a distribuição de
pressão (medida usando sensores de pressão através da superfície) resultando em 4,9N. Determine o
coeficiente de arrasto de atrito da esfera. Considere ρ = 1.269 kg/m³, 𝜐 = 1.382 × 10−5 m²/s. O
coeficiente de arrasto da esfera em fluxo turbulento é CD = 0.2 e a área frontal da esfera é A= πD²/4.
(2,0 pontos)
Solução:

𝐹𝑑,𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 = 𝐹𝐷 − 𝐹𝐷,𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 = 5.2 − 4.9 = 0.3𝑁


𝜌𝑉² 𝜌𝑉²
Quando, 𝐹𝐷 = 𝐶𝐷 𝐴 𝑒 𝐹𝐷,𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 = 𝐶𝐷,𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 𝐴
2 2

Tomando a razão das duas relações temos:

𝐹𝐷,𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 0.3 𝑁
𝐶𝐷,𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 = 𝐶𝐷 = (0.2) = 0.0115
𝐹𝐷 5.2 𝑁

5. Uma lata de lixo de 0,80m de diâmetro e 1,1m de altura foi encontrada de manhã tombada
devido a ventos fortes durante a noite. Supondo que a densidade média do lixo que estava dentro de
150kg/m³ e considerando a densidade do ar como 1,25kg/m³, calcule a velocidade do vento durante
a noite quando a lata de lixo foi tombada. Considere o coeficiente de arrasto da lata de lixo como 0,7.
A densidade do ar é dada como ρ = 1,25 kg/m³ e a média da densidade do lixo dentro da lata é de 150
kg/m³. (2,5 pontos)

Solução 1 – H=1,2m
O volume e peso do lixo são:
𝜋𝐷 2 𝜋(0.80𝑚)2
∀= [ ]𝐻 = [ ] (1.2𝑚) = 0.6032𝑚3
4 4
𝑚 3) (
1𝑁 𝑚
𝑊 = 𝑚𝑔 = 𝜌𝑔∀= (150 𝑘𝑔/𝑚³) (9,81 ) ( 0.6032𝑚 . ) = 887.6𝑁
𝑠2 1𝑘𝑔 𝑠 2
Quando a lata de lixo é derrubada pela primeira vez, a borda do lado carregado pelo vento da lata
estará fora do chão e, portanto, todos os as forças de reação do solo agirão do outro lado. Tomando o
momento sobre um eixo que passa pelo contato ponto e defini-lo igual a zero dá a força de arrasto
necessária para ser,
𝐷 𝑊𝐷 (887.6𝑁)(0.80𝑚)
∑ 𝑀𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑡𝑜 = 0 → 𝐹𝐷 𝑥(𝐻/2) − 𝑊𝑥 ( ) = 0 → 𝐹𝐷 = = = 591.7𝑁
2 𝐻 1.2𝑚
Tomando que a área frontal é DH, a velocidade do vento causará uma força de arraste, definida por:
1.25𝑘𝑔 2
𝜌𝑉 2 ( ) 𝑣 1𝑁 𝑚
2) 𝑚3
𝐹𝐷 = 𝐶𝐷 𝐴 ( )(
→ 591.7 = 0.7 1.2𝑥0.8𝑚 ( . )→
2 2 1𝑘𝑔 𝑠 2
𝑚
𝑉 = 37.5 𝑜𝑢
𝑠
V = 37.5 x 3.6 = 135 km/h
A análise acima mostra que sob as suposições declaradas, a velocidade do vento em algum momento
excedeu 135km/h. Mas não podemos dizer quão alta foi a velocidade do vento. Essas análises e
previsões são comumente usadas em engenharia forense.
Solução 1 – H=1,1m
𝜋𝐷 2 𝜋(0.80𝑚)2
∀= [ ]𝐻 = [ ] (1.1𝑚) = 0,553𝑚3
4 4
𝑘𝑔 𝑚 1𝑁 𝑚
𝑊 = 𝑚𝑔 = 𝜌𝑔∀= (150 3
) (9,81 2 ) (0,553𝑚3 ) ( . ) = 813,74𝑁
𝑚 𝑠 1𝑘𝑔 𝑠 2
𝐷 𝑊𝐷 (813,74𝑁)(0.80𝑚)
∑ 𝑀𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑡𝑜 = 0 → 𝐹𝐷 𝑥(𝐻/2) − 𝑊𝑥 ( ) = 0 → 𝐹𝐷 = = = 591.81𝑁
2 𝐻 1.1𝑚
Tomando que a área frontal é DH, a velocidade do vento causará uma força de arraste, definida por:
1.25𝑘𝑔 2
𝜌𝑉 2 ( ) 𝑉 1𝑁 𝑚
2 𝑚3
𝐹𝐷 = 𝐶𝐷 𝐴 → 591.81 = (0.7)(1.1𝑥0.8𝑚 ) ( . )→
2 2 1𝑘𝑔 𝑠 2
𝑚
𝑉 = 39,20 𝑜𝑢 𝟏𝟒𝟏, 𝟏𝟐 𝐤𝐦/𝐡
𝑠

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