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CENTRAL DE ESTUDOS CISSA NUNES

PRÉ-VESTIBULAR
LÍNGUA PORTUGUESA / LITERATURA
Profa. Camila Barcelos

LÍNGUA PORTUGUESA
Literatura (Escolas Norteadoras)
01- (MACKENZIE)

Assinale a afirmativa correta com relação ao Trovadorismo.

Texto I

Ondas do mar de Vigo,

se vistes meu amigo!

E ai Deus, se verrá cedo!

Ondas do mar levado,

se vistes meu amado!

E ai Deus, se verrá cedo!

Martim Codax

Obs.: verrá = virá levado = agitado.

Texto II

1. Me sinto com a cara no chão, mas a verdade precisa ser dita ao

2. menos uma vez: aos 52 anos eu ignorava a admirável forma lírica da

3. canção paralelística (...).

4. O “Cantar de amor” foi fruto de meses de leitura dos cancioneiros.

5. Li tanto e tão seguidamente aquelas deliciosas cantigas, que fiquei

6. com a cabeça cheia de “velidas” e “mha senhor” e “nula ren”;

7. sonhava com as ondas do mar de Vigo e com romarias a San Servando.

8. O único jeito de me livrar da obsessão era fazer uma cantiga.

Manuel Bandeira

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a) Um dos temas mais explorados por esse estilo de época é a exaltação do amor sensual entre nobres e mulheres
camponesas.

b) Desenvolveu-se especialmente no século XV e refletiu a transição da cultura teocêntrica para a cultura


antropocêntrica.

c) Devido ao grande prestígio que teve durante toda a Idade Média, foi recuperado pelos poetas da Renascença,
época em que alcançou níveis estéticos insuperáveis.

d) Valorizou recursos formais que tiveram não apenas a função de produzir efeito musical, como também a
função de facilitar a memorização, já que as composições eram transmitidas oralmente.

e) Tanto no plano temático como no plano expressivo, esse estilo de época absorveu a influência dos padrões
estéticos greco-romanos

02- (MACKENZIE)

Assinale a alternativa incorreta a respeito do Trovadorismo em Portugal.

a) Durante o Trovadorismo, ocorreu a separação entre poesia e a música.

b) Muitas cantigas trovadorescas foram reunidas em livros ou coletâneas que receberam o nome de cancioneiros.

c) Nas cantigas de amor, há o reflexo do relacionamento entre o senhor e vassalo na sociedade feudal: distância
e extrema submissão.

d) Nas cantigas de amigo, o trovador escreve o poema do ponto de vista feminino.

e) A influência dos trovadores provençais é nítida nas cantigas de amor galego-portuguesas.

03- (FACERES)

Leia o trecho do samba-enredo da escola São Clemente, em 2018, e observe a imagem para responder à questão.
Vem ver! Convidei Debret
Pra pintar o desfile do meu carnaval
A arte neoclássica impera
No Brasil colonial
D. João! Em nobres traços vê inspiração
E faz um Rio à francesa
Erguendo os pilares do saber
Emoldurando… a exuberante natureza
Onde toda forma se mistura
Na mais perfeita arquitetura (...).
(Enredo: “Academicamente popular”. Compositores: Ricardo Góes, Flavinho Segal, Naldo, Serginho Machado, Fabiano
Paiva, Igor Marinho e Gusttavo Clarão).

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O estilo neoclássico, mencionado no terceiro verso, transpareceu na pintura de Debret. Esse estilo se
caracterizava por:
a) Crítica das mazelas sociais do país, denunciadas por meio das pinturas enviadas à Europa.
b) Expressão do carnaval, pois o motivo principal das obras eram as escolas de samba.
c) Inspiração na pintura clássica greco-romana e idealização dos índios, com traços heroicos.
d) Inspiração egípcia, pois as figuras apareciam com a cabeça de perfil e o torso de frente.
e) Expressão do modernismo, que mesclava cultura local com vanguardas estrangeiras.
04- (UNESP)
Alma minha gentil, que te partiste
tão cedo desta vida descontente,
repousa lá no Céu eternamente,
e viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,


memória desta vida se consente,
não te esqueças daquele amor ardente
que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te


alguma coisa a dor que me ficou
da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,


que tão cedo de cá me leve a ver-te,
quão cedo de meus olhos te levou.
(Sonetos, 2001.)

No soneto, o eu lírico
a) suplica a Deus que suas memórias afetivas lhe sejam subtraídas.
b) expressa o desejo de que sua amada seja em breve restituída à vida.
c) expressa o desejo de que sua própria vida também seja abreviada.
d) suplica a Deus que sua amada também se liberte dos sofrimentos terrenos.

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e) lamenta que sua própria conduta tenha antecipado a morte da amada.
05- (BLOG DO ENEM)
Estudar a literatura portuguesa medieval não significa simplesmente compreender o passado. O estudo das
cantigas trovadorescas, por exemplo, permite-nos uma melhor compreensão da forma como se vê o amor
também no século XX. Pixinguinha e João de Barro, em nosso século, produziram “Carinhoso”, uma canção
muito conhecida:
Meu coração, não sei por quê,
Bate feliz quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas, mesmo assim, foges de mim.
Ah, se tu soubesses como eu sou tão carinhoso
E o muito, muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim.
Relacione a canção acima aos estudos sobre cantigas trovadorescas. A alternativa verdadeira é:
a) Faz-se perceptível, na letra da canção, a ridicularização dos defeitos humanos, como o fato de a mulher estar
fugindo de uma situação constrangedora, sendo o texto, portanto, uma cantiga satírica.
b) Esta canção assemelha-se às cantigas medievais pelo tratamento dado ao objeto do amor e também porque,
segundo a classificação das cantigas trovadescas, esta letra pode ser considerada uma cantiga de amigo, do tipo
bailia.
c) A postura do trovador diante da mulher amada coincide com o eu-lírico da canção: a mulher, que é facilmente
conquistada, caracteriza esse texto como uma cantiga de amor.
d) A mulher, no texto, sofre a coita amorosa, identificada na letra da música, pelas palavras foges e fugirias.
e) A canção Carinhoso aproxima-se das cantigas trovadorescas pelo tratamento dado à mulher amada – uma
mulher praticamente inatingível – bem como pela existência de uma melodia que acompanha a letra da música,
o que também ocorria nas cantigas medievais.
06- (BLOG DO ENEM)
Texto I
Trecho de cantiga de Nuno Fernandez Torneol (século XIII)

Quando mi-agora for’e mi alongar


de vós, senhor, e non poder veer
esse vosso fremoso parecer,
quero-vos ora por Deus preguntar:
Senhor fremosa, que farei enton?
Dized’ai! coita do meu coraçon!

(Segismundo Spina, A lírica trovadoresca)

Vocabulário
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mi alongar = me distanciar
fremoso = formoso
parecer = rosto
coita = dor, aflição

Texto II

Trecho da canção de Adoniran Barbosa: Chega (século XX)

Agora eu vivo só e tão desolado


Por meu amor ter me abandonado
Sem ter razão feriu meu coração
Por isso eu sou julgado como um vagabundo
Não descanso um momento
Ninguém tem pena de mim neste mundo
(http://letras.terra.com.br. Acesso em 18.08.2010)

O texto I foi produzido no contexto do(a):


a) Iluminismo, quando a mulher era idealizada como alguém inatingível pelo homem.
b) Renascimento, período em que homens e mulheres já têm direitos iguais.
c) Segunda Guerra Mundial, momento em que o amor era o principal tema da literatura.
d) Revolução Industrial, por meio da qual a mulher passa a ser o centro da arte literária.
e) Feudalismo, época em que era comum a vassalagem amorosa na literatura.
07- (BLOG DO ENEM)
Leia o trecho abaixo, extraído do Auto da barca do Inferno, de Gil Vicente, e assinale a alternativa incorreta.
Fidalgo: Esta barca onde vai ora,
Que assi está percebida? (aparelhada)
Diabo: Vai pera a ilha perdida,
E há de partir logo essora. (agora mesmo)
Fidalgo: Pera lá vai a senhora!
Diabo: Senhor, a vosso serviço.
Fidalgo: Parece-me isso cortiço.
Diabo: Porque a vedes lá de fora.
Fidalgo: Porém a que terra passais?
Diabo: Para o Inferno, senhor.
Fidalgo: Terra é bem sem sabor.
Diabo: Quê! E também cá zombais?
Fidalgo: E passageiros achais
Pera tal habitação?
Diabo: Vejo-vos eu em feição

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Pera ir ao nosso cais.
Fidalgo: Parece-te a ti assi?
Diabo: Em que esperas ter guarida?
Fidalgo: Que deixo na outra vida
Quem reze sempre por mi.
Diabo: Quem reze sempre por ti?
Hi hi hi hi hi hi hi
E tu viveste a teu prazer,
Cuidando cá guarecer, (salvar-se)
Porque rezam lá por ti?
Embarca, ou embarcai.
Que haveis de ir à derradeira.
Mandai meter a cadeira,
Que assi passou vosso pai.
a) Na fala “Senhor, a vosso serviço”, o Diabo está demonstrando gentileza para com o fidalgo, afinal, está
recebendo em sua barca um nobre.
b) Na fala “Quê! E também cá zombais?”, o Diabo faz referência à arrogância do fidalgo.
c) O Diabo ironiza a presunção do fidalgo, que acredita que obterá a salvação eterna porque deixou na Terra
quem rezasse por sua alma, desmistificando a ideia bastante propalada de que rezar pelos mortos garante a eles
o reino dos céus.
d) O Diabo alterna as formas de tratamento (“Embarca, ou embarcai”) para deixar claro que, depois da morte
(na “hora da verdade”), a distinção de classe ou de hierarquia social não tem valor.
e) O fidalgo carrega uma cadeira, pois pretende continuar recebendo, depois da morte, o mesmo tratamento
distinto. A cadeira simboliza, portanto, o seu elevado status social e a sua presunção.
08- (BLOG DO ENEM)
Não queiras ser tão senhora:
casa, filha, e aproveite;
não percas a ocasião.
Queres casar por prazer
no tempo de agora, Inês?
(…)
sempre eu ouvi dizer:
Ou seja sapo ou sapinho,
ou marido ou maridinho,
tenha o que houver posses

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Este é o certo caminho.
(Gil Vicente. Farsa de Inês Pereira)
Com base nessas palavras e nos conhecimentos sobre o Humanismo, é correto afirmar:
a) O Humanismo procura retratar a realidade de forma ingênua, revelando uma visão idealizada do mundo
expressa pelo verso “casa, filha, e aproveite”.
b) O fragmento citado trata o casamento como resultado de um envolvimento amoroso pleno.
c) A leitura do fragmento confirma que o Humanismo, embora dirigido a um público palaciano, adota alguns
padrões de discurso popular, como se observa nos quatro últimos versos.
d) O verso “Este é o certo caminho” indica o predomínio de uma visão idílica e idealizada em grande parte do
discurso humanista.
e) O olhar humanista, no fragmento citado, imprime à união conjugal uma motivação sentimental. Tal postura
suplanta o lirismo amoroso presente em algumas cantigas trovadorescas.

1- D / 2- A / 3- C / 4- C / 5- E / 6- E / 7- D / 8- C

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