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PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CAMPUS LARANJEIRAS
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
“A rede urbana enquanto realidade social é uma forma espacial geográfica, resultado das relações
sociais que se estabeleceram para ocupação e uso do território na história.” (SOUZA, 2015, p.40)
No ano de 1926, o governo do Estado, realizou a transferência da cadeia pública, situada no bairro
Centro, para a zona Oeste da cidade, região conhecida como Alto da Pindoíba e nessa época a região
ainda não urbanizada, havia sítios, riachos e plantações. Com a instalação da Penitenciária Modelo,
a ocupação do entorno foi acontecendo de forma espontânea, tanto de terras públicas como de
terras privadas, alterando a paisagem urbana de forma contínua e assim sendo moldado o bairro
analisado em questão, chamado bairro América. O bairro América está localizado na zona Oeste de
Aracaju, sendo seus limites os bairros Novo Paraíso (Norte), Ponto Novo (Sul), Siqueira Campos
(Leste), Capucho e Jabotiana (Oeste). De acordo com o Censo Ibge 2010, o bairro América é
composto por 15.870 habitantes ou 15.870 modeladores do espaço urbano, sendo em sua maioria
mulheres e de faixa etária de 15 a 64 anos de idade.
De acordo com Nogueira (2004, apud, RAMALHO, 2016, p.34), diante do processo migratório da
zona rural para a zona urbana, na década de 50 as pessoas começam a se fixar em bairro periféricos
da capital, como o bairro América, Cidade Nova, Palestina, Barro Vermelho e Matadouro. Ainda que
inicialmente seja de forma espontânea, a ocupação de regiões periféricas torna-se um atrativo a
população de baixa renda, pois são áreas de terras baratas. O que posteriormente virá atrair os
proprietários fundiários, pois a transformação da terra rural em urbana é um meio gerador de
capital, uma vez que o preço de imediato eleva-se.
Os donos de terra em localidades atrativas como essa, agem pressionando o Estado para a
instalação de infraestrutura ou adquirem crédito bancário para que os mesmos realizem a
instalação. Diante da busca pelo lucro, muitos proprietários fundiários são também promotores
imobiliários, ou seja, um sujeito atua como dois agentes promotores do espaço urbano. E é desse
modo que é facilitada a locação de imóveis destinados à população de renda mais alta, em bairros
periféricos. Sendo assim, tornam-se bairros seletivos, que são fisicamente constituídos como
periferias, porém socialmente possuem status de bairro nobre, gerando infraestrutura apenas a
uma parcela específica da população que ali habita.
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Esses agentes amplificam sua relação com o espaço urbano através da especulação imobiliária,
instrumento responsável pelo aumento da terra urbana. A especulação é também geradora de
conflitos entre proprietários fundiários e proprietários industriais, sendo necessária a atuação de um
outro agente como mediador do conflito: o Estado.
“A especulação imobiliária, às vezes geradas pelo próprio estado, dita os vetores de crescimento da
cidade sem se preocupar com os impactos gerados em qualidade de vida e qualidade ambiental”
(RAMALHO, 2016, p.37)
“ [...] criação de amplas áreas fabris em setores distintos das áreas residenciais nobres onde mora a
elite, porém próxima às áreas proletárias.”
Logo mais na década de 80, se intensificam de mesmo modo os conflitos entre dois agentes: os
proprietários dos meios de produção e os grupos socialmente excluídos, quando é evidenciado o
descuido acerca do valor de uso de um local, em prol da valorização do valor de troca que alimenta
o sistema capitalista, o instrumento crucial para a inicialização desse conflito foi a companhia de
cimento Portland. Instalada no bairro Siqueira Campos, estava havendo o transporte de fuligem
através do vento em direção ao bairro América, contrariando um direito básico, que é qualidade de
vida da população. Ainda que tenha ocorrido o conflito dentro do espaço urbano, através de
protestos da comunidade, não foi imediata a ação do agente que é responsável por mediar os
conflitos urbanos, o Estado. E esse fator é resultado de uma atuação imparcial do Estado, que age
em favor de interesses de grandes empresas e cooperativas, atuantes enquanto consumidoras do
espaço urbano.
Foto:
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RAMALHO, Érika Laíse Santana. Origem e transformações: uma análise da morfologia urbana do bairro América,
Aracaju - SE. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo). Universidade Federal de
Sergipe, Laranjeiras, 2016.
SANTOS, Jonaza Glória dos; SANTOS, Najó Glória dos; MEDEIROS, Andressa Maria Machado. Bairro América: estigmas e a
construção social juvenil. In: 10 ENCONTRO INTERNACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES. Aracaju, 2017. Disponível
em: <https://eventos.set.edu.br/enfope/article/viewFile/5261/1844>. Acesso em 10 nov. de 2020.
SOUZA, Fernando Antônio Santos de. Formação, movimento e descompasso da rede urbana de Sergipe. 2015. 199 f.
Tese (Doutorado em Geografia) - Núcleo de Pós-Graduação em Geografia, Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa.
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão