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Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ
Comarca da Região Metropolitana de Curitiba
3ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central
Vistos.
Trata-se de ação ordinária proposta pelo SINDUSCON/PR em face do MUNICÍPIO
DE CURITIBA, no qual almeja “a concessão de tutela provisória inaudita altera parte, para declarar
provisoriamente, até o julgamento final da lide, a inaplicabilidade das restrições contidas no Decreto n.º 565/2021 ao
setor da construção civil, determinando-se ao Município que se abstenha de coibir de qualquer forma o exercício regular
de tais atividades construtivas”.
Argumentou-se que o Decreto Municipal n.º 565/2021, que impôs diversas medidas
restritivas em razão da pandemia de COVID-19, não enumera a atividade de construção civil como
essencial, deixando dúvida quanto à possibilidade de desenvolvimento da atividade, a qual
compreende não pode sofrer restrição.
Não lhe assiste razão.
O Decreto Municipal n.º 565/2021 não deixa dúvida.
Em seu art. 3º define o que é atividade essencial e, nos arts. 4 º e 5º, quais são as
atividades essenciais e, dentre elas, não está enumerada a construção civil.
Isto fica ainda mais claro quando se denota que o art. 16 suspendeu a vigência do
Decreto Municipal n.º 470/2020, o qual definia as atividades essenciais e que então previa a
construção civil entre elas, o que não ocorre neste momento de vigência do Decreto Municipal n.º
565/2021.
Frise-se que, no âmbito do Município de Curitiba, segundo o decidido pelo Supremo
Tribunal Federal, o administrador público possui competência para definir quais são as atividades
essenciais e estabelecer restrições ao enfrentamento da pandemia de COVID-19.
Não compete ao Poder Judiciário se imiscuir no mérito do ato administrativo,
definindo quais são as atividades essenciais, notadamente, quando não se vislumbra qualquer
ilegalidade, já que as medidas adotadas pelo Município de Curitiba estão pautadas no grave momento
que vivenciamos, com hospitais lotados, falta de leitos de enfermaria e de UTI, alta taxa de
transmissão da doença e grande número de pessoas infectadas, tudo potencializado pela falta de
vacina em quantidade suficiente para atender todos e pela circulação das novas variantes do
coronavírus.
A atuação do Poder Judiciário neste tema deve ser comedida, faltando-lhe a expertise
necessária para confrontar as decisões técnicas da autoridade sanitária e intervir nas delicadas escolhas
entre manter ou abrandar as medidas de distanciamento social, carecendo, ainda, de competência para
se imiscuir no juízo político do Poder Executivo, o que deve ser feito somente nas hipóteses de
flagrante ilegalidade ou inconstitucionalidade – o que não se vislumbra:
“AGRAVOS DE INSTRUMENTO JULGADOS CONJUNTAMENTE. COVID-19.
SUSPENSÃO DE DECRETO MUNICIPAL E DECRETAÇÃO DE LOCKDOWN.
1. ANÁLISE JUDICIAL QUE DEVE SE RESTRINGIR À LEGALIDADE DO
ATO. OBSERVÂNCIA À DISCRICIONARIEDADE ADMINISTRATIVA. 2.
POSSIBILIDADE DE ESCOLHA PELO GESTOR DA MEDIDA MAIS
ADEQUADA AO ENFRENTAMENTO DA DOENÇA. PRESUNÇÃO DE
LEGITIMIDADE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. RECURSOS CONHECIDOS
E DESPROVIDOS. “A análise judicial deve se restringir à legalidade do ato, respeitando-se a
PROJUDI - Processo: 0001776-70.2021.8.16.0004 - Ref. mov. 17.1 - Assinado digitalmente por Jailton Juan Carlos Tontini:12728
16/03/2021: NÃO CONCEDIDA A MEDIDA LIMINAR. Arq: decisao
Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ
Comarca da Região Metropolitana de Curitiba
3ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central
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