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II()~Alb Ii Ili 111 IU11'11/
Egon d Oliveira f1ang IIPUC-SP]
Gllvan MOller d Ollv Ira [UFSC,Ipol]
Henrique Monteagudo [Universidade de Santiago d CompostelaJ
Kanavillil Rajagopalan [UNICAMP]
Marcos Bagno [UnB]
Maria Marta Pereira Scherre rUFES]
Rachei Gazolla de Andrade [PUC-SP]
Roxane Rojo (UNICAMP)
Salma Tannus Muchail [PUC-SP]
Stella Maris Bortoni-Ricardo [UnB] 11
•••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• " •••• " •• 111 •• 1" •••••••••

I\RR

ClP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE


SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
I I ( AO I NORMA LlNGUfSTICA: SlJw,lnlosPI\I~A UMA (I li )VI~./\()••••••••••••••••••••II,
111 NIIII)IIE MONTEAGUDO
1.1\ vart ção linguística e a circularidade do proc s o d d iscr ~ 01
P829
1

. ~ Pollticas ~a norma e conflitos linguísticos / Xoán lagares, Marcos Bagno (arga- pr \ rição , lI,
ruzaçãoj , (traduçao Marcos BagnoJ. ~São Paulo: Parábola Editorial,201 1.
392 p.;23 cm.- (Lingua[gem] ;47) .. () axioma do relativismo sociolinguístico e o dilema strulllr;./oI\·.ln I'
:L . parâmetros da variação linguística _...........................................
11 I
Ciclo de palestras realizadas ao longo de 2008 no Instituto de letras da Unlver-
sidade Federal Fluminense 4. Variantes e variedades: objetividade, subjetividade, r Hdn It·
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7934-039-0
in ersubjetiva I1
!i. Arquitetura do sistema. Gradação, multidimensionalid d '.
. 1. SOci.oli~gUísti.ca - Congressos. 2. Norma linguística - Congressos. 3. linguagem
e llO~uas: ~anaçao. 4.lmguagem e línguas - Aspectos poHticos _ Congressos. 5. Mudan-
hierarquia ................................................................................................................
11
ças hngUlstJCas - Congressos. 6. Dialetologia - Congressas. I.lagares, Xoán Cartcs. 1971-.
11.Baqno, Marcos. 1961-.111. Título.
6. A variação diafásica ou sociofuncional: registro/estilo ,' 'I
7. Variação diastrática. Língua, discurso e atos de identidad 11
11-5459.
CDD:401.9 n. ocioestilo, padrão e nível 11I
CDU:81'42 <J. Norma objetiva e norma prescritiva 1111
t O. Do prescritivismo preconceituoso ao normativismo raciona I 1
Direitos reservados à
Referêncías bibliográficas ,....... I,
Parábola Editorial
Rua Dr. Mário Vicente, 394 - Ipiranga " li OLOGIAS LlNGuíSTICAS E AS CGNSEQUÊNCIAS DA
04270-000 São Paulo, SP - ...........................................................................................................
1 1\1)RONIZAÇAO
1
1'I
pabx: [11] 5061-9262 15061-80751 fax: [11] 2589-9263 II\MES MILROY
home page: www.parabolaeditorial.com.br 1. Introdução 1')
e-mail: parabola@parabolaeditorial.com.br
2. A cultura da língua padrão: atitudes populares ..........................................•• 1,'
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode
3. A língua num universo não padronizado 111
ser reproduztda ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer 4. A padronização e o linguista 70
meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocôpia e gravação) ou 5. Legitimando a língua /1.
erquívada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão
por escrito da Parábola Editorial Ltda. 6. Observações finais , 111
Referências bibliográficas , 111,
ISBN: 978-85-7934-039-0
A .-ORMAÇÃO DOS CONCEITOS DE "LATIM" E DE "ROMANCl " 11'1
© do texto: Centro de Estudos Galegos, Universidade Federal Fluminense
THOMAS DANIEL FINBOW
© da edição:.pARÁBOLA EDITORIAL,São Paulo, setembro de 2011.
1. Introdução ,..11'1


,I li 11111111 10 ti I 11111111 I 11111.111.. "". """"" """"""". """ ••" ••••• "", ••" •••••••••• '10 1.111 1"1 I PIIIII'I, 1-\1,1111 \11 11 plllllll • •••"""'" """" """"""'"'',, 1/11
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COI\lO I'l't'IIIlIII'('('IIIO.· íl.· IfllgllilS .......••..•.....................••..•......•..••••.............••.••..... 91\·
6. A I' '<til li" da 'S Til" 99 I I \IIIII( ,l li' \M( ) IIUI I ;1 'AI 1Ii( 11 AMI 111( AII( l.
111 I
7. A Reforma Carolíngia - Ausbau do Abstens: 103 11111111) •••••• ,.11••••••••••• " ••• , ••••• " ••••••••••••••••• '.,··' •••••••• ,.111." •• 1,.,1., •• ' ••• 1111
••••••••••• 1•• 111
•• '1'ltI'l

8. Ibéria: a transferência de tradiçõ s di cur iv s c normas e crit s 109 1111.1I ALI·'AIIO I.A(iOH\O 1'1 I
9. Comentários finais 111 1 11111 (ulll\', (I •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• ,

Referências bibliográficas 113 A 1101'111.1 Ilil AI11"rI "I: p .rsp


.tlva htst )1'1 ••\............................................ : I:;"~
1.llIl-\lIa.· '1)1 xmtato nos And s , tJll
A NORMA LlNGuíSTICA DO PONTO DE VISTA I. IIg\líl • id 01 gla ·..· ·..· ·..· , ·· () I
DA POLíTICA LlNGuíSTICA. , 121 " (:,I.·ll'Ihnno andlno
qucchunhol · · ·,()
11 A funç O d c I ...............................................................................................•..
I
KANAVILLIL RAJAGOPALAN
Referências bibliográficas 128 \('(.It." n 'Ia bibliográficas · · · · ,.. I I

A CRIAÇÃO DE UMA NORMA-PADRÃO EM FRANCÊS: I ,IAIUIO DO FRANCÊS NO QUEBCC · · · · li.


ENTRE PLANEJAMENTO POLíTICO E MITO 129 IlJullllCE 1'1 UEIREDO ), \11
I. Pre mbulo ··..· ······
..· ·..··..··..·..·..·· ·
. ,
PIERRE GurSAN
I arcurso histórico ,"": ,Ifi
1. Contribuição para uma revisão de conceitos na história das línguas ....129
.{. J\ religião católica : ·..·:···..···.....................................I
2. Línguas em contato: um paradigma no Mediterrâneo ocidental
4. Língua. política linguística e identidade nacional; · I
durante a primeira Idade Média 130 '
I. organismos de defesa d o f rances ·..·..· · · ·. , I,
3. Línguas cultas ou línguas de culto? 132 ( francês e as outras línguas na América · ·...... /
4. Línguas árabes e línguas românicas: convivência ou confronto? 133 .;: A questão da língua na literatura do Quebec ·.. I~)
5. Modalidade escrita, língua culta e norma: propostas de definições 1'36 R 'ferências bibliográficas ·..··..· ·..··..·..···.......................I,
6. A "modalidade" escrita à luz da linguística de contatos:
o caso do francês 138
111DAÇÃO DO CÓDIGO CIVIL:
7. A elaboração do paradigma linguístico-nacionalista francês, I' III MICA LlNGuíSTICA, JURíDICA OU POLÍTICA? ...............................................................••.•• I1
da monarquia absoluta à república jacobina 140
BIi'l'IIANIA MARIA~I .... 1\1
8. A difusão e a deriva do modelo : 144 1. Consideraçoes Iniciais ........................................................................................•
9. A questão das "periferias" frente ao "centro" 145 , . e o po I'ltlCOna
2. A política . I'mgua · · · · · ·..· 1\ 1
10. A norma-padrão: o último vilão? ~ 148 3. O tempo e a híístona,. d a po I"emlca · · · · · . \I
Referências bibliográficas 149 4. A polêmica ............................................................................................................
;11'
- fmais.
5. Breves re fiexoes ·..· · · · · ·........ I li,
DE BABEL A PANDORA: . bibli
ReferênCIas 1 lograâf icas · ·..··..· ··· ·· ··· ·· ···· ·· . /, di
CRISE, CULTURA E IDENTIDADE NO MULTILlNGUISMO ITALIANO 153
PATRÍCIA ALEXANDRA GONÇALVES BRASIL ENTRE A NORMA CULTA E A NORMA CURTA.............................,li
1. Das origens 154 CARLOS ALBERTO FARACO • I
2. Passando pelos humanistas 162 Referências bibliográficas ···..· ··..···..···..·..·...........................I I

3. E chegando ao presente 163


Referências bibliográficas 167 O DESENVOLVIMENTO DA LíNGUA ALEMÃ ·..· ·.. ~7
MÔNICA MARIA GUIMARÃES SAVEDRA
MINORIAS LlNGuíSTICAS, POLíTICAS NORMATIVAS E MERCADOS 1. O desenvolvimento da língua alemã no âmbito de sua
UMA REFLEXÃO A PARTIR DO GALEGO 169 Sprachpolitik ." ..
XOÁN CARLOS LAGARES 2. A língua alemã no cenário da Sprachenpolitik atual, com esp 'l,tI 11'1
1. A norma linguística e a "condição minorítária" 169 atenção ao contexto brasileiro .

• •
li SUMÁRIO

-3. Considerações finais 294


Referências bibliográficas 297

"POLlCÊNTRICO" E "PAN-HISPÂNICO"
DESLOCAMENTOS NA VIDA POLÍTICA DA LÍNGUA ESPANHOLA 299
ADRIÁN PABLO FAN]UL
1. Entre situações e políticas 299
2. Uma era polícêntríca 302
3. Mudanças históricas. Rumo a uma política centralizadora 317
4. Pan-hispanismo: dimensão ideológica 320
5. Repassando as transformações 329
Referências bibliográficas 330

WORLD ENGLlSHES, WORLO ENGLlSH


INGLÊS COMO LíNGUA INTERNACIONAL, INGLÊS COMO LíNGUA FRANCA .' 333
SÁVIO SIQUElRA
1. Introdução .................................•......
: : 333
2. A busca pela "esperantízação" 336
3. Muitas facetas, muitas definições 340
4. Qual é o nosso inglês? 343
5. Caminhos possíveis para o ensino 347

i 6. Considerações finais 349


Referências.bibliográficas ........•................................................................................
351

. O QUE É UMA LlNGUA? IMAGiNÁRIO, CIÊNCIA G HIPÓSTASE 355


MARCOS BAGNO
1. Existe um conceito claro de língua? 355
2. A língua como hipóstase 357
3. Hipóstase perfeita: a norma-padrão 359
4. Dos alexandrinos a Saussure: alguma diferença? 360
5. Hipóstase consumada: a ortografia 363
6. O padrão não é uma variedade linguística!.. 365
7. História exemplar: o castelhano 368
8. Nomear uma língua 371
9. Histórias exemplares: o francês e o português 373
10. Histórias exemplares: o alemão e o italiano 377
.11. Língua ou dialeto? 380
12. Nomes iguais, nomes diferentes 383
13. A língua é um pântano? 385
Referências bibliográficas 387

OS AUTORES 389


NC)11MA I I IN JlJI M() NC ) 1I

PANII )l AM RICANO:
CASO ANDINO •• • •
CONSUELO ALFARO Lsatnu«
Universidade Federal do Rio de j01/1'I1 li

A unidade não tem por que ser homoqên ut /. 1/11111"1111 Ii


a diversidade tem que significo/" tI/'\I/lII',,1 "I ""
(Boaventura di' .'1111: I ,111111 I

1. INTRODUÇÃO
N

deixa de lado, qu
A DISCUSSAO
sobre norma I I

um dos fenômenos mais recorreuu


sociedades e línguas em contato. O purismo, como 11 I
- ,----
emblema de defesa e coesão social, geralmente estígrnatlzn I

f~ão canônicos que fazem parte das consequências di


sociolinguística.

No caso da língua es anhola, a questão da norma lt'1I1 11111

dor
""'-.......
histórico -..,.~- --- - A ex ansão
e geográfico. ue dispersa a 1(11/\11 I

no começo do século XVI, ocorre quando o processo de


---
em curso.
-- --
Em 1492, quando a expedição a mando d
n011l1

CIIIIIIIII
1II

sembarcando na América, Elio de Nebrija escreve no pr )101\11 I


primeira Gramática castelhana:


ESHoI1,111111\\1,1
100~,tl'"I.llIoIl
.111'1111','
..1 leI,lIll' HIIIIIH 01101 I' ItlI" di' II'K' I I 110 1111I111111·,,111 qlll' 111 KIII.IIII .1

por isso P;\SSOll,'1111'011('0:: 'nrlos, por 111111101 111I1I1.11I~"·"


pOl'qlll' ',1' qlll \lOIltIt I' .1 (',\(1,\ • i\ll.I~·,I().

sermos comparar [lín ua] d ' ho]c '0111a ti' qlllllhl'"tIlS .1110:.111'011 ..• 11 Ir I
Assim, I 'eis.to polllll ,I dI 1.1. lt'lhanizar apar ., V(\ .llnnt • 11.1 dO('1I
remos tanta diferença e diver id d qu nt po I ' b.w 'I' '11tr ' duas I "111I
(Nebrija,[1492] 1992).
ient ção ao lon 'o do pl'll('l\ '. () de .olonização. O m d 10 P '1111).,,,1,11' .'1'

li' o dos Reis Católicos qu " no final do século XV e início cI XVI,III1I101I11


Isto é, em 1492, está em leno processo de construção uma 1101111
I
v stido num projeto de unificação frente aos outros reinos ibérl .os, ('11\
~e acompanha um discurso de natureza política, como parte de um \>1'01'
ue a língua castelhana desempenha um relevante papel de co o 1111 'i
to de confi ura ão do castelhano I
como língua de poder (Anderson 1{ 1111
a. Porém, na América, depois da imposição do ensino de castelhano ilW.

or outro lado, no mesmo rólogo, há também um reconhecirneuu índios com medidas repressivas contra as suas línguas em iSSO, S '1.(111'
~ que a língua castelhana não é universal na própria Península Ib('11 uma revogação dessa cédula e, em 1565, Carlos I assa a exigir que m,
c~ como se pode observar na referência a províncias - destacada. '111 missionários aprendam a lín ua de cada grupo indígen~ a seu carg . ]':111
negrito - que já faziam parte do território espanhol. No que se ref I't' I 570, Filipe II declara as línguas indígenas como veículos de cateq//usI'.
função didática atribuída à gramática, o autor argumenta: Respondendo às "bases" administrativas e às recomendações dos SPt\

por esta Arte de minha autoria se pode conhecê-Ia [a língua castelhau.i] cialistas, o Estado espanhol acaba aceitando as línguas gerais como r '1:1

como agora nós aprendemos o latim pela Arte da Gramática latina, e aSSi1111 tivamente "suas" na medida em que parte de sua administração, cornpr '
certo que não são só os inimigos de nossa fé que têm necessidade de sab 1,1 ndida a tarefa da cate uese, deverá ser feita nessas lín uas. E~etant(),
língua castelhana: mas também os vizcaínos. navarros. franceses. italiano promulgação de leis protebionistas conviv~ com o~o_do espanhol
(Nebrija, ibidem). como língua de poder. dJ--lh .Lv-~ ~,,~s
No final do século Xv, a língua castelhana não é uniforme, nem UIl No espaço andino, o comportamento da administração hispânic III
versal dentro da Península Ibérica, mas a orienta ão olítica da Coroa t' relação às língua;-gerais indí enas sem re foi ambíguo. No período colo
~s discursos sobre ela assinalam uma convergência para ocupar um lugar nial, a tendência que acabou predominando no discurso legal foi a de !.olt'

-
processo,
-
hegemônico. Parece oportuno apresentar aqui a trajetória histórica des I' rânci;;e até incentivo, marca da pelo uso dessas línguas na administração
.
interna/doméstica
~
e principalmente na catequese.

Já na República, a discussão sobre a institucionalização do castelha-


no como língua de Estado na América hispânica tem alguns elementos
2. A NORMA NA AMÉRICA: PERSPECTIVA HISTÓRICA
significativos, todas as assembleias constituintes dos n'ovos Estados as u-
Na ação dos reinos dinásticos, como é o caso da Coroa espanhola, mem a língua castelhana como língua oficial. N? século XIX,as línguas in-
no século XVI, as determinações políticas oscilantes da legislação podem dígenas, especialmente as conhecidas como línguas gerais, desaparecem
ser caracterizadas como um processo não intencional, em grande medida ~rtas Magnas e, em função disso, cessa a proteção que o Estado m -
não planejado, pelo menos no início, que não obedece a nenhum ponto d nárquico tinha formulado na legislação. Isso representa um novo projeto
vista nacionalista (Anderson 1989). A legislação das línguas interage com de castelhanização em reendido pelo regime re ublicano, desta vez num

•• 11
Jll'Oll'lo pulítlru 1I,IcloII,IIqlll' ,1(,01101v.tluri- di 1111111
1111111111',
I' 1'111
lulo JI.1I1I p.1 ti, •• I tI"h,111 111111
)lI o
I

ti '1 'as IIn 'lWS indlg mas S 'lIS 1~llalltt's, qlll' p.II.11' 1111'10, St'II.' dI! I' 111 postus 1101'll1,,1
Vol 1'.11I 11 I 1110tlt t', p.uihol ('St'O/,II;ti SI'II11t1t10'1111
terão que fazê-lo n língua ofl .íal. ~polllic<l d(' Ifllgll.l, ,'oln U, .nu <1,111111 te •. r Ia IV'I·. 1111d.11I1tI.1 I 11 11.1.Quando s .oloca 'OIlHJ UIlI do 111.11
reviravolta, marcada por interesses geopoIfti s, com um dis urs oflr ,li ird nt s d ~ nsol'l'. tI.I""lIn'~.1 da língua" 1110tr -s Intransl '1'1111'«111111
I

de hegemonia que demonstrava a percepção das relações entr Iíngllol, os barbarismos, numa ixplícit investida contra o bilíngu 'S II\(', I ~o' li
nação e Estado, nos moldes do discurso formulado pelos moderno' H'. medo da fragmentação reproduz o modelo latino d d gr 'g"~',IO,I 111
tados nacionais ou "pelas "dinastias que adquiriam um cunho nacion.rl" que esse papel cabe às línguas indí enas em relação ao e p nhol ,11111'1
(Anderson 1989: 51). c no (Bello 1995). J.f~rl k V\.l-~ "" I-<)c I~

Longe do século XVI, já no século XIX, no processo de formação do'. Na débâcle da Independência, a~ longo do século XIX, um dos 11'11111
Estados nacionais, se consolida nos países industrializados da Europa •• res das elites americanas foi a instauração de uma Babei tropi .al, () ti ,
revolução burguesa e, com ela, as bases político-filosóficas do ideário qUI' urso unitário se faz ainda mais contunde~e, retomando da tradlr, o 11
a compõe. Na América, uma vez sedimentado o conturbado processo in dogma da correção, num esforço por legitimar a autoridade nOI'I1Io11
V.I
dependentista, a~ Assembleias Constituintes se dedicam a debater, en: 1'(' que fixa cânones. A definição de norma está estreitamente li adu i ('(lI
outras coisas, os "direitos cidadãos". É difícil achar alguma referênciad
r~ta à questão lin uístiç,a, e esse silêncio é significativo: a língua cast
--
reção e nela podem ser identi i ados t aços da tr~diç?o: o bom uso 1111-
guístico depende essencialmente do conhecimento adequado da norur.t,
lhana é "naturalizada" como a língua da cidadania. Os pr~jetos político. Na América, autores como o colombiano Rufino Cuervo e o ven zu '1,11111
criollos - termo que se refere aos descendentes de espanhóis - excluem Andrés Bello não somente representam essa linha, mas constitu 11111111
de-_...-
sua uto ia nacional ual_ uer res uício de
-
indianidade,
-
-
simbolizado baluarte incontestável dessa posição.
nas línguas. Entretanto, há também um diálogo com as ciências da lingu 111tio
momento, assumindo o pressuposto de que a norma segue um padr.ro
Os Estados nascentes não só expulsam da nacionalidade as línguas
ue propõe modalidades iza ões da lín ua, cQmpatível com () 11"1'
indígenas como esboçam uma ro osta olítica, declarando guerra con
'-
tra elas. As primeiras Constituições dos países andinos contêm propostas
hoje se denomina registro. Nesse sentido, se estabelece uma típoloj; 01
composta pela língua literária, pela língua corrente e pela lín ua P PUI,II,
educativas que refletem essa ideologia, ~s línguas indígenas carregam
As decisões em relação à norma têm a ver com as duas primeiras, poi. ••
~stigma do atraso e a língua espanhola simboliza a chave da moderni
língua literária e a língua corrente se sustentam desta relação, s 0111
dade. Uma campanha contra a "ignorância natural" dos índios só pod }
"--- plementam e se opõem. A língua literária tem como fundamento a Iíngu,l
ser superada com o ensino generalizado do castelhano. As Constituições
corrente para não ser artificial, ao mesmo tempo em que a modali Indt·
d~ década de 1830 traçam as bases do projeto em que a obrigatoriedad \
literária contribui para o bom funcionamento da língua corrente, Já a 1110
do espanhol como língua de instrução se consolida, silenciando qualquer
dalidade p~pular está excluída desse modelo (Garrido 1987). Por OUII'II
proteção às línguas indígenas até os anos 1970.
lado, o conceito de língua nessa tradição se define como um "instrum nto
Ainda no século XIX, o venezuelano Andrés Bell~, figura ernblemáti- de comunica~ão" e segundo o prefácio da primeira edição da Gramáticu
ca pela produção intelectual e pelo lugar em que ancora seu discurso, rei- da Real Academia Espanhola (1773), a Ungua é concebida como um traço
vindica uma norma descentralizada ara o espanhol, alegando existirem ~ união entre as diferentes comunidades que a falam.
() 11111'1,\'/111I .1111('1' ('.lI\() t('11I ,'U,I.' h,I 'I', ('111 1111110 1" ('" IIpOSIO ('111 11\11 d,' 11\ 1'111'('\(':' I' 1111111 I II " I( I d"I"111I 11.1\1)(1', I( II1 V.III1'·1I1I' I li'

dlnt síns, ('UJl\() 11111.1 I, 111 I" I , I IIlvl'l IIS prohlt'1I1"s b.I.I, li d,', 1111111
pod 'mos '11 .ontrur LI raiz do pan-hispt nl 'o. E.'s,I I' Ig lida norruatlvn (,.
clui a crença d que o e p nho! fiado n Am ~rl 'U 'um "d via" do Ih ,.1
nkilç' o. Entrctantu, 1111 (01111' to til' 111I1i1 grand ' dlv 'I' 'Ida(\(' I 111\" I I' l,

S2:1sto é, a lín ua ..r.ealiza.em normas paralelas. A Gramática d An Ir ",


corno no c so andlno.uvm I'IIIPI" 'S 'a opç o lu i nava as diflnlld.IlIt'

Bello, além da interlocução com as pessoas sújicientemente instruldas, " I ' interação. Foi a obs 'rvaç' o do setores maís ilu rrados quo levou "
dirigi da a meus irmãos, os habitantes da Hispano-América, sem a pret '11
ti scoberta da existência de línguas indígenas denomin d s 9 /'(//S. 1':s·,.1 ,

são de escrever para os castelhanos. Ele demarca essa atitude explicitando línguas p~ a comunicação entre diversos grupo com língua, ti·
sua intenção de conservação da língua de nossos pais em sua pureza possi f rentes, e~os.
vel(Bello [1847] 1995: 10). ~iversidade do mundo andino, resultante da expansão terri ol'!.1I ('

A reivindica ão de que na América existem falantes na . li"


da con~uista de várias o ula ões Qelos incas, fora ordenada p 10 In\pl'
castelhana - gente culta, como se pode inferir da sua produção líterárt.i rio mediante uma bem cuidadosa administração, que controlava rí1lld,~,

e intelectual desde o século XVI, incluindo produção gramatical e lexico extensões. Um dos meios de controle, parte da eficiente máquin adm
gráfica - c~mprova um exercício culto da língua, que legitima seu lug J'
nistrativa doimpéfio"Ínca, era a língua. A~ncia da diversid de I 11-
na formulação da norm.!. Entretanto, também há um uso com evidêndas guística coexistiu com uma língua comum, qU! serviu não só como 111.'-
de incorreção: portanto,
o trabalho dos especialistas deve consistir em t;umento de conquista, mas como meio de manuten ão do oder. O Ruuu
-
evitar
- - ~-----------~----------~~~~~ ;tmí, língua
sua difusão. Esta é a base ideoló ica da norma hispano-americana. nomeada qu~ pelos espan~s, uma coiné usada '01110

elitista e excludente. . \ . I I( hr,' I' . N.~ J.-L '/.,) e língua de administração pré-hispânica, é i~ntificad~~ catequistn:
,D \ 01-"-'\ r O" ~ C't"--eJj ,
como a língua geral do universo andino.
Assim, se torna coeso o discurso sobre a unidade da língua espanho-
la, envolvendo América e Península Ibérica. E com essa base se sustenta O desloca~nto devido à nova ordem social e econômica colonl.rl
toda a produção descritiva da língua no marco da Real Academia Espa- provocará um reordenamento linguístico. Segundo Tovar, essa situação "
nhola da língua. Se no século XVIII o objetivo da fundação da Academia caracteriza pela "utilização da língua invasora pelos índios, utjlização d,1.
era limpar e dar esplendor à língua, <2...lemaque circula no final do século línguas gerais pelõ"""s
conquistadores e missionários e pelos fa~antes ~ 1111

XX é unidade na diversidade, que consolida a perspectiva policêntrica da g~ minoritárias" (apud Solano 1991). A proteção às~guas gerais .st.\
norma. Entretanto, excluindo os itens léxicos de etimologia ameríndia, ~cionada aos usos políticos, incluída a cate uese, que delas se fazf 11\

patrimonializados nos dicionários gerais da língua espanhola, não há re- n~ períodõ.""'"


ç
rerê cias ex líc..i!gs à situação de contato entre as diferentes lín~- Entretanto, essa língua de suporte oral - portanto, com um gran
di nas e o es anhol. de quadro de variabilid~ -,~ndo p;ssou a fazer arte da adml
nistração colonial, precisou do registro es~o. Isso representou urna
~udança significati~, na medida em que esse novo suporte implicav.;\
3. LÍNGUAS EM CONTATO NOS ANDES
infraestrutura, elaboração de um alfabeto, pr~ç-ªº de Artes (gramáU
ca~) e dicionários, mas especialmente a instituição de uma norma. I so
Na expedição militar da Conquista espanhola na América, a utiliza-
ção dos línguas - índios cativos que aprendiam o espanhol para servir implicou en;:ontrar uma variedade que tive~e as c,::acterísticas de 'I'
1\11'01, dl' 1.'1' I (0111))' ('('11' O (', ~ohl'(11 lido, 111 "11'1 I ,d. : ""I~ '011111 1', I '1'1"'(" ('111.1" 1111 1101111111 " tIIloI Illv,ll'I,'IVI' I" A. tII.lodll .IIIIU I,

lín 'U') "ld "li" f)' O xtsun, eln foi" 'I' ud.r" pOI d,'11 .iu dll í r.ulutun», du d.uíns que 11. o ", 11111"' I, li. 11110 li las S. () os qUI' I~IZI'III Pol(II1 ti"
I]! Concílio Um n " guind lgumas .ara 't('I'~' (',,~ d.1 110ml'1 iZ,I~.11l vurl d d s "II('H I 111•• fO.

linguística ibérica. Da mesma forma que a p d r nlzaç o d rlla tlllI


As atribuiçt ',' dI' V.rlOI, .IS r pr sentaçõe ,\TI r, I, o.' d . I 111 ',o
língua espanhola, elaborada a partir da variante toledana, a compo. ~' 11
sobre as língua f Z \TI P rt do campo que se conh \TI (/('O/Oll/U\
do modelo arquetípico da língua uéchua se faz a artir da vari nt· di'
llnguisticas. Os qualificativos aplicados às línguas como v ri d'l(1 1"1\
C~ que ideologicamente é representada como a língua do centro di'
limas e ilegítimas fazem parte do senso comum e são corr 1 t 1\111111.1
P?der ou das elites. Entretanto, a língua geral, mesmo usada pela adm
s rie de pré-conceítos, Do ponto de vista sociológico, exist uma I' 11.1\',11
nístração colonial, não constitui uma língua de Estado (Cerrón Pai 1)1
des a cate orização com as funções que as línguas e/o~as vartante: d,
no 1992).
sempenham assim como o lugar que ocupam seus usuários. Mas (','PI'

Paralelamente a este protecionismo, o fato de a lín ua es anhola .lalmente relevante a representação que da(s) própria(s) Ifngu (s) I 111

desempenhar a função de língua de poder está evidenciado nos pro 'I. os seus falantes, como consequência do processo d:., circulaçã
sos de castelhanização
~
tipo
-
de bilinguismo,
que surgem nos primeiros
resultado da integração
cem anos. Aparece
pela qual passam
- algun
U;1l representa ões.

Os discursos de setores ilustJ.:.a..d obre as lín ua~ indígena J slw('


~iques andinos~ o fenômeno de lqdinização que revela o avanço do
ficamente sobre a língua geral da área andina, são ambíg~ fr i dOI1l
billnguismo quéchua-castelhano, como uma atitude colaboracionista
nkano Domingo de Santo Tomás, no oferecimento da Gramática qu ('11//11
espontânea ou forçada - especialmente dos "curacas", autoridade 10 ';11

-
ao rei Filipe II em 1560, contesta a representação negativa dessa línguu:
de mando médio, para intermediar as relações rodutivas entre índio,
e agentes da administração colonial. As leis protecionistas com relaçí
v. M. claramente reconhecerá ser falso se, através desta Arte, tom r '01111('

-
às línguas gerais indígenas,
-
que significaram uma ~xpansão frente
(l
cimento do grande refinamento que esta língua [quéchua] tem, a bundãn
cia de vocábulos, a sua adequação com as coisas que significam, as m n '11,1
línguas minoritárias até três séculos após a conquista, serviram para .I
diversas e curiosas de falar, o suave som agradável ao ouvido da pr nÚI1 '1.1,
administração local e a catequese (Torero 1997). O bilinguismo indivl a facilidade para se escrever com nossos caracteres e letras; quã f<'1I t'
dual, nessa situação histórica de multilinguismo, será uma das formas d,'
-
ordenar a máquina social.
doce é para a pronunciação de nossa língua o fato de estar ordenada tldol
nada com propriedade e declinação (Domingo de Santo Tomás 1995: ).

Ou ainda, a Cédula Real que recomenda o estudo das línguas a /I rlan


ças de todas as nações, procedendo [ao estudo] das gramáticas da lf11
4. LÍNGUA E IDEOLOGIA
guas, depois das artes, chegando até às supremas faculdades" par qll'

Para discutir como funcionam o prestígio e o desprestígio linguís "sejam bem ensinados" porque "nosso desejo é buscar o enobrecim I t (l

tico dentro do mundo hispânico, uma das questões implicadas é o pró desses Reinos e que na mencionada Universidade se exercite a juv ntu-

prio conceito de língua como uma das representações mais suscetíveis d ' de ... em virtuosa ocupação" (setembro de 1580) (apud Solano 1991: 77),

dialogar com o senso comum. A tendência "natural" de essencializar essn Isso evidencia o reconhecimento dos setores mais íntelectuallzt
entidade se deve ao poder dessa imagem no pensamento gramatical, que
---
dos da sociedade colonial de que as práticas discursivas mais "elevadas"
11111' 11.1, .'('1'1I11 H', t' ol'al li' ,I d.1 doUl1 11,1 II1 I I 111 11,1 IIIHII,I K
r I um lnstrum nto li \ I' 'I )l'1r.I coiu pl (lIH II·d,III,·, JlIIII'1II runv VI' 1'11111 •• ..Iift ••• au,6chua/'almllré I
senso comum, qu atribui ' ra .t rí 'li .a , lu I' '1 (' I.' i, pr: li 'as '111 101 t ,,0.000 40.I·i4A
4 .300 .4 0.1
.::ligiosas realizadas nela, a im como a impo slbllld d d forrnulru ••
50.000 I ().\)~II,II7:1
ideário cristão.
10.000 44.928,970
o discurso do jesuíta José de Acosta representa essa postur '011
3.060.000 1 .212,H'
traditóría quando afirma que, apesar dos sons "bárbaros", [os índios I .', 11 28.220.764
ru 3.619.689
capazes de "modos de dizer muito belos e elegantes". No entanto, SI"I
Quadro elaborado, com projeção para o ano 2000, a partir de dados encontrados em INP.I; If'mc; INI'
línguas "têm uma grande escassez de palavras, porque como bárbaiu Populações totais de Argentina, Chile e Colômbia recolhidas da Wikipedia (acesso CJ11 27/1 Z/~IHl'11

careciam do conhecimento desses conceitos [de doutrina cristã]" (Prol /I


Presumivelmente essas cifras se referem aos monolíngue , dado 11
randa lndorum salute, 1588) (apud Solano1991: 97).
lugar de prestígio do espanhol, portanto, são aproximativas, poiS os ('1'11
~ssa arnbiguidade desaparece na República. Uma vez silenciado 11
o~ não procuram especificidades das línguas diversas da oficial, ~ '11\ 11.1
discurso institucional em prol dasl~guas gera~ indígenas, rest~ os II
situações de bilinguismo.
,so comum3ue atribui, já não só o caráter herétic~, ~g~~ol \0/
O conceito monolítico de língua desconsidera ainda um fato d.I VI"I,
t;m relação às aspirações de modernidade ue o modelo olítico republ
mais recorrente nos dados demo ráficos: a coexistência de outra
,
lfngllol"
ca"no implicava.
nas diversas práticas sociais das comunidades.
Esse lastro histórico pode explicar o quadro linguístico atual do uni
~erso andino a,parentemente contraditório. De um lado, a resistência das
línguas indí enas ue desem enharam a função de ger;;;; no contexto 5. CASTELHANO ANDINO E QUECHUNHOL
colonial; de outro, a hegemonia do espanhol como lín ua oficial re 11·
O contato do espanhol com o quéchua e o aimará se enco~ra do '\1
~a, e:::, cada um dos Estados nªcionais da região. Os dados referen
mentado desde cedo, com evidências de uma relação diglóssic~ R IsI I'()
tes às línguas nos censos nacionais são sempre vagos e imprecisos. Não
dos séculos XVIe XVII trazem a produção escrita em língua espanhola do ,
revelam com exatidão quantos indivíduos efetivamente são falantes de
índios ladinos, à diferença dos mestiços bilíngues, cujo máximo exp IH 'I
quéchua e aimará, como se distribuem as principais variantes pelo esp
cial é o Inca Garcilaso'', munido do melhor das duas línguas, especialnwlI
ço geográfico. Não proporciona pistas claras para mapear o bilinguismo
te o letramento de caráter erudito.
e as relações com outras línguas indígenas, como é que esse quadro foi
se modificando, rastreando elementos sobre o deslocamento através do
1 INEI: Instituto Nacional de Estadística e Informática (Peru); INEC: Instituto NlI(, 111""
tempo. No entanto, vamos operar aqui com estimativas recentes feitas de Estadísticas y Censos (Equador); INE: Instituto Nacional de Estadística (BolíVia).
2 Inca Garcilaso de Ia Vega (Cusco, Peru, 12 de abril de 1539 - Córdoba, Espanh.i, I
por órgãos oficiais que dão conta de falantes das duas principais línguas
de abril de 1616), escritor e historiador peruano, chamado o "Príncipe dos escritores do III1VII
g~ais indí enas - uéchua e aimara -, qu~ ontam....uma JJO ~ã mundo". Batizado com o nome de Gómez Suárez de Figueroa, trocou-o anos mais tarde, dlll·;IIII,·
relativamente significativa: sua estada na Espanha, para Inca Garcilaso de Ia Vega.

11
1l'Il dCH"""!'"10 do I II,rI do " • '\110 XVI, I' .1111111'11' utn c', cultor 1.1: 111 1-:11111(11,1 I' I, li, ti 11111 I 111 1\ 1111I 1111,,1, PIClV,IVI'IIII4'llfI' 'I'V ,111"
te d I qu I .hua ou almnrá ou d( . du " ' ns SI ' 1111111,1 /lI'! I 'Mil 11\ IlIi' d I 1'1'111 IIqul' do., plld. I" IIIt • .rI.I.1 .1. \.1111 d,lIh' tI.1 , VO!'" ' 1I11·dl , ,
conta da vici itud s par r ivindicar qu ej . ilta im g m r lig (1 •• 1
. /1'/ ,.,. li/; (0/ /"/1 d.I I 11111111 ri, ,"1" de 11 I'() 1l0S •. 11\1.rIPlldS 1111111 11,1 •
cristã de uma Virgem feita por ele, que era índio:
ItI 'l rminanl '-1I01lIl'SII' 1110111(' qus lifi dor] o pror 'SSO, 11' \l' 111111

EI primer vez que 10 Irnpesábamos, Don Felipe de Lion me hirmano ('0111 mln lizaçâo nos clítl ·OS.
mego, on hechura dei Vergen di barro, di um bara de grande, in timpo di 11I1
patre quelrrigo, llamado Antonio di Almeda, que mi 10 dexo poneldo in alltl" No entanto, o texto que representa de forma orgânica pI'O((ll\',lo ('.

in dondi 10 estava más que su afio con medío, y después 10 vino otro pa til' rrita indígena ladina está na obra de Felipe Guamán Pom d Aynln/l'.rI,lIl
lIamado bachiller Montoro, que me 10 vendo esto me hichora que no LI I, t da variedade chinchay do quéchua. A Nueva Coronica y Bu '/1 (,'OM'I""
mejor di bueno [...] y me 10 sacaran in el sacristía (Relación de Tito Yupan de 1616, composta de 1.200 páginas, com 398 desenhos, é uma, 1110.11 I
qui, apud Cerrón Paiomino, Castellano Andino, 2003)3.
dos fenômenos linguísticos, com dados sobre o processo d 111 i , I' 'Iltl~ ,111

Pode-se observar a instabilidade das vocais médias: lei - li/; 10/ linguísti9!: Na parte relativa à Conquista, o autor relata:
lul, da concordância de gênero nos sintagmas nominais: [determinan " ...Como tubo noticia AtagualpaYnga y los sefiores prencipales y capluuu-, y
nomes] e [nome qualífícador], além de pessoa [Sujeito-Verbo] e os pro los demás yndios de Ia uida de los espafioles, se espantaron de qu ' Icm "11,
cessos de pronominalização nos clíticos. tianos no dormiese. Es que decia que porque uelauan y que comian pl.ll"
Outro texto posterior é um manuscrito que, segundo Ithier (1993), f
oro, ellos como sus caballos. Yque trayya "ojotas" [sandalias] d plalu, .1 d,',
de los frenos y herraduras y de Ias armas de hierro y de bonetes olor,« 1(1.
composto por pelo menos três escribas de diversas variantes do quéchua,
Y que de dia y de noche hablaban cada uno con sus papeles, "quíl 'n". Y qlll'
embora o autor - [oan de Santa Cruz Pachacuti - seja responsável por
todos eran amortajados, toda Ia cara cubierta de lana, y que si' p.ill'll"
cerca de 70% do documento. Faz parte da documentação recolhida pel solo los ojos. Y en Ia caueza trayya unas ollitas colorado[ ...] Y qu 'li'''' 0111
Inquisição, sendo a data provável de 1613: Ias pixas colgadas atrás larguícímos, decian Ias espadas, y que estaunn 111' •
Dizen que en tiempo de purun pacha todas Ias naciones dei Tauantinsuyo tidos todo de plata fina. Y que no tenía sefior mayor, que todos par ctun 1'1
benieron de hazia arriba de Potosi benieron tres o cuatro exercitos en for- manos en el trage en el hablar y conuersar, comer y bestir. Yuna c 1',1. '11111 li·
ma de guerra y assi los venieron poblando, tomando los lugares, quidánd pareció que tenía, un sefior mayor de una cara prieta y dientes y ajo hl:"IIII,
-se cada uno de Ias compafiias en lugares baldíos (Pachacuti [f.3: 187]). que este solo hablaua mucho con todos (Guamán Porna [1616] 19 7: .11111)

Uanacaorí, y después acá otras yngas pusso uma piedra muy bien labrado Como se pode observar, o texto reproduz as característica da li
a manera de buytre que significasse el buen sefial, y que se lIamase ynca tabilidade das vogais médias: lei - /i/; da concordância de gên ro 1111 •
uayna capric, los yndios después aIos començaran a ydolatrar y de Ia pie-
sintagmas nominais: [determinantes-nomes]; [nome-qualificado rJ • 1,11
dra les començaran a habrar que después los yndios apuntando aliá a Ia
jei~o-verbo] assim como reprocessamento na pronominalização dos rI(1
postre en sus lugares (Santa Cruz Pachacuti [f.7v.:196]).
cosoTodos eles, embora com diferentes níveis de proficiência no ex rcu li

da escrita e diferenças na tipologia discursiva, apresentam o~r IH' 01 ,


A primeira vez que começamos, meu irmão Dom Felipe de León junto comigo, uma
escultura de barro da Virgem, de um metro de altura, no tempo de um padre clérigo chamado sistêmicas coincidentes.
Antonio de Almeida, que me deixou expô-Ia no altar, onde ficou durante mais de um ano e meio.
Depois veio outro padre, chamado bacharel Montoro, que, vendo (minha imagem), tirou-a de lá, No entanto, esse fenômeno documentado nos séculos XVI XVII
(dizendo) que não estava boa ... e a descartaram na sacristia.
pode ser ainda observado num texto contemporâneo:

11
AJ! (li 'lIu) 11,111 11'1 111 01 li I 01 11 1I I li ti 1/

n ,'\ I'() (', ('I' \0, 1\ 111, I I 1111I IIIIIUIIIIIIIII 1'1111'\' o 1'1'1110 VI I' I,
Ají es una plant dornlstí .ado y 'S oriundo dt'l 1'1'111, ('1'('\'1'11 'li I.tS 11111'1 t I
n,1 ororr 11 'Ia dI' I' I 'li 11I 1111 1111 ursll 'os ;ls,'lnalado,' 11,1 Jll'Odll\11l di'
EI ají se da fruto todo el ticrnpo, el fruto de aJ! 'S ti ' 'olor rojo y ldlllhl '111111
de color amarillo. língua panholu 1ll'11I I,II,lIllt" til' 'lu .hua .er to ípo d 1 hllfIlHIII' 11'

pl' \ ntado como sul)(JI'/III/(/(/OI (W inrech apud App 1& Muysken, 1I %),
EI fruto de ,ají se pica poreso comen Ia papa con aji y otras cornedas tHl1lhlt'll
A Ias fiambres preparan con ají como queso y carne. A descrição sociolinguística dos falares an..9.in~, qu I' '0111· tllld(/'

xmtempcrânecs, comprova transferências nos diversos nív is d \ 011111 I'


La flor de ají parten con su pico el pajaro pillquchiway.
Ilnguística (Escobar 1998; Cerrón-Palomino 2003; Calvo 2008). Enll'l'lolII
Poreso colocan aliado de ají aios saywis y también colocara el pajaro plll
to, ~ há desentendimento com his ano-falantes, e~s m r as fíli',I'11l
quchiway para que tenga miedo.
parte da s identidade s na intera ão social.
EI ají mueli, en mortero de piedra con qulluta (BerrocaI1999: 129).

Trata-se de um texto que recolhe a descrição de plantas étnicas e qu


apresenta formas com as mesmas características linguísticas dos docu- 6. A FUNÇÃO DA ESCOLA
mentos citados anteriormente. Todavia, de maneira marcante, apresenta
Uma questão relevante nessa relação diglóssica é o papel d ','('0
outra característica do ue ho' e se reconhece como es anhol andino, isto é,
Ia e sua conduta institucional ao longo da história. No universo ndlllCl,
a ordem de constituintes Ov, diferente da ordem canônica do espanhQ!.YQ.
precisamente no meio rural, o principal instrumento de divulg ç50 do
Essas amostras de espanhol andino escrito com evidentes' marcas espanhol tem sido a escola. Nesse sentido, é importante discutir algull
de oralidade correspondentes aos séculos XVI,XVII e XXrespectivamente element~~ da significação do comportamento desta instituição na' polltl
caracterizam alguns traços do espanhol andino descrito pelos linguistas e cas de castelhanização.
identificado pelos falantes hispânicos da região. Reconhecido e estigmati- A escola é o lugar do letramento or excelência, isto é, s~ flIIlÇ,1Il
zado, a categoria nativa, castellano motoso, designa esse ti o de fala
'-------------------ue
primordial é introduzir e desenvolver as práticas da líng~crita. No ('11
tem uma conota ão c e tória de censura. tanto, nas comunidades andinas, a língua escrita se refere exclusívam '1111'

Sobre o último texto, o historiador responsável pela edição tece con- à língua nacional, oficial, com exclusão de qualquer outra língua loC'~1.
siderações sobre a situação sociolinguística: Embora a discussão sobre os efeitos da escrita em línguas de lrild •
... As narrativas de Berrocal constituem um dos melhores testemunhos da ção oral seja pertinente, o que é relevante destacar aqui . e, o c0,ElpolI
I'

heteroglossia conflitiva ... ao~screver em forma paralela utilizando, de um mento sistemático da escola em relação às línguas e culturas locai '. 1\ ,
lado, o es anhol e, de outro, o quéchua ... O resultado foi um esplêndido que- sim, parece oportuno relatar um mito pós..:.h.lliânico de am Ia circultlÇ.lCl
chuanhol em que a escrita era enetrada pela oralidade. Não se trata de no mundo andino que explica por que as crianças têm horror à escol.t,
__ 11
uma situação babilônica porque e~ heteroglossia não produz desentendi-
simbolizada por uma entidade conhecida como "devoradora de~rjançn, ,
mento
,.-....- (Macera 1999, apud Berrocal: 12). .--
Essas evidências mostram a existência de uma linha sistêmica ao Na interpretação desse modelo, há uma língua dominante que funciona como f 11111
longo da produção linguística dos ladinos ou bilíngues quando recorriam para a aprendizagem e uso de uma segunda língua.
<lUt',,11,li (I ('lIg,1I1" (Ol'llz HI'I'i(111I( II' 1clI.q. N,I hl 111I1,1,,,PC'INOII,lgC11\11 Jo:. . c' dl".c·lIl1o 11I'" CI 11111I0d,1 ,11,1dI' ,1111,1I' 1111I .llvo
Iasu se .hama Su 'I'islo, 1I111"cI,I"" I'('f( I' IH'" ,IO P"III'I qll(1 dt ,'(llIlpC'/l11U1I ,I I'('IH'(', 1'111.1\',O N, I, 11 11 C 111C 11.11Ic'I'I:t"ldw. li I'C'I"'IJII,IH"II ,111,1
a Igreja em r ) ç~ du 't!ç- O formal. I I taml: /li I' ,r 'I' n 'ias, C",c111 d.I V 'SI IIIH'III.I, "lldllll,II, 11111,111do (lror(',','ol: (' '11I!rU, 1111do I 111
c~m uma função ameaçadora, principalm nt p 1 P d I' qu I' '))I'('1.C1111 ,,1t'S, al '111do tum.mhn : (lU. I~I li ('('lItl'~1 do prlm ilro 'ulllr,1 t.uulu r 11111
O mito faz alusões às línguas, mas, sobretudo, expõe uma vi ~ soh/C t.unanh po içã dos últimos. Mas o qu é r I vanl \ 11,1figlll'tI " o li'
função da escola como desestruturadora da identidade étnic . Essa 11.11 ,'l go ff icos junto com prática da escrita d ) itura, COI'I' ','J)OIIII, ,I
rativa oferece pistas para compreender como foi elaborada na m 1110111 mag m de uma escola que forma índios ladinos.
comuní,
~oletiva a imagem da escola ao lon _Q do tempanas ... - es anel ""
~::.c.::.=-::.:::::.....c;..:....:c..::..._-,"-Iicit orno 11111
rlII
Um desenho do cronista andino Guamán Poma na Nueva cránttu I hjctivos a castelhanização, especialmente vinculada à ampnnh.u, rll
buen gobierno (1616), na parte em que o autor descreve as profissõ s 1111 lfabetiza ão. É a~ssim inter retada elas comuni es andin . fi.tI,1l11l'
período colonial, dedica várias imagens à figura do professor.
c quéchua que ~nviam seus filhos para aprender o espanh I, r J 'tt,1I1I11I
muitas vezes as propostas

Uma pesquisa recente


de uso do quéchua

nos países andinos,


-
na escola.

que discute o p I 'I '111'1.11


histórico das ideologias linguísticas traz dados sobre o comp I'lílllll'llllI
m sala de aula em que se pode perceber como as relações oníllt V.I'.
Interétnicas são instrumentalizadas na s lín ua(s).

Na Bolívia, o depoimento de uma informante lembra sua s lru d.1


de desta maneira:
Lembro que quando criança visitei as escolas rurais e realrnent 1';111111 I

amargura. Eu creio que a presença dessas crianças na escola n o


prazeroso, era uma tortura. Para começar, entravam num cont xto, 1111111
ambiente em que não podiam falar quéchua, a professora não f 1:1V.I(0111
eles, proibia que falassem e os castigava. Me lembro que vi uma proft'I.',1II,I
na sala de aula, batendo num menino que falava quéchua com a p01l1.1tllI
lápis na mão até fazê-lo sangrar ... J. Z. Cochabamba 1999 (Howard Ros.tI"'·1I
2007).

No Peru, o testemunho do falante, a partir de sua experiência:


Quando entrei na escola secundária, era discriminado ... os hispan fali11111'
me gozavam, ainda que falasse alguma palavra mais ou menos bem. 1\111.10
essa discriminação representava uma humilhação para mim ... nã linho! ,I
/MAISTROS/ LOS MAISTROS DE CORO Y de escuela deste rreyno trfbutaríoy Francisco de Palácios Luna, possibilidade de participar de uma assembleia ...porque tinha m 'do til
Guancaj' "Sepan cuanto doctrtna/
cometer certos 'erros' ... Cuzco 1999 (Howard Rosaleen 2007).
No Jo:qll,lIlol;1/ pIOr •. CII,111,11
.• 1 11.1,11v d,ul clrcl,111,1e1C' C'" 1111I li I' II 111.1,1101'111
\I '" I .lpC'II,1 do pc'r lodo 1010111ri I 111
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chegava na sexta-feira, estava tudo b rn, com crianç S pI'OIlUIl('""t1,, li l'I'sist no li n \ qui n le e .rlba" foi a manch t publi '"da PI'lo dl.1
vogais e/ i, o/u, mas na segunda-feira voltávamos à st c Z 1'0.1I1l1I 'O, d Lima, P ru .•.no dia 23 de abril de 2009, parodiando 11111,1
(:11I'" d,1
cheguei a sentar para pensar e chorar, se a supervisão m pegasse, '11111I11
,.IS d García Márquetz. A notícia era ilustrada por um r to, ft' I•• (1111
reria de vergonha. M.B. Cafiar, Ecuador, 1998 (Howard Rosaleen 2()()',)
m repórter que invadiu a privacidade de uma congressist r pr ,,'(,,,1.111
Diante do continuum da produção de uma língua, com as caractei II do Cusco, Hilaria Supa, fotografando, sem sua permissão, pr 1\'11•• de
cas sistêmicas assinaladas, há também uma organicidade, evident nn \1 , I c d rno que continh a anotações pessoais, feitas para u ind v lilI.tI
jetória cronológica, no empenho de alguns setores hispânicos em d :h'HIII li S tratava, portanto , de um documento público, oficial, apr 's~'III••dll
mar essa produção, incorporada ao senso comum, que pode ser obs Iv.1I1 Ia congressista, mas de uma espécie de aide-mémoire par uso (1111
nas estratégias preconceituosas de atribuição de valores. Essa postura " o, O foco central da notícia foi o fato de uma congressista n C) ,',lhc'l
parte da observação e análise de trabalhos na sociolínguístíca que recollu-m <Tever em espanhol segundo as normas da Real Academia E panhul.r,
dados para estabelecer tipologias de bilinguismo e atitudes frente às fonu , propósito da polêmica gerada, o diretor do diário escreveu n p,1IIc'
linguístícas nesta situação de contato (Caravedo 1990; Escobar 1988). plnativa do jornal:
As amostras dessa atitude em relação a essas formas podem ~I'I O que realmente está em debate aqui é saber se é sadio para um pai, .tI
encontradas em inúmeros documentos tão antigos quanto 0~1( 1111 guém chegar ao Congresso com tão baixo nível cultural, com uma 01'1011
c,111.1

-
de discriminação.
to pertencente
Uma delas é a sátira de um escritor de Lima, portun
à norma culta hispânica. Na sua obra de estilo burles (t •
e uma gramática que revelam sérias carências e sem nenhum pr pó, ·!to dI'
emenda. Porque todo mundo sabe que Supa raras vezes pega um llvr«, ,.)
mordaz, dedicada a satirizar os médicos, reproduz numa redondilha e 1.1 que está comprovado que quem lê pouco é quem tem a pior escrita, pOI'C",
tar menos familiarizado com as regras da redação. Ninguém pede qu 'c.III,1
formas de fala andina para produzir um efeito de comicidade (Juan dc'l
congressista seja uma Martha Hildebrandt [congressista linguista 111('111
ValleyCaviedes [1689] 1955: 47):
bro da Academia], mas, pelo amor de Deus, também não pode escr v \1' pllll
Don Lorenzo, médico indiano, al médico mulato Pedra de Utrilla, quien 11" que um menino de 8 anos ... (Mariatégui 2009).
bía sacado una piedra (cálculo) a una mujer:
Mera usted, Sefior Molato, O uso ou não uso da norma culta em espanhol passou a s r um.t
AIcontra del mio medras, marca identitária maniI>ulada sem re de acordo com interesses p Ifll
Porque osté cora con pedras os e ideológicos, De UlYl. lado, o jornal de Lima em questão identifi 'I "
Yyo con Ias pedras matos. ongressista como Índia - por não frequentar a norma culta escrito
logo incapaz, sem legitimidade para desempenhar o cargo de parlam 11
5 Veja, senhor Mulato, r que ocupa, Por outro lado, ao novo presidente da Bolívia, Evo Mora
Ao contrário de mim, ganha,
Porque o senhor com pedras cura
I s, foi negada a condição de índio, identidade que lhe deu visibilidatk
e eu com pedras mato. nte a opinião pública in 'temacicnal. Em artigo publicado em Madri, p 'lu


[orunl W /'(/(S, M,II' o V,II', ,I. I.III~ I, I'SI'I' 101' I' 1llIlIlId,llo dl'I'1 ut.ulu •• 1"
sld nt da R 'plibll '(I do 1'('1'11, escr 'VI'II: "'I',IIIIPO( 0(·1,'1'1\01' I':vo Mw 11
NIlI':H,'ON, 11. ( 1'11111). NIII 1'11/,. , "" " 11I/11 1/,11',11,,/1. ,', (I 1',111111: 1':111111111Alh'll
es un indio, propíam nt hablt ndo, aunqu ' IHI 'I 'rll 'li una 1:1111 11.. IItll
1'1'1':1., It, MlIYSI<I-:N, 1', (111%) 1111111.'1/1/\/,", ('01/((1('10 Ih' 1I'I/1I11(/,1, 11•• ,'\'\dllll,1 /\1111
gena muy pobre y fuera de nifio pa tor d \I ma', 80 'Lu olrtc /1(//111/1 ,
I.llIgüfsll ·a.
buen castellano de erres rotundas y sibilantes eses serranas ( ...)" (J:'/ /111' I LI.O, /\. ('199"'). Grarnátlru tI(' 1,1 1('111\11,1 cust .llana d stlnada ai uso dI' los 11111"1 I 11111

Madri, 15/01/2006). O argumento principal para descredenciá-lo • Cara as: L Casa de B 110.
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Reserva, ELE
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Esses discursos são indicativos do lugar que ocupam as línguas tllI
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-
< -

língua(s). A responsável pela divulgação e prescrição da norma hispí 1111 I ldeología, normalización y enseiianza. Cusco: Centro de Estudios Bartolom • di' 1.1
'
~ a escola, representada como excludente, na medida em que o espanhol Casas.
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~upostamente a língua materna de todo estudante, excluída tod~lItl I
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instituição
_ - >o' reproduz a violência contra as sociedades
._... ••• -... andinas._
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tion espagnole d'analyse linguistique. Vincennes: Presses Universitair de VII1('''IlIIl'
À guisa de conclusão, parece oportuno o discurso da linguista Pozz
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-Escot, informado pelas ciências da linguagem, que serve de norte '111
toria 16.
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-
de de viabilizar
educativo
.-.." da escola em relação---
formas racionais de convivência, sem esquecer

_._-
aos..•. valores
- -- de tolerância -------
e de res ----
---- -
o papel
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•• ••
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