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Quem Matou Jesus Segundo Os Evangelhos e Atos
Quem Matou Jesus Segundo Os Evangelhos e Atos
Quem matou
Jesus segundo os
Evangelho e Atos
dos Apóstolos
Índice:
14) Conclusão
Após a leitura dos trechos acima algumas perguntas precisam ser feitas a respeito da interpretação de tais
passagens bíblicas. 1) De quem era a terra onde estava plantada a vinha? 2) Quem era a vinha? 3) Quem
eram os lavradores maus?
1) A terra é do Eterno.
Levi tico 25: 23 também a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é minha; pois vós sois para mim estrangeiros
e peregrinos.
Salmos 24:1 do Eterno é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.
Joel 2:18 então o Eterno terá zelo da sua terra, e se compadecerá do seu povo.
Marcos 10: 33 —escutem! Nós estamos indo para Jerusalém, onde o filho do homem será entregue aos chefes dos sacerdotes
e aos mestres da lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos não-judeus. 34 estes vão zombar dele, cuspir nele, bater
nele e matá-lo; mas três dias depois ele ressuscitará.
Estudo feito por Eliezer Lucena 3
Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos
Marcos 14: 1 faltavam dois dias para a festa da páscoa e a festa dos pães sem fermento. Os chefes dos sacerdotes e os
mestres da lei procuravam um jeito de prender Jesus em segredo e matá-lo. 2 eles diziam: —não vamos fazer isso durante a
festa, para não haver uma revolta no meio do povo.
Marcos 14: 43 Jesus ainda estava falando, quando chegou Judas, um dos doze discípulos. Vinha com ele uma multidão
armada com espadas e porretes, que tinha sido mandada pelos chefes dos sacerdotes, pelos mestres da lei e pelos líderes
judeus.
O texto acima fala por si só: um julgamento na casa do sumo sacerdote com a participação de apenas
alguns lideres judeus e alguns mestres da lei. Por que na casa do Sumo Sacerdote? Por que não no
Sinédrio que era a suprema corte de Israel?
Obs.: Um julgamento judaico sério deveria acontecer sempre e invariavelmente de dia, e no Sinédrio, ou
seja, a suprema corte judaica com os 70 membros e presidido pelo Sumo Sacerdote.
Marcos 15: 1 assim que amanheceu, os chefes dos sacerdotes se reuniram com os líderes dos judeus, e com os mestres da lei,
e com todo o Sinédrio e fizeram os seus planos. Eles amarraram Jesus, e o levaram, e entregaram a Pilatos. 2 Pilatos
perguntou: —você é o rei dos judeus? —quem está dizendo isso é o senhor! —respondeu Jesus.
Repare que a mesma pergunta foi feita pelo sumo sacerdote e por Pilatos: Você é o messias, o rei dos
judeus? E o povo? Estava do lado de quem? De Jesus ou da elite do templo?
Marcos 10: 46 Jesus e os discípulos chegaram à cidade de Jericó. Quando ele estava saindo da cidade, com os discípulos e
uma grande multidão, encontrou um cego chamado Bartimeu, filho de Timeu. O cego estava sentado na beira do caminho,
pedindo esmola.
Marcos 11: 8 muitas pessoas estenderam as suas capas no caminho, e outras espalharam no caminho ramos que tinham
cortado nos campos. 9 tanto os que iam na frente como os que vinham atrás começaram a gritar: —Hosana a Deus! Que
Deus abençoe aquele que vem em nome do senhor! 10 que Deus abençoe o reino de Davi, o nosso pai, o reino que está vindo!
Hosana a Deus nas alturas do céu!
Marcos 12: 37 o próprio Davi chama o messias de senhor. Portanto, como é que o messias pode ser descendente de Davi?
Uma grande multidão escutava com prazer o que Jesus ensinava.
Por que os chefes dos sacerdotes ou saduceus, os escribas e os lideres judeus tinham medo do povo?
Marcos 11: 17 e ele ensinava a todos assim: —nas escrituras sagradas está escrito que Deus disse o seguinte: “a minha casa
será chamada de ‘casa de oração’ para todos os povos.” Mas vocês a transformaram num esconderijo de ladrões! 18 os
chefes dos sacerdotes e os mestres da lei ouviram isso e começaram a procurar um jeito de matar Jesus. Mas tinham medo
dele porque o povo admirava os seus ensinamentos.
Marcos 12:12 os líderes judeus sabiam que a parábola era contra eles e quiseram prender Jesus, mas tinham medo do povo.
Por isso deixaram Jesus em paz e foram embora.
Marcos 14:1 faltavam dois dias para a festa da páscoa e a festa dos pães sem fermento. Os chefes dos sacerdotes e os mestres
da lei procuravam um jeito de prender Jesus em segredo e matá-lo 2 eles diziam: —não vamos fazer isso durante a festa,
para não haver uma revolta no meio do povo.
O povo é claro estava do lado de Jesus, e por isto a classe dirigente da Judéia tinha medo tanto de Jesus
quanto da multidão que o seguia. Por esta razão não o prenderam no templo de dia. Por que era preciso
uma pessoa intima de Jesus para trai-lo? E por que os lideres dos sacerdotes e do templo não prenderam
Jesus de dia no próprio templo? Porque os lideres judeus, os chefes dos sacerdotes e os escribas, ou seja, a
classe dirigente e dominante da Judéia tinha medo de prender Jesus de dia no templo por causa do povo
que estava a favor de Jesus, pois Jesus pregava contra a injustiça da classe dominante que se escondia no
templo. E eles precisavam de alguém intimo de Jesus que soubesse onde ele estaria à noite, como diz o
texto acima “ em segredo “ , e assim à noite prende-lo, na calada da noite prende-lo, julga-lo, e assim foi,
tanto é verdade que julgaram Jesus de madrugada na casa do sumo sacerdote, tal julgamento foi uma farsa
como já relatamos e entregaram Jesus para ser julgado por Pilatos às 6 horas da manhã. Quando deram 9
horas da manhã Jesus já estava na cruz. Eu pergunto: como é o movimento nas ruas hoje às 6 horas da
manhã? Entendeu?!?
Então quem era a multidão que estava às seis horas da manhã no pretório que gritava para Pilatos:
crucificai-o! O evangelho de João nos dá à pista de quem era a multidão que gritava: crucifica-o!
Crucifica-o!
João 19: 1 então, por isso, Pilatos tomou a Jesus e mandou açoitá-lo. 2 os soldados, tendo tecido uma coroa de espinhos,
puseram-lha na cabeça e vestiram-no com um manto de púrpura. 3 chegavam-se a ele e diziam: salve, rei dos judeus! E
davam-lhe bofetadas. 4 outra vez saiu Pilatos e lhes disse: eis que eu vo-lo apresento, para que saibais que eu não acho nele
crime algum. 5 saiu, pois, Jesus trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Disse-lhes Pilatos: eis o homem! 6 ao
verem-no, os principais sacerdotes e os seus guardas gritaram: crucifica-o! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: tomai-o vós
outros e crucificai-o; porque eu não acho nele crime algum.
Às 6 horas da manhã é claro que o povão estava ainda em suas casas, uns dormindo, outros acordando pra
o iniciar de um novo dia e etc. O evangelho de João nos diz que o povo que gritou crucificai-o eram os
principais sacerdotes, ou seja, os saduceus, e os seus guardas, ou seja, os guardas do templo.
Repare que Jesus diz que o templo tinha se tornado um esconderijo de ladrões. É isto mesmo, esconderijo,
um local onde as pessoas se escondem. Se esconder do que? Escondiam-se atrás da religião e dos ritos de
purificação e expiação que eram realizados no Templo e pensavam que estariam seguros. Eram parceiros
da opressão romana. Que penalizava o povo com altas taxas de impostos. Que tomavam as terras até das
viúvas pobres. Jesus denunciou os escribas por isto. Quem eram os escribas? Eram doutores da lei,
letrados, eles que copiavam em rolos as sagradas escrituras, ou seja, a Torá, os profetas e demais. Eram
funcionários dos saduceus e dos chefes dos sacerdotes e dos ricos, eles administravam os contratos de
empréstimos e depois tomavam as propriedades das viúvas impossibilitadas de pagar as dividas. Eles
escravizavam os filhos daqueles também que tinham dividas e os mandavam para a guerra. A classe
sacerdotal que deveria protestar contra as injustiças e proteger o órfão, a viúva e o estrangeiro os
oprimiam. Eles se tornaram colaboradores do império romano, e oprimiam o povo à troca de regalias e
riquezas.
Lembre-se do texto :
Marcos 12: 38 ele dizia ao povo: —cuidado com os mestres da lei! Eles gostam de andar para lá e para cá, usando capas
compridas, e gostam de ser cumprimentados com respeito nas praças; 39 preferem os lugares de honra nas sinagogas e os
melhores lugares nos banquetes. 40 exploram as viúvas e roubam os seus bens; e, para disfarçarem, fazem orações
compridas. Portanto, o castigo que eles vão sofrer será pior ainda!
Esconderijo de ladrões
Jesus usou um texto de Isaias conjugado com outro de Jeremias para falar do Templo, porém o texto que
nos interessa é o do Profeta Jeremias:
Jeremias 7: 4 não confiem mais nestas palavras mentirosas: “nós estamos seguros! Este é o templo do senhor, este é o
templo do senhor, este é o templo do senhor!” 5 —mudem de vida e parem de fazer o que estão fazendo. Sejam honestos uns
com os outros. 6 parem de explorar os estrangeiros, os órfãos e as viúvas. Não matem mais pessoas inocentes neste lugar. E
parem de adorar outros Deuses, pois isso vai acabar com vocês. 7 se vocês mudarem de vida, eu deixarei que continuem
morando aqui, na terra que dei para sempre aos seus antepassados. 8 —vejam! Vocês estão confiando em palavras
mentirosas e sem valor. 9 vocês roubam, matam, cometem adultério, juram para encobrir mentiras, oferecem sacrifícios a
Baal e adoram outros Deuses que vocês não conheciam no passado. 10 fazem coisas que eu detesto, depois vêm e ficam na
minha presença, no meu próprio templo, e dizem: “nós estamos seguros!” 11 será que vocês estão pensando que o meu
templo é um esconderijo de ladrões? Eu tenho visto o que vocês estão fazendo. Sou eu, o senhor, quem está falando.
Vocês acham, acusa Deus a elite judaica através de Jeremias, que tudo que Deus quer é o
comparecimento regular ao templo em vez da distribuição da terra de Deus? Em vez da pratica da justiça?
Nesse contexto o significado de “esconderijo de ladrões” é muito claro. A injustiça cotidiana das pessoas
as transforma em bandidos, e elas viam o templo como sua casa, seu covil, esconderijo ou local de
segurança. O templo não é o lugar onde ocorrem roubos, mas o lugar onde os bandidos vão procurar
refúgio. Jeremias não estava declarando nada de novo com essa acusação. Havia uma antiga tradição
profética em que Deus insistia, não somente na justiça e no culto, mas na justiça acima do culto. Deus
tinha dito repetidamente através de vários profetas “ rejeito sua adoração por sua falta de justiça”, mas
nunca, jamais Deus disse: “ rejeito sua justiça por sua falta de adoração”. Aqui há um exemplo dessas
passagens:
Amós 5: 21 o senhor diz ao seu povo: —eu odeio, eu detesto as suas festas religiosas; não tolero as suas reuniões solenes. 22
não aceito animais que são queimados em sacrifício, nem as ofertas de cereais, nem os animais gordos que vocês oferecem
como sacrifícios de paz. 23 parem com o barulho das suas canções religiosas; não quero mais ouvir a música de harpas. 24
em vez disso, quero que haja tanta justiça como as águas de uma enchente e que a honestidade seja como um rio que não
pára de correr.
Oséias 6: 6 pois misericórdia quero, e não sacrifício; e o conhecimento de Deus mais do que holocaustos.
Miquéias 6: 6 com que me apresentarei ao senhor e me inclinarei ante o Deus excelso? Virei perante ele com holocaustos,
com bezerros de um ano? 7 agradar-se-á o senhor de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu
primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo, pelo pecado da minha alma? 8 ele te declarou, ó homem, o que é
bom e que é o que o senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.
Isaías 1: 11 de que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? —diz o senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros
e da gordura de animais cevados e não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes. 12 quando vindes
para comparecer perante mim, quem vos requereu o só pisardes os meus átrios? 3 não continueis a trazer ofertas vãs; o
incenso é para mim abominação, e também as festas da lua nova, os sábados, e a convocação das congregações; não posso
suportar iniqüidade associada ao ajuntamento solene. 14 as vossas festas da lua nova e as vossas solenidades, a minha alma
as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer. 15 pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos;
sim, quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue. 16 lavai-vos,
purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal. 17 aprendei a fazer o bem;
atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas.
O próprio nome Deus (Elohim) em hebraico quer dizer também juiz, como Deus é justo, Ele é juiz =
Elohim, e o mundo todo pertence a ele, o culto, a adoração não pode ser separada da justiça ou até mesmo
substituí-la, porque a justiça, ou a união a um Deus de justiça, dá força ao fiel para uma vida de justiça.
Deus ama a justiça e aborrece a injustiça. Não adianta nada rituais religiosos sem uma vida de piedade e
justiça. Não se pode inverter esta ordem. Como mostram os textos acima no próprio velho Testamento
Deus dava mais importância a uma vida pratica de justiça, juízo, misericórdia e fidelidade. Voltemos a
Jesus. Jesus usa as palavras de Jeremias no mesmo contexto. O incidente no templo, ou seja, a ação de
Jesus de expulsar os cambistas, envolvia tanto um ensinamento como um anuncio profético. Jesus não
estava com tal ato se referindo aos cambistas em si, mesmo porque tal atividade era legal e até prevista na
lei de Moisés. Jesus estava se referindo a corrupção e injustiças da elite do Templo, quem é que vivia no
templo? Não eram os chefes dos sacerdotes ou saduceus e escribas? Jesus denunciava a colaboração da
Estudo feito por Eliezer Lucena 6
Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos
elite religiosa com a dominação política que gerava a opressão do povo. Lembrem-se das viúvas e dos
órfãos. Jesus não estava criticando os sacrifícios em si, a adoração em si, mas estava dizendo que não
adiantava nada somente comparecer ou até mesmo morar no Templo e viver na corrupção, não combina.
Deus é justo e integro, e quando o culto substituiu a justiça, Deus rejeitou o Templo de Jerusalém, para
nós hoje, atualmente, a igreja de Deus.
No texto acima fica claro que os que prenderam Jesus o levaram à casa do Sumo Sacerdote Kaifás onde
foi feito um julgamento à noite totalmente contrario ao que ordenava a Lei Judaica da época. Um
julgamento sério deveria ocorrer de dia e no Sinédrio, deveria contar com a presença de todo os
integrantes do Sinédrio, ou seja, 71 membros, e deveria contar com testemunhas qualificadas de acusação,
não testemunhas arranjadas e contraditórias como foi o caso.
Podemos usar um exemplo do próprio novo testamento de um procedimento quase correto, se não fosse
pelas testemunhas arranjadas, de um julgamento que seguiu as exigências da Lei Judaica da época, que
foi o julgamento de Estevão registrado em Atos dos Apóstolos capitulo 6, conforme texto abaixo:
Atos 6: 8 Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. 9 Levantaram-se, porém, alguns dos
que eram da sinagoga chamada dos Libertos, dos cireneus, dos alexandrinos e dos da Cilícia e Ásia, e discutiam com Estêvão;
10 e não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito, pelo qual ele falava. 11 Então, subornaram homens que dissessem:
Temos ouvido este homem proferir blasfêmias contra Moisés e contra Deus. 12 Sublevaram o povo, os anciãos e os escribas
e, investindo, o arrebataram, levando-o ao Sinédrio. 13 Apresentaram testemunhas falsas, que depuseram: Este homem não
cessa de falar contra o lugar santo e contra a lei; 14 porque o temos ouvido dizer que esse Jesus, o Nazareno, destruirá este
lugar e mudará os costumes que Moisés nos deu. 15 Todos os que estavam assentados no Sinédrio, fitando os olhos em
Estêvão, viram o seu rosto como se fosse rosto de anjo.
No versículo 12 temos o registro de um procedimento normal e legal da época, se alguém tivesse alguma
acusação contra outro alguém deveria levar ao Sinédrio durante o dia, e o Sinédrio através de um
julgamento deveria resolver a questão, como foi o caso de Estevão. No caso de Estevão contudo houve
uma irregularidade inadmissível que foram as testemunhas forjadas, porém existe um similaridade na
acusação com o julgamento de Jesus, que está no versículo 13: “Este homem não cessa de falar contra o lugar
santo e contra a lei; 14 porque o temos ouvido dizer que esse Jesus, o Nazareno, destruirá este lugar e mudará os costumes
que Moisés nos deu.” O lugar Santo era o Templo que as testemunhas diziam que Estevão falava que Jesus
destruiria, podemos concluir que o motivo da execução de Estevão foi o mesmo da execução de Jesus, ou
seja, proferir sentenças de destruição contra o Templo dos judeus.
No capitulo 13 de Lucas, disseram os fariseus a Jesus que Herodes queria matá-lo que ele fosse embora
de Jerusalém porque era perigoso. No capitulo 23 de Lucas Herodes faz as pazes com Pilatos. Muito
estranho esta reconciliação de Herodes com Pilatos por ocasião da prisão de Jesus. Vamos ao que
interessa. Pilatos é visto por muitos pregadores e crentes com o bonzinho que tentou salvar a vida de
Jesus. No entanto esta não é verdade histórica. O mesmo Pilatos que queria libertar Jesus mandou açoita-
lo. Um açoite era a soma de 39 chibatadas. Estas chibatadas eram dadas e aplicadas com um instrumento
que se chamava azorrague. O azorrague era uma tira grossa de couro que na sua ponta tinha mais doze
tiras de couro mais finas, e nas pontas destas tiras finas eram fixadas 12 pedaços pontiagudos de osso ou
ferro. Então façamos as contas: 39 x 12 = 468. O corpo de Jesus ficou com 468 buracos feitos pelos ossos
pontiagudos ou ferro do azorrague. Sem contar que isto era aplicado por um tipo de carrasco, ou seja,
homens fortes e preparados para a guerra e a tortura coisa que era especialidade do Império Romano.
O crucificado não tinha direito a enterro, ou seja, a crucificação era uma punição que deveria servir de
exemplo, e o crucificado ficava pendurado na cruz às vezes até uma semana inteira, e ia morrendo aos
poucos e seu corpo se apodrecendo na cruz. E o corpo do crucificado servia de alimento para os abutres e
urubus e até mesmo para os cães que subiam na cruz para se alimentar da carne podre em estado de
putrificação.
Como podemos explicar a morte de Jesus que suportou apenas 6 horas na cruz? É obvio que Jesus já foi
para a cruz meio que semimorto, quase morto devido aos açoites, ou seja, os 468 buracos que o
azarrogue do carrasco fez em seu corpo e este ficou em carne viva.
Marcos 15: 42 ao cair da tarde, por ser o dia da preparação, isto é, a véspera do sábado, 43 vindo José de Arimatéia, ilustre
membro do Sinédrio, que também esperava o reino de Deus, dirigiu-se resolutamente a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. 44
mas Pilatos admirou-se de que ele já tivesse morrido. E, tendo chamado o centurião, perguntou-lhe se havia muito que
morrera. 45 após certificar-se, pela informação do comandante, cedeu o corpo a José.
Como prova o texto acima o próprio Pilatos ficou admirado que Jesus já estivesse morto no mesmo dia e
apenas 6 horas pendurado na cruz. E Pilatos não acreditou por si só, que mandou um centurião verificar
se era verdade que Jesus já estava morto. O criminoso punido com a crucificação deveria ter uma morte
lenta e demorada na cruz, chegando a ficar dias pendurado na cruz.
Quem mandou açoitar Jesus?
Pilatos.
Quem caçoou de Jesus?
Os soldados romanos.
Quem colocou uma coroa de espinhos em Jesus e zombou dele chamando-o de rei?
Os soldados romanos.
Quem batia na cabeça de Jesus e perguntava. Profetiza, ou seja, adivinha quem te bateu?
Os soldados romanos.
Tudo isto a mandado de quem?
É obvio que de Pilatos e Herodes.
Onde está então o Pilatos bonzinho? Caberia aqui um breve resumo de
alguns estudiosos sobre a pessoa de Pilatos.
Pôncio Pilatos teria passado praticamente despercebido pelos historiadores se no período em que foi
prefeito da Judéia, não tivesse participado do injusto processo que condenou Nosso Senhor Jesus Cristo.
Por isso, seu nome foi incluído no quarto artigo do credo para deixar claro que a redenção deu-se num
lugar concreto do mundo, a Palestina. Num tempo concreto da história, isto é, quando Pilatos era prefeito
da Judéia.
Tendo a Judéia perdido sua independência, tornou-se uma Província Romana. Administrada por um
governador, era este o supremo magistrado a quem eram deferidas todas as causas capitais. Foi então que
no ano 26 d.C., Pôncio Pilatos veio suceder Valério Grato no governo desta região.
Os detalhes de sua vida que antecedem à sua chegada na Palestina nos são desconhecidos. Porém muitos
historiadores admitem que ele era descendente de uma nobre família romana e que desposara uma parenta
do imperador Tibério chamada Cláudia Prócula.
Alguns escritores antigos o chamam de procurador, entretanto, este título parece ter sido concedido aos
governadores da Judéia num período posterior ao de Pilatos. Conforme uma inscrição encontrada nas
ruínas do Anfiteatro de Cesaréia Marítima, no ano de 1961, o seu verdadeiro ofício era o de Prefeito. Esta
lápide encontra-se hoje no Museu de Jerusalém.
Pilatos estava à frente de uma circunscrição a qual pertenciam três pequenas regiões: Judéia, Samaria e
Iduméia. Tendo esta última seus limites pouco definidos, necessitava de uma particular atenção. Mesmo
sendo províncias de exígua importância, não era nada fácil administrá-las, pois sempre estavam
envolvidas em revoltas e conspirações.
As principais funções do Prefeito eram a de manter a ordem na província, arrecadar os impostos que
deveriam ser enviados a Roma e administrá-la judicialmente. Por este motivo é que tomou parte no
injusto processo que condenou Jesus.
Pilatos habitualmente residia em Cesárea, que era a capital oficial e estava situada à beira mar. Esta
cidade foi construída por Herodes o Grande, que lhe deu este nome com o intuito de lisonjear o imperador
César Augusto.
Entretanto, durante as festas mais significativas dos judeus, transladava-se para Jerusalém com todos os
seus soldados, residindo no Pretório, contíguo à torre Antonia, ao noroeste do templo. Agia assim por
temer que aquela multidão viesse a tramar alguma insurreição contra o poderio romano na Judéia.
Embora seu regimento não superasse a 4.500 soldados, podia em caso de necessidade, solicitar o auxílio
militar do governador da Síria que era o seu superior imediato.
No período em que governou a Palestina, ocorreram diversos incidentes. Flávio Josefo conta que em certa
ocasião Pilatos mandou introduzir em Jerusalém o estandarte de sua tropa com as insígnias do Imperador
Tibério. A presença de representações humanas na Cidade Santa provocou uma indignação geral. Viam
nisto a violação de suas leis divinas que não permitiam elevar nenhuma imagem em sua cidade. Partiu
então de Jerusalém uma delegação de judeus, rumo à sua residência em Cesaréia, a fim de protestar.
Permaneceram ali durante cinco dias e cinco noites. Ao final, Pilatos, indignado com aquele tumulto,
convidou os judeus para que se apresentassem diante dele. Primeiramente mostrou-se cordial como se
quisesse atender os seus pedidos. Enquanto o povo se reunia, apareceram três esquadrões que o cercaram
de todos os lados. Pilatos, a fim de intimidá-los, ordenou que suas tropas desembainhassem as espadas.
Esta ameaça só fez acirrar ainda mais o ânimo daqueles judeus. Através do gesto de desnudar os seus
pescoços, quiseram demonstrar ao governador que preferiam morrer a ver a Cidade Santa profanada com
imagens de falsos deuses. Temendo desordens ainda maiores, Pilatos recuou. Mandou então tirar os
estandartes, bem como as insígnias imperiais de Jerusalém.
Flávio Josefo narra outro episódio ocorrido durante seu mandato. Pilatos mandou construir um aqueduto
para levar água das imediações de Belém até Jerusalém. Porém, devido ao alto custo do projeto, resolveu
então tomar o dinheiro do tesouro do Templo chamado Korbonan. Este fato deu origem a uma grande
rebelião e, para reprimi-la, o governador usou de um cruel estratagema.
Mandou que vários de seus soldados fossem à Jerusalém, disfarçados como peregrinos. Deviam estar sem
espadas, munidos apenas de um pequeno bastão escondido por entre a roupa. E, quando já se
encontravam misturados no meio do povo, todos a uma só vez começaram a golpear os revoltosos.
Muitos daqueles que conseguiram escapar das mãos dos soldados, acabaram por morrer pisoteados pela
multidão que fugia assustada.
Contudo, o mais grave dos casos sucedidos durante o seu mandato foi o violento massacre ocorrido no
Monte Garazim no ano 35. Um samaritano por acreditar haver chegado o tempo messiânico, convenceu o
povo a tomar armas contra os romanos. Pilatos, ao ser alertado sobre o fato, ocupou o caminho que leva
até este monte sagrado dos samaritanos e ordenou ao seu exército que apunhalasse os revoltosos. Muitos
destes morreram e outros foram feitos prisioneiros.
Após este episódio, os samaritanos mandaram uma delegação ao governador da Síria, Lúcio Vitélio, que
destituiu Pilatos de seu cargo. Em seguida, mandou-o a Roma para dar contas de sua administração ao
Imperador. Depois de 54 dias de viagem desembarcou na Itália. Entretanto, Tibério seu protetor, havia
morrido poucos dias antes. Segundo uma tradição recolhida por Eusé¬bio de Cesaréia, o cruel governador
não gozava da simpatia do novo Imperador Calígula. Foi então exilado para a França e lá se suicidou.
Nos séculos seguintes apareceram diversas legendas sobre sua pessoa. Algumas delas diziam que Tibério
mandou executá-lo, lançando seu corpo no rio Tibre. Outras, tendo como base o Evangelho apócrifo de
Nicodemos, apresentavam-no como conver¬tido ao cristianismo junta¬mente com sua mulher Prócula.
Os Evangelistas apresentam Pilatos como sendo um homem venal, inconstante e frívolo. Mesmo sem
conhecermos qual tenha sido o seu verdadeiro destino, a imagem que temos gravada na memória é a de
um injusto juiz que lavou as mãos do sangue de um inocente. E na água que procurava limpar o seu
pecado, viu nela afogar-se o direito romano que deveria ter sido defensor. “A história do direito não
conheceu sentença mais arbitrária e antijurídica”
O procurador ou prefeito era um administrador em ligação com o legado que governava a província
romana da Síria e dependia dele. Residia em Cesaréia, mas subia a Jerusalém e podia lá permanecer
conforme as circunstâncias ou as necessidades.
Por causa de Flávio Josefo[9] se pensava que a Judéia fora governada por procuradores (epítropos, em
grego, procurator, latim), mas hoje se sabe, graças a uma inscrição sobre Pilatos encontrada em
Cesaréia[10], que, até Cláudio, os governadores romanos da Judéia tinham o título de éparchos ou
praefectus = prefeito. Após Cláudio, que se tornou Imperador no ano 41, podemos falar de
“procuradores”. Portanto, a partir de Cúspio Fado (44-46). Entretanto, os dois títulos, para as províncias
imperiais, como era o caso da Judéia, eram equivalentes, tendo perdido o significado original da época da
República. Tanto o prefeito como o procurador tinham funções fiscais, militares e judiciais[11].
Estudo feito por Eliezer Lucena 11
Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos
Pôncio Pilatos, prefeito da Judéia, que pronuncia a sentença de morte contra Jesus de Nazaré, é um
governante duro e decidido, que nunca simpatizou com os judeus.
Herodes Agripa I, escrevendo ao Imperador Calígula, descreve-o como inflexível por natureza e cruel por
causa de sua obstinação. Acusa-o de venal, violento, extorsivo e tirânico. Pertence à ordem dos
cavaleiros, classe de pessoas ricas, muitos de origem humilde e até descendentes de escravos, que fizeram
fortuna das mais variadas maneiras.
Pilatos é nomeado procurador por Tibério, graças à influência de Sejano, o poderoso prefeito da guarda
pretoriana em Roma que é realmente quem manobra o poder. Sejano faz de tudo para prejudicar os
judeus. E consegue. Sob um pretexto qualquer, faz com que Tibério tome decisões anti-judaicas.
Pilatos faz muitas coisas contrárias aos costumes judeus, desrespeitando-os deliberadamente, para irritá-
los e reprimi-los.
Embora saiba que os judeus abominam a reprodução de imagens de qualquer espécie, ele manda cunhar
moedas com símbolos gentios. Símbolos como o lituus “um bastão recurvado numa das extremidades, em
forma de chifre, que servia para demarcar o recinto onde os sacerdotes pagãos observavam as aves do
sacrifício”, e o simpulum, espécie de concha sagrada. Pilatos é o único governante romano que tem tal
ousadia [12].
Certa vez, Pilatos manda que seus soldados entrem em Jerusalém, à noite, levando efígies do Imperador
nos estandartes. Quando amanhece, o povo se revolta com tal afronta, e ele tenta reprimi-lo. Mas tem que
ceder diante da grande coragem dos judeus que preferem morrer a transgredir a Lei. Nas palavras de
Flávio Josefo:
“Certa feita, Pilatos mandou levar, de noite, para Jerusalém, um certo número de imagens veladas do
César, que os romanos chamavam de ‘estandartes’. Mal o dia clareou, uma grande agitação tomou conta
da cidade. Todos quantos chegavam perto, enchiam-se de indignação com o espetáculo, que eles tomaram
como uma zombaria grave à lei que proibia colocar qualquer imagem que fosse no interior da cidade.
Pouco a pouco a exacerbação dos habitantes da cidade atraiu grandes multidões de pessoas que moravam
no campo. E todos se dirigiram a Cesaréia, para falar com Pilatos. Suplicavam-lhe que mandasse tirar as
imagens de Jerusalém e desistisse de agir contra as normas da religião judaica. Pilatos recusou-se a
atender ao pedido deles. Então os judeus se lançaram por terra e ficaram imóveis, no lugar, durante cinco
dias e cinco noites.
No sexto dia Pilatos sentou-se numa tribuna, no grande hipódromo da cidade, e convocou o povo, como
se quisesse comunicar-lhe uma notícia. Em seguida, porém, fez aos soldados o sinal antes combinado,
para cercarem os judeus, de armas na mão. Envolvidos por três fileiras de homens armados, os judeus
foram tomados de violenta comoção diante do fato inesperado. Pilatos mandou massacrá-los, caso não
admitissem a presença de imagens do Imperador em seu meio. Fez então novo sinal aos soldados para
desembainharem as espadas. Os judeus, à uma, jogaram-se por terra, como se tivessem combinado entre
si, e ofereceram o pescoço desnudo, declarando em alta voz que preferiam deixar-se matar a transgredir a
Lei. Esta atitude heróica do povo em defesa de sua religião causou grande espanto em Pilatos. Ele
ordenou, então, que as insígnias do Imperador fossem retiradas de Jerusalém”[13].
[9] . “O território de Arquelau foi assim reduzido a província e Copônio, um romano da ordem dos cavaleiros, foi enviado
por Augusto como procurador (epítropos), com plena autoridade”, diz JOSEFO, F., Bellum Iudaicum, 2, 117.
[10] . A inscrição foi encontrada no teatro romano de Cesaréia Marítima por uma expedição arqueológica italiana dirigida
por Antonio Frova. Diz: TIBERIEVM PON]TIVS PILATVS PRAEF]ECTUS IVDA[EA]E.
[11] . Cf. SCHÜRER, E., Storia del Popolo Giudaico al Tempo de Gesù Cristo I, Brescia, Paideia, 1985, pp. 441-444.
[12] . Cf. SPEIDEL, K. A., O julgamento de Pilatos. Para você entender a Paixão de Jesus, São Paulo, Paulus, 1979, pp. 91-
92.
[13] . JOSEFO, F., Bellum Iudaicum, 2, 169-174.
Pôncio Pilatos foi prefeito da província romana da Judéia do ano 26 d.C. até o ano 36 ou começo do 37
d.C. Sua jurisdição chegava até a Samaria e aIduméia. Antes destas datas pouco é sabido da sua vida. O
título do cargo que exerceu foi o de praefectus (prefeito), da mesma forma que todos aqueles que
ocuparam esse cargo antes do Imperador Cláudio e está confirmado por uma inscrição que apareceu na
Cesáréia. O titulo procurador que alguns antigos autores utilizam para referir-se e este cargo, é um
anacronismo. Os evangelhos referem-se a ele de forma genérica com o título de "governador". Como
prefeito tinha que manter a ordem na província e administrá-la tanto judicial como economicamente.
Portanto, devia de estar à frente do sistema judicial (conforme consta que fez no processo de Jesus) e
recolhia os impostos para manter as necessidades da província e de Roma. Dessa última atividade não
existem provas diretas, ainda que o incidente do aqüeduto, contado por Flávio Josefo (veja abaixo), é
certamente uma conseqüência dela. Além disso, encontraram-se moedas dos anos 29, 30 e 31, que sem
margem de erro foram mandadas fazer por Pilatos. Mas, acima de tudo ele passou à História por ter sido
quem mandou executar a Jesus de Nazaré; ironicamente, com isso seu nome foi incluído no símbolo da fé
cristã: "padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado...".
Segundo contam Filão e Flávio Josefo, seu relacionamento com os judeus não era bom. Na opinião de
Josefo, os anos em que Pilatos esteve como prefeito foram anos turbulentos na Palestina, e Filão escreve
que o governador caraterizava-se pela "sua venalidade, sua violência, seus roubos, seus assaltos, sua
conduta abusiva, as freqüentes execuções de prisioneiros que não tinham sido julgados, e uma ferocidade
sem limites" (Gaio 302). Ainda que nestas apreciações com certeza influam a intencionalidade e a
compreensão própria dos autores, a crueldade de Pilatos, como sugerido em Lc.13,1,onde é mencionado o
incidente de uns homens da Galiléia que tiveram seu sangue misturado ao dos sacrifícios por ordem do
governador, é indubitável.
Josefo e Filão também contam que Pilatos introduziu em Jerusalém as insígnias em honra a Tibério, o que
deu origem a uma revolta, obrigando-o a levá-las para Cesaréia. Josefo relata em outro momento que
Pilatos usou o dinheiro sagrado para construir um aqüeduto. A decisão levantou uma revolta que foi
sangrenta. Alguns pensam que este é o fato ao qual faz referência Lc.13,1.Um último episódio contado
por Josefo é a repressão violenta dos samaritanos no monte Garizim, ao redor do ano 35. Como
conseqüência, os samaritanos enviaram representantes ao governador da Síria, L. Vitelio, que afastou
Pilatos do seu cargo. Foi chamado a Roma para dar explicações, mas chegou após a morte de Tibério.
Segundo a tradição recolhida por Eusébio, caiu em desgraça no império de Calígula e terminou
suicidando-se.
Nos séculos seguintes surgiu todo tipo de lendas sobre sua pessoa. Algumas lhe atribuíam um final
desastroso no Tevere ou em Vienne (França), enquanto outras (sobretudo as Atas de Pilatos, que na Idade
Media faziam parte do Evangelho de Nicodemos) apresentam-no como um converso ao cristianismo
junto com sua esposa Prócula, que é venerada como santa na Igreja Ortodoxa pela defesa de Jesus (Mt 27,
19). O próprio Pilatos está contado entre os santos da igreja etíope e copta. Mas, acima destas tradições,
que na sua origem refletem a tentativa de mitigar a culpa do governador romano no tempo em que o
cristianismo tinha dificuldades para abrir caminho no império, a figura de Pilatos, que conhecemos pelo
evangelho, é a de uma personagem indolente, que não quer se enfrentar com a verdade e prefere contentar
a multidão.
Sua presença no Credo é de muita importância porque nos lembra que a fé cristã é uma religião histórica e
não um programa ético ou uma filosofia. A redenção operou-se num lugar concreto do mundo, a
Palestina, num tempo concreto da história, quando Pilatos era prefeito da Judéia.
BIBLIOGRAFIA
SCHWARTZ, D. R. "Pontius Pilate", in Anchor Bible Dictionary, vol. 5 (ed. D.N. Freedman), Doubleday, New York 1992, pp.
395-401.
Poncio Pilatos é o mais conhecido governador, prefeito ou procurador romano da Judéia de todos os que
tais cargos ocuparam. Ocupou o cargo entre 26 a 36 d.C. Uma inscrição latina descoberta em 1961, em
Cesáreia, revela que ele tinha oficialmente o titulo de prefeito (praefectus), e não o de procurador, como
fontes posteriores, inclusive o historiador romano Tácito, asseveram. O desempenho de Pilatos na Judéia
é avaliado com alguns detalhes pelos historiadores; Flavio Josefo e Filon de Alexandria, mas sua
duradoura notoriedade inquestionavelmente se deve ao Novo Testamento, ou seja, ao papel que ele
desempenhou na condenação à morte e crucificação de JESUS. Seus nome veio até mesmo a fazer parte
do Credo cristão.
Há dois retratos muito diferentes de Pilatos. Um traçado pelos historiadores judeus do século I d.C., Filon
e Josefo, e o outro pelos evangelistas e pela igreja primitiva. Os dois claramente têm muito pouco em
comum.
O Pilatos de Josefo é um funcionário rígido, insensível e cruel que mereceu plenamente seu afastamento
do cargo por seu supervisor regional, Vitélio, governador romano da Síria em 36/37 d.C. Aparentemente,
pouco depois de sua chegada à Judéia, Pilatos rompeu com o costume de seus predecessores, que
respeitavam a sensibilidade religiosa dos judeus, e ordenou que seus soldados marchassem por Jerusalém
carregando estandartes romanos com a imagem do imperador, assim desnecessariamente provocando e
ofendendo os judeus. Em seguida, ele gerou um levante popular quando se apropriou ilegalmente do
dinheiro chamado CORBAN (OFERENDA) do tesouro do Templo e o utilizou na construção de um
aqueduto que abastecia Jerusalém. Multidões de judeus protestaram. Embora desarmados, muitos foram
massacrados pelos legionários comandados por Pilatos, enquanto outros morreram no tumulto que se
seguiu. Segue texto na integra segundo Flavio Josefo:
Por volta desse tempo, havia Jesus, um homem sábio. Pois ele era alguém que praticava feitos surpreendentes e
um mestre de pessoas que recebiam o extraordinário com prazer. Ele motivou muitos judeus e também muitos
gregos. E quando Pilatos o condenou à cruz, já que ele era acusado por aqueles da mais alta categoria entre
nós, os que o haviam amado desde o inicio não pararam de causar perturbações. E até agora a tribo dos cristãos,
assim chamados por causa dele ainda não se extinguiu.
FLAVIO JOSEFO - ANTIGUIDADES JUDAICAS LIVRO 18 VERSOS 63-64
Um outro ato criminoso, que finalmente levou à demissão de Pilatos do cargo de procurador da Judéia
pelo governador da Síria Vitélio, foi um ataque assassino a um grupo de samaritanos. Com as queixas
feitas por notáveis judeus, Vitélio afastou Pilatos do cargo de procurador ou prefeito da Judéia e ordenou
que ele se apresentasse ao imperador em Roma para responder por seus abusos.
Um outro ato seguinte de crueldade, não registrado por Flavio Josefo, mas incluído no Evangelho de
Lucas 13:1, se refere ao massacre de peregrinos judeus da Galiléia viajando para Jerusalém com suas
oferendas sacrificiais, este relato de Lucas está ao que tudo indica em harmonia com os relatos dos
historiadores JOSEFO E FILON que retratam Pilatos como muito cruel.
Filon de Alexandria, contemporâneo de Pilatos, não tem testemunho pessoal a oferecer, mas cita uma
longa carta do rei judeu Agripa I (37-41 d. C.) ao imperador Calígula, na qual Pilatos é descrito como
teimoso, irascível e um homem vingativo. Dizia-se que ele era naturalmente inflexível, uma mistura de
voluntarismo e obstinação. Como procurador da Judéia, era culpado de insultos, roubos, desmandos e
ferimentos gratuitos, além de aceitar subornos; mas também era responsável por várias execuções sem
julgamento, bem como por muitos atos de terrível crueldade. Seria difícil pintar um retrato mais negro.
O próprio evangelho de Mateus nos textos acima diz quem planejou matar Jesus:
1. Os principais sacerdotes = príncipes dos sacerdotes
2. Os escribas
3. Os anciãos
4. Sumo sacerdote Kaifás e família.
Lucas 13:1 naquela mesma ocasião, chegando alguns, falavam a Jesus a respeito dos galileus cujo sangue Pilatos
misturara com os sacrifícios que os mesmos realizavam.
Perceba neste texto do próprio novo testamento a fúria e a crueldade de Pilatos, e o que ele fez com um
movimento messiânico oriundo da Galiléia. Pilatos não era nem justo, nem piedoso, nem santo como
muitos pensam, e ele não quis jamais salvar Jesus da morte. Lembrem dos 468 furos causados em Jesus a
mandado de Pilatos. Nossa!!! Como ele era justo e piedoso!!!
Lucas 13:31 naquela mesma hora, alguns fariseus vieram para dizer-lhe: retira-te e vai-te daqui, porque Herodes quer
matar-te.
João 19:1 então, por isso, Pilatos tomou a Jesus e mandou açoitá-lo. 2 os soldados, tendo tecido uma coroa de espinhos,
puseram-lha na cabeça e vestiram-no com um manto de púrpura. 3 chegavam-se a ele e diziam: salve, rei dos judeus! E
davam-lhe bofetadas.
João 19:6 ao verem-no, os principais sacerdotes e os seus guardas gritaram: crucifica-o! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos:
tomai-o vós outros e crucificai-o; porque eu não acho nele crime algum.
Atos 4: 27 porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e
Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, 28 para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram; 29
agora, senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra,
Lucas 23: 11 mas Herodes, juntamente com os da sua guarda, tratou-o com desprezo, e, escarnecendo dele, fê-lo vestir-se de
um manto aparatoso, e o devolveu a Pilatos. 12 naquele mesmo dia, Herodes e Pilatos se reconciliaram, pois, antes, viviam
inimizados um com o outro.
Após ler os textos acima cabe fazer uma pergunta que quase ninguém costuma fazer. Por que Herodes e
Pilatos fizeram as pazes por volta da ocasião do julgamento de Jesus? É obvio que foi devido a prisão e
morte de Jesus que era um inimigo comum que ambos tinham. E assim eliminando Jesus eles eliminaram
uma grande ameaça de rebelião do povo nas ruas. Eliminaram o líder do movimento messiânico, ou seja,
o movimento de libertar Israel do jugo estrangeiro que era o império romano.
Segundo Shalia Shaul quem matou Jesus foram os poderosos, ou seja, a classe dirigente da Judéia:
A família do sumo sacerdote kaífas, Anás, Alexandre...
Os escribas.
Os anciãos do povo; os líderes do povo.
Herodes. Rei de Israel.
Pilatos. Governador da Judéia.
São tantos textos e testemunhos no novo testamento que provam quem planejou a morte e quem matou
Jesus, porém a cristandade em geral, com raras exceções, recita de cor e salteado:
Veio para os seus e os seus não o receberam.
Os judeus mataram Jesus.
Os judeus rejeitaram Jesus.
O apostolo Paulo dá testemunho que quem matou Jesus foram os poderosos. Por poderosos entendemos
que foram a elite do Templo juntamente com o rei Herodes e o Governador romano da Judéia que era
Pôncio Pilatos.
Lucas discrimina quem foram estes poderosos, ou seja, foram lideres judeus que compunham o Sinédrio.
O Sinédrio era um grupo de lideres do povo composto por; anciãos, os escribas que copiavam os rolos da
lei, e os príncipes dos sacerdotes que era a família de Kaifás o sumo sacerdote da época.
apóstolos e resolveram fazer alguma coisa. 18 prenderam os apóstolos e os puseram na cadeia. 19 mas naquela noite um
anjo do senhor abriu os portões da cadeia, levou os apóstolos para fora e disse: 20 —vão para o templo e anunciem ao povo
tudo a respeito desta nova vida. 21 os apóstolos obedeceram e no dia seguinte, bem cedo, entraram no pátio do templo e
começaram a ensinar. Então o grande sacerdote e os seus companheiros chamaram os líderes do povo para uma reunião
do Sinédrio superior. Depois mandaram que alguns guardas do templo fossem buscar os apóstolos na cadeia. 22 porém,
quando os guardas chegaram lá, não encontraram os apóstolos. Então voltaram para o lugar onde o Sinédrio estava reunido
23 e disseram: —nós fomos até lá e encontramos a cadeia bem fechada, e os guardas vigiando os portões; mas, quando os
abrimos, não achamos ninguém lá dentro. 24 quando os chefes dos sacerdotes e o chefe da guarda do templo ouviram isso,
ficaram sem saber o que pensar sobre o que havia acontecido com os apóstolos. 25 nesse momento chegou alguém, dizendo:
—escutem! Os homens que vocês prenderam estão lá no pátio do templo ensinando o povo! 26 então o chefe da guarda do
templo e os seus homens saíram e trouxeram os apóstolos. Mas não os maltrataram porque tinham medo de serem
apedrejados pelo povo.
Os líderes do povo tinham medo do povo ? Por que eles tinham medo do povo ? Ora, não foi o povo
judeu que matou Jesus e o condenou a crucificação gritando: crucificai-o! Crucificai-o! ??? Que
estranho!?! Tem alguma coisa muito mal explicada nesta história.
Atos 5: 27 depois puseram os apóstolos em frente do Sinédrio. E o grande sacerdote disse: 28 —nós ordenamos que vocês
não ensinassem nada a respeito daquele homem. E o que foi que vocês fizeram? Espalharam esse ensinamento por toda a
cidade de Jerusalém e ainda querem nos culpar pela morte dele!
Espalharam o ensinamento de Jesus por toda a cidade de Jerusalém ? Ora, mas o povo judeu creu em
Jesus? Não foram eles que rejeitaram Jesus??? Como que os apóstolos espalharam o ensinamento de
Jesus por toda a cidade de Jerusalém se os judeus não aceitaram Jesus??? E de quebra os apóstolos dão
ainda a pista de quem matou Jesus culpando os saduceus e parte do Sinédrio pela morte e execução do
rabino da Galiléia.
Atos 5: 29 então Pedro e os outros apóstolos responderam: —nós devemos obedecer a Deus e não às pessoas. 30 os
senhores crucificaram Jesus, mas o Deus dos nossos antepassados o ressuscitou.
Atos 5: 31 e Deus o colocou à sua direita como líder e salvador, para dar ao povo de Israel oportunidade de se arrepender e
receber o perdão dos seus pecados. 32 nós somos testemunhas de tudo isso—nós e o espírito santo, que Deus dá aos que lhe
obedecem. 33 quando os membros do Sinédrio ouviram isso, ficaram com tanta raiva, que resolveram matar os apóstolos.
34 mas levantou-se um dos membros do Sinédrio, um fariseu chamado Gamaliel, que era um mestre da lei respeitado por
todos. Ele mandou que levassem os apóstolos para fora e os deixassem ali um pouco. 35 então disse ao Sinédrio: —homens
de Israel, cuidado com o que vão fazer com estes homens. 36 há pouco tempo apareceu um homem chamado Teudas, que se
dizia muito importante e que com isso conseguiu reunir quatrocentos seguidores. Mas ele foi morto, todos os seus seguidores
foram espalhados, e a revolta dele fracassou. 37 depois disso apareceu Judas, o Galileu, na época do recenseamento. Este
também conseguiu juntar muita gente, mas foi morto, e todos os seus seguidores foram espalhados. 38 portanto, neste caso de
agora, não façam nada contra estes homens. Deixem que vão embora porque, se este plano ou este trabalho vem de seres
humanos, ele desaparecerá. 39 mas, se vem de Deus, vocês não poderão destruí-lo, pois neste caso estariam lutando contra
Deus. E o Sinédrio aceitou a opinião de Gamaliel.
Os saduceus que não acreditavam na ressurreição eram os principais oponentes de Jesus, e também dos
apóstolos, e por eles pregarem a ressurreição tanto dos mortos como a de Jesus, eram perseguidos pelos
tais. O que é engraçado, é que novamente um fariseu, que hoje esse nome virou sinônimo de hipocrisia,
foi quem defendeu os apóstolos e os livrou-os da morte pelas mãos dos saduceus.
A seguir colocaremos alguns textos de historiadores do I e II século da era Cristã, dando-nos algumas
informações importantes sobre a identidade das pessoas que mataram Jesus. Dado a antiguidade desses
testemunhos que datam da época da elaboração e redação dos 4 Evangelhos canônicos, ou seja, do ano 70
à 150 E.C. Começaremos com o testemunho de Flavio Josefo um historiador judeu, porém isento do
acréscimo cristão posterior conhecido como “TESTIMUNION FLAVIANUS”.
Por volta desse tempo, havia Jesus, um homem sábio. Pois ele era alguém que praticava feitos surpreendentes e
um mestre de pessoas que recebiam o extraordinário com prazer. Ele motivou muitos judeus e também muitos
gregos. E quando Pilatos o condenou à cruz, já que ele era acusado por aqueles da mais alta categoria entre nós,
os que o haviam amado desde o inicio não pararam de causar perturbações. E até agora a tribo dos cristãos,
assim chamados por causa dele ainda não se extinguiu.
Antiguidades Judaicas 18:63-64
O texto é tão claro que quase dispensaria comentários, porém vamos comentar. Josefo diz que foi Pilatos
quem condenou Jesus visto que ele Jesus era acusado pelos da mais alta categoria entre os judeus. Quem
seriam esses judeus que faziam parte da mais alta categoria judaica? Com certeza o texto não deixa
dúvidas que eram os Saduceus que compunham a maior parte do Sinédrio juntamente com Herodes e os
de seu partido, ou seja, parte do Sinédrio, Herodes e os seus juntamente com Pilatos foram os que
mataram Jesus segundo o testemunho de Flávio Josefo. Vejamos agora outro testemunho histórico, porém
de um historiador romano.
Nero criou bodes expiatórios e puniu com todo refinamento os notoriamente depravados cristãos (como
costumavam ser chamados). O fundador dessa seita, Cristo, fora executado durante o reinado de Tibério pelo
governador da Judéia, Pôncio Pilatos. Mas apesar desse revés temporário, a fatal superstição renasceu, não só
na Judéia (onde esse mal tinha começado), mas até mesmo em Roma. Onde todas as praticas degradadas e
vergonhosas florescem na Capital.
Anais - Públio Cornélio Tácito
Tácito viveu do ano 56 à 120 E.C. portanto estava inteirado dos acontecimentos na Palestina,
principalmente porque ele registrou a rebelião judaica contra Roma, que aconteceu de 66 a 73 E.C.em
suas conhecidas coleções HISTÓRIAS.
Não conseguindo mais suportar o testemunho daquele que, por causa do elevado nível que tinha atingido na
virtude e na piedade, era considerado o mais justo dos homens, mataram-no, usando como ensejo a anarquia
reinante, já que Festo havia morrido na Judéia, deixando o distrito sem governante nem líder. Ora, quanto ao
modo pelo qual Tiago morreu, já foi declarado pelas palavras de Clemente: Que ele foi lançado de uma ala do
templo e espancado com um malho até a morte.
História Eclesiástica. Eusébio de Cesáreia – Livro 2 capitulo 23
Hegésipo, que pertence à geração seguinte à dos apóstolos, fornece o relato mais exato a seu respeito em seu
quinto livro, como se segue: “ Ora, Tiago, o irmão do Senhor que, por haver muitos com esse nome, era chamado
Justo por todos desde os tempos do Senhor até o nosso, recebeu o governo da igreja juntamente com os apóstolos.
Este era santo desde o ventre de sua mãe. Ele não bebia vinho, nem bebida fermentada, e se abstinha de alimento
animal; nenhuma navalha passava sobre sua cabeça; jamais se ungia com óleo e jamais ia aos banhos. Somente
ele tinha permissão de entrar no Santuário.Jamais vestia roupas de lã, mas de linho. Ele costumava entrar sozinho
no Templo, sendo com freqüência visto de joelhos, intercedendo para que o povo fosse perdoado, de modo que
seus joelhos ficaram duros como os de um camelo por causa de suas súplicas habituais, ajoelhando-se diante de
Deus. Assim por sua piedade extrema era chamado o Justo ou Tzadique que significa justiça e proteção do povo.
História Eclesiástica. Eusébio de Cesáreia – Livro 2 capitulo 23
Esse é o testemunho mais detalhado de Hegésipo, em que concorda plenamente com Clemente. Tiago era de fato
tão admirável e tão celebrado entre todos por sua retidão, que mesmo os mais sábios dos judeus pensavam que
essa fora a causa do cerco imediato de Jerusalém, que teria ocorrido por nenhum outro motivo, senão o crime
conta ele Tiago. Josefo também não hesitou em acrescentar esse testemunho em suas obras:
“ Essas coisas, aconteceram aos judeus para vingar Tiago o Justo, que era irmão daquele que chamavam de
Messias, e a quem os judeus mataram apesar de sua destacada retidão”
O mesmo autor também narra a morte de Tiago no vigésimo livro de suas Antiguidades Judaicas, com as seguintes
palavras:
“ Ora, quando César ouviu da morte de Festo, enviou Albino como governador da Judéia. Mas o jovem Anano
que, conforme mencionamos, havia recebido o Sumo Sacerdócio, era da seita dos saduceus, os mais cruéis de
todos os judeus na execução de julgamentos, conforme já explicamos. Assim tendo esse caráter, e pensando que
tinha uma oportunidade adequada em razão da morte de Festo e Albino ainda estar a caminho, Anano (este Anano
que era neto de Kaifás e da mesma família de Anás que mandaram matar Jesus)convoca uma assembléia de juizes
e levando o irmão de Jesus chamado o Messias, cujo nome era Tiago, e alguns outros, apresentou uma acusação
contra eles, como se tivessem violado a Torah e os entregou para serem apedrejados como criminosos. Mas os que
na cidade eram considerados mais ponderados e mais estritos na observância da Torah ficaram grandemente
irados com isso e o comunicaram secretamente ao rei, rogando-lhe que escrevesse a Anano para que desistisse de
fazer tais coisas, dizendo que não agira legalmente mesmo antes.Alguns deles também foram encontrar-se com
Albino quando este chegou de Alexandria e explicaram que era ilegal Anano convocar o Sinédrio sem seu
conhecimento. Albino, influenciado por esse relato, escreve irado para Anano, ameaçando chama-lo para um
ajuste de contas. Mas, pelo mesmo motivo, o rei Agripa o destituiu do cargo de Sumo Sacerdócio quando o havia
exercido por três meses, e nomeou Jesus, filho de Dameu, como seu sucessor.”
História Eclesiástica – Eusébio de Cesáreia. Livro 2 capitulo 23.
Escolhi o testemunho de Eusébio de Cesáreia por ele citar outros dois historiadores que relatam em seus
escritos quase a mesma história, ou seja, Hegésipo que foi contemporâneo do apostolo Paulo e Tiago,
Flávio Josefo que foi testemunha ocular do ocorrido e ainda cita Clemente de Alexandria que foi um dos
pais da igreja narrou à mesma história.
Este testemunho quádruplo de Eusébio, Flavio Josefo, Hegésipo e Clemente são unânimes em citar Tiago
como irmão de Jesus, esse mesmo Tiago era conhecido como “Ya’akov Ha Tzadic”, ou seja, Tiago O
Justo, No evangelho de Tomé há uma citação do próprio Jesus respondendo a uma pergunta dos
discípulos sobre quem eles deveriam seguir após a morte de Jesus, e Jesus diz que eles deveriam seguir a
Tiago o Justo, segue o texto:
Evangelho de Tomé: 12 - Os discípulos disseram a Jesus: "Sabemos que tu nos deixarás. Quem será nosso líder?" Jesus
disse-lhes: "Não importa onde estiverdes, devereis dirigir-vos a Tiago, o justo, para quem o céu e a terra foram feitos."
Tiago era o líder da comunidade nazarena de Jerusalém conforme consta no próprio livro de Atos dos
apóstolos foi esse mesmo Tiago que presidiu o Concílio de Jerusalém e isentou os gentios da obrigação
de cumprir a Torah de Moisés, e apenas os aconselhou a cumprirem a Lei de Noé, que são sete leis para
toda a humanidade. Os cristãos em geral costumam fazer muita confusão com relação a este texto de Atos
capitulo 15, interpretando que a Lei de Moisés foi abolida por tal concilio, porém, não foi isto que
aconteceu, Tiago não exigiu que os gentios se convertessem ao judaísmo para crerem e seguirem Yeshua
seu irmão, ele apenas isentou os gentios, devido já existir na própria Torah uma Lei para os não judeus,
ou seja, ele aplicou a própria Torah para resolver tal situação.
O nosso tema não é este sobre judeus e gentios e Torah e lei a Noética, nosso objetivo é mostrar que não
foi somente Jesus que morreu tanto nas mãos do império romano quanto nas mãos da família de Anás e
Kaifás. Como vimos acima Tiago foi morto pelas mãos do Sumo Sacerdote Anano que era neto de Anás e
filho de Kaifás, os mesmos que fizeram um complô juntamente com Herodes e Pilatos para matarem a
Jesus. E mesmo após matarem Tiago o Justo, irmão de Jesus, a perseguição não cessou à família de Jesus
como veremos abaixo.
Depois de Nero e Domiciano, também formos informados que no reinado do imperador cuja época estamos agora
registrando houve uma perseguição parcial incitada pelas cidades em conseqüência de uma insurreição popular.
Com isso soubemos, também, que Simão, o qual, conforme mostramos, foi nomeado segundo bispo da igreja de
Jerusalém, morreu como mártir. Dele o mesmo Hegésipo, cujas palavras temos citado com tanta freqüência, dá
testemunho. Esse autor, falando de certos hereges, acrescenta que, de fato, nessa época, Simão, tendo carregado a
acusação de ser cristão, ainda que torturado por alguns dias, causando supremo espanto tanto no juiz como em
seus assistentes, terminou a vida com sofrimentos iguais aos de nosso Senhor. Mas é melhor ouvir o próprio autor
(Hegésipo) que dá o relato da seguinte maneira: “Alguns delataram Simão, o filho de Cleófas, como descendente
de Davi e cristão; e assim ele sofreu como mártir aos cento e vinte anos de idade, no reinado do imperador
Trajano e presidência do cônsul atiço.” O mesmo autor diz que ao se fazerem buscas dos judeus que eram da tribo
de Davi, seus acusadores, sendo descendentes dessa família, foram levados em custódia. Pode-se afirmar com
segurança que esse Simão estava entre os que deram testemunho do que haviam ouvido e visto de nosso Senhor, a
julgar pelo tempo de sua vida e o fato de os evangelhos fazerem menção a Maria, mulher de Cleófas, cujo filho era
Simão, conforme já demonstramos. O mesmo autor afirma que havia outros, os descendentes daqueles
considerados irmãos do Senhor, cujo nome era Judas, e que esses viveram até o mesmo reinado após sua profissão
de Cristo e testemunho sob Domiciano, já mencionados. Ele assim escreve: “ Há também os que tomam a
liderança de toda a igreja como mártires, mesmo da família do Senhor. E quando se estabeleceu uma profunda paz
em toda a igreja, continuaram até os dias do imperador Trajano, até a época em que o acima mencionado Simão,
o parente de nosso Senhor, sendo filho de Cleófas, foi enredado pelas heresias, sendo acusado pela mesma causa
sob atiço, que era de igual dignidade. Depois de ser atormentado muitos dias, morreu como mártir com tal firmeza
que todos ficaram assombrados, mesmo o próprio cônsul, pelo fato de um homem de cento e vinte anos suportar
tais torturas. Por fim ordenou-se que fosse crucificado”. O mesmo autor, a respeito dos acontecimentos da época,
também diz que a igreja continuava até então pura e incorrupta como uma virgem, pois havendo algum que
atentasse perverter a sã doutrina do evangelho salvador, estavam ocultos em esconderijos escuros; mas quando o
grupo sagrado dos apóstolos se extinguiu e a geração dos que tinham tido do privilégio de ouvir sua sabedoria
inspirada passou, também surgiram as maquinações dos erros ímpios pela fraude e pelo engano dos falsos
mestres. Também esses, não tendo restado nenhum dos apóstolos, atentavam pregar abertamente sua falsa
doutrina contra o evangelho da verdade. Tal a declaração de Hegésipo.
História Eclesiástica- Eusébio de Cesárea- Livro 3 capitulo 32.
O Simão que Eusébio cita no texto acima era o irmão de Tiago e também irmão de Jesus que o próprio
Hegésipo confirma que era irmão do Senhor Jesus em seu testemunho que deixou por escrito, ou seja,
Hegésipo viveu na época de Tiago e Paulo e seu testemunho vale muito mais do que o de Eusébio que
viveu no século IV. Infelizmente mataram Jesus, mataram Tiago, mataram Simão, e depois por fim
mataram a Judas o último dos irmãos de Jesus, todos morreram por um único motivo, todos eles eram da
descendência de Davi, ou seja, eram herdeiros legítimos ao trono de Israel, e também o império romano
perseguiu até aos sobrinhos de Jesus por serem da família de Davi, como mostra o texto abaixo
Também se diz que Vespasiano, após a captura de Jerusalém, ordenou uma busca para encontrar todos os da
família de Davi, para que não restasse entre os Judeus ninguém da família real e, por esse motivo, outra violenta
perseguição foi infligida aos judeus. História Eclesiástica- Eusébio de Cesárea - Livro 3 capitulo 12
Ora, quando o mesmo Domiciano deu ordens para que os descendentes de Davi fossem mortos, diz uma antiga
tradição, alguns dos hereges acusaram os descendentes de Judas como irmão de nosso Salvador segundo a carne,
porque eram da família de Davi e, como tais, estavam relacionados com Cristo. Isso é declarado por Hegésipo
como se segue: “Ainda viviam da família de nosso Senhor os netos de Judas, chamado irmão de nosso Senhor de
acordo com a carne. Esses foram delatados como pertencentes à família de Davi e levados a Domiciano pelo
Evocado, pois esse imperador estava tão alarmado quanto Herodes com a manifestação de Cristo. Ele lhes
perguntou se eram da família de Davi, e eles confessaram que sim.”
História Eclesiástica- Eusébio de Cesárea- Livro 3: 19-20
O testemunho de Hegésipo que viveu no primeiro século da era cristã registrado pelo Bispo e historiador
Eusébio de Cesáreia em seu livro História Eclesiástica nos dá informações importantíssimas para
reconstruirmos a verdade, tanto quanto mais próxima da realidade histórica. A respeito da morte de
Simão, que Eusébio afirmava ser primo de Jesus, o próprio Hegésipo de quem Eusébio usou as fontes
históricas afirmava ser ele irmão de Jesus. Bem como você deve ter percebido a liderança da comunidade
nazarena ou os da Caminho, que bem depois passou a ser conhecida como os cristãos, era exercida pela
família de Jesus. Segundo este estudo podemos perceber que os primeiros lideres da assim hoje chamada
igreja foram:
1. Jesus chamado de Messias
2. Tiago irmão de Jesus
3. Simão irmão de Jesus
4. Judas irmão de Jesus
5. José irmão de Jesus
6. Os Sobrinhos de Jesus
E todos sem exceção foram perseguidos tanto pela família de Kaifás e Anãs que participaram do complô
que resultou na morte de Jesus e Anano que foi responsável pela morte de Tiago quanto pelo império
romano e seus imperadores que queriam acabar com os descendentes da família de Davi. O motivo já
dissemos aqui que era não deixar nenhum herdeiro legitimo ao trono do reino de Israel e
consequentemente acabar com as expectativas messiânicas do povo judeu, que um dia surgiria um
descendente de Davi que restabeleceria o Reino de Israel e os libertaria do jugo inimigo, em outras
palavras, o império romano queria acabar com o mal pela raiz, exterminando a família de Davi, no caso
aqui a família de Jesus. É importante também notar que enquanto a família de Jesus e os apóstolos
comandaram a comunidade nazarena de Jerusalém e estavam vivos, a comunidade manteve-se integra,
pura, sem se desviar do seu objetivo e ensino inicial, porém logo na terceira e quarta geração subseqüente
a coisa já descambou segundo testemunhos históricos que vão do século I ao século IV, como os
testemunhos lidos acima de Hegésipo do século primeiro, Clemente de Alexandria e por fim Eusébio de
Cesárea
O culto imperial foi um dos factores da centralização e de unificação do Império Romano, encontrando
resistências no Cristianismo, que por isso não foi aceite na sua fase inicial. Muitos cristãos foram
perseguidos nos séculos II e III.
Atos 18: 1 depois disto, deixando Paulo Atenas, partiu para Corinto. 2 lá, encontrou certo judeu chamado Áquila, natural do
ponto, recentemente chegado da Itália, com Priscila, sua mulher, em vista de ter Cláudio decretado que todos os judeus se
retirassem de Roma. Paulo aproximou-se deles. 3 e, posto que eram do mesmo ofício, passou a morar com eles e ali
trabalhava, pois a profissão deles era fazer tendas. 4 e todos os sábados discorria na sinagoga, persuadindo tanto judeus
como gregos.
Em Corinto Paulo encontra Priscila e Áquila judeus que foram expulsos de Roma devido à perseguição
do imperador Cláudio contra os judeus no ano de 44 mais ou menos. Cabe aqui uma pergunta: que judeus
eram esses que o imperador Cláudio expulsou de Roma? Existem citações históricas que o Imperador
Cláudio que sucedeu Calígula favoreceu os judeus em várias oportunidades:
Cláudio consentiu que as vestimentas do sumo sacerdote fossem mantidas sob custódia dos judeus
não dos romanos como era antes dele.
Procurou solucionar os problemas das perseguições aos judeus de Alexandria no Egito.
Restaurou a liberdade religiosa dos judeus e condenou à morte os dois líderes egípcios dos
tumultos antijudaicos.
Enfim existem outros benefícios que os judeus gozaram durante o reinado de Cláudio como imperador.
Então por que ele expulsaria os judeus de Roma? O historiador romano Suetônio fala de distúrbios entre
os judeus romanos, que ele atribui a Cristo, ou seja, os judeus que foram expulsos de Roma eram os
judeus que creram em Cristo, eram os judeus nazarenos que cresciam muito em Roma e anunciavam que
Cristo era o filho de Deus, e isto se chocava contra o culto aos imperadores romanos, pois os tais eram os
únicos filhos de Deus. Esta pratica de cultuar e construir Templos para os imperadores romanos teve
inicio com o sucesso de Augusto César que unificou o império romano e trouxe a paz romana e
prosperidade para todo o império. Deste ponto em diante o imperador se tornou o único filho de Deus que
devia ser adorado e venerado em todo o império, é obvio que os judeus cristãos não veneravam o
imperador e ainda espalhavam que Yeshua era o filho de Deus por isto eles foram expulsos de Roma.
Desta forma conseguimos entender como e porque PRISCILA E ÁQUILA um casal de judeus que foram
expulsos de Roma e já criam em Yeshua foram parar na cidade de Corinto. Então não foi Paulo que levou
o evangelho, ou seja, as boas novas da salvação até a cidade de Roma, pois isto aconteceu bem antes dele
Paulo ter sido levado para Roma. Quem então levou o evangelho até Roma? A resposta é simples, foram
aqueles judeus que estavam em Jerusalém para celebrar a festa de Pentecostes no capitulo 2 de Atos. Eles
não só levaram as boas novas para Roma como para a Antioquia, Alexandria e todas as partes do mundo
conhecido de então. Então alguns teólogos e judeus messiânicos defenderem que somente 144.000 judeus
creram em Yeshua e depois dos 144.000 os judeus rejeitaram Yeshua e sua mensagem, e assim a
pregação se voltou para os gentios é muita falta de informação bíblica em primeiro lugar e histórica em
segundo lugar. Em Roma muitos judeus creram e foram expulsos de lá, em Antioquia os judeus de lá
creram e formaram uma grande comunidade, em Corinto a Igreja era na casa de um casal de judeus, em
Alexandria se formou uma grande comunidade de judeus que creram em Yeshua e assim em todas as
terras que compunham o império romano as boas novas se espalharam e cresceram entre os judeus
primeiramente e depois entre os gentios.
A partir de Nero (54-68), o governo romano hostilizou tenazmente o Cristianismo. Qual a causa dessa
atitude? O governo permitia a prática de muitas religiões. Mas o Cristianismo era diferente das outras
religiões. Os crentes prestavam obediência e lealdade supremas ao seu Salvador. E para os romanos, o
Estado era a suprema força, e a religião era uma forma de patriotismo. Os deuses reconhecidos pelo
Estado eram cultuados com o objetivo de beneficiar o governo e a nação. Qualquer adepto de outra
religião estava disposto a prestar tributo aos deuses nacionais, ao mesmo tempo que realizava o seu
próprio culto. Mas o Cristianismo era exclusivista. Não condescendia em prestar culto a outra
divindade. Os cristãos sustentavam a inutilidade dos deuses, exceto o que eles adoravam. De modo algum
prestariam culto aos deuses romanos, por ordem do Estado. Jamais colocariam César acima de Cristo.
Podemos entender porque, aos olhos dos governos romanos, o Cristianismo parecia um ensino desleal e
perigoso para o Estado e para a sociedade. Assim os cristãos foram acusados de anarquistas, sacrílegos,
ateus e traidores. O governo então hostilizava os cristãos porque os considerava uma ameaça ao Estado
Supremo. Usava de um meio muito conveniente para pôr à prova a lealdade dos cristãos. Estes eram
levados a juízo e obrigados a participar das cerimônias da religião do Estado, na adoração das estátuas de
Roma e dos imperadores. Quando os cristãos, naturalmente, se recusavam a prestar esse culto, as
autoridades os consideravam traidores. Era bastante alguém confessar: "Sou cristão", para tal testemunho
constituir desobediência ao Estado. Dois fatos contribuíram para aumentar a oposição oficial ao
Cristianismo: primeiro, o seu crescimento a despeito da repressão; segundo, suas principais reuniões,
como a Ceia do Senhor, que eram realizadas a portas fechadas. A Igreja parecia aos olhos do governo
uma perigosa arma secreta que crescia assustadoramente.
NERO - O INCENDIÁRIO
Em 64 d.C. ocorreu o grande incêndio de Roma. O povo suspeitava de Nero; este, para desviar
de si tal suspeita, acusou os cristãos e mandou que fossem punidos. Milhares foram mortos de formas as
mais cruéis, entre eles, Paulo e, possivelmente Pedro. Tácito diz: "Por conseguinte, Nero, para se livrar
dos rumores, acusou de crime e castigou com torturas exageradas aquelas pessoas, odiosas devido a
práticas vergonhosas, a quem o vulgo chama cristãos. Cristo, autor desse nome, foi castigado pelo
procurador Pôncio Pilatos, no reinado de Tibério; e a fatal superstição, reprimida por um pouco, irrompeu
novamente, não só na Judéia, sede original desse mal, porém por toda a cidade (Roma), para onde de toda
parte tudo quanto é horrível ou vergonhoso aflui e cai na moda".
Desde o séc. 1º a religião cristã difundiu-se rapidamente em Roma e em todo o mundo, não só pela sua
originalidade e universalidade, mas muito também pelo testemunho de fervor, de amor fraterno e de
caridade demonstrada pelos cristãos para com todos. As autoridades civis e o próprio povo, antes
indiferentes, demonstraram-se logo hostis à nova religião, porque os cristãos recusavam o culto ao
imperador e a adoração às divindades pagãs de Roma. Os cristãos foram por isso acusados de deslealdade
para com a pátria, de ateísmo, de ódio pelo gênero humano, de delitos ocultos, como incesto, infanticídio
e canibalismo ritual; de serem causa das calamidades naturais, como a peste, as inundações, a carestia,
etc.
A religião cristã foi declarada: strana et illicita: estranha e elícita (decreto senatorial de 35), exitialis:
perniciosa (Tácito), prava e immodica: malvada e desenfreada (Plínio), nova et malefica: nova e maléfica
(Suetônio), tenebrosa et lucifuga: obscura e inimiga da luz (Octavius de Minucio), detestabilis: detestável
(Tácito); depois foi posta fora da lei e perseguida, porque considerada como o mais perigoso inimigo do
poder de Roma, que se baseava na antiga religião nacional e no culto do imperador, instrumento e
símbolo da força e unidade do Império.
Os três primeiros séculos são a época dos mártires, que terminou em 313 com o edito de Milão, com o
qual os imperadores Constantino e Licínio deram liberdade à Igreja. A perseguição nem sempre foi
contínua e geral, isto é, estendida a todo o império, nem sempre igualmente cruel e cruenta. A períodos de
perseguições seguiam-se períodos de relativa tranqüilidade.
Os cristão, na grande maioria dos casos, enfrentaram com coragem, freqüentemente com heroísmo, a
prova das perseguições, mas não a sofreram passivamente. Defenderam-se com força, confutando tanto a
falta de fundamento das acusações que lhes eram dirigidas de delitos ocultos ou públicos, apresentando os
Os cristãos pediam nas "Apologias" ("discursos de defesa") dos escritores cristãos do tempo, endereçadas
também aos imperadores, que não fossem condenados injustamente, sem serem conhecidos e sem provas.
O princípio da lei senatorial "Non licet vos esse": "não é lícito que existais" era julgado injusto e ilegal
pelos Apologistas, porque os cristãos eram cidadãos honestos, respeitosos das leis, devotos ao imperador,
industriosos na vida privada e pública.
Uma vez que as catacumbas contêm a prova e a confirmação da vida admirável dos cristãos, como é
descrita pelos apologistas, apresentamos alguns de seus trechos significativos, que constituem como que
uma carta de identidade dos cristãos dos primeiros tempos.
bebidas, a alma se faz melhor; igualmente os cristãos, punidos, multiplicam-se dia a dia. Deus deu-lhes
um lugar tão sublime, que não devem absolutamente abandonar".
A vida dos cristãos demonstra a grandeza e a beleza de sua religião (livro III, 15)
"Encontra-se nos cristãos um sábio domínio de si, exerce-se a continência, observa-se o matrimônio
único, a castidade é conservada, a injustiça é excluída, o pecado extirpado em sua raiz, pratica-se a
justiça, a lei é observada, a piedade é apreciada com fatos. Deus é reconhecido, a verdade, considerada
norma suprema. A graça conserva-os, a paz protege-os, a palavra sagrada guia-os, a sabedoria instrui-
os, a vida (eterna) dirige-os, Deus é o seu rei".
ele, e assim passam por este mundo até o final dos tempos: pois Deus sujeitou tudo a eles. São, pois,
reconhecidos para com ele, porque para eles foi feito todo o universo e a criação. Certamente essa gente
encontrou a verdade".
"Irmãos caríssimos, era-nos ainda incerta a notícia da morte daquele meu santo irmão no episcopado, e
as informações traziam dúvidas, quando recebi de vós a carta, que me foi enviada através do subdiácono
Cremêncio, pela qual era plenamente informado de sua gloriosa morte. Exultei, então, porque à
integridade do seu governo seguiu-se um nobre final. Em relação a isso, alegro-me muitíssimo também
convosco, porque honrais a sua memória com um testemunho tão solene e esplêndido, dando a conhecer
também a nós a lembrança gloriosa que tendes do vosso bispo, e oferecendo-nos ainda um exemplo de fé
e fortaleza. De fato, quanto é danosa para os súditos a queda de quem está como chefe, da mesma forma,
ao contrário, é útil e salutar um bispo que se oferece aos irmãos como exemplo de firmeza na fé...
Desejo-vos, irmãos caríssimos, que estejais sempre bem" (Carta 9, 1).
Retornaram os emissários que enviei a Roma para que apurassem e referissem a decisão tomada pelas
autoridades a meu respeito, qualquer gênero fosse, e colocar um ponto final, assim, as todas as ilações e
hipóteses que circulavam. E eis agora qual é a verdade devidamente apurada. O imperador Valeriano
enviou o seu rescrito ao Senado, com o qual decidiu que bispos, sacerdotes e diáconos sejam levados
imediatamente à morte. Os senadores, os notáveis e os que têm título de cavaleiros romanos sejam
privados de toda dignidade e também dos bens. Se, depois, mesmo após o confisco endurecerem na
profissão cristã, devem ser condenados à pena capital. As matronas cristãs sofram o confisco de todos os
bens e depois sejam mandadas em exílio. Sejam igualmente confiscados todos os bens aos funcionários
imperiais, que já confessaram a fé cristã ou devessem confessá-la no presente. Sejam em seguida presos
e registrados entre os adidos às propriedades imperiais (trabalhos forçados). Valeriano acrescenta ainda
ao rescrito a cópia de uma sua carta aos governadores das províncias e que se refere à minha pessoa.
Espero dia após dia essa carta, e espero recebê-la logo, mantendo-me sólido e forte na fé. A minha
decisão diante do martírio é conhecida. Espero, cheio de confiança como estou, de receber a coroa da
vida eterna da bondade e generosidade de Deus. Comunico-vos que Sisto padeceu o martírio com quatro
diáconos em 16 de agosto, enquanto encontrava-se na zona do "Cemitério" (as Catacumbas de São
Calisto). As autoridades de Roma têm como norma que todos os que forem denunciados como cristãos,
devam ser justiçados e suportar o confisco dos bens em benefício do erário imperial. Peço que aquilo que
referi seja levado ao conhecimento também dos outros nossos colegas no episcopado, porque a nossa
comunidade possa ser encorajada e predisposta sempre melhor, pelas suas exortações, ao combate
espiritual. Isso será de estímulo a considerar mais o bem da imortalidade do que a morte, e consagrar-se
ao Senhor com fé ardente e fortaleza heróica, a mais alegrar-se do que temer diante do pensamento de
ter que confessar a própria fé. Os soldados de Deus e de Cristo sabem muito bem que a sua imolação
não é tanto uma morte quanto uma coroa de glória. A ti, irmão caríssimo, a minha saudação no Senhor"
(Carta 80).
"Pela manhã de 14 de setembro uma grande multidão tinha-se reunido em Sesti, conforme o que
ordenara o procônsul Galério Máximo. E assim, o mesmo procônsul Galério Máximo ordenou que fosse
trazido Cipriano à audiência que mantinha no mesmo dia no átrio Sauciolo. Quando ele apresentou-se, o
procônsul Galério Máximo disse ao bispo Cipriano:
- És Tascio Cipriano?
O bispo Cipriano respondeu:
- Sim, sou eu.
O procônsul Galério Máximo disse:
- És tu que te apresentaste como chefe de uma seita sacrílega?
O bispo Cipriano respondeu:
- Sou eu.
Galério Máximo disse:
- Os santíssimos imperadores ordenam-te que sacrifiques.
O bispo Cipriano disse:
- Não o faço.
O procônsul Galério Máximo disse:
- Reflete bem.
Estudo feito por Eliezer Lucena 31
Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos
Galério Máximo, depois de ter conferido com o colégio dos magistrados, com dificuldade e contra a
vontade, pronunciou a sentença: "Viveste longamente de modo sacrílego e agregaste muitíssimos à tua
seita criminosa, e te fizeste inimigo dos deuses romanos e de seus sagrados rituais. Os piedosos e
santíssimos imperadores Valeriano e Galieno Augustos e Valeriano nobilíssimo César não conseguiram
reconduzir-te à observância de suas cerimônias religiosas. E, por isso, a partir do momento que te
tornaste autor e instigador dos piores crimes, serás tu mesmo de exemplo àqueles que associaste às tuas
ações criminosas. Com o teu sangue será sancionado o respeito às leis". Ditas essas palavras, leu em voz
alta o decreto escrito numa tabuinha: "Ordeno, Tascio Cipriano, que sejas punido com a decapitação".
Após a sentença a multidão dos irmãos (os cristãos) dizia: "Nós também queremos ser decapitados
juntamente com ele". Surgiu, por isso, uma grande agitação entre os irmãos e muita gente seguiu-o. E
assim Cipriano foi levado ao campo de Sesti, e ali despojou-se do manto e do capuz, ajoelhou-se por
terra e prostrou-se em oração ao Senhor. Tirou em seguida a dalmática (uma sobreveste) e entregou-a
aos diáconos, ficando apenas com a túnica de linho, e assim permaneceu à espera do carnífice. Quando
este chegou, o bispo ordenou aos seus que lhe dessem vinte e cinco moedas de ouro. Entretanto os irmãos
estendiam diante dele pedaços de tecido e lenços (para recolher o sangue como relíquia). Depois o
grande Cipriano vendou com as próprias mãos os olhos, mas como não conseguisse amarrar as pontas
do lenço, o presbítero Juliano e o subdiácono Juliano vieram ajudá-lo. Assim o bispo Cipriano padeceu o
martírio e o seu corpo, por causa da curiosidade dos pagãos, foi deposto num lugar próximo onde
pudesse ser subtraído ao olhar indiscreto dos pagãos. À noite, foi tirado de lá e levado embora com
fachos e tochas acesas e acompanhado até o cemitério do procurador Macróbio Candidiano localizado
na via das Campanas perto das piscinas. Poucos dias depois morreu o procônsul Galério Máximo. O
santo bispo Cipriano padeceu o martírio em 14 de setembro, sob os imperadores Valeriano e Galieno,
reinando porém nosso Senhor Jesus Cristo, a quem se dá honra e glória nos séculos dos séculos. Amém!"
(Das Atas Proconsulares, 3-6).
A semana da Páscoa era um período durante o qual o entusiasmo político no subjugado povo
judeu era muito evidente. A festa lembrava a libertação do Egito e o povo estava dominado
pelos romanos; qualquer aclamação de um herói judeu facilmente acabaria em uma revolta,
dando às forças de ocupação, razão para violência. Era interesse inerente as autoridades do
Templo, evitar qualquer tumulto e para isso, as atividades do pregador da Galiléia precisavam
ser cortadas, porém de maneira sutil para não aborrecer as multidões que gostavam de ouvi-lo.
Nas dependências do Santuário, a “polícia do Templo”, a única força armada judia oficialmente
tolerada, era responsável pela ordem. Cabia a ela prender eventuais desordeiros.
Assim, uma comissão formada de dois grupos distintos se apresentou a Jesus, procurando
apanhá-lo numa palavra errada.
(13) Mais tarde enviaram a Jesus alguns dos fariseus e herodianos para o apanharem em
alguma coisa que ele dissesse.
Os fariseus, como sabemos, gozavam de simpatia popular, porque eram verdadeiros judeus,
patriotas, não de aspirações à riqueza mundana, conhecedores e intérpretes da lei, sempre
agindo de acordo com o interesse do povo judeu. Eles odiavam os romanos e dificilmente
algum deles entraria em acordo com os interesses dos ocupantes, apolíticos como eram.
Zelavam pelo cumprimento da lei de Deus e em questão de sua interpretação já haviam travado
vários confrontos com Jesus. Se Jesus pecasse contra a lei, seriam eles que O apanhariam na
falta. Junto com esses especialistas da lei vieram alguns herodianos. O “rei fantoche”, Herodes,
por tradição de região judia, apreciava as artes, o esporte e a filosofia pagã. Como autoridade
local, responsável também pela Galiléia e tendo sido imposto pelos romanos, a estes devia
obediência. Junto com os fariseus vieram alguns adeptos do rei. Se Jesus revelasse alguma
intenção contra as autoridades romanas, seriam eles quem O pegariam. Na presença dos
Estudo feito por Eliezer Lucena 33
Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos
fariseus, conhecidos como “Anti-romanos”, eles julgariam ser fácil apanhar alguém em palavra
de desobediência política.
(14) Estes se aproximaram dele e disseram: “Mestre, sabemos que és integro e que não te
deixas influenciar por ninguém, porque não te prendes a aparência dos homens, mas ensinas
o caminho de Deus conforme a verdade.
Não sabemos até que ponto os elogios pronunciados pelos fariseus eram sinceros. Sabemos que
alguns deles tinham Jesus em alta estima por causa de Sua sabedoria. Quando eles declararam
que Jesus ensinava “o caminho de Deus”, eles Lhe atestaram que instruía de maneira clara,
ensinava bem a maneira pela qual Deus queria que o povo pensasse e vivesse. Não havia como
duvidar da religiosidade de Jesus e seu respeito ante a lei.
De repente, alguém do grupo apresentou uma pergunta explosiva a Jesus:
Só podemos entender a dinamite contida nesta pergunta se soubermos algo sobre o histórico
deste imposto. O texto original da pergunta, em grego, diz: “...é ‘permitido’ pagar...”, isto é,
permitido pela lei de Deus? A lei de Deus aprovaria esse tributo? Essa era uma pergunta que
fervilha nos corações revoltados por ocasião da Páscoa, época em que qualquer judeu sentia
profundamente o peso da inquisição romana. Ela pode ter levado os fariseus a consultar
seriamente a Jesus, mas a presença dos herodianos representava perigo. Poucos anos atrás, um
tal de “Judas Galileu” havia conclamado o povo à resistência contra os romanos, declarando
traição a Deus pagar tributo a senhores pagãos, que se faziam deuses. A rebelião foi debelada
cruelmente. Para então demonstrar seu desprezo para com a “plebe supersticiosa judia”,
Pilatos, o governador romano, havia instaurado um tributo pagável diretamente ao imperador
odiado em Roma. Para ferir o judeu em suareligiosidade, mandou imprimir na moeda, com a
qual se pagava esse tributo (“tributum capitis”), a imagem do imperador; fato que vinha
diretamente contra o segundo mandamento de Deus. No verso da moeda constava “TIBÉRIO
CÉSAR AUGUSTO – FILHO DO DIVINO AUGUSTO, SUMO SACERDOTE”. A moeda era
facilmente interpretada como uma blasfêmia por qualquer bom judeu. Dos últimos sessenta e
dois levantes dos judeus contra os ocupadores gregos e romanos, desde Macabeus (167 a. C.) até
Bar-Kochba (123 d.C.), todos menos um deles, começaram na Galiléia com a negação desse
tributo (cit. PinchasLapide).
A cilada, perante a qual Jesus se via, era quase perfeita: se Ele concordasse com o pagamento,
seria tido por todos os peregrinos presentes, sedentos de liberdade, como covarde e traidor dos
judeus; mas negando-o, perante os ouvidos atentos dos herodianos seria desmascarado como
rebelde político, imediatamente preso por incitação ao povo.
Mas Jesus, percebendo a hipocrisia deles, perguntou: “Por que vocês estão me pondo à
prova? Tragam-me um denârio para que eu o veja.”
Um Aureus / Denário com a imagem do imperador Tibério, juntamente com a inscrição TI CAESAR DIVI AVG F
AVGUSTVS (Tibério César Augusto, filho do divino Augusto). Imperador Tibério, que reinou 14-37 dC, conseguiu
estabilizar o Império e melhorar as finanças. Ele terminou as tentativas de conquista do território germânico e o
reforço das fronteiras. Ele consolidou seu poder político, sistematicamente eliminando seus rivais. Durante sua
regência, por volta do ano 30, Jesus Cristo foi espancado até a cruz.
Fica evidente que Jesus não possuía esta moeda, o “denário tiberiano”. O Talmude menciona
um tal Rabbi Menachem Bem Simai, “filho dos Santos”, porque este nunca na sua vida havia
nem olhado para essa moeda, pois ela feria o segundo mandamento de Deus: a proibição de
fazer imagens. O mestre da Galiléia tampouco possuía essa moeda, portanto, mandou que lhe a
apresentassem.
(16) Eles lhe trouxeram a moeda, e ele lhes perguntou: “De quem é esta imagem e esta
inscrição?”
A moeda do odiado tributo eles tinham em suas mãos, em seus bolsos e perguntavam se era
“permitido” pagar o tributo? Quanta falsidade!
(17) Então Jesus lhes disse: “Dêem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.
O original grego diz explicitamente “devolvam” no lugar do “dêem” da nossa tradução. Vocês
usam a moeda do imperador e não consideram isso pecado? Mas pagar o tributo seria pecado?
Então primeiro devolvam ao imperador o que é dele! Devolvam ao imperador seu dinheiro
amaldiçoado! Só devolvendo, ficarão puros. Só então poderão dar a Deus o que é dEle, isto é:
tudo! A moeda com a imagem do imperador devemos a este, mas a nós mesmos, feitos imagens
de Deus, devemos a Deus e a Ele somente.
Muitos desentendimentos e trágicas implicações históricas vieram da forma que ela foi
entendida na interpretação grega. O pensamento hebraico era totalmente oposto. Entrou na
história da igreja a trágica interpretação ocidental. Lutero, por exemplo, viu na resposta de Jesus
a sua “teologia dos dois reinos” confirmada. Dois Reinos que não se misturam. O de Deus e o
do governo. Para ele, devíamos obediência aos dois.
Do outro lado, o papa Bonifaz VIII usou no ano 1308, na bula papal, “Unam Sanctam”, a
argumentação para exigir obediência ao Reino terreno da Igreja. Nenhuma das duas grandes
figuras da história cristã ficou se perguntando porque Jesus, como bom judeu, podia na sua
resposta mencionar primeiro os direitos de César e só então falar dos direitos de Deus! Era algo
inconcebível para um judeu! E mais: ninguém havia perguntado a Jesus sobre o que é devido a
Deus; a pergunta limitava-se à obrigação para com o Imperador. Aos que interpelaram Jesus
interessava a questão do poder. Jesus, no entanto respondeu quanto a obediência. Ele mesmo
havia declarado em outro lugar que:
“Tudo vem de ti, e nós apenas te devemos o que vem de tuas mãos”
(2 Crônicas 29.14b).
E ficaram admirados com ele. De uma aparente pergunta séria quanto a limites de poder,
escondendo uma cilada perigosa, Jesus havia retornado à base de tudo, assim como Ele fez
quando O perguntaram sobre o direito mosáico de divorciarse. Tudo devemos a Deus e
somente podemos dar-nos a Ele, se antes devolvermos a César o que é de César.
Há algo que é “de César” e que impede você de seguir a Jesus? Devolva-o! Você foi feito a
imagem de Deus, você não deve ser devedor de outro!
John Dominic Crossan no livro God and Empire: Jesus Against Rome, Then and Now (2007), diz
que: "há um ser humano do primeiro século, que foi chamado de Divino, Filho de Deus, Deus e
Deus dos deuses, e cujos títulos foram Senhor, Redentor, Libertador e Salvador do Mundo. Os cristãos
provavelmente irão pensar que esses títulos foram originalmente criadas e aplicadas
exclusivamente a Cristo. Mas antes de Jesus ter existido, todos esses termos pertenciam a César
Augusto".
Crossan cita que a adoção dos mesmos pelos primeiros cristãos para referi-se a Jesus era uma
forma de negar-los a César Augusto. "Eles estavam tirando a identidade do imperador romano
e dando-lhe a um judeu camponês. O que era ou uma brincadeira e uma particularidade muito
baixa, ou o que era pelos romanos chamado majistas e que nos conhecemos como alta traição".
v. 15: Ele, porém, conhecendo sua hipocrisia, disse: "Por que me pondes à prova? Trazei-me um denário
para que o veja".
v. 16: Eles trouxeram. E ele disse:"De quem é esta imagem e a inscrição?" Responderam-lhe: "De César".
Que sentido teria esse pedido de Jesus pela apresentação de denários da parte dos seus
adversários? A resposta usual vai no sentido de afirmar o seguinte: O emprego de denários
romanos pelos próprios adversários não revela outra coisa senão a hipocrisia de sua própria
pergunta.
Jesus é contrário ao pagamento de tributos aos romanos, mas defende sua tese com o
recurso da ambivalência, sobretudo pelo perigo que representava politicamente assumir algo
assim como um "desobediência civil ao pagamento dos tributos".
Assim, quais seriam as coisas que Jesus identifica como sendo de César no recurso da
solicitação pelo denário? A resposta só pode ser uma: são as moedas dos denários.
O denário tinha uma força simbólica muito forte no Império Romano. Ele simbolizava
inicialmente o poder político e econômico dos romanos, já que era, simultaneamente,
instrumento da política imperial, cambial (era moeda oficial e parâmetro para o câmbio com
outras moedas) e fiscal (era a moeda oficial para pagamento dos tributos) do império. Além
disso, era indiscutivelmente também um símbolo religioso, pois concedia atributos divinos aos
soberbos, o que retrata, sobretudo, o título de "Augusto" (= venerável).
Se entendida sob esse pano de fundo, a proposta de Jesus assume uma compreensão
mais profunda. O verbo que Jesus utiliza na resposta é o grego apodímodi, com o sentido de
"devolver", diferente do verbo usado na pergunta pelos fariseus e herodianos dídome,
significando "dar"/ "pagar". Assim "devolver" a César a sua moeda parece, pois, não ter outra
intenção senão tirar da Palestina o mais expressivo símbolo da hegemonia do império.
Outra coisa: por que Jesus, em sua resposta, faz referência a Deus, quando a pergunta de
fariseus e herodianos referia-se exclusivamente a César?
Havia uma visão divergente entre judeus e romanos acerca da legitimidade de
arrecadação de impostos por parte do império. Para os romanos, o território conquistado era
propriedade pública, do estado. Para o judaísmo, entretanto, a terra de Israel era de Deus.
Assim, se questionava a legitimidade de os romanos se acharem senhores do povo judeu só por
tê-los conquistado militarmente. Jesus está, pois, pleiteando diante dos seus adverários que seja
devolvido a Deus aquilo que, segundo o testemunho biblíco, só a Ele pertence, ou seja, a sua
terra e o seu povo.
MOEDAS ROMANAS
Um Aureo com o busto do Imperador Augusto (63 a.C. - 14 d.C.), juntamente com a inscrição
AVGVSTVS DIV F. (Augusto, filho do Divino).
Um Dupôndio com a imagem do general Germânico numa quadriga (15 a.C. - 19 d.C.).
Germânico encontrou e trouxe de volta a Roma os seus estandartes, do que restava de três
legiões massacradas na Batalha da Floresta de Teutoburgo (9 d.C.). O sucesso destas
campanhas, valeram-lhe o cognome Germânico pelo qual ficou conhecido.
Um Aureus com a imagem do imperador Tibério, juntamente com a inscrição TI CAESAR DIVI
AVG F AVGUSTVS (Tibério César Augusto, filho do divino Augusto). Imperador Tibério, que
reinou 14-37 dC, conseguiu estabilizar o Império e melhorar as finanças. Ele terminou as
tentativas de conquista do território germânico e o reforço das fronteiras. Ele consolidou seu
poder político, sistematicamente eliminando seus rivais. Durante sua regência, por volta do ano
30, Jesus Cristo foi espancado até a cruz.
14) Conclusão:
Após percorrermos este pequeno caminho sobre a investigação da morte e execução de Jesus, depois de
discorrermos por vários textos do novo testamento, testemunhos históricos, testemunhos dos pais da
Igreja do 1º ao 4º século, todos examinados com muita atenção, também é preciso nos despirmos da
tradicional teologia cristã, e também do anti-semitismo, somente então poderemos ver claramente quem
realmente tramou a morte e a execução sumária de Jesus. Espero que ao ler este estudo abandonemos de
uma vez por todas, certos versículos que viraram uma verdadeira MODA nas Igreja Evangélicas
brasileiras, Moda esta que gera semente de ódio, de racismo e de rancor usada contra os judeus, do tipo :
“veio para os seus e os seus não o receberam”.
Mas não foram os judeus que mataram Jesus? Foram também com certeza. Mas que tipo de judeus eram
estes que participaram da morte de Jesus? É lógico e óbvio que foi a classe dirigente da Judéia e ainda
nem todos, ou seja, o Sanhedrim = o Sinédrio, que era composto por 70 / 71 pessoas que por sua vez
estavam divididas em 3 ou 4 categorias de pessoas: 1- Os saduceus; 2- Os escribas; 3- Os anciãos; 4-
Alguns poucos fariseus.
Estudo feito por Eliezer Lucena 40
Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos
É impressionante que tudo isto está no novo testamento, mas infelizmente, para vergonha, nossa não
percebemos, lemos o novo testamento de qualquer jeito sem atentarmos para os detalhes, as minúcias, que
por sua vez, fazem a grande diferença. Ao lermos o novo testamento precisamos nos lembrar que eles
começaram a serem escritos 40 anos após a morte de Jesus e que nenhuma das testemunhas oculares
deixou nada escrito, ou seja, estes escritos levam os nomes dos fundadores de suas respectivas
comunidades, que estas sim, na terceira ou quarta geração após as primeiras testemunhas começaram a
escrever seus evangelhos, porém com um grande problema em vista, como escrever um evangelho sem
ser ofensivo ao Grande império romano que de todos exige reverencia e lealdade caso contrario, a morte
era certa.
Porém é preciso lembrar nesta conclusão e resumo que o Império Romano teve grande participação na
execução de Jesus, e não somente nisto, mas também na subseqüente perseguição nos próximos três
séculos seguintes aos seguidores de Jesus, começando por seus familiares e depois apóstolos e discípulos.
Os cristãos como vimos nos testemunhos citados neste estudo foram proibidos pelo Império Romano até
mesmo de existirem. Os cristãos se negaram a adorar os Imperadores Romanos e prestar culto aos
mesmos em seus Templos espalhados por toda Ásia Menor e até mesmo na Judéia, lembrem-se que
Herodes O Grande foi quem construiu a cidade de Cesaréia em homenagem a CESAR AUGUSTO na
costa da Judéia e lá também construiu um Grande TEMPLO ao deus CESAR O IMPERADOR, os cristão
se negaram a este tipo de idolatria e por isto pagaram um alto preço, quase quatro séculos de perseguições
sistemáticas, gerando mortes e terror por todo o mundo antigo. Seria uma ingenuidade tremenda culpar
também somente a classe dirigente da Judéia pela morte de Jesus e esquecer de mencionar que, o Império
Romano é quem mandava na Judéia através de seu procurador ou prefeito Poncio Pilatos, ou seja, o
Império nomeava o governador que por sua vez nomeava o Sumo Sacerdote, em outras palavras, a classe
dirigente da Judéia tinha como patrão o Império Romano, eles apenas cumpriam ordens de regras já pré-
estabelecidas, ou seja, eles eram vassalos de Roma em troca de benesses, conforto, riquezas e luxo
enquanto o povo vivia oprimido para bancar o luxo de Roma e aqueles que se prostituíam com ela A
GRANDE MERETRIZ.
Espero ter contribuído de alguma forma, para que você possa, de agora em diante, ler as escrituras
despido de pré-conceitos teológicos, que na maioria das vezes, mais atrapalha, do que ajuda. Leia as
escrituras e as interprete por você mesmo, procure bons livros, não importa se eles forem judeus,
católicos, evangélicos, espíritas, descubra as verdades de Deus por você mesmo. Leia. A principal arma
contra o pré-conceito, o anti-semitismo e a ignorância, sem duvida, é o conhecimento. Eu comparo a
ignorância com as trevas e o conhecimento com a luz, quanto mais conhecimento mais luz raiará em seu
caminho, os provérbios tratam a sabedoria e a Torah como a luz e lâmpada para os meus caminhos,
busque estes atributos do eterno. Hoje existe muita literatura sobre o Jesus histórico, sobre os acréscimos
que sofreram o novo testamento, então, mãos à obra, leia, pesquise e por fim, tire suas próprias
conclusões.
Bibliografia:
O que Jesus disse? O que Jesus não disse? Bart D. Ehrman. Editota Prestigo/Ediouro
Verdades e mentira sobre o chamado Jesus. Aderbal Pacheco. Editora DPL.
A face oculta das religiões. José Reis Chaves. Editota Martin Claret.
O evangelho perdido de “Q” e as origens cristãs. Burton L. mack. Editota Imago.
Ditos primitivos de Jesus. Uma introdução ao ‘proto-evangelho de ditos”Q”. Santiago
Guijarro Oporto.
As várias faces de Jesus. Geza Vermes. Editora Record.
A paixão. Geza Vermes. Editora Record.
Natividade. Geza Vermes. Editora Record.
Quem é quem na época de Jesus. Geza Vermes. Editora Record.
O judaísmo e as origens do cristianismo III. David Flusser. Editora Imago.
Quem matou Jesus. John Dominic Crossan. Editora Imago.
A Dinastia de Jesus. James D. Tabor. Editora Ediouro.
A ultima semana. Markus Brog e John Dominic Crossan. Editora ...
Como ler os evangelhos. Felix Morach. Editora Paulus.
O quinto evangelho de Tomé. Huberto Rohden. Editora Martin Claret.
O evangelho de Judas. Bart D. Ehrman.
Cristo é a questão. Wayne Meeks. Editora Paulus.
Jesus: uma pequena biografia. Martin Forward. Editora Cultrix.
Os partidos religiosos hebraicos da época neotestamentária. Kurt Shubert. Editora Paulus.
Os manuscritos de qumran e o novo testamento. Gervásio F. Orrú.
A comunidade de qumran e a igreja do novo testamento. Karl Hrmann Schelkle. Edições
Paulinas.
101 perguntas sobre os manuscritos do mar morto. Joseph A. Fitzmeyer, SJ. Edições Loyola.
A odisséia dos essênios. Hugh Schonfield. Editora Mercuryo.
Anjos e Messias, messianismos judaicos e a origem da cristologia. Luigi Schiavo. Edições
Paulinas.
História dos Hebreus. Flavio Josefo. Editora CPAD.
Guerras Judaicas. Flavio Josefo. Editora Juruá.
História Eclesiástica. Eusébio de Cesáreia. Editora CPAD.
A Bíblia de Jerusalém. Editora Paulus.