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“Aparece aqui também como elemento distintivo dos cristãos o fato de estes terem
um futuro: não é que conheçam em detalhe o que os espera, mas sabem em
termos gerais que a sua vida não acaba no vazio. Somente quando o futuro é certo
como realidade positiva, é que se torna vivível também o presente. Sendo assim,
podemos agora dizer: o cristianismo não era apenas uma «boa nova», ou seja, uma
comunicação de conteúdos até então ignorados. Em linguagem atual, dir-se-ia: a
mensagem cristã não era só «informativa», mas «performativa». Significa isto que o
Evangelho não é apenas uma comunicação de realidades que se podem saber, mas
uma comunicação que gera factos e muda a vida. A porta tenebrosa do tempo, do
futuro, foi aberta de par em par. Quem tem esperança, vive diversamente; foi-lhe
dada uma vida nova” (Spe salvi, n. 2).
1ª ideia-chave:
O Cristianismo é uma mensagem positiva
Entrevista a representantes de canais televisivos alemães e da Rádio Vaticano
em preparação para a viagem à Alemanha, 05/08/2006
Tema: a família. Há cerca de um mês, Vossa Santidade foi a Valência para o encontro
mundial das famílias. Quem ouviu com atenção como procurámos fazer na Rádio
Vaticano observou que Vossa Santidade jamais pronunciou a palavra "matrimônios
homossexuais", nunca falou de aborto e nem de contracepção. Alguns observadores
atentos exclamaram: que interessante! Evidentemente, a sua intenção consiste em
anunciar a fé e não em dar voltas ao mundo como "apóstolo da moral". Pode fazer um
comentário sobre isto?
1ª ideia-chave:
O Cristianismo é uma mensagem positiva
Bento XVI: Sem dúvida. Em primeiro lugar, é necessário recordar que, no total, eu
dispunha duas vezes de vinte minutos de tempo para falar. E quando se tem tão pouco
tempo, não se pode começar imediatamente dizendo “não”. É preciso que saibamos
sobretudo o que é que verdadeiramente queremos, não é verdade? E o cristianismo, o
catolicismo não é uma série de proibições, mas uma opção positiva. E é muito importante
voltar a considerar isto, porque hoje em dia tal consciência desapareceu quase
completamente. Ouvimos falar tanto sobre o que não é permitido, que agora é necessário
dizer: mas nós temos uma ideia positiva a propor: o homem e a mulher são feitos um para
o outro; existe por assim dizer uma escala: sexualidade, eros e ágape, que são as
dimensões do amor, e assim forma-se primeiro o matrimônio como encontro repleto de
felicidade do homem e da mulher, e depois a família, que garante a continuidade entre as
gerações, em que se realiza a reconciliação das gerações e em que se podem encontrar
também as culturas.
Jesus: “‘Ninguém jamais viu a Deus: o Filho unigênito que repousa no seio
do Pai é que no-lo deu a conhecer’ (Jo 1, 18). Em Jesus cumpriu-se a
promessa do novo Moisés. N’Ele se realiza agora plenamente o que em
Moisés se encontrava apenas de um modo fraturado: Ele vive diante do
rosto de Deus, não apenas como amigo, mas como Filho; ele vive na mais
íntima unidade com o Pai” (p. 25).
RATZINGER, J.-BENTO XVI. Jesus de Nazaré. Primeira Parte.
Do Batismo no Jordão à Transfiguração. São Paulo: Planeta, 2007.
2ª ideia-chave:
Jesus é o Senhor, a Igreja é o Seu Corpo
1 Cor: “‘O cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do
sangue d Cristo? E o pão que partimos não é a comunhão do corpo
de Cristo? Uma vez que há um só pão, nós, embora sendo muitos,
formamos um só corpo, porque todos nós participamos do mesmo
pão’ (10, 16-17).
Na Eucaristia, Cristo entrega-nos o seu corpo, doa-se a si mesmo no
seu corpo e assim faz-nos seu corpo, une-nos ao seu corpo
ressuscitado. Se o homem come o pão normal, este pão no processo
da digestão torna-se parte do seu corpo, transformado em substância
de vida humana. Mas na sagrada Comunhão realiza-se o processo
oposto. Cristo, o Senhor, assimila-nos a si, introduz-nos no seu Corpo
glorioso e assim todos juntos nos tornamos seu Corpo. Quem lê
somente o cap. 12 da primeira Carta aos Coríntios e o cap. 12 da Carta
aos Romanos, poderia pensar que a palavra sobre o Corpo de Cristo
como organismo dos carismas é apenas uma espécie de parábola
sociológico-teológica.
2ª ideia-chave:
Jesus é o Senhor, a Igreja é o Seu Corpo
Realmente, na politologia romana esta parábola do corpo com
diversos membros que formam uma unidade era usada para o
próprio Estado, para dizer que o Estado é um organismo em
que cada qual tem a sua função, a multiplicidade e diversidade
das funções formam um corpo e cada um tem o seu lugar.
Lendo somente o cap. 12 da primeira Carta aos Coríntios, poder-
se-ia pensar que Paulo se limita a transferir apenas isto à Igreja,
que também aqui se trata só de uma sociologia da Igreja. Mas
tendo em consideração este capítulo 10, vemos que o realismo
da Igreja é bem diferente, muito mais profundo e verdadeiro
que o de um Estado-organismo. Porque realmente Cristo doa o
seu corpo e faz de nós o seu corpo. Tornamo-nos realmente
unidos ao corpo ressuscitado de Cristo e, assim, unidos uns aos
outros. A Igreja não é somente uma corporação como o
Estado, mas é um corpo. Não é simplesmente uma organização,
mas um verdadeiro organismo”.
Audiência geral, 10/12/2008 (São Paulo [16], O papel dos Sacramentos)
Leitura complementar:
Catequeses sobre São Paulo (a partir de 02/07/2008)
https://www.vatican.va/content/benedict-
xvi/pt/audiences/2008/documents/hf_ben-xvi_aud_20080702.html
Ou veja a lista completa:
https://www.veritatis.com.br/catequeses-de-bento-xvi-sobre-sao-paulo-
apostolo/
3ª ideia-chave:
Fé e razão andam juntas
“‘alargar os horizontes da racionalidade’: Gostaria de partir de uma profunda
convicção, que várias vezes expressei: "A fé cristã fez a sua opção clara: contra os
deuses da religião pelo Deus dos filósofos, ou seja, contra o mito unicamente dos
costumes pela verdade do ser" (J. Ratzinger, Introdução ao cristianismo, cap. III). Esta
afirmação, que reflete o caminho do cristianismo desde o seu alvorecer, revela-se
plenamente atual no contexto histórico-cultural que estamos a viver. De facto, só a
partir desta premissa, que é ao mesmo tempo histórica e teológica, é possível ir ao
encontro das novas expectativas da reflexão filosófica. O risco que a religião,
inclusive a cristã, seja instrumentalizada como fenómeno sub-reptício hoje é muito
concreto.
3ª ideia-chave:
Fé e razão andam juntas
Mas o cristianismo, como recordei na Encíclica Spe salvi, não é apenas uma
mensagem informativa, mas performativa (cf. n. 2). Isto significa que desde sempre a
fé cristã não pode ser fechada no mundo abstrato das teorias, mas deve descer a uma
experiência histórica concreta que alcance o homem na verdade mais profunda da
sua existência. [...]
A proposta de ‘alargar os horizontes da racionalidade’ não deve ser, portanto, incluída
entre as novas formas de pensamento teológico e filosófico, mas deve ser
compreendida como o pedido de uma nova abertura à realidade à qual a pessoa
humana está chamada na sua unitotalidade, superando antigos preconceitos e
reducionismos, para se abrir também assim o caminho para uma verdadeira
compreensão da modernidade”.
Discurso aos participantes do VI Congresso Europeu de
Professores Universitários, 07/06/2008.
3ª ideia-chave:
Fé e razão andam juntas
Destaque:
Discurso na
universidade de Regensburg,
12/09/2006
3ª ideia-chave:
Fé e razão andam juntas
“... a convicção de que o agir contra a razão estaria em contradição com a natureza
de Deus, faz parte apenas do pensamento grego ou é válida sempre e por si mesma?
Penso que, neste ponto, se manifesta a profunda concordância entre o que é grego
na sua parte melhor e o que é a fé em Deus baseada na Bíblia. Modificando o
primeiro versículo do livro do Génesis, o primeiro versículo de toda a Sagrada
Escritura, João iniciou o prólogo do seu Evangelho com estas palavras: «No
princípio era o λόγος». Ora, é precisamente esta a palavra que usa o imperador:
Deus age «σὺ ν λόγω», com logos. Logos significa conjuntamente razão e palavra –
uma razão que é criadora e capaz de se comunicar, mas precisamente enquanto
razão. Com este termo, João ofereceu-nos a palavra conclusiva para o conceito
bíblico de Deus, uma palavra na qual todos os caminhos, muitas vezes cansativos e
sinuosos, da fé bíblica alcançam a sua meta, encontram a sua síntese. No princípio
era o logos, e o logos é Deus: diz-nos o evangelista. Este encontro entre a mensagem
bíblica e o pensamento grego não era simples coincidência. A visão de São Paulo –
quando diante dele se estavam fechando os caminhos da Ásia e, em sonho, viu um
macedónio que lhe suplicava: «Passa à Macedónia e vem ajudar-nos!» (cf. Act 16, 6-
10) – esta visão pode ser interpretada como a «condensação» da necessidade
intrínseca de aproximação entre a fé bíblica e a indagação grega”.
Leitura complementar:
O texto que o Papa Bento XVI teria lido durante a visita à Universidade
de Roma "La Sapienza", prevista para o dia 17 de Janeiro, depois
anulada em 15 de Janeiro de 2008:
https://www.vatican.va/content/benedict-
xvi/pt/speeches/2008/january/documents/hf_ben-
xvi_spe_20080117_la-sapienza.html