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Geometria Euclidiana 2 – Cap. 10: Esfera Prof.

Sinvaldo Gama 91

CAPÍTULO 10 - ESFERA

Definição: Sejam C um ponto do espaço e R um número real positivo. A superfície


esférica de centro C e raio R é o conjunto de todos os pontos do espaço que estão à
distância R do ponto C.

O segmento que une o ponto C a qualquer ponto da superfície esférica é denominado


raio da superfície.

A esfera de centro C e raio R é o conjunto de todos os pontos do espaço que estão a


uma distância menor do que ou igual a R de C.

Duas esferas com o mesmo centro são denominadas concêntricas.

Teorema 1: A interseção de uma superfície esférica com um plano que passa por seu
centro é a circunferência com o mesmo centro e o mesmo raio.

Prova: Sejam S uma superfície esférica de centro C e raio R e  um plano que passa por C.
A interseção de S com  é o conjunto de todos os pontos de  que estão à distância R de C.
Portanto esta interseção é uma circunferência de centro C e raio R.

S

C R

Este teorema dá origem a seguinte definição.

Definição: A interseção de uma superfície esférica com um plano que passa por seu centro
chama-se circunferência máxima da superfície esférica.

Plano tangente
É o plano que intercepta a superfície esférica em apenas um ponto. Este ponto chama-
se ponto de tangência.
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Plano meridiano
Um plano que passa pelo centro da esfera é denominado plano meridiano.

Esses planos dividem a superfície esférica em duas superfícies denominadas


hemisférios.

Teorema 2: Um plano perpendicular a um raio em seu ponto extremo é tangente a


superfície esférica.

Prova: Seja  um plano perpendicular ao raio CA em A. Seja B outro ponto de . Como


CA é perpendicular a , segue-se que CB > CA = R.
Portanto, CB > R e B não pertence à superfície esférica. Isto mostra que  tem apenas o
ponto A em comum com a superfície esférica.

B A 

O recíproco deste teorema também é válido.

Teorema 3: Todo plano tangente a uma superfície esférica é perpendicular ao raio traçado
pelo ponto de tangência.

CP  
C

P 

Prova: Seja  um plano tangente à superfície à esfera de centro C, no ponto A. Seja CA o


raio traçado pelo ponto de contato. O ponto A sendo o único ponto comum ao plano e a
esfera, qualquer outro ponto B do plano não pertence a esfera, e neste caso

CB > CA = R.
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Portanto CA sendo o segmento mais curto que se pode traçar do ponto C ao plano , ele
será perpendicular a .

Teorema 4: Toda secção plana (interseção da esfera com um plano não tangente) de uma
esfera é um círculo.

C
R R 
D
R
A F B

Prova: Seja  um plano que intercepta a esfera de centro C e raio R. Tracemos o segmento
CF perpendicular a  com F .
Sejam A, B e D pontos da interseção do plano  com a superfície esférica.
Como CA = CB = CD, segue-se que os triângulos retângulos CFA, CFB e CFD são
congruentes (LLA). Daí,
FA = FB = FD.

Portanto, o ponto F está igualmente distanciado de todos os pontos da interseção de  com


a superfície esférica, o que prova que a interseção é de fato uma circunferência.

Considerando a Terra como uma esfera, há um plano meridiano que a divide em duas
superfícies: o hemisfério norte e o hemisfério sul. A linha da secção determinada chama-
se Equador.

A reta que passa pelo centro da Terra e é perpendicular ao plano do Equador intercepta
a superfície terrestre em dois pontos denominados pólos: o pólo norte e o pólo sul.

As secções da superfície terrestre por meio de planos paralelos ao plano do Equador


denominam-se paralelos.
As secções da superfície terrestre por meio de planos que contêm os pólos denominam-
se meridianos.
N
Pólo Norte

Equador
Paralelos
Meridianos

Polo sul
S
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Volume da esfera:
Para utilizarmos o Princípio de Cavaliere necessitamos encontrar um sólido cujas
seções transversais sejam equivalentes às seções obtidas na esfera. Inicialmente vamos
determinar as áreas das seções transversais da esfera. Se a seção transversal está a uma
distância d do centro da esfera de raio R, então o raio r desta seção é tal que
r2 = R2 - d 2 .
Por conseguinte, a área da seção será
A( d ) = r2 = R2 -  d 2 .

r
d R
C

Geometricamente, esta última expressão pode ser interpretada como a área da coroa
circular interna a um círculo de raio R e externa a um círculo de raio d como indicada na
figura abaixo.

Esta interpretação sugere o tipo de sólido que procuramos: aquele cujas seções
transversais são coroas circulares.
Consideremos agora um plano horizontal  tangente a esfera de raio R. Consideremos
também um cilindro circular reto de raio R e altura 2R com sua base contida em .
Seja V o ponto médio do segmento vertical que une os centros das bases do cilindro e
formemos dois cones com vértices em V e tendo por bases as bases do cilindro. O sólido
que buscamos é o que está dentro do cilindro e exterior aos cones.

x r
V d R
2R
R R

Cada uma de suas seções transversais é uma coroa circular e a seção transversal feita a
uma distância d de V tem por área  (R2 – d2), pois nos triângulos retângulos semelhantes
da figura acima tem-se:
x d
 e assim x = d.
R R

Em conseqüência, o volume deste sólido é igual ao volume da esfera, isto é,


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1 2 3 4 3
Vesfera = R2(2R) - 2.( R2R) = 2R3 - R = R ,
3 3 3
ficando assim provado o seguinte teorema:

Teorema: O volume de uma esfera de raio R é


4 3
V= R .
3

Área da superfície esférica:


Adotaremos o seguinte argumento intuitivo para obtermos a área da superfície esférica.
Divida a superfície esférica S em superfícies menores S1, S2, . . . , Sn onde S = S1  S2 . . .
 Sn, como indica a figura abaixo.

Unamos agora os “vértices” dessas pequenas superfícies ao centro da esfera, obtendo-


se assim n sólidos contidos na esfera. Agora, aproximemos cada um dos sólidos obtidos por
um cone de altura R e tendo Bi como base, onde Bi é a região circular tangente a esfera em
algum ponto de Si e de tal sorte que
Área (Bi)  Área (Si).

O volume de cada um destes cones é dado por


1
Vi = Área (Bi).R
3
O volume da esfera é aproximadamente igual à soma dos volumes de todos os cones
formados, isto é,
n
1
Vesfera   3 .B .R
i 1
i

n
1 1 1
Vesfera = lim
n
 3 .B .R  3 . lim R( B
i 1
i
n
1  B2  ...  Bn )  .R. lim ( B1  B2  ...  Bn ) =
3 n
1 4 1
= .R. Área(Sup. Esférica)  ..R3 = .R.SSup. Esférica  SSup. Esférica = 4.R2.
3 3 3

Teorema: A área S, da superfície esférica de raio R, é


S = 4..R2.

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 Exercício 1: Em um vaso cilíndrico tendo 15 cm de diâmetro e contendo água, jogam-


se 50 bolas esféricas com o diâmetro de 1 cm cada. De quanto sobe o nível da água?

Solução: Seja R o raio do cilindro e r o raio das esferas. Temos que: R = 15/2 e r = ½
As 50 esferas ocupam um volume igual a
1 25.
3
4 1 4 1
50. . .   50. . .  50. . 
3 2 3 8 6 3
Como a água deslocada, após a imersão das esferas, toma a forma de um cilindro de raio R
a altura x , então
25.
2
 15  25 225 1 9 4
=  .R .x   .  .x    .x  x 
2
.x  . (Resposta)
3 2 3 4 3 4 27

 Exercício 02: Determinar a razão entre a área de uma esfera e a área total do cilindro
circunscrito à mesma.

Solução: Seja R o raio da esfera o qual é também o raio do cilindro.


A área da esfera é igual a
S = 4 R2
e a área total do cilindro é igual a
S’ = 2R(2R) + 2R2 = 6R2.
Portanto
S 4 R 2 2
  . (Resposta).
S ' 6 R 2 3

R h = 2R

EXERCÍCIOS

01. Para uma esfera de diâmetro 4, quem é maior sua área ou seu volume?

02. Qual será o raio de uma esfera de modo que seu volume seja igual a área de sua
superfície?

03. Uma igreja tem o formato de um hemisfério. Se forem necessárias 13 latas de tinta para
pintar seu piso, quantas latas serão necessárias para pintar o exterior dessa igreja?

04. Demonstre que o volume de uma esfera é igual a 2/3 do volume do menor cilindro
circular reto que pode contê-la.
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05. Sabe-se que três quartos da superfície terrestre estão coberta de água. Quantos milhões
de quilômetros quadrados da superfície da Terra são constituídos de terreno seco?
Dados: Diâmetro da terra = 12,8 km;   3,14)

06. Um cone tem a base inscrita numa face de um cubo de aresta igual a 2 a e o vértice
está no centro da face oposta. Calcular, em função de a , o raio da esfera inscrita no cone.

07. A altura de um cone é o dobro do raio R da base. Calcular, em função de R, o volume da


esfera circunscrita ao cone.

08. As bases de um hemisfério e um cone são círculos congruentes e coplanares. Um plano


que passa pelo vértice do cone é paralelo ao plano das bases e tangente ao hemisfério.
Qual a razão entre o volume do cone e o volume do hemisfério?

09. Um recipiente cilíndrico de raio 12 cm e altura 25 cm está cheio d’água. Uma bola de
ferro de diâmetro 25 cm foi mergulhada completamente neste recipiente, havendo, portanto
transbordamento de água. Após a retirada dessa bola que volume de água restou no
recipiente?

10. Em um cone eqüilátero está inscrita uma esfera e nesta inscrevemos, também, um
segundo cone eqüilátero. Demonstrar que a área total do cone menor é igual à quarta parte
da área total do cone maior.

RESPOSTAS

01. A > V; 02. 3 03. 26 latas 05. 128,6 km2.


2a 125. .R 3 5975.
06. R = 07. 08. 1/2 09. cm3.
5 1 48 6

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