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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO JUIZADO

ESPECIAL FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE BACABAL/MA

Processo: 1004084-73.2021.4.01.3703

JESSICA ALMEIDA ALVES, já qualificada nos autos em epígrafe que move em


face do INSS, vem por meio de seu advogado abaixo assinado, com escritório no endereço
indicado na inicial, onde recebe intimações, propor a presente RÉPLICA À
CONTESTAÇÃO diante dos fatos novos alegados em contestação.

I. DA TEMPESTIVIDADE

Salienta-se que a presente réplica é devidamente tempestiva, haja vista que o prazo
para sua apresentação é de 10 (dez) dias e o termo final ocorre em 03/02/2022, tem-se que
a presente réplica é tempestiva.

II. DOS FATOS

A Autora ajuizou ação requerendo a concessão de salário-maternidade, posto que


seu pleito administrativo fora indeferido pela Autarquia Ré.
Após regular citação, a Ré apresentou contestação sustentando que a Autora não
comprovou o efetivo exercício da atividade rural, logo, não possuiria qualidade de segurada e
nem carência necessárias para a concessão do benefício.
Eis o breve relato dos fatos.

III. DO MÉRITO
3.1 Da qualidade de segurada e o cumprimento da carência

A Autarquia Ré alega que o efetivo exercício do labor rural pela Autora não fora
comprovado.

Ocorre que, em nenhum momento a Autora afirmou ser lavradora, inclusive


a mesma requereu seu benefício na modalidade “salário-maternidade urbano”,
considerando que contribuiu para a Previdência Social como segurada empregada.
Em verdade, durante toda a sua defesa a Autarquia sustenta que a Autora não
apresentou documentos aptos a comprovar o labor rural, e de fato a Requerente não é
segurada especial, e sim possui vínculo com o INSS como segurada empregada, estando
atualmente em situação de desemprego involuntário, conforme aponta extrato CNIS anexo.
Os requisitos para a concessão do benefício de salário-maternidade estão previstos
na Lei 8.213 de 1991, que estabelece que os segurados empregados estão dispensados de
cumprir carência para obter o benefício:
Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:
[...]
VI – salário-maternidade para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa e
empregada doméstica.

Desse modo, para as seguradas empregadas, trabalhadoras avulsas e empregadas


domésticas pleitearem o benefício de salário-maternidade, basta apenas que estejam filiadas à
Previdência Social na data do fato gerador.
No caso da segurada empregada que esteja em situação de desemprego, o
benefício é garantido durante o período de graça e será pago diretamente pela Previdência
Social, nos termos do parágrafo único do art. 97 do Decreto 3.048/1999:
Art. 97. O salário-maternidade da segurada empregada será devido pela
previdência social enquanto existir relação de emprego, observadas as regras
quanto ao pagamento desse benefício pela empresa.
Parágrafo único. Durante o período de graça a que se refere o art. 13, a
segurada desempregada fará jus ao recebimento do salário-maternidade,
situação em que o benefício será pago diretamente pela previdência social.

A qualidade de segurada resta assente, uma vez que a Autora estava no período de
graça na data do fato gerador, nos termos no art. 15, II da Lei 8.213/1991, que determina que
o beneficiário terá o prazo de 12 (doze) meses de manutenção da qualidade,
independentemente de contribuição se deixar de exercer atividade remunerada pela
Previdência Social:
Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de
contribuições:
[...]
II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que
deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou
estiver suspenso ou licenciado sem remuneração;

Ademais, o § 2° do art. 15 da Lei de Benefícios garante que o segurado em


situação de desemprego terá o período de graça estendido por mais 12 (doze) meses. Assim,
visto que a Autora estava em situação de desemprego involuntário da data do nascimento da
criança, tem-se garantido o período de graça estendido.
Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de
contribuições:
[...]
§ 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses
para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo
registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social.

Desta forma, como o vínculo empregatício encerrou em 18/09/2015, e


considerando a situação de desemprego, a Autora estava dentro do “período de graça” na data
do nascimento da criança (25/09/2017), pois seu período de graça só foi encerrado no dia
16/11/2017, logo, faz jus ao benefício.
Imperioso ressaltar que a condição de desemprego involuntário da Autora pode
ser comprovada pela ausência de anotação em CTPS, bem como pela prova testemunhal a ser
produzida.
Imperioso destacar que a Jurisprudência pátria é pacífica no sentido de que o
benefício de salário-maternidade para segurada empregada em situação de desemprego
independe de carência.
PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO MATERNIDADE SEGURADA
DESEMPREGADA. PARTO NO PERÍODO DE GRAÇA.
RESPONSABILIDADE DO INSS PELO PAGAMENTO.
I- O salário-maternidade é benefício previdenciário devido à segurada
gestante durante 120 dias, com início no período entre 28 dias antes do
parto e a data de sua ocorrência ou, ainda, ao segurado ou segurada da
Previdência Social que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção
de criança é devido salário-maternidade pelo período de 120 (cento e vinte)
dias. (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013).
II - No caso de falecimento da segurada ou segurado que fizer jus ao
recebimento do salário-maternidade, o benefício será pago, por todo o
período ou pelo tempo restante a que teria direito, ao cônjuge ou
companheiro sobrevivente que tenha a qualidade de segurado, exceto no
caso do falecimento do filho ou de seu abandono, observadas as normas
aplicáveis ao salário-maternidade. O benefício será pago durante o período
entre a data do óbito e o último dia do término do salário-maternidade
originário e será calculado sobre: (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013).
III - A concessão do benefício independe de carência, nos termos do
artigo 26, inciso VI, da Lei nº 8.213/91.
IV- A responsabilidade pelo recolhimento das contribuições é do
empregador, com fundamento no §2º do artigo 28 da Lei nº 8.212/91.
V- O salário-maternidade é devido a todas as seguradas da Previdência
Social, gestantes ou adotantes, sejam elas empregadas, avulsas, domésticas,
contribuintes especial, facultativa ou individual, ou mesmo desempregada.
VI - Especificamente em relação à segurada desempregada, a matéria foi
regulamentada no parágrafo único do artigo 97 do Decreto nº 6.122/07, que
dispõe que "durante o período de graça a que se refere o art. 13, a segurada
desempregada fará jus ao recebimento do salário-maternidade nos casos de
demissão antes da gravidez, ou, durante a gestação, nas hipóteses de
dispensa por justa causa ou a pedido, situações em que o benefício será pago
diretamente pela previdência social".
VII - Nos termos do art. 15, inciso II, cumulado com o § 2º da lei nº
8.213/91, manteve a qualidade de segurada até 25.11.2014.
VIII - Na data do nascimento da filha da autora em 14.12.2013 (fls. 14), a
autora não havia perdido a qualidade de segurada da Previdência Social.
IX - Apelação do INSS improvida.

(TRF – 3 – AP: 00128674920184039999 SP, Relator: DESEMBARGADOR


FEDERAL DAVID DANTAS, Data de Julgamento: 22/10/2018,
OITAVA TURMA, Data de Publicação: e-DJF3 Judicial 1DATA
07/11/2018)

Dessa forma, resta inconteste o direito da Autora ao benefício previdenciário


pleiteado, haja vista que possuía a qualidade de segurada na data do parto.

IV. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer que sejam julgados procedentes os pedidos da petição


inicial.

Nestes termos,

pede deferimento.

São Mateus do Maranhão – MA, 03 de fevereiro de 2022.

WANESSA PALOMA LIMA DE BRITO


OAB/MA – 21.172

RAMIRO MAYCON PLÁCIDO DE SOUZA


OAB/MA – 18.006

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