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A humanizacao no projeto da habita¢ao coletiva Ao se discutir a preocupacae com o desenvolvimento sustentavel, 0 RAQUEL RM. PAULA BARROS. acesso global 4 qualidade de vida e a questio dos impactos relacionados Suwa A. Mucana G. Prva ao ambiente, depara-se com segmentos crescentes da populacio vi n do as margens da cidade. sem acesso a infraestrutura ub: pamemtos comunitarios € moradia, O desenvolvimento sustentivel demanda, alem do aprimoramento de questoes técnicas, a harmonia com 0 espirito do lugar € o estabelecimento de uma relacao saudavel entre habitantes, comunidade e ambiente. Para superar os efeitos nega tivos de empreendimentos de larga escala, motivados por interesses imobiliarios, em detrimento de um acesso democratico a moradia, € necessaria a logica do pensamento sustentavel social ¢ ambiental Para melhorar as condigdes habitacionais, 0s projetos urbanisticos devem propiciar condicoes ambientais, sanitarias, de lazer e cultura e de aces sibilidade aos seus moradores. Para a maior sustentabilidade social e da cida. dania, € necessario redefinir a gestao da cidade para uma atuagao conjunta nas suas distintas dimensées, sem politicas setoriais © com agentes sociais nos processos decisorios. Trata-se de pensar a cidade como extensao do habi tar, para além das paredes € do lote de cada um. Ha varios estudos desen volvidos para melhorar a qualidade de empreendimentos habitacionais, de grande interesse social. A tradicao artesanal e o predominio do conhecimento ticito no projetar devem dar lugar a uma teoria de projeto continuamente construida, que reconheca a complexidade das questoes contemporaneas a ue se deve responder. Um dos métodos no processo de projeto para identificar os elementos que caracterizam a qualidade espacial sao os estudos de avaliagao pos-ocu- Pagdo dos usuarios (APO), cujo objetivo € a retroalimentagao dos projetos, para diminuir a recorréncia de ertos ¢ corrigi-los quando identificados. Eles devern incluir, além da apuracao dos indices de satisfacao, avaliagdes téeni: ‘as dos empreendimentos. Assim, estabelece-se um vinculo entre a percep- do do usuario ea qualidade do projeto € da construgio. Quanto a habitagio, Para que os projetos enriquecam a vivéncia humana, devem considerar as Digitalizado com CamScanner Proctss0s OF PROIETO te ARQUITITURA relacdes entre os seres humanos € © ambiente, construido € natural, o que to dos procedimentos adotados ¢ a aplicacao de Ja um aprimoran metodologias mais sistematicas de pesquisa € projeto égia projetual que visa a 1a se aqui uma proposta de est » proceso de projeto da habi Aprese integracio de conhecimento qualitative Wa. a partir da valorizagao da relacdo entre conceitos humany zadores € qualidade espacial do projeto. Os conceitos analisados sio de projetos habitacionais premiados (Barros, 2008, 2011) € 08 pardmettos ima construcao de conceitos de projeto Wentificados na analise ley humanizadores arranjados em duas categorias: senso de urbanidade ¢ senso de habitabilidade 12.1 HUMANIZAGAO E ARQUITETURA A humanizagao em Arquitetura busca canalizar a necessidade humana por ambientes enriquecidores, vivos © saudaveis Uma Arquitet ta humanizada enfatizaria a necessidade de uma escala humana edificagoes de porte reduzido, a valorizacao do verde, 0 confor. iais, a ornamentagao harmoniosa etc a ordem € a variedade es No projeto da habitacdo coletiva, a relagao ambiente-comportamento inclui um senso de lugar e de habitar. A partir da verificagao de necess dades humanas, Kowaltowski (1980) propoe principios para humani zar a Arquitetura em termos da constancia de necessidades sensorias, de privacidade, territorialidade, seguranga, orientacao espacial e este a, Coelho (2007) ressalta a importancia do espaco publico e sua inte gracao a paisagem, com vizinhancas atraentes, pequena escala e carater residencial. Sugere a analise das melhores intervengoes habitacionais com base em projetos de arquitetura urbana que identifiquem 0s cami hos mais adequados a obtencao de cidades agradaveis ¢ vivas Aobra de Alexander, Ishikawa e Silverstein (1977) € ponto de partida da estratégia projetual aqui apresentada. Os patterns identificados por esses autores apresentam um rico contetido humanizador derivado da observacio de atributos espaciais de lugares bem-sucedidos e, embora com pouco con- teudo cientifico, demonstram uma conexao direta com a vivencia humana no ambiente construido. Diversos atributos de qualidade geram valor no ambiente construido,¢ ‘co grau de apreciacao desse valor pelos usuarios envolve aspectos subietivose multidimensionais. A conceituacao de valor e sua manifestacao no ambiente construido podem apoiar a introducdo de melhorias em projetos habita Cionais, aumentando sua qualidade, Os julgamentos de satisfacio softem influéncia do valor percebido pelo cliente, tanto na pré-compra (valor dese jado) quanto na pos-compra (valor recebido). Assim, valor percebido est relacionado com a ponderacao entre os beneficios recebidos ¢ 0s sacrificios exigidos, ao passo que a satisfacdo global tem orientacio psicologica, com base no resultado entre o processo de compra € 0 de consumo. Novos con Digitalizado com CamScanner ceitos ¢ ferramentas foram estudados pelo projeto da Unicamp denominado INOVAHABIS ~ Inovacao no processo de producdo de conjuntos habitacio: nats de interesse social para redugao de custos ¢ aumento de valor entre- gue ~ dentro do programa Habitare, da rede Finep. Segundo a equipe de pesquisadores do projeto, os valores sao elementos-chave que todo projeto de edificagto deveria considerar, & semethanga da teoria da hierarquia de necessidades de Maslow (1998) Benedikt (2008) amplia ¢ adapta esas necessidades para a agio da Arquitetura, considerando, a) Sobrevivencia: desempenho estrutural; protesao_ contra intemperies, efeitos climaticos, animais e projéteis. +b) Seguranca: protecdo contra intrusao, contra confisco de pro: priedade; privacidade e controle de espacos. ©) Legitimidade: identidade social; determinagao de autori- dade; exigencia do direito de propriedade; consideragao especial as pessoas; associagao a diferentes instituigoes e grupos. 4) Aprovacdo: valores legais e pos nOmicos, integragao com a vi 108 ~ estéticos, social eco- inhanga, promogao do belo, da satide: valorizacao dos ocupantes ©) Confianca: espontaneidade; novas formas; seguranca nos propositos; substituicao de menos por mais valor f) Liberdade: de desloca: de exclusio e privacidade lento, opinido, espago, flexibilidade, As pesquisas nessa area buscam estabelecer a interface entre a huma tizacdo da Arquitetura na habitacao € principios da sustentabilidade. Ha ecessidade de aprimoramento constant servacio € utilizacao dos recursos renovaveis, a manutengao e recuperagao de ecossistemas, o uso de materiais apropriados e de ecoteécnicas, e nas ques- has questoes técnicas, como a con- tées sociais ¢ filosficas, como construir em harmonia com o espirito do lugar e projetar com a natureza para uma telacao saudavel entre habitantes, Comunidade e ambiente. Os principios incluem o carater holistico da susten. Lubilidade, a observancia das relagoes sistemicas entre processos ou fluxos ¢aimerdisciplinaridade, com enfoques, cientificos 0 Para a satisfacdo das necessidades humanas ~ fisicas, cognitivas, sensoriais, €mocionais e, quando possivel, espirituais ~ no ambiente construido. Jo, que contribuem 12.2 PARAMETROS DE PROJETO PARA A HABITACAO COLETIVA Entre os parametros projetuais relacionados ao tema habitacional iden. lificados em Alexander, Ishikawa ¢ Silverstein (1977), foram caracteri- zados, para a fundamentacao teorico-conceitual, os Para o projeto de habitacao coletiva, com enfoque p. is significativos a as escalas da implantagdo e da habitagao, e, em perspectiva complementar, pensan do a cidade como uma extensao do habitat, As grandes cidades brasi ‘A humanizacho no projto da habitacdo coletiva Digitalizado com CamScanner ae Ieiras, quando comparadas a outras cidades do mundo, revelam maior fragmentacao espacial e baixo grau de permeabilidade, ou seja, de aces sibilidade topol6gica na variedade de espagos externos que integram 0 assentamento urbano. 32.2.1 Aescala da implantacao Para Silva (2006), © discurso atual da reabilitagdo de centros para a getacio de atividades, receitas e produ Bes ¢ propostas que podem levar a gentrificaga do habitacional mistura motiva. : por vezes, objetivos 2am pelo éxito dos objetivos econdmicos. A moradia sociais se in subsidiada deve fazer parte de politica publica com mecanismos para minimizar 0 risco de financiamentos, cujo principal critério € a valo- rizaco imobiliaria. O conceito de diversidade social necesita de ins- trumentos para garanti-la: resisténcias a gentrificagao podem ocorrer a partir de movimentos sociais organizados ¢ de uma sociedade civil atenta e participante nas politicas publicas. A Arquitetura s6 existe quando compreende a vocagio do lugar. 0 parametro Edificagao para melhorar o terreno (104-site repair) considera 0 terreno e sua edificacao como um tinico ecossistema. Defende que a edifica ‘ao deve ser construida nas piores partes do terreno, para preservar € valo- rizar 0 que este tem de melhor (topografia, vegetagao, vista). O parametto Fspago externa positive (106-positive outdoor space) vé o espaca externa como sobra entre edificagdes, que nao € usada pelas pessoas e, por isso, € rotulado de negativo, enquanto 0 espago externo de geometria convexa. por propiciar a formacao de um lugar, € considerado positivo. Os espacos externos neces sitam de bordas e espacos hierarquizados para prover 0 senso de protesio. ‘0 e contemplative. O parametro Hierarquia entre espacos externos (114-hierarchy of open space) ite (1945) ja havia constatado, no final do século XIX (1889), que o sucesso de espagos externos € devem propiciar oportunidades para os convivios at alia-se, assim, ao parametro Espago externo positive. de pequeno porte decorre do fato de serem bem definidos, com fechamento a0 menos parcial, ou seja, com grande convexidade €, ao mesmo tempo interligados, de modo que um se abre ao outro. Habitar significa pertencer a um lugar concreto, ter uma base de apoio existencial em um sentido cotidiano concreto, Os objetos de identificagio sao propriedades concretas do ambiente, Os parametros projetuais Gradie' te de privacidade no layout do conjunto (36-degrees of publioness), Conjunto de entradas (102-family of entrances), Edificag: > como complexo (95-building complex), Porgao principal da edificacdo (99-main building) © Layout da cober tura (209-r09f layout) valorizam a identidade do lugar 12.2.2 Aescala da habitacao A partir da representagaio de necessidades humanas, Kowaltowsht (1980) propoe principios para a humanizacio da Anquitenna alone’ Digitalizado com CamScanner jwidade diretamente telacionada ao porte reduzido das construgdes, definida como valor de permanéncia, a estética relacionada ao instinto a, que contribui © 08 parametros hatureza com afinidade est humano de decorar, € para o contort Pode se estabele a relacao en nados & escala da habitacao € os principios propostos projetuats relac fe habitar relaciona-se por Rowaltowski (1980) © sentido de luga aos principios da domesticidade © do porte reduzide das construcies, a dimensao exptessiva do conforto ambiental, ao principio da estetica c aspectos do conforto luminoso € térmico € 0 fespeito ao ambiente natural, ao principio da natureza cipios capazes de gerar vida em cidades € edificios, Ale fm busca dey c: (1979, p. XX) defende um processo intemporal de construgao para se ver uma qualiday co “carter essencial € intemporal necessario a b que, apesar de objetiva e precisa, nao pode ser nomeada 1a Arquitetura”, A agao eo sage seriam indivisiveis 0 espago suporta a agao € os dois formam uma est mais proximo unudade um padrao de eventos no espaco. O constru 4a natureza do espaco € da origem da sua natureza do que a geometria € a matematica’ a obra de Arquitetura nao € uma organizagio abstrata do espaco, nas uma Gestalt corporitficada. O termo habitabilidade significa 0 conforto de ceséncia caseira’ 0 habitar no sentido estrito de uma permanéncia ou acon ego protegido Muitos dos parametros projetuais em Alexander, Ishikawa ¢ Silvers- wn (1977) enfocam os elementos de diferenciacao fisica que, para além da sdequacao a0 uso, podem contribuir seja para a interagao social, seja para esenso de protecao dentro do gradiente de intimidade domestico, € encon- tram respaldo nos conceitos de espaco pessoal e privacidade, Gifford (1997) onsideta 0 parametro Gradiente de intimidade (127-intimacy_ gradient) ,€ cita 0 proj: importante para atingir 0 equilibrio entre privado ¢ put to das habitagdes de baixo custo no Peru, projetadas por Alexander, como eaemplo bem-sucedido de arranjo interno de habitacdes limitadas em area. s paramettos Terraco entre casa € passeio (140-private terrace on the street) s) mostram exemplos de Clanelas salientes para a rua (164-street windo controle da interagao com a rua para garantir a privacidade. Os parametros Cobertura acolhedora (117-sheltering roof), Nichos (179-alcoves), Ambiente pata tefeigoes (182-eating atmosphere) € Nichos para dormir (188-bed alcove) contribyem para a garantia do espaco pessoal. Os parametros Transigao na entrada (112-entrance transition), Gradiente de intimidade (127-intimacy srudent), Sequéncia de nichos (142-sequence of sitting spaces) ¢ Variagao de Pedireito (190-ceiling height variety) contribuem para a diferenciagao © a \tansicio entre espacos que se comunicam, de amplos a restritos, abrangen do.0s aspectos de territorialidade, privacidade e espaco pessoal. novos significados foram adicionados a conforto Ao longo dos sécule doméstico: intimidade, privacidade, domesticidade, comodidade, encanto, tem estar, tecnologias da iluminacao, ventilacao € saneamento, e eficién ‘A humanizagio no proto da habstagiocoletva Digitalizado com CamScanner p fm ANQUITETURA ia, para combinar sensacdes fisicas, emocionais intelectuais. Ao tratar dos diversos significados de conforto doméstico ao longo dos séculos, Rybezynski (2002) referencia varios parametros projetuais de Alexander, Ishikawa ¢ Si verstein (1977), apesar de nao cita-los como tais. Comenta que a cozinha da casa holandesa era 0 comodo mais importante, como no parametro Cozi nha como ambiente de convivencia (139-farmhouse kitchen); que 0 volume compacto da edificagéo ganhou alas que conferiam maior privacidade como no parametro Formato alongado (109-long-thin house); € que 0s como ddos tornaram-se lugares para a realizacdo de atividades humanas, como no pardmetro Espaco congruente de convivio (205-structure follows social spaces Salienta, ainda, os principais componentes da cozinha € inovacdes praticas como no parametro Layout da cozinha (184-cooking layout); as camas embuti- das.em nichos pequenos que parecem os armarios de dormir dos holandeses do século XVI, como no parametro Nichos para dormir (188-bed alcoves) (© Ambiente junto a janela (180-window place); Nichos (179-alcoves); Lareira (181-the fire); € a Variagao de pé-direito (190-ceiling height variety). O univer. so europeu em que se espelham os parametros citados pelo autor, como a Lareira e os Nichos para dormir, nao tem a mesma representatividade em regides tropicais como o Brasil, devido ao conforto térmico. Os ambientes fabricados pelo homem incluem coisas que servem de focos e sublinham a fungao de reuniao do assentamento humano. 0 ato arquetipico de construir seria 0 confinamento, ¢ o habitar é definido como estar em paz num lugar protegido (Norberg-Schulz, 1976). A percepcio da habitacdo como lugar protegido, ou expressao de centralidade, € represen- tada em diversos parametros de Alexander, Ishikawa e Silverstein (1977 como: Agrupamento de casas (37-house cluster), Patios que viver (115-cour tyards which live), Formato de caminhos (121-path shape), Espaco fisico congruente ao espago de convivio (205-structure follows social spaces), Area comum no centro (129-common areas at the heart), Cozinha como ambiente de convivéncia (139-farmhouse kitchen), Sequéncia de nichos (142-sequence of sitting spaces), Nichos (179-alcoves), Lareira (181-the fire), Ambiente para refeicdes (182-eating atmosphere), Nicho infantil (203-child caves) € Nichos de uz (252-poots of light). Por meio da transicao € diferenciagao entre espacos, lugares ou centra timidade. As relagdes entre interior exterior ¢ em cima-embaixo qualificam 0 espaco e embasam a orientacio das pessoas, Parametros projetuais salientam a transicao interior-exterior lidades expressam diferentes graus de ou entre comodos ferns que se comunicam: Transigao. na entrada (112 entrance transition), Ambiente de entrada (130-entrance room), Gradien te de intimidade (127-intimacy gradient), Circulagao interativa (131-the flow through rooms), Parede semiaberta (193-half-open wall), Terrago entre casa ¢ passeio (140- private teriace on the street), Janelas salientes para a rua (164-stet windows) ¢ Ambiente junto a janela (180- expresses de verticalidade, como nos pardmetros Variagao de pe-direito indow place). Por vezes, ocomrem ___ et Digitalizado com CamScanner (190-ceiling height variety), Escada como passagem visivel (133-staircase as a age) ¢ Cobertura acolhedora (117-sheltering roof). Expresses de centralidade ¢ verticalidade representam extensoes da identidade ¢ orientagio corporal humana no ambiente, Em Arquitetura, a experiéncia humana de satisfagao requet uma medida de posse ¢ volvimento: deve-se posicionar 0 corpo olhos € ouvidos, no centro da experiencia perceptiva todo, € no some Diversos parametros de Alexander, Ishikawa e Silverstein (1977) incen: tivam a multifuncionalidade ou flexibilidade espacial, criticam a planta livre da Arquitetura Moderna © a incongruéncia entre estrutura fisica € espaco social: Nichos para dormir (188-bed alcove) opdem-se a dormitérios amplos ¢ subutilizados; Corredores curtos (132-short passages), Escada como passagem visivel (133-staircase as a stage), Circulagao interativa (131-the flow through rooms) e Circulagdo com contraste (135-tapestry of light & dark) criti- cam corredores monofuncionais que, além de desagradaveis, desperdigam espaco; Sequéncia de nichos (142-sequence of sitting spaces), Parede semi berta (193-half-open wall) ¢ Variagdo de pé-direito (190-ceiling height variety) entre ambientes que se comunicam opdem-se a ambientes excessivamente compartimentados, propondo amplidao dotada de diferenciagoes e tran Goes. Os parimettos Varanda utilizavel (167-six foot balcony) © Formato de ambientes internos (191-the shape of indoor space) criticam ambientes cujas dimensoes nao favore 1 © USO OU expressam preocupacdo excessiva com sistemas € meios de producao em massa A planta livre para fundir espacos pode levar ao caos ou a incongruén- cia entre os espacos de convivio, 0 que se pode evitar pela definigao clara de partes primarias ¢ secundarias. Alexander, Ishikawa e Silverstein (1977) nuseio, adap e reparo pelos propoem elementos construtivos de facil m. construtores ¢ futuros usuarios, numa linha direcionada a autoconstrugao metros Rigidez, os (207-good materials). gradual, com materiais nao industrializados, como nos pa gradual (208-gradual stiffening) © Materiais aproy Quando a racionalidade construtiva é usada como meio, e nao como fim, ha flexibilidade dos espacos. Ela deve ser incorporada ao proceso de projeto de habitacao coletiva Schmid (2005) propoe uma abordagem holistica que reforga a dimen. al, que pode ser inibida ou encorajada sio expressiva do conforto ambier pelo ambiente construido. Holis inglés, de compreensao da realidade em propriedades que nao podem ser do no sentido de whole em ‘0 & empre teduzidas a unidades menores, © autor considera diversos paramettos pro jeluais de Alexander, Ishikawa ¢ Silverstein (1997) ao se referir ao resgate do carater artes jidades na construgao; a busca por qu crentes A superficie dos materiais; a importancia de cocréncia entre estrutura e hierarquia social 4 critica a beleza feita para exibir as visitas, que f as pessoas esquecerem 48 coisas que realmente gostariam de ter ao seu redor, a experiéneia de um, ban sob asin adapta a sociabilid mica; 4 lareira como ponte focal; aos espacos que se de, dinamismo € expressividade dos efeitos da luz; ‘Athumaruragao no projeto da habitat | Digitalizado com CamScanner a relacao entte a luz ¢ a funcao social do espago; € a sensagao de seguranc, quando se otha para fora da habitagao. (0 processo de projeto do ambiente construido deve considerar as sen sacdes fisiologicas e psicologicas de seus usuarios, que se traduzem em rea goes de apego ou de desprezo pelo lugar. A percepsao humana do espaco cesta relacionada a capacidade de perceber calor € frio, ¢ 0 calor radiante dos objetos e das pessoas tem importante papel na movimentacdo dos cegos Os parametros projetuais que propdem um contraste moderado de vistas, iluminagao, temperatura, ou entre interior-exterior, exploram a caracterist ca humana de maior sensibilidade a mudangas de situagao do que a estados fixos no ambiente, como, por exemplo: Transigdo ma entrada (112-entran ¢ transition), Circulagao interativa (131-the flow through rooms), Circulacao com contraste (135-tapestry of light and dark), Vistas (192-windows overlooking Ie), Luz filtrada (238-filtered light) e Nichos de luz (252-pools of light). Outro grupo de parametros almeja o abrigo agradavel aos sentidos térmico ejou {atil, © contribui para o contraste interior-exterior: Lareira (181-the fire int heat), Zonas de piso (233-floor surface), Paredes agradaveis ao tato (235-soft inside walls) e Cores quentes (250-warm colors) Calor radiamte (230-1 Os protétipos de tipologia organizacional de Unidades Habitacionais - UHis (orientacao unica ou dupla) e de edificagées (acessos individual, mult plo, por corredor lateral ou central ¢ por niveis desencontrados) reiteram os parametros de Alexander, Ishikawa ¢ Silverstein (1977) que tratam da tela- sao entre tipologias de UHs ¢ de agregagao entre elas e aspectos do conforto ambiental e privacidade: Formato alongado (109-fong-thin house); Gradiente de intimidade (127-intimacy gradient); Alas para luz. natural (107-wings of light) € Luz natural em pelo menos dois lados (159-light on at least two sides). Bache: lard (1989, p. 44-45) critica o projeto de apartamentos pela “falta de um dos principios fundamentais para distinguir e classificar os valores de intimidade as diferentes pecas de um abrigo acuado no pavimento”, O parimetro Forma- to alongado (109-long thin house) trata justamente de como aumentar a priva- cidade a0 se projetar habitagoes, em especial as de area reduzida: desenrolar 68 ambientes um depois do outro, horizontal ou verticalmente (uma planta alongada ou uma torre uumenta a distancia entre eles. 12.3 OS PROJETOS NO AMBITO LOCAL A amostra de projetos de habitagao coletiva totalizou 35 projetos no Estado de Sio Paulo, premiados e publicados nos periddicos nacionais entre 1980 € 2005, construidos ou nao, incluindo qualquer faixa de renda de usuarios, uma variedade de tipologias edilicias ¢ escalas de Intervengio. Vinte e ¢ Ico projetos, ou 71%, estao na cidade de Sto Paulo, e os demais, nas cidades de Cotia ¢ Santo André na RMISP; Itt ba, Campinas ¢ Nova Odessa no interior do Estado; Guaruia e Bertiogt no litoral paulista, todos a uma distancia de ate 100 kry da capital na chamada regio macrometropolitana, Os grupos da amostra, divides _aet Digitalizado com CamScanner por faixa de renda, escala do empreendimento e tipologia edilicia (H: Horizontal, M: Mista, VB: Vertical Baixa, VA: Vertical Alta), estio repre- sentados nas Figs. 12.1. a 12.3. As fichas com os dados de cada projeto podem ser consultadas no Apéndice A de Barros (2011). Irés tipologias de edificacao foram identificadas, além de uma mistura das ttés. Os projetos foram agrupados segundo o nivel de renda familiar His (Habitacdo de Interesse Social) ¢ demais faixas de renda e, em segui: da, de acordo com a area (m’) das respectivas glebas ou lotes (Tab. 12.1) Da amostra total, 24 propostas sao de conjuntos para HIS (ou que incluem ‘uma porcentagem para tal), que foram agrupados nas escalas de pequeno € grande porte A maior parte dos projetos de HIS de grande porte (Fig, 12.1) localiza- cem regioes perifericas das cidades € foi objeto de concurso publica, Fm andem decrescente por area de gleba ou lote, agrupam-se os projetos pata Nucleo Urbano em Campinas, para gleba de aprox. 16,000,000 m? ¢ Bairro sowo para gleba de aprox. 1.000.000 m’; dois projetos para Conjunto CDHU emttaiba, para uma mesma gleba de aprox. 200.000 m’; o projeto Reserva thayba, em Santo André, e Novo Centro para glebas de aprox. 150.000 m’; cosprojetos Brasilit, em Nova Odessa, e Area no Jardim Sao Francisco, para tebas de aprox. 100.000 m? Os projetos de HIS de pequeno porte (Fig.12.2) ocupam lotes remanes- centes de retificacdes de rios, corregos, tragado de vi cadade de S \s férreas ou metro da 10 Paulo, em regides centrais ou bem servidas dk wana € foram objetos de concurso ou contratagao publica, Em ordem decrescente por area de lote, ha os projetos: Vila Mara e Complexo para Area su Luz, para lotes de aprox. 20.000 m’ e 15.000 m’; Rincio, Minas Gas € Habitasampa Barta Funda, para lotes de aprox. 13,000 m’ e 10.000 m’; AreanoBraseHeliopolis|, paralotesde aprox. 7.000m’e5.000m’; Heliopolistt fraestrutura le 1 DISTRIBUIGAO DOS PROIETOS EM RELAGAO A TIPOLOGIA E ESCALA logiaedilicia Pequeno porte -regiio central (areas até 20 mim) 3 Peguero porte regio perc eas até 20mm) Y= s ‘ ande porte -reiio central (reas > 100 mim’) 7 2 Grande porte regio periérca (eas > 100 mil’) aa 1 1 [teeter tat nd 1 6 © hequeno porte regio perfeica (areas até 15 mlm’) 1 e : a Ahumarizaio wo jee da aba clea a Digitalizado com CamScanner Horizontal 1961 | Concurso Brasin (2) | Hab (Nova Odessa) | Hos, | = “oMcicona ¥990 | Concurso | 1995 | Pree lovers | za04 | Prémio ASBEA a (PMC/Cohab) . Residencial Ibatyt (Campinas) | Mos (Campinas) | Ms Gi. Hab, COHU (rata) (André) | MOT 03 E1990 | Concurso | > (HabieCohab) | Area. pice | Vertical alta 1994 | Concurso (COHU) 1996 | Concurso (PMSP) | 2004 | Concurso (PMSP) Gab. CDHU (Itatiba) Centro | VAI2 Bairro Novo | VAOS VAM Fig 121 Fonte desenhos de Gusepe Focomo adaptados de Tozz. Ds Perna ¢ Codignoh (1982) Antomazz\ et al (199 para ateas de grande urs0 hab taciona’ popular, Sntonva com o mercado (2004) Bonduk, Rossetto € All (1991), Concurso Proctssos of Digitalizado com CamScanner 3 i 3 z 2002 | Prémio 1AB-SP Resid, Rua Grecia (Cota) | HO2 1990 | Concurso (Habi e ‘Cohab) Area Bras | M06 3990 | Concurso (Habie 1990 | Concurso (Habie 1990 | Concurso (Habie | 1990 | Concurso (Habie Cohab) ‘Cohab) Cohab) Cohab) Rincao | VBO3 Vila Mara|V804____Paranapanema | VB0S ‘Minas Gas | VBO6 ese { Ta | 1990 | Concurso (Habie 1990 | Concurso (Habie | 2004 | Concurso 2004 | Prémio ASBEA | ‘Cohab) Cohab) Habitasampa Cohab Helidpolis | | VBO7 Heliopolis l| VBO8 | _Barra Funda | VBO1__| Pedro Facchini | vBo2 | Helidpolis! | v807___ £) 3 | ° }| ee S | 1998 | PrémiotaB-sp | 2004 | Concurso 2004 | Concurso | 2006 | Concurso | Compiexo Hab. Luz (CEF/IAB) (CEF/IAB) (CEFIAB) L VAIO Centro | VAOT Centro | VA02 Centro | VA03, Digitalizado com CamScanner Vertical alta * 2004 | Concurso ‘Habitasampa | ‘Assembleia | VA04 © Conjun Grecia, em Cotia, para lotes de aprox. 3.500 m’; Habita sampa Assembleia € CAIXA-IAB, para lotes de aprox. 2.000 m’ € 1.000 m ¢ Paranapanema ¢ Cohab Pedro Facchini, para lotes menores de 1.000 m is faixas de renda (Fig. 12.3) destinam-se a Os projetos para as dem. lotes de até 15.000 m’, Com excecao de tres, no litoral, os demais projetos ficam em regides centrais da cidade de Sao Paulo. Em ordem decrescente por area de lote, agrupam-se os projetos: Pontal de Guaratatuba, em Bertiga para lote de aprox. 15.000 m’; Edificio Ville Cap Ferrat, para lote de aprox 4.000 m’; Vila no bairro Jabaquara, Vila Pirandello e Vila Fidalga, para lotes de aprox. 3.000 € 1.500 m’; edificios Living Loft, Duplex Top Tower e Helbor Loft, para lotes de aprox. 1.500 m'; Edificio Avallon, para lote de aprox 1.000 m?; € 0s projetos Conjunto Ondesol e Edificio Punta Del Leste, ambos no Guaruja, para lotes menores de 1.000 m 12.4 SUBSIDIOS AO DESENVOLVIMENTO DA ESTRATEGIA PROJETUAL Um projeto arquitetonico-urbanistico sintonizado com os anseios de uma comunidade ¢ com as qualidades especificas do lugar considera is de associag tural, ambiental e econémica. Envolve, assim, expectativas e proble 9 socigcul 0s atributos humanos e as relacdes espa mas conflitantes por meio de procedimentos criativos de componentes programaticos ¢ espaciais. O proceso projetivo que busca solugoes de qualidade requer conhecimento s6lido no campo de atuacio ¢ base critica interna para o direcionamento do projeto em desenvolvimen to, sem mecanizé-lo a ponto de impossi criativa de problemas requer 0 equilibrio entre os pensamentos diver itar novas ideias. A solu¢i0 gente e convergente. A criatividade pode ser cultivada e uma variedade de instrumentos é bem-vinda como suporte a um processo em que regras por si s6 no resolvem todos os problemas. Acredita-se que ° processo projetivo pode beneficiar-se do conhecimento sistematizade sem prejuizo da criatividade. A construcdo da estratégia projetual aqui proposta incorporou oS valores-chave apresentados por Benedikt (2008) aos conceitos humaniz# dores que combinam pardmetros entre niveis diferentes, ¢ seu artanio e™ Digitalizado com CamScanner

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