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FACULDADE MUNICIPAL DE PALHOÇA - FMP

GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA
Avaliação
Fernanda Gonçalves

AVALIAÇÃO MEDIADORA

HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-


escola à universidade. 35. ed. Porto Alegre; Editora Mediação, 2019.

Jonathan Thiago Legovski

Jussara Hoffmann, em sua obra, interroga-se sobre o real potencial da avaliação


classificatória como meio de garantir o crescimento qualitativo do ensino, uma vez que
há a crença, já popular, de que tão somente a nota é referencial seguro para mensurar a
qualidade do aprendizado ou método aplicado em uma determinada atividade em sala de
aula.
Segundo Hoffmann, o sistema de avaliação classificatória é não é capaz de apontar
as falhas no processo de aprendizado dos alunos e nas práticas docentes. De tal modo,
com o modelo tradicional, o estudante torna-se refém no sistema de avaliação
classificatória quando se obriga a exclusivamente responder questões com respostas
sempre sugeridas pelo professor e pelo livro didático, tendo em geral, a noção de que a
resposta ideal é aquela que, ipsis litteris, traduz as expressões utilizadas pelo professor ou
mesmo pelo livro didático adotado Os alunos que alcançam boas notas, em muitos casos,
aprendem apenas para passar no exame, adotando práticas como memorização,
obediência e passividade. O resultado deste ciclo, é o fato de que o aluno dificilmente
alcançará o máximo de desenvolvimento possível que só seria atingido por meio da
aprendizagem, compreensão, questionamento e participação.
Para que o fim último de um objetivo educacional seja alcançado, é necessário
compreender que a relação entre professor e aluno, em sala de aula, deve ser dialógica e
não de uma imposição de ideias. Aqui podemos perceber o conceito do docente enquanto
sujeito mediador do processo avaliativo, que auxiliará o discente a interpretar a escola
como parte essencial de sua realidade.
Uma vez que o diagnóstico da atual conjuntura fora apresentado, a autora oferece
ao leitor, uma alternativa à avaliação classificatória: a avaliação mediadora. Esta última,
deve incentivar o professor a desenvolver um olhar atento, para que conhecendo seu
aluno, possa buscar questões desafiadoras e capazes de garantir maior autonomia
intelectual. Os discentes devem desfrutar de inúmeras oportunidades para exposição de
suas ideias, de modo a criar um canal/vínculo para com o mediador (professor). A partir
disso, é possível realizar os questionamentos: para que avaliar? O que avaliar? Considera-
se que, ao avaliar o aluno, o professor avalia sua própria prática. Aqui, podemos dizer que
esta relação entre docente e discente, se estabelece como um primeiro princípio para
repensar a forma de avaliar. É ainda oportuno ressaltar que a avaliação deve constituir
prática contínua e não apenas do final de um período. Naturalmente exigirá esforços
consideráveis, pelas quais o aluno possa se expressar de formas variadas, facilitando o
ato de avaliação. Nesta direção, avaliar significa provocar para identificar as necessidades
dos alunos e ir à busca de soluções para sanar essas necessidades.
A avaliação mediadora deve oportunizar o debate entre alunos a partir de situações
cuja origem tenha sido a própria sala de aula. Nestas ocasiões, os alunos não estão
submetidos a uma relação de hierarquia de modo que a proposta não envolve os habituais
trabalhos em grupos que, muitas vezes, constituem uma verdadeira “colcha de retalhos”.
Antes, a expressão do grupo, com suas diferentes características, formará o perfil
necessário para estabelecer critérios avaliativos justos e condizentes com a realidade em
questão.
Por outro lado, a avaliação mediadora não considera apenas o “grupo”, mas
também recorda a compreensão das características individuais. A diferença em relação
ao modelo tradicional é que as atividades devem ser menores e sucessivas, promovendo
a investigação teórica e o entendimento, por parte do professor, das respostas
apresentadas pelos estudantes. Aqui, o erro não deve ser motivo de condenação, mas peça
fundamental na busca por compreender determinado conceito e ou situação específica.
Para que o ato de avaliar (e consequentemente, a ação docente em si) alcance méritos,
faz-se necessário aprimorar as estratégias através da vivência de situações; inclusive,
alguns erros podem ser descobertos e corrigidos pelos próprios alunos. Neste contexto, a
autora ressalta que todo o processo envolve mútua participação, de modo que todos os
participantes, inclusive os mediadores, se beneficiem das relações e dos aprendizados que
delas surgem.
Em sua obra, Jussara Hoffmann ainda recordará que a prática da avaliação
mediadora também consiste em transformar os registros das avaliações em anotações que
permitam vislumbrar o perfil construído pelos alunos durante o processo de
aprendizagem, possibilitando o uso de ações alternativas e mais eficazes para a superação
das dificuldades de cada aluno. Em suma, o educador poderá se envolver mais e melhor
com o discente, compreendê-lo melhor e escolher os caminhos mais adequados a serem
percorridos para o aprendizado individual. Testemunhos de professores que adotaram a
avaliação mediadora afirmam que ela melhora a relação professor-aluno e aumenta de
fato o envolvimento dos estudantes nas tarefas escolares.
Jussara Hoffmann, em suma, mostra a necessidade de transformação na forma que
tradicionalmente se faz avaliação dos alunos em nosso país, convidando as escolas a
repensarem seus valores avaliativos para instigar e desenvolver seus alunos para uma
sociedade culturalmente rica e produtiva.

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