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Materiais lúdicos – Bloco Sudeste

Bloco Sudeste
Carnaval
O Carnaval é uma festa popular conhecida no mundo inteiro. Tem origem no entrudo, festa
portuguesa de rua da região de Açores e Cabo Verde. Nessa festa, as pessoas jogavam farinha,
água, ovo e tinta umas nas outras.
No Brasil, cada região tem uma tradição para comemorar essa data. As primeiras escolas
de samba apareceram no Rio de Janeiro no início do século XX e os desfiles tornaram-se uma
forma popular de comemoração no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em Minas Gerais e no
Espírito Santo também ocorrem grandes carnavais, voltados para os blocos de rua.

Desenvolvimento
Manifestações folclóricas como brincadeiras de roda, folguedos, cantigas, festividades e
danças podem ser desenvolvidas na Educação Infantil, ampliando o repertório cultural das
crianças.
O Carnaval na região Sudeste é marcado especialmente pelos desfiles das escolas de
samba, que são realizados nos sambódromos.
Essa festa também abrange os blocos de Carnaval de rua. Em grande parte dos municípios
dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo há blocos de rua,
inclusive blocos adequados para crianças e famílias. Neles, cantam-se diferentes tipos de
música, mas principalmente as marchinhas de Carnaval.
Pode-se trabalhar com o tema Carnaval incentivando a musicalização entre bebês e
crianças de até 3 anos de idade, com base nas marchinhas, e organizando pequenas oficinas
de confecção de colares e “cordões” para usar e decorar a sala.
Os principais objetivos dessas atividades com bebês e crianças de até 3 anos são:
 incentivar a musicalização por meio das marchinhas de Carnaval;
 estimular a expressão corporal;
 compartilhar histórias de Carnaval;
 falar sobre escolas de samba e blocos de rua;
 desenvolver trabalhos manuais.
Como fazer: Entre os bebês, recomenda-se a montagem de um grande cordão para enfeitar
a sala durante as semanas que antecedem o Carnaval. O processo de montagem do cordão é o
mesmo dos colares. Já nas turmas com crianças de até 3 anos, é possível organizar oficinas
de confecção de colares individuais.

Colar e cordão de Carnaval


Você vai precisar de:
 canudos grossos e coloridos
 fios de lã
 retalhos de tecidos
 lápis
 tesoura sem ponta

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Ajude as crianças a desenhar flores, quadrados e círculos nos retalhos de tecido. Em


seguida, recorte-os. Faça um buraco pequeno no centro de cada um deles e passe o fio de lã
por dentro. Corte os canudos em pedaços pequenos e intercale-os com os recortes de tecido
na hora de passá-los pelo fio de lã. Assim será formado um colar com um fio de lã que
atravessa, intercaladamente, pedaços do canudo e as flores, quadrados e círculos feitos de
retalho de pano.
O trabalho com a música pode ocorrer em paralelo com as oficinas de montagem de
cordões e colares. Dê preferência às marchinhas de carnaval. Se possível, pesquise na internet
algumas marchinhas tradicionais para tocar e reserve um momento para realizar uma roda de
canto e dança com as turmas. Algumas sugestões: “Caiu na rede é peixe”, “Alá-lá-o”,
“Jardineira”, entre outras.

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Jongo
Trazida ao Brasil pelos africanos escravizados que trabalhavam nas fazendas de café do
Vale do Rio Paraíba, no interior dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo na
época colonial, o jongo (ou caxambu) é uma dança de origem africana que os escravizados
dançavam para divertir os donos das fazendas nos dias de santos católicos.

Desenvolvimento
Em 2005, o jongo recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Os grupos que
executam o jongo usam em suas apresentações a percussão, a dança e o canto. Utilizá-lo
como atividade com as crianças é uma maneira de valorizar a cultura afro-brasileira. Outros
objetivos de trabalhar essa expressão artística na Educação Infantil são:
 incentivar a musicalização;
 estimular a apreciação da poesia cantada na forma dos “pontos” do jongo;
 promover a socialização;
 desenvolver noções de ritmo e percussão;
 estimular a expressão corporal;
 incentivar atitudes de valorização da diversidade e de cooperação mútua.
Como fazer: Providenciar a música é muito importante, já que todo o trabalho com o jongo
deve tomar a música como base. É possível procurar músicas do grupo Jongo da Serrinha, que
preserva e divulga essa manifestação folclórica.
As rodas de canto, tanto para os bebês como para crianças de 2 e 3 anos de idade, são
atividades enriquecedoras e bastante adequadas para trabalhar com o jongo. Canções como
“Finca a tenda”, “É de Lorena” e “Jongueiro bom” podem ser encontradas na internet. Comece
falando sobre o jongo, reproduza as canções e experimente o acompanhamento dos versos
com tambores ou outros instrumentos de percussão.
Para subsidiar o trabalho, há o documentário Jongo do Sudeste, produzido pelo IPHAN
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/videos/detalhes/103/jongo-do-sudeste-parte-2>.
Acesso em: 26 jan. 2018.
Mostre às crianças o vídeo Festa de Jongo no Quilombo São José, 2013-05-18, para que
elas saibam quais são os passos da dança.
Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=tVVVmmqxsZ4>. Acesso em: 26 jan. 2018.

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Para saber mais sobre o jongo, leia o texto a seguir.

Passados mais de cem anos da abolição da escravatura ainda


encontramos o jongo no Sudeste, apesar de todas as previsões dos
folcloristas sobre o fim dessa prática cultural. Mas afinal o que é o jongo?
Como é a sua dinâmica?
O jongo possui alguns elementos característicos como a presença de
dois ou mais tambores, da fogueira e da roda. O tambor mais comprido é
chamado de angoma ou tambu e o menor, de tom mais baixo, de
candongueiro. Na roda de jongo um casal dança no centro dela, próximo
da fogueira, enquanto os outros jongueiros batem palmas e repetem
(firmam) os cantos (pontos) entoados. [...] Os desafios postos nos pontos
cantados e a circularidade caracterizam o jongo, assemelhando-se,
muitas vezes, com outras manifestações culturais, como o calango e a
folia de reis [...].

O jongo na escola. Pontão de Cultura Jongo/Caxambu. Disponível em:


<http://www.pontaojongo.uff.br/sites/default/files/upload/o_jongo_na_escola_-_complet
o.pdf>. Acesso em: 1º fev.2018.

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Pão de queijo
O pão de queijo é um alimento típico de Minas Gerais. Durante a mineração nas jazidas
próximo de Ouro Preto, por volta de 1700, não havia comida para alimentar tantos
trabalhadores. As cozinheiras mineiras trocavam o trigo, que era um ingrediente escasso, pelo
polvilho, derivado da mandioca, acrescentando à massa o queijo curado.

Desenvolvimento
O trabalho com a culinária na Educação Infantil possibilita incentivar hábitos alimentares
saudáveis e é uma oportunidade para as crianças se arriscarem na preparação de alguns
pratos, mesmo que seja como ajudantes. A atividade de preparar o pão de queijo estimula
bebês e crianças a acompanhar o processo de realização de uma receita, ajudando-os a
perceber que cozinhar:
 demanda paciência, ordem, limpeza e raciocínio;
 reforça a cooperação;
 promove a concentração;
 permite que crianças toquem, sintam e cheirem alimentos diferentes;
 incentiva atitudes solidárias no momento de compartilhar a comida com outros colegas.
Proponha o preparo de uma receita de pão de queijo. Certifique-se de que não há
problemas de alergia alimentar entre as crianças.
Oriente-as a lavar as mãos antes de iniciar o preparo.
Como fazer:
Pão de queijo
Ingredientes
2 xícaras (chá) de polvilho azedo
2 xícaras (chá) de queijo minas curado e ralado
2 ovos inteiros
1 pitada de sal
1 colher (sopa) de manteiga
250 ml de leite ou coalhada natural
Modo de preparo: Peça às crianças para misturar o polvilho, o queijo e o sal. Em seguida,
elas devem acrescentar os ovos à mistura e, aos poucos, colocar o leite. Ajude-as a untar as
mãos e enrolar bolinhas, que devem ser dispostas em uma forma também untada. Asse em
forno médio até que dourem.

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Peixe vivo
A cantiga “Peixe vivo” faz parte do folclore de Minas Gerais. Antigamente era cantada em
reuniões familiares, jantares e ceias na cidade mineira de Diamantina, sendo as batidas
marcadas por talheres nas bordas dos pratos ou por palmas.

Desenvolvimento
As brincadeiras de roda podem ser realizadas com bebês e crianças de todas as faixas
etárias. Os objetivos principais dessa brincadeira são:
 a socialização;
 a valorização da cooperação entre as crianças;
 o desenvolvimento motor;
 a apreciação musical;
 o contato com cantigas tradicionais da região Sudeste.
Com as crianças maiores de 2 anos é possível fazer uma roda e conversa sobre a canção.
Pergunte às crianças se conhecem a letra e a melodia de “Peixe vivo”, cantiga típica da
região Sudeste, e se costumam brincar de roda com familiares ou amigos da vizinhança.
Proponha a organização de uma roda para cantar e dançar essa cantiga.
Como brincar: Depois de organizar as crianças em uma roda, comece a cantar a cantiga.
Cante diversas vezes, mostrando o ritmo, a letra e a melodia. As crianças, de mãos dadas, vão
girar no sentido horário. Os bebês e as crianças menores, que ainda não andam, podem
vivenciar a brincadeira ouvindo a melodia e acompanhando a música com chocalhos, batendo
palmas ou usando outro instrumento musical que estiver disponível.

Como pode o peixe vivo


Viver fora da água fria?
Como poderei viver (2x)
Sem a tua companhia

Os pastores desta aldeia


Já me fazem zombaria
Por me verem assim chorando
Sem a tua companhia

Cantiga popular

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Curupira
O Curupira, também conhecido em outras regiões do Brasil como Caipora, é um ser de
cabelos vermelhos como fogo, que tem os pés virados para trás. Sua missão é cuidar das
florestas e de seus habitantes.
A lenda tem origem em São Paulo, no século XVI, quando os portugueses, jesuítas e
bandeirantes começaram a explorar a região. Os povos indígenas não queriam ser capturados
para se tornarem escravizados ou serem catequizados. Para despistar os perseguidores, os
indígenas marcavam o caminho com folhas e outros objetos, como pedras. Também andavam
de costas para deixar rastros ao contrário, fazendo os captores perderem o rumo.
Na cidade de São Paulo, no Horto Florestal, há um monumento ao Curupira.

Desenvolvimento
O trabalho com lendas na Educação Infantil pode ser executado com a organização de uma
roda de contação de histórias. Os principais objetivos desse trabalho são:
 apresentar lendas do folclore brasileiro;
 valorizar aspectos da oralidade;
 incentivar a concentração ao escutar textos;
 estimular a participação durante o ato de contar a história;
 valorizar a imaginação;
 valorizar o respeito à fala do outro.
Como fazer: Se possível, ofereça livros que tragam a lenda do Curupira. Um exemplo é a
obra Turma da Mônica – Lendas brasileiras – Curupira, de Mauricio de Sousa, Editora Girassol,
2010.
É interessante levar ilustrações do Curupira para mostrar às crianças durante a contação.
Se possível, fale sobre a lenda do Curupira utilizando três fantoches: um representando o
Curupira; outro, um caçador; e um terceiro, um animal (como uma onça). É importante destacar
que o Curupira é protetor das matas e dos animais. Pode-se fazer um pequeno teatro contando
as aventuras de um caçador que, no momento de capturar a onça, foi surpreendido pelos
barulhos do Curupira e desistiu da caçada.
Com as turmas de crianças que têm entre 2 e 3 anos de idade, pode-se questionar qual o
barulho esquisito emitido pelo Curupira no momento de assustar o caçador, estimulando que
cada uma produza um barulho que considere assustador.

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Adivinhas
As adivinhas são perguntas enigmáticas, às vezes em formas poéticas, que propõem um
desafio, geralmente iniciado pela frase “O que é, o que é?”.

O que é, o que é?
Tem chapéu, não tem cabeça,
tem boca, mas não fala,
tem asa, mas não voa
tem bico, mas não belisca
Resposta: bule

Adivinha de origem popular

O que é, o que é?
Bicho manso e saltador,
gosta de ir aos pinotes
Levando, cheio de amor,
dentro da bolsa os filhotes
Resposta: canguru

Adivinha de origem popular

Desenvolvimento
Para facilitar a interação e a comunicação entre as crianças, organize a turma em forma de
roda. Explore os saberes que elas têm sobre as adivinhas. Algumas contribuições sobre esse
gênero podem ser fruto do convívio com adultos. Quem conhece alguma adivinha ou “O que é,
o que é?”? É importante que as crianças participem ativamente, tentando descobrir a resposta
das adivinhas propostas pelos colegas, o que faz a atividade ser divertida e dinâmica e
colabora para ampliar e enriquecer os recursos de expressão e compreensão.
A turma pode ser organizada em grupos, oportunizando parcerias produtivas.
Uma das formas para estimular a produção das adivinhas é apresentar a imagem de
objetos, animais, pessoas, frutas etc. para cada grupo. As crianças, de maneira coletiva, criarão
uma adivinha para ser perguntada a outro grupo.
Para finalizar, encoraje-as a pesquisar com familiares outras adivinhas que, depois, serão
compartilhadas com a turma.
Essa proposta ajuda a desenvolver:
 a expressão de ideias por meio da linguagem oral;
 a construção do conhecimento sobre esse gênero textual;
 as relações interpessoais, desenvolvendo atitudes de participação e cooperação;
 a apreciação da cultura popular e do folclore brasileiro.

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Passa, passa três vezes


O Passa, passa três vezes (ou Passarai) é uma brincadeira muito popular na região Sudeste
do país. A cantiga que a acompanha pode ter variações dependendo da região, mas nesta
proposta será destacada uma variação comum na cidade de São Paulo.

Desenvolvimento
Pergunte para as crianças, sentadas em roda, quem conhece o Passa, passa três vezes.
Aqueles que conhecem a brincadeira poderão socializar as informações que têm. Isso é
importante, pois desenvolve nas crianças a habilidade de comunicar ideias e sentimentos.
Como toda atividade lúdica, esta também permite identificar expressão de afeto e promover a
mediação de frustrações, a resolução de conflitos e a regulação de emoções.
Apresente a letra da cantiga para as crianças.

Passa, passa três vezes


[...]
Qual delas será?
A da frente ou a de trás?
A da frente corre mais e a de trás ficará!

Cantiga popular

Como brincar: Enquanto duas crianças dão as mãos, com os braços para o alto, formando
um túnel, as outras, em fila, vão passando por baixo, sempre cantando. Quando a música
acabar, as duas que formam o túnel abaixam os braços, prendendo alguém. Elas perguntam: “O
que quer do mundo?”. Pode ser brinquedo, fruta, comida, cor etc. Assim que a criança pega
responder, as duas sairão de perto para decidir a opção de cada uma dentro do tema escolhido.
Por exemplo, a criança que ficou presa escolheu fruta. Cada uma das duas crianças que a
prenderam escolhe uma fruta dentre várias possíveis. Por exemplo, banana e maçã. Elas, então,
voltam para perto do grupo e dão as duas opções (banana e maçã) para um participante
escolher, sem revelar qual delas escolheu banana e qual escolheu maçã. Ao optar por uma das
frutas, a criança deverá se posicionar atrás daquela que havia escolhido a mesma fruta. E a
brincadeira recomeça, com as duas formando novamente o túnel pelo qual passarão cantando
os outros participantes. Ganha quem tiver mais crianças em seu time.
Ao término da brincadeira, procure saber as sensações e impressões das crianças.
Algumas questões que podem ser propostas:
 Como foi brincar dessa forma? De que maneira vocês definiram “o que quer do mundo”?
 Explore a situação daqueles participantes que tiveram menos crianças no seu time. Nesse
caso, pelas regras da brincadeira, eles não foram os ganhadores. Como eles se sentiram em
relação a isso? Todos podem ganhar sempre? Espera-se que as crianças percebam, por si
mesmos, que não se pode ganhar sempre e, ganhando ou perdendo, todos ganham com a
diversão (o prazer de brincar, por exemplo)?
 Que outras brincadeiras o grupo conhece? Como são as regras dessas outras brincadeiras?
Por fim, pedir que registrem a brincadeira por meio de desenhos.

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Teresinha de Jesus
De origem possivelmente portuguesa, “Teresinha de Jesus” é uma das mais antigas
cantigas de roda, sendo usada também como cantiga de ninar. Está presente em todo o Brasil,
como várias cirandinhas, mas sofrendo variações conforme a região e o período histórico. A
versão com cinco estrofes tem sido bastante encontrada em material impresso, mas cada vez
mais rara na cultura oral. Em Minas Gerais foi coletada uma versão bastante comum, com três
estrofes.

Desenvolvimento
Escreva a cantiga a seguir, com letra bastão, em um cartaz ou na lousa.

Terezinha de Jesus
De uma queda foi ao chão
Acudiram três cavaleiros
Todos três com chapéu na mão
O primeiro foi seu pai
O segundo, seu irmão
O terceiro foi aquele
que a Tereza deu a mão
Da laranja quero um gomo
Do limão quero um pedaço
Da menina mais bonita
Quero um beijo e um abraço.

Cantiga popular

Pergunte às crianças se elas conhecem alguma cantiga de roda e conte que esse tipo de
brincadeira era realizado na rua, na escola, em parques etc. Alguns exemplos de cantigas
conhecidas são “A canoa virou”, “Ciranda cirandinha” e “Alecrim dourado” etc. Pergunte se elas
conhecem algum lugar onde brincam de roda e os tipos atuais de brincadeiras.
Leia o texto da cantiga apontando as palavras no cartaz ou no quadro e ouça a música, que
pode ser pesquisada na internet. Nesse momento, as crianças poderão acompanhar a cantiga e
perceber que a música tem muitas rimas e repetições, o que pode contribuir para a
memorização.
Mesmo que não saibam ler, elas poderão encontrar algumas palavras pela posição que
ocupam na cantiga escrita no cartaz ou na lousa, como esclarece este texto:

Desde muito cedo, a criança manifesta desejo de se apropriar da


leitura e da escrita: ao ouvir e acompanhar a leitura de textos, ao observar
os muitos textos que circulam no contexto familiar, comunitário e escolar,
ela vai construindo sua concepção de língua escrita, reconhecendo
diferentes usos sociais da escrita, Gêneros, suportes e portadores.

Disponível em:
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/pdf/3_BNCC-Final_Infantil.pdf>. Acesso
em: 13 nov. 2017.

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Proponha às crianças a dramatização do enredo presente na cantiga.


Como brincar: Organize as crianças em roda com uma no centro (Terezinha). Os três
cavalheiros ficarão fora da roda e entrarão à medida que forem apresentados na música. O
grupo se movimenta girando e cantando. Se possível, peça que marquem o ritmo com
instrumentos que podem ser confeccionados com sucata (chocalhos e pandeiros, por
exemplo). No fim da música, a criança (que representa Terezinha) que está no centro escolhe
um colega com um aperto de mão. Para continuar a brincadeira é só decidir quem será a nova
Terezinha e os outros três colegas, que representarão os cavalheiros. Por meio do movimento
corporal, as crianças exploram o espaço, estabelecem relações, expressam-se, brincam e
produzem conhecimento sobre si, o outro e o universo social e cultural a que pertencem.

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Conto O velho e o tesouro do rei


“O velho e o tesouro do rei” é um conto muito popular no Rio de Janeiro, coletado da
tradição oral por Sílvio Romero e transcrito em seu livro Contos populares do Brasil. A história
foi trazida de Portugal, mas retrata bem a situação de desigualdade social das grandes cidades
brasileiras. O Sudeste é a região do país que mais gera riqueza, atraindo migrantes e
imigrantes. No entanto, é onde ficam mais visíveis os contrastes sociais.

Desenvolvimento
Antes de ler a história, proponha uma conversa sobre o significado do conto apenas
revelando o título, deixando que as crianças arrisquem suas sugestões, antecipando
possibilidades. Isso facilita o envolvimento com a leitura que será feita.
O conto popular é um gênero textual transmitido de geração em geração, fruto da oralidade,
e tem como características humor, lições morais e situações imprevistas, favorecendo um
universo de seres e acontecimentos de ficção que estimulam a fantasia e a imaginação.
Como fazer: Leia para as crianças o conto “O velho e o tesouro do rei”.

O velho e o tesouro do rei


Havia um rei cujo tesouro foi roubado. Para recuperá-lo, ele ofereceu dinheiro como
recompensa a quem levasse ao castelo o ladrão do tesouro. Para pregar uma peça num
homem velho muito pobre, que mal tinha o que comer, alguns homens maldosos disseram ao
rei que o velho sabia quem havia roubado o tesouro.
O rei mandou chamar o pobre homem e, como ele não sabia o que dizer, o rei deu a ele o
prazo de três dias para adivinhar quem foi o ladrão, caso contrário seria condenado à morte. O
rei deu ordem para os empregados tratarem bem o velho, dando-lhe do bom e do melhor
enquanto o tempo dado não se esgotasse.
No primeiro dia, um criado serviu ao velho os melhores pratos que havia no palácio, que
comeu até não poder mais, dizendo: “Graças a Deus que já vi um”, referindo-se ao banquete, a
melhor refeição que tivera em sua vida.
Esse empregado, que era cúmplice do roubo, ficou assustado com a frase do velho e
contou aos outros dois culpados que, para tirar a prova, resolveram servir as refeições dos
outros dias. Depois de ter comido e bebido bem no segundo dia, o velho, agradecido
novamente pela comida maravilhosa, disse “Graças a Deus que já vi dois”. O segundo criado já
não tinha dúvidas que o velho sabia do crime que eles haviam cometido.
No terceiro dia, o homem pobre, sem nem mais se importar com a punição que sofreria,
tamanha a felicidade de ter experimentado a vida de um príncipe, repetiu: “Graças a Deus que já
vi três!”. Ouvindo isso, o criado caiu de joelhos aos pés do velho, perguntando como ele sabia
que ele e os dois colegas haviam roubado o tesouro do rei.
O homem velho não poderia ter sido mais feliz. Prometeu não entregar os ladrões. Apenas
pediu que lhe dessem o tesouro, já que estavam arrependidos. Ele, então, devolveu o tesouro ao
rei, que lhe retribuiu com grande soma em dinheiro. Os empregados tiveram medo e nunca
mais quiseram roubar. E nunca entenderam como o velho soube de tudo.

Após a leitura do conto, converse com as crianças para promover a exploração oral,
discutindo aspectos da narrativa, como:
 Por que o homem velho foi escolhido para contar quem roubou o tesouro do rei? Discuta o
comportamento dos homens maldosos que causaram essa situação apenas para pregar
uma peça no homem velho.

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 Qual foi o plano do homem velho para descobrir quem roubou o tesouro do rei? Espera-se
que as crianças percebam que não houve plano, mas uma situação imprevista que revelou
os ladrões.
 Como terminou o conto para todas as personagens? O que você achou do final da história?
Crianças a partir de 4 anos podem, em grupo, registre a escrita de algumas palavras do
texto: rei, homem velho, ladrões, palácio e tesouro, por exemplo. Mesmo que o resultado final
não apresente a escrita convencional, ela promoverá uma reflexão sobre o ato de escrever. As
crianças poderão identificar omissões ou troca de letras ao confrontar as diversas hipóteses de
escrita, desenvolvendo o conhecimento do valor sonoro das emissões silábicas e refletindo
sobre o sistema de escrita. É uma oportunidade para iniciá-las na compreensão da escrita
como representação da oralidade e observar as possíveis hipóteses silábicas que as crianças
encontram.

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Mia, mia, meu gatinho


Mia, mia, meu gatinho (ou Gato mia) é uma brincadeira de esconder, típica de todas as
regiões do Brasil. Existem várias versões da brincadeira, dependendo do lugar. Em São Paulo,
por exemplo, o pegador fica com os olhos vendados, procurando as demais crianças. Em
Minas Gerais, onde o nome da brincadeira é Mia, mia, meu gatinho, ao invés de receber uma
venda nos olhos, o pegador entra em um quarto escuro onde as crianças estão escondidas.

Desenvolvimento
Realize previamente, com a turma, um levantamento sobre o conhecimento de brincadeiras
populares e pergunte quais brincadeiras as crianças conhecem que podem ser feitas em grupo.
Com crianças maiores de 4 anos, faça o registro dos nomes na lousa, em forma de lista, para
que todos possam acompanhar a construção das palavras e perceber alguns aspectos
importantes para a aquisição da língua escrita:
 relação entre som e letra;
 reconhecimento de letras conhecidas, como a do próprio nome ou nome de um colega;
 percepção da quantidade de letras para a escrita de palavras.
Escolha algumas brincadeiras mencionadas e peça às crianças que expliquem como se
brinca, favorecendo o desenvolvimento da oralidade e da escuta atenta. Pergunte, então, se
conhecem a brincadeira Mia, mia, meu gatinho (ou Gato mia) e peça que expliquem como
brincar. Podem surgir variações do modo de brincar.
Proponha às crianças brincar de Mia, mia, meu gatinho.
Como brincar: Escolha um espaço fechado que seja bem escuro. Certifique-se de que não
tenha objetos perigosos no ambiente. Uma criança fica do lado de fora do cômodo enquanto as
outras se escondem. Em seguida, ela deve entrar e procurar as crianças. Quando tocar em
alguém, deve dizer: “Mia, mia, meu gatinho!”. A criança mia, disfarçando a voz. Se o pegador
descobrir quem é, o “gato” pego será o novo pegador e a brincadeira recomeça. Se errar,
continua atrás de outros “gatinhos”.
Algumas adaptações podem ser realizadas para que as crianças possam brincar na escola.
Por exemplo, se não houver um espaço escuro apropriado, pode-se colocar uma tira de pano
para vendar os olhos do pegador.
Compare o modo de brincar sugerido pelo texto com o conhecimento da brincadeira
expresso pelas crianças. Alguns aspectos podem ser trabalhados:
 A forma como o texto explica a brincadeira é parecida com a maneira que vocês já
brincaram?
 Que diferenças vocês perceberam?
 Se você nunca brincou de Mia, mia, meu gatinho, o que achou dessa brincadeira? Por que
você acha que a brincadeira tem esse nome?
 Vocês conhecem alguma brincadeira popular parecida com essa? Algumas podem lembrar
a semelhança com a Cabra cega, por exemplo.
Essa brincadeira possibilita o desenvolvimento de alguns sentidos, como audição e
percepção do tato. Ao brincar, a criança cria movimentos e sons com o corpo, escuta
atentamente os barulhos em torno de si e desenvolve formas de explorar e se deslocar no
espaço.
Por fim, converse com as crianças sobre como foi a brincadeira. Pergunte o que cada um
sentiu no momento de se esconder e como foi ser o pegador. As crianças poderão expressar
seus sentimentos e contar que estratégias utilizaram ao brincar.

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Referências bibliográficas
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CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo:
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História do Carnaval. Disponível em: <http://historia-do-carnaval.info/>. Acesso em: 25 jan.
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Jongo, a dança profana. Fundação Cidade das Artes. Disponível em: <http://www.cidadedas
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Jongo da Serrinha (2002). Disponível em: <http://jongodaserrinha.org/cd-jongo-da-
serrinha-2004/>. Acesso em: 25 jan. 2018.
Jongo do Sudeste – Parte 2. Iphan – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/videos/detalhes/103/jongo-do-sudeste-
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Lendas e mitos típicos das cinco regiões brasileiras. Viagem. Disponível em:
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