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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO

DA 19ª VARA CÍVEL E DE ACIDENTES DE TRABALHO DE MANAUS


(AM).

Processo n.º 0639264-91.2017.8.04.0001

SALDANHA RODRIGUES LTDA., já qualificada, por seu


advogado abaixo-assinado (procuração acostada à fl. 96), nos autos da ação em
epígrafe que lhe move INDÚSTRIA REUNIDAS PROGRESSO LTDA., vem,
mui respeitosamente, à elevada presença de Vossa Excelência, em atenção ao v.
despacho de fl. 291, DISCORDAR do pedido de desistência formulado
novamente pela autora à fl. 288, reiterando os argumentos deduzidos às fls.
263/267, nos seguintes termos:

DA TEMPESTIVIDADE

1. A teor do que se extrai da certidão de fl. 293, verifica-se que o r.


despacho de fl. 291 foi disponibilizado no DJe em 02/12/2021 (quinta-feira), cuja
publicação se deu em 03/12/2021 (sexta-feira), por conseguinte, iniciou-se o
prazo em 06/12/2021 (segunda-feira), esgotando-se em 28/01/2022 (sexta-feira),
razão pela qual resta demonstrada a tempestividade da manifestação em tela, nos
termos do art. 216, c/c art. 219, art. 224, todos do CPC.

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2. Importante delinear os dias a serem desconsiderados, a teor do art.
216, c/c art. 219 e art. 220 do CPC, a saber: 03/12/2021 (data inicial); 08/12/2021
(Dia da Justiça); 11 e 12/12/2021 (final de semana); 18 e 19/12/2021 (final de
semana); 20/12/2021 a 20/01/2022 (recesso forense); 22 e 23/01/2022 (final de
semana).

DOS FUNDAMENTOS QUE JUSTIFICAM A DISCORDÂNCIA AO


PEDIDO DE DESISTÊNCIA DA PARTE ADVERSA

3. Assinala-se que a autora praticou ato processual inútil que destoa do


dever das partes previsto no art. 77, inciso III do CPC, na medida em que a
demandante novamente requereu a desistência da ação (fl. 288), a despeito da
requerida já ter manifestado a discordância às fls. 263/267 dos autos. Evidencia-
se que o petitório de fl. 288 é atentatório à justiça, merecendo a devida censura e
penalidade, o que, desde já, requer.

4. Beira à má-fé a postura da autora em retardar o andamento processual


com pedido descabido de extinção da ação por desistência da autora, por óbice ao
art. 485, § 4º do CPC, diante da discordância expressa da requerida.

5. É cediço que o pedido de extinção do feito sem resolução do mérito


por desistência da ação “condiciona-se à observação do disposto no
art. 485, § 4.º, do CPC/2015: ‘Oferecida a contestação, o autor

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não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação 1’”

(original sem grifo).

6. Portanto, uma vez manifestada a discordância da requerida quanto ao


pedido de desistência da ação, conforme petitório de fls. 263/267 dos autos,
mostra-se descabido o pedido formulado à fl. 288, além de caracterizar ato
atentatório à justiça por descumprir o dever de lealdade que se espera das partes.

7. Aliás, conforme alertado na contestação de fls. 42/95, a Autora


praticou ato processual desleal, ao direcionar a distribuição da presente ação à
MM. 1ª Vara Cível de Manaus, valendo-se do sistema SAJ, a partir da indicação
de falaciosa conexão.

8. Todavia, a despeito de induzir o sistema SAJ ao erro, evidencia-se


que exordial não apresentou qualquer justificativa plausível, muito menos fática
ou jurídica sobre os motivos que levaram a ação a ser distribuída diretamente para
MM. 1ª Vara Cível, manobra que foi inteiramente rechaçada pela v. decisão
interlocutória de fl. 275, resultando na redistribuição do feito.

9. Destarte, vislumbra-se que o intuito da parte autora é praticar


manobra processual que a possibilite propor novamente a ação e buscar, em sede
de plantão, a liminar deferida nos autos, da qual, por meio de recurso (Agravo de
Instrumento n.º 4004631-38.2017.8.04.0000), foi integralmente reformada pela
Colenda 1ª Câmara Cível da Egrégia Corte Regional, conforme se denota no v.

1MEDINA, José Miguel Garcia. Código de Processo Civil Comentado [livro eletrônico]. 5 ed. em e-book baseada
na 7 ed. impressa. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021.

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acórdão de fls. 268/274, ratificado pelo C. STJ (acórdãos de fls. 280/284) e
estabilizado pelo trânsito em julgado certificado à fl. 285.

10. Portanto, mostra-se descabido o pedido de desistência da ação que se


revela como manobra processual apta a se esquivar da v. decisão do E. TJAM,
estabilizada a partir da v. decisão do E. STJ, quanto a falaciosa passagem forçada.

11. Assinala-se que a discordância da requerida tem, também, como


fundamento, o direito de a defesa obter a tutela jurisdicional sobre a matéria,
sobretudo, por ter interesse na solução do feito a seu favor, mediante o julgamento
do mérito da demanda, ao ponto de resultar na formação da coisa julgada material,
impedindo a propositura de nova ação com idênticos fundamentos.

12. Assim sendo, tratando-se de recusa suficientemente fundamentada e


que deve ser reputada como válida, inclusive para evitar que a parte autora deduza
uma pretensão assentada em questão conexa ao objeto deste processo em juízo
diverso, utilizando-se de manobra processual para modificar artificialmente regra
de competência e violar o princípio do juiz natural (art. 5º, XXXVII e LIII, da
Constituição Federal), requer seja indeferido o pedido de desistência formulado
pela parte adversa, determinando o prosseguimento do feito.

13. Nesse sentido, pede-se vênia para transcreve precedente do C. STJ,


in verbis:

PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REVISÃO


CONTRATUAL DESISTÊNCIA DA AÇÃO. CONCORDÂNCIA DO RÉU.
NECESSIDADE. FUNDAMENTAÇÃO RAZOÁVEL. EXTINÇÃO DO PROCESSO.

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IMPOSSIBILIDADE. 1. Após a contestação, a desistência da ação
pelo autor depende do consentimento do réu porque ele também tem
direito ao julgamento de mérito da lide. 2. A sentença de
improcedência interessa muito mais ao réu do que a sentença de
extinção do processo sem resolução do mérito, haja vista que, na
primeira hipótese, em decorrência da formação da coisa julgada
material, o autor estará impedido de ajuizar outra ação, com o
mesmo fundamento, em face do mesmo réu. 3. Segundo entendimento
do STJ, a recusa do réu deve ser fundamentada e justificada, não
bastando apenas a simples alegação de discordância, sem a
indicação de qualquer motivo relevante. 4. Na hipótese, a
discordância veio fundada no direito ao julgamento de mérito da
demanda, que possibilitaria a formação da coisa julgada
material, impedindo a propositura de nova ação com idênticos
fundamentos, o que deve ser entendimento como motivação
relevante para impedir a extinção do processo com fulcro no art.
267, VIII, e §4º do CPC. 5. Recurso especial provido. (REsp
1318558/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 04/06/2013, DJe 17/06/2013). (original sem grifo)

14. Outrossim, registra-se a importância de apreciar os pontos


controvertidos abordados na contestação, relativos às questões processuais
pendentes, a saber:

• Impugnação ao valor atribuído à causa (art. 293, c/c art.


337, III, CPC), abordado às fls. 45/55 dos autos;

• Suspensão do processo por ausência dos pressupostos


processuais de validade (fls. 62/64;

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• Ilegitimidade ativa ad causam (fls. 64/67);

• Ilegitimidade passiva ad causam (fls. 67/70.

15. Assinala-se que as questões processuais acima mencionadas podem


ser decididas de plano, nos termos do art. 357, I do CPC, sem a necessidade de
produção de provas.

16. Assim sendo, requer seja dado prosseguimento no feito, proferindo


decisão de saneamento e de organização do processo, nos termos do art. 357, CPC.
Em ato contínuo, pugna-se pelo deferimento do pedido de produção de provas
requeridas às fls. 256/259.

17. Outrora, em prestígio aos princípios da promoção da solução por


autocomposição, da duração razoável do processo (art. 5º, inciso LXXVIII, CF,
c/c art. 4º do CPC/15), aliado ao princípio da cooperação (art. 6º do CPC/15) e da
boa-fé processual, a requerida apresenta a seguinte proposta de acordo:

A parte adversa reconhece a improcedência da ação, de modo


que a autora e seus representantes legais se comprometam a não
promoverem nova ação para discutir quaisquer fatos e fundamentos
jurídicos relacionados à presente lide. Não obstante, a
requerente e seus representantes legais também deverão se
comprometer a não praticarem quaisquer atos de esbulho ou
turbação, respeitando o domínio e a posse exercida pela requerida
sobre o imóvel em questão. Incumbirá exclusivamente a Requerente
o ônus de pagar as custas processuais e os honorários

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advocatícios em favor dos patronos da requerida, fixados em 10%
(dez por cento) sobre o valor da causa a ser corrigido, nos
moldes do item 22 da contestação (fl. 54 dos autos). Eventuais
custas deverão ser arcadas exclusivamente pela requerente. Não
incorrerá qualquer ônus em desfavor da requerida, tampouco
honorários advocatícios sucumbenciais.

18. Em outro vértice, caso seja do interesse da parte adversa, nada a


impede de renunciar o alegado direito e reconhecer a improcedência da ação, de
modo a resultar na extinção da ação com a resolução do mérito, nos moldes do
art. 487, inciso III, alínea “c” do CPC.

Termos em que,
Pede e Espera Deferimento.
Manaus (AM), 30 de dezembro de 2021.

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Marcelo Furukawa Maia
OAB/AM n.º 4.527

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