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Iuri Contel Nery

CONSUMO DE LÁCTEOS E REDUÇÃO NOS NIVEIS DE


MARCADORES INFLAMATÓRIOS

Centro Universitário Toledo


Araçatuba
2021
Iuri Contel Nery

CONSUMO DE LÁCTEOS E REDUÇÃO NOS NIVEIS DE


MARCADORES INFLAMATÓRIOS

Trabalho de conclusão de curso


apresentado para obtenção do título de
bacharel em Nutrição apresentado no
Centro Universitário Toledo, sob
orientação da Profª Gabriela da Silva
Ferreira Donha.

Centro Universitário Toledo


Araçatuba
2021
RESUMO
Introdução: A saúde humana está diretamente ligada a nutrição, a forma como nos
alimentamos, e a interação dos nutrientes presentes nos alimentos com o nosso
organismo, visto que, algumas dessas interações podem causar alterações maléficas em
nosso organismo como o aumento dos biomarcadores inflamatórios que podem levar a
sérios problemas de saúde, tanto no metabolismo, quanto no aumento do risco de
aterosclerose e no âmbito cardiometabólico. Desta forma, dentre os grupos alimentares
conhecidos e consumidos pelos humanos, os lácteos vêm causando discordância no meio
acadêmico sobre serem, ou não agentes pró inflamatórios. Objetivos: Avaliar se o
consumo de lácteos possuí resultados positivos para a redução de marcadores
inflamatórios, e outros aspectos da saúde humana. Metodologia: Foi realizado um estudo
retrospectivo, qualitativo e de caráter exploratório. Os dados foram obtidos através de
uma revisão sistemática da literatura, através de buscas de artigos científicos indexados
nas principais bases de dados, como Pubmed, Biblioteca Eletrônica Cientifica Online
(SciELO), Medline, Science Direct e Lilacs. Foram incluídos artigos completos e
originais, publicados entre 2010-2021, nos idiomas português, espanhol e inglês,
condizentes com o tema do presente estudo. Resultados: Os estudos revisados nesse
trabalho apontaram para uma associação neutra-protetora sobre o consumo de produtos
lácteos em relação a inflamação, e nível sérico de biomarcadores inflamatórios.
Conclusão: Somente o fator isolado do consumo de lácteos não demonstra efeito pró
inflamatório, tendo sido encontrada a resposta oposta, com uma redução de marcadores
inflamatórios, porém, ainda se faz necessária a realização de mais estudos a respeito deste
tema, para o melhor entendimento dos mecanismos e componentes envolvidos nestas
respostas anti-inflamatórias apontadas.
Palavras-chave: Lácteos; Inflamação; Marcadores Inflamatórios.

ABSTRACT
Introduction: Human health is directly linked to nutrition, the way we eat, and the
interaction of nutrients in food with our body, as some of these interactions can cause
harmful changes in our body such as the increase in inflammatory biomarkers that they
can lead to serious health problems, both in the metabolism, and in the increased risk of
atherosclerosis and in the cardiometabolic scope. Thus, among the food groups known
and consumed by humans, dairy products have been causing disagreement in academia
about whether or not they are pro-inflammatory agents. Objectives: To assess whether
dairy consumption has positive results for the reduction of inflammatory markers, and
other aspects of human health. Methodology: A retrospective, qualitative and exploratory
study will be carried out. Data obtained through a systematic literature review, through
searches of scientific articles indexed in the main databases, such as Pubmed, Scientific
Electronic Library Online (SciELO), Medline, Science Direct and Lilacs. Full and
original articles, published between 2010-2021, in Portuguese, Spanish and English, will
be included, consistent with the theme of this study. Results: The studies reviewed in this
work pointed to a neutral-protective association on the consumption of dairy products in
relation to inflammation, and serum level of inflammatory biomarkers. Conclusion: Only
the isolated factor of dairy consumption does not show a pro-inflammatory effect, the
opposite response having been found, with a reduction in inflammatory markers,
however, it is still necessary to carry out more studies on this topic, for a better
understanding of the mechanisms and components involved in these pointed anti-
inflammatory responses.
Keywords: Dairy; Inflammation; Inflammatory Markers.
SUMÁRIO
1 Introdução ................................................................................................................ 5
2 Metodologia .............................................................................................................. 6
3 Resultados e Discussão ............................................................................................. 6
3.1 Lácteos e ação anti-inflamatória ....................................................................... 9
3.2 Benefícios em outros aspectos da saúde .......................................................... 10
4 Conclusão ............................................................................................................... 12
5 Referências Bibliográficas ..................................................................................... 12
5

1 Introdução
É conhecido que o aumento da inflamação, indicada pelos marcadores
inflamatórios, pode causar diversos prejuízos à saúde humana, podendo levar a quadros
de doenças cardiovasculares. Como acontece com a PCR (proteína C reativa) que tem a
capacidade de inibir a produção de óxido nítrico (NO), que tem função na regulação do
tônus vascular, e controle da pressão arterial atuando como vasodilatador, essa inibição
gerada pela PCR acontece pela inibição da enzima eNOS (óxido nítrico sintase), que atua
na síntese de óxido nítrico, sendo desta forma a PCR uma causadora de disfunções
endoteliais e aumentando a probabilidade de eventos cardiovasculares (TEIXEIRA et al.,
2014).
A inflamação pode ser definida como um conjunto de alterações bioquímicas
fisiológicas e imunológicas em resposta a estímulos agressivos ao organismo podendo
ser dividida em 2 fases sendo elas a fase aguda, que ocorre em resposta do corpo a alguma
agressão sofrida, e a crônica que começa de maneira insidiosa, de baixo grau e muitas
vezes assintomáticas, gerando lesão tissular incipiente devido a ativação de longo prazo
do sistema imune inato, tendo em vista que a correlação entre alimentação e marcadores
inflamatórios vem sendo amplamente apontada por estudos observacionais e ensaios
clínicos, torna-se este campo de pesquisa um campo altamente relevante e promissor
(GERALDO et al., 2008).
Sabemos também que a alimentação exerce forte influência sobre a condição
inflamatória na saúde humana, devido a interação que determinados compostos da dieta
tem com o organismo em diversos aspectos, sendo que os padrões alimentares interferem
diretamente no risco de doenças crônicas, e que a inflamação está associada também a
maior ocorrência de síndrome metabólica e maior risco para doenças cardiovasculares,
sendo a alimentação forte influenciadora na redução de biomarcadores inflamatórios
(BRESSAN et al., 2009).
Conhecendo a inflamação e sabendo da sua correlação com a alimentação, o atual
trabalho destaca um determinado grupo alimentar que vem causando certa divergência no
meio acadêmico sobre seu potencial efeito redutor de marcadores inflamatórios, são eles
os lácteos. Leite e produtos lácteos representam cerca de 14% da ingestão calórica em
países desenvolvidos (FAO, 2013 apud BORDONI et al., 2017). Todos os produtos
lácteos tem como sua matéria prima, o leite, alimento este que faz parte da alimentação
humana, e tem grande importância devido ao seu alto valor biológico como fonte de
macronutrientes, e também micronutrientes e minerais importantes para a saúde humana
sendo seu consumo recomendado principalmente para que se possa atender as
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recomendações diárias de cálcio, nutriente este que dentre outras funções, tem
participação fundamental na manutenção da estrutura óssea (MUNIZ et al., 2013).
Porém esse grupo alimentar vem gerando divergência no meio acadêmico sobre
seu real impacto sobre os níveis de marcadores inflamatórios.
Assim justificam-se as pesquisas à com objetivo de avaliar o potencial deste grupo
alimentar sobre os marcadores inflamatórios, e acredita-se que terá um efeito neutro ou
anti-inflamatório.

2 Metodologia
Tipo de pesquisa: Se trata de um estudo retrospectivo, em que foi realizado uma
pesquisa qualitativa, tendo objetivos de caráter exploratório, tendo as coletas de dados
feitas por meio de revisão bibliográfica.
Coleta de dados: A pesquisa foi realizada através de revisão sistemática da
literatura através das bases de dados como: Pubmed, Scielo, Medline, Science direct, e
Lilacs. Sendo utilizadas as seguintes palavras chaves: “lácteos”, “inflamação”,
“marcadores inflamatórios”, e “produtos lácteos” utilizando idiomas português e inglês.
Critérios de inclusão e exclusão: Os critérios utilizados para esta revisão foram
artigos completos disponíveis eletronicamente, artigos originais nos idiomas português,
espanhol e inglês, ensaios clínicos, estudos de casos. Foram excluídos da revisão artigos
cujo títulos não condizem com o tema, ou com as variáveis citadas anteriormente.
Seleção dos artigos e extração de dados: Tanto títulos quanto resumos de todos
os artigos identificados pela estratégia de busca, serão avaliados pelo autor deste trabalho,
em seguida cada artigo foi avaliado independentemente de acordo com os pré requisitos
de inclusão e exclusão. Os dados extraídos foram, identificação de publicação,
metodologia utilizada, de acordo com o tema e objetivos do trabalho.
Avaliação de resultados: Após a coleta de dados, as expressões analíticas e os
resultados foram expostos e apresentados, por meio de explanações e tabelas.

3 Resultados e Discussão
Os estudos encontrados foram avaliados quanto à sua qualidade metodológica e
considerando os critérios propostos, sendo possível apresentar uma compilação destes
relacionados à produção científica sobre o consumo alimentar de laticínios e sua resposta
anti-inflamatória. Os resultados encontrados para a presente revisão foram sumarizados e
estão expostos no Quadro 1.
7

Quadro 1 – Autor, ano de publicação, título, objetivos, metodologia e resultados encontrados dos trabalhos sobre o consumo alimentar de laticínios e
sua resposta anti-inflamatória.
Autor, ano e Título Objetivos Metodologia Resultados
revista.
ULVEN et al., Consumo de leite e produtos Avaliar a relação aos Revisão sistemática da O consumo de leite ou derivados
2019
lácteos e biomarcadores efeitos do leite e literatura pelas bases de dados não apresentou efeito pró-
inflamatórios: uma revisão produtos lácteos em Medline (via PubMed) e inflamatório em adultos saudáveis
Advances in
sistemática atualizada de biomarcadores Scopus (que inclui EMBASE e ou em adultos com sobrepeso ou
nutrition, v. 10
ensaios clínicos inflamatórios por meio Web of Science). obesidade ou com SM ou DM2.
n. 2, p. 239-
randomizados de um RS de ensaios
250, 2019
clínicos randomizados
(RCTs).
ABREU et al., Associação do consumo de O objetivo foi investigar Estudo transversal. Os resultados sugerem uma
2019
produtos lácteos com a associação entre o associação inversa entre o total de
Nutrients, v. 11, biomarcadores metabólicos e consumo de produtos produtos lácteos e a ingestão de
n. 10, p. 2268, inflamatórios em lácteos e biomarcadores leite e as concentrações séricas de
2019. adolescentes: uma análise metabólicos e IL-6 entre adolescentes.
transversal do estudo inflamatórios em
LabMed. adolescentes
portugueses, e se a
8

associação diferia com o


peso corporal.
PALMANO et Atividade anti-inflamatória Tentar elucidar os Ensaios analíticos, in vitro e A atividade anti-inflamatória da
al., 2020
in vitro e in vivo das frações componentes anti- experimentos in vivo. MFGM, ao invés de residir em um
Nutrients, v. 12, lipídicas complexas inflamatórios mais único componente, é contribuída
n. 7, p. 2089, derivadas de glóbulos de eficazes do MFGM por uma série de componentes que
2020 gordura do leite bovino (membrana do glóbulo de atuam em conjunto contra vários
(MFGM) gordura do leite). alvos inflamatórios.
HIRAHATAKE Alimentos lácteos e gorduras Revisitar os conceitos Revisão bibliográfica da Nesta população idosa, o consumo
et al., 2020
lácteas: novas perspectivas atuais relacionados às literatura. total de lácteos não foi associado
Advances in nas vias implicadas na saúde gorduras lácteas no que aos níveis de biomarcadores
nutrition, v. 11, cardiometabólica diz respeito a como elas inflamatórios e outros fatores de
n. 2, p. 266-279, se associam a sistemas risco cardiometabólico.
2020 fisiológicos relevantes
para a saúde
cardiometabólica de
corpo inteiro.
Fonte: Autoria própria.
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3.1 Lácteos e ação anti-inflamatória


As evidências científicas dos últimos anos apontaram que o consumo de produtos
lácteos não apresentou efeito pró-inflamatório em indivíduos saudáveis ou com alterações
metabólicas. A maior parte dos estudos documentaram um significativo efeito anti-
inflamatório em indivíduos saudáveis e metabolicamente normais (ULVEN et al., 2019).
O estudo mais condizente com esta pesquisa foi realizado por PANAGIOTAKOS
et al. (2013); tendo como objetivo elucidar a relação do consumo de produtos lácteos e
níveis de marcadores inflamatórios. Foram selecionados 1518 homens e 1524 mulheres
para participar do presado estudo e para a análise dos resultados foram feitos ajustes de
acordo com a idade, gênero, fumante ou não fumante, sedentário ou praticante de
atividades físicas, massa corporal e hábitos alimentares. A análise foi feita observando a
ingestão de lácteos e derivados por parte dos participantes, sendo que cerca de 65%
consumiam leite integral e/ou iogurte, 46% consumiam leite desnatado, 50% consumiam
iogurte desnatado, 93% consumiam queijo branco, e 92% consumiam queijos amarelos
(alta % de gordura). Um terço dos participantes (33,9%) reportou apenas consumo de
produtos lácteos baixos em gorduras (desnatados e semidesnatados).
A análise não ajustada revelou que os níveis de PCR foram inversamente
correlacionados com leite desnatado e queijo feta (branco); níveis de IL-6 foram
inversamente correlacionados com consumo de leite integral e desnatado e queijo feta; e
os níveis de TNF-α foram inversamente correlacionados com leite integral e desnatado e
iogurte desnatado. Também os níveis de homocisteína foram inversamente
correlacionados apenas com a ingestão de leite desnatado (PANAGIOTAKOS et al.,
2013).
A lactoferrina, proteína derivada do leite, demonstrou exercer uma potente
atividade anti-inflamatória ao direcionar a diferenciação de monócitos em direção às
células dendríticas com capacidade diminuída de sofrer ativação e promover respostas. O
hidrolisado de lactoferrina, também mostrou efeitos anti-inflamatório na cartilagem
humana e nas células sinoviais, sugerindo até mesmo um papel potencial no tratamento
da artrite (MARCONE et al., 2017).
Um estudo analisou os níveis dos marcadores inflamatórios que apresentaram uma
porcentagem mais baixa, como PCR (29%), IL-6 (9%) e TNF-α (20%) em pessoas que
consumiram mais de 14 porções de laticínios por semana em comparação com aqueles
que tinham menos de 8 porções por semana. Sendo que essa associação inversa entre o
consumo de laticínios e os níveis de marcadores inflamatórios em adultos saudáveis pode
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indicar que os produtos lácteos podem ter papéis protetores contra doenças inflamatórias
crônicas (LORDAN et al., 2017).
Um estudo transversal realizado com 412 adolescentes portugueses do 7º e 10º
anos (12 a 18 anos); onde os pontos de corte da Organização Mundial da Saúde foram
usados para categorizar os adolescentes como sem excesso de peso (PN) ou com excesso
de peso (EP); e também foram coletadas amostras de sangue para análise de PCR, IL-6,
leptina e adiponectina. A ingestão de produtos lácteos foi avaliada por meio de um
questionário de frequência alimentar e os participantes foram divididos por tercis de
acordo com a quantidade de laticínios consumida. As associações entre o consumo de
produtos lácteos com biomarcadores metabólicos e inflamatórios foram avaliadas usando
modelos de regressão linear generalizada com ligação logarítmica e distribuição gama e
ajustados para evitar possíveis confusões. Este estudo apresentou uma associação inversa
entre o total de produtos lácteos e ingestão de leite e as concentrações séricas de IL-6 em
adolescentes sem excesso de peso, mas não com excesso de peso. Além disso,
adolescentes sem excesso de peso no tercil intermediário de consumo de iogurte
apresentaram níveis mais baixos de IL-6 do que aqueles do tercil inferior (ABREU et al.,
2019).
Outro estudo realizado a partir de ensaios baseados em células que foram usadas
para testar a capacidade das preparações de MFGM (membrana de glóbulo de gordura do
leite) para modular os níveis dos mediadores inflamatórios IL-1β, óxido nítrico, ânion
superóxido, CO-2 e elastase de neutrófilos foi relatado que a atividade anti-inflamatória
da MFGM, não vem de um único componente, e sim é contribuída por uma variedade de
componentes que atuam em conjunto contra vários alvos inflamatórios. A partir disso
confirmou-se então o potencial da MFGM como uma intervenção nutricional para a
mitigação de condições inflamatórias sejam elas tanto crônicas quanto agudas
(PALMANO et al., 2020).

3.2 Benefícios em outros aspectos da saúde


Os fosfolipídios dietéticos são transportadores eficazes de ácidos graxos
essenciais, que são capazes de promover a saúde do cérebro reduzindo o estresse do
retículo endoplasmático (como a doença de Alzheimer). Além disso, devido sua alta
solubilidade nas membranas das células cerebrais, melhoram a neuroplasticidade do
hipocampo e das regiões cerebrais estriadas (melhorando a neurotransmissão da
dopamina e do glutamato), associado a um melhor desenvolvimento cerebral e à função
cognitiva aprimorada (VERARDO et al.,2017).
11

Os fosfolipídios lácteos desempenham ação anticâncer no cólon, demonstrado


que os esfingolipídios que desempenham papéis significativos na modulação do
desenvolvimento de tumor de cólon e ativação de vias apoptóticas em tais células
cancerosas, devido estarem associados à sua lenta digestão, permanecendo em todo o
intestino delgado e cólon, resultando na presença de seus metabólitos ceramida e
esfingosina ao longo do trato intestinal, que são mensageiros implicados em várias
funções fisiológicas, como apoptose e direcionamento da atividade mitocondrial em
células de câncer de cólon (VERARDO et al.,2017).
Uma meta-análise mais extensa sobre o consumo de leite e laticínios e eventos de
DCV, que concluiu que o alto consumo de leite estava relacionado a uma redução
significativa no risco de desenvolvimento de derrame; outro estudo revisado mostrou
também que, em comparação com o quintil mais baixo de consumo de laticínios, a
ingestão total de laticínios foi inversamente relacionada ao risco de infarto do miocárdio
após um período de acompanhamento de 11,6 anos (MARKEY et al., 2014).
Os peptídeos bioativos presentes na caseína e nas proteínas do soro do leite
desempenham um papel no controle da pressão arterial, inibindo a ação da enzima
conversora da angiotensina-I, resultando em vasodilatação, e modulando a liberação de
endotelina-1 pelo células endoteliais, agindo como ligantes do receptor opioide
aumentando a produção de óxido nítrico que medeia o tônus arterial (MARKEY et al.,
2014).
Um estudo transversal realizado em 2015 com 107 idosos com idade entre 60 e
78 anos, a ingestão alimentar habitual foi avaliada por meio de um questionário de
frequência alimentar validado (QFA), foram obtidas também medidas antropométricas e
marcadores bioquímicos que foram determinados usando protocolos padrão, no qual
nenhuma relação significativa foi observada para hs-CRP, resistência à insulina e perfil
lipídico entre os tercis que avaliaram consumo de produtos lácteos, sendo assim nesta
população idosa, o consumo total de lácteos não foi associado aos níveis de
biomarcadores inflamatórios e outros fatores de risco cardiometabólico (FARD et al.,
2015).
Em uma revisão bibliográfica feita incluindo dados adicionais do estudo
HELENA (Healthy Lifestyle in Europe by Nutrition in Adolescence), foi incluída uma
amostra de adolescentes (12,5-17,5 anos) de 8 cidades europeias, onde os produtos lácteos
foram o grupo de alimentos que melhor identificou os adolescentes com baixo risco
cardiovascular. Além disso, o alto consumo de leite e iogurte, bem como leite e bebidas
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à base de iogurte, foi associado a níveis mais baixos de gordura corporal, e menor risco
cardiovascular, e maior aptidão cardiorrespiratória (PASIAS et al., 2016).
Resultados de estudos sobre impactos na saúde causada pelo consumo de lácteos
e seus subprodutos principalmente seus fosfolipídios, mostram que foi documentada uma
relação inversa entre o consumo de produtos lácteos e a prevalência de síndrome
metabólica, e que a ingestão de membrana de glóbulo de gordura do leite (MFGM, uma
rica fonte de fosfolipídios) em longo prazo combinada com exercícios regulares melhorou
a capacidade de resistência; esta melhora é devida a um aumento do metabolismo lipídico
modulado por componentes da MFGM. A atividade dos fosfolipídios na saúde do cérebro
também foi testada em modelos humanos in vivo por outros autores outros autores
evidenciando que os fosfolipídios do leite, que aumentaram a disponibilidade de cortisol,
podem atenuar os prejuízos da memória induzidos pelo estresse em um homem com
estresse crônico. Os efeitos positivos associados ao cérebro podem estar relacionados ao
fato da MFGM conter grandes quantidades de derivados de colina (fosfocolina,
glicerofosfocolina, fosfatidilcolina e esfingomielina) (VERARDO et al., 2017).

4 Conclusão
Desta forma com base na literatura revisada por este trabalho, é possível concluir
que o consumo de produtos lácteos demonstrou ter um impacto inversamente
proporcional na redução dos marcadores inflamatórios onde o consumo de acima de 11-
14 porções na semana demonstrou impacto positivo, sendo consideravelmente menor o
nível de marcadores inflamatórios quando comparado aos que ingeriram menos de 8
porções na semana. Sendo essa redução nos níveis de marcadores inflamatórios como
PCR, IL-6, e TNF-α.
Assim o presente trabalho constata por meio da revisão feita, que há uma
associação neutra protetora do consumo de lácteos para com os níveis de marcadores
inflamatórios e a saúde cardiometabólica, podendo serem considerados como agentes
anti-inflamatórios; tendo diminuído as concentrações séricas de IL-6 em adolescentes. A
MFGM que é derivada dos lipídeos lácteos, possui uma forte ação anti-inflamatória,
sendo necessário um maior aprofundamento da literatura a respeito.

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