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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC MINAS

Instituto de Filosofia e Teologia Dom João Resende Costa

Trabalho – Disciplina Sociologia


Karl Marx: Manifesto do Partido Comunista e o Filme “Da Servidão Moderna”

Alunos: Aderson Junio Mariano da Silva Professora: Angela Maria Siman


Bruno Fonseca Marques
José Joaquim Gomes Alexandre
Saulo Souza Nunes

QUESTÕES

Dê um novo título ao livro

Levando em consideração o estudo e análise da obra Manifesto do Partido Comunista

sugerimos como novo título ao livro: “O sistema comunista”.

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Faça um resumo em 20 linhas explicando a lógica do pensamento de Marx no livro (letra

12, calibri, espaçamento duplo, margens laterais 2,5 cm)

O livro Manifesto do Partido Comunista permeia a luta de classes entre burguesia e

proletariado e os meios com os quais essa deve ser vencida. Com caráter histórico e didático,

os autores tratam, a partir do primeiro capítulo, como o surgimento da burguesia possui um

toque revolucionário e brutal, pois é por meio da exploração clínica e aberta sob outras classes

que a burguesia desenvolveu resultados grandiosamente significativos. Com isso em evidência,

é então abordada a classe dominada, o proletariado. Os autores descrevem a lógica histórica

pela qual o proletariado foi e é usado pela burguesia como ferramenta de manobras políticas e

exploração. O proletariado, enquanto disperso, atua como mecanismo burguês, contudo,

quando unido como uma só classe, é uma potência superior à burguesia. É nesse ponto que o

valor do livro se expõe de forma clara porque é apresentado os meios com os quais o novo

Estado, dominado pela democracia do proletariado deve ser regido. Esse atua visando o
potencial máximo de produção, o desaparecimento das demarcações e antagonismos nacionais

criados pela burguesia e o desaparecimento da hostilidade competitiva entre nações. Adiante, é

apresentado, as diferentes interpretações que a literatura socialista e comunista possui. É

possível notar o que fora apresentado até aqui, isto é, a luta de classes existente em diferentes

épocas e lugares, além da exploração burguesa e do uso de sua contraparte como mecanismo

político para destruição de seus inimigos monárquicos e intensificação do movimento liberal.

Por fim, é no último capítulo, que se compreende em totalidade a lógica do texto: que

independentemente do local, a união dos proletários deve buscar a derrubada do domínio

burguês e de todos seus frutos explorativos e divisórios.

O filme “Da Servidão Moderna” compara os escravos da antiguidade e os servos da idade

média com os escravos modernos. De acordo com a teoria de Karl Marx tal comparação

é verdadeira? Justifique sua resposta.

Segundo a teoria de Karl Marx a comparação do filme “Da Servidão Moderna” no qual

compara os escravos da antiguidade e os servos da idade média com os escravos modernos é

algo extremamente verdadeiro. Levando em consideração os escritos do texto do Manifesto

Comunista do Partido Comunista, podemos comprovar a posição do pensador ao dizer que

“nas primeiras épocas históricas, verificamos, quase por toda parte, uma completa
divisão da sociedade em classes distintas, uma escala graduada de condições sociais.
Na Roma antiga encontramos patrícios, cavaleiros, plebeus, escravos; na Idade Média,
senhores, vassalos, mestres, companheiros, servos; e, em cada uma destas classes,
gradações especiais. A sociedade burguesa moderna, que brotou das ruínas da
sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classes. Não fez senão substituir
novas classes, novas condições de opressão, novas formas de luta às que existiram no
passado.” (MARX, K.; ENGELS, 1848)

Ainda no texto que nortearia o pensamento comunista, Karl Marx indica que a sociedade

dessa época em que a burguesia se ergue, tem o comportamento de simplificar e ampliar de

forma diametral os antagonismos das classes sociais: burguesia e proletariado. O pensador


destaca que o proletariado sendo a classe dos operários modernos, só sobrevivem se

encontrarem trabalho e que só encontram trabalho na medida em que os burgueses aumentam

o capital. Logo, assim como nos remotos tempos da história da humanidade os operários são

mercadoria, artigo de comércio como qualquer outro, estando sujeitos a todas as decisões e

negociações do mercado.

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O filme “Da Servidão Moderna” é exemplar sobre quatro importantes questões que

conformam a teoria de Marx: alienação, mais valia, o lumpemproletariado e o caráter

anárquico da produção. Explique-os com passagens literais do livro Manifesto do Partido

Comunista e, a partir do filme, exemplifique-os.

Tendo em vista o filme “Da Servidão Moderna” e o Manifesto do Partido Comunista

levantaremos e destacaremos as quatro importantes questões interpeladas por Karl Marx:

• alienação: segundo Marx, a alienação é o meio onde as pessoas produzem, mas não

podem usufruir do fruto do seu trabalho assim viram “animais” novamente. Nesse

sentido o trabalho não serve de nada para o conhecimento individual, a vontade fica

imersa com suas necessidades. Podemos ressaltar com os seguintes trechos do

Manifesto Comunista:

“A propriedade pessoal, fruto do trabalho e do mérito! Pretende-se falar da


propriedade do pequeno burguês, do pequeno camponês, forma de propriedade
anterior à propriedade burguesa? Não precisamos aboli-la, porque o progresso da
indústria já a aboliu e continua a aboli-la diariamente. Ou por ventura pretende-se
falar da propriedade privada atual, da propriedade burguesa?” (MARX, K.; ENGELS,
1848)

“Mas, o trabalho do proletário, o trabalho assalariado cria propriedade para o


proletário? De nenhum modo. Cria o capital, isto é, a propriedade que explora o
trabalho assalariado e que só pode aumentar sob a condição de produzir novo trabalho
assalariado, a fim de explorá-lo novamente. Em sua forma atual a propriedade se move
entre os dois termos antagônicos: capital e trabalho. Examinemos os dois termos dessa
antinomia.” (MARX, K.; ENGELS, 1848)

“O preço médio que se paga pelo trabalho assalariado é o mínimo de salário, isto é, a
soma dos meios de subsistência necessária para que o operário viva como operário.
Por conseguinte, o que o operário obtém com o seu trabalho é o estritamente
necessário para mera conservação e reprodução de sua vida. Não queremos de nenhum
modo abolir essa apropriação pessoal dos produtos do trabalho, indispensável à
manutenção e à reprodução da vida humana, pois essa apropriação não deixa nenhum
lucro líquido que confira poder sobre o trabalho alheio. O que queremos é suprimir o
caráter miserável desta apropriação que faz com que o operário só viva para aumentar
o capital e só viva na medida em que o exigem os interesses da classe dominante.”
(MARX, K.; ENGELS, 1848)

No filme “Da Servidão Moderna” podemos exemplificar a alienação por meio do

trabalho, no qual, o indivíduo aceita uma escravização voluntária correndo atrás de um

trabalho, cada vez mais, alienante, que lhe parece ser dado generosamente quando estão

suficientemente “domados”, ocultando as condições que são submetidas como escravos,

demonstrando como as pessoas acham normal uma jornada de trabalho tão desgastante

e reprimem qualquer sentimento revolucionário, querendo se adequar à lógica burguesa.

• mais-valia: é o valor excedente gerado na mercadoria, o lucro, que é produzida pelo

trabalhador e não é repassada ao mesmo e serve para acumulação do capitalista.

Podemos afirmar assim que seria a diferença entre o valor produzido pelo trabalho e o

salário pago ao trabalhador, que seria a base da exploração no sistema capitalista. No

trecho seguinte podemos observar esta análise:

“O que queremos é suprimir o caráter miserável desta, apropriação que faz com que
o operário só viva para aumentar o capital e só viva na medida em que o exigem os
interesses da classe dominante”. (MARX, K.; ENGELS, 1848)

“Na sociedade burguesa, o trabalho vivo é sempre um meio de aumentar o trabalho


acumulado.” (MARX, K.; ENGELS, 1848)

Já no filme relata o trabalho como um instrumento de tortura, titulado como tal pelo

sistema dominante, em que os proletários dedicam toda a energia e tempo de suas vidas

para manter viva a ideia de utilidade, já que é exercendo o ato de compra que o fará

continuar a viver ainda que para isso seja necessário ser escravo; esse fenômeno é

exemplificado pelo intenso enriquecimento dos burgueses, enquanto os operários

continuam na extrema pobreza.


• lumpemproletariado: é a ausência de consciência de classe e consequente desinteresse

na revolução e luta dos trabalhadores. A consciência de classe vai contra a ideologia é

o momento em que os trabalhadores percebem que estão sendo explorados.

“Quando se fala de ideias que revolucionam uma sociedade inteira, isto quer dizer
que, no seio da velha sociedade, se formaram os elementos de uma nova sociedade e
que a dissolução das velhas ideias marcha de par com a dissolução das antigas
condições de vida.” (MARX, K.; ENGELS, 1848)

“Quando o mundo antigo declinava, as velhas religiões foram vencidas pela religião
cristã; quando, no século XVIII, as ideias cristãs cederam lugar às ideias racionalistas,
a sociedade feudal travava sua batalha decisiva contra a burguesia então
revolucionária. As ideias de liberdade religiosa e de liberdade de consciência não
fizeram mais que proclamar o império da livre concorrência no domínio do
conhecimento.” (MARX, K.; ENGELS, 1848)

“O proletariado utilizará sua supremacia política para arrancar pouco a pouco todo
capital à burguesia, para centralizar todos os instrumentos de produção nas mãos do
Estado, isto é, do proletariado organizado em classe dominante, e para aumentar, o
mais rapidamente possível, o total das forças produtivas.” (MARX, K.; ENGELS,
1848)

“Uma vez desaparecidos os antagonismos de classe no curso do desenvolvimento e


sendo concentrada toda a produção propriamente dita nas mãos dos indivíduos
associados, o poder público perderá seu caráter político. O poder político é o poder
organizado de uma classe para a opressão de outra. Se o proletariado, em sua luta
contra a burguesia, se constitui forçosamente em classe, se converte por uma
revolução em classe dominante e, como classe dominante, destrói violentamente as
antigas relações de produção, destrói, justamente com essas relações de produção, as
condições dos antagonismos entre as classes, destrói as classes em geral e, com isso,
sua própria dominação como classe.” (MARX, K.; ENGELS, 1848)

No filme podemos exemplificar por meio das crianças, onde são vítimas desse sistema

que sufoca a liberdade dela desde o berço, com objetivo de torna-las estupidas, tirando

toda a capacidade de reflexão e crítica.

• caráter anárquico da produção: O sistema anárquico de produção não se de limita a

ordens hierárquicas. Segundo o marxismo, o que cria valor é a parte do capital investida

em força de trabalho, isto é, o capital variável. A diferença entre o capital investido na

produção e o valor de venda dos produtos, a mais-valia, apropriada pelo capitalista, não

é outra coisa além de valor criado pelo trabalho.

“Impelida pela necessidade de mercados sempre novos, a burguesia invade todo o


globo. Necessita estabelecer-se em toda parte, explorar em toda parte, criar vínculos
em toda parte. Pela exploração do mercado mundial a burguesia imprime um caráter
cosmopolita à produção e ao consumo em todos os países.” (MARX, K.; ENGELS,
1848)

De acordo com o filme, a produção tem um caráter abusivo, capaz de criar imitações

dos alimentos - que se tornam escassos pelo mau uso do avanço da modernidade. Nesse

novo espaço só há lugar para máquinas programadas, não para terra fértil. “Não são

mais que organismos geneticamente modificados, uma mistura de colorantes e

conservantes, de pesticidas, de hormônios e de outras tantas invenções [...]”. Ainda, no

filme, destacamos a fala do narrador sobre a possibilidade de uma outra realidade e que

para chegar a ela, os oprimidos ou chamados “escravizados” devem começar a

desobedecer (pois a obediência é a forma de dominação dos opressores, que os

oprimidos só fazem por medo e por considerarem a possibilidade de outro sistema de

sociedade impossível).

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Explique os diferentes tipos de socialismo definidos por Marx no Manifesto e cite

passagens que os caracterizam.

1. O socialismo reacionário

A) O socialismo feudal: irá buscar o retorno da sociedade a organização feudal, por não

concordar com o sistema imposto pelo capitalismo.

“Assim nasceu o socialismo feudal, onde se mesclavam jeremiadas e libelos, ecos do


passado e ameaças sobre o futuro. Se por vezes a sua crítica amarga, mordaz e
espirituosa feriu a burguesia no coração, sua impotência absoluta de compreender a
marcha da história moderna terminou sempre por um efeito cômico.” (MARX, K.;
ENGELS, 1848)

As aristocracias da França e da Inglaterra escreveram panfletos satíricos contra a

moderna sociedade burguesa e se sucumbiram aos golpes dessa indesejável ambição, não

podendo mais travar uma luta no campo político, lutaram no campo literário. Para conquistar

afinidade, a aristocracia pôs-se do lado da classe trabalhadora, fingindo esquecer seus próprios
interesses. Começou então, por espírito de vingança, a satirizar os novos senhores e a profetizar

seu destino catastrófico. Desse modo surgiu o Socialismo Feudal, numa mistura de lamentações

e pequenos livros, repercussão do passado e ameaças para o futuro. Sua maior reprovação à

burguesia não é o fato de ter produzido um proletariado, mas sim, produzido um proletariado

revolucionário. Por isso colabora ativamente na luta política contra a classe operária.

“Por isso, na luta política participam ativamente de todas as medidas de repressão


contra a classe operária. E, na vida diária, a despeito de sua pomposa fraseologia,
conformam-se perfeitamente em colher os frutos de ouro da árvore da indústria e
trocar honra, amor e fidelidade pelo comércio de lã, açúcar de beterraba e aguardente”
(MARX, K.; ENGELS, 1848)

B) O socialismo pequeno-burguês: tem como objetivo restaurar o modo de produção, ou

seja, introduzir os meios modernos de produção e de troca, porém, na forma do sistema das

antigas relações de propriedade.

“Não é a aristocracia feudal a única classe arruinada pela burguesia, não é a única
classe cujas condições de existência se estiolam e perecem na sociedade burguesa
moderna. Os pequenos burgueses e os pequenos camponeses da Idade Média foram
os precursores da burguesia moderna. Nos países onde o comércio e a indústria são
pouco desenvolvidos, esta classe continua a vegetar ao lado da burguesia em
ascensão.” (MARX, K.; ENGELS, 1848)

Afirma-se que os pequenos burgueses e os pequenos camponeses da Idade Média foram

os precursores da burguesia moderna. Tal classe não tinha determinação fixa, oscilando entre

proletários súbitos a concorrência e os burgueses súbitos aos avanços das grandes indústrias

que logo seriam substituídos pelas máquinas e próprio comércio. Os intelectuais criticavam o

sistema burguês com base em critérios pequeno-burgueses e camponeses, assumindo a causa

operária do ponto de vista da pequena burguesia. Foi assim que se formou o Socialismo

Pequeno-burguês.

As análises deste socialismo revelaram os efeitos destruidores das máquinas e da divisão

do trabalho, a concentração de capitais e da propriedade territorial, a superprodução, as crises,

o declínio dos pequenos burgueses e camponeses, a miséria do proletariado, o caos na produção,

o desequilíbrio da distribuição de rendas, a guerra industrial de extermínio entre as nações, a

dissolução dos antigos costumes, das antigas relações de família, das velhas nacionalidades.
Sua finalidade é reestabelecer o modo de produção e de troca anterior e o antigo sistema

de propriedade e toda sociedade antiga. Sua proposta para a manufatura é um regime

corporativo, e para a agricultura, um regime patriarcal. Quando os fatos históricos os

elucidaram, o socialismo pequeno-burguês caiu em uma depressão deplorável.

“Esse socialismo analisou com muita penetração as contradições inerentes às relações


de produção modernas. Pôs a nu as hipócritas apologias dos economistas. Demonstrou
de um modo irrefutável os efeitos mortíferos das máquinas e da divisão do trabalho,
a concentração dos capitais e da propriedade territorial, a superprodução, as crises, a
decadência inevitável dos pequenos burgueses e camponeses, a miséria do
proletariado, a anarquia na produção, a clamorosa desproporção na distribuição das
riquezas, a guerra industrial de extermínio entre as nações, a dissolução dos velhos
costumes, das velhas relações de família, das velhas nacionalidades.” (MARX, K.;
ENGELS, 1848)

C) O socialismo alemão ou o “verdadeiro” socialismo

“... Filósofos, semifilósofos e impostores alemães lançaram-se avidamente sabre essa


literatura, mas esqueceram que, com a importação da literatura francesa na Alemanha,
não eram importadas ao mesmo tempo as condições sociais da França. Nas condições
alemães, a literatura francesa perdeu toda significação prática imediata e tomou um
caráter puramente literário. Aparecia apenas como especulação ociosa sobre a
realização da natureza humana. Por isso, as reivindicações da primeira revolução
francesa só eram, para os filósofos alemães do século XVIII, as reivindicações da
"razão prática" em geral; e a manifestação da vontade dos burgueses revolucionários
da França não expressava a seus olhos, senão as leis da vontade pura, da vontade tal
como deve ser, da vontade verdadeiramente humana.” (MARX, K.; ENGELS, 1848)
A literatura socialista e comunista da França chegou à Alemanha no momento em que

a burguesia iniciava sua luta contra o absolutismo feudal. Os alemães se lançaram sobre tal

onde as teorias francesas ficaram reduzidas a uma pura informação literária. Para os filósofos

alemães, as reivindicações da primeira revolução francesa eram vistas como manifestação das

leis da vontade pura, da vontade tal qual deve ser e da vontade verdadeiramente humana. Assim

como os monges antigos revestiram os manuscritos da antiguidade paga de lendas sobre os

santos católicos, os alemães enxertarem a literatura francesa uma literatura profana e com

insanidades filosóficas. A este processo de enxertar filosofismos nas teorias francesas deram o

nome de “filosofia da ação”, “verdadeiro socialismo”, “ciência alemã do socialismo”,

“justificação filosófica do socialismo”, etc. Assim, emascularam inteiramente a literatura

socialista e comunista francesa. Além do sentimento de felicidade por ter-se elevado acima da

“estreiteza francesa” e ter defendido os interesses humanos, do homem em geral. Entretanto,


esse socialismo alemão frente ao movimento liberal, foi perdendo seu procedimento pouco a

pouco. “O verdadeiro socialismo” surgiu como uma arma para os pequenos burgueses, capaz

de vencer de uma só vez dois de seus inimigos, o poder industrial e político da burguesia. A

nação alemã foi proclamada a nação-modelo e o pequeno burguês alemão o homem-padrão.

“Desse modo, apresentou-se ao verdadeiro socialismo a tão desejada oportunidade de


contrapor ao movimento Político as reivindicações socialistas. Pôde lançar os
anátemas tradicionais contra o liberalismo, o regime representativo, a concorrência
burguesa, a liberdade burguesa de imprensa, o direito burguês, a liberdade e a
igualdade burguesas; pôde pregar às massas que nada tinham a ganhar, mas, pelo
contrário, tudo a perder nesse movimento burguês. O socialismo alemão esqueceu,
muito a propósito, que a crítica francesa, da qual era o eco monótono, pressupunha a
sociedade burguesa moderna com as condições materiais de existência que lhe
correspondem e uma constituição política adequada precisamente as coisas que, na
Alemanha, se tratava ainda de conquistar.” (MARX, K.; ENGELS, 1848)

2. O socialismo conservador ou burguês: busca formular medidas de manutenção do

sistema capitalista, defendendo, portanto, os interesses dos burgueses, e no desejo de diminuir

os males sociais que a própria burguesia gerou.

“Nessa categoria enfileiram-se os economistas, os filantropos, os humanitários, os que


se ocupam em melhorar a sorte da classe operária, os organizadores de beneficências,
os protetores dos animais, os fundadores das sociedades de temperança, enfim os
reformadores de gabinete de toda categoria. Chegou-se até a elaborar esse socialismo
burguês em sistemas completos.” (MARX, K.; ENGELS, 1848)

Se ocupam desta categoria aqueles que procuram melhorar a sorte da classe, tais

socialistas burgueses, querem alcançar as condições de vida da sociedade moderna sem as lutas

e os perigos que dela decorrem, querem a burguesia sem o proletariado. De maneira prática,

procuram afastar os operários de qualquer movimento revolucionário e não pretendem, de

maneira alguma, extinguir as relações burguesas de produção, mas, ter reformas administrativas

fundamentadas nessas condições de produção. Só atingirá uma expressão adequada quando se

torna uma simples figura retórica. Finalmente, se resume nesta frase: “os burgueses são

burgueses – no interesse da classe operária.”.

“Uma outra forma desse socialismo, menos sistemática, porém mais prática, procura
fazer com que os operários se afastem de qualquer movimento revolucionário,
demonstrando-lhes que não será tal ou qual mudança política, mas simplesmente uma
transformação das condições de vida material das relações econômicas; que poderá
ser proveitosa para eles. Notai que, por transformação das condições da vida material,
esse socialismo não compreende, em absoluto, a abolição das relações burguesas de
produção - o que só é possível por via revolucionária – mas, apenas, reformas
administrativas fundamentadas nessas condições de produção e que, portanto, não
afetam as realizadas sobre a base das próprias relações entre o capital e o trabalho
assalariado, servindo, na melhor hipóteses, para diminuir os gastos da burguesia com
seu domínio e simplificar o trabalho administrativo de seu Estado.” (MARX, K.;
ENGELS, 1848)

3. O socialismo e o comunismo crítico-utópicos: atacam a sociedade capitalista em suas

estruturas, mostrando o antagonismo e a luta entre as classes sociais e utiliza métodos para

entender da melhor forma do capitalismo e com isso, acabar com ele.

“As primeiras tentativas diretas do proletariado para fazer prevalecer seus próprios
interesses de classe, feitas numa época de efervescência geral, no período da
derrubada da sociedade feudal, fracassaram necessariamente não só por causa do
estado embrionário do próprio proletariado, como devido à ausência das condições
materiais de sua emancipação, condições que apenas surgem como produto do
advento da época burguesa. A literatura revolucionária que acompanhava esses
primeiros movimentos do proletariado teve forçosamente um conteúdo reacionário.
Preconizava um ascetismo geral e um grosseiro igualitarismo.” (MARX, K.;
ENGELS, 1848)

Os primeiros passos que o proletariado deu para fazer prevalecer seus interesses

próprios de classe, quando da derrocada da sociedade feudal, fracassaram porque o proletariado

não possuía as condições necessárias materiais para sua emancipação, condições estas, que

aparecerão somente com a formação da burguesia como seu produto natural. Tem como

representantes Saint-Samon, Fourier, Owen, etc. que surgem no primeiro período da luta entre

proletário e burguesia. Os iniciadores desses movimentos compreenderam bem o antagonismo

das classes e a ação dos fatores que provocariam a dissolução da sociedade dominante,

entretanto, eles não reconhecem no proletariado nenhuma iniciativa histórica e nem capacidade

de organizarem um movimento político próprio. Não conseguem distinguir as condições

materiais de emancipação do proletariado devido ao antagonismo de classes que caminham ao

lado do desenvolvimento da indústria, e para solucionar tal condição, vão à procura de uma

ciência social e leis que as façam. Eles têm plena convicção de que a classe operária é a mais

sofredora e que a partir disto se devam defender seus interesses, assim, anseiam por melhores

condições materiais para toda a sociedade, mesmo para os mais privilegiados. Para isso, apelam

preferencialmente para a classe dominante. Seu sistema parece ser o melhor dos planos
possíveis para a melhor das sociedades possíveis. Afastam qualquer possibilidade de ação

política e, sobretudo revolucionária, tentando conseguir seus objetivos por meios pacíficos e

pregando um novo evangelho social.

Tais obras socialistas e comunistas também terão elementos críticos, como atacar a

sociedade vigente em suas bases. Seus projetos positivos com relação a sociedade futura, como

a supressão da distinção entre cidade e campo, a abolição da família, do lucro privado e do

trabalho assalariado, a harmonia social e a transformação do Estado numa mera administração

da produção, tudo isso pretende acabar com o antagonismo de classes. No entanto, essas

propostas têm um sentimento puramente utópico. A importância do socialismo e do comunismo

crítico-utópico está na razão inversa do desenvolvimento histórico. Enquanto a luta de classes

se agrava e se define melhor, a oposição que lhe é feita perde qualquer justificação teórica. Daí

entendermos que, se em muitos aspectos, os fundadores desses sistemas eram revolucionários,

as seitas formadas por seus discípulos eram sempre reacionárias, sendo, porém, consequentes

quando procuram atenuar a luta de classes e conciliar os antagonismos. São persistentes em

realizar suas utopias sociais e opõe-se totalmente a qualquer ação política da classe operária.

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Segundo Marx, o comunismo se caracteriza pela abolição da propriedade burguesa e não

da propriedade em geral. Por que?

Marx apresenta as críticas feita ao comunismo como um sistema que visa destruir a

propriedade pessoalmente adquirida. Contudo, como exposto por ele, não é isso que o

comunismo busca abolir, não é sobre abolir a propriedade pessoal, fruto do trabalho e do mérito,

mas abolir a propriedade que o explora o trabalho assalariado, pois esta visa a criação de

aumentar a si mesmo para produzir novos trabalhos assalariados para explorá-los novamente.

Dessa maneira, fica claro o que Marx evidencia como objetivo na abolição da propriedade
burguesa, pois, os burgueses, são àqueles que usam da propriedade para explorar e exploram

para adquirir propriedade, tornando-a, por meio da política burguesa, em propriedade privada.

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“O moinho movido a braço nos dá a sociedade dos senhores feudais; o moinho movido a

vapor, a sociedade dos capitalistas industriais. Os homens, ao estabelecerem as relações

sociais vinculadas ao desenvolvimento de sua produção material, criam também os

princípios, as ideias e as categorias conforme às suas relações sociais. Portanto, estas

ideias, essas categorias são tão pouco eternas quanto as relações às quais servem de

expressão”. Comente essa afirmação de Marx, definindo, através do próprio texto, os

conceitos de forças produtivas, relações de produção, infra e superestrutura,

desenvolvimento materialista da história.

Para que se possamos organizar os conceitos apresentados por Karl Marx, analisaremos

por tópicos:

• forças produtivas: esse conceito de origem marxista, as forças produtivas, também

designadas por 'forças de produção', são constituídas pelos meios de produção – capitais,

terras, matérias-primas, ferramentas e equipamentos – pelos métodos e técnicas de

utilização e pelos trabalhadores. Em articulação com as relações de produção,

constituem o modo de produção, também designado por ‘base’ ou ‘infraestrutura’ da

formação econômica e social.

“A burguesia, durante seu domínio de classe, apenas secular, criou forças produtivas
mais numerosas e mais colossais que todas as gerações passadas em conjunto. A
subjugação das forças da natureza, as máquinas, a aplicação da química A Indústria e à
agricultura, a navegação a vapor, as estradas de ferro, o telégrafo elétrico, a exploração
de continentes inteiros, a canalização dos rios, populações inteiras brotando na terra
como por encanto - que século anterior teria suspeitado que semelhantes forças
produtivas estivessem adormecidas no selo do trabalho social?” (MARX, K.; ENGELS,
1848)
• relações de produção: também designadas por relações sociais de produção, são

constituídas pelo regime de propriedade dos meios de produção - capitais, terras,

ferramentas, máquinas, matérias-primas e tudo o que possa ser suscetível de ser usado

para fins produtivos -, formas de repartição dos produtos - meios de produção ou bens

de consumo - e estrutura de classes.

Não é, de modo algum, por mero acaso que as reflexões em torno das questões

relacionadas com a produção assumem uma especial importância no marxismo. Esta

centralidade tem a sua origem na estreita articulação estabelecida por Marx e Engels

entre aquilo que os homens são, aquilo que produzem e a forma como produzem, ou

seja, “aquilo que os indivíduos são depende das condições materiais da sua produção”.

Está assim justificado o argumento de Marx, em que sustenta que, “em todas as formas

de sociedade, é uma produção determinada e as relações de produção por ele produzidas

que estabelecem a todas as outras produções e às relações a que elas dão origem a sua

categoria e importância”.

“A burguesia só pode existir com a condição de revolucionar incessantemente os


instrumentos de produção, por conseguinte, as relações de produção e, com isso, todas
as relações sociais. A conservação inalterada do antigo modo de produção constituía,
pelo contrário, a primeira condição de existência de todas as classes industriais
anteriores. Essa subversão contínua da produção, esse abalo constante de todo o
sistema social, essa agitação permanente e essa falta de segurança distinguem a época
burguesa de todas as precedentes. Dissolvem-se todas as relações sociais antigas e
cristalizadas, com seu cortejo de concepções e de idéias secularmente veneradas; as
relações que as substituem tornam-se antiquadas antes de se ossificar. Tudo que era
sólido e estável se esfuma, tudo o que era sagrado é profanado, e os homens são
obrigados finalmente a encarar com serenidade suas condições de existência e suas
relações recíprocas.” (MARX, K.; ENGELS, 1848)

• infra e superestrutura: para Marx, a infraestrutura constitui o conjunto onde está a

base econômica da sociedade; portanto a economia, as formas de produção, as relações

de produção e as relações de trabalho, estas marcadas pela exploração da força de

trabalho no interior do processo de acumulação capitalista. A infraestrutura, assim,

constitui o conjunto formado pela matéria-prima, pelos meios de produção e pelos


próprios trabalhadores (onde se dão as relações de produção: empregados-empregados,

patrões-empregados).

Já a superestrutura é a projeção, a expressão cultural, das formas e relações de

produção; ou seja, é a expressão cultural da infraestrutura. Assim, a superestrutura é

fruto de estratégias dos grupos dominantes para a consolidação e perpetuação de seu

domínio (econômico, político e social). É composta pela estrutura jurídico-política e a

estrutura ideológica (Estado, Religião, Artes, meios de comunicação, etc.)

• desenvolvimento materialista da história: defende a ideia de que a evolução e a

organização da sociedade, ao longo da história, ocorrem de acordo com a sua capacidade

de produção e com suas relações sociais de produtividade. A teoria de Karl Marx tem

como base o que ele chamava de concepção materialista da história. Segundo ela, as

alterações sociais que acontecem ao longo da história não estão baseadas em ideias, mas

sim em valores materiais e em condições econômicas.

Através do método marxista dessa teoria, pela primeira vez a história foi

analisada com fundamentos científicos que afirmavam que as razões das alterações

sociais não estavam no cérebro humano (ideias e pensamentos), mas sim no modo de

produção.

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Considerando as manifestações retratadas no filme, pode-se dizer que elas representam a

revolução pensada por Marx? Por que?

Com toda certeza sim. Observamos que dentro da perspectiva Marxista tem de haver

uma sociedade totalmente liberta. Mas tais “produtos” divulgados e propagados com o intuito

de nos liberdade acaba nos aprisionando e nos tornando totalmente dependente, colocando-nos

reféns do capitalismo selvagem. Mas um pensamento bate de forma certa com o pensamento

de Marx que é que “o que é alimento para uns, é veneno para outros”, isso exemplifica o poder
exercido por essa sociedade do consumo, pensemos como diz o próprio ditado popular,

“enquanto uns choram, outros vendem lenços”, enquanto alguns são oprimidos outros

enriquecem de forma assustadora. Destaco ainda algo que é bastante claro nos dias atuais e que

Marx já havia observado: “Do mesmo modo que outrora uma parte da nobreza passou-se para

a burguesia, em nossos dias, uma parte da burguesia passa-se para o proletariado, especialmente

a parte dos ideólogos burgueses que chegaram à compreensão teórica do movimento histórico

em seu conjunto”. Esse pensamento é colocado na mesma direção no filme, quanto no

Manifesto do Partido Comunista, muitos dos que nos oprimem se colocam como nós, mas

simplesmente nos cercam para saber nossos pontos fracos para novamente nos tornarem

submissos a seus desmandos e continuarem a exercer seu “senhorio”.

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Elabore uma questão cuja resposta Marx não previu.

Pensando na grande capacidade de alienação que as mídias sociais são capazes de

exercer, poderíamos dizer que tais veículos tornam-se cada vez mais opressores, dominadores

e tendenciosas quando se trata de uma libertação das classes oprimidas?

Pensemos utilizado aquilo que temos em material do sociólogo Marx. É certo que ele

colocaria as mídias sociais como uma grande responsável pela alienação de muitos das classes

inferiores, pois tais mídias colocam padrões de vida elevados de tal forma que obrigam as

classes menos privilegias à aderirem a sociedade de consumo, pois somente na utilização de

tais consumos é que somos capazes de sermos realizados plenamente e deixarmos de ter uma

vida qualquer. Quanto à afirmação de serem tendenciosas é obviamente que sua resposta seria

afirmativa, pois muitas desses veículos têm lucros altíssimos encima de publicações que hora

elevam alguns, hora jogam outros no fundo do poço.


Referências Bibliográficas

MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista, 1848. Porto Alegre: L&PM,
2009.

DA Servidão Moderna. Direção: Jean-François Brient e Victor León Fuentes. França: COR,
2009.

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