Você já reparou que com o tempo todo nós, os seres humanos, estamos comunicando uns com os
outros? A necessidade de interagir nos acompanha desde quando ainda estávamos na barriga da nossa
mãe, sem ainda saber falar sequer uma palavra. As inúmeras possibilidades de se expressar levaram a
uma organização conhecida como gêneros textuais.
E está enganado se você pensa que eles se restringem somente ao que é escrito. Há ainda os gêneros
textuais orais. Uma aula na escola, uma palestra ou debate são todas situações que se enquadram nessa
categoria. É possível também uma combinação, um gênero textual misto, abrangendo essas duas
possibilidades: escrita e oral.
Sua dúvida é boa e logo respondo que saber distinguir o gênero textual do tipo de texto é meio
caminho andado para focar sua atenção naquilo que realmente interessa: se preparar para a prova de
redação do ENEM.
Enquanto os gêneros textuais são bem diversos, os tipos de textos são mais definidos e claros e é neles
que vamos concentrar nossa atenção. Não existe uma unanimidade entre os gramáticos sobre quantos
são os tipos textuais. A maior parte deles considera esses três: descritivo, narrativo e argumentativo. A
gramática Houaiss, por exemplo, que é bem conceituada quando o assunto é língua portuguesa,
sinaliza para um quarto modo, que recebe o nome de injunção.
Para você conhecer bem os tipos de textos, vamos trazer o significado e a aplicação de cada um deles,
olha só:
DESCRITIVO
Uma redação que se encaixe perfeitamente nesse tipo pode ser facilmente identificada se trouxer
elementos que descrevam características de uma pessoa (ou qualquer outro ser vivo), de uma cena,
ambiente ou mesmo de um objeto. Ao retratar o que observa ou sente, o autor pode apresentar
elementos que tornem a redação descrita objetiva.
Um relatório é um bom exemplo de como se aplica esse tipo, porque pode ter um caráter mais técnico,
com linguagem direta. Agora, se o autor se encarrega de trazer sua percepção individual sobre aquele
mesmo conteúdo, estaremos diante de uma redação descritiva subjetiva (ou seja, que foi produzida a
partir de um cenário/ objeto comum, mas com a interferência de sentimento e olhar de uma pessoa
específica).
INJUNTIVO
Esse tipo textual é outro que tem sido mais claramente categorizado por especialistas recentemente.
Ele é atribuído a materiais que tenham o caráter de orientar o leitor quanto às informações nele
descritas, instigando uma tomada de atitude. Basicamente, uma função de persuadir e encadear
orientações.
É bem como de identificar esse tipo textual em manuais, por exemplo. Tanto que uma das marcas
registradas dele é o uso do verbo no imperativo (faça; desligue e por aí vai). E é fácil imaginar porque
tem popularizado o estudo sobre a injunção, certo? Basta ver o crescimento dos aparelhos
tecnológicos. Com dispositivos por toda parte, cada vez mais precisamos de orientações precisas sobre
como dominar as mais variadas funções existentes.
NARRATIVO
O tipo textual narrativo é daqueles que se descobre fácil, fácil. É marcado pelo desenrolar de fatos,
personagens e ambiente. Essas ideias são organizadas por um autor, que pode apenas observar a
história (narrador-observador) ou participar dela (narrador-personagem).
Normalmente, esse modo é igualmente caracterizado por uma organização temporal dos fatos, sempre
com verbos que indiquem uma ação. Não importa, nesse caso, o tempo verbal (ou seja, se ele está no
passado, presente ou futuro e assim por diante).
ARGUMENTATIVO
Esse é o que você deve mais se atentar, porque é o tipo de texto exigido na prova do ENEM. Para que
fique bem clara a diferença deste para o demais, observe que uma redação argumentativa é
caracterizada por encadear as ideias. Em outras palavras, unificá-las de maneira bem harmoniosa. Isso
significa defender um ponto de vista, como se fosse para convencer o interlocutor (quem vai ler o
conteúdo) acerca do seu posicionamento do assunto.
A estrutura textual da redação dissertativa argumentativa tem três partes fundamentais, são elas:
introdução, desenvolvimento e conclusão. Na primeira parte, temos o compromisso de informar ao
interlocutor qual será o tema tratado, para prender atenção dele. O bom desafio aqui é lançar uma isca
para que o seu leitor continue interessado no parágrafo que vem na sequência (desenvolvimento).
Quando chegamos nessa parte, todo nosso foco deve estar voltado para a argumentação que dará
sustância àquilo que você defende.
Seguindo bem essas duas etapas iniciais, a conclusão (terceira e decisiva parte) irá, rapidamente,
retomar a tese inicial — que está mais bem fundamentada com os argumentos que foram trazido
durante o texto. A melhor receita para que essa fórmula (introdução + desenvolvimento + conclusão)
flua com facilidade é exercitar.
POR DENTRO DO QUE SE É COBRADO
COMPETÊNCIA 01
Na competência 1 Enem você será avaliado acerca do domínio da modalidade escrita formal da
Língua Portuguesa.
Por isso, para garantir a nota máxima nessa competência, é necessário que você atenda às regras
gramaticais e escreva de forma a garantir a fluidez da leitura por meio da construção das frases.
Um outro ponto importante para garantir que o seu texto esteja enquadrado como linguagem formal,
que é obrigatória para o gênero dissertativo-argumentativo, é não inserir nenhum registro informal em
seu texto e nem realizar marcas de oralidade na redação.
Erros de convenção de escrita: acentuação, ortografia, separação silábica, uso do hífen e uso de letras
maiúsculas e minúsculas;
Erros gramaticais: concordância verbal e nominal, flexão de nomes e verbos, pontuação, regência
verbal e nominal e colocação pronominal;
Erros de vocabulário: seleção de palavras, que devem ter sentidos apropriados no texto.
Por isso, além de pesquisar as regras de português e conhecê-las, é fundamental que você coloque os
seus conhecimentos em prática. Isso é possível apenas por meio do treino das redações e dos
feedbacks das correções. Assim, você conseguirá identificar quais são os seus pontos a serem
desenvolvidos e focar neles.
Por isso, existem outras saídas! Você pode aprender muito com vídeos no YouTube, questionários
temáticos, artigos em blogs e até mesmo jogos!
Então, não deixe de variar o seu método de estudo e procurar os tipos de materiais com os quais você
consegue ter um melhor desempenho. Isso é fundamental para que você entenda e assimile as
características da modalidade formal do português.
Isso te ajudará, inclusive, a fazer uma revisão criteriosa do seu próprio texto durante o Enem. Assim,
até mesmo os erros que podem passar despercebidos de primeira ficam mais fáceis de serem
identificados e corrigidos para que você não seja penalizado.
Por isso, nessa competência o corretor irá observar se você é capaz de desenvolver o tema de forma
direcionada em um texto dissertativo-argumentativo.
Ou seja, você deverá expor o seu conhecimento sobre o assunto, sem fugir desse tema principal, e
argumentar sobre ele por meio de um ponto de vista. Esse ponto de vista é exposto na tese, logo na
introdução da sua redação.
COMPETÊNCIA 02
Outro ponto fundamental para que você consiga fazer uma boa interpretação da proposta é o treino de
redação com diferentes temas durante a sua rotina de estudos pré-Enem. Assim, você será capaz de
identificar, de forma cada vez mais fácil e rápida, o que está sendo exigido pelo Exame, independente
do eixo temático da proposta.
Por isso, tenha em mente que a preparação para a prova de redação é tão importante quanto a atenção
durante a prova em si.
Grande parte dos candidatos não preparados irão desenvolver justamente aquelas ideias, e elas serão
consideradas previsíveis. Portanto, a nota dessas pessoas será mais baixa na competência 2 Enem.
Mostre originalidade e autoridade sobre o que você está falando. Lembre-se de que você estudou e
está preparado para aquele momento, agora é a hora de mostrar o que você sabe para os corretores.
3. Não copie
Em hipótese alguma você pode copiar trechos dos textos de apoio, sob risco de ter a sua redação
zerada.
Você pode utilizar os dados apresentados, inserindo-os na redação com as suas próprias palavras.
Cópia, jamais!
4. Seja incisivo
A nossa quarta dica para você alcançar a pontuação máxima na competência 2 Enem é: seja incisivo
quanto ao seu ponto de vista. A linguagem da redação deve ser impessoal, mas isso não quer dizer que
o seu texto não deva apontar um direcionamento sobre o que você defende.
Não fique apenas apresentando uma série de dados e fatos sem que o seu vocabulário indique que eles
foram apresentados para fundamentar sua opinião.
O seu ponto de vista deve existir e é fundamental que você o defenda ao longo da redação. Para isso,
traga para o texto informações que você adquiriu ao longo da vida, seja na escolas ou nas demais
experiências.
Relacionar o tema com a sua realidade de aprendizados é enriquecedor para o texto e ajuda a
credibilizar suas ideias, tornando-as plausíveis e persuasivas.
5. Fique informado
Esteja sempre informado sobre as discussões da atualidade, para chegar preparado para discutir
qualquer tema.
Para isso, é importante que você assista os jornais, leia bastante, conheça quais são os possíveis temas
e estude o que tem sido pauta em sociedade. Isso irá aperfeiçoar o seu tão importante repertório
sociocultural.
Essas habilidades são necessários para que você tenha estratégias para defender a sua tese, um
elemento fundamental para a construção da sua redação.
Mas, para ficar mais simples, vamos agora destrinchar cada uma dessas habilidades da competência 3
do Enem para entender melhor o que elas querem dizer e o que você deve fazer para apresentá-las em
seu texto.
COMPETÊNCIA 03
1. Selecionar ideias
Selecionar ideias significa escolher e separar algumas informações dentre as inúmeras que pensamos
ao nos depararmos com o tema da proposta de redação.
Essa capacidade de seleção mostra sobre a expressividade do seu repertório sociocultural. Por isso,
para mostrar o seu conhecimento sobre o assunto e a sua capacidade de selecionar o que é relevante, é
importante que você não se atenha aos textos motivadores e demonstre autoria.
Pensando no objetivo de persuasão do leitor, é preciso selecionar as ideias mais fortes, as que você, de
fato, saberá fundamentar e contextualizar de forma eficiente no texto.
2. Relacionar ideias
Já fazer a relação de ideias e informações é essencial para que você consiga fazer uma boa defesa do
seu ponto de vista. Essa habilidade avalia a coerência que você deve estabelecer em relação ao que
está sendo dito e o que foi proposto como tema da redação.
Portanto, aqui, um argumento deve complementar o outro e estar bem direcionado à resposta ao que
foi exigido na proposta de redação.
Você deve ficar atento para que os parágrafos se complementem, sem parecer que uma ideia está
dissociada da outra. Afinal, pensamos no texto com um todo: ele deve trabalhar para a defesa de um
ponto de vista sobre o tema.
3. Organizar ideias
A organização de ideias está muito relacionada à seleção, pois agora é o momento em que vamos fazer
a hierarquização dessas informações.
Como sabemos que existem aquelas ideias mais relevantes e as menos expressivas, é preciso pensar,
agora, na disposição delas no texto. Você deve se fazer perguntas como: onde cada uma irá chamar
mais atenção? O argumento mais forte deve vir no primeiro ou no segundo parágrafo de
desenvolvimento?
Pensar em detalhes como esses pode fazer a diferença na percepção do corretor em relação ao seu
texto. Além disso, organizar uma lógica que direciona o leitor a entender o que está sendo defendido
aumenta suas chances de conseguir uma nota mais alta.
4. Interpretar ideias
Por fim, interpretar as ideias é importante para que você direcione a argumentação para a resposta ao
tema de forma eficiente.
É fundamental que você entenda a melhor estratégia para contextualizar os argumentos para que eles
indiquem, de forma nítida, que você compreendeu o que foi solicitado na proposta de redação.
Para isso, é importante que você interprete as informações que você em mãos para defender a sua tese
e consiga cumprir as demais habilidades da competência 3 do Enem: seleção, relação e organização
das ideias.
Vamos lá?
A leitura atenciosa dos textos motivadores irá direcionar o seu raciocínio para a escrita da redação.
Além disso, separar alguns minutinhos para entender o tema em si faz com que você consiga
identificar o comando da proposta e não corra o risco de tangenciar ou fugir do assunto.
Então, nada de se apressar e achar que está ganhando tempo ao não ler a proposta direito e partir
correndo para a redação, ok? Nós sabemos que o tempo é curto, mas é a atenção ao que está sendo
exigido que garantirá que você, de fato, conseguirá produzir um bom texto.
Em nossa língua, há recursos cuja função é organizar os períodos dos parágrafos e os parágrafos do
texto.
É o caso das preposições, conjunções, advérbios e locuções adverbiais utilizados para fazer o
encadeamento das ideias. Esses recursos são importantes para garantir coesão textual e uma boa
relação entre as ideias dispostas na redação.
Portanto, na competência 4 Enem o corretor irá observar se os parágrafos da sua redação estão bem
construídos e se há uma relação nítida entre eles, como de causa e consequência, comparação ou
exemplificação, por exemplo.
Além disso, ele medirá o tamanho dos períodos, já que não é ideal nem que eles sejam muito curtos e
nem muito longos.
O uso de estratégias para referenciar termos é importante, com o propósito de não haver repetição
deles ao longo do texto.
Lembre-se que para fazer esse exercício de forma eficiente, você precisa ter certa distância do seu
texto. Afinal, como autor, você sabe exatamente o que ele quer dizer.
Ir ao banheiro ou resolver outros exercícios da prova, por exemplo, podem te ajudar a refrescar a
mente para uma última revisão.
Tenha em mente que tudo o que você está dizendo deve estar bem encadeado. Ideias desconectadas,
além de confundirem o leitor, são penalizadas nesta competência e também na competência 3.
3. Construa parágrafos
Essa dica parece até muito simples, certo? Mas ela é fundamental para garantir a organização e,
consequentemente, a compreensão do seu texto.
Portanto, não se esqueça de construir parágrafos e observar o recuo, para que ele não fique muito
pequeno e nem exageradamente espaçado. Essa é uma forma de mostrar para o leitor, visualmente, em
que etapa da redação ele está.
4. Estude e empregue corretamente os conectivos
Enquanto a utilização correta dos conectivos é fundamental para garantir que o seu texto seja coeso, o
uso errado desses recursos pode comprometer muito a ideia que você quer passar.
Por exemplo, há uma diferença entre “mas” e “mais”. O primeiro tem sentido de oposição a algo que
foi dito anteriormente, quando se quer negá-lo. Já o segundo tem sentido de adição de ideias. Imagine
confundir os dois? Por isso, preste atenção!
5. Leia bastante
Ter um bom e amplo repertório vocabular te ajuda a criar um texto cuja leitura é mais agradável e
rebuscada. Isso porque você conseguirá variar termos ao longo da redação, mostrando conhecimento e
domínio da língua portuguesa.
Então, a dica aqui é: leia bastante e procure sempre saber o significado das palavras que você
desconhece.
A competência IV gera muitas dúvidas quanto à atribuição de notas. Por isso, é comum ocorrerem
erros por parte dos corretores, o que pode comprometer o entendimento do aluno sobre em quais
aspectos ele precisa melhorar. Elaboramos esta dica para esclarecer todos os detalhes sobre a
competência e auxiliá-lo na hora da correção. Confira:
Por meio da competência IV, o corretor avalia se o aluno demonstra conhecimento dos mecanismos
linguísticos necessários para a construção da argumentação.
O que isso quer dizer?
Há recursos na língua portuguesa que servem para estruturar melhor os períodos dentro de um
parágrafo e os parágrafos dentro do texto. Conectar uma frase à seguinte por meio de uma conjunção,
por exemplo, é uma estratégia que denota coesão, ou seja, interligação textual.
Os parágrafos possuem funções específicas, mas estão relacionados pelo mesmo assunto, portanto,
essa relação deve estar evidente ao longo do texto.
INTRODUÇÃO
Começar uma redação pode ser um pesadelo, não é mesmo? Afinal, qual é a melhor forma de fazer
uma introdução? Por isso, neste texto, você aprenderá nove formas de escrever a introdução da
sua redação!
Mas, espere: é importante lembrar que escrever a introdução não é o primeiro passo na hora de fazer a
redação. Primeiro você precisa ler com cuidado a proposta de redação e construir o esqueleto do
seu texto, definindo a sua tese e os argumentos que serão trabalhados nos parágrafos
argumentativos.
Resumo:
A introdução é o primeiro parágrafo da dissertação e ela deve conter, pelo menos, duas estruturas:
apresentação (ou contextualização) do tema e apresentação da tese (que é formada pelas ideias
principais de cada parágrafo de desenvolvimento).
Observação: também podemos considerar que os argumentos formam uma terceira estrutura,
separando-os da tese. Essa é apenas uma maneira de definir os conceitos. O que importa é que a
introdução deve apresentar o tema e a tese (ideia ou ideias principais da redação).
Vamos supor que o tema esteja relacionado com “internet”. Então, eu preciso começar a minha
redação apresentando esse tema, contextualizando-o e o apresentando de alguma forma. Veja alguns
exemplos:
1) “A internet faz parte da sociedade moderna e é uma característica marcante da geração atual”.
2) “A internet é o reflexo do avanço tecnológico promovido pelo homem, que transcende as
barreiras físicas e passa a viver num universo virtual sem fronteiras”.
3) “Assim como muitas invenções mudaram a história do homem, a internet se revelou como o
marco de uma nova geração e de uma nova cultura”.
Agora que já apresentamos o tema, nós precisamos nos posicionar a respeito dele, ou seja: nós
precisamos de uma tese (opinião).
O tema “internet” é muito amplo e podemos falar muita coisa ao seu respeito. Porém, de modo geral
(em minha opinião), eu acredito que ela pode servir tanto para o bem quanto para o mal. Logo, a
minha opinião é: “a internet serve para o bem e para o mal”. A partir dessa opinião eu irei formular a
minha tese:
“A internet possui tanto aspectos positivos quanto negativos e isso depende de seu uso”.
Veja que a minha opinião é: “a internet é boa e também é má e isso depende do internauta”. Agora,
eu preciso convencer o leitor da melhor maneira possível a aceitar essa opinião. Para tanto, precisamos
de ideias (argumentos) e cada argumento será explicado e desenvolvido em cada parágrafo de
desenvolvimento. Uma boa maneira é pensar na tese como a união das ideias principais de cada
parágrafo de desenvolvimento. Por isso que, para começar a escrever a redação, nós precisamos
planejar o texto, pensando no que vamos escrever em cada parágrafo.
Como a redação geralmente tem dois parágrafos de desenvolvimento, então eu preciso de dois
argumentos que me ajudem a convencer o leitor a aceitar a minha opinião.
Bem, então nós já temos a apresentação do tema e da tese (junto com os argumentos). Isso quer
dizer que já temos a nossa introdução:
“A internet faz parte da sociedade moderna e é uma característica marcante da cultura atual. O
seu principal aspecto positivo é a facilidade de acesso ao conhecimento e à informação, entretanto
o seu mau uso pode prejudicar os seus usuários de inúmeras formas. O que a caracteriza como
benéfica ou maléfica é o modo que ela é usada”.
Claro que isso não é regra, pois cada pessoa tem o seu próprio estilo de escrita.
Observe que temos nesse parágrafo todos os elementos necessários para fazer uma introdução.
Apresentamos tanto o tema como a tese e indicamos os dois argumentos principais que vão dar origem
aos dois parágrafos de desenvolvimento. Logo, para escrevermos a introdução, é preciso termos uma
ideia do que vamos escrever e também precisamos ter uma ideia de quais argumentos serão usados
para defender a nossa opinião. Não podemos começar uma redação sem saber direito o que vamos
escrever.
Portanto, antes mesmo de começar o parágrafo introdutório é importante que você faça um esquema
com todas as suas ideias, arquitetando o conteúdo de seu texto, separando os argumentos principais e a
tese. A introdução deve revelar ao leitor, de modo claro e objetivo, o tema, a tese e, junto com a tese,
os argumentos que serão desenvolvidos ao longo da dissertação. Lembre-se: você irá apenas
apresentar e indicar os argumentos. Ou seja: você não vai desenvolver nem explicar nada na
introdução.
Então, de modo simplificado, podemos considerar que a introdução possui duas estruturas principais:
a apresentação do tema e a apresentação da tese. Veja, no vídeo abaixo, mais um exemplo de como
nós podemos usar esse método para construir o parágrafo de desenvolvimento.
O texto é constituído de argumentos para justificar aquilo que o aluno acredita ser a situação-
problema. Portanto, é por meio da tese que ele deve indicar, logo na introdução, o que será exposto
nos parágrafos de desenvolvimento.
O aluno deverá defender a tese ao longo do texto; mostrar, com os argumentos, a relevância e validade
da discussão que propõe.
Mesmo que seja uma opinião, a tese deverá ser defendida de forma impessoal. Há penalidade caso o
aluno faça uso expressões como “eu acho que…”, “acredito que as causas do problema sejam…”,
dentre outras.
Você deve modalizar o discurso de forma a expor a tese como um fato, uma verdade. Persuadir o leitor
a respeito daquilo que acredita, então deve ser capaz de sustentar aquele pensamento. Os argumentos
devem ser consistentes.
Tese também é posicionamento crítico. Isso significa que você não deve se ater a ideias próprias do
senso comum. Há a necessidade de demonstrar autoria, ser crítico e reflexivo ao expor a opinião.
Deve existir, também, o respeito aos Direitos Humanos e a Diversidade Cultural.
“O sistema capitalista, nascido tímido nos berços feudais com o excedente da produção em forma de
escambo entre os agricultores, tomou proporções gigantescas e lucro maior ainda a partir
Revoluções Industriais. Hoje, para manter a média das vendas, os empresários diversificam a cada dia
mais as funcionalidades de seus produtos, além de programarem sua obsolescência, tornando
necessário ao consumidor voltar a adquirir novos rapidamente. Esse fato é causado pela necessidade
de manter o lucro dos grandes empresários, porém agride a saúde da população e a do meio
ambiente, que não tolera tamanho nível de agressão.”
Perceba que o que está em itálico é a contextualização do tema, feita por meio de uma alusão histórica.
Já o que está em negrito é a opinião do autor, a tese, afirmação do que ele considera ser a causa do
problema em discussão.
* Nos casos em que não foi apresentada a tese, há penalidade na competência 2, pela inadequação aos
limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo, e possivelmente na competência 3, caso, além
de não apresentar a tese na introdução, em nenhum momento da argumentação existiu a defesa de um
ponto de vista.
“Para o sociólogo francês Émile Durkheim, a escola é uma das instâncias da socialização. Logo, é
vital apresentar não só o conteúdo, mas também noções de cidadania e senso crítico. Contudo, é
notável que tal concepção não é aplicada nas escolas brasileiras, o que resulta na falta de coletividade
entre os alunos e, por conseguinte, o bullying, que apesar de ter seu combate recentemente ratificado
como lei, ainda é um problema presente na sociedade, devendo, portanto, ser discutido e solucionado.”
O autor dessa introdução responde, claramente, ao tema por meio da introdução. O bullying, de fato, é
uma realidade > Tem sido alvo de medidas para o seu combate, mas não é eficaz > Tem como
consequência a falta de coletividade entre os alunos.
TEMA: GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA EM EVIDÊNCIA NO BRASIL
“[…] A gravidez na adolescência, no Brasil, assim como outros diversos problemas sociais que o país
enfrenta, decorrentes de seu IDH baixo, é uma questão de ausência de políticas públicas eficazes em
áreas menos favorecidas da sociedade, onde os níveis de conhecimento e educação da população são
muito limitados.”
Segundo esse autor, a causa da gravidez na adolescência ser um problema social enfrentado pelo país
diz respeito à ausência de políticas públicas eficazes, respondendo de forma correta ao comando do
tema.
Resgate histórico
O resgate histórico é uma das melhores formas de fazer a introdução, pois dá conta de
contextualizar o assunto e ainda te ajuda a demonstrar repertório.
Para fazer uma introdução assim, destaque pontos da história em que houve a situação abordada
no tema. Tome cuidado, sempre, para não fugir do tema. Cuidado, também, para não usar mais do que
3 ou 4 linhas para o resgate histórico, pois você ainda terá que apresentar a sua tese na introdução.
Veja abaixo uma introdução que usa do resgate histórico para apresentar o tema da violência contra a
mulher.
Ao longo do processo de formação do Estado brasileiro, do século XVI ao XXI, o pensamento
machista consolidou-se e permaneceu forte. A mulher era vista, na transição entre a Idade Moderna e
a Contemporânea, como inferior ao homem, tendo seu direito ao voto conquistado apenas na década
de 1930, na Era Vargas. Mas o voto e as conquistas das últimas décadas não eliminaram o problema
da violência de gênero. As raízes profundas do machismo, junto da insuficiência das leis e da lenta
mudança de mentalidade, fazem com que o problema ainda precise ser seriamente enfrentado pelo
poder público e pela sociedade.
Note como a autora conseguiu destacar, brevemente, alguns momentos históricos para, em
seguida, mostrar como o problema ainda está presente na nossa sociedade e lançar a sua tese (de
que as raízes do machismo, a insuficiência das leis e a lenta mudança de mentalidade fazem com que o
problema persista e precise ser enfrentado).
Narração não-ficcional
Sabe quando você lê a proposta da redação e pensa logo em um caso famoso que tem a ver com aquele
assunto? Pois é. Narrar esse caso pode ser uma boa opção para a introdução.
Você pode trazer uma notícia que leu nos jornais, um episódio da política ou até uma descoberta da
Ciência. É importante garantir que a história seja verificável, pois o corretor precisa saber que o
fato aconteceu ou, ao menos, encontrar facilmente na internet. Portanto, evite situações que
aconteceram no seu bairro ou na sua família.
Ao fazer uma narração não-ficcional, você também mostrará o seu repertório de atualidades e
ganhará pontos nesse item. O exemplo é de uma redação sobre a intolerância religiosa:
Em 2014, no Guarujá, litoral paulista, uma mulher foi amarrada, espancada e morta na rua por
dezenas de pessoas que, após lerem boatos na internet, a acusavam de utilizar crianças em rituais de
magia negra. Essa história, assim como inúmeras outras semelhantes, são resultado da persistência
da intolerância religiosa na sociedade brasileira.
Nesse caso, a autora trouxe uma notícia de bastante repercussão para mostrar que a intolerância
religiosa persiste no país.
Narração ficcional
Aqui o seu repertório da Netflix pode entrar em ação!
Escolha uma situação de um livro, filme ou série que esteja relacionada ao tema apresentado na
proposta e, a partir daí, mostre como a vida imita a arte e vice-versa. Ou seja, você precisa trazer
a situação ficcional para a realidade. Veja como a autora faz isso na introdução abaixo (selecionada de
uma redação que aborda o tema do sistema prisional brasileiro):
No seriado "Orange is the New Black", as detentas da prisão Lichfield organizaram uma rebelião
para melhorar as condições de educação, alimentação e outros serviços prestados na instituição e
obtiveram relativo sucesso em suas demandas. Já na realidade brasileira, rebeliões em presídios não
costumam acabar bem. No conhecido episódio do Carandiru, em 1992, a rebelião resultou em um
massacre que vitimou 111 presos. Em 2017, durante as várias rebeliões ocorridas por todo o Brasil, o
número de mortos foi ainda maior.
Veja como o trecho “Já na realidade brasileira” serve para conectar a parte ficcional à parte
sobre realidade brasileira. Esse ponto é importante, pois a proposta da redação trata da realidade
brasileira e você não pode fugir do tema. É preciso deixar bem clara a relação entre o ficcional e o
real.
Para que a lei seja cumprida e a qualidade dos serviços básicos seja garantida como na ficção da
Netflix, é preciso que a sociedade e o Estado brasileiro passem a entender o sistema prisional como
uma instituição voltada para a recuperação dos indivíduos que ali cumprem pena. Só com essa visão
será possível promover mudanças capazes de impactar a vida das pessoas.
Citação
Uma das formas mais conhecidas (e talvez a mais clichê) de fazer a introdução é utilizando uma
citação. Por isso, muito cuidado!
Tente fugir das frases mais conhecidas e garanta que a citação escolhida tenha relação direta
com o tema proposto. É importante que a ideia da citação esteja alinhada ao raciocínio que você vai
desenvolver e à tese que você vai defender.
Uma boa citação não é, necessariamente, a frase de um filósofo. Pode ser a fala de um político, de
um artista ou até um trecho de música. Veja a introdução abaixo, retirada de uma redação sobre o
problema da saúde pública no Brasil:
“Plano de saúde de pobre, fi, é não ficar doente”. O trecho da música “Boca de Lobo”, do rapper
Criolo, mostra o drama da saúde pública no Brasil. Enquanto os ministros, senadores e membros do
alto escalão do governo usufruem, junto da elite, de hospitais particulares reconhecidos
internacionalmente, a população fica à mercê de um sistema de saúde lento e sobrecarregado.
Enquanto a classe política não precisar usar os serviços do SUS, ela continuará a negligenciá-lo.
Começar o texto com uma citação também é uma forma de mostrar repertório. Mais do que isso: se
usar a frase de alguém bastante reconhecido, você terá o que chamamos de “argumento de
autoridade”. Ou seja, você não está sozinho afirmando determinada coisa; alguém reconhecido
concorda com você.
Mas tome cuidado para que a citação não seja muito longa, ofuscando o seu próprio texto. Afinal, os
corretores também valorizam o que chamamos de “autonomia”, que é a capacidade de mostrar
ideias próprias.
Ah! Um detalhe: ao fazer a citação, você pode utilizar o discurso direto (quando você escreve a
frase exata, entre aspas, assim como a frase do Criolo no exemplo acima) ou o discurso indireto
(quando você escreve com as suas palavras e não usa aspas). Se você não se lembrar da frase exata,
cite de forma indireta, mas nunca se esqueça de indicar o autor.
Comparação
A comparação pode ser com outro país, época ou civilização. Ou seja, vamos recorrer mais uma vez às
aulas de História e Geografia! Você pode, por exemplo, mostrar como o Brasil poderia se inspirar
no modelo de outro país para caminhar com alguma questão aqui. Mas vamos tomar alguns
cuidados:
- Primeiro, lembre-se que o que funciona em outro lugar pode não funcionar aqui, pois há
características sociais distintas;
- Além disso, cuidado com a síndrome do vira-lata. Certo país pode ter encontrado uma forma
interessante de lidar com um problema, mas isso não significa que tal país é mais adiantado” do que
nós. Vamos abandonar a concepção de países desenvolvidos e subdesenvolvidos para passar a falar de
ideias, experiências, propostas.
- Outro ponto importante: respeite a Constituição Brasileira e a Declaração Universal dos Direitos
Humanos. Uma comparação com povos da antiguidade que lidavam de forma diferente com a justiça
(que permitiam a justiça com as próprias mãos, por exemplo) pode ser descabida e tirar pontos da sua
redação.
Vamos ao exemplo (desta vez sobre o tema da economia):
Enquanto países como Israel, Finlândia, Suécia e Japão investem entre 3 e 4 por cento do PIB em
pesquisa e desenvolvimento, esse número no Brasil é de 1,3 por cento. Não à toa, enquanto esses
países exportam tecnologia e produtos de alto valor agregado, o Brasil continua em sua posição de
exportador de commodities.
Perceba como a autora trouxe dados para embasar a sua comparação. Isso torna a análise mais
concreta, isenta de preconceitos ou visões pessoais.
Contextualização
É uma das formas mais comuns de fazer a introdução, mas nem por isso é uma forma ruim. Dê um
panorama sobre a temática no Brasil atual, mostre que o problema é importante e que ele
precisa ser enfrentado.
Procure trazer dados estatísticos ou informações de fontes confiáveis que possam enriquecer a sua
contextualização. Você pode usar, inclusive, os dados apresentados pela proposta de redação.
Claro, você não deve simplesmente copiá-los, mas sim usá-los de forma que faça sentido para o texto
que você vai construir. Veja um exemplo, novamente sobre o tema da violência contra a mulher:
Os índices de violência contra a mulher na sociedade brasileira são estarrecedores. Segundo o Mapa
da Violência, mais de 43 mil mulheres foram assassinadas no Brasil só na última década. Os dados
revelam não só os níveis de violência em si, mas também o quanto existe de preconceito, segregação e
machismo no Brasil.
Nesse caso, o autor usou adequadamente um dado que estava na proposta de redação do Enem.
Se você se lembrar de outros dados que sejam relevantes para o tema, você ganha ainda mais pontos
no quesito repertório.
Questionamento
Já reparou que muitos youtubers começam os seus vídeos fazendo perguntas e especulações sobre um
tema? A intenção é despertar a curiosidade e fazer com que o público veja o vídeo até o final.
A ideia aqui é parecida: levantar questões que gerem discussão e interesse sobre o tema que será
desenvolvido na redação.
Mas você precisa tomar muito cuidado com uma coisa. Qual seria a sua reação se o youtuber fizer
várias perguntas no início do vídeo e depois ficar 20 minutos enrolando, sem responder tudo o
que foi questionado? Provavelmente ele vai ganhar um deslike.
Pois é, para não ganhar um deslike do corretor, você precisará responder, ao longo do texto, todas
as perguntas que fizer no início da sua redação! Portanto, procure focar em problemas mais
específicos, não seja muito amplo ao fazer o questionamento. Veja um exemplo de introdução desse
tipo:
Será que o Brasil está caminhando para melhorar a qualidade de vida de sua população? Dados da
Receita Federal mostram que apenas 1% da população concentra 30% de toda a riqueza declarada
em bens e ativos financeiros no país, o que mostra que ainda há uma grande desigualdade social,
mesmo que tenham sido implantados, nas últimas décadas, uma série de programas assistenciais e de
geração de renda. É evidente, portanto, que o país ainda tem um longo caminho a percorrer.
Aqui o autor optou por trazer apenas um questionamento e, na sequência, fazer uma
contextualização com dados que corroboram a sua tese. É um bom caminho. Mas, se você
preferir, também pode construir uma introdução com mais questionamentos. Nesse caso, deixe
para apresentar os dados nos parágrafos argumentativos.
Conceituação
Uma introdução com conceituação é aquela em que o estudante explica um conceito que seja
central para o tema proposto. Nesse caso, além de apresentar o conceito, procure mostrar
porque ele é importante para o tema que será abordado. Veja este exemplo em que a aluna explica
o conceito de isonomia:
Isonomia é a noção, em lei, de que todos são iguais. Ruy Barbosa, uma vez, definiu o conceito da
seguinte forma: "tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas
desigualdades". As leis, portanto, devem seguir essa diretriz e ser aplicadas de acordo com as
transgressões. Mas será possível aos desiguais se tornarem iguais?
Nesta redação, cujo tema é a desigualdade social, temos uma junção de conceituação com citação e
questionamento. Note que é possível utilizar separadamente cada forma de fazer a introdução que
mostramos aqui, mas também é comum os estudantes juntarem duas ou mais formas.
Ou seja, inspire-se, mas fique livre para fazer as suas combinações! Além disso, saiba que estas nove
formas não são as únicas. São apenas modelos que poderão lhe ajudar.
Observe, abaixo, o que não pode faltar na introdução e saiba direcionar-se ao aperfeiçoamento de seu
texto.
Exemplo: se o tema for “A persistência da violência contra a mulher”, você não deve citar apenas a
problemática do ato contra a figura feminina, mas também suas implicações a respeito de tal prática
ainda permanecer em sociedade – persistência. Para introduzir o tema, podem ser utilizadas várias
estratégias, COMO DEFINIÇÃO DO ASSUNTO, CITAÇÕES RELACIONADAS,
EXEMPLIFICAÇÃO DE UM FATO QUE CONTEXTUALIZA, ALUSÃO HISTÓRICA,
COMPARAÇÃO E AFIRMAÇÃO.
REFORÇANDO:
COMO VISTO: A tese representa o ponto de vista sobre o assunto a ser discutido. Ela deve indicar a
problematização que será feita a respeito do tema. Esquecer da tese é considerado um erro grave e
compromete significativamente a nota.
*TENHA OBJETIVIDADE: É importante apontar que não deve-se, ainda, desenvolver as ideias, pois
essa parte virá depois. A introdução é como um roteiro para os próximos parágrafos.
*A INTRODUÇÃO DEVE TER 5 OU 6 LINHAS: A introdução precisa ser breve, mas não
incompleta. Ela deve se organizar, tendo em vista todos os detalhes que precisam estar no parágrafo.
Há penalidade se for produzido um parágrafo frasal, que é aquele composto por apenas um período.
Muitas vezes, devido à ansiedade, você pode apresentar suas ideias, sem saber sintetizar o pensamento
e fundamenta o argumento ali mesmo, na introdução. Isso compromete o desempenho dos demais
parágrafos, esgota o repertório de argumentos ou torna o texto repetitivo. Portanto, seja criterioso
quanto ao direcionamento e saiba aproveitar da melhor forma suas ideias.
Fugir ao tema da redação, geralmente, é uma das principais causas que levaram os candidatos a zerar
na prova de redação do ENEM. Isso reforça o alerta para que você redobre a atenção quanto aos
quesitos que podem anular uma redação.
FUGA AO TEMA:
Normalmente essa ocorrência se evidencia quando há temas muito abertos no ENEM, como em 2014
(publicidade infantil), no qual os alunos não foram ao ponto ao tratar de assuntos que tangenciam a
abordagem principal. Diferentemente de 2013, quando o tema foi “Lei Seca no Brasil”, que foi tratado
com mais frequência pela mídia. Um caminho que você pode trilhar é identificar palavras-chaves
no texto motivacional, que serve de guia ao tema traçado.
CÓPIA DO TEXTO MOTIVADOR:
Também conhecido como texto de apoio, ele serve para instigar e ampliar a compreensão acerca do
tema selecionado. Nesse caso, ele pode ser copiado em trechos, uma prática que é facilmente
percebida pelos corretores. Eles devem funcionar como inspiração em relação às informações para
ampliar seu repertório sociocultural. Um exercício nesse sentido é produzir textos com temas
abrangentes e outros mais fechados, de modo a treinar o olhar diante das duas situações.
TEXTO INSUFICIENTE:
A proposta de uma redação dissertativa-argumentativa não pode ser cumprida, com exatidão somente
em dois parágrafos, não é verdade? Há elementos obrigatórios, como a introdução (que requer
explanação sobre o tema); desenvolvimento, que exige o compartilhamento de informações que
fundamentam o que foi trazido no início da produção textual; e, ainda, a proposta de intervenção, que
necessita de bastante substância para ser efetiva. Por isso, poucas linhas levam à desclassificação.
Aproveite, em quase sua totalidade, as linhas deixadas na folha da prova de redação do ENEM.
A confusão com o tipo de texto usado no ENEM é outro motivo que faz com que os candidatos zerem
a prova de redação. Uma solução que pode contribuir para que seja identificado os diferentes tipos de
texto é realizar exercícios nos quais seja necessário corrigir/ adequar os conteúdos ao que pede o
enunciado. Nesse sentido, vale trabalhar os demais tipos textuais (não somente o que é usado no
ENEM).
PARTE DESCONECTADA:
Outro erro comum é a falta de conexão entre os parágrafos. Na ansiedade de redigir o texto (ou até
por deixá-lo para o fim da prova de redação) muitos esquecem de revisar para perceber se as partes
do texto estão se encadeando. Por isso, é importante alinhar com eles o uso de conectores que
contribuem para amarrar o texto, evitando a repetição de informações e, principalmente, a inclusão
de dados que não tenham sentido com a sequência do texto. Alertar a eles também quanto a
informações que não tenham a ver com o tema. Para prepará-los a fim de não cometerem essa
falha, vale a aplicação de exercícios específicos que trazem essas ocorrências, com intuito de eles
evidenciarem a falhas.
DESENVOLVIMENTO
ARGUMENTOS
Como fazer um bom desenvolvimento e defender minhas ideias?
A segunda parte da estrutura da redação do Enem é o desenvolvimento. Indica-se separar, pelo menos,
dois parágrafos para se desenvolver o tema e a tese.
É aqui que você deverá mostrar ao leitor que o seu ponto de vista a respeito do tema é coerente e
talvez quem sabe convencê-lo de que é o certo. E para isso você deverá lançar mão de diferentes tipos
de argumentos, como exemplos, causas e efeitos, comparações do tema entre países e mesmo épocas
diferentes, dados estatísticos etc.
Porém, o mais importante talvez não seja apenas inserir os argumentos, mas saber selecioná-los e
desenvolvê-los adequadamente para que tragam autoridade ao que você está expondo. Uma dica legal
é desenvolver bem apenas um argumento por parágrafo, assim, você consegue trabalhá-lo melhor.
O seu repertório sociocultural, ou seja, citações de músicas, filmes, séries e pensadores famosos
também pode ser usado para enriquecer a defesa de sua tese.
Outro ponto que exige a sua atenção é a coerência e coesão. Durante, não só o desenvolvimento, como
o desenrolar de toda a sua redação, você deverá apresentar conectivos para ligar as partes do texto de
maneira coesa.
É legal que você escolha argumentos que domine bem. Isso é interessante porque vai possibilitar com
que você disserte bem sobre eles, mostrando aos corretores de sua redação seu domínio sobre o tema.
Diante do aumento de mortes autoprovocadas no Brasil [parte fraca], o estigma do suicídio sufoca a
tentativa de qualquer desabafo [parte forte], quer pelo aparente preconceito familiar, quer pela
ignorância estatal quanto ao dilema mental do indivíduo [prova]. Nessa lógica camuflada, a secretária
de Estado da saúde (SC) registrou 3,800 suicídios entre 2010 e 2016; portanto, o número de mortes
chancela o desprezo / a banalização para com o martírio das vítimas em seus silêncios de morte
[Argumento por autoridade]. Desse modo, a agonia ruidosa do ímpeto suicida cala o desejo pela vida
[ideia e análise].
Com o desejo de corações aflitos pelo fim da existência [parte fraca], almas angustiadas ceifam suas
vidas [parte forte], seja pela mudez afetiva no lar, seja pelo abandono institucional [prova]. Nessa
lógica de esquecimento/descaso, a psicóloga Anita Bacellar já predissera: “O suicídio não é uma
opção porque a pessoa é forte ou fraca, é um ato de desespero.”; assim, vale a pena escutar o potencial
suicida. [Argumento por autoridade]. Desse modo, a “filosofia do ouvir” se infiltra pelos rígidos – e,
por vezes, moucos – púlpitos e pelas relações íntimas de (sobre) vivência [ideia e análise].
ARGUMENTO DE EXEMPLIFICAÇÃO
Ele pode ser usado para explicitar o argumento através de um exemplo.
Argumento de Autoridade
É a utilização da fala de uma figura reconhecida sobre o assunto, ou até mesmo o que essa
personalidade representa para o tema em questão.
Por exemplo, ainda dentro do tema sobre racismo, é cabível citar Nelson Mandela, visto que ele foi um
advogado e militante importantíssimo para a superação dos preconceitos e da segregação racial na
África do Sul. É ainda mais interessante citar uma frase que ele tenha dito sobre o assunto, como
“Ninguém nasce odiando o outro pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião." de seu livro
Longo Caminho para a Liberdade.
ARGUMENTO HISTÓRICO
É aquele que aconteceu em determinado momento da história - seja ele a nível mundial ou particular,
como a Ditadura Militar brasileira. É comprovado por si só, visto que é de conhecimento geral.
ARGUMENTO COMPARATIVO
A comparação é um excelente recurso que pode ser utilizado para deixar ainda mais evidente uma
opinião sobre determinado assunto.
Por exemplo, afirmar a persistência do racismo na sociedade brasileira e trazer a informação do Atlas
da Violência de que 75% das vítimas de homicídio no país são negras fundamenta ainda mais o
argumento de que o racismo é um problema que permanece na sociedade.
SUPER DICAS
USE CONECTIVOS
É fundamental que você conheça os conectivos e saiba utilizá-los de maneira adequada.
Além deles serem necessários para que você consiga 200 pontos na competência 4 do ENEM, os
conectivos são capazes de trazer coesão e coerência à sua redação.
É uma frase breve que sintetiza o argumento que você vai desenvolver ao longo do parágrafo.
PROBLEMATIZE
Depois de produzir um tópico frasal com o argumento, é hora de desenvolvê-lo. Por isso, não esqueça
que a redação do ENEM sempre trata de um problema e exige que o candidato se posicione diante
dele.
Ofereça como exemplo informações como citações, dados estatísticos, entre outros e problematize, ou
seja, lance um olhar crítico ao analisá-los.
É HORA DE CONTEXTUALIZAR
Além de fazer a problematização do tema com argumentos, é muito importante que você
contextualize, ou seja, traga um repertório sociocultural legitimado, pertinente e produtivo.
O repertório é o conhecimento que você adquiriu ao longo da vida escolar - em disciplinas como
história, matemática, literatura, etc - ou pessoal, como filmes, livros e séries.
Mas não se esqueça: eles devem ter relação com o assunto abordado!
CONCLUA O PARÁGRAFO!
É fundamental que seu parágrafo, assim como a sua redação, apresente início, meio e fim. Por isso,
faça a conclusão da ideia do parágrafo.
Se você apresentou seu argumento e trouxe um dado estatístico para comprová-lo, a conclusão é o
momento em que você reafirma seu posicionamento e relaciona as duas informações, seu
posicionamento através do argumento e a informação apresentada.
FAÇA CONEXÕES
É muito importante que você não apresente somente um parágrafo, visto que a estrutura do seu texto
deve ser a dissertativa-argumentativa. Por isso, tente relacionar as informações do primeiro parágrafo
com o segundo para demonstrar que você é organizado e possui um projeto de texto.
CONCLUSÃO
Muitos candidatos possuem a visão de que a conclusão é o momento de resumir tudo o que foi falado
durante o texto. Mas essa estratégia pode ser muito prejudicial e te fazer perder até 200 pontos
na Competência 5.
Na conclusão da redação do ENEM você precisa apresentar uma solução para o problema que foi
discutido, e isso é obrigatório. Você vai saber mais detalhes sobre isso no final do post.
Se liga no passo a passo da conclusão:
Use um conectivo no começo da frase
Você já está cansado de saber que é preciso usar conectivos na redação do ENEM e na conclusão não
poderia ser diferente. É fundamental que você utilize conectivos inter parágrafos - ou seja, entre um
parágrafo e outro - e também intra parágrafos - dentro de cada parágrafo.
Os conectivos que podem usados são:
Diante do exposto;
Por fim;
Logo;
Em última análise;
Dessa forma;
Retome a problemática
A conclusão do ENEM é o momento de falar novamente sobre o problema que você destacou
na introdução.
Ao fazer isso você demonstra que possui um projeto de texto - ou seja, que você pensou e articulou as
informações antes de escrever sua redação e não despejou tudo sobre a folha. Possuir um projeto de
texto te deixa mais perto dos 200 pontos da Competência 2 da Matriz de correção do ENEM.
Exemplos de frases para início da conclusão com conectivos e retomada do problema:
Diante do exposto, é necessário resolver o problema.
Por fim, é preciso que ações sejam realizadas para solucionar o problema.
Logo, medidas são necessárias para resolver o impasse.
Em última análise, medidas são cabíveis na resolução da questão discutida.
Dessa forma, é conveniente que ações sejam colocadas em prática para resolver o impasse.
RESOLVA O PROBLEMA
Agora só falta uma coisa para construir uma conclusão perfeita: propor uma solução para
resolver o problema discutido. Lembre-se que apresentar uma proposta não é uma opção e sim uma
obrigação!
Sua proposta de solução precisa ser possível de ser realizada, eficiente para resolver o
problema e completa, ou seja, possuir todos os elementos necessários, que você conhecerá daqui a
pouco.
A proposta de solução possível é aquela em que há a possibilidade de torná-la realidade.
Propor que o legislativo crie leis é possível, mas propor que a pessoa X convença o Presidente e
solucionar a questão, convencendo-o a mudar de ideia é algo que pode dar certo ou não.
Já a proposta eficiente é aquela que é capaz de resolver o problema abordado, mesmo que seja
a curto ou até a longo prazo.
Uma proposta completa é aquela que apresenta todos os elementos previstos na Competência
5 do ENEM (AGENTE, AÇÃO, MEIO, FINALIDADE E DETALHAMENTO DE UM DOS
TÓPICOS CITADOS).
AGENTE
É quem vai fazer a ação e pode ser uma figura (como os Professores) ou um órgão (como
o Ministério da Educação);
AÇÃO
É prática e o que vai ser feito em si. Pode ser a fiscalização de leis ou o investimento na construção
de hospitais públicos, por exemplo.
MODO
É a maneira como a ação será feita. Por exemplo, o investimento da construção de hospitais pode ser
realizado através da destinação de determinados impostos já pagos pela população brasileira.
FINALIDADE
É o objetivo da ação, ou seja, para que ela deve ser feita. A finalidade na construção de hospitais pode
ser reduzir a superlotação dos hospitais já existentes, por exemplo.
DETALHAMENTO
O detalhamento é o comentário para complementar e explicar um dos tópicos citados. Você pode
fazer o detalhamento da ação, do agente, do modo como a ação será feita ou da finalidade da ação.
Observe o exemplo abaixo para entender melhor:
Logo, medidas públicas são necessárias para alterar esse cenário. É fundamental, portanto, a criação de
oficinas educativas, pelas prefeituras, visando à elucidação das massas sobre a marginalização da
educação dos surdos, por meio de palestras de sociólogos que orientem a inserção social e escolar
desses sujeitos. Ademais, é vital a capacitação dos professores e dos pedagogos, pelo Ministério da
Educação, com o fito de instruir sobre as necessidades de tal grupo, como o ensino em Libras,
utilizando cursos e métodos para acolher esses deficientes e incentivar a sua continuidade nas escolas,
a fim de elevar a visualização dos surdos como membros do corpo social. A partir dessas ações,
espera-se promover uma melhora das condições educacionais e sociais desse grupo.
Essa é uma proposta considerada completa, e foi avaliada com a nota máxima pela banca oficial de
correção do exame. Destrinchando o parágrafo, encontramos todos os detalhes que compõem uma boa
conclusão:
“Ademais, é vital a capacitação dos professores e dos pedagogos, pelo Ministério da Educação,
com o fito de instruir sobre as necessidades de tal grupo, como o ensino em Libras, utilizando
cursos e métodos para acolher esses deficientes e incentivar a sua continuidade nas escolas, a fim
de elevar a visualização dos surdos como membros do corpo social.”
Nesta segunda proposta, o aluno mantém a qualidade dos detalhes sobre como resolver o que foi
problematizado por ele na argumentação. O agente aqui é o Ministério da Educação, que, por meio da
capacitação dos professores, irá garantir o direito essencial aos surdos: educação de acordo com as
necessidades específicas desses indivíduos.
“A partir dessas ações, espera-se promover uma melhora das condições educacionais e sociais
desse grupo.”
Para que o texto não acabe “do nada”, com o período acima o autor reafirma a finalidade da
proposta e conclui a redação.
Como sabemos, é possível que propostas de intervenção estejam ao longo do desenvolvimento e não
no último parágrafo. Nesses casos, é preciso avaliar a coerência da apresentação da resolução de algo à
medida em que se problematiza. Ou seja, atente-se se o aluno já fundamentou o problema para, só
então, apresentar a proposta de intervenção.
Obs.: Quando estiver no desenvolvimento, a proposta deve vir ao final de cada parágrafo.
ERROS COMUNS:
Geralmente, quando o aluno não possui muitos conhecimentos sobre a função das diferentes esferas
sociais, ele é pouco específico ou objetivo. É comum propostas em que “a sociedade deve fazer x” e
“o governo fazer y”. Percebem como é superficial?
Peça que o aluno seja mais claro quanto ao setor da sociedade para o qual atribui a responsabilidade.
Se é uma ONG ou sindicato específico, qual categoria do setor privado ou qual instituição política, por
exemplo.
Na tentativa de finalizar o texto de uma forma criativa e diferente, alguns alunos podem introduzir
uma citação no parágrafo final, antes da proposta. Essa estratégia não é adequada, afinal, a conclusão
não nos dá espaço para desenvolver nenhuma ideia nova. A tendência é que aquela citação fique
fragmentada e incoerente.
Aconselhe ao aluno que introduza citações no parágrafo inicial para, ao final, retomá-la, ou no
desenvolvimento, onde terá a oportunidade de explorá-la.
Por essa você não esperava, né? Se liga no exemplo de conclusão exclusivo sobre o
tema Democratização do acesso ao cinema no Brasil do ENEM 2019 para se inspirar e não errar
mais a estrutura:
"Logo, medidas são necessárias para solucionar esse impasse. É necessário que o Ministério da
Cidadania invista na inauguração e na manutenção de cinemas públicos em regiões pobres, através
do recolhimento e da redistribuição dos impostos para que eles sejam mais acessíveis à população
carente e garantam o acesso à cultura e ao lazer. Somente assim o acesso ao cinema será mais
democrático para todos e, como disse Gandhi, será possível observar à mudança que queremos ver."
Conectivo: "logo"
Retomada do problema: "medidas são necessárias para solucionar esse impasse"
Agente da proposta de solução: "Ministério da Cidadania"
Ação a ser feita: "invista na inauguração e na manutenção de cinemas públicos em regiões pobres"
Modo que ação será feita: "através do recolhimento e da redistribuição dos impostos"
Finalidade da proposta: "para que eles (os cinemas) sejam mais acessíveis à população carente e
garantam o acesso à cultura e ao lazer"
Detalhamento: "assim o acesso ao cinema será mais democrático para todos" (detalhamento da
finalidade)
Retomada do repertório utilizado na introdução: "como disse Gandhi, será possível observar à
mudança que queremos ver."
E, por fim, não se esqueça de retomar, no fim da conclusão, o repertório que você utilizou na
introdução - que pode ser a citação de um livro, frase ou evento histórico, para demostrar que você
possui projeto de texto.
ONGs
Organizações não governamentais (ONGS) são instituições sem fins lucrativos que podem
atuar em diferentes áreas, como saúde, meio ambiente, educação, etc. elas não fazem parte do
estado, mas também são responsáveis por oferecer serviços sociais. Esse agente é responsável
por fazer ações solidárias e tem um papel importante de pressão política na sociedade. ONGs
podem atuar complementando e auxiliando em projetos, promovendo campanhas de
conscientização e prevenção, organizando oficinas e palestras. Elas também podem doar e
receber investimentos para aplicar em melhorias objetivas pela organização.
MÍDIA
A mídia nada mais é do que os meios de comunicação utilizados para transmitir mensagens.
Por alcançar diversos públicos de diversas formas, ela tem grande poder de influenciar os
cidadãos e pautar debates. Pode, portanto, ser responsável pela promoção de informação e de
campanhas educativas, além de ser um canal de comunicação, por exemplo, entre o governo e
a sociedade. Os principais veículos midiáticos são jornais, revistas, televisão e rádio. Há,
ainda, as mídias sociais, hoje tão presentes em nosso cotidiano informacional. Ferramentas
como Facebook podem também ser citadas como agentes de proposta, basta refletir como será
aplicada sua atuação.
FAMÍLIA
A família tem um papel social fundamental na formação ética, educacional e emocional de
cada pessoa. Por isso, quando os seus membros são conscientes e atuam em conjunto com
outros agentes, como é o caso da escola, eles podem receber parte da responsabilidade de uma
proposta de intervenção.
ESCOLA
A instituição escola e toda e qualquer outra que esteja relacionada ao âmbito educacional
(como as universidades e centros preparatórios) estão diretamente LIGADAS À
CONSTRUÇÃO E AO RECONHECIMENTO DE SABERES. Podem propor palestras,
oficinas educativas, CRIAÇÃO DE DISCIPLINAS, APRIMORAMENTO DE CONTEÚDO
e têm poder fundamental de conscientização. Podem, e devem, atuar em parceria com as
famílias, DELEGANDO TAREFAS QUE INFLUENCIARÃO NA FORMAÇÃO ÉTICA
DOS EDUCANDOS. Ao utilizar esse agente, se possível, especifique se a proposta é
direcionada ao ensino básico em geral, fundamental, médio ou superior. Indique quem irá
atuar diretamente: professores, coordenadores, pais, estudantes, etc.
SOCIEDADE
A sociedade, por sua vez, tem um papel importante para a mobilização de grupos e a pressão
popular para que iniciativas de intervenção social sejam tomadas. Além das manifestações,
por exemplo, esse agente pode atuar por meio da criação de espaços para discussão e
conscientização dos cidadãos, projetos de voluntariado, dentre outros. Melhorar ou alterar
conteúdo programático da escola.
Conectivos
FIQUE ATENTO: Cada parágrafo de sua redação deve conter pelo menos dois conectivos bem
empregados e período compostos por mais de uma oração.
MECANISMOS LINGUÍSTICOS
O candidato DEVE SER capaz de apresentar suas ideias de forma coesa e coerente. Portanto, você
deve estar atento a quê?
Os períodos – no gênero dissertativo – são estruturados com mais de uma oração, são compostos. Isso
se deve à necessidade de expressarem-se ideias de causa-consequência, contradição, temporalidade,
comparação, conclusão, entre outras possibilidades.
Não perca mais tempo, inicie agora sua preparação para o ENEM!
C) Repetição de palavras:
Uma palavra escrita não pode chamar mais atenção em um texto do que as ideias por ele expressas.
Nesse sentido, repetir palavras de forma exagerada extravia a atenção do leitor dada a mostra de
desorganização.
Quando se constrói um texto, é como se estivesse edificando uma parede. As ideias são os tijolos que
precisam, porém, estarem unidas pela coesão da massa de cimento. Dessa forma, ainda que as ideias
sejam relevantes, consistentes e dentro do tema, se não houver uma boa união desse conteúdo, a
redação não é segura. A parede desmorona, mesmo com tijolos fortes, na ausência de uma boa liga
entre elas.
Os candidatos estavam enganados, por isso o líder do grupo pediu-lhes que aguardassem.
Evite:
Os candidatos estavam enganados, por isso o líder do grupo pediu aos candidatos que aguardassem.
B) Substituição com pronomes demonstrativos:
O ministério não aprovou as condições de trabalho semana passada. Depois disso, decidiu por novas
diretrizes.
Evite:
O ministério não aprovou as condições de trabalho semana passada. Depois de não aprovar as
condições de trabalho, decidiu por novas diretrizes.
Evite:
Os grevistas compareceram à reunião e os grevistas foram atendidos pelo secretário de cultura.
Evite:
A Europa discute novas leis de imigração. Na Europa, a crise já está muito avançada.
Evite:
A crise política se agravou nos últimos dias, os últimos dias foram muito difíceis.
Evite:
Brasil e Chile estão na liderança. Brasil e Chile devem disputar a final do campeonato.
Evite:
Os professores do curso de Psicologia promoveram um encontro com os alunos do segundo período da
graduação. Os professores do curso de Psicologia também solicitaram aos alunos que participassem de
uma dinâmica de grupo.
B) Hiperônimos e hipônimos:
Mandou comprar abóbora, cenoura, batata e mandioca. Tais legumes serão utilizados nas receitas.
Evite:
Mandou comprar abóbora, cenoura, batata e mandioca. Abóbora, cenoura, batata e mandioca serão
utilizados nas receitas.
Os militares chegaram primeiro. Generais, coronéis, sargentos e cabos foram pontuais no encontro
marcado.
AS EXPRESSÕES CONECTIVAS
As expressões conectivas são de extrema importância num texto, visto que sua função é unir, ligar
(relacionar), ao parágrafos, os termos de orações ou elas próprias, o que se torna mais importante, uma
vez que estabelecerão várias circunstâncias, servindo, assim, de elementos de coesão para um texto.
Observe que uma frase pode estar completamente desprovida de sentido, de lógica, de coerência, se
for empregado um conectivo (conjunções ou pronomes relativos) inadequado. Veja os seguintes
exemplos:
A) A diretora decidiu pelo adiamento do exame, logo os estudantes não fizeram tal pedido.
Você deve ter percebido, com bastante facilidade, que a lógica das duas afirmações ficou
comprometida, em função do indevido emprego de uma conjunção conclusiva e de outra condicional,
respectivamente. Por outro lado, as duas frases passariam a apresentar coerência, se substituíssemos
os dois conectivos , respectivamente, por porém e embora (ambas conjunções concessivas).
Da mesma forma, veja o que ocorre com o emprego dos pronomes relativos:
1) O estudante onde o pai é professor desta escola não assistiu à minha aula.
2) O professor cujo quem falou que daria matéria nova aplicou uma questão.
C) Alternativas: ou, ou… ou, ora… ora, quer… quer, seja …seja.
D) Conclusivas: logo, portanto, senão, por isso, por conseguinte, pois 9 (deslocado na segunda
oração).
CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS
Integrantes: que, se.
B) Comparativas: como, (mais) que, (menos) que, assim como, tal qual.
C) Condicionais: se, caso, uma vez que, posto que, salvo se, sem que.
G) Finais: para que, a fim de que, de sorte que, de modo que, porque.
I) Temporais: quando, mal, logo que, assim que. sempre que, depois que.
Preposição: A palavra invariável que liga duas palavras, estabelecendo entre elas uma relação de
dependência.
1) Preposições essenciais: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por,
sem, sob, sobre.
Era nosso agregado desde muitos anos.
E jorrou a água de todos os afluentes…
O velho pescador usava óculos sem aros.
2) Preposições acidentais: afora, conforme, consoante, durante, exceto, fora, mediante, menos,
salvo, segundo, senão, tirante, visto, etc.
3) Locução prepositiva: ao lado de, abaixo de, acima de, a despeito de, a fim de, ao redor de, a
par de, apesar de, de acordo com, por causa de, graças a, junto a, até a, etc.
Observe que não lhe foi possível compreender o que se deseja comunicar, em função dos erros no
emprego dos pronomes relativos, os quais devem estar relacionados, como atesta o próprio nome, a
um termo antecedente. No caso, as duas frases estariam corretas da seguinte forma:
1) O aluno cujo pai é professor desta escola não assistiu à minha aula.
2) O professor que (o qual) disse que daria matéria nova aplicou um exercício.
Ainda no campo dos pronomes relativos, é bom lembrar que o seu emprego excessivo também pode
gerar incorreções ou construções de gosto duvidoso. Nesse caso, é melhor que sejam substituídos por
outros mecanismos de construção. Repare neste exemplo:
Conversei com o irmão do rapaz, que me falou da prima, que está feliz desde o dia em que a filha
passou no ENEM, que é um exame muito disputado pelos jovens, que desejem entrar numa
universidade.
Você pode perceber em textos bem construídos que, além das conjunções e dos pronomes relativos,
outros elementos também podem atuar como conectores, como é o caso dos chamados termos de
transição. Entre eles, podemos citar os que transmitem circunstâncias de:
Afetividade: ainda bem, ainda bem que, felizmente, Deus queira, queira Deus, oxalá, pudera. NÃO
DEVE SER USADA PARA PRESERVAR A IMPESSOALIDADE! CUIDADO!
A coesão e coerência têm significados muitos parecidos e as duas competências dão unidade ao texto,
mas na prática há algumas diferenças. Segundo o Manual de Redação do Enem 2018, a coerência se
relaciona à estrutura mais profunda do texto e a coesão atua na superfície textual, com elementos
linguísticos que ajudam a compreender o texto de forma profunda.
COESÃO
A coesão se refere ao encadeamento do seu texto, à ordem sequencial e ligação harmoniosa entre as
frases e os parágrafos. Essa ligação deve ser feita com mecanismos linguísticos como
os artigos, advérbios, pronomes, conjunções e preposições.
Exemplo de frase sem coesão: Eu gostaria de tirar uma boa nota na redação do Enem. Eu ainda não
sei escrever um texto coeso.
Repare que não há o uso de conectivos para fazer a ligação entre as frases. Em todo seu texto, os
períodos e parágrafos devem ter os conectivos, elementos que fazem uma ponte entre o que já foi
escrito e as próximas palavras. O certo seria usar um conectivo de oposição. Assim, a frase ficaria:
“Eu gostaria de tirar uma boa nota na redação do Enem, mas ainda não sei escrever um texto coeso”.
COERÊNCIA
Já a coerência diz respeito à lógica interna do texto. Não adianta um texto estar gramaticalmente
correto e coeso se a mensagem transmitida por ele não for lógica. Em seu texto não podem haver
argumentos sem explicação, contradições ou frases soltas sem sentido.
Exemplo de frase sem coerência: Gostaria de tirar uma boa nota na redação do Enem, então vou
faltar no dia da prova e ficar estudando em casa.
Perceba que a frase está correta gramaticalmente e tem os conectivos necessários, porém não tem
lógica. Não faz sentido querer um bom desempenho na redação do Enem sem nem comparecer à
prova.
Imagine se ela escrevesse: “Na contemporaneidade, tal barbárie não ocorre mais, por isso há grandes
dificuldades para garantir aos deficientes – em especial os surdos – o acesso à educação”. A troca do
conectivo de oposição "porém” pelo conectivo de conclusão “por isso” mudou todo o sentido da frase
e da proposta da aluna, dando a entender até que ela seria favorável ao que acontecia na Antiguidade.
A candidata também mantém sua coerência na redação ao defender que “há grandes dificuldades para
garantir aos deficientes o acesso à educação”. Ela justifica sua posição por dois pontos: o “preconceito
ainda existente na sociedade” e a “falta de atenção do Estado à questão”, itens que ela argumenta no
segundo e terceiro parágrafo, respectivamente. Por fim, ela apresenta uma proposta de intervenção que
aponta soluções para os dois sujeitos citados, o Estado e a sociedade.
A redação se tornaria incoerente e sem sentido se a candidata defendesse argumentos que não foram
citados na introdução, que não tivessem base que os comprovem ou que fossem sem sentido lógico. O
mesmo vale para a conclusão, que deve trazer ideias possíveis e que resolvam as questões
apresentadas durante o texto.
REGÊNCIA VERBAL
Regência verbal é a parte da língua que se ocupa da relação entre os verbos e os termos que se
seguem a eles e completam o seu sentido.
Os verbos são os termos regentes, enquanto os objetos (direto e indireto) e adjuntos adverbiais
são os termos regidos.
Para entender melhor sobre esse assunto e não errar mais, confira abaixo alguns exemplos e
suas respectivas explicações:
Nos exemplos acima, morar é um verbo transitivo indireto, pois exige a preposição em (morar
em algum lugar).
No segundo exemplo, implicar é um verbo transitivo direto, pois não exige preposição
(implicar algo, e não implicar em algo).
No terceiro exemplo, ir exige a preposição a, o que faz dele um verbo transitivo indireto.
Na forma padrão, a oração “Isso implica em mudança de horário” não está correta.
Vamos ver exemplos de alguns verbos e entender como eles são regidos. Alguns, conforme o
seu significado, podem ter mais do que uma forma de regência.
1. Assistir
a) com o sentido de ver exige preposição:
Que tal assistirmos ao filme?
Essa é a forma padrão. No entanto, é comum observarmos o uso da preposição “em” nas
conversas informais, cujo estilo é coloquial: Chegamos no local indicado no mapa.
3. Custar
a) com o sentido de ser custoso exige preposição:
4. Obedecer
O verbo obedecer é transitivo indireto, logo, exige preposição:
Obedeça ao pai!
Na linguagem informal, entretanto, ele é usado como verbo transitivo direto: Obedeça o pai!
5. Proceder
a) com o sentido de fundamento é verbo intransitivo:
6. Visar
a) com o sentido de objetivo exige preposição:
Visamos ao sucesso.
Na variante coloquial, encontramos o verbo sendo utilizado sem preposição, ou seja, como
verbo transitivo direto: Visamos o sucesso.
b) com o sentido de mirar não exige preposição:
7. Esquecer
O verbo esquecer é transitivo direto, logo não exige preposição:
No entanto, na forma pronominal, deve ser usado com preposição: Esqueci-me do meu
material.
8. Querer
a) com o sentido de desejar não exige preposição:
9. Aspirar
a) com o sentido de respirar ou absorver não exige preposição:
10. Informar
O verbo é transitivo direto e indireto, assim ele exige um complemento sem e outro com
preposição:
11. Ir
O verbo ir é regido pela preposição “a”:
Vou à biblioteca.
12. Implicar
a) com o sentido de consequência, o verbo implicar é transitivo direto, logo não exige
preposição:
14. Namorar
O verbo namorar é transitivo direto, apesar de as pessoas o usarem sempre seguido de
preposição:
15. Preferir
O verbo preferir é transitivo direto e indireto. Assim:
16. Simpatizar
O verbo simpatizar é transitivo indireto e exige a preposição "com":
17. Chamar
a) com o sentido de convocar não exige complemento com preposição:
Chama o Pedro!
18. Pagar
a) quando informamos o que pagamos o complemento não tem preposição:
Paga o sorvete?
PONTUAÇÃO
Regras de Pontuação
Os sinais de pontuação são empregados na língua escrita para tentar recuperar recursos
específicos da língua falada, tais como entonação, jogo de silêncio, pausas etc.
1 - PONTO ( . )
2 - VÍRGULA ( , )
É usada para marcar uma pausa do enunciado com a finalidade de nos indicar que os termos
por ela separados, apesar de participarem da mesma frase ou oração, não formam uma
unidade sintática.
Ex.: Adelanta, esposa de João, foi a ganhadora única da Sena.
Podemos concluir que, quando há uma relação sintática entre termos da oração, não se pode
separá-los por meio de vírgula.
a) predicado de sujeito;
b) objeto de verbo;
c) adjunto adnominal de nome;
d) complemento nominal de nome;
e) predicativo do objeto do objeto;
f) oração principal da subordinada substantiva (desde que esta não seja apositiva nem apareça
na ordem inversa)
A) separar o vocativo.
Ex.: Maria, traga-me uma xícara de café.
Ex.: A educação, meus amigos, é fundamental para o progresso do país.
Entretanto, se essas conjunções aparecerem repetidas, com a finalidade de dar ênfase, o uso da
vírgula passa a ser obrigatório.
Ex.: Não fui nem ao velório, nem ao enterro, nem à missa de sétimo dia.
ATENÇÃO
3 - DOIS-PONTOS ( : )
A) Iniciar a fala dos personagens:
Ex.: Então o chefe comentou:
- Está ótimo!
C) Antes de citação
Ex.: Como já dizia Vinícius de Morais: “Que o amor não seja eterno posto que é chama, mas
que seja infinito enquanto dure.”
4 - RETICÊNCIAS ( ... )
C) Ao fim de uma frase gramaticalmente completa com a intenção de sugerir prolongamento
de idéia.
Ex.: “Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-
rosa...” (Cecília - José de Alencar)
5- PARÊNTESES ( ( ) )
6 - PONTO DE EXCLAMAÇÃO ( ! )
A) Após vocativo
Ex.: “Parte, Heliel! “ ( As violetas de Nossa Senhora - Humberto de Campos)
B) Após imperativo
Ex.: Cale-se!
C) Após interjeição
Ex.: Ufa! Ai!
7 - PONTO DE INTERROGAÇÃO ( ? )
A) Em perguntas diretas
Ex.: Como você se chama?
8 - PONTO-E-VÍRGULA ( ; )
A) Separar os itens de uma lei, de um decreto, de uma petição, de uma seqüência, etc.
Ex.: Art. 127 – São penalidades disciplinares:
I - advertência;
II - suspensão;
III - demissão;
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
V - destituição de cargo em comissão;
VI - destituição de função comissionada.
B) separar orações coordenadas muito extensas ou orações coordenadas nas quais já tenham
tido utilizado a vírgula.
Ex.: “O rosto de tez amarelenta e feições inexpressivas, numa quietude apática, era
pronunciadamente vultuoso, o que mais se acentuava no fim da vida, quando a bronquite
crônica de que sofria desde moço se foi transformando em opressora asma cardíaca; os lábios
grossos, o inferior um tanto tenso (...) " (O visconde de Inhomerim - Visconde de Taunay)
9 - TRAVESSÃO ( - )
10 - ASPAS ( “ ” )
A) Isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta, como gírias, estrangeirismos,
palavrões, neologismos, arcaísmos e expressões populares.
Ex.: Maria ganhou um apaixonado “ósculo” do seu admirador.
Ex.: A festa na casa de Lúcio estava “chocante”.
Ex.: Conversando com meu superior, dei a ele um “feedback” do serviço a mim requerido.
Se, dentro de um trecho já destacado por aspas, se fizer necessário a utilização de novas aspas,
estas serão simples. ( ' ' )
TEMAS E DICAS
Bom, fica o questionamento. É importante que você se informe sobre o tema, pesquise e elabore seu
ponto de vista para defendê-lo com fortes argumentos para convencer seu leitor.
O Brasil, assim como outros países do mundo, está enfrentando uma grande crise econômica em
função do isolamento social. Inclusive, existe uma discussão acalorada sobre economia e isolamento, o
que torna o tema pertinente para cair na redação.
Lembrando que para todos os temas sugeridos, além de se informar, você deve buscar soluções para
minimizar essas problemáticas. Afinal, o Enem exige que você apresente uma proposta de intervenção
detalhada e aplicável.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 6,8% da população acima
dos 15 anos é analfabeta total, ou seja, não sabem ler o próprio nome. Além disso, numa pesquisa feita
pelo Instituto Paulo Montenegro, foi constatado que 29% da população brasileira é analfabeta
funcional.
Os analfabetos funcionais não conseguem interpretar textos básicos nem operações numéricas. Esses
dados demonstram que o Brasil precisa melhorar as condições de ensino público e a oferta de trabalho,
“a fim de que mais pessoas possam adquirir conhecimento sem precisar passar necessidades
financeiras e ter que escolher um em detrimento do outro”.