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CURSO: DIREITO VESPERTINO

DISCIPLINA: TEORIA DA PENA


DOCENTE: ERMELINO COSTA CERQUEIRA

Pró-Reitoria de Graduação 12. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

12.1. Conceito: causas que obstam a pretensão punitiva (que surge com a prática da infração) ou executória do
Estado (que surge com o trânsito em julgado da condenação).

12.2. Efeitos: em regra extinguem exclusivamente a pena, permanecendo íntegro o ilícito penal:
• antes do trânsito em julgado da sentença atinge a pretensão punitiva (jus puniendi), não persistindo
qualquer efeito do processo ou da sentença condenatória eventualmente proferida e ainda não definitiva;
• depois do trânsito em julgado da sentença afeta apenas a pretensão executória do seu efeito principal, a
pena, remanescendo os efeitos secundários da condenação, penais e extrapenais (ex. reincidência, título
executivo).
• exceção: anistia e a abolitio criminis: o fato deixa de ser considerado crime (extinguem a tipicidade), porém
permanecem os efeitos extrapenais, se ocorrer após o trânsito em julgado.
• S. 631/STJ

12.3. Reconhecimento: em qualquer fase do inquérito ou da ação penal e em qualquer grau de jurisdição, de
ofício ou a pedido (art. 61/CPP). Devem ser reconhecidas judicialmente e contra a decisão que deferir ou
indeferir cabe recurso em sentido estrito (art. 581, VII e VIII/CPP). Poderá, ainda, ser impetrado habeas corpus
(art. 648, VII/CPP).

12.4. Morte (art.107, I/CP): nenhuma pena passará da pessoa do condenado (art. 5º, XLV/CF)

12.5. Anistia, graça e indulto (art.107, II/CP)


• espécies de clemência, de indulgência estatal que, por razões políticas, renuncia ao direito de punir delitos
já praticados.
• podem alcançar crimes de ação pública ou privada, já que, nestes, o direito de punir é ainda do Estado —
apenas a iniciativa da ação penal é transferida ao ofendido.
• art. 5º, XLIII/CF: são insuscetíveis de anistia e graça os crimes de tortura, terrorismo, tráfico de drogas e os
definidos em lei como hediondos, cuja lei n. 8.072/90 acrescentou a vedação ao indulto. (STF, HC 90.364,
graça também abrange indulto)
a) anistia: concedida por lei ordinária de competência exclusiva da União, refere-se a fatos pretéritos, e não a
pessoas e, por isso, atinge todos que tenham praticado determinada espécie de infração em certa data ou
período, continuando a existir o tipo penal.
b) graça e indulto
• graça: indulto individual e deve ser requerida pela parte interessada.
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• indulto: coletivo é concedido espontaneamente pelo Presidente da República ou pelas autoridades que
dele receberam delegação.
• podem ser totais (quando extinguem a punibilidade) ou parciais (quando apenas reduzem a pena,
comutação).
• a sentença que concede o indulto ou a comutação de pena tem natureza declaratória, não havendo como
impedir a concessão dos benefícios ao sentenciado, se cumpridos todos os requisitos exigidos no decreto
presidencial (HC 486272/STJ)
• a superveniência de condenação, seja por fato anterior ou posterior ao início do cumprimento da pena,
não altera a data-base para a concessão da comutação de pena e do indulto (HC 508384/STJ)
• para a concessão de indulto, deve ser considerada a pena originalmente imposta, não sendo levada em
conta, portanto, a pena remanescente em decorrência de comutações anteriores (AgRg no HC 454365/STJ)
• o indulto humanitário requer, para sua concessão, a necessária comprovação, por meio de laudo médico
oficial ou por médico designado pelo juízo da execução, de que a enfermidade que acomete o sentenciado
é grave, permanente e exige cuidados que não podem ser prestados no estabelecimento prisional. (AgRg
no AREsp 1155670/STJ)
• ADI-5874, 9.5.2019.

12.6. Abolitio criminis (art.107, III/CP; art.5º, XL/CF e art.2º/CP): uma nova lei exclui do âmbito do Direito Penal
um fato até então considerado crime.
• S. 611/STF
• não basta que a lei nova tenha revogado o artigo que tratava do delito ou alterado seu nome, sendo
necessário que a conduta tenha deixado de ser prevista como crime.

12.7. Decadência (art.107, IV, 2ª figura/CP): perda do direito de queixa ou de representação por não ter sido
exercido no prazo legal, qual seja, seis meses contados do dia em que o ofendido soube quem é o autor do crime.

12.8. Perempção (art.107, IV, 3ª figura/CP): perda do direito de ação, provocada pela inércia processual do
querelante na sua condução.

12.9. Renúncia (art.107, V, 1ª figura/CP): ato pelo qual o ofendido abre mão (abdica) do direito de oferecer a
queixa.
• ato unilateral, para produzir efeitos, independe de aceitação do autor do delito e é irretratável.
• havendo duas vítimas, a renúncia por parte de uma não atinge o direito de a outra oferecer queixa.
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• a renúncia em relação a um dos autores do crime a todos se estende (art.49/CPP, princípio da


indivisibilidade da ação penal, implica renúncia tácita aos demais)
• reparação do dano:
o nos crimes de menor potencial ofensivo, implica em renúncia ao direito de queixa e representação e
gera a extinção da punibilidade se através de acordo homologado judicialmente (art.74, parágrafo único
da Lei n. 9.099/95)
o nos demais não (art.104, parágrafo único/CP)

12.10. Perdão do ofendido (art.107, V, 2ª figura/CP): ato pelo qual o querelante desiste do prosseguimento da
ação penal privada em andamento.
• ato bilateral, apenas gera a extinção da punibilidade se for aceito pelo ofendido.
• o perdão, se concedido a um dos querelados, a todos se estende, mas somente extingue a punibilidade
daqueles que o aceitarem (art. 51/CPP)
• havendo dois querelantes, o perdão oferecido por um deles não afeta o andamento da ação penal no que
se refere ao outro.

12.11. Retratação do agente (art.107, VI/CP): confissão que errou do autor da infração, retirando totalmente o
que disse ou afirmou, em casos expressamente previstos em lei:
• ex: calúnia (art. 138/CP), difamação (art.139/CP), falso testemunho e falsa perícia (art. 342/CP)
• não depende de aceitação.

12.12. Perdão judicial (art.107, IX/CP): ato judicial que na sentença deixa de aplicar pena ao réu, conforme
hipóteses expressamente previstas em lei.
• não necessita ser aceito pelo réu.
• incomunicável
• afasta os efeitos da reincidência (art. 120/CP).
• sentença de natureza declaratória: S. 18/STJ (apaga apenas efeitos executórios da condenação)
• concurso formal: REsp. 1444699
• ex: arts. 121, § 5º, e 129, § 8º/CP; arts. 302 e 303/CTB

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