As flores do algodão
Me revelam
A doce história
De um céu que não existiu...
E as serenas madrugadas
Me transportam aos anseios adormecidos...
Willian Figueiredo
“History Weaving”
- A roca vertical foi inventada na França por George Beck, em 1694¹.
- O tear de lançadeira manual foi inventado por John Kay, em 1733².
- Edmund Cartwright inventou o tear mecânico em 1785.
- Nos anos de 1800, os teares feitos de ferro fundido eram operados por energia a vapor.
- Na década de 1830, havia cerca de 100.000 teares de lançadeira operando na Inglaterra.
- 1895, muitos teares, todos movidos por um motor elétrico, foram inventados e se espalharam mundo afora.
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1ª PARTE
Objetivos e agradecimentos
O objetivo deste trabalho é contar um pouco da história da São Joanense Têxtil Ltd. utilizando, inclusive, as notícias
dos jornais, e como foram os 130 anos de sua existência que se completaram nesse ano de 2021. Além disso, é
objetivo, também, contextualizar o período em que ela surgiu e o ambiente em que se deram os fatos para
construção da indústria têxtil mineira. O trabalho faz parte do que foi editado em 2011, por ocasião das
comemorações do significativo aniversário de 120 anos. Portanto, algumas partes foram repetidas
intencionalmente, corrigiu-se algumas imperfeições, e novas informações foram acrescentadas.
Espero que aqueles que conhecem a São Joanense gostem de ficar sabendo um pouco mais da sua história, e para
os que ainda não tiveram a oportunidade, que fiquem motivados a fazê-lo. Espero, ainda, que seja uma boa leitura,
e fica o convite para passear pelo passado, e que ele desperte em cada um a imaginação dentro da perspectiva de
fatos registrados na história dessa mais que centenária Empresa e das pessoas que fizeram, e a fazem existir.
Meu desejo é para que muitos e muitos anos ainda lhe seja permitido viver e que outras gerações possam
experimentar os desafios e prazeres que são fabricar a segunda pele de uma pessoa, conferindo-lhes conforto, e
agradável prazer.
E por fim, agradecer a todos que estão na missão de manter a São Joanense Têxtil Ltda na trajetória do futuro.
Obrigado a todos,
José Carlos Dias
diascj@gmail.com
30/10/2021
Introdução
tomaram direção de Londres e até as pequenas fábricas de tecidos de algodão e de mantas que se faziam em
Minas ficaram destroçadas.” (...) – Anais da Câmara dos Deputados - Discurso em 09/06/1827.
O deputado Cunha de Mattos nasceu em Portugal; intelectual e militar, teve carreira a serviço do Estado Imperial
Brasileiro, foi deputado por dois mandatos, conhecido como “a pena e a espada a serviço da Pátria”.
O pioneiro jornal mineiro de São João del Rei, “Astro de Minas”, de 12/03/1831, chamou a atenção para uma
decisão de um comandante militar baiano que decidiu, com recrutamento de soldados, estancar a importação de
tecidos que inspiravam a sociedade local a seguir a moda francesa.
O jornal conclamou: Bom seria que os Mineiros fizessem o mesmo. A nossa Província (de Minas) tem várias fábricas
de tecidos de algodão, linho, e lãs, onde se fabricam várias qualidades de tecidos, como baetões, fustões, baetas(*)
etc., todas essas fábricas estão paradas, porque os seus panos não têm abstração ; e visto que o nosso único recurso,
as minas de ouro, foram dadas aos estrangeiros, e o produto delas deve ir para Inglaterra, nada mais nos resta que
lançarmos mão da indústria, fomentá-la, e diminuirmos as nossas necessidades fatídicas.
(*) Baetões: tecidos de pano muito grosseiro, próprio para capotes, e saias/ cobertor de lã.
Fustões: pano de lã, algodão, linho ou seda, tecido em cordões mais grossos.
Baetas: tecido de lã ou algodão grosseiro e felpudo (flanelados).
Havia um clamor para que fossem apoiadas “as iniciativas de instalação de novas fábricas, um apelo a um
verdadeiro zelo patriótico: se o entusiasmo pelas coisas do país não afrouxar... bem depressa veremos como nossas
fábricas se aumentam, e (se) aperfeiçoarão, e daqui a pouco nós não teremos o que invejar aos Estrangeiros” (jornal
O Universal – 07/12/1831)
2ª PARTE
Fábricas
Boas histórias podem ser contadas sobre o ideal de se estabelecer uma companhia para fabricar tecidos em Minas
Gerais, como é o caso que está descrito em uma carta, de 1814, que se encontra no Arquivo Público Mineiro, e que
reza:
Fábrica do Padre João Marques: “Em devida obediência à respeitável ordem de V. Ex.ª, de 8 de agosto do presente
ano, relativa ao Mestre de Tecidos José Lopes, devo informar V. Ex.ª, que ele, tendo achado pouco que fazer na
Jaguara e Casa Branca, em consequência de encontrado aí, trabalhando, a um mestre inglês, denominado Diogo, se
passou à fazenda da Barra do Jequitaí, em casa do Reverendo Padre João Marques, onde, me consta, está
trabalhando, com grande aceitação deste, e satisfação daquele Mestre, tendo-se eles ajustado particularmente, e
por efeito de permissão de V. Ex.ª, afirmaram poder fazer manufaturas delicadas: O mesmo Padre é roceiro e
mineiro, abastado, e está tão satisfeito pelo aumento e facilidade no tecume , com número de varas¹ de pano grosso
quando algum escravo seu já faz por dia, esperançoso no aproveitamento da qualidade de tecidos, em se munindo
de máquinas para fiação de fios ...,quando, cogita empregar a sua boa escravatura em uma fábrica de tecidos,
conservando somente em roça os braços necessários para abundante sustento da mesma fábrica, em cujo feliz
projeto eu me esforcei de confirmar, conversando com ele neste objeto são, por ora, isto menos prelúdios, e projetos
daquele Padre; mas que todavia me parece, darão a V. Ex.ª muita satisfação, por saber quão afim se vão formando,
por efeito da Pia, Reverendíssima...”
Sabará, 29 de outubro de 1814
Ao Ilmo. Exº Senhor D. Manoel de Portugal e Castro, provedor e Capitão-General desta Capitania
Sou de V. Ex.ª súdito Basílio Teixeira Cardoso Savedra Freire, Desembargador- Ouvidor Geral de Sabará
(¹) - 1 vara de pano equivale a 83,59 cm de tecido (unidade de medida antiga espanhola).
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Pode-se ver pelo que narrou o desembargador e ouvidor-geral de Sabará, Sr. Basílio Teixeira Cardoso Savedra
Freire, que o mestre José Lopes, chegou a partilhar trabalho com o Mestre inglês Diogo, e não achando espaço para
trabalhar nas fábricas de Jaguara e Casa Branca, hoje, Distrito de Brumadinho - MG, se deslocou para o norte da
Província em busca de trabalho, para a fazenda do Padre João Marques, na Barra do Jequitaí. Foi lá que o mestre
José Lopes se tornou muito importante, para atender às necessidades de consolidação e progresso da fábrica,
conforme anotou o missivista.
A investigação que fora solicitada ao Sr. Basílio fazia parte do controle exercido pelo governo provincial sobre as
instalações de fábricas no território da Capitania. A instalação de qualquer indústria deveria passar por consulta à
Junta Comercial para concessão de licença de instalação, direito ao uso de máquinas ou incentivos e privilégios, e
em seguida, ao crivo do chefe de governo da Província.
Diz a tradição que o padre João Marques era tão rico, que tinha tantos escravos, que construíra a sua custa a
primitiva ponte sobre o Rio das Velhas só com o ouro que retirara da areia, no lugar onde fincara os esteios.
Afirmava-se que em seu testamento dera carta de alforria a todos os seus numerosos escravos. (Gazeta de
Paraopeba – 31/12/1944)
As nomenclaturas dos cargos de ocupação de Mestre e Contramestre foram heranças dos ingleses, e eram
denominações correntes para aqueles que chefiavam uma fábrica de tecidos; para o mestre era comum acrescentar
a palavra “geral”, ou mestre maquinista, quando era estrangeiro. Mestre-geral conferia a amplitude da função de
chefia que se estendia a toda fábrica, já o contramestre era chefe de setor ou de turma de trabalhadores.
Companhia Industrial Mineira - Outro bom exemplo de inspiração em se construir uma fábrica de tecidos está
descrita no jornal O Universal, de Ouro Preto, de propriedade do jornalista e contraditório político mineiro,
Bernardo Pereira de Vasconcellos, que ficou notabilizado por seu pensamento político regressista: “fui liberal, sou
conservador”.
Em outubro de 1835, Bernardo Vasconcellos fez publicar em seu jornal uma matéria em que convocava os bons
mineiros a acompanharem o cidadão Sr. José Peixoto de Souza para instalação de uma Companhia a ser criada para
estabelecer uma Fábrica de Tecidos de Algodão, no Termo de Pitangui. Dizia o artigo:
“O grande consumo de pano ordinário de algodão neste país; sua inferior qualidade pelo mau método de fabrico
usado; e o consumo ainda maior, que tem, por isso mesmo o pano (tipo) de algodão Americano, junto às bem
conhecidas vantagens, que necessariamente devem resultar da introdução de máquinas para o fabrico, são motivos
mais que suficientes para introduzir a formação de uma Companhia para esse fim. Pretende-se, pois, formar uma
Companhia Brasileira para criação de uma Fábrica de tecer panos de algodão, em algum dos distritos, que abundam
em plantações deste gênero, e de excelente qualidade; trazendo para isto das Províncias fabricantes da Grã-
Bretanha as máquinas, e os trabalhadores que forem necessários. E como os caroços de algodão produzem
excelentes azeites, pretende-se juntar à Fábrica dos panos uma máquina para sua extração; o que muito aumentará
os lucros dos acionistas. É esta uma daquelas empresas, que por si mesma se recomendam, sem ser preciso recorrer
a sutilezas, frases pomposas, ou mesmo raciocínio: basta dizer aos Nacionais: “Com esta associação vereis o vosso
fabricante, e com menos uma dependência do estrangeiro... e aos Estrangeiros: vinde empregar vossos capitais
ociosos, e tereis em breve um rendimento certo, e avultado”.
E quem se atreveria a taxar essas frases de inexatas ou exageradas? (...)” (Jornal ‘O Universal’ – edição 2051 –
30/11/1835)
A companhia a que se refere a matéria do ‘O Universal’ se deu através da Companhia Industrial Mineira ( 1838), em
que José Peixoto de Souza foi diretor-presidente. O que orientou a instalação da Companhia foram as habilidades
do artífice Antônio Luiz Avelar que construiu e aperfeiçoou o maquinário que foi descrito como sendo: 3 máquinas
de aprontar o algodão, carda de madeira, 2 filatórios com 28 fusos e 6 teares de tecer colchas de algodão e lã.
Poucos meses antes, em novembro de 1837, depois da inspeção de fiscais da Província que atestaram o
funcionamento do maquinário e sua capacidade produtiva, Antônio Luiz recebeu do Governo Imperial o título e o
direito sobre as máquinas que inventou e ou melhorou conferindo-lhe garantia plena de uso e propriedade de 15
anos. (Portaria do Governo da Província de Minas Gerais – 07/02/1838).
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Em seguida, Antônio Luiz Avelar apresentou ao público a proposta de estabelecimento da Companhia Industrial
Mineira, convidando acionistas para participarem da empresa, com o apoio integral de Bernardo Pereira de
Vasconcellos, e do seu jornal, que publicou as condições de instalação da companhia, o capital necessário para ser
integralizado, a quantidade e valores das ações. (O Universal – 19/02/1838). Entretanto, até 1841, a Companhia
Industrial Mineira, em razão de muitos entraves, não havia conseguido colocar a fábrica em funcionamento.
Cana do Reino - Outra fábrica muito comentada na primeira metade do século XIX por causa das controvérsias que
suscitou, foi a Companhia Manufatureira da Cana do Reino, estabelecida no distrito de Conceição do Serro, comarca
do Serro Frio, sertão mineiro. Inicialmente estabelecida debaixo da firma Pigot e Cumberland, e mais tarde, sob a
direção do Dr. Bento Alves Godin. Depois de formada a sociedade que estabeleceu a companhia, em 1844,
demorou quase uma década para se consolidar. Em 1852, o maquinário instalado era suficiente apenas para
produzir 2 arrobas* de fio, e logo poderia atingir o dobro, fossem concluídos os trabalhos de reparos.
A Fábrica possuía 2 teares ingleses movidos a água, e próprios para fabricar tecidos finos. Tinha como mestre
maquinista, o inglês James Boradhurst. Neste mesmo ano, 1852, havia 94 acionistas. Entre os acionistas havia 9,
contando 4 padres, que se candidataram para concorrer ao cargo de presidente. (jornal Bom-Senso – de
17/04/1852, e de 05/05/1856 – Ouro Preto)
*Uma arroba equivale a 15 kg.
A Cana do Reino chegou a receber auxílio do governo provincial através de empréstimo para ajudar em suas
dificuldades de consolidação. Esse empréstimo foi tema de acaloradas discussões, a favor e contra, entre deputados
na Câmara Provincial de Minas Gerais. Finalmente, foram concedidos 70:000$000 (setenta contos de réis) divididos
em parcelas como empréstimo à Companhia. A Companhia Manufatureira da Cana do Reino cresceu bem, e entre
1854 e 1855, apresentava a virtuosa situação: possuía 130 fusos, produziram-se 23.670 libras de fio, e teceram-se
48.991 varas de panos lisos, 864 para cobertores e 40 varas de tecido trançado. (Relatório da Repartição de
Negócios do Império – 1855)
Em 1869, se desequilibrou financeiramente, e foi requerida a sua liquidação. Por diversas considerações, foi
proposto a mudança da Fábrica para a capital, Ouro Preto, mas isso não se efetivou. A Cana do Reino conseguiu
sobreviver por alguns anos mais.
Até que, em relatório de 1871, o então Governador da Província de Minas Gerais, Affonso de Carvalho, apresentou
diagnóstico da crise da indústria mineira em que aponta a estreiteza do mercado, a deficiência da matéria prima e a
falta de pessoal idôneo como as razões fundamentais para o fracasso da Fábrica de Tecidos Cana do Reino.
(Martins, Roberto Borges – A Indústria Têxtil de Minas Gerais no século XIX – Seminário sobre Economia - 1983 –
Diamantina)
Fábrica do Biribiri - Outro caso que costuma passar ao largo da história da indústria têxtil mineira: O bispo Dom João
Antônio dos Santos, da diocese de Diamantina, foi um exemplo; sentindo as agruras que a população mais pobre de
sua diocese passava em virtude do declínio e esvaziamento dos resultados da exploração do diamante, tomou para
si um ideal, e em 30/10/1874, iniciou a construção de uma fábrica de fiação e tecidos, junto com o seu irmão, o
jornalista, jurisconsulto, escritor e senador, Joaquim Felício dos Santos, e com o sobrinho, o médico e político,
Antônio Felício dos Santos. A Companhia recebeu o nome de Santos & Companhia, e a fábrica tomou o nome de
Fábrica de Fiação e Tecelagem Biribiri, em referência ao rio em cuja margem havia se instalado.
Além da fábrica de tecidos foi criada uma lapidação de diamantes de várias rodas, um complexo residencial com
casas e alojamento para moças chamado pensionato – ou como se refere o historiador, Domingos Antonio Giroletti,
“Convento” - e ainda uma bela igreja com o cemitério ao lado. Esse conjunto arquitetônico permanece até os dias
atuais, e a área da fazenda em que se localiza, faz parte de um novo parque estadual de Minas Gerais – Parque
Estadual do Biribiri. As máquinas foram importadas e vieram pelo Nordeste, subindo o rio São Francisco, depois, o
rio das Velhas até que “a carga desceu em jangadas até o rio Paraúna. Novamente conduzidos à tração animal,
desembarcaram em Biribiri, após percorrerem 17 léguas de estradas construídas com esta finalidade específica. O
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mecânico americano Richard, que acompanhou a caravana, começou a montar as máquinas em condições adversas
de trabalho. A lentidão caracterizou o empreendimento”. (LEMOS, 1991, p. 41).
O capital da Fábrica foi de 300:000$000 (trezentos contos de réis)
Possuía 40 teares.
Possuía, também, uma Tinturaria de fios e tecidos.
Engomadeira a vapor.
Produzia 1.200 m de tecido por dia.
Contava com 120 operários.
Possuía uma escola noturna de 1ªs letras onde estudavam os operários e seus filhos, a igreja construída custou
12:000$000 (doze contos de réis) e o local contava, ainda, com um pequeno teatro onde eram encenadas peças
montadas exclusivamente pelos operários.
Os passos de Dom João Antônio foram seguidos depois por outros clérigos, em especial, pelo bispo de Mariana, MG.
Foto da Cia Industrial São Roberto – Gouveia, MG (Estamparia S. A.). Fundada em 1887, a fábrica aproveitou a força hidráulica
deste rio e de sua cachoeira, mais acima; sobre o telhado pode-se ver um bicame que levava água para alimentar a turbina de uma
usina que movimentava as máquinas, e servia aos trabalhos da tinturaria. Simples e acanhada, a Fábrica São Roberto foi o passo
inicial da Estamparia S.A, e é uma das maiores indústrias têxteis de Minas Gerais, em 2021. . Foi construída na entrada da fazenda
do Batieiro. Na parte superior da foto pode-se ver algumas casas construídas para moradia dos trabalhadores. A fábrica foi fruto
de uma sociedade liderada pelo Barão de São Roberto, Quintiliano Alves Ferreira, e seus familiares e amigos próximos. Pertence, a
partir de 1932, a dinastia da família Mascarenhas.
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Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas, Juiz de Fora. Fundada em maio de 1888, foi projetada pelo engenheiro francês Louis Sue.
Depois que encerrou as atividades na década de 1980, foi ocupada pelo Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, criado pela
Prefeitura Municipal de Juiz de Fora. A fábrica foi fundada por Bernardo posteriormente a sua trajetória de incorporador nas
fábricas do Cedro e da Cachoeira, junto com seus irmãos Antônio e Caetano, no município de Curvelo, MG. Bernardo levara consigo
para Juiz de Fora o capital que angariou através dos excelentes resultados da Fábrica do Cedro e da Cachoeira e seguiu em busca
do seu sonho de construir sua Fábrica, em Juiz de Fora.
3ª PARTE
Os incorporadores
A verdade é o facho luminoso da razão, a deusa do bem, a estrela que fulgura no meio das tempestades da
vida, aclarando as consciências, espancando as trevas em que emergem os espíritos tíbios... (Jornal “Arauto de
Minas” – São João del Rei – 13/01/1885)
A indústria têxtil encontrava muitos entusiastas porque reunia garantias a oferecer aos que lhes empegasse parte
de suas fortunas; os resultados financeiros eram lisonjeiros, chegavam até 30% ao ano sobre o capital aplicado, e
era ela a que mais incrementos poderia acrescentar aos centros populosos empregando as populações mais pobres,
sobretudo, mulheres e crianças. O capital necessário a ser aplicado, inicialmente, estava restrito ao ambiente
intrafamiliar e família estendida (Stein - 1979), e a partir do final dos anos de 1880 foram sendo constituídas mais
amplamente as sociedades anônimas e as comanditas.
Alguns incorporadores conseguiram licenças do governo que lhes permitiram constituir “rodas de loterias”, a fim de
captar recursos para investir nas construções de suas fábricas. Foi o caso do comerciante e deputado geral,
Fructuoso Luiz da Motta, que em 30 de setembro de 1843, através de um decreto da Assembleia Geral Legislativa,
obteve o direito de constituir 4 rodas de loterias para construir uma fábrica de tecidos de seda, e de fios de prata e
ouro, no Rio de Janeiro. As loterias correram os sorteios entre os anos de 1844 e 1854, com convidativos prêmios a
distribuir para os compradores dos bilhetes sorteados. (Sentinela da Monarquia – RJ – 25/10/1843)
Construir uma fábrica de tecidos era politicamente para muitos o sonho de poder substituir a caxemira que
chegavam do estrangeiro pelos pesados brins fabricados no país, animando os nacionalistas na ventura da
independência dos recursos vindos de outros países, sobretudo, dos ingleses.
Até o final do século XIX os ingleses, além de produzir para o Brasil, exportavam tecidos de algodão também para a
Índia, a China e o Japão. E em suas grandes fábricas de Asa Lees concebiam e exportavam máquinas têxteis que
mais tarde fizeram com que esses países se tornassem autossuficientes na produção de tecidos.
As fábricas de tecidos traziam, ainda, a vantagem de alargar a produção do algodão, e era a plantação dessa fibra
própria em várias regiões do Estado de Minas e do país. Como subproduto, o caroço do algodão servia à produção
do óleo, importante item de consumo das famílias.
Assim, só se viam as perspectivas de melhoramentos que forçosamente iriam acontecer, contribuindo para conter a
corrente migratória da população que sem trabalho se deslocava do campo para as cidades em busca do sustento.
Os incorporadores eram homens que venciam os pessimistas que atribuíam aos brasileiros e, principalmente aos
mineiros, a vocação única para a agricultura. A indústria têxtil, ao contrário, era objeto daqueles que enxergavam
não poder mais a lavoura ou a mineração salvar o futuro de seus filhos.
É interessante observar que a maior parte das fábricas de tecidos era instalada na região central da Província
Mineira, a Minas das Montanhas e Rios, onde as dificuldades para fazer chegar as pesadas máquinas eram enormes.
Subiam rios, atravessavam cachoeiras, o que era uma prova da força de trabalho daquelas pessoas.
As canoas carregadas com enormes e pesadas caixas, contendo as peças do progresso, cada uma delas com boias
amarradas, afrontavam as corredeiras dos rios. Em muitos lugares era preciso descarregar as canoas e conduzir as
cargas nos ombros, colocá-las sobre carroças a percorrer pedaços de estradas feitas na ocasião para este fim.
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Fonte: jornais - “O Pharol” – (Juiz de Fora); “Província Mineira”; “A Atualidade” – (Ouro Preto) – Minas Gerais; e outros, em
diversas edições – A ordem numérica não expressa, necessariamente, a cronologia de instalação de cada Fábrica.
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4ª PARTE
Matéria Prima - Fibra de Algodão – Ouro Branco
“A admissão de que (só) podemos compreender o passado tal como foi, porque a ele nos identificamos.”
(Benedito Nunes – O Pensamento Poético – Hermenêutica e Poesia)
A demanda pela fibra do algodão aumentou tanto que as indústrias têxteis mineiras cediam aos produtores as
sementes para o plantio, e algumas fábricas incentivaram os agricultores pagando-lhes ágio como prêmio pelo
volume, e ainda outro prêmio pela boa qualidade. Há notícias que na década de 1860, em plena Guerra da Secessão
Americana, Minas Gerais exportou grandes quantidades de algodão para os EUA. Mas, na década de 1890, esse
quadro se reverteu, e algumas fábricas se viram obrigadas a importar algodão fora de Minas, principalmente dos
Estados da Bahia e de Pernambuco. As fábricas chegavam a paralisar suas atividades por falta da matéria prima, e o
crescimento da demanda fazia o preço da fibra subir, em Réis, de 8$000 e 9$000 para 16$000 por arroba.
Até 1894, as 3 fábricas de tecidos do norte de Minas Gerais, município de Diamantina, eram supridas por algodão
produzido, exclusivamente, nos sertões da Bahia, e que era conduzido por tropas de burros que percorriam entre
480 e 700 km de distância até chegar ao seu destino. O algodão era trocado por tecidos como retorno de carga.
A Companhia Industrial S. Joanense, lá no início, comprava fio da Fábrica do Cedro e chegou a importar outra parte
da Inglaterra.
Com a sua fiação em pleno funcionamento, e esperando incentivar os agricultores locais, conseguiu, certa feita,
autorização para transportar sementes de algodão através da Estrada de Ferro Oeste de Minas, de quem ela era
acionista, tendo sido isenta de pagar frete. O objetivo era de fazer chegar as sementes aos agricultores
gratuitamente, e desse modo, estimular o plantio do algodão tipo herbáceo, plantado todo ano, que era a semente
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que melhor se adaptou ao solo de Minas, e que não impedia que a terra fosse aproveitada depois da colheita,
durante o restante do ano, para outras lavouras como arroz, feijão e verduras.
Há dois tipos de algodão no Brasil: herbáceo que é plantado todo ano, e o arbóreo (mocó ou Seridó) de cultivo
permanente, característico da região do nordeste brasileiro.
A partir da década de 1980, com a chegada do inseto “bicudo” vindo das lavouras dos EUA, contaminaram-se as
plantações nordestinas e praticamente este tipo foi extinto.
5ª Parte
Máquinas e Equipamentos + Empreiteiros + Montadores
O aumento da demanda por máquinas têxteis e seus acessórios, fez surgir na capital, Rio de Janeiro, agenciadores
de empresas americanas e inglesas que vendiam algumas dessas máquinas. Com depósito local, eles anunciavam
nos jornais seus estoques, prometendo rápida entrega. Isto dispensava a importação direta, o que facilitou muito a
instalação de novas fábricas.
Com máquinas importadas ou nacionalizadas, a missão mais difícil, entretanto, era encontrar pessoas habilitadas
que pudessem desenvolver projetos de construção, escolher o melhor local para instalação, planejar a utilização das
quedas d’águas como força motriz e, sobretudo, preparar, educar e ensinar a mão de obra, convertê-la de
trabalhadores agrícolas ou mineiros em trabalhadores fabris.
Alguns fiandeiros, tecelões e tintureiros ingleses, e americanos eram contratados, a preço de libras esterlinas por
dia de trabalho, para fazer as fábricas funcionarem e treinar a mão de obra local.
A Companhia Industrial S. Joanense contratou para este serviço o inglês George Edward Tates, e em temporadas
David Waltimberg.
Entre os especialistas mineiros, além, é claro do Mestre José Lopes, lá na Barra do Jequitaí, havia o mecânico prático
Francisco Cândido da Silva Guimarães, que foi diretor-gerente da Fábrica Marzagão, em Sabará, e que anunciava em
jornais, oferecendo as suas habilidades para executar essas tarefas. Ele apresentava os nomes de algumas fábricas
que ele havia projetado, inclusive da Cia Industrial São Roberto, em Gouveia, que vimos anteriormente na foto.
Uma década antes, apresentando essas mesmas aptidões, outro mineiro, Cândido Eustáquio da Costa, discípulo do
inglês William Huctinson, na Fábrica do Cedro, em Taboleiro Grande, município de Curvelo, oferecia seus préstimos
em anúncio semelhante ao de Francisco Cândido.
Jornal “O Pharol” - dezembro de 1890 – J. Fora Jornal “A Atualidade” – 12/1880 - Ouro Preto
A Industrial S. Joanense contratou para o serviço de projetar e construir a sua fábrica de tecidos, como veremos
mais à frente, o experiente empreiteiro Bernardo Mascarenhas; ele já havia até então, participado na implantação
de três fábricas para sua família, nos municípios de Curvelo e Sete Lagoas, em Minas Gerais, que somadas possuíam
cerca de 260 teares, além de sua própria fábrica em Juiz de Fora.
Uma fábrica que produzia apenas tecido e comprava o fio, como era o caso da Companhia Industrial S. Joanense,
apresentava na implantação a seguinte configuração de máquinas:
- Máquinas para encher carretéis ou bobinas;
- Urdideira Simples;
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- Máquina para fazer canelas de cores – espulas de fio de trama para o tear;
- Engomadeira
- Caldeira à lenha (gerador de vapor)
- Máquina para fazer torçal – máquina para produzir barbantes e cordões trançados;
- Banca de remeter rolos de tear;
- Teares simples para tecido plano liso;
- Máquina para medir tecidos – medideira a metro;
- Máquina de flanelar cobertores ou tecidos.
Outras máquinas diversas:
- Prensa;
- Torno mecânico para madeira e usinar ferro;
- Engenho de serra para madeira;
- E aparelhos pequenos para cálculos ou medidas de linhas;
- Máquinas de limpeza;
- Consertos (furadeira, bigorna, forno a carvão para fundição de peças e soldas);
- E diversos suprimentos de ferragens para as máquinas (almoxarifado).
Algumas máquinas têxteis do século XIX
Engomadeirta de fio
Urdideira
Flaneladeira de Cobertor
Teares do Século XX
Salão de teares da Unidade da São Joanense Têxtil Ltda, Unidade de Pirapora – 2021
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6ª PARTE
Inauguração da Companhia Industrial S. Joanense
“(...) Serão bem mais vestidas (as pessoas) quando ninguém ousar fundar uma Fábrica de tecido?” (Alain
Peyrefitte – Sociedade de Confiança – 1990)
Incorporadores do banco: o advogado Dr. João Ribeiro de Oliveira e Souza e Marçal de Souza e Oliveira. (João Ribeiro era sobrinho
de Marçal e ambos nasceram na vizinha cidade de Entre Rios de Minas)
Muito importante para a fundação da Companhia Industrial S. Joanense, o Banco Popular de Minas foi fundado no
final de 1890, concomitantemente à São Joanense, e teve como um de seus incorporadores Marçal de Souza e
Oliveira, tendo ainda como diretores e acionistas pessoas que participaram também no estabelecimento da
Companhia Industrial S. Joanense. Possuiu duas agências: São João del Rei e Rio de Janeiro. O Banco Popular de
Minas serviu à São Joanense integralmente em seus primeiros anos.
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O Banco teve vida breve, em 1896, o seu capital, que era de 1.000.000$000 Réis, caíra pela metade e se iniciou o
processo de sua liquidação. Alguns acionistas resolveram não realizar os aportes de capitais previstos, e somados
aos credores que não resgataram seus títulos, fizeram o banco sucumbir. Outro fator relevante foi a crise financeira
nacional que caracterizou o período de 1889 até 1900, e levou o banco de roldão, aliás, não somente o Banco
Popular de Minas, mas muitos outros bancos, também. Em abril de 1897 o processo de liquidação chegou a termo e
o Banco foi liquidado.
Na sociedade, os acionistas da Companhia Industrial S. Joanense possuíam vida ativa, pertenciam às Ordens
Religiosas, especialmente a Ordem Terceira de São Francisco de Assis; colaboraram com a manutenção da Santa
Casa de Misericórdia, desempenhando funções na mesa diretora, como provedor, tesoureiro, e mordomos ou
doadores regulares de quantias para auxiliar o provimento desse hospital. Eles estavam sempre presentes nas
solenidades cívicas e religiosas da cidade, patrocinavam e mantinham ligações estreitas com asilo São Francisco,
que era mantido pela Ordem Terceira de São Francisco.
A História revela o antagonismo ferrenho entre os adversários políticos do partido conservador frente ao partido
liberal durante o regime imperial, mas parece que isso não importou para criação da Companhia Industrial São
Joanense. Ali, remanescentes políticos conservadores e liberais sentavam-se à mesa para partilhar o avanço da
Companhia e o progresso da cidade.
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Jornal do Commércio - RJ – 01/1891
Cronograma dos aportes de capitais da Companhia.
1ª Entrada de 30% ou 60$ por ação: paga até o dia 15/01/1891.
2ª Parcela de 10 % ou 20$ por ação: paga até o dia 15/03/1891
3ª Parcela de 10% ou 20$ por ação: paga até o dia 15/08/1891
4ª Parcela de 10% ou 20$ por ação: paga até o dia 20/11/1891
5ª Parcela de 10% ou 20$ por ação: paga até o dia 20/04/1892
6ª Parcela de 10% ou 20$ por ação: paga até o dia 15/06/1892
7ª Parcela de 10% ou 20$ por ação: paga até o dia 20/03/1892
8ª Parcela de 10% ou 20$ por ação: paga até o dia 20/06/1892
7ª PARTE
Relação dos Acionistas e suas atividades
“Só os bárbaros não se mostram curiosos em relação à própria origem, ao
modo como chegaram aonde estão, para onde parecem estar indo, se
desejam chegar a esse lugar e por que, ou caso contrário não o desejam.”
(Isaiah Berlin – Limites da Utopia – 1990)
Dr. Antonio Xavier de Almeida: foi médico, formado em 1883, pela Escola de Medicina do Rio de Janeiro,
capitalista, foi um dos cidadãos que iniciou a exploração mineral do caulim em municípios de Minas em companhia
do colega Dr. Antonio Moreira da Costa Rodrigues e outros.
Dr. Antonio Moreira da Costa Rodrigues: foi médico, formado em 1885, na Escola de Medicina da Bahia, e
capitalista. Foi fundador e provedor do Asilo São Francisco, iniciou a exploração do caulim (silicato de alumínio
hidratado utilizado na indústria e em artefatos de cerâmica) de cuja extração era concessionário, projetou também
o estabelecimento de uma fábrica de fósforo. Morreu no dia 20/10/1900, contando apenas 42 anos. Foi o 1º
Presidente da Companhia, exercendo a função até 1898.
Marçal de Souza e Oliveira: foi importante negociante e abastado capitalista, foi um dos fundadores, diretor e
incorporador do Banco Popular de Minas, foi, também, presidente da Companhia Agrícola e Industrial Oeste de
Minas, fundador e incorporador da Estrada de Ferro Oeste de Minas, dono de casa de comércio de fazendas e
armarinhos, importante acionista do Banco Mercantil do Rio de Janeiro, cujo tesoureiro foi seu filho Alberto
Menezes de Oliveira. Participou como acionista junto com vários outros homens de negócios, inclusive, com
Bernardo Mascarenhas, em diversos outros empreendimentos. Foi benfeitor e provedor do hospital da Santa Casa
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de Misericórdia, juiz de paz e agente dos Correios nos idos de 1870. Marçal de Souza e Oliveira morreu em
18.04.1932, vitimado por um desastre ferroviário na Estação de Chagas Dória, no bairro Matozinhos, São João del
Rei, na ocasião, Marçal era o último fundador da Estrada de Ferro Oeste de Minas, contava 90 anos.
Padre João Baptista de Castro: capelão do hospital Santa Casa de Misericórdia, e pároco da igreja de São Gonçalo,
foi também professor de francês.
José Juvêncio Neves: comerciante e capitalista, político do partido liberal, foi delegado de polícia e oficial da guarda,
era avô de Tancredo Neves, presidente do Brasil, eleito em 1985, que morreu sem conseguir governar o país.
José Pereira da Silva: industrial, empreiteiro nas construções da Estrada de Ferro Oeste de Minas.
João Rodrigues de Mello: negociante, juiz de paz, oficial da guarda e vereador pelo partido liberal.
Antonio Gomes Pedroso: comerciante, benfeitor da Venerável Ordem 3ª de Nossa Senhora do Carmo, empresta
seu nome à Rua Gomes Pedroso.
João José Pinheiro: funcionário público, foi diretor administrador da Colônia, foi oficial da guarda.
Antonio de Medeiros Simas: negociante, foi mordomo do Hospital Santa Casa de São João del Rei.
Alberto Augusto Isaacson (advogado) por Castro, Rocha & Comp.
Sebastião Rodrigues Sette Câmara: era professor e jornalista, fundou e dirigiu o jornal republicano “A Pátria
Mineira''; assinou o “Manifesto dos Mineiros” (1893) realizado pelo povo de São João del Rei em apoio ao Exmo. Sr.
Presidente do Estado de Minas Gerais pronunciando-se contra a monarquia; empresta seu nome à Rua Sebastião
Sette.
Dr. Paulo Freitas de Sá: engenheiro, foi presidente da Câmara Municipal (1888 – 1890), além de exercer o cargo de
Diretor da Estrada de Ferro Oeste de Minas, grande benfeitor da cidade, cooperou nas obras do 1º abastecimento
de água potável da cidade, republicano convicto, também assinou o Manifesto dos Mineiros; empresta seu nome à
Rua Paulo Freitas.
8ª PARTE
“Quando olhares tua imagem evoca tua sombra de criança. Quem sabe do passado, sabe do futuro.”
(Ramón Del Vale-Inclán)
OUTROS NOMES QE FIZERAM A HISTÓRIA
CEZAR AUGUSTO BORDALLO – Era português, natural da histórica vila de ALMENDRA, junto às margens do Rio
Douro, perto da Foz do afluente Rio Côa.
Nasceu em 2 de dezembro de 1875. Naturalizou-se brasileiro no dia 7 de julho de 1905. Era filho de João de Deus
Bordallo (fazendeiro) e Anna Joaquina (Reis) Soares Manso, em uma família de 14 irmãos. Casado, em segunda
núpcia, com a Sra. Isaura Andrade Bordallo, teve três filhos: Odette, Armando e Solange. Em primeira núpcia, com a
Sra. Satyra Cozzenza Bordallo.
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Homem austero, de muitas qualidades e vida intensa, formou, em torno de si, um grupo de amigos brasileiros e
portugueses para constituírem empresas, entre os quais José da Cruz Senna, Pedro Barcellos Pessoa, Bento Costa, e
especialmente seus irmãos, José Augusto, Conrado Augusto, Armando Augusto, João Idelfonso Bordallo.
Grande empreendedor, de ideais perseverantes, atuava em regime de sociedades anônimas e em comanditas, das
quais ele detinha quase sempre a maioria das cotas. Sua especialidade era fabricar sapatos. Fundou a Bordallo &
Comp. em 1896. Foi considerado o maior fabricante de sapatos de toda América Latina e trouxe para o Brasil o
sapato vulcanizado, comprando a patente da americana Goodyear. Expandiu suas empresas por diversas cidades do
país, Rio de Janeiro, São Paulo, Santos, Fortaleza, Manaus, Niterói e Porto Murtinho.
Em 1927, fundou a Companhia Extrativa de Taninos S/A, seu maior desafio empresarial. O tanino é o insumo básico
para curtir o couro, utilizado também na fermentação da uva para conseguir o vinho. A Companhia foi instalada em
3 cidades distintas, primeiro em Sengés, no Paraná, em seguida em Corumbá, Mato Grosso, e finalmente em Porto
Murtinho, também Mato Grosso. Deparou-se com todas as dificuldades para consolidar o seu objetivo de dominar
o ciclo completo do calçado: extrair o tanino, curtir o couro, fabricar, e comercializar o sapato. Em uma assembleia
da sociedade, Cezar Bordallo expressou o júbilo de ter vencido todas as dificuldades:
“Depois de oito annos de luta tenaz com o fim de dominarmos as dificuldades que dia a dia se apresentavam
oriundas em sua maior parte na péssima localização da fábrica, chegamos à conclusão de que só nos seria possível
dominal-as, vencel-as, transferindo a fábrica para local mais apropriado dos pontos de vista de quantidade e
qualidade da matéria prima, pontos básicos para exploração econômica e compensadora da nossa indústria. Em
vista disso, resolveu a Directoria, certo do vosso assentimento, transferir a fábrica para Porto Murtinho, no Estado
do Matto Grosso... Companhia Extractiva de Taninos, sociedade anonyma, passará a denominar-se de hoje em
deante “Florestal Brasileira, Sociedade Anonyma” e terá como por sede o foro da cidade do Rio de Janeiro, Brasil
(Ata da Assembleia publicada no DOU - 20/07/1935)”.
O comendador Cezar Augusto Bordallo teve uma ativa vida empresarial e social voltada também para o bem
comum, foi uma voz representativa dos empresários brasileiros presente nas principais categorias, além de transitar
bem com as lideranças políticas e chefes de governo de Estado.
São os seguintes empreendimentos em que participou:
Propaganda Bordallo & Cia – Fábrica de sapatos RJ – filiais em São Paulo, Santos, Manaus e Fortaleza
Companhia de Calçados Bordallo – 1896
Cruz, Barcellos & Companhia - 1909
Fábrica de Tecidos e Fiação Esperança - 1910
Centro da Indústria de Calçados e Comércio de Couros - 1913
Associação dos Empregados do Comércio do RJ – 1920
Bordallo & Comp. Ltda – 1920
Companhia Segurança Industrial – 1920
Centro Industrial do Brasil – 1924
Real Gabinete Português de Leitura – membro - 1925
Companhia Extrativa de Taninos – 1927
Banco de Crédito Geral – sócio - 1932
A.J. Miranda & Comp. – construtora - 1933
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renomado advogado formado pela Escola de Direito, Faculdade Federal de Direito do Distrito Federal, especializado
em direito cível.
Foi um dos fundadores da Casa do Advogado do Brasil, entidade que precedeu a importante OAB, seu retrato figura
na galeria de presidentes desta entidade. Entre muitas atividades exercidas podem se destacar:
Foi presidente da OAB - RJ (1955 – 1957), tesoureiro e conselheiro e membro nato da Ordem dos Advogados do Rio
de Janeiro, e conselheiro nacional da OAB, foi presidente da Caixa de Assistência e Club dos Advogados, diretor da
Empresa de Águas de São Lourenço, MG, Juiz do Tribunal Eleitoral, Juiz Substituto do Tribunal Regional Federal,
presidente da Junta Comercial do Rio de Janeiro, diretor da Empreendedora Civil Ltda, operadora das loterias
federais. Foi sócio do seu sogro em vários empreendimentos imobiliários.
Grande administrador e conciliador, protagonizou um período de grande desenvolvimento da Companhia Têxtil São
Joanense, colocando acima de tudo os interesses da Companhia. “Ao final de 1954, resolveu transferir, por
conveniência e juridicamente, a sede da Companhia para a cidade do Rio de Janeiro, passando, assim, a Fábrica,
aqui, à condição de filial” (Antonio Tirado Lopes – Nas Asas do Passado – 1987).
Várias ampliações industriais se sucederam em sua gestão, através de importação de equipamentos, entre eles:
cardas para o “cotonifício”, preparação à fiação, cardas de rolos para o “cascamifício” para linha de cobertores etc.
Dr. Joaquim José Fernandes Couto faleceu em 27/08/1974.
Bacharelando de 1917
A família Fernandes Couto, que já havia contribuído na trajetória evolutiva da São Joanense, participou na inserção
de dois presidentes e fez com que Pedro Paulo Fernandes Couto fosse o terceiro membro da família a assumir sua
presidência.
Um fato relevante nessa questão é que, mesmo fazendo parte de uma família bem-posicionada socialmente e no
ramo têxtil, Pedro Paulo conheceu de perto a realidade do chão de fábrica. Sua iniciação na arte de tecer se deu
como debuxador de tecidos na Fiação e Tecidos Esperança. A função do debuxador de um tecido é contar fio a fio
de uma amostra para descobrir a evolução dos entrelaçamentos entre eles, e que resultam em desenhos e efeitos
na superfície e aparência dos tecidos, calculando e projetando, assim, os parâmetros técnicos para sua reprodução.
Além disso, cabe ao debuxador dispor nas urdideiras os fios coloridos para produzir os tecidos xadrezes.
Pedro Paulo, ao mesmo tempo, atuava na área financeira, assumindo cobrança de títulos e recebimentos de
pagamentos por conta da Empresa. Experimentou também a participação na área de vendas da Fiação e Tecidos
Esperança. Tal bagagem administrativa e operacional possibilitou em 1960 uma mudança radical na vida desse
personagem. Nesse ano, Pedro Paulo se transferiu para a cidade de São João Del Rei, nos Campos das Vertentes, em
Minas Gerais, para assumir o cargo de diretor-gerente da Fábrica São Joanense.
Na década de 1970, a produção de cobertores da Fábrica, já com a razão de Companhia Têxtil São Joanense, evoluiu
muito com a introdução dos teares com 3,80 m de largura comprados da Itália e uma carda que veio da Polônia. Sob
supervisão de Pedro Paulo iniciaram-se a produção de cobertores com padrões xadrezes e duplos. Essa medida fez
com que a São Joanense pudesse concorrer diretamente com os famosos cobertores Paraíba, então a referência do
mercado.
Neste mesmo período, instalou a rama para substituir uma antiga “alargadeira de tecidos” e implantou a
estamparia de tecidos através da aquisição de uma máquina de estampar de cilindros rotativos, de procedência
holandesa; ao colocar sobre os tecidos os desenhos e cores, pode acrescentar ao mix dos produtos centenários
maior valor agregado, melhorou o resultado operacional da Fábrica.
Nos anos de 1980, a persistência e a eficácia profissional de Pedro Paulo tomaram uma forma maior. Nessa década
assumiu a presidência da empresa. Os reflexos desse novo cargo logo se mostraram claros. A São Joanense cresceu
extraordinariamente nesse período, e no decurso da sua existência, a fez crescer no seu exemplo de labor fecundo.
Em 40 anos à frente da presidência da Companhia Têxtil São Joanense, sempre visando sua modernização
operacional e administrativa, elevou o nome da São Joanense ao mesmo patamar das grandes fábricas de tecidos
do país. Consolidou o nome da empresa como marca reconhecida por seus clientes e concorrentes.
Uma das suas tomadas de decisão mais marcantes foi a construção da nova e moderna Unidade de Pirapora,
utilizando para isso, a participação do Fundo de Investimento e Desenvolvimento do Nordeste (FINOR) através da
SUDENE. Nos dias atuais é a Fábrica de Pirapora que abastece de fios e uma parte dos tecidos que são finalizados
pela Unidade de São João del Rei. A modernização da fiação trouxe para a empresa maior capacidade de produção,
e melhorou a competitividade, e a sua produtividade. A instalação de fiação a rotor, substituindo os já cansados
filatórios de anéis com dezenas de anos em funcionamento possibilitaram novos resultados positivos.
Juntamente com os filatórios a rotor, vieram os equipamentos da sala de abertura e limpeza dos fardos de algodão,
as novas cardas que podiam produzir até 150 kg de algodão cardado por hora, e outras máquinas mais.
As áreas industriais, dessa Unidade, são climatizadas que trazem efeitos favoráveis à produção também foram uma
marca fundamental nessa gestão. Na Fábrica de Pirapora, no norte de Minas, proporcionou a melhor qualidade do
fio favorecendo uma temperatura e umidade agradável para os operadores.
A gestão de Pedro Paulo também lançou um novo olhar com fins para a evolução dos tingimentos dos tecidos da
Empresa que passaram a utilizar o processo pad batch (tingimento a frio) com a aquisição de foulard de tingimento.
Este processo tem muitas vantagens em relação a outras formas de efetuar a mesma tarefa. Tem maior igualização
no comprimento de tecido tingido, promove menor desperdício de corante, menor quantidade de processos
intermediários, menor consumo de água e menor demanda de energia calorífica. Tal ação contribuiu para que se
cumprisse os parâmetros desejáveis para o descarte de efluentes tratados.
Nos anos da década de 1990, a gestão focou mais sobre a questão de qualidade e marketing de seus produtos. A
São Joanense começou a disponibilizar para grandes marcas de confecção os tecidos tintos masculinos. O tecido da
Companhia passou a atuar nos meios artísticos e esportivos.
A questão do meio ambiente nos anos de 1990 também mostrou a efetivação de um grande investimento. A Cia
Têxtil São Joanense inaugurou a sua Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), com um investimento, na ocasião,
de U$1.000.000 (um milhão de dólares).
A partir dali, a Fábrica passou a tratar todo efluente químico e sanitário gerado, o mesmo acontecendo com a
Unidade de Pirapora. Começava a era da sustentabilidade. Nesse mesmo período, os teares de lançadeiras da São
Joanense foram substituídos por outros de projéteis, de origem Suíça.
Nos anos da década de 2010 foi projetado e instalado uma nova tecelagem na unidade de Pirapora; os teares foram
adquiridos do Japão. Tratava-se de máquinas tão modernas que é comum serem chamadas de “máquinas de tecer”
ao invés de teares.
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Essas máquinas eram apoiadas por urdideiras e engomadeira moderna. Em todo o seu tempo, o Sr. Pedro Paulo
Fernandes Couto fez com que a São Joanense fosse se modernizando com capital próprio, investimentos sem
margem de risco e sem endividamento.
A São Joanense foi pioneira entre as fábricas de tecidos de Minas a utilizar os benefícios da Informática. No início
era o próprio presidente que “escrevia” os programas que eram empregados nos controles internos, nas operações
fiscais e contábeis, e ainda, na programação de manutenção preventiva de máquinas e equipamentos.
A qualidade de ser autodidata se mostrava presente com o presidente da São Joanense. Conforme observado por
funcionários desse período, com um livro na mão e outra no teclado do computador Radio Shake, trazido dos EUA,
construía através da linguagem Basic todos os programas. É importante ressaltar que Pedro Paulo dominava alguns
idiomas.
A São Joanense Têxtil Ltda atravessou todo tipo de tribulação dos anos 1980, como a hiperinflação, aquele fatídico
dia em que todos os brasileiros ficaram sem suas reservas financeiras nas contas bancárias; foi um começar de
novo. Mas, a despeito disso, adquiriu estabilidade financeira, cumpriu todos os compromissos tributários e fiscais,
manteve uma relação de respeito com os seus trabalhadores, fornecedores e clientes. Nunca atrasou os seus
compromissos e pagamentos. A Empresa mantinha uma relação de comprometimento com o meio-ambiente o que
lhe conferia reconhecimento e respeitável posição com os Órgãos Ambientais do Estado.
O presidente da São Joanense, Pedro Paulo Fernandes Couto deixou uma missão para os seus sucessores: a de
finalizar a construção que ele iniciou da nova Unidade em São João del Rei, a Fábrica da Água Limpa. Tal fábrica
possui um terreno com 40.000 m² de área, com 3.300 m² de área construída e mais 3.500 m², sendo finalizada, e
que vai abrigar o novo Acabamento de tecidos conferindo maior capacidade de produção e a oportunidade de
fabricar novos produtos. A individualidade consagrada ao trabalho o levou a invejável posição em sua vida
empresarial, e sob esforço, apoiado por seus colaboradores, constituiu a afirmação positiva do quanto o labor
honesto servido por uma inteligência esclarecida e bem orientada pode alcançar.
Segundo colegas de trabalho contemporâneos, o presidente não era uma pessoa competitiva no trabalho, pelo
contrário, não tinha vaidades, era simples, nunca quis espelhar a São Joanense Têxtil frente às suas congêneres,
importava sim “ir para frente”.
E assim foi a história de uma gestão de sucesso desde que era diretor-gerente e presidente, no período
compreendido entre 1960 e 2020. Foram seis décadas que a cidade de São João Del Rei viu a fábrica São Joanense,
hoje com o nome mais moderno de São Joanense Têxtil Ltda, contribuir de forma fundamental no desenvolvimento
socioeconômico dessa cidade.
Infelizmente, no dia 30 de outubro de 2020, o presidente da São Joanense, Pedro Paulo, faleceu deixando o cenário
industrial têxtil brasileiro ressentido pela perda de um gestor que fez da produção, nos moldes eficazes, tanto na
área operacional quanto administrativa, o seu grande legado.
Visita ao terreno onde está instalada a Unidade de Pirapora - MG
Presidente - Sr. Pedro Paulo F. Couto (ao centro); Gerente - Sr. Altamir Ottoni de Carvalho (à direita) e o Motorista – Sr. José
Geraldo Dias
“O algodão é uma flor...” (Pedro Paulo Couto – 2011) e como tal a São Joanense Têxtil Ltda o trata.
9ª PARTE
“Não se deve perder o sentido lúdico, isto é, o gosto de fazer por gosto o que
os outros chamam simplesmente o cumprimento do dever.” (Carlos Lacerda)
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vigoroso impulso que vai ter a vida local. Os cavalheiros que se collocaram à frente deste commetimento, são
dignos dos maiores elogios e não só pelo seu reconhecido patriotismo, como pela elevação e sisudez do caracter,
inspiram inteira confiança quanto aos bons resultados da nova empreza. Publicamos neste número os estatutos
da Companhia.” (A Pá tria Mineira).
25.02.1891 – O hebdomadá rio local A Pátria Mineira pertencente ao jornalista e acionista da Sã o Joanense,
Sebastião Rodrigues Sette Câmara, com a epígrafe de “orgam da Idea republicana” publica os Estatutos da
Companhia Industrial S. Joanense, com 38 artigos, que depois, em 1893, foram impressos em libreto pela
Tipografia da Gazeta Mineira. Um exemplar está nos arquivos da Sã o Joanense Têxtil Ltd
25.02.1891 – A Companhia industrial S. Joanense firmou contrato com Bernardo Mascarenhas, pelo qual
aquele ilustre vanguardista da indú stria têxtil em Minas Gerais se obrigou a fornecer os maquinismos para
tecelagem, constando de 40 teares, motor, transmissão para 60 ditos, os maquinismos completos para a
preparaçã o, planta de edifício, pelo preço da fatura (05).
25.02.1891 – Nesta data, foi lavrada a escritura de compra e venda da Chácara da Olaria, onde a Companhia
levantaria sua ampla e soberba fá brica, com sua imponente e bela fachada eclética, inserida numa vasta á rea
verde, em ponto estratégico da cidade.
05.03.1891 – Os jornais O Pharol – Juiz de Fora, e A Pá tria Mineira – Sã o Joã o del Rei - anunciaram que a
Companhia Industrial S. Joanense fez a compra do terreno para construção do edifício em que há de funcionar
a Fá brica de Tecidos.
A Pátria Mineira
20.08.1891 – O jornal semanal A Pá tria Mineira de Sebastiã o Sette Câ mara, ó rgã o republicano cujas primeiras
ediçõ es faziam frente ao Arauto de Minas do conservador Severiano Resende, publica mais uma “Chamada de
Capital”, por ordem da Companhia Industrial S. Joanense. Essas chamadas eram trimestrais como as
prestaçõ es pagas pelas açõ es da fá brica subscritas pelos acionistas.
13.10.1891 – (Leu-se) “um requerimento da Diretoria da Companhia Industrial S. Joanense pedindo isenção
dos direitos municipais do maquinismo e materiais importados para a fábrica de tecidos da Companhia e bem
assim permissão para aproveitar a água do lugar denominado “Canal” para abastecimento da fábrica,
obrigando-se a Companhia a utilizar-se da água necessária de modo que os moradores que ficam nas imediações
daquele manancial não sejam prejudicados. Concedido para as máquinas de instalação e materiais e, também, o
aproveitamento da água, desde que em nada fiquem prejudicados terceiros ou a servidão pública”. (ATA/ SES 39
p. 420)
22.10.1891 – Nesta data, foi passada a seguinte escritura de compra e venda: “Dizemos nós abaixo assinados
Samuel Rodrigues da Rocha e minha mulher Dona Perciliana Maria da Conceição que entre os mais bens de que
somos senhores e possuidores com livre e geral administração se compreende um terreno situado no lugar
denominado - Fonte do Canal - onde existe um alicerce de pedras, cujo terreno houvemos por concessão feita pela
extinta Câmara Municipal desta cidade, como consta da certidão em nosso poder, e divide-se pelo lado da frente
com o alinhamento da nova estrada que vem da Rua das Forras; pelo fundo com a estrada velha que do Canal
segue para o Chicumby, e pelo lado de cima com um muro de pedras do terreno que foi dos herdeiros do falecido
Comendador Antônio José Dias Bastos e hoje pertencente a Fábrica de Tecidos São-Joanense, e do mesmo terreno
com alicerces muito de nossa livre vontade e sem constrangimento de pessoa alguma fazemos venda como de
facto vendido temos a Companhia da Fábrica de Tecidos São Joannense, representada pelos Directores Doutor
Antonio Moreira da Costa Rodrigues e Marçal de Sousa e Oliveira, pelo preço e quantia de cem mil reis a vista e
em moéda corrente que neste acto recebemos do Thesoureiro da mesma Companhia, do que lhe damos plena e
geral quitação da referida quantia de cem mil reis, para nunca mais lhe ser pedida em juizo e fora delle, e desde já
transferimos na mencionada Companhia todo o nosso direito, domínio, jus, acção e posse que no referido terreno
e alicerces tínhamos para que a compradora possa possuir, desfructar e delles dispor livremente como seu que é e
fica sendo de hoje e para sempre, ficando nós vendedores obrigados a todo tempo por nós e nossos herdeiros a
fazer esta venda boa de pôr firme e valiosa e a responder pela evicção, e a compradora obrigada ao pagamento
dos direitos respectivos. E para título da compradora mandamos passar o presente que assignamos em presença
das testemunhas abaixo assignadas: São João de EI rei 22 de Sbro de 1891. Samuel Rodrigues da Rocha,
Percilianna Maria da Conceição. Testemunha Albino Ladisláo das Chagas. Testemunha Manual Vicente d ‘Oliveira
Pimenta”.(17)
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30.10.1891 – A Companhia recebeu da Câ mara Municipal uma certidã o donde consta que o Presidente da
Companhia, Antô nio Moreira de Almeida Xavier, requer da Intendência Municipal a concessã o do terreno que
se acha entre a fá brica de tecidos e a chácara do Sr. Jú lio César de Queiroz Guimarã es para construçã o de casas
ou dependências da fá brica, segundo as necessidades da Companhia. Como se tratava de terreno devoluto e
nã o haver inconveniente algum na pretensã o do suplicante resolveu a Intendência Municipal, em sessã o de 13
do mesmo mês, conceder-lhe o terreno pedido, ficando o impetrante obrigado a pagar o aforamento da lei e a
edificar dentro de ano e dia, sob pena de nã o o fazendo cair - ipso facto - em comisso (17).
20.11.1891 – Efetuou-se, nesta data, o primeiro pagamento de uma libra esterlina diá ria, com exceção dos
domingos, ao tecelã o inglês George Edward Tates, contratado em Manchester para montar má quinas e instruir
os operá rios sobre o funcionamento delas (03). Esse tecelã o permaneceu como mestre de Fá brica ou mestre
de tecelagem por vá rios anos, pois, ainda em 1898 há registro de pagamento a ele feito. Foi, temporariamente,
substituído por David Waltimberg, nos anos 1896 a 1897.
03.04.1891 – A Companhia Industrial S. Joanense comprou da Europa (Inglaterra) as má quinas para sua
Fá brica.
Jornal “Astro do Século” – S. João del Rei – 17/08/1893 (O Astro do Sé culo foi sucessor do Astro de Minas).
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1894 – Almanak Laemmert – Nesta ediçã o publicou que “A Companhia Industrial S. Joannense tem uma Fábrica
de Tecidos movida a vapor, a 2 kilometros da cidade”. – Diretor Dr. Antô nio Moreira da Costa Rodrigues.
20.06.1906 – Consta no Livro Caixa que A Companhia Industrial S. Joanense realizou compra de fios importados da
Inglaterra para produção têxtil: eram fardos de algodão, tintos e crus. A Fábrica possuía 50 teares.
As fábricas de tecidos que não possuíam, no princípio, as seções de fiação compravam os fios de terceiros ou os
importavam do estrangeiro.
No começo, o produto estava sujeito a diminutas taxas de importação, mas isso foi se alterando com o passar do
tempo. Em 1887, o fio cru ou branco pagava 160 Réis e o tinto 200 Réis de imposto. Três anos após, essas taxas
foram elevadas a 200 e 340 Réis, respectivamente. Isso motivou logo as grandes fábricas a providenciarem
inversões de capitais para fabricar os fios que eram consumidos.
Atingido o objetivo, as grandes fábricas de tecidos cuidaram de fazer pressões políticas ao governo para que as
taxas fossem fortemente aumentadas ainda mais, pois o aumento importava não apenas na dependência que
ficariam as fábricas menores que não produziam seus próprios fios, tornando as menores fábricas obrigadas a ir
comprar das maiores que estavam com suas produções verticalizadas. Desse modo, colocavam as menores na
posição de inferioridade, e reduzidas a não poderem produzir senão produtos mais caros, consequentemente,
diminuindo-lhes a concorrência.
Certamente, esse foi o motivo que fez a Companhia Industrial São Joanense ter rapidamente adquirido a sua
própria seção de fiação. A mesma razão, posteriormente, orientou as providências para fazer instalar a tinturaria de
fios.
Isso possibilitou à Fábrica aumentar seu contingente de mão de obra que, entre homens, mulheres e crianças,
empregava cerca de 200 pessoas, e sem contar os viajantes, empregados de balcão da loja e escritório.
A matéria prima, o algodão, era trazido de Pernambuco e Bahia, e, também, de boa parte do estado de Minas
Gerais. A Companhia importava da Europa os corantes, drogas etc.
“Nesse período, o setor de fiação trabalhava dia e noite e a tecelagem 10 horas por dia. Além de tecidos, a Fábrica
vendia fio fabricados por ela. Na fiação as máquinas tinham seus próprios motores enquanto na tecelagem as
transmissões corriam por baixo do soalho de madeira. Possuía 12 casas, onde vivia parte do pessoal trabalhador.”
(Biblioteca Digital Novo Milênio – SP).
Os produtos especiais da Fábrica eram os brins e riscados, zefires, flanelas, cobertores, atoalhados, americanos crus
e tintos; esse mix de produtos certamente foi influenciado por Bernardo Mascarenhas, haja vista, ter sido a mesma
linha de produtos da fábrica do “empreiteiro”, em Juiz de Fora.
Portanto, o know-how de produzir flanelas foi adquirido em 130 anos de desenvolvimento, o que reafirma e a
consagra ser a maior fabricante desse produto e de melhor qualidade do mercado têxtil do país.
18.04.1908 – Companhia Industrial S. Joannense - Convidam-se os srs. Accionistas a comparecerem em minha
residência, à Avenida Carneiro Felippe nº 97, no dia 7 de Maio p. futuro, para em Assembleia Geral ordinária,
tomarem conhecimento dos balanços da companhia, relatório da directoria e parecer do Conselho Fiscal,
concernentes aos annos de 1906 e 1907, e bem assim constituírem-se depois em Assembleia extraordinária, afim de
resolverem sobre o augmento de capital (de cem contos) e reforma dos estatutos. S. João d’‘EI-Rey, 18 de abril de
1908. Director presidente: José do Nascimento Teixeira (A Opinião: 25/04/1908).
1912 – Neste ano publicou-se nos Anais da Câmara dos Deputados de Minas Gerais um Quadro Estatístico referente
a indústria têxtil instalada no Estado. Neste relatório a Companhia Industrial S. Joanense foi apresentada com os
seguintes dados:
Presidente: José do Nascimento Teixeira
Secretário: Afonso Dalle
Capital: 300:000$000 Réis
Nº de Teares: 78
Nº de Fusos: 2.260
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1912: Os funcionários e a Diretoria; presença predominante de mulheres e crianças quase todas descalças
19.06.1913 – O Minas Gerais desta data publicou a ata da Assembleia Geral Extraordinária da Companhia Industrial
S. Joanense, da qual consta que, durante a presidência de Eduardo de Almeida Magalhães Sobrinho, sob hipoteca
de todos os seus bens, (a Companhia) requer empréstimo votado na Assembleia Geral Ordinária de 31 de março p. p.
O Conselho Fiscal da Companhia Industrial S. Joanense tomando conhecimento da proposta da Diretoria é de
parecer que a presente Assembleia autorize a garantia com hipoteca da Fábrica o empréstimo já votado na
Assembleia Geral Ordinária passada. São João del - Rei, 9 de junho de 1913. Alberto de Almeida Magalhães,
Bernardo Pinto Mascarenhas (parente de Bernardo Mascarenhas). Proposta e parecer aprovados.
Eduardo de Almeida Magalhães Sobrinho, sobrinho de Custódio de Almeida Magalhães – jornal “O Correio” – RJ - 16/08/ 1930, mês
e ano do seu falecimento.
A Companhia precisou de capital externo para movimentar a Fábrica.
1918 – Diretoria da Companhia Industrial S. Joanense neste período.
Dário Diniz Mascarenhas – Olympio Pinto Reis – Annibal Pinto Mascarenhas
11ª PARTE
11.10.1919 – Os empresários portugueses proprietários da empresa Companhia Calçado Bordallo e Fábrica de
Tecidos Esperança – Cezar Augusto Bordallo, Pedro Barcellos Pessoa e José da Cruz Senna e outros, conforme
cautela abaixo, adquirem o controle societário da Companhia Industrial S Joanense e logo participaram de sua
administração.
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Cautela assinada por Cezar Augusto Bordallo, José da Cruz Senna e Pedro Barcellos Pessoa.
25.02.1937 – Ata da Assembleia Geral Ordinária em que o Presidente, Cezar Augusto Bordallo, informa aos
acionistas: Fábrica de Tecidos Esperança S/A sob prestação e eleição do Conselho Fiscal... O presidente da sociedade,
senhor César Augusto Bordallo, pedindo a palavra, se explica aos senhores accionistas a razão pela qual a Diretoria
está aumentando e melhorando os machinismos da Companhia Industrial São Joanense, em São João del Rei, razão
que esta está nos bons resultados e na boa aceitação dos produtos da mesma companhia nas diversas praças do
paiz, esperando que os esforços sejam bem recompensados. Agradece...a confiança dos accionistas da Sociedade
Anonyma Fábrica de Tecidos Esperança.
31.03.1937 – A Companhia Industrial S. Joanense pede autorização e é deferido o pedido para importar: 15
máquinas, das quais: 1 passadeira, 6 cardas, 3 maçaroqueiras e 5 filatórios.
26.02.1942 – O Minas Gerais publica um relatório a ser apresentado aos acionistas na Assembleia Geral Ordinária a
realizar-se no dia 9 de março de 1942, donde consta: Produção - A nossa produção manteve-se em média firme; e,
em consequência da grande procura de artigos manufaturados que se vem verificando ultimamente, tivemos de
envidar os nossos melhores esforços para elevá-la ao máximo, sendo-nos assim possível atingir um total de: Tecidos
em geral ... 3.708.391 metros; Cobertores ... 81.859 unidades. Negócios Em face da boa situação do mercado, os
negócios realizados, durante o ano, foram bastante satisfatórios, conforme tereis oportunidade de verificar pelo
balanço que apresentamos com o presente relatório.
09.06.1945 – A Cia Têxtil faz parte da Sociedade Cooperativa de Seguros Operários – Fábricas de Tecidos. Essa
seguradora abraçava os trabalhadores acidentados com seguro pessoal.
04.05.1953 – Ata da Assembleia Geral Extraordinária (...) constituída para eleger o Diretor Presidente da Companhia
(Fábrica de Tecidos Esperança S.A. controladora da Companhia Industrial São Joanense): em decorrência do
falecimento do titular desse, o saudoso Sr. Bento Costa (... ) Com a palavra o Dr. Vicente Galilez que indicava o nome
do Dr. Joaquim José Fernandes Couto por já como Vice, exercendo, interinamente a presidência a contento de todos
os acionistas, propondo que a escolha se fizesse por aclamação. Falou o Dr. Armando Bordallo em seu nome, no da
sua irmã Odete Bordallo de Figueiredo, e no de Augusto Conrado Figueiredo, indicando o acionista Eduardo Correia
de Figueiredo Lima (...) Verificada a existência de dois candidatos, o Sr. Presidente disse que iria proceder à chamada
pelo “Livro de Presença”, a fim de que os Srs. Acionistas manifestassem a preferência de seus votos. A votação deu o
seguinte resultado: Dr. Joaquim José Fernandes Couto, 113.998 votos. Abstiveram-se de exercer o direito de
voto...58.236 votantes. Em face dos sufrágios, o Presidente proclamou eleito e empossado no cargo de Presidente
da Companhia, até 30 de março de 1956, o Dr. Joaquim José Fernandes Couto, brasileiro, casado, advogado,
residente à Rua Souza Lima nº 310, nesta Capital. Este, obtendo a palavra... Salientou o grande júbilo pelos sufrágios
que recebera em pleito tão ardorosamente disputado e agradecendo a honra da investidura, concluiu por afirmar
que não havia vencidos nem vencedores, pois tinha absoluta certeza dos elevados propósitos dos acionistas, para
colocar num plano superior, acima de tudo e de todos, os interesses da Fábrica de Tecidos Esperança S. A. O Sr.
Benjamim Guimarães Filho aplaudiu a atitude do novo Presidente. (DOU. Ata da Assembleia Geral Extraordinária,
realizada em 04/05/1953).
10.03.1955 – Relatório da Diretoria a ser apresentado aos Srs. Acionistas na Assembleia Geral Ordinária:
“Funcionamento da fábrica: Ocorreu de maneira normal o andamento da mesma no que diz respeito à parte técnica;
sendo a produção do ano bastante satisfatória, como podem verificar a seguir: em metros de tecidos: 3.674.143,1 e
em unidade de cobertores: 137.134”.
O relatório menciona, ainda, que houve aquisição de mais maquinismos: “Nesse período efetuamos compras no
sentido de aumentar nossas possibilidades: assim adicionamos ao nosso patrimônio: 6 cardas de rolos, usadas; 6
teares lisos, usados; 1 caldeira, nova; 1 engomadeira de fio, usada; 2 transformadores e chave a óleo.
1956 - A Assembleia anual da Companhia resolveu aumentar o capital social de Cr$12.500.000,00 para
Cr$32.500.200,00 com a realização do seu ativo e incorporação de reservas, nos termos da Lei nº 2.852 de
setembro deste ano. Houve com isso, um considerável aumento de ações ordinárias com valor unitário de
Cr$200,00 e o ingresso de mais capital na Companhia.
1959 – Foi instalado o novo conjunto de cascamifício Whittin que começou a funcionar nos meados deste ano e se
constituindo de: 1 carda de rolos para produzir o desfibrado e 3 filatórios.
04.11.1961 – Assembleia Geral Extraordinária realizada nesta data, tendo em vista o vulto atual de suas negociações
e o desenvolvimento da empresa, aprovou e efetivou o aumento de capital para Cr$52.700.000,00 com alterações
estatutárias. Assinou a ata como presidente da Assembleia o Dr. Joaquim José Fernandes Couto, representando
também a Fábrica de Tecidos Esperança Sociedade Anônima (Diário Oficial: 4 de dezembro de 1961).
11.01.1966 – A Companhia Têxtil S. Joanense obtêm “A transferência para o seu nome da marca – ARAUTO – a
melhor flanela do Brasil.
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24.10.1969 – Murilo Valentim Canavez foi eleito na Delegacia do Serviço Social da Indústria (SESI) Operário Padrão
de São João del-Rei e proclamado, em 26/0/1969, na praça de esportes do América, recebendo calorosas
homenagens. Concorrendo em Belo Horizonte com outros vencedores de inúmeras cidades mineiras, saiu
novamente vencedor como Operário Padrão de Minas Gerais.
E, por fim, no Rio de Janeiro sagrou-se vencedor, entre os representantes estaduais, como o Operário Padrão do
Brasil. No dia 25 de novembro daquele ano, Murilo Valentim Canavez foi festivamente recebido em sua terra natal,
ao som da banda de música municipal, e, hoje, é nome de rua no Conjunto Residencial do antigo IAPI, na Av. Leite
de Castro (03). A Fábrica já fez 19 operários padrão de Minas Gerais e 1 operário padrão do Brasil: Murilo Canavez.
20.06.1977 – A Companhia Têxtil São Joanense adquiriu a máquina de estampar tecidos (Stork).
Sarja Plus 080 Estampada - entre os primeiros tecidos estampados através da máquina holandesa Stork.
12ª PARTE
“Só possuo o meu corpo; um homem inteiramente sozinho, só com seu corpo, não pode reter as
lembranças; elas passam através dele.” ( Jean Paul Sartre – A Náusea)
20.11.1980 – A Companhia Têxtil São Joanense se separa da Fábrica de Tecidos Esperança para constituir a Cia Têxtil
Pirapora - fiação de algodão a rotor.
24.12.1980 – O Sr. Pedro Paulo Fernandes Couto assumiu o cargo de Diretor-Presidente em lugar do seu irmão
Joaquim José Fernandes Couto Filho; e a Sra. Iracema Etz Fernandes Couto assumiu o cargo de Diretora-
Administrativa.
Joaquim José Fernandes Couto Filho, irmão do Sr. Pedro Paulo Fernandes Couto.
20.02.1993 – A Companhia Têxtil São Joanense inaugurou a estação de tratamento de efluentes onde efetua o
processamento de seus resíduos líquidos químicos e sanitários, devolvendo ao Córrego do Lenheiro a água dentro
dos padrões ambientais exigidos pelo Órgão Ambiental.
20.11.1996 – Substituição da Tecelagem Howa, lançadeira, por máquinas de tecer Sulzer, 3,80 m de largura e
projétil.
20.08.2007 – A Companhia Têxtil São Joanense e Companhia Têxtil Pirapora são incorporadas numa única empresa
passando a denominar-se Pirapora Têxtil S/A, permanecendo, contudo, o de São Joanense como nome fantasia.
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20.08.2010 – A São Joanense – Pirapora Têxtil obtêm a renovação de sua Licença de Operação (LO) por um período
de 8 anos; conforme atestou a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) tendo sido resultado de nunca ter
havido reprimendas ou infrações ambientais e a fábrica ter demonstrado elevado grau de desenvolvimento de
políticas ambientais. Ao mesmo tempo se iniciavam os estudos e foi apresentado o projeto para licenciamento
prévio nos Órgãos Ambientais para instalação da Unidade da Água Limpa.
2010 – A São Joanense começa a construção de uma nova Unidade, na cidade de São João del Rei. A Fábrica está
sendo instalada à margem do Rio da Água Limpa, e por essa razão a nova unidade recebeu o nome de Fábrica Água
Limpa. A nova Unidade terá 40.000 m² de terreno. O projeto previu a construção 8.000 m² de área construída.
Vista da Fábrica da Água Limpa – nova Unidade em construção – S. João del Rei – MG – 2021
14ª PARTE
Outras Ilustrações
Com fotografia de André Bello, esta propaganda de 1918 fala das especialidades da fábrica: flanelas, cobertores, brins sortidos,
zefires etc. Informa ainda: 84 teares, 180 operários, potência instalada de 211 HP, capital de 300:000$000. A Diretoria era
composta de Olympio Pinto Reis, Annibal Pinto Mascarenhas e José Alvares.
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Campo de futebol da fábrica, cujos prédios e mais dependências se podem ver ao fundo – ao fundo os
edifícios da Fábrica.
Linha férrea da qual deriva o ramal interno para servir a São Joanense
Vista aérea da Companhia Têxtil São Joanense – 1.964 – Percebe-se a alta chaminé e logo a seguir parte
da linha férrea que compunha o ramal interno. Abaixo, à direita, as casas destinadas aos trabalhadores.
Foto 1924
O TECIDO DO PASSADO
O TECIDO DO PRESENTE
Diretoria Atual
Sra. Luciana Fernandes Couto - Diretora Administrativa – Financeira: filha do Sr. Pedro Paulo Fernandes Couto e
Sr.ª. Iracema Etz Fernandes Couto, bióloga pela UFRJ (1986) com especialização em Ecologia; MBA em
Administração Financeira pela FGV (2002); pós-graduação em Roteiro de Cinema pela Univ. Estácio de Sá.
Sr. Sérgio Machado Etz – Diretor-Presidente - filho do Sr. Roberto Wellen Etz e Sra. Tereza Cristina Machado Etz –
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Título de Mérito Industrial Têxtil – Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) – Diretor do Sindicato das
Indústrias de Fiação e Tecelagem de Minas Gerais - Foi conselheiro do Senai de São João del Rei.
Bernardino Cordeiro – 1º funcionário cadastrado na Companhia Homenageando a todos os colaboradores em todos os tempos
da Companhia. Data de admissão: 05/02/1891 - Aposentou-se em: 30/08/1941
Napoleão da Silva – o funcionário que mais tempo serviu a São Joanense – 75 anos de trabalho
contínuo.
Em razão da nova legislação de privacidade promulgada recentemente, deixamos de
relacionar, como se fez anteriormente, os nomes das pessoas que compõem os
quadros de colaboradores e colegas das Unidades, São João del Rei e Pirapora, e ainda
os nomes dos colaboradores e colegas do escritório administrativo e contábil, no Rio
de Janeiro, e de todos os parceiros representantes da São Joanense Têxtil Ltda
presentes nos diversos Estados da Federação.
Independentemente disso, os nomes e imagens de vocês estão gravados na história
da São Joanense.
Desejamos externar nosso agradecimento pelo comprometimento de todos no sentido de elevar sempre o nome da
São Joanense produzindo produtos de qualidade e divulgando-os aos nossos inúmeros clientes presentes em todas
as cidades e rincões do Brasil.
(˟) O presente trabalho é resultado e complementação do livreto anterior, publicado em 2011, comemorando os
120 anos da Cia Têxtil São Joanense, que foi elaborado em conjunto com o grande mestre e historiador Professor
ANTONIO GAIO SOBRINHO. Aproveitamos do trabalho anterior importantes partes, e foram mantidos a mesma
estrutura. Outra vez mais, agradecemos a valiosa ajuda do ilustre e admirável Professor Gaio. Contar um pouco a
história da São Joanense não poderia prescindir da sua valiosa participação, o que nos deixa muitíssimos
honrados e agradecidos.
Agradeço, também, a especial participação do Prof. Marcos Antônio Croce pelo incentivo, orientação e
colaboração na confecção do texto. Muito obrigado
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BIBLIOGRAFIA
01. BARBOSA, José Victor. Actualidade Sanjoanense. São João del-Rei: Tipografia Commercial, 1929.
02. BURTON, Richard. Viagem do Rio de Janeiro a Morro Velho. Belo Horizonte: Itatiaia - São Paulo: Edusp, 1976.
03. CINTRA, Sebastião O. Galeria das Personalidades Notáveis de S. João deI-Rei. FAPEC: São João dei-Rei, 1994.
04. Companhia Têxtil São Joanense. Tecendo a História da Companhia Têxtil São Joanense 1891/1991. São João dei-
Rei: 1991.
05. DIAS, José Carlos. Companhia Industrial São Joanense. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São João
del-Rei, Volume IX, 2000.
06. GAlO SOBRINHO, Antônio. História do Comércio em São João deI-Rei. São João dei-Rei: Sindicato do Comércio
Varejista de São João dei-Rei, 1997.
07. GAlO SOBRINHO, Antônio. Retalhos de uma cidade. São João dei-Rei: edição do autor, 2008.
08. GIROLETII, Domingos. Fábrica Convento Disciplina. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1991.
09. MELLO, José Waldemar Teixeira de. Santanense: Revolução Filosófica e Industrial em Sant’Anna de São João
Acima. Belo Horizonte: Rumos Editorial, 1991.
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REI: O caso da Companhia Industrial São Joanense. 1891-1935. (Dissertação de Mestrado; monografia). Belo
Horizonte: UFMG-FAFICH, 2003.
11. RODRIGUES, José Antônio. Apontamentos da população, topografia e notícia cronológica do município da cidade
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12. STEINS, Stanley J. Origens e Evolução da Indústria Têxtil no Brasil -1850/1950. Rio de Janeiro: Editora Campus
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13. TAMM, Paulo. Uma Dinastia de Tecelões. 1960.
14. VAZ Alisson Mascarenhas. Cia. Cedro e Cachoeira: história de uma empresa familiar. Belo Horizonte: Gráfica
Editora Formato Ltda, 1990.
16. ARQUIVOS DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOÃO DEL-REI. Livros de Atas das Sessões da Câmara
1890-1898. Biblioteca Municipal Baptista Caetano d’ Almeida.
17. ARQUIVOS DA COMPANHIA TÊXTIL SANJOANENSE. São João dei-Rei, MG
18. A Pátria Mineira: orgam da Idea republicana.
19. A Opinião. 1908
20. WIKISOURCE, B. livre:
21. DOU – Diário Oficial da União – Várias edições, Atas de Assembleias 1911; 1912; 1918 ;1919; 1923; 1936 e 1953.
22. Companhia Calçados Bordallo S/A; Cruz Barcellos e Comp.; Bordallo e Comp. Limitada; Sociedade Anonyma
Fábrica de Tecidos Esperança; Comp. Extrativa de Taninos S/A e Ribeiro – Rúbia Soraya Lelis Sa - fotografias de
André Bello (1879 – 1941) – 2006 - Resende – Ana Paula Mendonça de. “A Organização Social dos Trabalhadores
Fabris em São João del Rei” O Caso da CTSJ – 1891 / 1935 – junho/2003 - Mestra Mariana Eliane Teixeira, Ser
italiano em São João del Rei 1888 – 1914.
23 – Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional- Jornais de São João del Rei, de Minas e do Rio de Janeiro: Astro do
Século, O Resistente, A Pátria Mineira, Diário de Minas, Jornal do Commercio, Pharol, Revista Nação Brasileira –
1924 etc. – Arquivo Público Mineiro.
24 – Gaio Sobrinho, Antônio e Dias, José Carlos: 120 Anos São Joanense Pirapora Têxtil – 2011.
25 - Biblioteca Digital Novo Milênio – SP
26 – Lemos, Marcos: O Grande Tecelão. Editora Gráfica O Lutador – 1999.
27 – Caldeira, Jorge – Histó ria da Riqueza no Brasil – 2017
28 – Martins, Roberto Borges – ensaio – A Indú stria Têxtil Doméstica de Minas Gerais no Século XIX
EVOÉ
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