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A HISTÓRIA DA SAÚDE

1
Sumário

NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 3

AS PRÁTICAS DE SAÚDE AO LONGO DA HISTÓRIA E O


DESENVOLVIMENTO DAS PRÁTICAS DE ENFERMAGEM ............................ 4

DESENVOLVIMENTO DAS PRÁTICAS DE SAÚDE DURANTE OS


PERÍODOS HISTÓRICOS ................................................................................. 9

ENFERMAGEM MODERNA .................................................................. 13

PRIMEIRAS ESCOLAS DE ENFERMAGEM ......................................... 19

UMA VISÃO HISTÓRICA DA SAÚDE BRASILEIRA ............................. 20

A SITUAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA NOS PRIMÓRDIOS DA TERRA DE


SANTA CRUZ .................................................................................................. 22

A VINDA DA FAMÍLIA REAL E OS PRIMEIROS INCREMENTOS NA


ÁREA DA SAÚDE ............................................................................................ 24

A SAÚDE PÚBLICA APÓS A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL .............. 27

AS INICIATIVAS NA SAÚDE PÚBLICA COM O ADVENTO DA


REPÚBLICA ..................................................................................................... 30

O INÍCIO DAS POLÍTICAS SANITÁRIAS NO BRASIL .......................... 31

AS REVOLTAS POPULARES E O SURGIMENTO DAS CAIXAS DE


APOSENTADORIAS E DAS PENSÕES (CAPS) ............................................. 38

O GOVERNO GETÚLIO VARGAS E OS PRIMEIROS INSTITUTOS DE


APOSENTADORIA E PENSÃO ....................................................................... 38

A SAÚDE PÚBLICA NOS ANOS 50 ...................................................... 41

OS EQUÍVOCOS NA SAÚDE PÚBLICA NO REGIME AUTORITÁRIO. 43

AS REIVINDICAÇÕES POPULARES E O ANSEIO PELA


UNIVERSALIZAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA .................................................... 44

O PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA NO


BRASIL............................................................................................................. 47

1
A VIII CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE E O SURGIMENTO DO
SUS .................................................................................................................. 52

ENTIDADES DE CLASSE ..................................................................... 60

RESUMO- PONTOS IMPORTANTES ................................................... 66

REFERÊNCIAS ..................................................................................... 70

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história, inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a instituição, como entidade
oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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AS PRÁTICAS DE SAÚDE AO LONGO DA HISTÓRIA
E O DESENVOLVIMENTO DAS PRÁTICAS DE
ENFERMAGEM

 PERÍODO PRÉ-CRISTÃO

No período Pré-Cristão as doenças eram tidas como um castigo de


Deus ou resultavam do poder do demônio. Por isso os sacerdotes ou
feiticeiras acumulavam funções de médicos e enfermeiros. O tratamento
consistia em aplacar as divindades, afastando os maus espíritos por meio de
sacrifícios. Usavam-se: massagens, banho de água fria ou quente, purgativos,
substâncias provocadoras de náuseas. Mais tarde os sacerdotes adquiriram
conhecimentos sobre plantas medicinais e passaram a ensinar pessoas,
delegando-lhes funções de enfermeiros e farmacêuticos. Alguns papiros,
inscrições, monumentos, livros de orientações política e religiosas, ruínas de
aquedutos e outras descobertas nos permitem formar uma ideia do tratamento
dos doentes.

 EGITO

Os egípcios deixaram alguns documentos sobre a medicina conhecida em


sua época. As receitas médicas deviam ser
tomadas acompanhadas da recitação de fórmulas
religiosas. Praticava-se o hipnotismo, a
interpretação de sonhos; acreditava-se na
influência de algumas pessoas sobre a saúde de
outras. Havia ambulatórios gratuitos, onde era
recomendada a hospitalidade e o auxílio aos
desamparados.

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 ÍNDIA

Documentos do século VI a.C. nos dizem que os hindus conheciam:


ligamentos, músculos, nervos, plexos, vasos linfáticos, antídotos para alguns
tipos de envenenamento e o processo digestivo. Realizavam alguns tipos de
procedimentos, tais como: suturas, amputações, trepanações e corrigiam
fraturas. Neste aspecto o budismo contribuiu para o desenvolvimento da
enfermagem e da medicina. Os hindus tornaram-se conhecidos pela
construção de hospitais. Foram os únicos, na época, que citaram
enfermeiros e exigiam deles qualidades morais e conhecimentos
científicos. Nos hospitais eram usados músicos e narradores de histórias para
distrair os pacientes. O bramanismo fez decair a medicina e a enfermagem, pelo
exagerado respeito ao corpo humano - proibia a dissecação de cadáveres e o
derramamento de sangue. As doenças eram
consideradas castigo.

 PALESTINA

Moisés, o grande legislador do povo hebreu,


prescreveu preceitos de higiene e exame do doente: diagnóstico, desinfecção ,
afastamento de objetos contaminados e leis sobre o sepultamento de cadáveres
para que não contaminassem a terra. Os enfermos , quando viajantes, eram
favorecidos com hospedagem gratuita.

 ASSÍRIA E BABILÔNIA

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Entre os assírios e babilônios existiam penalidades para médicos
incompetentes, tais como: amputação das mãos, indenização, etc. A medicina
era baseada na magia - acreditava-se que sete demônios eram os causadores
das doenças. Os sacerdotes-médicos vendiam talismãs com orações usadas
contra os ataques dos demônios. Nos documentos assírios e babilônicos não
há menção de hospitais, nem de enfermeiros. Conheciam a lepra e sua cura
dependia de milagres de Deus, como no episódio bíblico do banho no rio Jordão.
"Vai, lava-te sete vezes no Rio Jordão e tua carne ficará limpa".(II Reis: 5, 10-
11).

Figura : Aqui Naamã começa a ficar com o coração preparado para receber o milagre de Deus.
Fonte: soestudobiblico.com.br

 CHINA

Os doentes chineses eram cuidados por sacerdotes. As doenças


eram classificadas da seguinte maneira: benignas, médias e graves. Os
sacerdotes eram divididos em três categorias que correspondiam ao grau da
doença da qual se ocupava. Os templos eram rodeados de plantas medicinais.
Os chineses conheciam algumas doenças: varíola e sífilis. Procedimentos:
operações de lábio. Tratamentos: anemias, indicavam ferro e fígado;
verminoses, tratavam com determinadas raízes; sífilis, prescreviam mercúrio;
doenças da pele, aplicavam o arsênico. Anestesia: ópio. Construíram alguns
hospitais de isolamento e casas de repouso. A cirurgia não evoluiu devido a
proibição da dissecação de cadáveres.

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 JAPÃO

Os japoneses aprovaram e estimularam a eutanásia. A medicina era


fetichista e a única terapêutica era o uso de águas termais.

 GRÉCIA

As primeiras teorias gregas se prendiam à mitologia. Apolo, o deus sol,


era o deus da saúde e da medicina. Usavam sedativos, fortificantes e
hemostáticos, faziam ataduras e retiravam corpos estranhos, também tinham
casas para tratamento dos doentes. A medicina era exercida pelos sacerdotes-
médicos, que interpretavam os sonhos das pessoas. Tratamento: banhos,
massagens, sangrias, dietas, sol, ar puro, água pura mineral. Dava-se valor à
beleza física, cultural e a hospitalidade, contribuindo para o progresso da
Medicina e da Enfermagem. O excesso de respeito pelo corpo atrasou os
estudos anatômicos. O nascimento e a morte eram considerados impuros,
causando desprezo pela obstetrícia e abandono de doentes graves. A medicina
tornou-se científica, graças a Hipócrates, que deixou de lado a crença de que as
doenças eram causadas por maus espíritos. Hipócrates é considerado o Pai da
Medicina. Observava o doente, fazia diagnóstico, prognóstico e a terapêutica.
Reconheceu doenças, tais como: tuberculose, malária, histeria, neurose,
luxações e fraturas. Seu princípio fundamental na terapêutica consistia em "não
contrariar a natureza, porém auxilia-la a reagir". Tratamentos usados:
massagens, banhos, ginásticas, dietas, sangrias, ventosas, vomitórios,
purgativos e calmantes, ervas medicinais e medicamentos minerais.

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“ Considerado pai da medicina, Hipócrates, um grego natural de ilha de Cós, estabeleceu
as bases para o desenvolvimento da medicina até tempos muito recentes.”

 ROMA

A medicina não teve prestígio em Roma. Durante muito tempo era


exercida por escravos ou estrangeiros. Os romanos eram um povo,
essencialmente guerreiro. O indivíduo recebia cuidados do Estado como cidadão
destinado a tornar-se bom guerreiro, audaz e vigoroso. Roma distinguiu-se pela
limpeza das ruas, ventilação das casas, água pura e abundante e redes de
esgoto. Os mortos eram sepultados fora da cidade, na via Ápia. O
desenvolvimento da medicina dos romanos sofreu influência do povo grego.

 Cristianismo

O cristianismo foi a maior revolução social de todos os tempos. Influiu


positivamente através da reforma dos
indivíduos e da família. Os cristãos
praticavam uma tal caridade, que movia os
pagãos: "Vede como eles se amam".
Desde o início do cristianismo os pobres e
enfermos foram objeto de cuidados
especiais por parte da Igreja. Pedro, o
apóstolo, ordenou diáconos para
socorrerem os necessitados. As

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diaconisas prestavam igual assistência às mulheres. Os cristãos até então
perseguidos, receberam no ano 335 pelo Edito de Milão, do imperador
Constantino, a liberação para que a Igreja exercesse suas obras assistenciais e
atividades religiosas.

Houve uma profunda modificação na assistência aos doentes - os


enfermos eram recolhidos às diaconias, que eram casas particulares, ou aos
hospitais organizados para assistência a todo tipo de necessitados.

DESENVOLVIMENTO DAS PRÁTICAS DE SAÚDE


DURANTE OS PERÍODOS HISTÓRICOS

SUBDIVISÃO DO PERÍODOS RELACIONADOS COM A MUDANÇA


DAS PRÁTICAS DE SAÚDE:

• As práticas de saúde instintivas - caracteriza a prática do cuidar nos


grupos nômades primitivos, tendo como pano-de-fundo as concepções
evolucionista e teológica. Neste período as práticas de saúde, propriamente
ditas, num primeiro estágio da civilização, consistiam em ações que garantiam
ao homem a manutenção da sua sobrevivência, estando na sua origem,
associadas ao trabalho feminino. Com o evoluir dos tempos, constatando que o
conhecimento dos meios de cura resultavam em poder, o homem, aliando este
conhecimento ao misticismo, fortaleceu tal poder e apoderou-se dele. Observa-
se que a Enfermagem está em sua natureza intimamente relacionada ao cuidar
das sociedades primitivas.

• As práticas de saúde mágico-sacerdotais - aborda a relação mística


entre as práticas religiosas e as práticas de saúde primitivas desenvolvidas pelos
sacerdotes nos templos. Este período corresponde à fase de empirismo,
verificada antes do surgimento da especulação filosófica que ocorre por volta do
século V a.C.

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Essa prática permanece por muitos séculos desenvolvida nos templos
que, a princípio, foram simultaneamente santuários e escolas, onde os conceitos
primitivos de saúde eram ensinados.

Posteriormente, desenvolveram-se escolas específicas para o ensino da


arte de curar no sul da Itália e na Sicília, propagando-se pelos grandes centros
do comércio, nas ilhas e cidades da costa. Naquelas escolas pré-hipocráticas,
eram variadas as concepções acerca do funcionamento do corpo humano, seus
distúrbios e doenças, concepções essas que, por muito tempo, marcaram a fase
empírica da evolução dos conhecimentos em saúde.

O ensino era vinculado à orientação da filosofia e das artes e os


estudantes viviam em estreita ligação com seus mestres, formando as famílias,
as quais serviam de referência para mais tarde se organizarem em castas.

Quanto à Enfermagem, as únicas referências concernentes à época em


questão estão relacionadas com a prática domiciliar de partos e a atuação pouco
clara de mulheres de classe social elevada que dividiam as atividades dos
templos com os sacerdotes.

• As práticas de saúde no alvorecer da ciência - relaciona a evolução


das práticas de saúde ao surgimento da filosofia e ao progresso da ciência,
quando estas então se baseavam nas relações de causa e efeito. Inicia-se no
século V a.C., estendendo-se até os primeiros séculos da Era Cristã. A prática

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de saúde, antes mística e sacerdotal, passa agora a ser um produto desta nova
fase, baseando-se essencialmente na experiência, no conhecimento da
natureza, no raciocínio lógico - que desencadeia uma relação de causa e efeito
para as doenças - e na especulação filosófica, baseada na investigação livre e
na observação dos fenômenos, limitada, entretanto, pela ausência quase total
de conhecimentos anatomofisiológicos.

Essa prática individualista volta-se para o homem


e suas relações com a natureza e suas leis imutáveis.
Este período é considerado pela Medicina grega como
período hipocrático, destacando a figura de Hipócrates
que como já foi demonstrado no relato histórico, propôs
uma nova concepção em saúde, dissociando a arte de
curar dos preceitos místicos e sacerdotais, através da
utilização do método indutivo, da inspeção e da
observação. Não há caracterização nítida da prática de
Enfermagem nesta época.

• As práticas de saúde monástico-medievais - Focaliza a influência dos


fatores socioeconômicos e políticos do medievo e da sociedade feudal nas
práticas de saúde e as relações destas com o cristianismo. Esta época
corresponde ao aparecimento da Enfermagem como prática leiga, desenvolvida
por religiosos e abrange o período medieval compreendido entre os séculos V e
XIII. Foi um período que deixou como legado uma série de valores que, com o
passar dos tempos, foram aos poucos legitimados e aceitos pela sociedade
como características inerentes à Enfermagem. A abnegação, o espírito de
serviço, a obediência e outros atributos que dão à Enfermagem, não uma
conotação de prática profissional, mas de sacerdócio.

• As práticas de saúde pós monásticas - evidencia a evolução das


práticas de saúde e, em especial, da prática de Enfermagem no contexto dos
movimentos Renascentistas e da Reforma Protestante. Corresponde ao período
que vai do final do século XIII ao início do século XVI A retomada da ciência, o

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progresso social e intelectual da Renascença e a evolução das universidades
não constituíram fator de crescimento para a Enfermagem.

Enclausurada nos hospitais religiosos, permaneceu empírica e


desarticulada durante muito tempo, vindo desagregar-se ainda mais a partir dos
movimentos de Reforma Religiosa e das conturbações da Santa Inquisição. O
hospital, já negligenciado, passa a ser um insalubre depósito de doentes, onde
homens, mulheres e crianças coabitam as mesmas dependências, amontoados
em leitos coletivos. Sob exploração deliberada, o serviço doméstico - pela queda
dos padrões morais que o sustentava- tornou-se indigno e sem atrativos para as
mulheres de casta social elevada Esta fase tempestuosa, que significou uma
grave crise para a Enfermagem, permanece por muito tempo e apenas no limiar
da revolução capitalista é que alguns movimentos reformadores, que partiram
principalmente de iniciativas religiosas e sociais, tentam melhorar as condições
do pessoal a serviço dos hospitais.

• As práticas de saúde no mundo moderno - analisa as práticas de


saúde e, em especial, a de Enfermagem, sob a ótica do sistema político-
econômico da sociedade capitalista. Ressalta o surgimento da Enfermagem
como prática profissional institucionalizada. Esta análise inicia-se com a
Revolução Industrial no século XVI e culmina com o surgimento da Enfermagem
moderna na Inglaterra, no século XIX.

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Fonte: https://costasouzalorenavi.wixsite.com/

ENFERMAGEM MODERNA

O avanço da Medicina vem favorecer a


reorganização dos hospitais. É na reorganização
da Instituição Hospitalar e no posicionamento do
médico como principal responsável por esta
reordenação, que vamos encontrar as raízes do
processo de disciplinarização e seus reflexos na
Enfermagem, ao ressurgir da fase sombria em que
esteve submersa até então.

A evolução crescente dos hospitais não melhorou, entretanto, suas


condições de salubridade. Diz-se mesmo que foi a época em que estiveram sob
piores condições, devido principalmente à predominância de doenças infecto-
contagiosas e à falta de pessoas preparadas para cuidar dos doentes. Os ricos
continuavam a ser tratados em suas próprias casas, enquanto os pobres, além
de não terem esta alternativa, tornavam-se objeto de instrução e experiências
que resultariam num maior conhecimento sobre as doenças em benefício da
classe abastada.

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É neste cenário que a Enfermagem passa a atuar, quando Florence
Nightingale é convidada pelo Ministro da Guerra da Inglaterra para trabalhar
junto aos soldados feridos em combate na Guerra da Criméia.

PERÍODO FLORENCE NIGHTINGALE

Nascida a 12 de maio de 1820, em Florença, Itália, era filha de ingleses.


Possuía inteligência incomum, tenacidade de propósitos, determinação e
perseverança - o que lhe permitia dialogar com políticos e oficiais do Exército,
fazendo prevalecer suas idéias. Dominava com facilidade o inglês, o francês, o
alemão, o italiano além do grego e latim. No desejo de realizar-se como
enfermeira, passa o inverno de 1844 em Roma, estudando as atividades das
Irmandades Católicas. Em 1849 faz uma viagem ao Egito e decide-se a servir a
Deus, trabalhando em Kaiserswert, Alemanha, entre as diaconisas. Decidida a
seguir sua vocação, procura completar seus conhecimentos que julga ainda
insuficientes. Visita o Hospital de Dublin dirigido pelas Irmãs de Misericórdia,
Ordem Católica de Enfermeiras, fundada 20 anos antes. Conhece as Irmãs de
Caridade de São Vicente de Paulo, na Maison de la Providence em Paris.

Aos poucos vai se preparando para a sua grande missão. Em 1854, a


Inglaterra, a França e a Turquia declaram guerra à Rússia: é a Guerra da
Criméia. Os soldados ingleses acham-se no maior abandono. A mortalidade
entre os hospitalizados é de 40%. Florence partiu para Scutari com 38
voluntárias entre religiosas e leigas vindas de diferentes hospitais. Algumas das

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enfermeiras foram despedidas por incapacidade de adaptação e principalmente
por indisciplina.

Florence é incomparável: estende sua atuação desde a organização do


trabalho, até os mais simples serviços como a limpeza do chão. Aos poucos,
os soldados e oficiais um a um começam a curvar-se e a enaltecer esta incomum
Miss Nightingale. A mortalidade decresce de 40% para 2%. Os soldados fazem
dela o seu anjo da guarda e ela será imortalizada como a "Dama da Lâmpada"
porque, de lanterna na mão, percorre as enfermarias, atendendo os doentes.
Durante a guerra contrai tifo e ao retornar da Criméia, em 1856, leva uma vida
de inválida. Impossibilitada de exercer seus trabalhos físicos, dedicou-se a
formação da escola de enfermagem em 1859 na Inglaterra, onde já era
reconhecida no seu valor profissional e técnico, recebendo prêmio concedido
através do governo inglês. Fundou a Escola de Enfermagem no Hospital Saint
Thomas, com curso de um ano, que era ministrado por médicos com aulas
teóricas e práticas.

Hospital de Kaiserswerth na Alemanha, onde Florence estudou contra a vontade de seus


pais - Foto: Kastin Diskcat

DEDICA-SE PORÉM, COM ARDOR, A TRABALHOS INTELECTUAIS.

Pelos trabalhos na Criméia, recebe um prêmio do Governo Inglês e,


graças a este prêmio, consegue iniciar o que para ela é a única maneira de
mudar os destinos da Enfermagem - uma Escola de Enfermagem em 1859.

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Após a guerra, Florence fundou uma escola de Enfermagem no Hospital
Saint Thomas, que passou a servir de modelo para as demais escolas que foram
fundadas posteriormente. A disciplina rigorosa, do tipo militar, era uma das
características da escola nightingaleana, bem como a exigência de qualidades
morais das candidatas. O curso, de um ano de duração, consistia em aulas
diárias ministradas por médicos.

Nas primeiras escolas de Enfermagem o médico foi, de fato, a única


pessoa qualificada para ensinar. A ele cabia então decidir quais das suas
funções poderia colocar nas mãos das enfermeiras Florence morre a 13 de
agosto de 1910, deixando florescente o ensino de Enfermagem. Assim a
Enfermagem surge não mais como uma atividade empírica, desvinculada do
saber especializado, mas como uma ocupação assalariada que vem atender a
necessidade de mão-de-obra nos hospitais, constituindo-se como uma prática
social institucionalizada e específica.

JURAMENTO DA FLORENCE:

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O CONCEITO BÁSICO MAIS CARACTERÍSTICO DOS TRABALHOS
ESCRITOS POR FLORENCE NIGHTINGALE

O controle do ambiente surge como o conceito principal nos escritos de


Nightingale, considerando as condições e influências externas que afetam a vida
e o desenvolvimento do organismo, capazes de anteceder, eliminar ou contribuir
para a saúde, doença e morte.

O meio ambiente engloba os elementos externos ao paciente que afetam


a saúde do mesmo e o processo de cura.

Dentre estes elementos, segundo Florence, destacam-se os que se


seguem:

 Ventilação: provisão de ar fresco, sem correntes de ar. Florence


dizia que “conservar o ar que o paciente respira tão puro quanto o ar exterior,
sem deixá-lo sentir frio é o primeiro e último princípio sobre o qual a atenção da
enfermeira deve fixar-se, sem o que todo o restante que possa fazer por ele não
terá nenhum valor...”
 Iluminação: os doentes têm, depois do ar puro, a necessidade de
iluminação, “e não é apenas a claridade que desejam, mas a luz solar direta”.

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 Calor: a enfermeira deve observar atentamente o paciente a fim de
evitar que ele se resfrie, prevenindo a perda de calor vital, essencial à
recuperação.
 Limpeza: refere-se ao ambiente, pois, um quarto sujo é fonte certa
de infecções, ao paciente, de quem a higiene cuidadosa “remove matérias
nocivas do sistema”. Além de proporcionar alívio e conforto, à enfermeira, que
“deve estar sempre limpa” e deve “ter o cuidado de lavar as mãos
frequentemente durante o dia”.
 Ruídos: elemento ambiental para o qual a enfermeira deve estar
atenta e qualquer sacrifício é válido para assegurar o silêncio, pois nem um bom
arejamento, nem uma boa assistência serão benéficos para o doente, sem o
necessário silêncio.
 Odores: o odor resultante da doença deve ser removido do corpo.
Ao ventilar-se o quarto do doente, deve-se evitar o ar proveniente de esgoto; os
utensílios de quarto devem ser mantidos limpos, livres de odores e guardados
em local apropriado.
 Alimentação: essencial ao processo de cura, deve ser
minuciosamente observada pela enfermeira.

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Célebre pintura de Florence na Crimeia cuidando dos feridos. Fonte: http://ulbra-
to.br/encena/2013/12/04/Enfermeira-Florence-a-Dama-da-Lâmpada

PRIMEIRAS ESCOLAS DE ENFERMAGEM

Apesar das dificuldades que as pioneiras da Enfermagem tiveram que


enfrentar, devido à incompreensão dos valores necessários ao desempenho da
profissão, as escolas se espalharam pelo mundo, a partir da Inglaterra. Nos
Estados Unidos a primeira Escola foi criada em 1873.

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Em 1877 as primeiras enfermeiras diplomadas começam a prestar
serviços a domicílio em New York. As escolas deveriam funcionar de acordo com
a filosofia da Escola de Florence Nightingale, baseada em quatro idéias-chave:

1. O treinamento de enfermeiras deveria ser considerado tão importante


quanto qualquer outra forma de ensino e ser mantido pelo dinheiro público. ter

2. As escolas de treinamento deveriam uma estreita associação com os


hospitais, mas manter sua independência financeira e administrativa.

3. Enfermeiras profissionais deveriam ser responsáveis pelo ensino no


lugar de pessoas não envolvidas em Enfermagem.

4. As estudantes deveriam, durante o período de treinamento, ter


residência à disposição, que lhes oferecesse ambiente confortável e agradável,
próximo ao hospital.

SISTEMA NIGHTINGALE DE ENSINO

As escolas conseguiram sobreviver graças aos pontos essenciais


estabelecidos:

1º. Direção da escola por uma enfermeira.

2º. Mais ensino metódico, em vez de apenas ocasional.

3º. Seleção de candidatos do ponto de vista físico, moral, intelectual e


aptidão profissional.

UMA VISÃO HISTÓRICA DA SAÚDE BRASILEIRA

A História da Saúde Pública no Brasil tem sido marcada por sucessivas


reorganizações administrativas e edições de muitas normas. Da instalação da
colônia até a década de 1930, as ações eram desenvolvidas sem significativa
organização institucional. A partir daí iniciou-se uma série de transformações, ou
melhor, foram criados e extintos diversos órgãos de prevenção e controle de
doenças, culminando, em 1991, com a criação da Fundação Nacional de Saúde.

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No que concerne à saúde preventiva, ao longo de toda a existência, o
Brasil enfrentou diversas dificuldades institucionais e administrativas decorrentes
do limitado desenvolvimento científico, tecnológico e industrial, bem como pela
expansão da assistência médica, atrelada à lógica do mercado. Mas, também,
principalmente, pelo lento processo de formação de uma consciência dos direitos
de cidadania.

Desde a década de 1960, ocorreu intensa publicação de normas para


acompanhar o aumento da produção e consumo de bens e serviços, surgindo
conceitos e concepções de controle. Regulamentou-se a iodação do sal, águas
de consumo humano e serviços. Reformou-se o laboratório de análises, surgindo
o Instituto Nacional de Controle da Qualidade em Saúde (INCQS), que recebeu
um grande estímulo pela implantação do Programa Nacional de Imunização, cuja
execução requeria o controle sanitário de vacinas.

No movimento pela redemocratização do país, cresceram os ideais pela


reforma da sociedade brasileira, com o envolvimento de diversos atores sociais,
sujeitos coletivos e pessoas de destaque. Sanitaristas ocuparam postos
importantes no aparelho de estado. A democratização na saúde fortaleceu-se no
movimento pela Reforma Sanitária, avançando e organizando suas propostas na
VIII Conferência Nacional de Saúde, de 1986, que conferiu as bases para a
criação do Sistema Único de Saúde.

Naquele evento, os participantes denunciavam os desmandos na saúde


e clamavam por ações de garantia dos direitos da população.

O movimento social reorganizou-se na última Constituinte, com intensa


luta travada pela afirmação dos direitos sociais. Em 1988, nova ordem jurídica,
assentada na Constituição, define o Brasil um Estado Democrático de Direito,
proclama a saúde direito de todos e dever do estado, estabelecendo canais e
mecanismos de controle e participação social para efetivar os princípios
constitucionais que garantem o direito individual e social.

Além do Sistema Único de Saúde, outros sujeitos de direito que requerem


proteção específica também foram reconhecidos, assim como os povos
indígenas, crianças e adolescentes, deficientes físicos, etc. Inegavelmente, a
sociedade brasileira deu um passo significativo em direção à cidadania. É

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preciso, porém, reconhecer que a proteção e a promoção à saúde são de
responsabilidade pública, ou seja, de competência de todos os cidadãos do país,
o que implica participação e controle social permanentes.

A SITUAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA NOS


PRIMÓRDIOS DA TERRA DE SANTA CRUZ

O modelo de atenção à saúde no Brasil resultou, desde o seu início, de


trocas e apropriações de experiências entre europeus, índios e africanos,
particularmente no que tange à prática médica (PÔRTO, 2006). Com o processo
de expansão marítima europeia, iniciado nos séculos XV e XVI, ocorreu um
significativo aumento na circulação de mercadorias e contatos entre os povos,
mas também houve uma verdadeira “união microbiana” com um novo trânsito de
doenças entre territórios distintos.

Com a chegada dos portugueses à Terra de Santa Cruz, um mundo novo


e desafiante se formava em relação às enfermidades. Aqui, juntaram-se à
malária, doença tropical, até então desconhecida para os europeus, aquelas
trazidas pelos colonizadores, como peste bubônica, cólera e varíola e,
posteriormente, com a chegada dos africanos, a filariose e a febre amarela. Um
cenário preocupante foi-se desenhando, pois era frágil o conhecimento acerca
da transmissão e do controle ou tratamento dessas novas doenças. Diferentes
intervenções ou visões sobre as moléstias surgiam a cada momento.

A diversidade racial, presente no Brasil desde a sua colonização,


possibilitava um leque de opções de tratamentos, pois os índios, os
colonizadores e posteriormente os negros, eram detentores de conhecimentos
próprios para lidar com as enfermidades. Essas culturas, a partir de suas
cosmovisões, ofereciam procedimentos terapêuticos peculiares para as
moléstias que ocasionalmente os acometiam.

Desse modo, rezas, feitiços, plantas e ervas nativas, eram utilizados


rotineiramente por pajés, na população indígena, e por curandeiros, na
população negra, únicas forma de acesso à saúde para a maioria da população.

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Algumas técnicas foram introduzidas aos poucos. Para quem poderia
custear, havia a figura do prático ou barbeiro, que utilizava procedimentos
avançados para a época, como sangria ou aplicação de sanguessugas, técnicas
utilizadas por médicos europeus. Também da Europa, os Jesuítas trouxeram a
prática médica da disciplina e do isolamento, para o tratamento dos doentes.

Os portugueses não demoraram a implantar o modelo das Santas Casas


de Misericórdia. As primeiras apareceram na capitania hereditária de São
Vicente, em 1543, por Braz Cubas e em Salvador, em 1549, por iniciativa de
Tomé de Souza. Na medida em que avançava a colonização, foram criadas
outras unidades semelhantes pelos Senhores chamados “homens bons”,
associados às Irmandades da Misericórdia, sociedades civis constituídas por
pessoas de posses, geralmente católicas, que se propunham a realizar
determinadas obras sociais.

No entanto, o cenário era de descaso para com a saúde. A mão de obra


nesse início de colonização advinha da escravização indígena. Dessa forma, a
assistência à saúde praticamente não apresentou mudanças com a chegada da
nova mão de obra escrava, oriunda do continente africano. As pessoas adoeciam
e morriam em suas casas, em instituições filantrópicas ou simplesmente ao léu,
como morrem os animais (CAMPINAS, 2004).

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 Em Portugal, os almotacéis eram encarregados da saúde do povo, com o


papel de verificar os gêneros alimentícios e destruir os que estavam em
más condições. Ao Brasil-Colônia eram extensivas a legislação e as
práticas vigentes em Portugal.

23
A VINDA DA FAMÍLIA REAL E OS PRIMEIROS
INCREMENTOS NA ÁREA DA SAÚDE

O trópico atraía a atenção do colonialismo, mas os empreendimentos


comerciais eram ameaçados pelas doenças transmissíveis endêmicas e
epidêmicas, sendo raros os médicos que atuavam junto à população. Em
meados do século XVII uma profunda crise demográfica ocorreu no Brasil devido
a uma epidemia de sarampo, abalando a incipiente economia colonial. Após esse
fato, as epidemias passaram a receber a atenção governamental, sobretudo em
razão dos prejuízos causados à política econômica, pois os navios estrangeiros
passaram a evitar os nossos portos com medo do contágio (CAMPINAS, 2004).

Com a chegada da família real ao Brasil, em 1808, incorporou-se o caráter


de ação denominado de Polícia Médica, originário da Alemanha do século XVIII.

Essa concepção propunha a intervenção nas condições de vida e saúde


da população, com o propósito de vigiar e controlar o aparecimento de
epidemias. Tratava-se de um controle-profilaxia, de vigilância da cidade, para
controlar as instalações de minas e cemitérios, o comércio do pão, vinho e carne.

Nesse sentido, as primeiras ações de saúde pública no Brasil colônia


foram: proteção e saneamento das cidades, principalmente as portuárias;
controle e observação das doenças e doentes, promovendo uma prática mais
eficaz no controle das moléstias. Essas ações denotavam a preocupação com a

24
saúde da cidade e dos produtos que eram comercializados, pois a assistência
ao trabalhador se resumia na prática da quarentena, para evitar a propagação
das doenças (BAPTISTA, 2007).

A transferência da família Real para o Brasil, em 1808, ocorreu em um


período em que o mundo científico evoluía, inclusive a medicina. Nesta área,
foram importantes os avanços no estudo da anatomia e a descoberta do
microscópio, que precedeu a revolução pasteuriana (SCLIAR, 2007). Nesse
contexto, foram dados os primeiros passos da medicina tropical com a criação
de Faculdades de Medicina em Salvador e no Rio de Janeiro, cidades portuárias
que recebiam o maior número de navios e de escravos (PÔRTO, 2006).

A concepção adotada, sobre as causas das doenças baseava-se na


teoria miasmática, que concebia as emanações de elementos do meio físico
como seus agentes responsáveis, considerados insalubres porque ainda não se
conhecia a existência dos microrganismos.

Considerava-se que o ar era o principal causador de doenças, pois


carregava gases pestilenciais oriundos de matéria orgânica em putrefação. Essa
matéria em decomposição resultaria de águas estagnadas nos pântanos, para
onde seriam carreadas substâncias animais e vegetais de cemitérios
localizados, na maioria das vezes, no centro das cidades, “infeccionando o ar”.
Os serviços de saúde, organizados à semelhança de Portugal, tinham sua
atenção voltada para a profilaxia das moléstias epidêmicas, baseada no
saneamento do meio.

Para combater esses males, propunha-se a urbanização da cidade, com


aterros de pântanos, demarcação de ruas e lugares de construção, implantação
de rede de água e esgoto, organização dos cemitérios, criação de normas
higiênicas para enterro dos mortos, etc.

Outra causa a que se atribuía a doença seria a circulação das pessoas e


mercadorias pelos portos. Para evitá-la, propõe-se a criação de um lazareto para
quarentena dos escravos portadores de moléstias epidêmicas e cutâneas. Essas
ações de profilaxia das moléstias transmissíveis consistiam, fundamentalmente,
na fiscalização rigorosa das embarcações que poderiam trazer a peste ou outras
moléstias epidêmicas, o que viria a constituir a vigilância sanitária dos portos. A

25
depender das moléstias que trouxessem ou do número de óbitos ocorridos a
bordo, procedia-se à quarentena dos navios, dos indivíduos ou dos doentes nos
“Lazaretos”. Somente a autoridade sanitária poderia conceder a essas pessoas
visto de entrada na cidade.

Aqui, já aparece a preocupação com o indivíduo, esboçando-se a noção


de caso, além da vigilância da cidade já citada. Sobre essa noção de caso,
fundamentam-se, progressivamente, ações restritas ao indivíduo portador:
isolamento do paciente, seu controle, manipulação e até punição.

Pavilhões destinados aos passageiros de terceira classe no Lazareto da Ilha Grande,


instalado nas antigas fazendas do Holandês e de Dois Rios, situadas na enseada do Abraão no
Rio de Janeiro. Disponível em: http://mapa.an.gov.br/index.php/menu-de-categorias-2/275-
lazareto-da-ilha-grande

1808

 Criação da primeira organização nacional de saúde pública no Brasil. E


em 27 de fevereiro foi criado o cargo de Provedor-Mor de Saúde da Corte
e do Estado do Brasil, embrião do Serviço de Saúde dos Portos, com
delegados nos estados.

 Alvará sobre regimentos e jurisdição do Físico-Mor e Cirurgião-Mor e seus


delegados (Alvará de 23/11/1808).

1810

 No ano de 1810, o Alvará de 22 de janeiro determina a construção de


Lazareto para quarentena de viajantes e ancoradouro especial para

26
embarcações suspeitas, inclusive com taxas públicas para este serviço
de saúde. Trata-se de um dos primeiros regulamentos para o controle
sanitário de pessoas/viajantes, cargas/mercadorias e embarcações nos
portos no Brasil.

A SAÚDE PÚBLICA APÓS A INDEPENDÊNCIA DO


BRASIL

Após a Independência do Brasil, em 1822, D. Pedro II determinou a


criação de órgãos para inspecionar a saúde pública, como forma de evitar
epidemias e melhorar a qualidade de vida da população. Também foram
adotadas medidas voltadas para o saneamento básico.

No final do século XIX e início do XX, a cidade do Rio de Janeiro contou


com diversas ações de saneamento básico e campanha de vacinação contra a
varíola.

Ainda nessa época, o esgoto corria a céu aberto e o lixo não tinha o
destino adequado, assim, a população estava sujeita a uma série de doenças.

Durante o período do Brasil Império (1822 a 1889), foram realizadas ações


de combate específico a determinadas doenças transmissíveis. A vacina contra
a varíola foi descoberta. Passou-se a identificar os agentes causadores de
doenças. Foi o período da era bacteriológica.

De acordo com artigo sobre modelo bacteriológico a programação em


saúde (1889-1983), o Modelo Bacteriológico data do
período de 1889-1925. Ademais, conforme o livro "O
território e o processo saúde-doença”, no final do século
XIX, com o auxílio do microscópio, o químico francês Louis
Pasteur, estudando as falhas na fermentação de vinhos e
cervejas, observou que microorganismos tinham um papel
fundamental neste processo. Portanto, a era bacteriológica

27
surgiu com as descoberta de Pasteur no final do século XIX.

O francês Louis Pasteur (1822-1895) foi o primeiro cientista a admitir que a varíola era causada
por micro-organismos (Fonte: Fiocruz).

Como consequência da redução da importância do meio na ocorrência


das doenças, característico da teoria miasmática, progressivamente, as ações
tornam-se mais restritas ao indivíduo portador, para o qual seriam dirigidas as
ações de controle. Além da utilização do isolamento do paciente, este seria
objeto de intervenção dos serviços de saúde da época.

Em síntese, No período imperial, temos a superação da teoria miasmática


(focada no meio ambiente) e incorporação da era bacteriológica (centrada no
agente etiológico das doenças).

1837

 Ficou estabelecida a imunização compulsória das crianças contra a

varíola.

1846

 Obedecendo o mesmo critério de luta contra as epidemias, foi

organizado o Instituto Vacínico do Império.

 Mandou executar o regulamento do Instituto Vacínico do Império

(Decreto nº 464, de 17/8/1846).

Segunda metade do século XIX

 A Revolução Industrial determinou uma profunda repercussão na

estrutura social da humanidade e sobre a saúde pública. Além disso, a revolução


trouxe consequências graves, pois as populações foram deslocadas das
pequenas comunidades rurais e trazidas em massa para os centros urbanos em
formação, o que criou condições propícias aos graves surtos de doenças
epidêmicas.

1850

28
 Até esse ano, período as atividades de Saúde Pública estavam limitadas
a: delegação das atribuições sanitárias às Juntas Municipais; controle de
Navios e Saúde dos Portos e Autoridades Vacinadoras contra a varíola.

1851

 Regulamentação da lei que criou a Junta Central de Higiene Pública,


subordinada ao Ministro do Império.

 Abriu ao Ministério do Império um crédito extraordinário para


despesas com providências sanitárias tendentes a atalhar o progresso da febre
amarela a prevenir o seu reaparecimento e a socorrer os enfermos necessitados
(Decreto nº 752, de 8/1/1851).

 Mandou executar o regulamento do registro dos nascimentos e óbitos


(Decreto nº 798, de 18/6/1851).

 Abriu ao Ministério do Império um crédito extraordinário para as


despesas com a epidemia de bexigas, na província do Pará e em outras (Decreto
nº 826, de 26/9/1851).

 Mandou executar o regimento da junta de Hygiene Pública (Decreto


nº 828, de 29/9/1851);

 Abriu ao Ministério do Império um crédito extraordinário para as


despesas com a junta de Hygiene Pública naquele exercício (Decreto nº 835, de
3/10/1851).

1878

 Tornou-se obrigatória a desinfecção terminal dos casos de morte por


doenças contagiosas, a critério da autoridade sanitária.

 Tratou de providências sobre a desinfecção das casas e


estabelecimentos públicos ou particulares (Decreto nº 7.027, de 6/9/1878).

Primeiras décadas do século XX

29
 Surgiu a implantação da administração científica, por meio da
utilização da estatística como instrumento de mensuração dos fenômenos
sociais.

 Epidemias de doenças transmissíveis, em particular a febre amarela e

a malária, produziram um impacto dramático de mortalidade nas cidades e nos


principais canteiros de obras localizados nos países periféricos, causando
prejuízo ao comércio e dificultando a expansão do capitalismo. A solução, na
época, veio sob a forma de incentivo público às pesquisas biomédicas, sobretudo
àquelas dirigidas às doenças tropicais e à formação de equipes de trabalho
organizadas em moldes militares, capazes de intervir com disciplina e eficácia
quando necessário. Estavam criadas as campanhas sanitárias. O sucesso
dessas campanhas sanitárias destacou-se tanto por seus resultados no controle
de processos epidêmicos, como pelo exemplo de articulação entre o
conhecimento científico, a competência técnica e a organização do processo de
trabalho em saúde.

AS INICIATIVAS NA SAÚDE PÚBLICA COM O


ADVENTO DA REPÚBLICA
A proclamação da República em 1889 marca o início de um novo ciclo na
política de Estado, com o fortalecimento e a consolidação econômica da
burguesia cafeeira (BAPTISTA, 2007).

O aparecimento de uma nova organização social, a partir de fatores como,


por exemplo, os primeiros sinais de industrialização em algumas cidades, a
chegada de imigrantes europeus e o princípio da migração de pessoas do campo
para as cidades, obrigou o governo a melhorar o atendimento da saúde
(CAMPINAS, 2004).

Nesse período, também ocorreu a chamada normatização médica, que


regulamentou o ensino e a prática médica, em conformidade com o modelo
europeu. Esta medida resultou em maior controle sobre as práticas populares de
cura, na substituição gradual dos religiosos das direções dos hospitais gerais, e
na construção de hospitais públicos para atender doenças consideradas nocivas
à população, como as mentais, a tuberculose e a hanseníase (BAPTISTA, 2007).

30
1900

 Foi criado, em 25 de maio de 1900, o Instituto Soroterápico Federal, com


o objetivo de fabricar soros e vacinas contra a peste.

O INÍCIO DAS POLÍTICAS SANITÁRIAS NO BRASIL

No governo de Rodrigues Alves (1902-1906), tendo Oswaldo Cruz à


frente, as iniciativas de saneamento e urbanização foram seguidas de ações
específicas na saúde, sobretudo no combate a algumas doenças epidêmicas.
Foram tomadas medidas importantes, algumas drásticas, mas que
representaram avanços no combate às epidemias, as quais se espalhavam
facilmente pelas cidades. Nesse contexto, nasceu um Código Sanitário que
previa a desinfecção inclusive domiciliar, o arrasamento de edificações
consideradas nocivas à saúde pública, a notificação permanente dos casos de
febre amarela, varíola e peste bubônica, e a atuação da polícia sanitária
(BAPTISTA, 2007).

As instituições de saúde se organizavam a partir do modelo campanhista,


de inspiração bélica, para combater as epidemias. Por isso, não é de se
estranhar o teor extremamente autoritário das práticas de saúde. Para
desinfetar, percorriam ruas e visitavam casas, inclusive promovendo a queima
de roupas e colchões. Exigiam limpeza, reformas, interditavam prédios,
removiam doentes. Naturalmente, os alvos preferidos das visitas eram as áreas
mais pobres e de maior densidade demográfica (COSTA SILVA et al., 2010).

31
Também constava, nessa estratégia sanitária, a campanha de vacinação
obrigatória (BAPTISTA, 2007), que foi estopim de uma revolta popular, pelo
caráter autoritário do processo. Este movimento ficou conhecido como a Revolta
das Vacinas, ocorrida no Rio de Janeiro, em 1904 (COSTA SILVA et al., 2010).

Na segunda fase do movimento sanitarista de Oswaldo Cruz, entre 1910


e 1920, o foco foi a zona rural. As preocupações se resumiam no saneamento
rural e no combate a três endemias rurais acintosas: ancilostomíase, malária e
mal de Chagas (BAPTISTA, 2007). Esse programa levou expedições de médicos
sanitaristas pelo país e, proporcionou melhor conhecimento da situação de
saúde no território nacional e da necessidade de se desenvolver uma política de
Estado nessas áreas (HOCHMAN & FONSECA, 1999).

Apesar do fim conflituoso, Oswaldo Cruz conseguiu êxitos diante dos


problemas epidemiológicos e colheu informações valiosas para seu sucessor,
Carlos Chagas, o qual pôde estruturar uma campanha rotineira de educação e
ação sanitária. Em 1923, foi realizada a reforma sanitária brasileira, com a
criação do Departamento Nacional de Saúde, então ligado ao Ministério da
Justiça (COSTA SILVA et al., 2010).

1902

 Conhecido como Túmulo dos Estrangeiros, o Rio de Janeiro do


início do século 20 era considerado um desafio ao desenvolvimento do país. O
Presidente Rodrigues Alves, ciente da importância de ter uma capital moderna,
estabeleceu como prioridade o saneamento e a reforma urbana da cidade. Para
isso, convidou o engenheiro Pereira Passos para a Prefeitura e o sanitarista
Oswaldo Cruz para a Diretoria Geral de Saúde Pública, o que iria inaugurar a
nova era para a higiene nacional. Ampliou as atividades do Instituto Soroterápico
Federal, que não mais se restringiu à fabricação de soros, mas passou a dedicar-
se também à pesquisa básica e qualificação de recursos humanos.

1903

32
 Oswaldo Cruz foi nomeado Diretor-Geral de Saúde Pública, cargo que
corresponde atualmente ao de Ministro da Saúde. Utilizando o Instituto
Soroterápico Federal como base de apoio técnico-científico, deflagrou
suas memoráveis campanhas de saneamento. Seu primeiro adversário:
a febre amarela, que angariara para o Rio a reputação de Túmulo dos
Estrangeiros e que matou, de 1897 a 1906, quatro mil imigrantes.

 Oswaldo Cruz estruturou a campanha contra a febre amarela em moldes


militares, dividindo a cidade em dez distritos sanitários, cada qual chefiado
por um delegado de saúde. Seu primeiro passo foi extinguir a dualidade
na direção dos serviços de higiene. Para isso, estabeleceu uma
conjugação de esforços entre os setores federais e a Prefeitura, com a
incorporação à Diretoria Geral de Saúde Pública do pessoal médico e de
limpeza pública da municipalidade.

 A polícia sanitária adotava medidas rigorosas para o combate ao


mal amarílico, inclusive multando e intimando proprietários de imóveis
insalubres a demolí-los ou reformá-los. As brigadas; mata-mosquitos
percorriam a cidade, limpando calhas e telhados, exigindo providências
para proteção de caixas dágua, colocando petróleo em ralos e bueiros e
acabando com depósitos de larvas e mosquitos.

 Nas áreas de foco, expurgavam as casas, pela queima de enxofre e


piretro e providenciavam o isolamento domiciliar dos doentes ou sua remoção
para o Hospital São Sebastião.

 Oswaldo Cruz baseou o combate à febre amarela no êxito da campanha


realizada pelos americanos em Havana e em algumas experiências realizadas
no Brasil, que comprovavam o acerto da teoria do médico cubano Carlos Finlay,
de que o transmissor da doença era um mosquito: o Aedes aegypti, na época
conhecido como Stegomyia fasciata ou Culex aegypti.

 Numa época em que ainda se acreditava que a maior parte das doenças
era provocada pelos ares pestilenciais, a ideia de se pagar a rapagões para
caçar mosquitos, como dizia uma revista de então, só poderia provocar o riso. O
jovem pesquisador bem que tentou alterar a opinião pública, fazendo publicar
seus Conselhos ao Povo, uma série de folhetos educativos. Mas enfrentava a

33
oposição de grande parte da classe médica, que não acreditava na teoria de
Finlay.

 Oswaldo Cruz não foi poupado: charges diárias na imprensa, canções


com letras maliciosas, quadrinhas Mas o riso logo se transformou em indignação,
devido ao rigor com que eram aplicadas as medidas sanitárias especialmente a
remoção dos doentes e a entrada nas casas para o expurgo, mesmo sem
autorização dos proprietários.

 Em seguida, Oswaldo Cruz iniciou sua luta contra a peste bubônica. A


campanha previa a notificação compulsória dos casos, isolamento e aplicação
do soro fabricado em Manguinhos nos doentes, vacinação nas áreas mais
problemáticas, como a zona portuária, bem como desratização da cidade. A
associação entre ratos e mosquitos era irresistível. E a decisão da Saúde Pública
de pagar por cada roedor capturado, dando origem aos inúmeros compradores
de gabirus que percorriam a cidade, só agravou a situação. Mas, em poucos
meses, a incidência de peste bubônica diminuiu com o extermínio dos ratos,
cujas pulgas transmitiam a doença.

1904

 Instituiu a Reforma Oswaldo Cruz, que criou o Serviço de Profilaxia da


Febre Amarela e a Inspetoria de Isolamento e Desinfecção (com
responsabilidade de combate à malária e à peste no Rio de Janeiro) (Decreto
Legislativo nº 1.151, de 5/1/1904).

 Tornou obrigatória, em toda a República, a vacinação e a revacinação


contra a varíola (Decreto nº 1.261, de 31/10/1904).

 Na reforma de Oswaldo Cruz, foi criada a Diretoria Geral de Saúde


Pública, a qual se destinava a atender aos problemas de saúde da capital do
país e prosseguir na defesa sanitária dos portos brasileiros.

 Em 1904, uma epidemia de varíola assolou a capital. Somente nos cinco


primeiros meses, 1.800 pessoas foram internadas no Hospital São Sebastião.
Embora uma lei prevendo imunização compulsória das crianças contra a doença
estivesse em vigor desde 1837, ela nunca fora cumprida. Assim, a 29 de junho

34
de 1904, o Governo enviou ao Congresso projeto reinstaurando a
obrigatoriedade de vacinação antivariólica.

 Suas cláusulas previam vacinação antes dos seis meses de idade e para
todos os militares, revacinação de sete em sete anos e exigência de atestado de
imunização para candidatos a quaisquer cargos ou funções públicas, para quem
quisesse se casar, viajar ou matricular-se numa escola. Davam ainda à polícia
sanitária poderes para convidar todos os moradores de uma área de foco a se
imunizarem. Quem se recusasse seria submetido à observação médica em local
apropriado, pagando as despesas de estadia.

 O projeto estipulava ainda punições e multas para médicos que emitissem


atestados falsos de vacinação e revacinação, obrigava diretores de colégio a
obedecerem as disposições sobre imunização dos estudantes e instituía a
comunicação de todos os registros de nascimento.

 Estas medidas draconianas estarreceram a população e a oposição a


Oswaldo Cruz atingiu seu ápice. Os jornais lançaram violenta campanha contra
a medida. Parlamentares e associações de trabalhadores protestaram e foi
organizada a Liga Contra a Vacinação Obrigatória. No dia 13 de novembro,
estourou a Revolta da Vacina. Choques com a polícia, greves, barricadas,
quebra-quebra, tiroteios nas ruas, a população se levantou contra o governo.

 No dia 14, a Escola Militar da Praia Vermelha aderiu à rebelião, mas após
intenso tiroteio os cadetes foram dispersados. No bairro da Saúde, no Porto
Arthur carioca, os protestos continuaram. Finalmente, o Governo decretou
estado de sitio e, no dia 16, conseguiu derrotar o levante, mas suspendeu a
obrigatoriedade da vacina.

1907

 Criação do Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos (atual

Instituto Oswaldo Cruz), onde foram estabelecidas normas e estratégias para o


controle dos mosquitos, vetores da febre amarela (Decreto nº 1.802, de
12/12/1907).

 A febre amarela estava erradicada do Rio de Janeiro. Em setembro de

1907, no IV Congresso Internacional de Higiene e Demografia de Berlim,

35
Oswaldo Cruz recebeu a medalha de ouro pelo trabalho de saneamento do Rio
de Janeiro.

1908

 O Instituto Soroterápico Federal foi rebatizado como

Instituto Oswaldo Cruz.

 Em 1908, uma violenta epidemia de varíola levou a

população em massa aos postos de vacinação.

 Oswaldo Cruz reformou o Código Sanitário e reestruturou todos os

órgãos de saúde e higiene do país.

1909

 Em 1909, Oswaldo Cruz deixou a Diretoria Geral de Saúde Publica,

passando a dedicar-se apenas ao Instituto de Manguinhos, que fora rebatizado


com o seu nome. Do Instituto, lançou importantes expedições científicas, que
possibilitaram maior conhecimento sobre a realidade sanitária do interior do país
e contribuíram para a ocupação da região. Erradicou a febre amarela no Pará e
realizou a campanha de saneamento na Amazônia, que permitiu o término da
obras da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, cuja construção havia sido
interrompida pelo grande número de mortes entre os operários. O sanitarista
recomendou uma série de medidas drásticas a serem implantadas, sem demora.
Os cuidados sanitários começariam antes do operário chegar à ferrovia, com o
engajamento de pessoal em áreas não palustres, exame médico minucioso e
fornecimento de quinino durante a viagem. Recomendou ainda exames
periódicos nos empregados, fornecimento diário de quinino, desconto dos dias
em que o trabalhador não ingerisse o medicamento e gratificação para o operário
que passasse três meses sem sofrer nenhum acesso de malária. Finalmente,
aconselhou a construção de galpões telados para alojamento do pessoal,
fornecimento de água fervida, uso de calçados, locais determinados para a
defecação.

 Também em 1909, Carlos Chagas descobriu a doença, provocada pelo

Tripanosoma cruzi, que então passou a se chamar doença de Chagas. O


primeiro caso identificado por Carlos Chagas, foi o da menina Berenice, de dois

36
anos, moradora do município de Lassance/MG, local onde o pesquisador se
instalou para combater a malária entre os trabalhadores da Estrada de Ferro
Central do Brasil.

CRUZ VERMELHA BRASILEIRA

A Cruz Vermelha Brasileira foi organizada e instalada no Brasil em fins de


1908, tendo como primeiro presidente Oswaldo Cruz. Destacou-se a Cruz
Vermelha Brasileira por sua atuação durante a I Guerra Mundial (1914-1918).
Fundaram-se filiais nos Estados. Durante a epidemia de gripe espanhola (1918),
colaborou na organização de postos de socorro, hospitalizando doentes e
enviando socorristas a diversas instituições hospitalares e a
domicílio. Atuou também socorrendo vítimas das inundações,
nos Estados de Sergipe e Bahia, e as das secas do Nordeste.
Muitas das socorristas dedicaram-se ativamente à formação de
voluntárias, continuando suas atividades após o término do
conflito.

1920

 Novo marco importante da evolução sanitária brasileira com a


reforma de Carlos Chagas que, reorganizando os Serviços de Saúde Pública,
criou o Departamento Nacional de Saúde Pública. A regulamentação desse
diploma legal sofreu substituição e modificações até a publicação do Decreto
em 1923, que vigorou como Regulamento Sanitário Federal, por muitos anos.

1923

 Em 1923, o estabelecimento de convênio entre o governo brasileiro e


a Fundação Rockefeller garantiu a cooperação médico-sanitária e educacional
para a implementação de programas de erradicação das endemias, sobretudo
nas regiões do interior, onde os trabalhos se concentraram no combate à febre
amarela e, mais tarde, à malária. Como iniciativa de ação coadjuvante com aos
serviços estaduais e municipais no combate a doenças como ancilostomíase,

37
esse acordo tinha duplo interesse para o País: científico e econômico, porque,
além de proteger as populações, aumentaria a sua produtividade.

AS REVOLTAS POPULARES E O SURGIMENTO


DAS CAIXAS DE APOSENTADORIAS E DAS PENSÕES
(CAPS)

Em 1923, diante de revoltas populares, movimentos anarquistas e


comunistas, o chefe de polícia, Eloy Chaves, propôs uma lei que regulamentava
a formação de Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs). No entanto, eram
restritas a algumas organizações trabalhistas mais atuantes política e
financeiramente, como os ferroviários e os marinheiros, ligados à produção
exportadora (OLIVEIRA & TEIXEIRA, 1985).

Foi um marco na história da Previdência Social no Brasil, pois os


funcionários poderiam ter direito à aposentadoria por invalidez ou por tempo de
contribuição, bem como à pensão por morte e a assistência médica (CAMPINAS,
2004). A administração e o financiamento ficaram a cargo dos trabalhadores e
do patronato, sendo que 92% dos recursos dirigiam-se para aposentadoria,
pensões ou benefícios, e apenas 8% para a atenção à saúde (FORTES, 2011).
A União permaneceu ausente desse modelo.

O GOVERNO GETÚLIO VARGAS E OS PRIMEIROS


INSTITUTOS DE APOSENTADORIA E PENSÃO
Nos anos 30, sob o governo de Getúlio Vargas, as CAPs foram
transformadas nos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs). As principais
categorias de profissionais beneficiados foram: marinheiros, bancários,
comerciários, industriários. O Estado brasileiro passou a colaborar com 15% do
total da receita, e o restante era custeado pelos trabalhadores e patrões
(FORTES, 2011).

38
Nesse período, ocorreu a criação do Ministério da Educação e Saúde
Pública (Mesp) e do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (MTIC).
Assim, esboçava-se o sistema de proteção social brasileiro, compreendendo a
política de proteção ao trabalhador (com obrigatoriedade da carteira profissional,
jornada de oito horas, direito a férias e a lei do salário mínimo) e, ainda, questões
relativas à saúde (BAPTISTA, 2007). Outro dado relevante foi a criação do
Conselho Nacional de Saúde.

Na década de quarenta, em plena guerra mundial, o governo brasileiro,


em convênio com o americano, estruturou o Serviço Especial de Saúde Pública
(SESP) (Costa Silva et al. 2010). Sua atuação norteou-se pela criação de postos
permanentes, centros de saúde e postos rurais, em várias regiões, como os
Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, na contratação de sanitaristas em
tempo integral e de uma equipe auxiliar com laboratoristas, escriturários,
médicos consultantes e visitadores. Este órgão foi importante na introdução dos
conceitos de desenvolvimento, de participação comunitária e de educação de
grupos.

1930

 Criação do Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública


(Decreto nº 19.402, de 14/11/1930).

 Os serviços relacionados com a saúde pública foram transferidos para


o novo Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública.

 Reativado o Serviço de Profilaxia de Febre Amarela, em função da


epidemia de 1927-1928, no Rio de Janeiro, e da dispersão do mosquito
transmissor.

1939

 Criação do Serviço de Malária do Nordeste (SMN) para intensificar o


combate ao Anopheles gambiae, introduzido em Natal/RN, em 1930. Foi
estabelecido, com essa finalidade, novo convênio com a Fundação Rockefeller.
O SMN existiu até 1941, quando foi erradicado o mosquito (Decreto nº
1.042, de 11/1/1939).

1940

39
 As atividades relativas à proteção da maternidade, da infância e da
adolescência, anteriormente sob a responsabilidade do Departamento Nacional
de Saúde Pública, passaram para o Departamento Nacional da Criança, com a
transformação da Divisão de Amparo à Maternidade e à Infância daquele
Departamento (em 1948, o DNCr foi reorganizado).

 Em dezembro de 1940, o Ipen passou a se chamar Instituto


Evandro Chagas (IEC), em homenagem ao cientista, morto prematuramente
num acidente aéreo.

1941

 Nesse período, foi processada nova reforma da Saúde Pública Federal,

orientada por Barros Barreto. A estrutura criada manteve as linhas gerais durante
vários anos, apesar dos cortes sofridos em várias oportunidades.

 Reorganizou o Departamento Nacional de Saúde, do Ministério dos

Negócios da Educação e Saúde Pública, define sua competência, composição e


criou: a Divisão de Organização Sanitária; Divisão de Organização Hospitalar;
Instituto Oswaldo Cruz; Serviço Nacional de Lepra; Serviço Nacional de
Tuberculose; Serviço Nacional de Febre Amarela; Serviço Nacional de Malária;
Serviço Nacional de Peste; Serviço Nacional de Doenças Mentais; Serviço
Nacional de Educação Sanitária; Serviço Nacional de Fiscalização de Medicina;
Serviço de Saúde dos Portos; Serviço Federal de Águas e Esgotos; Serviço
Federal de Bioestatistica; e Sete Delegacias Federais de Saúde, e deu outras
providências. (Decreto Lei nº 3.171, de 2/4/1941).

1942

 Autorizou ao então Ministério da Educação e Saúde, organizar o

Serviço Especial de Saúde Pública (Sesp), em cooperação com o Institute of


Interamerican Affairs, do Governo Americano (Decreto Lei nº 4.275, 17.4.1942).

 Assinado convênio básico, que estabelecia o desenvolvimento de

atividades de saneamento, profilaxia da malária e assistência médico-sanitária


às populações da Amazônia, onde se extraía a borracha necessária ao esforço
de guerra.

40
 Em 31 de julho de 1942, o Instituto Evandro Chagas

(IEC), fundado em 10 de novembro de 1936 sob a denominação


de Instituto de Patologia Experimental do Norte, passou a
integrar o Sesp, na condição de laboratório central.

 A ampliação do convênio básico levou o Sesp a atuar no Vale do Rio

Doce, prestando assistência aos trabalhadores na reconstrução da estrada de


ferro Vitória-Minas.

 I Conferência Nacional de Saúde.

1948

 Instalado o Centro de Estudos do Instituto Oswaldo Cruz, em


Bambuí/MG, que desenvolveu os primeiros estudos para o controle da doença
de Chagas.

 Criação do primeiro Conselho de Saúde, considerado por William


Wech o marco inicial da Saúde Pública moderna. A saúde do povo era
integralmente reconhecida como importante função administrativa de governo.
Quanto melhores as condições de saúde da população, tanto maiores seriam as
possibilidades econômicas de um país.

A SAÚDE PÚBLICA NOS ANOS 50

Acontecimentos significativos no âmbito da saúde no período foram a


criação do Ministério da Saúde (1953) e a reorganização dos serviços de
controle das endemias rurais no Departamento Nacional de Endemias
Rurais (Deneru – 1956). Tratou-se de uma política de saúde pública com ênfase
na prevenção de doenças transmissíveis, aliada a uma política de saúde
previdenciária restrita aos contribuintes da previdência e seus dependentes.

Essa nova configuração de atuação do Estado na saúde pública, resultou


em um importante instrumento de controle do espaço de circulação dos produtos
e do trabalho. O Estado passou a contar com: postos de trabalho, indústrias (de

41
medicamentos, de equipamentos), ensino profissional, hospitais, ambulatórios e
outros organismos (BAPTISTA, 2007).

Há de se ressaltar também, nesse período, que o avanço da


industrialização nacional gerou uma massa operária que deveria ser atendida
pelo sistema de saúde (MENDES, 1993). Tal fato exigiu uma expansão rápida e
progressiva dos serviços de saúde, e dada a impossibilidade de o Estado suprir
as demandas cada vez mais crescentes, abriu-se espaço para os convênios-
empresas. A assistência tornou-se mais cara e o hospital passou a ser o principal
ponto de referência para a busca de um atendimento em saúde – modelo
hospitalocêntrico (BAPTISTA, 2007).

1951

 Decisão da Assembléia Mundial da Saúde em promover o controle da


varíola em todo o mundo.

1953

 Criação do Ministério da Saúde, regulamentado pelo Decreto nº


34.596, de 16 de novembro de 1953 (Lei nº 1.920, de 25/7/1953).

 Tornou obrigatória a iodação do sal de cozinha destinado a consumo


alimentar nas regiões bocígenas do país (Lei nº 1.944, de 14/8/1953).

1954

 Estabeleceu normas gerais sobre a defesa e proteção da saúde.


Art.1º É dever do Estado, bem como da família, defender e proteger a saúde
do indivíduo (Lei nº 2.312, de 3/ 9/1954).

1958

 Criação do Grupo de Trabalho para a Erradicação da Malária


(Gtem).

1961

 Início da produção, no Brasil, da vacina liofilizada contra a varíola, em


substituição à tradicional, em forma de linfa, pouco estável.

42
 Realização das primeiras campanhas com a vacina oral contra a
poliomielite: projetos experimentais em Petrópolis/RJ e Santo André/SP.

 Introdução da técnica de diagnóstico laboratorial da poliomielite, no


Instituto Oswaldo Cruz (IOC).

 Regulamentação do Código Nacional de Saúde, Lei nº 2.312, de 3 de


setembro de 1954, estabelecendo as Normas Gerais sobre Defesa e Proteção
da Saúde (Decreto nº 49.974-A, de 21/1/1961).

1962

 Instituição da Campanha Nacional contra a Varíola, coordenada pelo


Departamento Nacional de Saúde, com a organização de operações de
vacinação em diversos estados, mediante mobilização de recursos locais.

 Primeiro ensaio para administração da vacina BCG Intradérmica, no


Brasil.

OS EQUÍVOCOS NA SAÚDE PÚBLICA NO REGIME


AUTORITÁRIO
Com o golpe militar e a instalação no Brasil de um regime autoritário de
administração pública, em 1964, houve uma piora sensível na saúde pública,
ressentida sobretudo pela parcela mais humilde da população (COSTA SILVA et
al., 2010). Nessa época, a política de saúde voltou-se para a expansão de
serviços médicos privados (VASCONCELOS, 1999). O governo passou a
comprar serviços de assistência médica, e as condições dos brasileiros,
expressas em diferentes indicadores, tornaram-se ainda mais críticas (PAIM,
2003).

Em 1966, ocorreu a unificação dos IAPs com a criação do Instituto


Nacional de Previdência Social (INPS). Esta medida unificou os benefícios para
os trabalhadores em geral, independentemente de sua filiação profissional
(FORTES, 2011). Novas categorias profissionais foram incorporadas ao sistema,
como trabalhadores rurais, empregadas domésticas e autônomos (BAPTISTA,
2007). A migração de pacientes de alguns institutos, acrescida da superlotação

43
nos hospitais, gerou insatisfação geral. Doenças antes erradicadas voltaram, as
controladas reapareceram em surtos epidêmicos, houve aumento da pobreza, o
saneamento e as políticas de habitação populares ficaram em segundo plano
(BAPTISTA, 2007).

1965

 Criação da Campanha de Erradicação da Malária (CEM), independente


do DENERu (Lei nº 4.709, de 28/6/1965).

1966

 Criação da Campanha de Erradicação da Varíola (CEV),


também subordinada diretamente ao Ministério da Saúde,
dirigida por pessoal dos quadros da Fundação Sesp (Decreto
nº 59.153, de 31/8/1966).

AS REIVINDICAÇÕES POPULARES E O ANSEIO


PELA UNIVERSALIZAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA
Na década de setenta, as pressões por reforma na política de saúde
possibilitaram transformações concretas. Em 1974, foi criado o Fundo de Apoio
ao Desenvolvimento Social (FAS), que distribuiu recursos para investimento na
expansão do setor hospitalar (sendo 79,5% destinados para o setor privado e
apenas 20,5% para o setor público). Em 1977, criou-se o Instituto Nacional de
Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), órgão que passou a

44
coordenar todas as ações de saúde no nível médico-assistencial da Previdência
Social (BAPTISTA, 2007).

Outro fato importante foi a repercussão da Conferência Internacional de


Assistência Primária à Saúde, realizada em 1978 na cidade de Alma-Ata (no
atual Cazaquistão). Entre os temas tratados estavam: a participação
comunitária, a cooperação entre os diferentes setores da sociedade e os
cuidados primários de saúde, além de forte oposição à privatização e
mercantilização da medicina sob o comando da Previdência Social. Os
propositores de reformas no atendimento público de saúde, reivindicavam a
universalização do direito à saúde, com a unificação dos serviços prestados pelo
Inamps e Ministério da Saúde em um mesmo sistema, e a integralidade das
ações.

Com a influência vinda da experiência dos países socialistas, a


Organização Mundial de Saúde, OMS, passou a enfatizar também as enormes
desigualdades na situação da saúde entre os países desenvolvidos e
subdesenvolvidos, baseando-se ainda nos seguintes pontos: as ações de saúde
devem ser práticas, exequíveis e socialmente aceitáveis; a saúde deve estar ao
alcance de todos, pessoas e famílias e em locais acessíveis à comunidade; a
comunidade deve participar ativamente na implantação e na atuação do sistema
de saúde; por último, o custo dos serviços deve ser compatível com a situação
econômica da região e do país (SCLIAR, 2007).

1970

 Reorganizou administrativamente o Ministério da Saúde, criando a

Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam), subordinada à


Secretaria de Saúde Pública e incorporando o DENERu, a CEM e a CEV
(Decreto nº 66.623, de 22/5/1970).

 Criação da Divisão Nacional de Epidemiologia e Estatística da Saúde

(Dnees), no Departamento de Profilaxia e Controle de Doenças.

45
 Instalação das unidades de Vigilância Epidemiológica

da Varíola, em âmbito estadual.

 Instituída a Fundação Oswaldo Cruz, congregando

inicialmente o então Instituto Oswaldo Cruz, a Fundação de


Recursos Humanos para a Saúde (posteriormente Escola Nacional de Saúde
Pública (Ensp) e o Instituto Fernandes Figueira. As demais unidades que hoje
compõem a Fiocruz foram incorporadas ao longo dos anos.

 Nas décadas de 1950 e 1960, o Instituto Oswaldo Cruz defendeu o

movimento para a criação do Ministério da Ciência e a transferência do setor de


pesquisas para o novo órgão. No entanto, o Ministério da Saúde priorizou a
produção de vacinas. Essa polêmica culminou no Massacre de Manguinhos, em
1970, com a cassação dos direitos políticos e aposentadoria de dez renomados
pesquisadores da Instituição. Em 1985, eles foram reintegrados.

1971

 Instituído o Plano Nacional de Controle da Poliomielite, importante

marco para as atividades de vacinação do país. Projeto piloto no estado do


Espírito Santo, que incluiu estudo para avaliar a resposta sorológica à vacina e
para introduzir a metodologia de campanhas estaduais realizadas em um só dia.

 Criação da Central de Medicamentos (Ceme) e início da

organização do sistema de produção e distribuição de medicamentos


essenciais, inclusive produtos imunobiológicos.

1975

 Aprovou o Estatuto da Fsesp, que vigorou até 1991 (Decreto nº 76.165,

de 27/8/1975).

 Dispôs sobre a organização das ações de vigilância epidemiológica, e

o Programa Nacional de Imunizações. Estabeleceu normas relativas à


notificação compulsória de doenças (Lei nº 6.259, de 30/10/1975).

 Realização da Campanha Nacional de Vacinação contra a Meningite

Meningocócica (Camem).

46
 Início da implantação, em todo país, do sistema de registro de doses

de vacinas aplicadas.

1979

 Certificação, pela OMS, da erradicação global da varíola.

 Implantação, pela Fiocruz, do concentrado viral para diluição da vacina

contra sarampo.

 Criação da Comissão Interministerial para o PNI (Portaria


Interministerial MS/MPAS nº 1, de 9/5/1979).

 Publicação e distribuição, pela Fundação Sesp, do documento O

Refrigerador na Conservação de Vacinas.

 Dispôs sobre a intensificação e expansão de serviços básicos de saúde

e saneamento; aprovou o Programa de Intriorização das Ações de Saúde e


Saneamento (Piass) para o período 1980-1985 (Decreto nº 84.219, de
14/11/1979).

O PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO DA
SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
Assim a saúde passava a assumir um sentido mais abrangente, resultante
das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente,
trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso a serviços de saúde,
dentre outros fatores (BAPTISTA, 2007). Nesse contexto, segundo Baptista
(2007), foi realizada a VII Conferência Nacional de Saúde (1980), que
apresentou como propostas a reformulação da política de saúde e a formulação
do Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde (Prev-Saúde).

Este último consistia em uma proposta de extensão nacional do Programa


de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (Piass). Já em 1981, com
a nomeação do Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária
(Conasp) e seu posterior diagnóstico, que apontava uma rede de saúde

47
ineficiente, desintegrada e complexa, indutora de fraude e de desvio de recursos,
foram então elaboradas algumas propostas operacionais básicas para a
reestruturação do setor, dentre elas o Programa de Ações Integradas de Saúde
(Pais).

Posteriormente, em 1983, esse programa foi redefinido como Ações


Integradas de Saúde (AIS), que revelou ser a estratégia mais importante para a
universalização do direito à saúde e significou uma proposta de “integração” e
“racionalização” dos serviços públicos de saúde e de articulação destes com a
rede conveniada e contratada, o que comporia um sistema unificado,
regionalizado e hierarquizado para o atendimento.

A segunda metade da década de 80 foi marcada por uma profunda crise


de caráter político, social e econômico, tendo enormes repercussões sobre a
saúde da população, agravando as condições de vida, aumentando o
desemprego, a desnutrição e a mobilidade dos grupos sociais menos protegidos
(OLIVEIRA, 2000).

No governo da Nova República (1985), com o crescimento do movimento


social que defendia a democratização da saúde e difundia a proposta da reforma
sanitária (PAIM, 2003), sendo que alguns dos reformistas passaram a ocupar
cargos de expressão no âmbito políticoinstitucional do Estado (Ministério da
Saúde, Inamps, Fiocruz), o Ministério da Saúde convocou gestores de saúde e,
pela primeira vez, técnicos e usuários para a VIII Conferência Nacional de Saúde
(1986) (BAPTISTA, 2007).

Considerado um marco histórico da política de saúde brasileira, esta


conferência aprovou, por unanimidade de seus 4.000 participantes, as diretrizes
da universalização da saúde e do controle social efetivo com relação às práticas
estabelecidas (BAPTISTA, 2007), e assim ficaram delineados os princípios
norteadores do que viria a ser o Sistema Único de Saúde – SUS.

O relatório desta Conferência de Saúde também destacou o conceito


ampliado de saúde, como direito de todos e dever do Estado (COSTA SILVA,
2010).

1980

48
 Extinção da obrigatoriedade da vacinação contra a varíola (Portaria
GM/MS nº 55, de 29/1/1980).

 Lançado o Plano de Ação Contra a Poliomielite, estabelecendo os dias


nacionais de vacinação.

 Demonstração do impacto epidemiológico dos dias nacionais de


vacinação contra a poliomielite realizados em 14 de junho e 16 de agosto,
pela drástica redução da incidência da doença, em todas as regiões do
país.

 Constituição do Grupo Interministerial de Coordenação incumbido de


elaborar o Plano de Ação de Controle da Poliomielite, promover e
coordenar o seu desenvolvimento em âmbito nacional (Portaria GM/MS
nº 106, de 3/3/1980).

 Institucionalização da rede de apoio laboratorial ao diagnóstico


da poliomielite, coordenada pela Fiocruz.

1981

 Executado o Plano de Ação Contra o Sarampo, por intermédio


de campanhas estaduais de vacinação (adoção da estratégia de
campanha para a vacina contra o sarampo, mantida por alguns
estados em 1982 e 1983).

 Constituido o Grupo de Trabalho para o Controle da Qualidade de


Imunobiológicos (GT/CQI) (Portaria GM/MS nº 163, de 15/7/1981).

 Transferência formal à Secretaria Nacional de Ações Básicas de Saúde


(Snabs), do Ministério da Saúde, da coordenação dos Programas
Nacionais de Imunizações e de Vigilância Epidemiológica, que havia sido
delegada à Fsesp, em 1974.

 Inauguração do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde


(INCQS), da Fiocruz.

 Reconhecidos como Laboratórios Nacionais de Saúde Pública, em apoio


ao Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, aqueles com
competência para tanto, atuando sob a supervisão da Divisão Nacional

49
de Laboratórios de Saúde Pública, da Secretaria Nacional de Ações
Básicas de Saúde, bem como definição de suas competências, as
unidades credenciadas para as atividades e respectivas áreas de
abrangência (Portaria GM/MS nº 217, de 17/9/1981).

1984

 Realizados dois dias nacionais de multivacinação, com a aplicação


seletiva das vacinas DPT e contra o sarampo, em 24 unidades federadas.

 Introdução, em alguns estados, da estratégia de multivacinação utilizando


a mobilização para os dias nacionais de vacinação contra a poliomielite.

 Definição da Snabs como unidade orçamentária responsável pelo


suprimento de imunobiológicos para o PNI. A aquisição dos produtos
passou da Ceme para a Fiocruz, mediante convênio com a Snabs.

 Implantação do Sistema de Aquisição, Distribuição, Controle de


Qualidade e Desenvolvimento Tecnológico de Imunobiológicos para o
PNI.

 Publicação e distribuição da primeira edição do Manual de Vacinação do


PNI.

 Publicação e distribuição de cartilhas sobre Vigilância das Doenças


Imunopreveníveis (nº 1 e 2), destinadas ao pessoal auxiliar de saúde.

1985

 Instituído o Programa de Controle de Acidentes Ofídicos.

 A vacinação com a BCG passou a ser responsabilidade do PNI.

 Início do Programa Pólio Plus, do Rotary Internacional, para promover a


imunização infantil.

 Criação da Central Nacional de Armazenagem e


Distribuição de Imunobiológicos (Cenadi), na Fiocruz.

 Elaboração da proposta de Política Nacional de


Imunobiológicos e do Programa de Auto-Suficiência Nacional em
Imunobiológicos (Pasni).

50
 Aprovação, pela Conferência Sanitária Pan-Americana, de proposta para
erradicar a transmissão de poliovírus selvagem no continente.

 Criação do Subsistema Nacional de Controle de Doenças Transmissíveis.

 Realização, em âmbito nacional, do Curso Básico de Vigilância


Epidemiológica (Cbve), do Curso Intensivo de Vigilância Epidemiológica
(Cive) e do Curso de Aperfeiçoamento para Epidemiologistas.

 Avaliação da capacitação de recursos humanos com o Cbve e o Cive,


pela Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz).

 Publicação e distribuição da primeira edição do Guia de Vigilância


Epidemiológica.

1986

 Aprovou o Plano de Ação para a Erradicação da Poliomielite no Brasil


(Resolução Ciplan nº 4, de 6/2/1986).

 Introdução do Dia Nordestino de Vacinação Contra a Poliomielite.

 Criação do personagem símbolo da erradicação da poliomielite, o Zé


Gotinha, e publicação do documento A marca de um compromisso.

 Publicação e distribuição da primeira edição do Manual de Procedimentos


para Vacinação.

 O Brasil, como membro do Conselho Diretivo da Opas, aprovou a


Resolução nº 31, que propôs a erradicação da transmissão do poliovírus
selvagem nas Américas.

 Criação do grupo técnico incumbido de coordenar as


atividades pertinentes à erradicação da poliomielite no
país, o GT/Pólio.

 Realização, no Rio de Janeiro, do 1º Curso Internacional


de Vigilância Epidemiológica para Erradicação da
Poliomielite nas Américas, promovido pela Opas/OMS.

 Elaboração do Plano de Ação para o Programa de


Erradicação da Poliomielite e sua aprovação em âmbito interministerial.

51
 Início da edição do Informe Semanal do Programa de Erradicação da
Poliomielite.

 VIII Conferência Nacional de Saúde, marco para as bases da criação do


Sistema Único de Saúde.

A VIII CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE E O


SURGIMENTO DO SUS

Não obstante a VIII Conferência Nacional de Saúde ter-se constituído em


divisor de águas dentro do movimento de reforma sanitária no país, e tendo sido
realizada em um momento propício com o advento da Nova República, com a
eleição indireta de um presidente não militar e a perspectiva de uma nova
constituição (RONCALLI, 2003), suas propostas não foram concretizadas de
imediato (BAPTISTA, 2007).

No entanto, por iniciativa do MPAS/Inamps, foi constituído o Sistema


Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), ocorrido em 1987, o que
representou ponte para a construção do SUS. Avançou na política de
descentralização da saúde e do orçamento, permitindo uma maior autonomia
dos Estados na programação das atividades no setor. Além disso, prosseguiu-
se nas estratégias de hierarquização, regionalização e universalização da rede
de saúde, antes centralizadas no Inamps (BAPTISTA, 2007).

Como este novo processo ocorria no período das discussões da


Assembléia Nacional Constituinte (1987 e 1988), o relatório da VIII Conferência
Nacional de Saúde foi tomado como base para a discussão da reforma do setor.
As proposições mais importantes desse relatório foram assumidas pela
“Constituição cidadã”, de 1988, dando origem ao SUS. Esse sistema pode ser
definido como: o conjunto das ações e dos serviços de saúde, públicos e
privados, contratados ou conveniados com o poder público. É o sistema de
atenção à saúde de todos os brasileiros. (OLIVEIRA, 2012)

52
1987

 Dispôs sobre a criação do Programa de Desenvolvimento de Sistemas


Unificados e Descentralizados de Saúde (Suds) nos estados (Decreto nº
94.657, de 20/7/1987).

 Realização de inquérito de cobertura em municípios com alta incidência


de poliomielite.

 Ampliação da marca-símbolo da erradicação da poliomielite, o Zé


Gotinha, para todo o PNI e publicação do documento A marca:
desenvolvimento e uso.

1988

 Constituição Federal, de 5 de outubro de 1988

ARTS. 196 A 200 SEÇÃO II DA SAÚDE.

Título VIII, Capítulo II, Seção II, Da Saúde

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante


políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação.

Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde,


cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação,
fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através
de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede


regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de
acordo com as seguintes diretrizes:

1. Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

53
2. Atendimento integral, com prioridade para as atividades
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;

3. Participação da comunidade

Parágrafo único. O Sistema Único de Saúde será financiado, nos termos do art.
195, com recurso do orçamento da Seguridade Social da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes.

Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

§1º As instituições privadas poderão participar de forma complementar do


sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito
público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins
lucrativos.

§2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou


subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.

§3º É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais


estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei.

§4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a


remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante,
pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de
sangue e seus derivados, sendo vedado todo o tipo de comercialização.

Art. 200. Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras


atribuições, nos termos da lei:

1. Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de


interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos,
equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;

2. Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem


como as de saúde do trabalhador;

3. Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;

54
4. Participar da formulação da política e da execução das ações de
saneamento básico;

5. Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico


e tecnológico;

6. Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu


teor nutricional, bem como bebidas e águas para o consumo
humano;

7. Participar do controle e fiscalização da produção, transporte,


guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos
e radioativos;

8. Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do


trabalho.

1989

 Ocorrência do ultimo caso de poliomielite no Brasil.

 Elaboração do documento: PNI 15 anos, uma análise crítica.

 Início do controle da hepatite B, com a realização de vacinação na


Amazônia Ocidental.

1990

 Instituiu o SUS, definindo seus objetivos, competências e atribuições;


princípios e diretrizes; organização, direção e gestão. Criou o subsistema
de atenção à saúde indígena; regulou a prestação de serviços privados
de assistência à saúde; definiu políticas de recursos humanos;
financiamento; gestão financeira; planejamento e orçamento (Lei nº
8.080, de 19/9/1990).

 Gestão participativa no SUS; forma de alocação dos recursos oriundos do


Fundo Nacional de Saúde (Lei nº 8.142, de 28/12/1990).

 Evolução das coberturas de vacinação para índices em torno de 90%.

55
 Início da elaboração do dossiê sobre coberturas vacinais para
sensibilização de governadores, prefeitos e outras lideranças, com o
apoio do Unicef.

 Criação, pela Opas/OMS, da Comissão Internacional para Certificação da


Erradicação da Poliomielite nas Américas.

1991

 Intensificação da vacinação de recém-nascidos com a BCG-ID, nas


maternidades de grande porte.

 Introdução da vacinação contra a febre amarela na rotina dos serviços


permanentes de vacinação, nas áreas endêmicas.

 Implementação e ampliação da vacinação contra a hepatite B, na


Amazônia Ocidental.

 O Programa Nacional de Imunizações (PNI) recebe o Prêmio Criança e


Paz 1991, outorgado pelo Unicef, como programa que se destacou na
defesa e na promoção dos direitos da criança e do adolescente.

 Realização de concurso para homenagear municípios do Nordeste que


alcançaram coberturas iguais ou superiores a 80%, promovido pelo Unicef
e pelo Ibam.

1992

 Implantação do Plano Nacional de Eliminação do Sarampo, com a


realização de campanha nacional de vacinação em menores de 15 anos.

 Implantação da vacina contra a hepatite B, para grupos de alto risco de


infecção pelo vírus HB, em todo país.

 Início da implantação do Sistema de Vigilância de Eventos Adversos à


Vacinação.

56
 Redefinição dos instrumentos para coleta das informações do PNI, com
desmembramento por idade e inclusão dos códigos do SIA/SUS.

1996

 Realização de campanha nacional de vacinação contra a hepatite B,


envolvendo escolares e odontólogos; esses últimos em parceria com o
Conselho Nacional de Odontologia.

1997

 Implantação da vacina monovalente contra a rubéola no pós-aborto e no


pós-parto.

 Ampliação do número de CRIE, com a instalação no Rio Grande do Sul,


Piauí, Amazonas, Mato Grosso, Amazonas e Paraíba.

1998

 Implantação, na rotina, da vacina contra o Haemophilus influenzae tipo B,


para menores de um ano, em todo o país.

 A aquisição, armazenamento e distribuição das vacinas contra a raiva de


uso humano e de uso canino, e do soro anti-rábico passam a ser
responsabilidade do PNI.

 Responsabilização direta dos municípios pela execução da vacinação, na


rede de serviços, a partir da sua habilitação às condições de Gestão
estabelecidas pela NOB/96: Gestão Plena de Atenção Básica e Gestão
Plena do Sistema Municipal.

1999

 As atividades de vigilância epidemiológica, especialmente de dengue,


febre amarela, malária, leishmaniose, esquistossomose, Chagas, peste,
bócio, oncocercose e outras, executadas pelo Departamento de
Operações (Deope), passaram a integrar ao Centro Nacional de
Epidemiologia (Cenepi). Subordinou também ao Cenepi o Centro de
Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF), a Central Nacional de

57
Armazenagem e Distribuição de Imunobiológicos (Cenadi) e o Instituto
Evandro Chagas (IEC) (Portaria FNS nº 125, de 18/2/1999).

 Reestruturou a Unidade de Gerência de Projetos (UGP), na fase


execução do Projeto de Estruturação do Sistema Nacional de
Vigilância em Saúde (Vigisus) (Portaria FNS nº 298, de 9/4/1999).

 Extinguiu a Coordenação Regional da Fundação Nacional de Saúde


no Distrito Federal, e deu outras providências (Portaria FNS nº 299,
de 13/4/1999).

2000

 Definida a missão da Funasa: Ser uma agência de excelência em


promoção e proteção à saúde, mediante ações integradas de educação e
prevenção e controle de doenças e outros agravos, bem como em
atendimento integral à saúde dos povos indígenas, com vistas à melhoria
da qualidade de vida da população.

2002

 Aprovou os critérios e procedimentos para a aplicação de recursos


financeiros destinados a: 1.1. saneamento, 1.2. saúde indígena, 1.3.
vigilância ambiental, 1.4. educação em saúde, 1.5. Pesquisa
(Portaria Funasa nº 1, de 2/1/2002).

 Lançamento a Cápsula do Tempo: em dezembro de 2002, foi instalada


no Museu da Funasa a cápsula do tempo A Epidemiologia nas Américas,
em comemoração ao centenário da criação da Organização Pan-
Americana da Saúde (Opas), da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
A cápsula deverá ser aberta em 2052.

2003

 Definida a nova missão da Funasa: Promover a inclusão social por meio


de ações de saneamento ambiental e de ações de atenção integral à
saúde dos povos indígenas, com excelência na gestão e em consonância
com o SUS.

58
 Convocou a 12ª Conferencia Nacional de Saúde (Decreto s/n, de
5/5/2003).

2006

 Definiu a nova missão: Realizar ações de saneamento ambiental em


todos os municípios brasileiros e de atenção integral à saúde indígena,
promovendo a saúde pública e a inclusão social, com excelência na
gestão, em consonância com o SUS e com as metas de desenvolvimento
do milênio.

2007

 Convocou a 13ª Conferência Nacional de Saúde (Decreto s/nº, de


10/5/2007).

 Dispôs sobre as responsabilidades na prestação da atenção à saúde dos


povos indígenas, no Ministério da Saúde, e regulamentação dos
Incentivos de Atenção Básica e Especializada aos Povos Indígenas
(Portaria GM/MS nº 2.656, de 17/10/2007).

2008

 Instituiu o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas (Lei nº 11.696, de


12/6/2008).

2009

 Instituiu no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Política Nacional


de Atenção Integral à Saúde do Homem (Portaria GM/MS nº 1.944, de
27/08/2009).

2010

 Instituiu, em todo o território nacional, o Calendário de Vacinação para os


Povos Indígenas (Portaria GM/MS nº 1.946, de 19/7/2010).

 Instituiu o Grupo Temático de Cooperação Internacional em Saúde (GT-


CIS) no âmbito do Ministério da Saúde, com representante
da Funasa (Portaria GM/MS nº 2.356, de 17/8/2010).

59
 Alterou a competência da Funasa, que passa a ser: Entidade de
promoção e proteção à saúde a que compete fomentar soluções de
saneamento para prevenção e controle de doenças e formular e
implementar ações de promoção e proteção à saúde relacionadas com as
ações estabelecidas pelo Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde
Ambiental (Lei nº 12.314, de 19/8/2010).

Panorama atual

O Sistema Único de Saúde é uma grande conquista para a população


brasileira e se tornou um modelo para outros países. Entretanto, a falta de
investimento financeiro e o mau gerenciamento resultam em diversos desafios,
como a falta de médicos e leitos nos hospitais e a grande espera para
atendimento.

No que diz respeito aos inimigos da saúde dos brasileiros, os principais


atualmente são hipertensão, diabetes e obesidade.

ENTIDADES DE CLASSE

1. Associação Brasileira de Enfermagem - ABEn

Sociedade civil sem fins lucrativos, que congrega enfermeiras e técnicos


em enfermagem, fundada em agosto de 1926, sob a denominação de
"Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas Brasileiras". É uma entidade
de direito privado, de caráter científico e assistencial regida pelas disposições do
Estatuto, Regulamento Geral ou Regimento Especial Em 1929, no Canadá, na
Cidade de Montreal, a Associação Brasileira de Enfermagem, foi admitida no
Conselho Internacional de Enfermeiras (I.C.N). Por um espaço de tempo a
associação ficou inativa.

Em 1944, um grupo de enfermeiras resolveu reerguê-la com o nome


Associação Brasileira de Enfermeiras Diplomadas. Seus estatutos foram
aprovados em 18 de setembro de 1945. Foram criadas Seções Estaduais,
Coordenadorias de Comissões. Ficou estabelecido que em qualquer Estado

60
onde houvesse 7 (sete) enfermeiras diplomadas, poderia ser formada uma
Seção. Em 1955, esse número foi elevado a 10 (dez). Em 1952, a Associação
foi considerada de Utilidade Pública pelo Decreto nº 31.416/52 Em 21 de agosto
de 1964, foi mudada a denominação para Associação Brasileira de Enfermagem
- ABEn. Atualmente a ABEn, com sede em Brasília, funciona através de Seções
formadas nos Estados, e no Distrito Federal, as quais, por sua vez, poderão
subdividir-se em Distritos formados nos Municípios das Unidades Federativas da
União.

FINALIDADES DA ABEN

• Congregar os enfermeiros e técnicos em Enfermagem, incentivar o


espírito de união e solidariedade entre as classes;

• Promover o desenvolvimento técnico, científico e profissional dos


integrantes de Enfermagem do País.

• Promover integração às demais entidades representativas da


Enfermagem, na defesa dos interesses da profissão.

Sistema COFEN/COREN'S

Histórico

Criação - Em 12 de julho de 1973, através da Lei 5.905, foram criados os


Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem, constituindo em seu conjunto
Autarquias Federais, vinculadas ao Ministério do Trabalho e Previdência Social.
O Conselho Federal e os Conselhos Regionais são órgãos disciplinadores do
exercício da Profissão de Enfermeiros , e Técnicos de Enfermagem e Auxiliares
de Enfermagem Em cada estado existe um Conselho Regional os quais estão
subordinados ao Conselho Federal, que é sediado no Rio de Janeiro e com
escritório Federal em Brasília.

61
Direção - Os Conselhos Regionais de Enfermagem, são dirigidos pelos
próprios inscritos, que formam uma chapa e concorrem a eleições. O mandato
dos membros do COFEN/COREN's é honorífico e tem duração de três anos,
com direito apenas a uma reeleição. A formação do plenário do COFEN é
composta pelos profissionais que são eleitos pelos Presidentes dos CORENs.

Receita - A manutenção dos Sistema COFEN/CORENs é feita através da


arrecadação de taxas emolumentos por serviços prestados, anuidades, doações
, legados e outros, dos profissionais inscritos nos CORENs.

Finalidade - São entidades públicas de direito privado vinculadas ao


Poder Executivo, na esfera da fiscalização do exercício profissional. O objetivo
primordial é zelar pela qualidade dos profissionais de Enfermagem, pelo respeito
ao Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem e cumprimento da Lei do
Exercício Profissional.

O Sistema COFEN/CORENs encontra-se representado em 27 Estados


Brasileiros, sendo este filiado ao Conselho Internacional de Enfermeiros em
Genebra.

Competências

- Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) órgão normativo e de


decisão superior:

• normatizar e expedir instruções, para uniformidade de procedimento e


bom funcionamento dos Conselhos Regionais;

• esclarecer dúvidas apresentadas pelos COREN's; Y apreciar decisões


dos COREN's, homologando, suprindo ou anulando atos praticados por este;

• aprovar contas e propostas orçamentária de autarquia, remetendo-as


aos órgãos competentes;

• promover estudos e campanhas para aperfeiçoamento profissional;

• exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas por lei.

- Conselho Regional de Enfermagem (COREN) - órgão de execução,


decisão e normatização suplementar:

62
• deliberar sobre inscrições no Conselho e seu cancelamento;

• disciplinar e fiscalizar o exercício profissional, observando as diretrizes


gerais do COFEN;

• executar as instruções e resoluções do COFEN;

• expedir carteira e cédula de identidade profissional, indispensável ao


exercício da profissão, a qual tem validade em todo território nacional;

• fiscalizar e decidir os assuntos referentes à Ética Profissional impondo


as penalidades cabíveis;

• elaborar a proposta orçamentária anual e o projeto de seu regimento


interno, submetendo-os a aprovação do COFEN;

• zelar pelo conceito da profissão e dos que a exercem;

• propor ao COFEN medidas visando a melhoria do Exercício Profissional;

• eleger sua diretoria e seus delegados eleitores a nível central e regional;

• exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas pela Lei 5.905/73
e pelo COFEN.

Sistema de Disciplina e Fiscalização

O Sistema de Disciplina e Fiscalização do Exercício Profissional da


Enfermagem, instituído por lei, desenvolve suas atividades segundo as normas
baixadas por Resoluções do COFEN.

O Sistema é constituído dos seguintes objetivos:

- área disciplinar normativa - estabelecendo critérios de orientação e


aconselhamento, para o exercício de Enfermagem, baixando normas visando o
exercício da profissão, bem como atividade na área de Enfermagem nas
empresas, consultórios de Enfermagem, observando as peculiaridades atinentes
à classe e a conjuntura de saúde do país.

- área disciplinar corretiva - instaurando processo em casos de


infrações ao Código de Ética do Profissionais de Enfermagem, cometidas pelos

63
profissionais inscritos e, no caso de empresa, processos administrativos, dando
prosseguimento aos respectivos julgamentos e aplicações das penalidades
cabíveis; encaminhando às repartições competentes os casos de alçada destas.

- área fiscalizatória - realizando atos e procedimentos para prevenir a


ocorrência de infrações à legislação que regulamenta o exercício da
Enfermagem; inspecionando e examinando os locais públicos e privados, onde
a Enfermagem é exercida, anotando as irregularidades e infrações verificadas,
orientando para sua correção e colhendo dados para a instauração dos
processos de competência do COREN e encaminhando às repartições
competentes, representações. (“Retirado do site da ABEN/PE
www.abenpe.com.br”, [s.d.])

64
65
Fonte: (SANTIAGO et al., 2012)

RESUMO- PONTOS IMPORTANTES

As políticas de saúde executadas durante o período do Autoritarismo


(Ditadura Militar), e não durante a Nova República (1985-1988), privilegiaram o
setor privado mediante a compra de serviços de assistência médica, o apoio aos
investimentos e os empréstimos com subsídios. Destaca-se que essas ações
foram as principais causas de falência do INAMPS, resultando em oposição da
maior parte da sociedade brasileira a esse sistema de saúde.

No período da Ditadura Militar (1964-1985), o INAMPS patrocinou de


forma substancial a criação e expansão dos serviços de saúde privados, por
meio de empréstimos e convênios com os recursos da população. Nessa época,
houve desvios de boa parte dos recursos do INAMPS para iniciativa privada.
Era uma verdadeira “festa” com o dinheiro público.

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Apesar de todo esse investimento, os serviços de saúde eram prestados
apenas aos trabalhadores formais e seus dependentes, sendo estendido
posteriormente aos trabalhadores rurais. Eram serviços de baixa qualidade e
fragmentados.

VAMOS AGORA FAZER UMA REVISÃO SOBRE O ASSUNTO


ABORDADO.

67
Fonte: (PROFESSOR RÔMULO PASSOS, 2015)

 LEMBRE-SE :

O surgimento das primeiras Caixas de Aposentadorias e pensões (CAPs)


é o marco inicial da atividade estatal em relação à assistência médica. A Lei de
1923, na qual o governo instituiu e regulamentou tais entidades, foi a Lei Eloy
Chaves, publicada em 24 de janeiro de 1923, consolidou a base do sistema
previdenciário brasileiro, com a criação das Caixas de Aposentadorias e
Pensões (CAP) para os empregados das empresas ferroviárias. Depois, outras
empresas criaram suas respectivas CAP.

Fonte: (PROFESSOR RÔMULO PASSOS, 2015)

Com o desgaste da Ditadura Militar no final da década de 1970, os


movimentos contrários ao regime ganharam força. Dentro desse contexto, a área
da saúde fortaleceu o movimento sanitarista, iniciado por movimentos populares,
nos anos 70, como forma de oposição à política do Estado autoritário.

68
Fonte: (PROFESSOR RÔMULO PASSOS, 2015)

A VIII Conferência Nacional de Saúde diferiu das demais pelo seu


caráter democrático e pela sua dinâmica processual. As conferências nacionais
de saúde anteriores eram cartoriais e burocráticas. Não havia participação da
população nas decisões.

O SUS foi instituído pela CF/88, após aprovação pela Assembleia


Nacional Constituinte, em 1988. Esse fato pode ser considerado o principal
marco da história da saúde pública brasileira, sendo fruto do movimento da
Reforma Sanitária.

69
REFERÊNCIAS

Biografias de pessoas importantes para a Enfermagem FLORENCE


NIGHTINGALE. Disponível em: <https://sites.google.com/site/
nudihmen/biografias-de-pessoas-importantes-para-a-
enfermagem?tmpl=%2Fsystem%2Fapp%2Ftemplates%2Fprint%2F&showPrint
Dialog=1>. Acesso em: 24 jul. 2020.

Cronologia Histórica da Saúde Pública - Fundação Nacional de Saúde.


Disponível em: <http://www.funasa.gov.br/cronologia-historica-da-saude-
publica>. Acesso em: 24 jul. 2020.

Conheça a história da saúde pública no Brasil. Disponível em:


<https://summitsaude.estadao.com.br/conheca-a-historia-da-saude-publica-no-
brasil/#:~:text=Constitui%C3%A7%C3%A3o%20de%201988%20e%20cria%C3
%A7%C3%A3o,sistema%20p%C3%BAblico%20que%20temos%20atualmente.
>. Acesso em: 24 jul. 2020.

OLIVEIRA, A. L. DE. História da saúde no Brasil : dos primórdios ao


surgimento do SUS. Encontros teologicos, p. 31–42, 2012.

PROFESSOR RÔMULO PASSOS. CURSO COMPLETO DO SUS. [s.l:


s.n.].

Retirado do site da ABEN/PE www.abenpe.com.br. [s.d.].

SANTIAGO, A. M. V. et al. Introdução À profissão e ética profissional.


[s.l: s.n.]. v. DISCIPLINA

BRASIL, Leis, etc. Lei 5.905, de 12 de julho de 1973. Dispõe sobre a


criação dos Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem e dá outras pro-
vidências. Diário Oficial da União, Brasília, 13 de jul. 1973. Seção I, p. 6.825.

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Documentos Básicos de


Enfermagem.

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