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30/06/2020 Nanã Buruku – Wikipédia, a enciclopédia livre

Nanã Buruku
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Nanã Buruquê,[2][3] Nanã, Nanã Buluku, Nanã


Buruku, Nanã Buru, Nanã Boroucou, Nanã Nanã
Borodo, Anamburucu ou Nanamburucu[4] é um Anamburucu . Nanamburucu
vodun e orixá da sabedoria e dos pântanos. Responsável deusa da chuva e do pântano
pelos portais de entrada (reencarnação) e saída Cônjuge Oxalá
(desencarne). Identificada no jogo do merindilogun pelo Filhos Omolu, Iroko, Osanyin, Oxumarê,
odu ejilobon e representado materialmente no candomblé Yewá[1]
através do assentamento sagrado denominado igba nanã.
instrumento ibiri
Afirma-se que Nanã era a rainha de um povo e que tinha sincretismo Sant'Ana
poder sobre os mortos. Para roubar esse poder, Oxalá
desposou-a, mas não ligava para ela. Nanã, então, fez um
feitiço para ter um filho. Tudo aconteceu como ela queria mas, por causa do feitiço, o filho, Omolu
nasceu todo deformado. Horrorizada, Nanã jogou-o no mar para que morresse. Como castigo pela
crueldade, quando Nanã engravidou de novo, Orunmilá disse que o filho seria lindo mas se afastaria
dela para correr mundo. Assim, nasceu Oxumaré, que, durante seis meses do ano, vive no céu como o
arco-íris, e nos outros seis é uma cobra que se arrasta no chão.

Em outra lenda, conta-se que, na aldeia chefiada por Nanã, quando alguém cometia um crime, era
amarrado a uma árvore. Nanã, então, chamava os Eguns para assustá-lo. Ambicionando esse poder,
Oxalá foi visitar Nanã e deu-lhe uma poção que fez com que ela se apaixonasse por ele. Nanã dividiu o
reino com ele, mas proibiu a sua entrada no Jardim dos Eguns. Oxalá então espionou-a e aprendeu o
ritual de invocação dos mortos. Depois, disfarçando-se de mulher com as roupas de Nanã, foi ao
jardim e ordenou aos Eguns que obedecessem "ao homem que vivia com ela" (ele mesmo). Quando
Nanã descobriu o golpe, quis reagir mas, como estava apaixonada, acabou aceitando deixar o poder
com o marido. Hoje, no Culto aos Egungun, só os homens são iniciados para invocar os Eguns.

Uma terceira lenda refere que, certa vez, os orixás se reuniram e começaram a discutir qual deles
seria o mais importante. A maioria apontava Ogum, considerando que ele é o orixá do ferro, o que
deu à humanidade o conhecimento sobre o preparo e uso das armas de guerra, dos instrumentos para
agricultura, caça e pesca, e das facas para uso doméstico e ritual. Somente Nanã discordou e, para
provar que Ogum não era tão importante assim, torceu com as próprias mãos o pescoço dos animais
destinados ao sacrifício em seu ritual. É por isso que os sacrifícios para Nanã não podem ser feitos
com instrumentos de metal.

Índice
Na África
No Brasil
Referências
Outras leituras
Ligações externas

https://pt.wikipedia.org/wiki/Nanã_Buruku 1/3
30/06/2020 Nanã Buruku – Wikipédia, a enciclopédia livre

Na África
Em sua passagem pela Terra, foi a primeira Iyabá e a
mais vaidosa, em nome da qual desprezou seu filho
primogênito com Oxalá, Omolu, por este ter nascido
com várias doenças de pele. Não admitindo cuidar de
uma criança assim, acabou abandonando-o numa
praia. Iemanjá o achou abandonado, quase morrendo
e o curou e o criou como se fosse sua mãe, dando-lhe
todo o amor e carinho. Sabendo do que Nanã fez,
Oxalá condenou-a a ter mais filhos, os quais
nasceriam anormais (Oxumarê, Ewá e Ossaim), e a
expulsou do reino, ordenando-lhe que fosse viver
num pântano escuro e sombrio.

Nanã é dona de um cajado, o ibiri. Suas roupas


parecem banhadas em sangue. É a orixá das águas
paradas. Ela mata de repente, mata uma cabra sem
usar faca. É considerada o orixá mais antigo do
mundo. Quando Orunmilá chegou aqui para frutificar
a terra, ela aqui já estava. Nanã desconhece o ferro
por se tratar de um orixá da pré-história, anterior à
idade do ferro. O termo "nanan" significa "raiz",
aquela que se encontra no centro da terra.
Ibiri, o instrumento de Nanã

Nanã tornou-se uma das Iyabás mais temidas, tanto


que, em algumas tribos, quando seu nome era pronunciado, todos se jogavam ao chão. Senhora das
doenças cancerígenas, está sempre ao lado do seu filho Omolu. É protetora dos idosos, desabrigados,
doentes e deficientes visuais. É um vodun, segundo alguns pesquisadores, originário de Dassa-
Zoumé. É uma velha divindade das águas. Pierre Verger encontrou um templo Dassa-Zoumé e o
sacerdote do seu culto.

A área que abrange seu culto é muito vasta e parece estender-se de leste, além do rio Níger, até a
região Tapá, a oeste, além do rio Volta, nas regiões dos "guang", ao nordeste dos Ashanti.

Entre os fon e mahi, ela é considerada uma divindade hermafrodita, anterior a Mawu e Lissá, aos
quais teria dado origem em associação com a "serpente do Universo" Dan Aido Hwedo. Para os ewes
e minas, ela é, às vezes, vista como um vodun masculino (Nana Densu), esposo da grande mãe das
águas Mami Wata.

No Brasil
Nanã Buruku é cultuada no candomblé jeje como um vodun e, no candomblé queto, como um orixá
da chuva, das águas paradas, mangue, pântano, terra molhada, lama e considerada a mãe dos orixás
Obaluaiyê, Iroko, Osanyin, Oxumarê e Yewá.

Nanã é chamada carinhosamente de "Avó", por ser usualmente imaginada como uma anciã. É
cultuada em todo o Brasil nas religiões afro-brasileiras. Seu emblema é o ibiri, que caracteriza sua
relação com os espíritos ancestrais. Como "Mãe-Terra Primordial" dos grãos e dos mortos, Nanã
Buruku poderia ser equiparada à Titã Gaia.

Referências
1. CARYBÉ. Mural dos orixás. Salvador. Banco da Bahia Investimentos S/A. 1979. p. 30.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nanã_Buruku 2/3
30/06/2020 Nanã Buruku – Wikipédia, a enciclopédia livre

2. Sixteen Cowries: Yoruba Divination from Africa to


the New World Por William Russell Bascom (http://
books.google.com.br/books?id=CfmDsiI7TbgC&p
g=PA4&dq=nan%C3%A3+buruku&hl=pt-BR&sa=X
&ei=aPM4U6wq4_XSAduRgNgG&ved=0CE4Q6A
EwBQ#v=onepage&q=nan%C3%A3%20buruku&f
=false)
3. Nanã Buruku, Por Pierre Verger (http://books.goog
le.com.br/books?id=mYZtSQsR2v4C&pg=PA271&
dq=nan%C3%A3+buruku&hl=pt-BR&sa=X&ei=aP
M4U6wq4_XSAduRgNgG&ved=0CC4Q6AEwAA#
v=onepage&q=nan%C3%A3%20buruku&f=false)
4. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua
portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Assentamento de Nanã
Fronteira. 1986. p. 114.

Outras leituras
Charles Spencer King.,"Nature's Ancient Religion" ISBN 978-1-4404-1733-7
Charles Spencer King, "IFA Y Los Orishas: La Religion Antigua De LA Naturaleza" ISBN 1-4610-
2898-1

Ligações externas
Orixás PDF online (https://web.archive.org/web/20111117052820/http://pt.scribd.com/doc/689840
6/Pierre-Verger-Os-Orixas-pdf)
Mistérios de Nanã (http://www.nucleoomidudu.org.br/pastas/textos/misterios_de_nana.htm)
«The Children of Dahomey» (https://web.archive.org/web/20050404023711/http://www.inle.freese
rve.co.uk/dahomey.htm). Consultado em 20 de maio de 2015. Arquivado do original (http://www.i
nle.freeserve.co.uk/dahomey.htm) em 4 de abril de 2005

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