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Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

Quem matou

Jesus segundo os

Evangelho e Atos

dos Apóstolos

Estudo feito por Eliezer Lucena 1


Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

Índice:

1) Quem era a classe dirigente da Judéia na época de Jesus?

2) Crime acusado de ter cometido: ser o rei dos judeus

3) O templo esconderijo de ladrões?

4) Julgamento irregular na calada da noite

5) Pilatos o justo, o bonzinho...

6) Textos de outros livros do novo testamento que provam quem planejou e


matou Jesus:

7) Outros testemunhos do novo testamento sobre quem matou Jesus.

8) Testemunhos históricos sobre quem matou Jesus.

9) A morte de Tiago irmão de Jesus

10) A morte de Simão irmão de Jesus

11) A perseguição a Família de Jesus, descendentes de Davi

12) A perseguição romana aos primeiros cristãos durante os três primeiros


séculos

13) Yeshua e a moeda do Imperador Cesar

14) Conclusão

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Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

QUEM MATOU JESUS?


Para responder a essa pergunta, teremos que analisar vários versículos de capítulos diferentes do
evangelho de Marcos, e também analisar outros trechos dos demais evangelhos canônicos, alguns
testemunhos históricos dos pais da Igreja como Eusébio de Cesáreia e sua obra História Eclesiástica, e
outros, para então tentarmos chegar a uma conclusão.

1) Quem era a classe dirigente da Judéia na época de Jesus?


Marcos 8: 31 Jesus começou a ensinar os discípulos, dizendo: —o filho do homem terá de sofrer muito. Ele será rejeitado
pelos líderes judeus, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da lei. Será morto e, três dias depois, ressuscitará.
Marcos 10: 33 —escutem! Nós estamos indo para Jerusalém, onde o filho do homem será entregue aos chefes dos sacerdotes
e aos mestres da lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos não-judeus. 34 estes vão zombar dele, cuspir nele, bater
nele e matá-lo; mas três dias depois ele ressuscitará.
Marcos 11: 18 os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei ouviram isso e começaram a procurar um jeito de matar Jesus.
Mas tinham medo dele porque o povo admirava os seus ensinamentos.
Marcos 11: 27 depois voltaram para Jerusalém. Quando Jesus estava andando pelo pátio do templo, chegaram perto dele os
chefes dos sacerdotes, os mestres da lei e os líderes dos judeus que estavam ali

A parábola da vinha e os lavradores maus


Marcos 12: 1 depois Jesus começou a falar por meio de parábolas. Ele disse: - certo homem fez uma plantação de uvas e pôs
uma cerca em volta dela. Construiu um tanque para pisar as uvas e fazer vinho e construiu uma torre para o vigia. Em
seguida, arrendou a plantação para alguns lavradores e foi viajar. 2 quando chegou o tempo da colheita, o dono enviou um
empregado para receber a sua parte. 3 mas os lavradores agarraram o empregado, bateram nele e o mandaram de volta sem
nada. 4 o dono mandou mais um empregado, mas eles bateram na cabeça dele e o trataram de um modo vergonhoso. 5 e
ainda outro foi mandado para lá, mas os lavradores o mataram. E o mesmo aconteceu com muitos mais—uns foram surrados,
e outros foram mortos. 6 e agora a única pessoa que o dono da plantação tinha para mandar lá era o seu querido filho.
Finalmente ele o mandou, pensando assim: “o meu filho eles vão respeitar.” 7 mas os lavradores disseram uns aos outros:
“este é o filho do dono; ele vai herdar a plantação. Vamos matá-lo, e a plantação será nossa.” 8 —então agarraram o filho, e
o mataram, e jogaram o corpo para fora da plantação. 9 aí Jesus perguntou: —e agora, o que é que o dono da plantação vai
fazer? Ele virá, matará aqueles homens e entregará a plantação a outros lavradores. 10 vocês não leram o que as escrituras
sagradas dizem? “a pedra que os construtores rejeitaram veio a ser a mais importante de todas. 11 isso foi feito pelo senhor e
é uma coisa maravilhosa! 12 os líderes judeus sabiam que a parábola era contra eles e quiseram prender Jesus, mas tinham
medo do povo. Por isso deixaram Jesus em paz e foram embora.

Após a leitura dos trechos acima algumas perguntas precisam ser feitas a respeito da interpretação de tais
passagens bíblicas. 1) De quem era a terra onde estava plantada a vinha? 2) Quem era a vinha? 3) Quem
eram os lavradores maus?

1) A terra é do Eterno.
Levi tico 25: 23 também a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é minha; pois vós sois para mim estrangeiros
e peregrinos.
Salmos 24:1 do Eterno é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.
Joel 2:18 então o Eterno terá zelo da sua terra, e se compadecerá do seu povo.

2) A vinha é a casa de Israel.


Isaias 5: 7 porque a vinha do senhor dos exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta dileta do senhor; este
desejou que exercessem juízo, e eis aí quebrantamento da lei; justiça, e eis aí clamor. 8 ai dos que ajuntam casa a casa,
reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e ficam como únicos moradores no meio da terra!

3) Os lavradores maus era a classe dirigente da Judéia.


Marcos 12:12 os líderes judeus sabiam que a parábola era contra eles e quiseram prender Jesus, mas tinham medo do povo.
Por isso deixaram Jesus em paz e foram embora.

Quem era a classe dirigente da Judéia?


Eram os líderes judeus, ou seja, Herodes e o partido dos herodianos, os saduceus que eram os chefes dos
sacerdotes e guardiões do Templo e os mestres da lei que eram os escribas funcionários dos saduceus.

Marcos 10: 33 —escutem! Nós estamos indo para Jerusalém, onde o filho do homem será entregue aos chefes dos sacerdotes
e aos mestres da lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos não-judeus. 34 estes vão zombar dele, cuspir nele, bater
nele e matá-lo; mas três dias depois ele ressuscitará.
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Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

Marcos 14: 1 faltavam dois dias para a festa da páscoa e a festa dos pães sem fermento. Os chefes dos sacerdotes e os
mestres da lei procuravam um jeito de prender Jesus em segredo e matá-lo. 2 eles diziam: —não vamos fazer isso durante a
festa, para não haver uma revolta no meio do povo.
Marcos 14: 43 Jesus ainda estava falando, quando chegou Judas, um dos doze discípulos. Vinha com ele uma multidão
armada com espadas e porretes, que tinha sido mandada pelos chefes dos sacerdotes, pelos mestres da lei e pelos líderes
judeus.

Julgamento arranjado de madrugada na casa do sumo sacerdote.


Marcos 14: 53 em seguida, levaram Jesus até a casa do grande sacerdote, onde estavam reunidos os chefes dos sacerdotes,
alguns líderes dos judeus e alguns mestres da lei.

O texto acima fala por si só: um julgamento na casa do sumo sacerdote com a participação de apenas
alguns lideres judeus e alguns mestres da lei. Por que na casa do Sumo Sacerdote? Por que não no
Sinédrio que era a suprema corte de Israel?

Obs.: Um julgamento judaico sério deveria acontecer sempre e invariavelmente de dia, e no Sinédrio, ou
seja, a suprema corte judaica com os 70 membros e presidido pelo Sumo Sacerdote.

2) Crime acusado de ter cometido: ser o rei dos judeus


Marcos 14: 61 mas Jesus ficou calado e não respondeu nada. Então o grande sacerdote tornou a perguntar: —você é o
messias, o filho do Deus bendito? 62 Jesus respondeu: —sou. E vocês verão o filho do homem sentado do lado direito do
Deus todo-poderoso e descendo com as nuvens do céu! 63 aí o grande sacerdote rasgou as suas próprias roupas e disse: —
não precisamos mais de testemunhas!

Marcos 15: 1 assim que amanheceu, os chefes dos sacerdotes se reuniram com os líderes dos judeus, e com os mestres da lei,
e com todo o Sinédrio e fizeram os seus planos. Eles amarraram Jesus, e o levaram, e entregaram a Pilatos. 2 Pilatos
perguntou: —você é o rei dos judeus? —quem está dizendo isso é o senhor! —respondeu Jesus.

Repare que a mesma pergunta foi feita pelo sumo sacerdote e por Pilatos: Você é o messias, o rei dos
judeus? E o povo? Estava do lado de quem? De Jesus ou da elite do templo?

Marcos 10: 46 Jesus e os discípulos chegaram à cidade de Jericó. Quando ele estava saindo da cidade, com os discípulos e
uma grande multidão, encontrou um cego chamado Bartimeu, filho de Timeu. O cego estava sentado na beira do caminho,
pedindo esmola.

Marcos 11: 8 muitas pessoas estenderam as suas capas no caminho, e outras espalharam no caminho ramos que tinham
cortado nos campos. 9 tanto os que iam na frente como os que vinham atrás começaram a gritar: —Hosana a Deus! Que
Deus abençoe aquele que vem em nome do senhor! 10 que Deus abençoe o reino de Davi, o nosso pai, o reino que está vindo!
Hosana a Deus nas alturas do céu!

Marcos 12: 37 o próprio Davi chama o messias de senhor. Portanto, como é que o messias pode ser descendente de Davi?
Uma grande multidão escutava com prazer o que Jesus ensinava.

Por que os chefes dos sacerdotes ou saduceus, os escribas e os lideres judeus tinham medo do povo?
Marcos 11: 17 e ele ensinava a todos assim: —nas escrituras sagradas está escrito que Deus disse o seguinte: “a minha casa
será chamada de ‘casa de oração’ para todos os povos.” Mas vocês a transformaram num esconderijo de ladrões! 18 os
chefes dos sacerdotes e os mestres da lei ouviram isso e começaram a procurar um jeito de matar Jesus. Mas tinham medo
dele porque o povo admirava os seus ensinamentos.

Marcos 12:12 os líderes judeus sabiam que a parábola era contra eles e quiseram prender Jesus, mas tinham medo do povo.
Por isso deixaram Jesus em paz e foram embora.

Marcos 14:1 faltavam dois dias para a festa da páscoa e a festa dos pães sem fermento. Os chefes dos sacerdotes e os mestres
da lei procuravam um jeito de prender Jesus em segredo e matá-lo 2 eles diziam: —não vamos fazer isso durante a festa,
para não haver uma revolta no meio do povo.

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Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

O povo é claro estava do lado de Jesus, e por isto a classe dirigente da Judéia tinha medo tanto de Jesus
quanto da multidão que o seguia. Por esta razão não o prenderam no templo de dia. Por que era preciso
uma pessoa intima de Jesus para trai-lo? E por que os lideres dos sacerdotes e do templo não prenderam
Jesus de dia no próprio templo? Porque os lideres judeus, os chefes dos sacerdotes e os escribas, ou seja, a
classe dirigente e dominante da Judéia tinha medo de prender Jesus de dia no templo por causa do povo
que estava a favor de Jesus, pois Jesus pregava contra a injustiça da classe dominante que se escondia no
templo. E eles precisavam de alguém intimo de Jesus que soubesse onde ele estaria à noite, como diz o
texto acima “ em segredo “ , e assim à noite prende-lo, na calada da noite prende-lo, julga-lo, e assim foi,
tanto é verdade que julgaram Jesus de madrugada na casa do sumo sacerdote, tal julgamento foi uma farsa
como já relatamos e entregaram Jesus para ser julgado por Pilatos às 6 horas da manhã. Quando deram 9
horas da manhã Jesus já estava na cruz. Eu pergunto: como é o movimento nas ruas hoje às 6 horas da
manhã? Entendeu?!?

Então quem era a multidão que estava às seis horas da manhã no pretório que gritava para Pilatos:
crucificai-o! O evangelho de João nos dá à pista de quem era a multidão que gritava: crucifica-o!
Crucifica-o!

João 19: 1 então, por isso, Pilatos tomou a Jesus e mandou açoitá-lo. 2 os soldados, tendo tecido uma coroa de espinhos,
puseram-lha na cabeça e vestiram-no com um manto de púrpura. 3 chegavam-se a ele e diziam: salve, rei dos judeus! E
davam-lhe bofetadas. 4 outra vez saiu Pilatos e lhes disse: eis que eu vo-lo apresento, para que saibais que eu não acho nele
crime algum. 5 saiu, pois, Jesus trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Disse-lhes Pilatos: eis o homem! 6 ao
verem-no, os principais sacerdotes e os seus guardas gritaram: crucifica-o! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: tomai-o vós
outros e crucificai-o; porque eu não acho nele crime algum.

Às 6 horas da manhã é claro que o povão estava ainda em suas casas, uns dormindo, outros acordando pra
o iniciar de um novo dia e etc. O evangelho de João nos diz que o povo que gritou crucificai-o eram os
principais sacerdotes, ou seja, os saduceus, e os seus guardas, ou seja, os guardas do templo.

3) O templo esconderijo de ladrões?


Marcos 11: 15 quando Jesus e os discípulos chegaram a Jerusalém, ele entrou no pátio do templo e começou a expulsar
todos os que compravam e vendiam naquele lugar. Derrubou as mesas dos que trocavam dinheiro e as cadeiras dos que
vendiam pombas. 16 e não deixava ninguém atravessar o pátio do templo carregando coisas. 17 e ele ensinava a todos
assim: —nas escrituras sagradas está escrito que Deus disse o seguinte: “a minha casa será chamada de ‘casa de oração’
para todos os povos.” Mas vocês a transformaram num esconderijo de ladrões!

Repare que Jesus diz que o templo tinha se tornado um esconderijo de ladrões. É isto mesmo, esconderijo,
um local onde as pessoas se escondem. Se esconder do que? Escondiam-se atrás da religião e dos ritos de
purificação e expiação que eram realizados no Templo e pensavam que estariam seguros. Eram parceiros
da opressão romana. Que penalizava o povo com altas taxas de impostos. Que tomavam as terras até das
viúvas pobres. Jesus denunciou os escribas por isto. Quem eram os escribas? Eram doutores da lei,
letrados, eles que copiavam em rolos as sagradas escrituras, ou seja, a Torá, os profetas e demais. Eram
funcionários dos saduceus e dos chefes dos sacerdotes e dos ricos, eles administravam os contratos de
empréstimos e depois tomavam as propriedades das viúvas impossibilitadas de pagar as dividas. Eles
escravizavam os filhos daqueles também que tinham dividas e os mandavam para a guerra. A classe
sacerdotal que deveria protestar contra as injustiças e proteger o órfão, a viúva e o estrangeiro os
oprimiam. Eles se tornaram colaboradores do império romano, e oprimiam o povo à troca de regalias e
riquezas.

Lembre-se do texto :
Marcos 12: 38 ele dizia ao povo: —cuidado com os mestres da lei! Eles gostam de andar para lá e para cá, usando capas
compridas, e gostam de ser cumprimentados com respeito nas praças; 39 preferem os lugares de honra nas sinagogas e os
melhores lugares nos banquetes. 40 exploram as viúvas e roubam os seus bens; e, para disfarçarem, fazem orações
compridas. Portanto, o castigo que eles vão sofrer será pior ainda!

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Esconderijo de ladrões
Jesus usou um texto de Isaias conjugado com outro de Jeremias para falar do Templo, porém o texto que
nos interessa é o do Profeta Jeremias:
Jeremias 7: 4 não confiem mais nestas palavras mentirosas: “nós estamos seguros! Este é o templo do senhor, este é o
templo do senhor, este é o templo do senhor!” 5 —mudem de vida e parem de fazer o que estão fazendo. Sejam honestos uns
com os outros. 6 parem de explorar os estrangeiros, os órfãos e as viúvas. Não matem mais pessoas inocentes neste lugar. E
parem de adorar outros Deuses, pois isso vai acabar com vocês. 7 se vocês mudarem de vida, eu deixarei que continuem
morando aqui, na terra que dei para sempre aos seus antepassados. 8 —vejam! Vocês estão confiando em palavras
mentirosas e sem valor. 9 vocês roubam, matam, cometem adultério, juram para encobrir mentiras, oferecem sacrifícios a
Baal e adoram outros Deuses que vocês não conheciam no passado. 10 fazem coisas que eu detesto, depois vêm e ficam na
minha presença, no meu próprio templo, e dizem: “nós estamos seguros!” 11 será que vocês estão pensando que o meu
templo é um esconderijo de ladrões? Eu tenho visto o que vocês estão fazendo. Sou eu, o senhor, quem está falando.

Vocês acham, acusa Deus a elite judaica através de Jeremias, que tudo que Deus quer é o
comparecimento regular ao templo em vez da distribuição da terra de Deus? Em vez da pratica da justiça?
Nesse contexto o significado de “esconderijo de ladrões” é muito claro. A injustiça cotidiana das pessoas
as transforma em bandidos, e elas viam o templo como sua casa, seu covil, esconderijo ou local de
segurança. O templo não é o lugar onde ocorrem roubos, mas o lugar onde os bandidos vão procurar
refúgio. Jeremias não estava declarando nada de novo com essa acusação. Havia uma antiga tradição
profética em que Deus insistia, não somente na justiça e no culto, mas na justiça acima do culto. Deus
tinha dito repetidamente através de vários profetas “ rejeito sua adoração por sua falta de justiça”, mas
nunca, jamais Deus disse: “ rejeito sua justiça por sua falta de adoração”. Aqui há um exemplo dessas
passagens:

Amós 5: 21 o senhor diz ao seu povo: —eu odeio, eu detesto as suas festas religiosas; não tolero as suas reuniões solenes. 22
não aceito animais que são queimados em sacrifício, nem as ofertas de cereais, nem os animais gordos que vocês oferecem
como sacrifícios de paz. 23 parem com o barulho das suas canções religiosas; não quero mais ouvir a música de harpas. 24
em vez disso, quero que haja tanta justiça como as águas de uma enchente e que a honestidade seja como um rio que não
pára de correr.

Oséias 6: 6 pois misericórdia quero, e não sacrifício; e o conhecimento de Deus mais do que holocaustos.

Miquéias 6: 6 com que me apresentarei ao senhor e me inclinarei ante o Deus excelso? Virei perante ele com holocaustos,
com bezerros de um ano? 7 agradar-se-á o senhor de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu
primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo, pelo pecado da minha alma? 8 ele te declarou, ó homem, o que é
bom e que é o que o senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.

Isaías 1: 11 de que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? —diz o senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros
e da gordura de animais cevados e não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes. 12 quando vindes
para comparecer perante mim, quem vos requereu o só pisardes os meus átrios? 3 não continueis a trazer ofertas vãs; o
incenso é para mim abominação, e também as festas da lua nova, os sábados, e a convocação das congregações; não posso
suportar iniqüidade associada ao ajuntamento solene. 14 as vossas festas da lua nova e as vossas solenidades, a minha alma
as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer. 15 pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos;
sim, quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue. 16 lavai-vos,
purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal. 17 aprendei a fazer o bem;
atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas.

O próprio nome Deus (Elohim) em hebraico quer dizer também juiz, como Deus é justo, Ele é juiz =
Elohim, e o mundo todo pertence a ele, o culto, a adoração não pode ser separada da justiça ou até mesmo
substituí-la, porque a justiça, ou a união a um Deus de justiça, dá força ao fiel para uma vida de justiça.
Deus ama a justiça e aborrece a injustiça. Não adianta nada rituais religiosos sem uma vida de piedade e
justiça. Não se pode inverter esta ordem. Como mostram os textos acima no próprio velho Testamento
Deus dava mais importância a uma vida pratica de justiça, juízo, misericórdia e fidelidade. Voltemos a
Jesus. Jesus usa as palavras de Jeremias no mesmo contexto. O incidente no templo, ou seja, a ação de
Jesus de expulsar os cambistas, envolvia tanto um ensinamento como um anuncio profético. Jesus não
estava com tal ato se referindo aos cambistas em si, mesmo porque tal atividade era legal e até prevista na
lei de Moisés. Jesus estava se referindo a corrupção e injustiças da elite do Templo, quem é que vivia no
templo? Não eram os chefes dos sacerdotes ou saduceus e escribas? Jesus denunciava a colaboração da
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elite religiosa com a dominação política que gerava a opressão do povo. Lembrem-se das viúvas e dos
órfãos. Jesus não estava criticando os sacrifícios em si, a adoração em si, mas estava dizendo que não
adiantava nada somente comparecer ou até mesmo morar no Templo e viver na corrupção, não combina.
Deus é justo e integro, e quando o culto substituiu a justiça, Deus rejeitou o Templo de Jerusalém, para
nós hoje, atualmente, a igreja de Deus.

4) Julgamento irregular na calada da noite


O próprio julgamento de Jesus foi uma farsa em si, visto que no próprio Novo Testamento você encontra
um julgamento executado de acordo com as Leis Judaicas da época para comparar e se basear. O
julgamento de Jesus aconteceu de forma atípica das Leis Judaicas, em outras palavras, havia pessoas
influentes e poderosas que queriam ver Jesus morto, foi forjado um julgamento totalmente irregular feito
na calada da noite para o povo não ver, não participar e nem ficar sabendo. Vejamos o texto:
Mateus 26: 57 E os que prenderam Jesus o levaram à casa de Caifás, o sumo sacerdote, onde se haviam reunido os escribas e
os anciãos. 58 Mas Pedro o seguia de longe até ao pátio do sumo sacerdote e, tendo entrado, assentou-se entre os
serventuários, para ver o fim. 59 Ora, os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho falso contra
Jesus, a fim de o condenarem à morte. 60 E não acharam, apesar de se terem apresentado muitas testemunhas falsas. Mas,
afinal, compareceram duas, afirmando: 61 Este disse: Posso destruir o santuário de Deus e reedificá-lo em três dias. 62 E,
levantando-se o sumo sacerdote, perguntou a Jesus: Nada respondes ao que estes depõem contra ti? 63 Jesus, porém,
guardou silêncio. E o sumo sacerdote lhe disse: Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus.
64 Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste; entretanto, eu vos declaro que, desde agora, vereis o Filho do Homem assentado à
direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu. 65 Então, o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo:
Blasfemou! Que necessidade mais temos de testemunhas? Eis que ouvistes agora a blasfêmia! 66 Que vos parece?
Responderam eles: É réu de morte. 67 Então, uns cuspiram-lhe no rosto e lhe davam murros, e outros o esbofeteavam,
dizendo: 68 Profetiza-nos, ó Cristo, quem é que te bateu!

No texto acima fica claro que os que prenderam Jesus o levaram à casa do Sumo Sacerdote Kaifás onde
foi feito um julgamento à noite totalmente contrario ao que ordenava a Lei Judaica da época. Um
julgamento sério deveria ocorrer de dia e no Sinédrio, deveria contar com a presença de todo os
integrantes do Sinédrio, ou seja, 71 membros, e deveria contar com testemunhas qualificadas de acusação,
não testemunhas arranjadas e contraditórias como foi o caso.
Podemos usar um exemplo do próprio novo testamento de um procedimento quase correto, se não fosse
pelas testemunhas arranjadas, de um julgamento que seguiu as exigências da Lei Judaica da época, que
foi o julgamento de Estevão registrado em Atos dos Apóstolos capitulo 6, conforme texto abaixo:
Atos 6: 8 Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. 9 Levantaram-se, porém, alguns dos
que eram da sinagoga chamada dos Libertos, dos cireneus, dos alexandrinos e dos da Cilícia e Ásia, e discutiam com Estêvão;
10 e não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito, pelo qual ele falava. 11 Então, subornaram homens que dissessem:
Temos ouvido este homem proferir blasfêmias contra Moisés e contra Deus. 12 Sublevaram o povo, os anciãos e os escribas
e, investindo, o arrebataram, levando-o ao Sinédrio. 13 Apresentaram testemunhas falsas, que depuseram: Este homem não
cessa de falar contra o lugar santo e contra a lei; 14 porque o temos ouvido dizer que esse Jesus, o Nazareno, destruirá este
lugar e mudará os costumes que Moisés nos deu. 15 Todos os que estavam assentados no Sinédrio, fitando os olhos em
Estêvão, viram o seu rosto como se fosse rosto de anjo.

No versículo 12 temos o registro de um procedimento normal e legal da época, se alguém tivesse alguma
acusação contra outro alguém deveria levar ao Sinédrio durante o dia, e o Sinédrio através de um
julgamento deveria resolver a questão, como foi o caso de Estevão. No caso de Estevão contudo houve
uma irregularidade inadmissível que foram as testemunhas forjadas, porém existe um similaridade na
acusação com o julgamento de Jesus, que está no versículo 13: “Este homem não cessa de falar contra o lugar
santo e contra a lei; 14 porque o temos ouvido dizer que esse Jesus, o Nazareno, destruirá este lugar e mudará os costumes
que Moisés nos deu.” O lugar Santo era o Templo que as testemunhas diziam que Estevão falava que Jesus
destruiria, podemos concluir que o motivo da execução de Estevão foi o mesmo da execução de Jesus, ou
seja, proferir sentenças de destruição contra o Templo dos judeus.

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5) Pilatos o justo, o bonzinho, o piedoso...


Mateus 27: Marcos 15: Lucas 23:
26 então, Pilatos lhes soltou Barrabás; e, 15 então, Pilatos, querendo contentar a 16 portanto, após castigá-lo, soltá-lo-ei.
após haver açoitado a Jesus, entregou- multidão, soltou-lhes Barrabás; e, após
o para ser crucificado. mandar açoitar a Jesus, entregou-o
27 logo a seguir, os soldados do governador, para ser crucificado.
levando Jesus para o pretório, reuniram 16 então, os soldados o levaram para dentro
em torno dele toda a coorte. do palácio, que é o pretório, e reuniram
28 despojando-o das vestes, cobriram-no todo o destacamento.
com um manto escarlate; 17 vestiram-no de púrpura e, tecendo uma
29 tecendo uma coroa de espinhos, puseram- coroa de espinhos, lha puseram na
lha na cabeça e, na mão direita, um cabeça.
caniço; e, ajoelhando-se diante dele, o 18 e o saudavam, dizendo: salve, rei dos
escarneciam, dizendo: salve, rei dos judeus!
judeus! 19 davam-lhe na cabeça com um caniço,
30 e, cuspindo nele, tomaram o caniço e cuspiam nele e, pondo-se de joelhos, o
davam-lhe com ele na cabeça. adoravam.
31 depois de o terem escarnecido, despiram- 20 depois de o terem escarnecido, despiram-
lhe o manto e o vestiram com as suas lhe a púrpura e o vestiram com as suas
próprias vestes. Em seguida, o levaram próprias vestes. Então, conduziram Jesus
para ser crucificado. para fora, com o fim de o crucificarem.

No capitulo 13 de Lucas, disseram os fariseus a Jesus que Herodes queria matá-lo que ele fosse embora
de Jerusalém porque era perigoso. No capitulo 23 de Lucas Herodes faz as pazes com Pilatos. Muito
estranho esta reconciliação de Herodes com Pilatos por ocasião da prisão de Jesus. Vamos ao que
interessa. Pilatos é visto por muitos pregadores e crentes com o bonzinho que tentou salvar a vida de
Jesus. No entanto esta não é verdade histórica. O mesmo Pilatos que queria libertar Jesus mandou açoita-
lo. Um açoite era a soma de 39 chibatadas. Estas chibatadas eram dadas e aplicadas com um instrumento
que se chamava azorrague. O azorrague era uma tira grossa de couro que na sua ponta tinha mais doze
tiras de couro mais finas, e nas pontas destas tiras finas eram fixadas 12 pedaços pontiagudos de osso ou
ferro. Então façamos as contas: 39 x 12 = 468. O corpo de Jesus ficou com 468 buracos feitos pelos ossos
pontiagudos ou ferro do azorrague. Sem contar que isto era aplicado por um tipo de carrasco, ou seja,
homens fortes e preparados para a guerra e a tortura coisa que era especialidade do Império Romano.

Quais crimes eram punidos com a crucificação?


A crucificação era uma punição apenas para criminosos políticos, ou seja, revolucionários, sediciosos,
rebeldes contra o sistema romano, crimes contra a lei dos judeus não eram punidos com a crucificação.
Somente os romanos podiam crucificar alguém na época de Jesus. O próprio novo testamento relata isto
nos casos do apedrejamento de Estevão, da mulher adultera, de Paulo, e sem contar os que os livros de
Flavio josefo relatam como Tiago irmão de Jesus que foi apedrejado. Vamos relacionar os casos:
 A mulher adultera.
 Estevão.
 Paulo.
 Tiago irmão de Jesus.
Em nenhum destes casos os judeus precisaram de autorização de Roma para apedrejar suas vitimas, era
apenas necessárias duas ou três testemunhas ainda que fossem falsas. A elite judaica e os romanos tinham
um acordo que os judeus tinham autonomia para punir quem transgredisse a lei de Moisés, porém crimes
políticos somente Roma poderia punir os criminosos políticos e com a crucificação. Os dois chamados
ladrões na cruz ao lado de Jesus não eram ladrões, nos manuscritos gregos o termo é criminosos. Por que
criminosos? Porque se levantar ou se rebelar contra o poder imperial, ou seja, Roma, era um crime
gravíssimo punido com a morte por crucificação.

O crucificado não tinha direito a enterro, ou seja, a crucificação era uma punição que deveria servir de
exemplo, e o crucificado ficava pendurado na cruz às vezes até uma semana inteira, e ia morrendo aos
poucos e seu corpo se apodrecendo na cruz. E o corpo do crucificado servia de alimento para os abutres e

Estudo feito por Eliezer Lucena 8


Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

urubus e até mesmo para os cães que subiam na cruz para se alimentar da carne podre em estado de
putrificação.

Como podemos explicar a morte de Jesus que suportou apenas 6 horas na cruz? É obvio que Jesus já foi
para a cruz meio que semimorto, quase morto devido aos açoites, ou seja, os 468 buracos que o
azarrogue do carrasco fez em seu corpo e este ficou em carne viva.

Marcos 15: 42 ao cair da tarde, por ser o dia da preparação, isto é, a véspera do sábado, 43 vindo José de Arimatéia, ilustre
membro do Sinédrio, que também esperava o reino de Deus, dirigiu-se resolutamente a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. 44
mas Pilatos admirou-se de que ele já tivesse morrido. E, tendo chamado o centurião, perguntou-lhe se havia muito que
morrera. 45 após certificar-se, pela informação do comandante, cedeu o corpo a José.

Como prova o texto acima o próprio Pilatos ficou admirado que Jesus já estivesse morto no mesmo dia e
apenas 6 horas pendurado na cruz. E Pilatos não acreditou por si só, que mandou um centurião verificar
se era verdade que Jesus já estava morto. O criminoso punido com a crucificação deveria ter uma morte
lenta e demorada na cruz, chegando a ficar dias pendurado na cruz.
Quem mandou açoitar Jesus?
Pilatos.
Quem caçoou de Jesus?
Os soldados romanos.
Quem colocou uma coroa de espinhos em Jesus e zombou dele chamando-o de rei?
Os soldados romanos.
Quem batia na cabeça de Jesus e perguntava. Profetiza, ou seja, adivinha quem te bateu?
Os soldados romanos.
Tudo isto a mandado de quem?
É obvio que de Pilatos e Herodes.
Onde está então o Pilatos bonzinho? Caberia aqui um breve resumo de
alguns estudiosos sobre a pessoa de Pilatos.

Quem Foi Pôncio Pilatos?


(Meu nome é Airton José da Silva e sou Professor de Antigo Testamento/Bíblia Hebraica na Faculdade de Teologia Dom
Miele do CEARP - Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, SP. Fui professor na mesma área na FTCR da PUC-
Campinas de 1980 a 2006.)

Pôncio Pilatos teria passado praticamente despercebido pelos historiadores se no período em que foi
prefeito da Judéia, não tivesse participado do injusto processo que condenou Nosso Senhor Jesus Cristo.
Por isso, seu nome foi incluído no quarto artigo do credo para deixar claro que a redenção deu-se num
lugar concreto do mundo, a Palestina. Num tempo concreto da história, isto é, quando Pilatos era prefeito
da Judéia.

Tendo a Judéia perdido sua independência, tornou-se uma Província Romana. Administrada por um
governador, era este o supremo magistrado a quem eram deferidas todas as causas capitais. Foi então que
no ano 26 d.C., Pôncio Pilatos veio suceder Valério Grato no governo desta região.

Os detalhes de sua vida que antecedem à sua chegada na Palestina nos são desconhecidos. Porém muitos
historiadores admitem que ele era descendente de uma nobre família romana e que desposara uma parenta
do imperador Tibério chamada Cláudia Prócula.

Alguns escritores antigos o chamam de procurador, entretanto, este título parece ter sido concedido aos
governadores da Judéia num período posterior ao de Pilatos. Conforme uma inscrição encontrada nas
ruínas do Anfiteatro de Cesaréia Marítima, no ano de 1961, o seu verdadeiro ofício era o de Prefeito. Esta
lápide encontra-se hoje no Museu de Jerusalém.

Estudo feito por Eliezer Lucena 9


Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

Pilatos estava à frente de uma circunscrição a qual pertenciam três pequenas regiões: Judéia, Samaria e
Iduméia. Tendo esta última seus limites pouco definidos, necessitava de uma particular atenção. Mesmo
sendo províncias de exígua importância, não era nada fácil administrá-las, pois sempre estavam
envolvidas em revoltas e conspirações.

As principais funções do Prefeito eram a de manter a ordem na província, arrecadar os impostos que
deveriam ser enviados a Roma e administrá-la judicialmente. Por este motivo é que tomou parte no
injusto processo que condenou Jesus.

Pilatos habitualmente residia em Cesárea, que era a capital oficial e estava situada à beira mar. Esta
cidade foi construída por Herodes o Grande, que lhe deu este nome com o intuito de lisonjear o imperador
César Augusto.

Entretanto, durante as festas mais significativas dos judeus, transladava-se para Jerusalém com todos os
seus soldados, residindo no Pretório, contíguo à torre Antonia, ao noroeste do templo. Agia assim por
temer que aquela multidão viesse a tramar alguma insurreição contra o poderio romano na Judéia.
Embora seu regimento não superasse a 4.500 soldados, podia em caso de necessidade, solicitar o auxílio
militar do governador da Síria que era o seu superior imediato.

No período em que governou a Palestina, ocorreram diversos incidentes. Flávio Josefo conta que em certa
ocasião Pilatos mandou introduzir em Jerusalém o estandarte de sua tropa com as insígnias do Imperador
Tibério. A presença de representações humanas na Cidade Santa provocou uma indignação geral. Viam
nisto a violação de suas leis divinas que não permitiam elevar nenhuma imagem em sua cidade. Partiu
então de Jerusalém uma delegação de judeus, rumo à sua residência em Cesaréia, a fim de protestar.

Permaneceram ali durante cinco dias e cinco noites. Ao final, Pilatos, indignado com aquele tumulto,
convidou os judeus para que se apresentassem diante dele. Primeiramente mostrou-se cordial como se
quisesse atender os seus pedidos. Enquanto o povo se reunia, apareceram três esquadrões que o cercaram
de todos os lados. Pilatos, a fim de intimidá-los, ordenou que suas tropas desembainhassem as espadas.

Esta ameaça só fez acirrar ainda mais o ânimo daqueles judeus. Através do gesto de desnudar os seus
pescoços, quiseram demonstrar ao governador que preferiam morrer a ver a Cidade Santa profanada com
imagens de falsos deuses. Temendo desordens ainda maiores, Pilatos recuou. Mandou então tirar os
estandartes, bem como as insígnias imperiais de Jerusalém.

Flávio Josefo narra outro episódio ocorrido durante seu mandato. Pilatos mandou construir um aqueduto
para levar água das imediações de Belém até Jerusalém. Porém, devido ao alto custo do projeto, resolveu
então tomar o dinheiro do tesouro do Templo chamado Korbonan. Este fato deu origem a uma grande
rebelião e, para reprimi-la, o governador usou de um cruel estratagema.

Mandou que vários de seus soldados fossem à Jerusalém, disfarçados como peregrinos. Deviam estar sem
espadas, munidos apenas de um pequeno bastão escondido por entre a roupa. E, quando já se
encontravam misturados no meio do povo, todos a uma só vez começaram a golpear os revoltosos.
Muitos daqueles que conseguiram escapar das mãos dos soldados, acabaram por morrer pisoteados pela
multidão que fugia assustada.

Contudo, o mais grave dos casos sucedidos durante o seu mandato foi o violento massacre ocorrido no
Monte Garazim no ano 35. Um samaritano por acreditar haver chegado o tempo messiânico, convenceu o
povo a tomar armas contra os romanos. Pilatos, ao ser alertado sobre o fato, ocupou o caminho que leva
até este monte sagrado dos samaritanos e ordenou ao seu exército que apunhalasse os revoltosos. Muitos
destes morreram e outros foram feitos prisioneiros.

Estudo feito por Eliezer Lucena 10


Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

Após este episódio, os samaritanos mandaram uma delegação ao governador da Síria, Lúcio Vitélio, que
destituiu Pilatos de seu cargo. Em seguida, mandou-o a Roma para dar contas de sua administração ao
Imperador. Depois de 54 dias de viagem desembarcou na Itália. Entretanto, Tibério seu protetor, havia
morrido poucos dias antes. Segundo uma tradição recolhida por Eusé¬bio de Cesaréia, o cruel governador
não gozava da simpatia do novo Imperador Calígula. Foi então exilado para a França e lá se suicidou.

Nos séculos seguintes apareceram diversas legendas sobre sua pessoa. Algumas delas diziam que Tibério
mandou executá-lo, lançando seu corpo no rio Tibre. Outras, tendo como base o Evangelho apócrifo de
Nicodemos, apresentavam-no como conver¬tido ao cristianismo junta¬mente com sua mulher Prócula.

Os Evangelistas apresentam Pilatos como sendo um homem venal, inconstante e frívolo. Mesmo sem
conhecermos qual tenha sido o seu verdadeiro destino, a imagem que temos gravada na memória é a de
um injusto juiz que lavou as mãos do sangue de um inocente. E na água que procurava limpar o seu
pecado, viu nela afogar-se o direito romano que deveria ter sido defensor. “A história do direito não
conheceu sentença mais arbitrária e antijurídica”

OS PREFEITOS E PROCURADORES ROMANOS NA JUDÉIA

Copônio 6-8 d.C.


Marcos Ambívio 8-12 (?)
Ânio Rufo 12-15 (?)
Valério Grato 15-26
Pôncio Pilatos 26-36
Marcelo 36-37
Marulo 37-41 (?)
Cúspio Fado 44-46
Tibério Alexandre 46-48
Ventídio Cumano 48-52
Antônio Félix 52-60
Pórcio Festo 60-62
Lucéio Albino 62-64
Géssio Floro 64-66

O procurador ou prefeito era um administrador em ligação com o legado que governava a província
romana da Síria e dependia dele. Residia em Cesaréia, mas subia a Jerusalém e podia lá permanecer
conforme as circunstâncias ou as necessidades.

Por causa de Flávio Josefo[9] se pensava que a Judéia fora governada por procuradores (epítropos, em
grego, procurator, latim), mas hoje se sabe, graças a uma inscrição sobre Pilatos encontrada em
Cesaréia[10], que, até Cláudio, os governadores romanos da Judéia tinham o título de éparchos ou
praefectus = prefeito. Após Cláudio, que se tornou Imperador no ano 41, podemos falar de
“procuradores”. Portanto, a partir de Cúspio Fado (44-46). Entretanto, os dois títulos, para as províncias
imperiais, como era o caso da Judéia, eram equivalentes, tendo perdido o significado original da época da
República. Tanto o prefeito como o procurador tinham funções fiscais, militares e judiciais[11].
Estudo feito por Eliezer Lucena 11
Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

Pôncio Pilatos, prefeito da Judéia, que pronuncia a sentença de morte contra Jesus de Nazaré, é um
governante duro e decidido, que nunca simpatizou com os judeus.

Herodes Agripa I, escrevendo ao Imperador Calígula, descreve-o como inflexível por natureza e cruel por
causa de sua obstinação. Acusa-o de venal, violento, extorsivo e tirânico. Pertence à ordem dos
cavaleiros, classe de pessoas ricas, muitos de origem humilde e até descendentes de escravos, que fizeram
fortuna das mais variadas maneiras.

Pilatos é nomeado procurador por Tibério, graças à influência de Sejano, o poderoso prefeito da guarda
pretoriana em Roma que é realmente quem manobra o poder. Sejano faz de tudo para prejudicar os
judeus. E consegue. Sob um pretexto qualquer, faz com que Tibério tome decisões anti-judaicas.
Pilatos faz muitas coisas contrárias aos costumes judeus, desrespeitando-os deliberadamente, para irritá-
los e reprimi-los.

Embora saiba que os judeus abominam a reprodução de imagens de qualquer espécie, ele manda cunhar
moedas com símbolos gentios. Símbolos como o lituus “um bastão recurvado numa das extremidades, em
forma de chifre, que servia para demarcar o recinto onde os sacerdotes pagãos observavam as aves do
sacrifício”, e o simpulum, espécie de concha sagrada. Pilatos é o único governante romano que tem tal
ousadia [12].

Certa vez, Pilatos manda que seus soldados entrem em Jerusalém, à noite, levando efígies do Imperador
nos estandartes. Quando amanhece, o povo se revolta com tal afronta, e ele tenta reprimi-lo. Mas tem que
ceder diante da grande coragem dos judeus que preferem morrer a transgredir a Lei. Nas palavras de
Flávio Josefo:

“Certa feita, Pilatos mandou levar, de noite, para Jerusalém, um certo número de imagens veladas do
César, que os romanos chamavam de ‘estandartes’. Mal o dia clareou, uma grande agitação tomou conta
da cidade. Todos quantos chegavam perto, enchiam-se de indignação com o espetáculo, que eles tomaram
como uma zombaria grave à lei que proibia colocar qualquer imagem que fosse no interior da cidade.
Pouco a pouco a exacerbação dos habitantes da cidade atraiu grandes multidões de pessoas que moravam
no campo. E todos se dirigiram a Cesaréia, para falar com Pilatos. Suplicavam-lhe que mandasse tirar as
imagens de Jerusalém e desistisse de agir contra as normas da religião judaica. Pilatos recusou-se a
atender ao pedido deles. Então os judeus se lançaram por terra e ficaram imóveis, no lugar, durante cinco
dias e cinco noites.

No sexto dia Pilatos sentou-se numa tribuna, no grande hipódromo da cidade, e convocou o povo, como
se quisesse comunicar-lhe uma notícia. Em seguida, porém, fez aos soldados o sinal antes combinado,
para cercarem os judeus, de armas na mão. Envolvidos por três fileiras de homens armados, os judeus
foram tomados de violenta comoção diante do fato inesperado. Pilatos mandou massacrá-los, caso não
admitissem a presença de imagens do Imperador em seu meio. Fez então novo sinal aos soldados para
desembainharem as espadas. Os judeus, à uma, jogaram-se por terra, como se tivessem combinado entre
si, e ofereceram o pescoço desnudo, declarando em alta voz que preferiam deixar-se matar a transgredir a
Lei. Esta atitude heróica do povo em defesa de sua religião causou grande espanto em Pilatos. Ele
ordenou, então, que as insígnias do Imperador fossem retiradas de Jerusalém”[13].

[9] . “O território de Arquelau foi assim reduzido a província e Copônio, um romano da ordem dos cavaleiros, foi enviado
por Augusto como procurador (epítropos), com plena autoridade”, diz JOSEFO, F., Bellum Iudaicum, 2, 117.
[10] . A inscrição foi encontrada no teatro romano de Cesaréia Marítima por uma expedição arqueológica italiana dirigida
por Antonio Frova. Diz: TIBERIEVM PON]TIVS PILATVS PRAEF]ECTUS IVDA[EA]E.
[11] . Cf. SCHÜRER, E., Storia del Popolo Giudaico al Tempo de Gesù Cristo I, Brescia, Paideia, 1985, pp. 441-444.
[12] . Cf. SPEIDEL, K. A., O julgamento de Pilatos. Para você entender a Paixão de Jesus, São Paulo, Paulus, 1979, pp. 91-
92.
[13] . JOSEFO, F., Bellum Iudaicum, 2, 169-174.

Estudo feito por Eliezer Lucena 12


Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

Quem foi Pôncio Pilatos?


Por Juan Chapa

Pôncio Pilatos foi prefeito da província romana da Judéia do ano 26 d.C. até o ano 36 ou começo do 37
d.C. Sua jurisdição chegava até a Samaria e aIduméia. Antes destas datas pouco é sabido da sua vida. O
título do cargo que exerceu foi o de praefectus (prefeito), da mesma forma que todos aqueles que
ocuparam esse cargo antes do Imperador Cláudio e está confirmado por uma inscrição que apareceu na
Cesáréia. O titulo procurador que alguns antigos autores utilizam para referir-se e este cargo, é um
anacronismo. Os evangelhos referem-se a ele de forma genérica com o título de "governador". Como
prefeito tinha que manter a ordem na província e administrá-la tanto judicial como economicamente.

Portanto, devia de estar à frente do sistema judicial (conforme consta que fez no processo de Jesus) e
recolhia os impostos para manter as necessidades da província e de Roma. Dessa última atividade não
existem provas diretas, ainda que o incidente do aqüeduto, contado por Flávio Josefo (veja abaixo), é
certamente uma conseqüência dela. Além disso, encontraram-se moedas dos anos 29, 30 e 31, que sem
margem de erro foram mandadas fazer por Pilatos. Mas, acima de tudo ele passou à História por ter sido
quem mandou executar a Jesus de Nazaré; ironicamente, com isso seu nome foi incluído no símbolo da fé
cristã: "padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado...".

Segundo contam Filão e Flávio Josefo, seu relacionamento com os judeus não era bom. Na opinião de
Josefo, os anos em que Pilatos esteve como prefeito foram anos turbulentos na Palestina, e Filão escreve
que o governador caraterizava-se pela "sua venalidade, sua violência, seus roubos, seus assaltos, sua
conduta abusiva, as freqüentes execuções de prisioneiros que não tinham sido julgados, e uma ferocidade
sem limites" (Gaio 302). Ainda que nestas apreciações com certeza influam a intencionalidade e a
compreensão própria dos autores, a crueldade de Pilatos, como sugerido em Lc.13,1,onde é mencionado o
incidente de uns homens da Galiléia que tiveram seu sangue misturado ao dos sacrifícios por ordem do
governador, é indubitável.
Josefo e Filão também contam que Pilatos introduziu em Jerusalém as insígnias em honra a Tibério, o que
deu origem a uma revolta, obrigando-o a levá-las para Cesaréia. Josefo relata em outro momento que
Pilatos usou o dinheiro sagrado para construir um aqüeduto. A decisão levantou uma revolta que foi
sangrenta. Alguns pensam que este é o fato ao qual faz referência Lc.13,1.Um último episódio contado
por Josefo é a repressão violenta dos samaritanos no monte Garizim, ao redor do ano 35. Como
conseqüência, os samaritanos enviaram representantes ao governador da Síria, L. Vitelio, que afastou
Pilatos do seu cargo. Foi chamado a Roma para dar explicações, mas chegou após a morte de Tibério.
Segundo a tradição recolhida por Eusébio, caiu em desgraça no império de Calígula e terminou
suicidando-se.
Nos séculos seguintes surgiu todo tipo de lendas sobre sua pessoa. Algumas lhe atribuíam um final
desastroso no Tevere ou em Vienne (França), enquanto outras (sobretudo as Atas de Pilatos, que na Idade
Media faziam parte do Evangelho de Nicodemos) apresentam-no como um converso ao cristianismo
junto com sua esposa Prócula, que é venerada como santa na Igreja Ortodoxa pela defesa de Jesus (Mt 27,
19). O próprio Pilatos está contado entre os santos da igreja etíope e copta. Mas, acima destas tradições,
que na sua origem refletem a tentativa de mitigar a culpa do governador romano no tempo em que o
cristianismo tinha dificuldades para abrir caminho no império, a figura de Pilatos, que conhecemos pelo
evangelho, é a de uma personagem indolente, que não quer se enfrentar com a verdade e prefere contentar
a multidão.
Sua presença no Credo é de muita importância porque nos lembra que a fé cristã é uma religião histórica e
não um programa ético ou uma filosofia. A redenção operou-se num lugar concreto do mundo, a
Palestina, num tempo concreto da história, quando Pilatos era prefeito da Judéia.

BIBLIOGRAFIA
SCHWARTZ, D. R. "Pontius Pilate", in Anchor Bible Dictionary, vol. 5 (ed. D.N. Freedman), Doubleday, New York 1992, pp.
395-401.

Estudo feito por Eliezer Lucena 13


Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

Quem Foi Pilatos?


Segundo Geza Vermes

Poncio Pilatos é o mais conhecido governador, prefeito ou procurador romano da Judéia de todos os que
tais cargos ocuparam. Ocupou o cargo entre 26 a 36 d.C. Uma inscrição latina descoberta em 1961, em
Cesáreia, revela que ele tinha oficialmente o titulo de prefeito (praefectus), e não o de procurador, como
fontes posteriores, inclusive o historiador romano Tácito, asseveram. O desempenho de Pilatos na Judéia
é avaliado com alguns detalhes pelos historiadores; Flavio Josefo e Filon de Alexandria, mas sua
duradoura notoriedade inquestionavelmente se deve ao Novo Testamento, ou seja, ao papel que ele
desempenhou na condenação à morte e crucificação de JESUS. Seus nome veio até mesmo a fazer parte
do Credo cristão.

Há dois retratos muito diferentes de Pilatos. Um traçado pelos historiadores judeus do século I d.C., Filon
e Josefo, e o outro pelos evangelistas e pela igreja primitiva. Os dois claramente têm muito pouco em
comum.

O Pilatos de Josefo é um funcionário rígido, insensível e cruel que mereceu plenamente seu afastamento
do cargo por seu supervisor regional, Vitélio, governador romano da Síria em 36/37 d.C. Aparentemente,
pouco depois de sua chegada à Judéia, Pilatos rompeu com o costume de seus predecessores, que
respeitavam a sensibilidade religiosa dos judeus, e ordenou que seus soldados marchassem por Jerusalém
carregando estandartes romanos com a imagem do imperador, assim desnecessariamente provocando e
ofendendo os judeus. Em seguida, ele gerou um levante popular quando se apropriou ilegalmente do
dinheiro chamado CORBAN (OFERENDA) do tesouro do Templo e o utilizou na construção de um
aqueduto que abastecia Jerusalém. Multidões de judeus protestaram. Embora desarmados, muitos foram
massacrados pelos legionários comandados por Pilatos, enquanto outros morreram no tumulto que se
seguiu. Segue texto na integra segundo Flavio Josefo:

1º Incidente causado por Pilatos na Judéia


169 - Quando Pilatos foi enviado por Tibério como procurador da Judéia, chegou de noite às escondidas a Jerusalém, com as
efígies de César, que se conhecem pelo nome de estandartes. 170- Este feito produziu no dia seguinte um grande tumulto entre
os judeus. Quando viram, os que se encontravam ali se mostraram atônitos porque sabiam terem sido profanadas suas leis,
que proíbem a presença de estátuas na cidade. Ademais, um grande número de pessoas do campo esteva também ali, ante a
indignação que esta situação havia provocado entre os habitantes da cidade. 171- Dirigiram-se a Cesáreia e pediram a
Pilatos que tirasse de Jerusalém os estandartes e que observasse as leis tradicionais judias. Mas como Pilatos se negou a isso,
os judeus se inclinaram ao solo, rosto abaixado, ao redor de sua casa e ficaram ali sem se mover durante cinco dias e suas
correspondentes noites. 172- No dia seguinte Pilatos sentou na tribuna do grande estádio e convocou o povo como se
realmente desejasse lhes dar uma resposta. Então fez aos soldados a senha combinada para que rodeassem os judeus com
suas armas. 173- Estes caíram estupefatos ao ver inesperadamente a tropa romana formada em filas ao seu redor, enquanto
Pilatos lhes dizia que os degolaria se não aceitassem as imagens de César, dando aos soldados a ordem de desembanharem
suas espadas. 174- Mas os judeus, como se tivessem concordado, se colocaram ao solo todos com o pescoço inclinado e
disseram aos gritos que estavam dispostos a morrer antes que não cumprir suas leis. Pilatos ficou totalmente maravilhado
com aquela religiosidade tão desmedida, mandou retirar em seguida os estandartes de Jerusalém.

2º Incidente causado por Pilatos na Judéia


175- Após estes feitos, Pilatos provocou outra revolta ao gastar o Tesouro Sagrado, que se chama Korban, na construção de
um aqueduto para trazer água de uma distância de quatrocentos estádios. O povo indignado diante deste processo e, como
Pilatos se encontrava então em Jerusalém, rodeou sua tribuna dando gritos contra isso. 176- Contudo Pilatos, havia previsto
este motim, distribuiu entre a multidão soldados armados, vestidos com trajes civis e lhes deu a ordem de não fazer uso das
espadas, mas eventualmente golpear com pedaços de madeira os sublevados. De sua tribuna ele deu a senha conhecida. 177-
Muitos judeus morreram a golpes e outros pisoteados em seguida pelos seus próprios compatriotas. A multidão atônita diante
desta desgraçada matança ficou em silêncio.
FLAVIO JOSEFO - GUERRAS JUDAICAS LIVRO II

3º Incidente causado por Pilatos na Judéia


O chamado TESTIMUNIUM FLAVIANUM, relato de Flavio Josefo sobre Jesus, é inserido nesse contexto
de calamidades. Josefo se refere à crucificação de Jesus como uma das violências cometidas por Pilatos.
Estudo feito por Eliezer Lucena 14
Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

Por volta desse tempo, havia Jesus, um homem sábio. Pois ele era alguém que praticava feitos surpreendentes e
um mestre de pessoas que recebiam o extraordinário com prazer. Ele motivou muitos judeus e também muitos
gregos. E quando Pilatos o condenou à cruz, já que ele era acusado por aqueles da mais alta categoria entre
nós, os que o haviam amado desde o inicio não pararam de causar perturbações. E até agora a tribo dos cristãos,
assim chamados por causa dele ainda não se extinguiu.
FLAVIO JOSEFO - ANTIGUIDADES JUDAICAS LIVRO 18 VERSOS 63-64

Um outro ato criminoso, que finalmente levou à demissão de Pilatos do cargo de procurador da Judéia
pelo governador da Síria Vitélio, foi um ataque assassino a um grupo de samaritanos. Com as queixas
feitas por notáveis judeus, Vitélio afastou Pilatos do cargo de procurador ou prefeito da Judéia e ordenou
que ele se apresentasse ao imperador em Roma para responder por seus abusos.

4º Incidente causado por Pilatos na Judéia


O povo dos samaritanos não foi poupado das perturbações. Eles foram reunidos por um homem a quem pouco importava
mentir e que combinava tudo de modo a dar prazer à multidão. O homem exortou-os com muita veemência a subir com ele o
monte Garizim – que era considerado a seus olhos como a mais santa das montanhas; ele afirmava energicamente que
mostraria aos que aí chegassem os vasos sagrados enterrados neste local, pois fora aí que Moisés os havia depositado.
Julgando suas palavras dignas de crédito, alguns samaritanos pegaram as armas e se estabeleceram numa cidade chamada
Tirátana, onde acolhiam os que a eles vinham unir-se com o objetivo de, em multidão, realizarem a ascensão da montanha.
Mas antes mesmo que começassem a subida, Pilatos interceptou seu projeto, enviando soldados da cavalaria e da infantaria,
que se lançaram contra os que se achavam reunidos na cidade, durante o combate,(o destacamento romano) matou uns, pôs
em fuga outros e finalmente fez um bom número de prisioneiros. Entre estes, Pilatos decidiu condenar à morte os chefes e
reservou a mesma sorte para os mais influentes dos fugitivos.
Uma vez apaziguada tais perturbações, o conselho dos samaritanos foi procurar VITÉLIO, personalidade da classe consular
que era governador da Síria, e acusou Pilatos do massacre dos que haviam perecido, afirmando que não era uma revolta
contra os romanos, mas de uma tentativa de escapar das violênciasde Pilatos, que levava tais pessoas a se reunirem em
Tirátana. Vitélio enviou então Marcelo, um de seus amigos, para administrar os judeus e deu ordem a Pilatos que partisse
para Roma, a fim de prestar informações ao imperador sobre as acusações dos samaritanos.
FLAVIO JOSEFO – ANTIGUIDADES JUDAICAS LIVRO18 VERSOS 85 AO 89

Um outro ato seguinte de crueldade, não registrado por Flavio Josefo, mas incluído no Evangelho de
Lucas 13:1, se refere ao massacre de peregrinos judeus da Galiléia viajando para Jerusalém com suas
oferendas sacrificiais, este relato de Lucas está ao que tudo indica em harmonia com os relatos dos
historiadores JOSEFO E FILON que retratam Pilatos como muito cruel.

5º Incidente causado por Pilatos na Judéia


Lucas 13:1 naquela mesma ocasião, chegando alguns, falavam a Jesus a respeito dos galileus cujo sangue Pilatos
misturara com os sacrifícios que os mesmos realizavam.

Filon de Alexandria, contemporâneo de Pilatos, não tem testemunho pessoal a oferecer, mas cita uma
longa carta do rei judeu Agripa I (37-41 d. C.) ao imperador Calígula, na qual Pilatos é descrito como
teimoso, irascível e um homem vingativo. Dizia-se que ele era naturalmente inflexível, uma mistura de
voluntarismo e obstinação. Como procurador da Judéia, era culpado de insultos, roubos, desmandos e
ferimentos gratuitos, além de aceitar subornos; mas também era responsável por várias execuções sem
julgamento, bem como por muitos atos de terrível crueldade. Seria difícil pintar um retrato mais negro.

Estudo feito por Eliezer Lucena 15


Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

6) Textos de outros livros do novo testamento que provam quem planejou e


matou Jesus:
Mateus 20:18 eis que subimos para Jerusalém, e o filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas.
Eles o condenarão à morte. 19 e o entregarão aos gentios para ser escarnecido, açoitado e crucificado; mas, ao terceiro dia,
ressurgirá.
Mateus 26:3 então, os principais sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram no palácio do sumo sacerdote, chamado
Kaifás; 4 e deliberaram prender Jesus, à traição, e matá-lo.

O próprio evangelho de Mateus nos textos acima diz quem planejou matar Jesus:
1. Os principais sacerdotes = príncipes dos sacerdotes
2. Os escribas
3. Os anciãos
4. Sumo sacerdote Kaifás e família.

Lucas 13:1 naquela mesma ocasião, chegando alguns, falavam a Jesus a respeito dos galileus cujo sangue Pilatos
misturara com os sacrifícios que os mesmos realizavam.

Perceba neste texto do próprio novo testamento a fúria e a crueldade de Pilatos, e o que ele fez com um
movimento messiânico oriundo da Galiléia. Pilatos não era nem justo, nem piedoso, nem santo como
muitos pensam, e ele não quis jamais salvar Jesus da morte. Lembrem dos 468 furos causados em Jesus a
mandado de Pilatos. Nossa!!! Como ele era justo e piedoso!!!
Lucas 13:31 naquela mesma hora, alguns fariseus vieram para dizer-lhe: retira-te e vai-te daqui, porque Herodes quer
matar-te.

João 19:1 então, por isso, Pilatos tomou a Jesus e mandou açoitá-lo. 2 os soldados, tendo tecido uma coroa de espinhos,
puseram-lha na cabeça e vestiram-no com um manto de púrpura. 3 chegavam-se a ele e diziam: salve, rei dos judeus! E
davam-lhe bofetadas.
João 19:6 ao verem-no, os principais sacerdotes e os seus guardas gritaram: crucifica-o! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos:
tomai-o vós outros e crucificai-o; porque eu não acho nele crime algum.

Atos 4: 27 porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e
Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, 28 para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram; 29
agora, senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra,

Lucas 23: 11 mas Herodes, juntamente com os da sua guarda, tratou-o com desprezo, e, escarnecendo dele, fê-lo vestir-se de
um manto aparatoso, e o devolveu a Pilatos. 12 naquele mesmo dia, Herodes e Pilatos se reconciliaram, pois, antes, viviam
inimizados um com o outro.

Após ler os textos acima cabe fazer uma pergunta que quase ninguém costuma fazer. Por que Herodes e
Pilatos fizeram as pazes por volta da ocasião do julgamento de Jesus? É obvio que foi devido a prisão e
morte de Jesus que era um inimigo comum que ambos tinham. E assim eliminando Jesus eles eliminaram
uma grande ameaça de rebelião do povo nas ruas. Eliminaram o líder do movimento messiânico, ou seja,
o movimento de libertar Israel do jugo estrangeiro que era o império romano.

Estudo feito por Eliezer Lucena 16


Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

7) Outros testemunhos do novo testamento sobre quem matou Jesus


1 - O testemunho do Apóstolo Paulo
I Corintios 2:8 8 sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido, jamais
teriam crucificado o senhor da glória;

Segundo Shalia Shaul quem matou Jesus foram os poderosos, ou seja, a classe dirigente da Judéia:
 A família do sumo sacerdote kaífas, Anás, Alexandre...
 Os escribas.
 Os anciãos do povo; os líderes do povo.
 Herodes. Rei de Israel.
 Pilatos. Governador da Judéia.

2- Lucas amigo do Apóstolo Paulo no livro atos dos apóstolos


Atos 4: 1 Pedro e João ainda estavam falando ao povo quando chegaram alguns sacerdotes, o chefe da guarda do templo e
alguns saduceus. 2 eles ficaram muito aborrecidos porque os dois apóstolos estavam ensinando ao povo que Jesus havia
ressuscitado e que isso provava que os mortos vão ressuscitar. 3 então prenderam os dois e os puseram na cadeia para
ficarem lá até o dia seguinte, pois já era muito tarde. 4 porém muitas pessoas que ouviram a mensagem creram, e os homens
que creram foram mais ou menos cinco mil. 5 no dia seguinte reuniram-se em Jerusalém as autoridades dos judeus, os
líderes do povo e os mestres da lei. 6 nessa reunião estavam também Anás, que era o grande sacerdote, Kaifás, João,
Alexandre e os outros que eram da família do grande sacerdote. 7 as autoridades puseram os apóstolos em frente deles e
perguntaram: —com que poder ou em nome de quem vocês fizeram isso? 8 então Pedro, cheio do espírito santo, respondeu:
—autoridades e líderes do povo! 9 os senhores estão nos perguntando hoje sobre o bem que foi feito a este homem e como ele
foi curado. 10 pois então os senhores e todo o povo de Israel fiquem sabendo que este homem está aqui completamente
curado pelo poder do nome de Jesus hamashiach, de Nazaré—aquele que os senhores crucificaram e que Deus ressuscitou.

Lucas afirma que quem matou Jesus foram


 As autoridades dos judeus
 Os líderes do povo
 Os mestres da lei
 A família do sumo sacerdote.
 Herodes
 Pilatos
Atos 4:27 porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e
Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel,

São tantos textos e testemunhos no novo testamento que provam quem planejou a morte e quem matou
Jesus, porém a cristandade em geral, com raras exceções, recita de cor e salteado:
 Veio para os seus e os seus não o receberam.
 Os judeus mataram Jesus.
 Os judeus rejeitaram Jesus.

O apostolo Paulo dá testemunho que quem matou Jesus foram os poderosos. Por poderosos entendemos
que foram a elite do Templo juntamente com o rei Herodes e o Governador romano da Judéia que era
Pôncio Pilatos.

Lucas discrimina quem foram estes poderosos, ou seja, foram lideres judeus que compunham o Sinédrio.
O Sinédrio era um grupo de lideres do povo composto por; anciãos, os escribas que copiavam os rolos da
lei, e os príncipes dos sacerdotes que era a família de Kaifás o sumo sacerdote da época.

Tradução Almeida NTLH


Atos 5: 15 por causa dos milagres que os apóstolos faziam, as pessoas punham os doentes nas ruas, em camas e esteiras.
Faziam isso para que, quando Pedro passasse, pelo menos a sua sombra cobrisse alguns deles. 16 multidões vinham das
cidades vizinhas de Jerusalém trazendo os seus doentes e os que eram dominados por espíritos maus, e todos eram curados.
17 então o grande sacerdote e todos os seus companheiros, que eram do partido dos saduceus, ficaram com inveja dos
Estudo feito por Eliezer Lucena 17
Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

apóstolos e resolveram fazer alguma coisa. 18 prenderam os apóstolos e os puseram na cadeia. 19 mas naquela noite um
anjo do senhor abriu os portões da cadeia, levou os apóstolos para fora e disse: 20 —vão para o templo e anunciem ao povo
tudo a respeito desta nova vida. 21 os apóstolos obedeceram e no dia seguinte, bem cedo, entraram no pátio do templo e
começaram a ensinar. Então o grande sacerdote e os seus companheiros chamaram os líderes do povo para uma reunião
do Sinédrio superior. Depois mandaram que alguns guardas do templo fossem buscar os apóstolos na cadeia. 22 porém,
quando os guardas chegaram lá, não encontraram os apóstolos. Então voltaram para o lugar onde o Sinédrio estava reunido
23 e disseram: —nós fomos até lá e encontramos a cadeia bem fechada, e os guardas vigiando os portões; mas, quando os
abrimos, não achamos ninguém lá dentro. 24 quando os chefes dos sacerdotes e o chefe da guarda do templo ouviram isso,
ficaram sem saber o que pensar sobre o que havia acontecido com os apóstolos. 25 nesse momento chegou alguém, dizendo:
—escutem! Os homens que vocês prenderam estão lá no pátio do templo ensinando o povo! 26 então o chefe da guarda do
templo e os seus homens saíram e trouxeram os apóstolos. Mas não os maltrataram porque tinham medo de serem
apedrejados pelo povo.

Os líderes do povo tinham medo do povo ? Por que eles tinham medo do povo ? Ora, não foi o povo
judeu que matou Jesus e o condenou a crucificação gritando: crucificai-o! Crucificai-o! ??? Que
estranho!?! Tem alguma coisa muito mal explicada nesta história.

Atos 5: 27 depois puseram os apóstolos em frente do Sinédrio. E o grande sacerdote disse: 28 —nós ordenamos que vocês
não ensinassem nada a respeito daquele homem. E o que foi que vocês fizeram? Espalharam esse ensinamento por toda a
cidade de Jerusalém e ainda querem nos culpar pela morte dele!

Espalharam o ensinamento de Jesus por toda a cidade de Jerusalém ? Ora, mas o povo judeu creu em
Jesus? Não foram eles que rejeitaram Jesus??? Como que os apóstolos espalharam o ensinamento de
Jesus por toda a cidade de Jerusalém se os judeus não aceitaram Jesus??? E de quebra os apóstolos dão
ainda a pista de quem matou Jesus culpando os saduceus e parte do Sinédrio pela morte e execução do
rabino da Galiléia.

Atos 5: 29 então Pedro e os outros apóstolos responderam: —nós devemos obedecer a Deus e não às pessoas. 30 os
senhores crucificaram Jesus, mas o Deus dos nossos antepassados o ressuscitou.

Pedro é redundante : os senhores crucificaram Jesus.

Atos 5: 31 e Deus o colocou à sua direita como líder e salvador, para dar ao povo de Israel oportunidade de se arrepender e
receber o perdão dos seus pecados. 32 nós somos testemunhas de tudo isso—nós e o espírito santo, que Deus dá aos que lhe
obedecem. 33 quando os membros do Sinédrio ouviram isso, ficaram com tanta raiva, que resolveram matar os apóstolos.
34 mas levantou-se um dos membros do Sinédrio, um fariseu chamado Gamaliel, que era um mestre da lei respeitado por
todos. Ele mandou que levassem os apóstolos para fora e os deixassem ali um pouco. 35 então disse ao Sinédrio: —homens
de Israel, cuidado com o que vão fazer com estes homens. 36 há pouco tempo apareceu um homem chamado Teudas, que se
dizia muito importante e que com isso conseguiu reunir quatrocentos seguidores. Mas ele foi morto, todos os seus seguidores
foram espalhados, e a revolta dele fracassou. 37 depois disso apareceu Judas, o Galileu, na época do recenseamento. Este
também conseguiu juntar muita gente, mas foi morto, e todos os seus seguidores foram espalhados. 38 portanto, neste caso de
agora, não façam nada contra estes homens. Deixem que vão embora porque, se este plano ou este trabalho vem de seres
humanos, ele desaparecerá. 39 mas, se vem de Deus, vocês não poderão destruí-lo, pois neste caso estariam lutando contra
Deus. E o Sinédrio aceitou a opinião de Gamaliel.

Os saduceus que não acreditavam na ressurreição eram os principais oponentes de Jesus, e também dos
apóstolos, e por eles pregarem a ressurreição tanto dos mortos como a de Jesus, eram perseguidos pelos
tais. O que é engraçado, é que novamente um fariseu, que hoje esse nome virou sinônimo de hipocrisia,
foi quem defendeu os apóstolos e os livrou-os da morte pelas mãos dos saduceus.

Estudo feito por Eliezer Lucena 18


Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

8) Testemunhos históricos sobre quem matou Jesus.

A seguir colocaremos alguns textos de historiadores do I e II século da era Cristã, dando-nos algumas
informações importantes sobre a identidade das pessoas que mataram Jesus. Dado a antiguidade desses
testemunhos que datam da época da elaboração e redação dos 4 Evangelhos canônicos, ou seja, do ano 70
à 150 E.C. Começaremos com o testemunho de Flavio Josefo um historiador judeu, porém isento do
acréscimo cristão posterior conhecido como “TESTIMUNION FLAVIANUS”.

Por volta desse tempo, havia Jesus, um homem sábio. Pois ele era alguém que praticava feitos surpreendentes e
um mestre de pessoas que recebiam o extraordinário com prazer. Ele motivou muitos judeus e também muitos
gregos. E quando Pilatos o condenou à cruz, já que ele era acusado por aqueles da mais alta categoria entre nós,
os que o haviam amado desde o inicio não pararam de causar perturbações. E até agora a tribo dos cristãos,
assim chamados por causa dele ainda não se extinguiu.
Antiguidades Judaicas 18:63-64
O texto é tão claro que quase dispensaria comentários, porém vamos comentar. Josefo diz que foi Pilatos
quem condenou Jesus visto que ele Jesus era acusado pelos da mais alta categoria entre os judeus. Quem
seriam esses judeus que faziam parte da mais alta categoria judaica? Com certeza o texto não deixa
dúvidas que eram os Saduceus que compunham a maior parte do Sinédrio juntamente com Herodes e os
de seu partido, ou seja, parte do Sinédrio, Herodes e os seus juntamente com Pilatos foram os que
mataram Jesus segundo o testemunho de Flávio Josefo. Vejamos agora outro testemunho histórico, porém
de um historiador romano.

Nero criou bodes expiatórios e puniu com todo refinamento os notoriamente depravados cristãos (como
costumavam ser chamados). O fundador dessa seita, Cristo, fora executado durante o reinado de Tibério pelo
governador da Judéia, Pôncio Pilatos. Mas apesar desse revés temporário, a fatal superstição renasceu, não só
na Judéia (onde esse mal tinha começado), mas até mesmo em Roma. Onde todas as praticas degradadas e
vergonhosas florescem na Capital.
Anais - Públio Cornélio Tácito
Tácito viveu do ano 56 à 120 E.C. portanto estava inteirado dos acontecimentos na Palestina,
principalmente porque ele registrou a rebelião judaica contra Roma, que aconteceu de 66 a 73 E.C.em
suas conhecidas coleções HISTÓRIAS.

Estudo feito por Eliezer Lucena 19


Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

9) A morte de Tiago irmão de Jesus

Não conseguindo mais suportar o testemunho daquele que, por causa do elevado nível que tinha atingido na
virtude e na piedade, era considerado o mais justo dos homens, mataram-no, usando como ensejo a anarquia
reinante, já que Festo havia morrido na Judéia, deixando o distrito sem governante nem líder. Ora, quanto ao
modo pelo qual Tiago morreu, já foi declarado pelas palavras de Clemente: Que ele foi lançado de uma ala do
templo e espancado com um malho até a morte.
História Eclesiástica. Eusébio de Cesáreia – Livro 2 capitulo 23

Hegésipo, que pertence à geração seguinte à dos apóstolos, fornece o relato mais exato a seu respeito em seu
quinto livro, como se segue: “ Ora, Tiago, o irmão do Senhor que, por haver muitos com esse nome, era chamado
Justo por todos desde os tempos do Senhor até o nosso, recebeu o governo da igreja juntamente com os apóstolos.
Este era santo desde o ventre de sua mãe. Ele não bebia vinho, nem bebida fermentada, e se abstinha de alimento
animal; nenhuma navalha passava sobre sua cabeça; jamais se ungia com óleo e jamais ia aos banhos. Somente
ele tinha permissão de entrar no Santuário.Jamais vestia roupas de lã, mas de linho. Ele costumava entrar sozinho
no Templo, sendo com freqüência visto de joelhos, intercedendo para que o povo fosse perdoado, de modo que
seus joelhos ficaram duros como os de um camelo por causa de suas súplicas habituais, ajoelhando-se diante de
Deus. Assim por sua piedade extrema era chamado o Justo ou Tzadique que significa justiça e proteção do povo.
História Eclesiástica. Eusébio de Cesáreia – Livro 2 capitulo 23

Esse é o testemunho mais detalhado de Hegésipo, em que concorda plenamente com Clemente. Tiago era de fato
tão admirável e tão celebrado entre todos por sua retidão, que mesmo os mais sábios dos judeus pensavam que
essa fora a causa do cerco imediato de Jerusalém, que teria ocorrido por nenhum outro motivo, senão o crime
conta ele Tiago. Josefo também não hesitou em acrescentar esse testemunho em suas obras:
“ Essas coisas, aconteceram aos judeus para vingar Tiago o Justo, que era irmão daquele que chamavam de
Messias, e a quem os judeus mataram apesar de sua destacada retidão”
O mesmo autor também narra a morte de Tiago no vigésimo livro de suas Antiguidades Judaicas, com as seguintes
palavras:
“ Ora, quando César ouviu da morte de Festo, enviou Albino como governador da Judéia. Mas o jovem Anano
que, conforme mencionamos, havia recebido o Sumo Sacerdócio, era da seita dos saduceus, os mais cruéis de
todos os judeus na execução de julgamentos, conforme já explicamos. Assim tendo esse caráter, e pensando que
tinha uma oportunidade adequada em razão da morte de Festo e Albino ainda estar a caminho, Anano (este Anano
que era neto de Kaifás e da mesma família de Anás que mandaram matar Jesus)convoca uma assembléia de juizes
e levando o irmão de Jesus chamado o Messias, cujo nome era Tiago, e alguns outros, apresentou uma acusação
contra eles, como se tivessem violado a Torah e os entregou para serem apedrejados como criminosos. Mas os que
na cidade eram considerados mais ponderados e mais estritos na observância da Torah ficaram grandemente
irados com isso e o comunicaram secretamente ao rei, rogando-lhe que escrevesse a Anano para que desistisse de
fazer tais coisas, dizendo que não agira legalmente mesmo antes.Alguns deles também foram encontrar-se com
Albino quando este chegou de Alexandria e explicaram que era ilegal Anano convocar o Sinédrio sem seu
conhecimento. Albino, influenciado por esse relato, escreve irado para Anano, ameaçando chama-lo para um
ajuste de contas. Mas, pelo mesmo motivo, o rei Agripa o destituiu do cargo de Sumo Sacerdócio quando o havia
exercido por três meses, e nomeou Jesus, filho de Dameu, como seu sucessor.”
História Eclesiástica – Eusébio de Cesáreia. Livro 2 capitulo 23.

Escolhi o testemunho de Eusébio de Cesáreia por ele citar outros dois historiadores que relatam em seus
escritos quase a mesma história, ou seja, Hegésipo que foi contemporâneo do apostolo Paulo e Tiago,
Flávio Josefo que foi testemunha ocular do ocorrido e ainda cita Clemente de Alexandria que foi um dos
pais da igreja narrou à mesma história.
Este testemunho quádruplo de Eusébio, Flavio Josefo, Hegésipo e Clemente são unânimes em citar Tiago
como irmão de Jesus, esse mesmo Tiago era conhecido como “Ya’akov Ha Tzadic”, ou seja, Tiago O
Justo, No evangelho de Tomé há uma citação do próprio Jesus respondendo a uma pergunta dos
discípulos sobre quem eles deveriam seguir após a morte de Jesus, e Jesus diz que eles deveriam seguir a
Tiago o Justo, segue o texto:
Evangelho de Tomé: 12 - Os discípulos disseram a Jesus: "Sabemos que tu nos deixarás. Quem será nosso líder?" Jesus
disse-lhes: "Não importa onde estiverdes, devereis dirigir-vos a Tiago, o justo, para quem o céu e a terra foram feitos."

Estudo feito por Eliezer Lucena 20


Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

Tiago era o líder da comunidade nazarena de Jerusalém conforme consta no próprio livro de Atos dos
apóstolos foi esse mesmo Tiago que presidiu o Concílio de Jerusalém e isentou os gentios da obrigação
de cumprir a Torah de Moisés, e apenas os aconselhou a cumprirem a Lei de Noé, que são sete leis para
toda a humanidade. Os cristãos em geral costumam fazer muita confusão com relação a este texto de Atos
capitulo 15, interpretando que a Lei de Moisés foi abolida por tal concilio, porém, não foi isto que
aconteceu, Tiago não exigiu que os gentios se convertessem ao judaísmo para crerem e seguirem Yeshua
seu irmão, ele apenas isentou os gentios, devido já existir na própria Torah uma Lei para os não judeus,
ou seja, ele aplicou a própria Torah para resolver tal situação.

O nosso tema não é este sobre judeus e gentios e Torah e lei a Noética, nosso objetivo é mostrar que não
foi somente Jesus que morreu tanto nas mãos do império romano quanto nas mãos da família de Anás e
Kaifás. Como vimos acima Tiago foi morto pelas mãos do Sumo Sacerdote Anano que era neto de Anás e
filho de Kaifás, os mesmos que fizeram um complô juntamente com Herodes e Pilatos para matarem a
Jesus. E mesmo após matarem Tiago o Justo, irmão de Jesus, a perseguição não cessou à família de Jesus
como veremos abaixo.

Estudo feito por Eliezer Lucena 21


Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

10) A morte de Simão irmão de Jesus


Após o martírio de Tiago e a captura de Jerusalém, que se seguiu de imediato, registra-se que os apóstolos e discípulos de
nosso Senhor que ainda viviam juntaram-se de todas as partes com os que eram parentes de nosso Senhor de acordo com a
carne. Eles se consultaram para determinar a quem deviam julgar digno de suceder Tiago. Todos, unânimes, decidiram que
Simão, filho de Cleófas, a quem se faz menção no volume sagrado, era digno do trono daquele episcopado. Dizem que ele era
primo do Salvador, pois Hegésipo afirma que Cleófas era irmão de José.
História Eclesiástica- Eusébio de Cesárea- Livro 3 capitulo 11

Depois de Nero e Domiciano, também formos informados que no reinado do imperador cuja época estamos agora
registrando houve uma perseguição parcial incitada pelas cidades em conseqüência de uma insurreição popular.
Com isso soubemos, também, que Simão, o qual, conforme mostramos, foi nomeado segundo bispo da igreja de
Jerusalém, morreu como mártir. Dele o mesmo Hegésipo, cujas palavras temos citado com tanta freqüência, dá
testemunho. Esse autor, falando de certos hereges, acrescenta que, de fato, nessa época, Simão, tendo carregado a
acusação de ser cristão, ainda que torturado por alguns dias, causando supremo espanto tanto no juiz como em
seus assistentes, terminou a vida com sofrimentos iguais aos de nosso Senhor. Mas é melhor ouvir o próprio autor
(Hegésipo) que dá o relato da seguinte maneira: “Alguns delataram Simão, o filho de Cleófas, como descendente
de Davi e cristão; e assim ele sofreu como mártir aos cento e vinte anos de idade, no reinado do imperador
Trajano e presidência do cônsul atiço.” O mesmo autor diz que ao se fazerem buscas dos judeus que eram da tribo
de Davi, seus acusadores, sendo descendentes dessa família, foram levados em custódia. Pode-se afirmar com
segurança que esse Simão estava entre os que deram testemunho do que haviam ouvido e visto de nosso Senhor, a
julgar pelo tempo de sua vida e o fato de os evangelhos fazerem menção a Maria, mulher de Cleófas, cujo filho era
Simão, conforme já demonstramos. O mesmo autor afirma que havia outros, os descendentes daqueles
considerados irmãos do Senhor, cujo nome era Judas, e que esses viveram até o mesmo reinado após sua profissão
de Cristo e testemunho sob Domiciano, já mencionados. Ele assim escreve: “ Há também os que tomam a
liderança de toda a igreja como mártires, mesmo da família do Senhor. E quando se estabeleceu uma profunda paz
em toda a igreja, continuaram até os dias do imperador Trajano, até a época em que o acima mencionado Simão,
o parente de nosso Senhor, sendo filho de Cleófas, foi enredado pelas heresias, sendo acusado pela mesma causa
sob atiço, que era de igual dignidade. Depois de ser atormentado muitos dias, morreu como mártir com tal firmeza
que todos ficaram assombrados, mesmo o próprio cônsul, pelo fato de um homem de cento e vinte anos suportar
tais torturas. Por fim ordenou-se que fosse crucificado”. O mesmo autor, a respeito dos acontecimentos da época,
também diz que a igreja continuava até então pura e incorrupta como uma virgem, pois havendo algum que
atentasse perverter a sã doutrina do evangelho salvador, estavam ocultos em esconderijos escuros; mas quando o
grupo sagrado dos apóstolos se extinguiu e a geração dos que tinham tido do privilégio de ouvir sua sabedoria
inspirada passou, também surgiram as maquinações dos erros ímpios pela fraude e pelo engano dos falsos
mestres. Também esses, não tendo restado nenhum dos apóstolos, atentavam pregar abertamente sua falsa
doutrina contra o evangelho da verdade. Tal a declaração de Hegésipo.
História Eclesiástica- Eusébio de Cesárea- Livro 3 capitulo 32.

O Simão que Eusébio cita no texto acima era o irmão de Tiago e também irmão de Jesus que o próprio
Hegésipo confirma que era irmão do Senhor Jesus em seu testemunho que deixou por escrito, ou seja,
Hegésipo viveu na época de Tiago e Paulo e seu testemunho vale muito mais do que o de Eusébio que
viveu no século IV. Infelizmente mataram Jesus, mataram Tiago, mataram Simão, e depois por fim
mataram a Judas o último dos irmãos de Jesus, todos morreram por um único motivo, todos eles eram da
descendência de Davi, ou seja, eram herdeiros legítimos ao trono de Israel, e também o império romano
perseguiu até aos sobrinhos de Jesus por serem da família de Davi, como mostra o texto abaixo

Estudo feito por Eliezer Lucena 22


Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

11) A perseguição a Família de Jesus, descendentes de Davi

Também se diz que Vespasiano, após a captura de Jerusalém, ordenou uma busca para encontrar todos os da
família de Davi, para que não restasse entre os Judeus ninguém da família real e, por esse motivo, outra violenta
perseguição foi infligida aos judeus. História Eclesiástica- Eusébio de Cesárea - Livro 3 capitulo 12
Ora, quando o mesmo Domiciano deu ordens para que os descendentes de Davi fossem mortos, diz uma antiga
tradição, alguns dos hereges acusaram os descendentes de Judas como irmão de nosso Salvador segundo a carne,
porque eram da família de Davi e, como tais, estavam relacionados com Cristo. Isso é declarado por Hegésipo
como se segue: “Ainda viviam da família de nosso Senhor os netos de Judas, chamado irmão de nosso Senhor de
acordo com a carne. Esses foram delatados como pertencentes à família de Davi e levados a Domiciano pelo
Evocado, pois esse imperador estava tão alarmado quanto Herodes com a manifestação de Cristo. Ele lhes
perguntou se eram da família de Davi, e eles confessaram que sim.”
História Eclesiástica- Eusébio de Cesárea- Livro 3: 19-20

O testemunho de Hegésipo que viveu no primeiro século da era cristã registrado pelo Bispo e historiador
Eusébio de Cesáreia em seu livro História Eclesiástica nos dá informações importantíssimas para
reconstruirmos a verdade, tanto quanto mais próxima da realidade histórica. A respeito da morte de
Simão, que Eusébio afirmava ser primo de Jesus, o próprio Hegésipo de quem Eusébio usou as fontes
históricas afirmava ser ele irmão de Jesus. Bem como você deve ter percebido a liderança da comunidade
nazarena ou os da Caminho, que bem depois passou a ser conhecida como os cristãos, era exercida pela
família de Jesus. Segundo este estudo podemos perceber que os primeiros lideres da assim hoje chamada
igreja foram:
1. Jesus chamado de Messias
2. Tiago irmão de Jesus
3. Simão irmão de Jesus
4. Judas irmão de Jesus
5. José irmão de Jesus
6. Os Sobrinhos de Jesus
E todos sem exceção foram perseguidos tanto pela família de Kaifás e Anãs que participaram do complô
que resultou na morte de Jesus e Anano que foi responsável pela morte de Tiago quanto pelo império
romano e seus imperadores que queriam acabar com os descendentes da família de Davi. O motivo já
dissemos aqui que era não deixar nenhum herdeiro legitimo ao trono do reino de Israel e
consequentemente acabar com as expectativas messiânicas do povo judeu, que um dia surgiria um
descendente de Davi que restabeleceria o Reino de Israel e os libertaria do jugo inimigo, em outras
palavras, o império romano queria acabar com o mal pela raiz, exterminando a família de Davi, no caso
aqui a família de Jesus. É importante também notar que enquanto a família de Jesus e os apóstolos
comandaram a comunidade nazarena de Jerusalém e estavam vivos, a comunidade manteve-se integra,
pura, sem se desviar do seu objetivo e ensino inicial, porém logo na terceira e quarta geração subseqüente
a coisa já descambou segundo testemunhos históricos que vão do século I ao século IV, como os
testemunhos lidos acima de Hegésipo do século primeiro, Clemente de Alexandria e por fim Eusébio de
Cesárea

Estudo feito por Eliezer Lucena 23


Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

12) A perseguição romana aos primeiros cristãos durante os três primeiros


séculos
O culto imperial em Roma iniciou-se com Octaviano César Augusto, que era filho adoptivo de Júlio
César. O imperador era assim visto como um Deus (augustus) e por isso muitos imperadores
acrescentaram ao seu nome o título de augustus.

O culto imperial foi um dos factores da centralização e de unificação do Império Romano, encontrando
resistências no Cristianismo, que por isso não foi aceite na sua fase inicial. Muitos cristãos foram
perseguidos nos séculos II e III.
Atos 18: 1 depois disto, deixando Paulo Atenas, partiu para Corinto. 2 lá, encontrou certo judeu chamado Áquila, natural do
ponto, recentemente chegado da Itália, com Priscila, sua mulher, em vista de ter Cláudio decretado que todos os judeus se
retirassem de Roma. Paulo aproximou-se deles. 3 e, posto que eram do mesmo ofício, passou a morar com eles e ali
trabalhava, pois a profissão deles era fazer tendas. 4 e todos os sábados discorria na sinagoga, persuadindo tanto judeus
como gregos.

Em Corinto Paulo encontra Priscila e Áquila judeus que foram expulsos de Roma devido à perseguição
do imperador Cláudio contra os judeus no ano de 44 mais ou menos. Cabe aqui uma pergunta: que judeus
eram esses que o imperador Cláudio expulsou de Roma? Existem citações históricas que o Imperador
Cláudio que sucedeu Calígula favoreceu os judeus em várias oportunidades:
 Cláudio consentiu que as vestimentas do sumo sacerdote fossem mantidas sob custódia dos judeus
não dos romanos como era antes dele.
 Procurou solucionar os problemas das perseguições aos judeus de Alexandria no Egito.
 Restaurou a liberdade religiosa dos judeus e condenou à morte os dois líderes egípcios dos
tumultos antijudaicos.

Enfim existem outros benefícios que os judeus gozaram durante o reinado de Cláudio como imperador.
Então por que ele expulsaria os judeus de Roma? O historiador romano Suetônio fala de distúrbios entre
os judeus romanos, que ele atribui a Cristo, ou seja, os judeus que foram expulsos de Roma eram os
judeus que creram em Cristo, eram os judeus nazarenos que cresciam muito em Roma e anunciavam que
Cristo era o filho de Deus, e isto se chocava contra o culto aos imperadores romanos, pois os tais eram os
únicos filhos de Deus. Esta pratica de cultuar e construir Templos para os imperadores romanos teve
inicio com o sucesso de Augusto César que unificou o império romano e trouxe a paz romana e
prosperidade para todo o império. Deste ponto em diante o imperador se tornou o único filho de Deus que
devia ser adorado e venerado em todo o império, é obvio que os judeus cristãos não veneravam o
imperador e ainda espalhavam que Yeshua era o filho de Deus por isto eles foram expulsos de Roma.
Desta forma conseguimos entender como e porque PRISCILA E ÁQUILA um casal de judeus que foram
expulsos de Roma e já criam em Yeshua foram parar na cidade de Corinto. Então não foi Paulo que levou
o evangelho, ou seja, as boas novas da salvação até a cidade de Roma, pois isto aconteceu bem antes dele
Paulo ter sido levado para Roma. Quem então levou o evangelho até Roma? A resposta é simples, foram
aqueles judeus que estavam em Jerusalém para celebrar a festa de Pentecostes no capitulo 2 de Atos. Eles
não só levaram as boas novas para Roma como para a Antioquia, Alexandria e todas as partes do mundo
conhecido de então. Então alguns teólogos e judeus messiânicos defenderem que somente 144.000 judeus
creram em Yeshua e depois dos 144.000 os judeus rejeitaram Yeshua e sua mensagem, e assim a
pregação se voltou para os gentios é muita falta de informação bíblica em primeiro lugar e histórica em
segundo lugar. Em Roma muitos judeus creram e foram expulsos de lá, em Antioquia os judeus de lá
creram e formaram uma grande comunidade, em Corinto a Igreja era na casa de um casal de judeus, em
Alexandria se formou uma grande comunidade de judeus que creram em Yeshua e assim em todas as
terras que compunham o império romano as boas novas se espalharam e cresceram entre os judeus
primeiramente e depois entre os gentios.

Estudo feito por Eliezer Lucena 24


Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

A partir de Nero (54-68), o governo romano hostilizou tenazmente o Cristianismo. Qual a causa dessa
atitude? O governo permitia a prática de muitas religiões. Mas o Cristianismo era diferente das outras
religiões. Os crentes prestavam obediência e lealdade supremas ao seu Salvador. E para os romanos, o
Estado era a suprema força, e a religião era uma forma de patriotismo. Os deuses reconhecidos pelo
Estado eram cultuados com o objetivo de beneficiar o governo e a nação. Qualquer adepto de outra
religião estava disposto a prestar tributo aos deuses nacionais, ao mesmo tempo que realizava o seu
próprio culto. Mas o Cristianismo era exclusivista. Não condescendia em prestar culto a outra
divindade. Os cristãos sustentavam a inutilidade dos deuses, exceto o que eles adoravam. De modo algum
prestariam culto aos deuses romanos, por ordem do Estado. Jamais colocariam César acima de Cristo.
Podemos entender porque, aos olhos dos governos romanos, o Cristianismo parecia um ensino desleal e
perigoso para o Estado e para a sociedade. Assim os cristãos foram acusados de anarquistas, sacrílegos,
ateus e traidores. O governo então hostilizava os cristãos porque os considerava uma ameaça ao Estado
Supremo. Usava de um meio muito conveniente para pôr à prova a lealdade dos cristãos. Estes eram
levados a juízo e obrigados a participar das cerimônias da religião do Estado, na adoração das estátuas de
Roma e dos imperadores. Quando os cristãos, naturalmente, se recusavam a prestar esse culto, as
autoridades os consideravam traidores. Era bastante alguém confessar: "Sou cristão", para tal testemunho
constituir desobediência ao Estado. Dois fatos contribuíram para aumentar a oposição oficial ao
Cristianismo: primeiro, o seu crescimento a despeito da repressão; segundo, suas principais reuniões,
como a Ceia do Senhor, que eram realizadas a portas fechadas. A Igreja parecia aos olhos do governo
uma perigosa arma secreta que crescia assustadoramente.

NERO - O INCENDIÁRIO
Em 64 d.C. ocorreu o grande incêndio de Roma. O povo suspeitava de Nero; este, para desviar
de si tal suspeita, acusou os cristãos e mandou que fossem punidos. Milhares foram mortos de formas as
mais cruéis, entre eles, Paulo e, possivelmente Pedro. Tácito diz: "Por conseguinte, Nero, para se livrar
dos rumores, acusou de crime e castigou com torturas exageradas aquelas pessoas, odiosas devido a
práticas vergonhosas, a quem o vulgo chama cristãos. Cristo, autor desse nome, foi castigado pelo
procurador Pôncio Pilatos, no reinado de Tibério; e a fatal superstição, reprimida por um pouco, irrompeu
novamente, não só na Judéia, sede original desse mal, porém por toda a cidade (Roma), para onde de toda
parte tudo quanto é horrível ou vergonhoso aflui e cai na moda".

DOMICIANO - OS CRISTÃOS SÃO ATEUS?


Em 96 d.C. Domiciano organizou uma perseguição aos cristãos sob a acusação de serem ateus.
Isto, talvez por se recusarem a participar do culto pagão do imperador. Foi breve, porém violenta ao
extremo. Milhares foram mortos em Roma e na Itália, entre eles Flávio Clemente, primo do imperador, e
sua esposa Flávia Domitila, que foi exilada. O apóstolo João foi banido para a ilha de Patmos.

TRAJANO - CRISTIANISMO, RELIGIÃO ILEGAL!(?)


O imperador Trajano, reinou de 98 a 117 d.C. Um dos melhores imperadores, mas achou que
devia manter as leis do império; enquanto que o cristianismo era considerado religião ilegal, visto os
cristãos se recusarem a sacrificar aos deuses romanos ou tomar parte no culto do imperador, e a igreja era
vista como sociedade secreta, o que era proibido. Não farejavam cristãos, porém, quando estes eram
acusados, sofriam castigo. Entre os que pereceram neste reinado estavam, Simão, irmão de Jesus, bispo
de Jerusalém, crucificado em 107 d.C., e Inácio, o segundo bispo de Antioquia, que foi levado preso a
Roma e lançado às feras (110 d.C). Plínio, enviado pelo imperador à Ásia Menor, onde os cristãos haviam
tornado tão numerosos que os templos pagãos quase ficaram desertos, e que fora mandado para castigar
os que recusassem a amaldiçoar Cristo e a sacrificar à imagem do imperador - escreveu ao imperador
Trajano: "Eles afirmaram que o seu crime e o seu erro cifrava-se nisto: costumavam reunir-se num dia
estabelecido, antes de raiar o dia, revezando-se, um hino a Cristo, como a um deus, e a obrigar-se por um
juramento não à prática de qualquer iniqüidade, mas a nunca roubar, nem furtar, nem adulterar, a nunca
faltar à palavra. a nunca recusar lealdade, ainda que solicitados; e depois de fazerem isto, a praxe era
separarem-se e depois reunirem-se novamente para uma refeição comum."

Estudo feito por Eliezer Lucena 25


Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

MARCO AURÉLIO - PERSEGUIDOR MAIS CRUEL DEPOIS DE NERO


Marco Aurélio (161-180 d.C), considerava a manutenção da religião oficial do império uma
necessidade política; porém, especialmente para estimular a perseguição aos cristãos. Foi cruel e bárbaro,
o mais severo depois de Nero. Muitos milhares foram decapitados ou lançados às feras, entre os quais
Justino Mártir. Sua ferocidade foi excessiva no sul da Gália. As torturas que as vítimas sofriam, sem
darem mostra de medo, era quase inacreditável. Supliciada da manhã até à noite, Blandina, uma escrava,
exclamava: "Sou cristã, entre nós não se pratica nenhum mal".

SÉTIMO SEVERO - PERSEGUIÇÃO PESADA, MAS NÃO GENERALIZADA


Com Sétimo Severo, que governou o império de 193 a 211, a perseguição foi rigorosa, mas não
generalizada. O Egito e o norte da África foram as regiões que mais sofreram. Em Alexandria muitos
mártires eram diariamente queimados, crucificados ou degolados, entre os quais Leônidas, pai de
Orígenes. Em Cartago, Perpétua, senhora nobre, e sua fiel escrava Felicidade, foram estraçalhadas pelas
feras.
DÉCIO - MORTE AOS CRISTÃOS!
Este imperador, que reinou de 249 a 251, decidiu-se, resolutamente, a exterminar o cristianismo.
Sua perseguição estendeu-se por todo o império, e foi muito violenta; multidões pereceram sob as mais
cruéis torturas, em Roma, norte da África, Egito e Ásia Menor. Cipriano disse: "O mundo inteiro está
devastado".

DIOCLECIANO - A ÚLTIMA PERSEGUIÇÃO IMPERIAL E A MAIS SEVERA!


Reinou de 284 a 305; foi o último imperador a perseguir, severamente, os cristãos. Durante dez
anos os cristãos foram caçados pelas cavernas e florestas; queimados, lançados às feras, mortos pelos
meios mais cruéis imaginados. Foi um esforço resoluto, determinado

Desde o séc. 1º a religião cristã difundiu-se rapidamente em Roma e em todo o mundo, não só pela sua
originalidade e universalidade, mas muito também pelo testemunho de fervor, de amor fraterno e de
caridade demonstrada pelos cristãos para com todos. As autoridades civis e o próprio povo, antes
indiferentes, demonstraram-se logo hostis à nova religião, porque os cristãos recusavam o culto ao
imperador e a adoração às divindades pagãs de Roma. Os cristãos foram por isso acusados de deslealdade
para com a pátria, de ateísmo, de ódio pelo gênero humano, de delitos ocultos, como incesto, infanticídio
e canibalismo ritual; de serem causa das calamidades naturais, como a peste, as inundações, a carestia,
etc.

A religião cristã foi declarada: strana et illicita: estranha e elícita (decreto senatorial de 35), exitialis:
perniciosa (Tácito), prava e immodica: malvada e desenfreada (Plínio), nova et malefica: nova e maléfica
(Suetônio), tenebrosa et lucifuga: obscura e inimiga da luz (Octavius de Minucio), detestabilis: detestável
(Tácito); depois foi posta fora da lei e perseguida, porque considerada como o mais perigoso inimigo do
poder de Roma, que se baseava na antiga religião nacional e no culto do imperador, instrumento e
símbolo da força e unidade do Império.

Os três primeiros séculos são a época dos mártires, que terminou em 313 com o edito de Milão, com o
qual os imperadores Constantino e Licínio deram liberdade à Igreja. A perseguição nem sempre foi
contínua e geral, isto é, estendida a todo o império, nem sempre igualmente cruel e cruenta. A períodos de
perseguições seguiam-se períodos de relativa tranqüilidade.

Os cristão, na grande maioria dos casos, enfrentaram com coragem, freqüentemente com heroísmo, a
prova das perseguições, mas não a sofreram passivamente. Defenderam-se com força, confutando tanto a
falta de fundamento das acusações que lhes eram dirigidas de delitos ocultos ou públicos, apresentando os

Estudo feito por Eliezer Lucena 26


Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

conteúdos da própria fé ("Aquilo em que acreditamos") e descrevendo a própria identidade ("Quem


somos").

Os cristãos pediam nas "Apologias" ("discursos de defesa") dos escritores cristãos do tempo, endereçadas
também aos imperadores, que não fossem condenados injustamente, sem serem conhecidos e sem provas.
O princípio da lei senatorial "Non licet vos esse": "não é lícito que existais" era julgado injusto e ilegal
pelos Apologistas, porque os cristãos eram cidadãos honestos, respeitosos das leis, devotos ao imperador,
industriosos na vida privada e pública.

Uma vez que as catacumbas contêm a prova e a confirmação da vida admirável dos cristãos, como é
descrita pelos apologistas, apresentamos alguns de seus trechos significativos, que constituem como que
uma carta de identidade dos cristãos dos primeiros tempos.

1. Da Carta a Diogneto apologia de um autor desconhecido, séc. 2º/3º.

São homens como todos os outros


"Os cristãos não se distinguem dos demais homens nem pelo território, nem pela língua que falam, nem
pelo modo de vestir. Não se isolam em suas cidades, nem usam uma linguagem particular, nem levam um
gênero de vida especial. Sua doutrina não é conquista do gênio irrequieto de homens curiosos, nem
professam, como fazem alguns, um sistema filosófico humano. Moram em cidades gregas ou bárbaras
(estrangeiras), como cabe a cada um por sorte e, adaptando-se às tradições locais quanto às roupas, à
alimentação e a tudo o mais da vida, dão exemplo de um estilo próprio de vida social maravilhosa, que,
segundo a confissão de todos, tem algo de incrível".

Moram na terra, mas são cidadãos do Céu


"Moram em sua pátria, mas como estrangeiros. Como cidadãos, participam de todos os deveres, mas são
tratados como estrangeiros. Qualquer terra estrangeira é uma pátria para eles e toda pátria é terra
estrangeira. Mudam de lugar como todos e geram filhos, mas não expõe os recém-nascidos. Têm a mesa
em comum, não o leito. Vivem na carne, mas não segundo a carne (2Cor 10,3, Rm 8,12-15). Passam sua
vida na terra, mas são cidadãos do céu. Obedecem às leis estabelecidas, mas superam-nas com o seu teor
de vida. Amam a todos e por todos são perseguidos. Não são conhecidos e são condenados. Dá-se-lhes a
morte, e eles dela recebem a vida. São pobres, mas a muitos tornam ricos (2Cor 6,9-10). Nada possuem,
mas tudo têm em abundância. São desprezados, mas encontram no desprezo a glória diante de Deus.
Ultraja-se a sua honra e acrescenta-se testemunho à sua inocência. Insultados, abençoam (1Cor 4,12).
Demonstram-se insolentes com eles, e eles tratam-nos com respeito. Fazem o bem e são punidos como
malfeitores. E punidos, gozam, como se lhes dessem vida. Os judeus fazem-lhes guerra como raça
estrangeira. Os Gregos perseguem-nos, mas aqueles que os odeiam não sabem dizer o motivo de seu
ódio".

Estão no mundo como a alma no corpo


"Para dizer com uma só palavra, os cristãos estão no mundo como a alma está no corpo. Como a alma
difunde-se por todas as partes do corpo, assim também os cristãos estão disseminados pelas várias
cidades do mundo. A alma habita o corpo, mas não provém do corpo: também os cristãos habitam no
mundo, mas não provém do mundo. A alma invisível está encerrada num corpo visível; também os
cristãos, sabe-se que estão no mundo, mas a sua piedade permanece invisível. Como a carne odeia a
alma e faz-lhe guerra, sem ter recebido qualquer ofensa, mas só porque lhe proíbe gozar dos prazeres,
também o mundo odeia os cristãos que não lhe fizeram qualquer coisa de errado, só porque se opõem ao
sistema de vida fundado no prazer. A alma ama à carne, que a odeia, e aos membros; os cristãos
igualmente amam aqueles que os odeiam. A alma está encerrada no corpo, mas ela própria sustenta o
corpo; também os cristãos são retidos no mundo como numa prisão, mas eles próprios sustentam o
mundo. A alma imortal habita numa tenda mortal, também os cristãos moram como peregrinos entre as
coisas que se corrompem, à espera da incorruptibilidade dos céus. Mortificando-se nos alimentos e nas

Estudo feito por Eliezer Lucena 27


Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

bebidas, a alma se faz melhor; igualmente os cristãos, punidos, multiplicam-se dia a dia. Deus deu-lhes
um lugar tão sublime, que não devem absolutamente abandonar".

2. Dos "Livros a Autolico" de São Teófilo de Antioquia (Séc. 2º)

Os cristãos honram o imperador e rezam por ele (livro I,2)


"Honrarei o imperador, mas não o adorarei; mas rezarei por ele. Eu adoro o Deus verdadeiro e único
por quem eu sei que o soberano foi feito. Poderias, então, perguntar-me: porque, pois, não adoras o
imperador? O imperador, pela sua natureza, deve ser honrado com obséquio legítimo, não deve ser
adorado. Ele não é Deus, mas um homem que Deus colocou não para que seja adorado mas para que
exerça a justiça sobre a terra. O governo do estado foi-lhe confiado de alguma forma por Deus. E como
o imperador não pode permitir que o seu título seja portado por quantos são-lhe subordinados - ninguém
de fato pode ser chamado de imperador - assim também ninguém pode ser adorado, senão Deus. O
soberano, então, deve ser honrado com sentimentos de devoção; é preciso prestar-lhe obediência e rezar
por ele. Assim realiza-se a vontade de Deus".

A vida dos cristãos demonstra a grandeza e a beleza de sua religião (livro III, 15)
"Encontra-se nos cristãos um sábio domínio de si, exerce-se a continência, observa-se o matrimônio
único, a castidade é conservada, a injustiça é excluída, o pecado extirpado em sua raiz, pratica-se a
justiça, a lei é observada, a piedade é apreciada com fatos. Deus é reconhecido, a verdade, considerada
norma suprema. A graça conserva-os, a paz protege-os, a palavra sagrada guia-os, a sabedoria instrui-
os, a vida (eterna) dirige-os, Deus é o seu rei".

3. De "A Apologia" de Aristides (séc. 2º)

Os cristãos observam as leis de Deus


"Os cristãos trazem gravadas em seu coração as leis de Deus e observam-nas na esperança do século
futuro. Por isso não cometem adultério, nem fornicação; não dão falso testemunho; não se apossam dos
depósitos que receberam; não desejam aquilo que não lhes diz respeito; honram o pai e a mãe, fazem o
bem ao próximo; e, quando são juizes, julgam com justiça. Não adoram ídolos de forma humana; tudo
aquilo que não querem que os outros lhes façam, eles não o fazem a ninguém. Não comem carnes
oferecidas aos ídolos, porque são contaminadas. Suas filhas são puras e virgens e fogem da prostituição;
os homens abstém-se de qualquer união ilegítima e de toda impureza; suas mulheres igualmente são
castas, na esperança da grande recompensa no outro mundo..."

São bons e caridosos


"Socorrem aqueles que os ofendem, tornando-se seus amigos; fazem o bem aos inimigos. Não adoram
deuses estrangeiros; são delicados, bons, pudicos, sinceros, amam-se entre si; não desprezam a viúva;
salvam o órfão; quem possui dá, sem lamentos, àquele que não possui. Quando vêem os forasteiros,
fazem-nos entrar em casa e alegram-se com eles, reconhecendo neles verdadeiros irmãos, porque
chamam assim não aqueles que o são pela carne, mas aqueles que o são segundo a alma. Quando um
pobre morre, se ficam sabendo, contribuem segundo os seus meios para o funeral; se vêm a saber que
alguns são perseguidos ou aprisionados ou condenados pelo nome de Cristo, colocam em comum as suas
esmolas e enviam-lhes aquilo de quem precisam, e se podem, libertam-nos; se há um escravo ou um
pobre a socorrer, jejuam dois ou três dias, e o alimento que tinham preparado para si lhe é enviado,
julgando que também ele deve gozar, sendo como eles chamado à alegria".

Vivem na justiça e na santidade


"Observam exatamente os mandamentos de Deus, vivendo santa e justamente, assim como o Senhor Deus
prescreveu-lhes; dão-lhe graças todas as manhãs e todas as noites pelo alimento ou bebida e por todos
os outros bens... São estas, ó Imperador, as suas leis. Os bens que devem receber de Deus, são pedidos a
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Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

ele, e assim passam por este mundo até o final dos tempos: pois Deus sujeitou tudo a eles. São, pois,
reconhecidos para com ele, porque para eles foi feito todo o universo e a criação. Certamente essa gente
encontrou a verdade".

4. De "O Apologético" de Tertuliano (séc. 2º-3º).

Os cristãos não são inúteis e improdutivos


"Somos acusados de ser improdutivos nas várias formas de atividades. Mas, como pode-se falar assim de
homens que vivem convosco, que comem como vós, que vestem as mesmas roupas, que seguem o mesmo
gênero de vida e têm as mesmas necessidades de vida? Lembramo-nos de dar graças a Deus, Senhor e
criador, e não recusamos nenhum fruto de sua obra. É certo que usamos as coisas com moderação, não
de forma exagerada ou errada. Coabitamos convosco e freqüentamos o foro, o mercado, os banhos, os
negócios, as oficinas, as estalas, participando de todas as atividades. Também navegamos convosco,
combatemos no exército, cultivamos a terra, exercemos o comércio, trocamos as mercadorias e
colocamos à venda, para o vosso uso, o fruto do nosso trabalho. Não entendo realmente como podemos
parecer inúteis e improdutivos para os vossos negócios, quando vivemos convosco e de vós. Sim, há
quem tenha motivos para lamentar-se dos cristãos, porque não pode comerciar com eles: são eles os
protetores de prostitutas, os rufiões e seus cúmplices; e também os criminosos, os que matam com
veneno, os encantadores, os adivinhos, os feiticeiros, os astrólogos. Grande coisa ser improdutivos para
essa gente!... E depois, nas prisões jamais encontrais um cristão, a não ser por motivos religiosos. Nós
aprendemos de Deus a viver na honestidade".

Correspondência Entre As Igrejas De Roma E De Cartago


Encontram-se na história das Catacumbas de São Calisto alguns protagonistas, personalidades de
primeiro nível: os Papas mártires Fabiano, Cornélio, Sisto II, como também o bispo de Cartago, S.
Cipriano. A Igreja de Roma e a de Cartago comunicavam-se freqüentemente. É interessante conhecer o
conteúdo de algumas cartas para saber o que se diziam esses grandes Pastores e como julgavam o próprio
tempo, não certamente tranqüilo.

1. A Igreja de Roma à Igreja de Cartago


A Igreja de Roma, no tempo da perseguição do imperador Décio, oferecia à Igreja de Cartago o seguinte
testemunho de sua fidelidade a Cristo.
Roma, inícios de 250.
"... A Igreja resiste forte na fé. É verdade que alguns cederam, porque impressionados com a ressonância
que teriam suscitado pela própria posição social ou pela fragilidade humana. Entretanto, embora
separados agora de nós, não os abandonamos em sua defecção, mas ajudamo-los e ainda estamos
próximos deles para que se reabilitem pela penitência e recebam o perdão d'Aquele que o pode conceder.
Caso os deixássemos ao leu de si mesmos, a sua queda seria irreparável. Procurai fazer também do
mesmo modo, irmãos caríssimos, dando a mão àqueles que caíram para que se levantem. Assim, se
devessem padecer ainda a prisão, sentir-se-ão fortes para confessar dessa vez a fé e remediar o erro
anterior. Permiti-nos que vos recordemos também qual é a linha a seguir numa outra questão. Aqueles
que cederam na prova, se estiverem doentes, e desde que estejam arrependidos e desejosos da comunhão
com a Igreja, devem ser socorridos. As viúvas e outros impossibilitados de apresentar-se
espontaneamente, como também os que se encontram na prisão ou distantes de suas casas, devem
encontrar quem pense neles. Nem sequer os catecúmenos atingidos pela doença devem ficar
desencantados em suas expectativas de ajuda. Saúdam-vos os irmãos que estão na prisão, os presbíteros
e toda a Igreja, que com a máxima solicitude vigia sobre todos os que invocam o nome do Senhor. Mas
pedimos, também nós, a retribuição da vossa lembrança" (Carta 8, 2-3).

2. O Bispo de Cartago à Igreja de Roma


Quando Cipriano foi informado da morte do Papa Fabiano, escreveu esta carta aos presbíteros e diáconos
de Roma.
Cartago, inícios de 250.
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Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

"Irmãos caríssimos, era-nos ainda incerta a notícia da morte daquele meu santo irmão no episcopado, e
as informações traziam dúvidas, quando recebi de vós a carta, que me foi enviada através do subdiácono
Cremêncio, pela qual era plenamente informado de sua gloriosa morte. Exultei, então, porque à
integridade do seu governo seguiu-se um nobre final. Em relação a isso, alegro-me muitíssimo também
convosco, porque honrais a sua memória com um testemunho tão solene e esplêndido, dando a conhecer
também a nós a lembrança gloriosa que tendes do vosso bispo, e oferecendo-nos ainda um exemplo de fé
e fortaleza. De fato, quanto é danosa para os súditos a queda de quem está como chefe, da mesma forma,
ao contrário, é útil e salutar um bispo que se oferece aos irmãos como exemplo de firmeza na fé...
Desejo-vos, irmãos caríssimos, que estejais sempre bem" (Carta 9, 1).

3. Cipriano, bispo de Cartago, ao Papa Cornélio


Cipriano presta homenagem ao testemunho de coragem e fidelidade demonstrado pelo Papa Cornélio e
pela Igreja de Roma: "um luminoso exemplo de união e constância a todos os cristãos". Prevendo como
iminente a hora da prova também para a Igreja de Cartago, Cipriano pede a ajuda fraterna da oração e da
caridade.
Cartago, outono de 253.
"Cipriano a Cornélio, irmão no episcopado. Tomamos conhecimento, irmão caríssimo, da tua fé, da tua
fortaleza e do teu claro testemunho. Tudo isso é de grande honra para ti e traz-me tanta alegria a ponto
de tornar-me participante e associado aos teus méritos e às tuas empresas. Assim como, de fato, una é a
Igreja, uno e inseparável o amor, única e inseparável a harmonia dos corações, qual sacerdote ao
celebrar os louvores de um outro sacerdote não se alegraria com isso como de uma glória pessoal? E
qual irmão não se sentiria feliz da alegria dos próprios irmãos? É certo que não se pode imaginar a
exultação e a grande alegria que se deu aqui entre nós quando soubemos de coisas tão belas e
conhecemos as provas de fortaleza dadas por vós. Foste guia dos irmãos na confissão da fé, e a mesma
confissão do guia fortaleceu-se ainda mais com a confissão dos irmãos. Assim, enquanto precedeste aos
outros no caminho da glória, e enquanto te mostraste pronto a confessar por primeiro e por todos,
persuadiste o povo a confessar a mesma fé. Torna-se impossível para nós, então, estabelecer o que
devemos mais elogiar em vós, se a tua fé pronta e inabalável ou a inseparável caridade dos irmãos. A
coragem do bispo manifestou-se em todo o seu esplendor como guia do seu povo, e apareceu luminosa e
grande a fidelidade do povo em plena solidariedade com o seu bispo. Em todos vós a Igreja de Roma deu
o seu magnífico testemunho, unida totalmente num só espírito e numa só fé. Brilhou assim, irmão
caríssimo, a fé que o Apóstolo constatava e elogiava em vossa comunidade. Já então ele previa e
celebrava quase profeticamente a vossa coragem e a vossa indomável fortaleza. Já então reconhecia os
méritos de que vos tornaríeis gloriosos. Exaltava as empresas dos pais, prevendo as dos filhos. Com a
vossa plena concórdia, com a vossa fortaleza, destes luminoso exemplo de união e constância a todos os
cidadãos . Irmão caríssimo, o Senhor em sua Providência adverte-nos previamente que é iminente a hora
da prova. Deus, em sua bondade e em sua preocupação pela nossa salvação, concede-nos as suas
benéficas sugestões em vista do nosso próximo combate. Pois bem, em nome daquela caridade, que nos
liga reciprocamente, ajudemo-nos, perseverando com todo o povo em jejuns, vigílias e oração. São estas
as armas celestes que nos fazem permanecer sólidos e perseverantes. São estas as armas espirituais e as
flechas divinas que nos protegem. Recordemo-nos reciprocamente na concórdia e fraternidade espiritual.
Rezemos sempre e em todos os lugares uns pelos outros, e procuremos aliviar os nossos sofrimentos com
a caridade recíproca" (Carta 60, 1-2).

4. Cipriano anuncia a morte do Papa Sisto II


A Igreja de Cartago mandara alguns eclesiásticos a Roma para colherem notícias a respeito do decreto de
perseguição do imperador Valeriano. Retornaram levando a dolorosa notícia da morte do Papa Sisto II. O
bispo S. Cipriano preocupou-se em informar logo sobre os fatos à Igreja da África, enviando esta carta ao
bispo Sucesso.
Cartago, agosto de 258.
1"Meu caro irmão, não pude enviar-te logo um meu escrito porque nenhum dos clérigos desta Igreja
podia mover-se, encontrando-se todos sob a tempestade da perseguição, que porém, graças a Deus,
encontrou-os muito dispostos a passarem logo ao céu. Comunico-te agora as notícias que tenho.
Estudo feito por Eliezer Lucena 30
Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

Retornaram os emissários que enviei a Roma para que apurassem e referissem a decisão tomada pelas
autoridades a meu respeito, qualquer gênero fosse, e colocar um ponto final, assim, as todas as ilações e
hipóteses que circulavam. E eis agora qual é a verdade devidamente apurada. O imperador Valeriano
enviou o seu rescrito ao Senado, com o qual decidiu que bispos, sacerdotes e diáconos sejam levados
imediatamente à morte. Os senadores, os notáveis e os que têm título de cavaleiros romanos sejam
privados de toda dignidade e também dos bens. Se, depois, mesmo após o confisco endurecerem na
profissão cristã, devem ser condenados à pena capital. As matronas cristãs sofram o confisco de todos os
bens e depois sejam mandadas em exílio. Sejam igualmente confiscados todos os bens aos funcionários
imperiais, que já confessaram a fé cristã ou devessem confessá-la no presente. Sejam em seguida presos
e registrados entre os adidos às propriedades imperiais (trabalhos forçados). Valeriano acrescenta ainda
ao rescrito a cópia de uma sua carta aos governadores das províncias e que se refere à minha pessoa.
Espero dia após dia essa carta, e espero recebê-la logo, mantendo-me sólido e forte na fé. A minha
decisão diante do martírio é conhecida. Espero, cheio de confiança como estou, de receber a coroa da
vida eterna da bondade e generosidade de Deus. Comunico-vos que Sisto padeceu o martírio com quatro
diáconos em 16 de agosto, enquanto encontrava-se na zona do "Cemitério" (as Catacumbas de São
Calisto). As autoridades de Roma têm como norma que todos os que forem denunciados como cristãos,
devam ser justiçados e suportar o confisco dos bens em benefício do erário imperial. Peço que aquilo que
referi seja levado ao conhecimento também dos outros nossos colegas no episcopado, porque a nossa
comunidade possa ser encorajada e predisposta sempre melhor, pelas suas exortações, ao combate
espiritual. Isso será de estímulo a considerar mais o bem da imortalidade do que a morte, e consagrar-se
ao Senhor com fé ardente e fortaleza heróica, a mais alegrar-se do que temer diante do pensamento de
ter que confessar a própria fé. Os soldados de Deus e de Cristo sabem muito bem que a sua imolação
não é tanto uma morte quanto uma coroa de glória. A ti, irmão caríssimo, a minha saudação no Senhor"
(Carta 80).

5. O martírio de São Cipriano


Teria sido muito útil e edificante conhecer as atas dos processos dos mártires Ponciano, Fabiano,
Cornélio, Sisto II, Eusébio, Cecília... Infelizmente os arquivos da Igreja de Roma foram destruídos
durante a tremenda perseguição de Diocleciano. Foram-nos, porém, transmitidas as atas do processo de
São Cipriano. As "Atas" eram lidas nas comunidades cristãs em louvor do Mártir e para tirar forças no
momento da prova. Podemos crer, então, que as atas do processo dos Mártires citados acima, fossem
escritos mais ou menos na mesma forma.
Cartago, 14 de setembro de 258.

"Pela manhã de 14 de setembro uma grande multidão tinha-se reunido em Sesti, conforme o que
ordenara o procônsul Galério Máximo. E assim, o mesmo procônsul Galério Máximo ordenou que fosse
trazido Cipriano à audiência que mantinha no mesmo dia no átrio Sauciolo. Quando ele apresentou-se, o
procônsul Galério Máximo disse ao bispo Cipriano:

- És Tascio Cipriano?
O bispo Cipriano respondeu:
- Sim, sou eu.
O procônsul Galério Máximo disse:
- És tu que te apresentaste como chefe de uma seita sacrílega?
O bispo Cipriano respondeu:
- Sou eu.
Galério Máximo disse:
- Os santíssimos imperadores ordenam-te que sacrifiques.
O bispo Cipriano disse:
- Não o faço.
O procônsul Galério Máximo disse:
- Reflete bem.
Estudo feito por Eliezer Lucena 31
Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

O bispo Cipriano disse:


- Faz o que te ordenaram. Não há o que refletir mm coisa tão justa.

Galério Máximo, depois de ter conferido com o colégio dos magistrados, com dificuldade e contra a
vontade, pronunciou a sentença: "Viveste longamente de modo sacrílego e agregaste muitíssimos à tua
seita criminosa, e te fizeste inimigo dos deuses romanos e de seus sagrados rituais. Os piedosos e
santíssimos imperadores Valeriano e Galieno Augustos e Valeriano nobilíssimo César não conseguiram
reconduzir-te à observância de suas cerimônias religiosas. E, por isso, a partir do momento que te
tornaste autor e instigador dos piores crimes, serás tu mesmo de exemplo àqueles que associaste às tuas
ações criminosas. Com o teu sangue será sancionado o respeito às leis". Ditas essas palavras, leu em voz
alta o decreto escrito numa tabuinha: "Ordeno, Tascio Cipriano, que sejas punido com a decapitação".
Após a sentença a multidão dos irmãos (os cristãos) dizia: "Nós também queremos ser decapitados
juntamente com ele". Surgiu, por isso, uma grande agitação entre os irmãos e muita gente seguiu-o. E
assim Cipriano foi levado ao campo de Sesti, e ali despojou-se do manto e do capuz, ajoelhou-se por
terra e prostrou-se em oração ao Senhor. Tirou em seguida a dalmática (uma sobreveste) e entregou-a
aos diáconos, ficando apenas com a túnica de linho, e assim permaneceu à espera do carnífice. Quando
este chegou, o bispo ordenou aos seus que lhe dessem vinte e cinco moedas de ouro. Entretanto os irmãos
estendiam diante dele pedaços de tecido e lenços (para recolher o sangue como relíquia). Depois o
grande Cipriano vendou com as próprias mãos os olhos, mas como não conseguisse amarrar as pontas
do lenço, o presbítero Juliano e o subdiácono Juliano vieram ajudá-lo. Assim o bispo Cipriano padeceu o
martírio e o seu corpo, por causa da curiosidade dos pagãos, foi deposto num lugar próximo onde
pudesse ser subtraído ao olhar indiscreto dos pagãos. À noite, foi tirado de lá e levado embora com
fachos e tochas acesas e acompanhado até o cemitério do procurador Macróbio Candidiano localizado
na via das Campanas perto das piscinas. Poucos dias depois morreu o procônsul Galério Máximo. O
santo bispo Cipriano padeceu o martírio em 14 de setembro, sob os imperadores Valeriano e Galieno,
reinando porém nosso Senhor Jesus Cristo, a quem se dá honra e glória nos séculos dos séculos. Amém!"
(Das Atas Proconsulares, 3-6).

Estudo feito por Eliezer Lucena 32


Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

13) YESHUA E A MOEDA DO IMPERADOR CEZAR

Evangelho de Marcos Capítulo 12:13-17


(12.13) Mais tarde enviaram a Jesus alguns dos fariseus e herodianos para o apanharem em alguma coisa que ele
dissesse. (14) Estes se aproximaram dele e disseram: “Mestre, sabemos que és integro e que não te deixas
influenciar por ninguém, porque não te prendes a aparência dos homens, mas ensinas o caminho de Deus conforme
a verdade. É certo pagar imposto a César ou não? (15) Devemos pagar ou não?” Mas Jesus, percebendo a hipocrisia
deles, perguntou: “Por que vocês estão me pondo à prova? Tragam-me um denârio para que eu o veja.” (16) Eles lhe
trouxeram a moeda, e ele lhes perguntou: “De quem é esta imagem e esta inscrição?” “De César”, responderam eles.
(17) Então Jesus lhes disse: “Dêem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. E ficaram admirados com
ele.

A semana da Páscoa era um período durante o qual o entusiasmo político no subjugado povo
judeu era muito evidente. A festa lembrava a libertação do Egito e o povo estava dominado
pelos romanos; qualquer aclamação de um herói judeu facilmente acabaria em uma revolta,
dando às forças de ocupação, razão para violência. Era interesse inerente as autoridades do
Templo, evitar qualquer tumulto e para isso, as atividades do pregador da Galiléia precisavam
ser cortadas, porém de maneira sutil para não aborrecer as multidões que gostavam de ouvi-lo.
Nas dependências do Santuário, a “polícia do Templo”, a única força armada judia oficialmente
tolerada, era responsável pela ordem. Cabia a ela prender eventuais desordeiros.

Se Jesus fosse apanhado em desobediência à autoridade do Templo, seria possível prendê-lo


com o apoio da lei. Do outro lado, se Ele caísse numa emboscada, procurando instigar o povo à
desobediência perante a autoridade romana, também haveria como denunciá-lo e livrar-se dEle.
As forças romanas, então, se ocupariam do suposto “rebelde”.

Assim, uma comissão formada de dois grupos distintos se apresentou a Jesus, procurando
apanhá-lo numa palavra errada.

(13) Mais tarde enviaram a Jesus alguns dos fariseus e herodianos para o apanharem em
alguma coisa que ele dissesse.

Os fariseus, como sabemos, gozavam de simpatia popular, porque eram verdadeiros judeus,
patriotas, não de aspirações à riqueza mundana, conhecedores e intérpretes da lei, sempre
agindo de acordo com o interesse do povo judeu. Eles odiavam os romanos e dificilmente
algum deles entraria em acordo com os interesses dos ocupantes, apolíticos como eram.
Zelavam pelo cumprimento da lei de Deus e em questão de sua interpretação já haviam travado
vários confrontos com Jesus. Se Jesus pecasse contra a lei, seriam eles que O apanhariam na
falta. Junto com esses especialistas da lei vieram alguns herodianos. O “rei fantoche”, Herodes,
por tradição de região judia, apreciava as artes, o esporte e a filosofia pagã. Como autoridade
local, responsável também pela Galiléia e tendo sido imposto pelos romanos, a estes devia
obediência. Junto com os fariseus vieram alguns adeptos do rei. Se Jesus revelasse alguma
intenção contra as autoridades romanas, seriam eles quem O pegariam. Na presença dos
Estudo feito por Eliezer Lucena 33
Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

fariseus, conhecidos como “Anti-romanos”, eles julgariam ser fácil apanhar alguém em palavra
de desobediência política.

(14) Estes se aproximaram dele e disseram: “Mestre, sabemos que és integro e que não te
deixas influenciar por ninguém, porque não te prendes a aparência dos homens, mas ensinas
o caminho de Deus conforme a verdade.

Não sabemos até que ponto os elogios pronunciados pelos fariseus eram sinceros. Sabemos que
alguns deles tinham Jesus em alta estima por causa de Sua sabedoria. Quando eles declararam
que Jesus ensinava “o caminho de Deus”, eles Lhe atestaram que instruía de maneira clara,
ensinava bem a maneira pela qual Deus queria que o povo pensasse e vivesse. Não havia como
duvidar da religiosidade de Jesus e seu respeito ante a lei.
De repente, alguém do grupo apresentou uma pergunta explosiva a Jesus:

É certo pagar imposto a César ou não? (15) Devemos pagar ou não?”

Só podemos entender a dinamite contida nesta pergunta se soubermos algo sobre o histórico
deste imposto. O texto original da pergunta, em grego, diz: “...é ‘permitido’ pagar...”, isto é,
permitido pela lei de Deus? A lei de Deus aprovaria esse tributo? Essa era uma pergunta que
fervilha nos corações revoltados por ocasião da Páscoa, época em que qualquer judeu sentia
profundamente o peso da inquisição romana. Ela pode ter levado os fariseus a consultar
seriamente a Jesus, mas a presença dos herodianos representava perigo. Poucos anos atrás, um
tal de “Judas Galileu” havia conclamado o povo à resistência contra os romanos, declarando
traição a Deus pagar tributo a senhores pagãos, que se faziam deuses. A rebelião foi debelada
cruelmente. Para então demonstrar seu desprezo para com a “plebe supersticiosa judia”,
Pilatos, o governador romano, havia instaurado um tributo pagável diretamente ao imperador
odiado em Roma. Para ferir o judeu em suareligiosidade, mandou imprimir na moeda, com a
qual se pagava esse tributo (“tributum capitis”), a imagem do imperador; fato que vinha
diretamente contra o segundo mandamento de Deus. No verso da moeda constava “TIBÉRIO
CÉSAR AUGUSTO – FILHO DO DIVINO AUGUSTO, SUMO SACERDOTE”. A moeda era
facilmente interpretada como uma blasfêmia por qualquer bom judeu. Dos últimos sessenta e
dois levantes dos judeus contra os ocupadores gregos e romanos, desde Macabeus (167 a. C.) até
Bar-Kochba (123 d.C.), todos menos um deles, começaram na Galiléia com a negação desse
tributo (cit. PinchasLapide).

A cilada, perante a qual Jesus se via, era quase perfeita: se Ele concordasse com o pagamento,
seria tido por todos os peregrinos presentes, sedentos de liberdade, como covarde e traidor dos
judeus; mas negando-o, perante os ouvidos atentos dos herodianos seria desmascarado como
rebelde político, imediatamente preso por incitação ao povo.

Mas Jesus, percebendo a hipocrisia deles, perguntou: “Por que vocês estão me pondo à
prova? Tragam-me um denârio para que eu o veja.”

Estudo feito por Eliezer Lucena 34


Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

Moeda do Imperador na época de Yeshua

Um Aureus / Denário com a imagem do imperador Tibério, juntamente com a inscrição TI CAESAR DIVI AVG F
AVGUSTVS (Tibério César Augusto, filho do divino Augusto). Imperador Tibério, que reinou 14-37 dC, conseguiu
estabilizar o Império e melhorar as finanças. Ele terminou as tentativas de conquista do território germânico e o
reforço das fronteiras. Ele consolidou seu poder político, sistematicamente eliminando seus rivais. Durante sua
regência, por volta do ano 30, Jesus Cristo foi espancado até a cruz.

Fica evidente que Jesus não possuía esta moeda, o “denário tiberiano”. O Talmude menciona
um tal Rabbi Menachem Bem Simai, “filho dos Santos”, porque este nunca na sua vida havia
nem olhado para essa moeda, pois ela feria o segundo mandamento de Deus: a proibição de
fazer imagens. O mestre da Galiléia tampouco possuía essa moeda, portanto, mandou que lhe a
apresentassem.

(16) Eles lhe trouxeram a moeda, e ele lhes perguntou: “De quem é esta imagem e esta
inscrição?”

A palavra chave é “imagem”, a mesma contida no segundo mandamento de Deus:


“Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no
céu, na terra ou nas águas debaixo da terra” (Ex. 20.4).
A palavra “imagem” também lembra Gênesis 1.27:
“Criou Deus o homem a sua imagem, a imagem de Deus o criou”.

Jesus forçou de seus interpeladores a resposta:


“De César“, responderam eles.

A moeda do odiado tributo eles tinham em suas mãos, em seus bolsos e perguntavam se era
“permitido” pagar o tributo? Quanta falsidade!

(17) Então Jesus lhes disse: “Dêem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.

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Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

O original grego diz explicitamente “devolvam” no lugar do “dêem” da nossa tradução. Vocês
usam a moeda do imperador e não consideram isso pecado? Mas pagar o tributo seria pecado?
Então primeiro devolvam ao imperador o que é dele! Devolvam ao imperador seu dinheiro
amaldiçoado! Só devolvendo, ficarão puros. Só então poderão dar a Deus o que é dEle, isto é:
tudo! A moeda com a imagem do imperador devemos a este, mas a nós mesmos, feitos imagens
de Deus, devemos a Deus e a Ele somente.

Muitos desentendimentos e trágicas implicações históricas vieram da forma que ela foi
entendida na interpretação grega. O pensamento hebraico era totalmente oposto. Entrou na
história da igreja a trágica interpretação ocidental. Lutero, por exemplo, viu na resposta de Jesus
a sua “teologia dos dois reinos” confirmada. Dois Reinos que não se misturam. O de Deus e o
do governo. Para ele, devíamos obediência aos dois.

Do outro lado, o papa Bonifaz VIII usou no ano 1308, na bula papal, “Unam Sanctam”, a
argumentação para exigir obediência ao Reino terreno da Igreja. Nenhuma das duas grandes
figuras da história cristã ficou se perguntando porque Jesus, como bom judeu, podia na sua
resposta mencionar primeiro os direitos de César e só então falar dos direitos de Deus! Era algo
inconcebível para um judeu! E mais: ninguém havia perguntado a Jesus sobre o que é devido a
Deus; a pergunta limitava-se à obrigação para com o Imperador. Aos que interpelaram Jesus
interessava a questão do poder. Jesus, no entanto respondeu quanto a obediência. Ele mesmo
havia declarado em outro lugar que:

“ninguém pode servir a dois Senhores” (Mateus 6.24).

“Tudo vem de ti, e nós apenas te devemos o que vem de tuas mãos”
(2 Crônicas 29.14b).

E ficaram admirados com ele. De uma aparente pergunta séria quanto a limites de poder,
escondendo uma cilada perigosa, Jesus havia retornado à base de tudo, assim como Ele fez
quando O perguntaram sobre o direito mosáico de divorciarse. Tudo devemos a Deus e
somente podemos dar-nos a Ele, se antes devolvermos a César o que é de César.

Há algo que é “de César” e que impede você de seguir a Jesus? Devolva-o! Você foi feito a
imagem de Deus, você não deve ser devedor de outro!

Interpretação de John Dominic Crossan

John Dominic Crossan no livro God and Empire: Jesus Against Rome, Then and Now (2007), diz
que: "há um ser humano do primeiro século, que foi chamado de Divino, Filho de Deus, Deus e
Deus dos deuses, e cujos títulos foram Senhor, Redentor, Libertador e Salvador do Mundo. Os cristãos
provavelmente irão pensar que esses títulos foram originalmente criadas e aplicadas
exclusivamente a Cristo. Mas antes de Jesus ter existido, todos esses termos pertenciam a César
Augusto".

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Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

Crossan cita que a adoção dos mesmos pelos primeiros cristãos para referi-se a Jesus era uma
forma de negar-los a César Augusto. "Eles estavam tirando a identidade do imperador romano
e dando-lhe a um judeu camponês. O que era ou uma brincadeira e uma particularidade muito
baixa, ou o que era pelos romanos chamado majistas e que nos conhecemos como alta traição".

Jesus e os tributos romanos


A tese de que Jesus no texto Mc 12.13-17 esteja, na verdade, devolvendo a pergunta e,
simultaneamente, ampliando a discussão é a que mais respaldo detém entre os pesquisadores.
Ela se baseia no fato de que, entre a pergunta formulada (v.14) e a resposta propriamente dita
(v.17), há uma inserção de dois versículos, em que é introduzida uma questão relacionada aos
denários romanos (vv.15-16). A inserção é assim apresentada pelo texto:

v. 15: Ele, porém, conhecendo sua hipocrisia, disse: "Por que me pondes à prova? Trazei-me um denário
para que o veja".
v. 16: Eles trouxeram. E ele disse:"De quem é esta imagem e a inscrição?" Responderam-lhe: "De César".

Que sentido teria esse pedido de Jesus pela apresentação de denários da parte dos seus
adversários? A resposta usual vai no sentido de afirmar o seguinte: O emprego de denários
romanos pelos próprios adversários não revela outra coisa senão a hipocrisia de sua própria
pergunta.

Ora, segundo consenso na pesquisa, o denário apresentado a Jesus era o denário


imperial, moeda cunhada a mando do imperador Tibério e de generalização generalizada nas
províncias do império. Na sua efígie era apresentada a face de Tibério, com a seguinte inscrição
circunscrita:
Ti. CAESAR DIVI - AVG. F. AVGVSTVS, por extenso: TIBERIUS CESAR DIVI AUGUSTI FILIUS
AUGUSTUS, ou seja: TIBÉRIO CÉSAR, AUGUSTO, FILHO DO DIVINO AUGUSTO.

Considerando as leis dos judeus, sobretudo a proibição de fazer imagens e de adorar


ídolos, o emprego de denários romanos por parte de fariseus e herodianos, adversários de
Jesus, só podia representar um sacrilégio: o denário concedia a Tibério atributos divinos
("Augusto"), e o uso de imagens para o divino estava proibido entre os judeus (cf. Ex 20.2-6).
Jesus, assim, desmascara seus adversários e a pergunta por eles formulada. Em primeiro lugar,
por praticarem a idolatria. Em segundo lugar, por ficar evidente que quem carrega os próprios
denários romanos em seu bolso e negocia com eles está dando assim, um
testemunho inconfundível de que é também a favor da cobrança em forma de tributos. Dentro
dessa linha de raciocínio, tudo se decide no fato de serem os fariseus e herodianos os que
portam consigo as moedas e de representarem as moedas uma idolatria pública,
mas aparentemente tolerada pelos adversários.

Jesus é contrário ao pagamento de tributos aos romanos, mas defende sua tese com o
recurso da ambivalência, sobretudo pelo perigo que representava politicamente assumir algo
assim como um "desobediência civil ao pagamento dos tributos".

Estudo feito por Eliezer Lucena 37


Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

O objetivo real de Jesus, ao pedir um denário imperial, está claramente contido na


formulação da pergunta: "De quem é esta imagem e a inscrição? Jesus está, pois, querendo
tornar claro a questão da pertença da moeda. A imagem é de César, a inscrição de rosto refere-
se a ele, a inscrição do verso também, logo, a moeda do denário é um bem seu. E unicamente
isso que está em jogo aqui. E é isto que Jesus está procurando ressaltar: uma moeda cunhada a
mando de alguém pertence a esse alguém.

Assim, quais seriam as coisas que Jesus identifica como sendo de César no recurso da
solicitação pelo denário? A resposta só pode ser uma: são as moedas dos denários.

O denário tinha uma força simbólica muito forte no Império Romano. Ele simbolizava
inicialmente o poder político e econômico dos romanos, já que era, simultaneamente,
instrumento da política imperial, cambial (era moeda oficial e parâmetro para o câmbio com
outras moedas) e fiscal (era a moeda oficial para pagamento dos tributos) do império. Além
disso, era indiscutivelmente também um símbolo religioso, pois concedia atributos divinos aos
soberbos, o que retrata, sobretudo, o título de "Augusto" (= venerável).

Se entendida sob esse pano de fundo, a proposta de Jesus assume uma compreensão
mais profunda. O verbo que Jesus utiliza na resposta é o grego apodímodi, com o sentido de
"devolver", diferente do verbo usado na pergunta pelos fariseus e herodianos dídome,
significando "dar"/ "pagar". Assim "devolver" a César a sua moeda parece, pois, não ter outra
intenção senão tirar da Palestina o mais expressivo símbolo da hegemonia do império.

Outra coisa: por que Jesus, em sua resposta, faz referência a Deus, quando a pergunta de
fariseus e herodianos referia-se exclusivamente a César?
Havia uma visão divergente entre judeus e romanos acerca da legitimidade de
arrecadação de impostos por parte do império. Para os romanos, o território conquistado era
propriedade pública, do estado. Para o judaísmo, entretanto, a terra de Israel era de Deus.
Assim, se questionava a legitimidade de os romanos se acharem senhores do povo judeu só por
tê-los conquistado militarmente. Jesus está, pois, pleiteando diante dos seus adverários que seja
devolvido a Deus aquilo que, segundo o testemunho biblíco, só a Ele pertence, ou seja, a sua
terra e o seu povo.

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Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

MOEDAS ROMANAS

Um Aureo com o busto do Imperador Augusto (63 a.C. - 14 d.C.), juntamente com a inscrição
AVGVSTVS DIV F. (Augusto, filho do Divino).

Um Dupôndio com a imagem do general Germânico numa quadriga (15 a.C. - 19 d.C.).
Germânico encontrou e trouxe de volta a Roma os seus estandartes, do que restava de três
legiões massacradas na Batalha da Floresta de Teutoburgo (9 d.C.). O sucesso destas
campanhas, valeram-lhe o cognome Germânico pelo qual ficou conhecido.

Um Denário de Júlio César, com a inscrição CAESAR IM PM (Caesar Imperator, Pontifex


Maximus). Júlio César (100 a.C. - 44 a.C.), que marcou o fim da República Romana, tornando-se
um ditador para Roma. Posteriormente foi assassinado por um grupo de senadores em torno de
Marco Bruto.

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Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

Um Aureus com a imagem do imperador Tibério, juntamente com a inscrição TI CAESAR DIVI
AVG F AVGUSTVS (Tibério César Augusto, filho do divino Augusto). Imperador Tibério, que
reinou 14-37 dC, conseguiu estabilizar o Império e melhorar as finanças. Ele terminou as
tentativas de conquista do território germânico e o reforço das fronteiras. Ele consolidou seu
poder político, sistematicamente eliminando seus rivais. Durante sua regência, por volta do ano
30, Jesus Cristo foi espancado até a cruz.

14) Conclusão:

Após percorrermos este pequeno caminho sobre a investigação da morte e execução de Jesus, depois de
discorrermos por vários textos do novo testamento, testemunhos históricos, testemunhos dos pais da
Igreja do 1º ao 4º século, todos examinados com muita atenção, também é preciso nos despirmos da
tradicional teologia cristã, e também do anti-semitismo, somente então poderemos ver claramente quem
realmente tramou a morte e a execução sumária de Jesus. Espero que ao ler este estudo abandonemos de
uma vez por todas, certos versículos que viraram uma verdadeira MODA nas Igreja Evangélicas
brasileiras, Moda esta que gera semente de ódio, de racismo e de rancor usada contra os judeus, do tipo :
“veio para os seus e os seus não o receberam”.
Mas não foram os judeus que mataram Jesus? Foram também com certeza. Mas que tipo de judeus eram
estes que participaram da morte de Jesus? É lógico e óbvio que foi a classe dirigente da Judéia e ainda
nem todos, ou seja, o Sanhedrim = o Sinédrio, que era composto por 70 / 71 pessoas que por sua vez
estavam divididas em 3 ou 4 categorias de pessoas: 1- Os saduceus; 2- Os escribas; 3- Os anciãos; 4-
Alguns poucos fariseus.
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Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

É impressionante que tudo isto está no novo testamento, mas infelizmente, para vergonha, nossa não
percebemos, lemos o novo testamento de qualquer jeito sem atentarmos para os detalhes, as minúcias, que
por sua vez, fazem a grande diferença. Ao lermos o novo testamento precisamos nos lembrar que eles
começaram a serem escritos 40 anos após a morte de Jesus e que nenhuma das testemunhas oculares
deixou nada escrito, ou seja, estes escritos levam os nomes dos fundadores de suas respectivas
comunidades, que estas sim, na terceira ou quarta geração após as primeiras testemunhas começaram a
escrever seus evangelhos, porém com um grande problema em vista, como escrever um evangelho sem
ser ofensivo ao Grande império romano que de todos exige reverencia e lealdade caso contrario, a morte
era certa.
Porém é preciso lembrar nesta conclusão e resumo que o Império Romano teve grande participação na
execução de Jesus, e não somente nisto, mas também na subseqüente perseguição nos próximos três
séculos seguintes aos seguidores de Jesus, começando por seus familiares e depois apóstolos e discípulos.
Os cristãos como vimos nos testemunhos citados neste estudo foram proibidos pelo Império Romano até
mesmo de existirem. Os cristãos se negaram a adorar os Imperadores Romanos e prestar culto aos
mesmos em seus Templos espalhados por toda Ásia Menor e até mesmo na Judéia, lembrem-se que
Herodes O Grande foi quem construiu a cidade de Cesaréia em homenagem a CESAR AUGUSTO na
costa da Judéia e lá também construiu um Grande TEMPLO ao deus CESAR O IMPERADOR, os cristão
se negaram a este tipo de idolatria e por isto pagaram um alto preço, quase quatro séculos de perseguições
sistemáticas, gerando mortes e terror por todo o mundo antigo. Seria uma ingenuidade tremenda culpar
também somente a classe dirigente da Judéia pela morte de Jesus e esquecer de mencionar que, o Império
Romano é quem mandava na Judéia através de seu procurador ou prefeito Poncio Pilatos, ou seja, o
Império nomeava o governador que por sua vez nomeava o Sumo Sacerdote, em outras palavras, a classe
dirigente da Judéia tinha como patrão o Império Romano, eles apenas cumpriam ordens de regras já pré-
estabelecidas, ou seja, eles eram vassalos de Roma em troca de benesses, conforto, riquezas e luxo
enquanto o povo vivia oprimido para bancar o luxo de Roma e aqueles que se prostituíam com ela A
GRANDE MERETRIZ.

Espero ter contribuído de alguma forma, para que você possa, de agora em diante, ler as escrituras
despido de pré-conceitos teológicos, que na maioria das vezes, mais atrapalha, do que ajuda. Leia as
escrituras e as interprete por você mesmo, procure bons livros, não importa se eles forem judeus,
católicos, evangélicos, espíritas, descubra as verdades de Deus por você mesmo. Leia. A principal arma
contra o pré-conceito, o anti-semitismo e a ignorância, sem duvida, é o conhecimento. Eu comparo a
ignorância com as trevas e o conhecimento com a luz, quanto mais conhecimento mais luz raiará em seu
caminho, os provérbios tratam a sabedoria e a Torah como a luz e lâmpada para os meus caminhos,
busque estes atributos do eterno. Hoje existe muita literatura sobre o Jesus histórico, sobre os acréscimos
que sofreram o novo testamento, então, mãos à obra, leia, pesquise e por fim, tire suas próprias
conclusões.

Estudo feito por Eliezer Lucena 41


Quem matou Jesus segundo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos

Bibliografia:

 O que Jesus disse? O que Jesus não disse? Bart D. Ehrman. Editota Prestigo/Ediouro
 Verdades e mentira sobre o chamado Jesus. Aderbal Pacheco. Editora DPL.
 A face oculta das religiões. José Reis Chaves. Editota Martin Claret.
 O evangelho perdido de “Q” e as origens cristãs. Burton L. mack. Editota Imago.
 Ditos primitivos de Jesus. Uma introdução ao ‘proto-evangelho de ditos”Q”. Santiago
Guijarro Oporto.
 As várias faces de Jesus. Geza Vermes. Editora Record.
 A paixão. Geza Vermes. Editora Record.
 Natividade. Geza Vermes. Editora Record.
 Quem é quem na época de Jesus. Geza Vermes. Editora Record.
 O judaísmo e as origens do cristianismo III. David Flusser. Editora Imago.
 Quem matou Jesus. John Dominic Crossan. Editora Imago.
 A Dinastia de Jesus. James D. Tabor. Editora Ediouro.
 A ultima semana. Markus Brog e John Dominic Crossan. Editora ...
 Como ler os evangelhos. Felix Morach. Editora Paulus.
 O quinto evangelho de Tomé. Huberto Rohden. Editora Martin Claret.
 O evangelho de Judas. Bart D. Ehrman.
 Cristo é a questão. Wayne Meeks. Editora Paulus.
 Jesus: uma pequena biografia. Martin Forward. Editora Cultrix.
 Os partidos religiosos hebraicos da época neotestamentária. Kurt Shubert. Editora Paulus.
 Os manuscritos de qumran e o novo testamento. Gervásio F. Orrú.
 A comunidade de qumran e a igreja do novo testamento. Karl Hrmann Schelkle. Edições
Paulinas.
 101 perguntas sobre os manuscritos do mar morto. Joseph A. Fitzmeyer, SJ. Edições Loyola.
 A odisséia dos essênios. Hugh Schonfield. Editora Mercuryo.
 Anjos e Messias, messianismos judaicos e a origem da cristologia. Luigi Schiavo. Edições
Paulinas.
 História dos Hebreus. Flavio Josefo. Editora CPAD.
 Guerras Judaicas. Flavio Josefo. Editora Juruá.
 História Eclesiástica. Eusébio de Cesáreia. Editora CPAD.
 A Bíblia de Jerusalém. Editora Paulus.

Estudo feito por Eliezer Lucena 42

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