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Acadêmica: Jéssica Paula Hartmann

Curso: Psicologia
Disciplina: Métodos e Técnicas de Avaliação Psicológica
Data: 11/03/2017
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ARZENO, M. E G. Algumas contribuições úteis para a realização da primeira
entrevista com o consultante. In: _____. Psicodiagnóstico clínico: novas
contribuições. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995, p. 36-46.

1. APRESENTAÇÃO DOS AUTORES


Maristela Priotto Wenzel é formada em Psicologia, é psicanalista, trabalha
com crianças e adolescentes em Pelotas no Rio Grande do Sul.
Victor Mardini formou-se em Medicina na Universidade Federal de Ciências
da Saúde de Porto Alegre, é especializado em Psiquiatria da Infância e da
Adolescência e doutor em Ciência Médicas: Psiquiatria. Atualmente é médico
contratado do Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência do Hospital
de Clínicas de Porto Alegre e professor colaborador da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul. Outros artigos:
BASSOLS, A. M. S.; ZAVASCHI, M. L. S.; COSTA, F. M. C.; MARDINI, V. O
brincar na psicoterapia de orientação analítica e alguns dos seus fundamentos
teóricos básicos. Revista Brasileira de Psicoterapia. v. 11, 2009, p. 182-195.
BASSOLS, A. M. S.; FALCETO, O.; DAVID, B.; MARDINI, V.; WALDEMAR, J. O.;
PALMA, R. B.; LYSZKOWSKI, L. C.; ZAVASCHI, M. L. S. O ensino de técnicas
psicoterápicas aplicadas à infância e adolescência. Revista Brasileira de
Psicoterapia. v. 14, 2012, p. 13-33.

2. RESUMO

No livro, O ciclo da vida humana: uma perspectiva psicodinâmica, publicado pela


editora de Porto Alegre Artmed em 2012, mais especificamente no capítulo 5 desta
obra “Gestação, parto e puerpério”, páginas 63 a 76, Maristela P. Wenzel e Victor
Mardini apresentam de maneira clara e muito bem estruturada reflexões acerca do
processo de gestação até o puerpério.
No início deste capítulo, os autores começam a abordar que ao falar-se de
gravidez primeiramente se faz necessário pensar numa retrospectiva na evolução do
ser mulher que se inicia num processo indentificatório primeiramente com a mãe,
modelo este que é internalizado e que vai se diferenciar no decorrer da vida, e a
identificação com aspectos do pai, que é o objeto de desejo da mãe e é reconhecido
como cuidador e autoridade na relação pai/filha ocorrendo assim a transferência
amorosa à outro, ou seja, o princípio da exogamia. A reflexão sobre o instinto de ser
mãe agora passa a emergir na jovem mulher. Caso essas identificações não
ocorram poderá se dar um processo involutivo que resultará em mulheres sozinhas,
que não conseguem criar vínculos afetivos e até em abortos espontâneos.
Ainda no início do capítulo, Maristela P. Wenzel e Victor Mardini, expõem que a
história de cada bebê é inscrita de identificações inconscientes. A gravidez é um
acontecimento significativo e causa impacto nos futuros pais. Os autores afirmam
que a relação entre um casal e o bebê será determinada de acordo com as
experiências da relação com seus pais.
Conforme os autores, a mulher começa a imaginar seu bebê conforme suas
expectativas, suas tensões psíquicas ocorrem no enfrentamento do terceiro trimestre
da gravidez por isso este período requer uma atenção especial. Os autores
destacam ainda que atualmente os pais buscam ser mais participativos na gravidez,
mas que muitos neste período podem passar por muitas tensões sentindo-se postos
de lado, outros até invejando a capacidade da mulher de engravidar e também há os
que se entristecem em ter que dividir o espaço com a criança que irá nascer. É
ressaltado também a importância da preparação de filho ou filhos mais velhos para a
vinda de um novo irmão. A união da mãe e da filha, segundo Wenzel e Mardini, é
uma questão relevante na gestação, pois a futura vó ganha destaque pelo seu papel
de suporte e apoio afetivo promovendo assim um lugar mental para desabrochar a
maternidade na filha.
No meio do capítulo, os autores irão discorrer sobre o desenvolvimento
neurológico do feto, desenvolvimento sensorial e o desenvolvimento fetal. No
desenvolvimento neurológico do feto os autores afirmam que por volta de duas
semanas após a concepção desenvolvem-se o cérebro a medula espinal e que o
crescimento destes estão quase no fim, ao nascimento. Entre os seis meses de
gestação e os primeiros meses de vida há um aumento do número de neurônios, no
início o cérebro produz mais conexões e neurônios do que precisa e aqueles que
não são usados e os que estão danificados são eliminados. A mielinização das rotas
motoras e sensórias explica o aparecimento e desaparecimento dos reflexos. É
destacado também, que as experiências iniciais do bebê podem afetar de forma
duradoura a capacidade do sistema nervoso central de aprender e de guardar
informações.
No desenvolvimento sensorial, Maristela P. Wenzel e Victor Mardini relatam que
as capacidades sensoriais do bebê começam a se desenvolver dentro do útero e
após o nascimento o bebê está apto para usar estas capacidades para
compreensão do ambiente que o cerca para criar um vínculo com seus cuidadores.
Os autores afirmam que o tato é o primeiro sentido a se desenvolver, o olfato, o
paladar e a audição também se desenvolvem no útero, só a visão é menos
desenvolvida, porém é suficiente para enxergar as expressões do rosto da mãe na
amamentação.
No desenvolvimento fetal, os autores abordam que a gestação tem três fases: a
germinal, a embrionária e a fetal e relatam características do desenvolvimento em
cada mês da gestação.
No fim do capítulo, Wenzel e Mardini mencionam que a gestação termina com o
parto e é neste período que emerge sentimentos intensos, quando se aproxima do
parto a mãe começa a criar dúvidas que começa a gerar ansiedade, uma relação de
qualidade e afeto com seu companheiro ajudará a mãe a lidar com suas ansiedades.
É ressaltada a estimulação da participação da gestante no trabalho de parto no
intuito de desenvolver um sentimento de competência nela. A presença do pai na
sala de parto ajuda a mãe e pode intensificar a relação dos dois. Depois do parto a
mãe precisa estar alerta para promover o contato inicial com seu bebê.
Seguindo ainda no fim do capítulo os autores vão discorrer sobre os estágios do
parto normal, que são três, no primeiro ocorre a dilatação e o apagamento do colo
uterino, no segundo o colo uterino está totalmente dilatado e a cabeça do bebê
passa pelo corpo da mãe e no terceiro ocorre a saída da placenta e o resto do
cordão umbilical. Após o parto acontece uma variação hormonal que junto com a
privação de sono da mãe origina um estado psicológico singular na mulher.
Conforme os autores, se inicia uma nova relação e emoção com a separação
anatômica do bebê do corpo da mãe, surge também a troca do papel de filha para o
papel de mãe que agora se sente frágil e vulnerável precisando do apoio de
familiares e do seu companheiro. Muitas mães querem ser perfeitas e com isso
acabam não vendo com clareza as necessidades reais de seu bebê. Neste período
ocorre uma luta de identificações com sua própria mãe na qual irá usufruir de
modelos de competência e desaprovar outros. Os autores vão discutir sobre a
amamentação relatando que esta será permeada de encontros de prazeres ou
desprazeres, prazer numa transmissão de afeto e desprazer numa luta entre desejar
amamentar e não amamentar. O pai atua neste período com a função de vigia e
cuidador da mãe e do bebê. Por fim é destacado a importância da relação do médico
com a mãe desde a gestação até depois do nascimento do bebê, evidenciando o
médico como um sujeito de confiança, esclarecedor de dúvidas que possibilite a
troca de informações.

3. CONCLUSÃO DA RESENHISTA
De modo geral, os autores abordam a gestação e todo seu processo com
uma visão psicanalítica, eles enfatizam a importância do afeto e do apoio dos
familiares para auxiliar psiquicamente a gestante neste período de dúvidas e
ansiedades. Mencionam também como nossas vivências e relações com nossos
pais influenciam os nossos comportamentos perante a gravidez, sendo de
caráter identificatório com eles os modelos que seguiremos. Conclui-se que um
ambiente favorável é fundamental para uma gravidez saudável.

4. CRÍTICAS DA RESENHISTA
Maristela P. Wenzel e Victor Mardini discutem de maneira clara, direta e
sucinta a gestação, parto e puerpério, facilitando o entendimento do leitor. Eles
nos fazem refletir sobre a função da mãe, do pai e dos familiares na gestação,
desmistificando a ideia de que apenas a mãe é o sujeito primordial na gravidez e
que tudo depende só dela. Outra reflexão que podemos fazer a partir das ideias
do capítulo é que a mãe muitas vezes pode errar neste processo evidenciando
um ser que não é perfeito e que necessita de pleno apoio e afeto. O capítulo foi
bem articulado e seu assunto é muito relevante para entendermos este processo
tão complexo que é a gestação.

5. INDICAÇÕES
Este capítulo é um ótimo texto para pessoas interessadas no assunto, para
acadêmicos (as) de cursos da área de humanas e também para profissionais da
saúde que atuam no processo gestacional, para maior conhecimento sobre
questões que envolvem a gestação tanto psiquicamente como fisicamente e para
um olhar mais atento dos profissionais que auxiliam neste momento tão singular
da vida de uma mulher.

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