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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SETOR DE CIÊNCIAS EXATAS


DEPARTAMENTO DE EXPRESSÃO GRÁFICA
PROF. ANDERSON ROGES TEIXEIRA GÓES
GEOMETRIA NO ENSINO

Representações Geométricas

Uma das formas de comunicação do professor se dá através de representações gráficas.


Esta forma de comunicação é tão antiga, que seu surgimento se confunde com a linguagem
falada. Os primeiros registros desta forma de comunicação são encontrados nas pinturas rupestres,
mostrando a necessidade do Homem em se comunicar.
Quem já não recorreu ao desenho para explicar algo que somente com palavras não era
entendível?!?!
Assim, a utilização desta forma de comunicação nas aulas, não apenas em matemática, é de
extrema importância para o ensino-aprendizado. A representação gráfica pode, e deve, ser aplicada
a todos os conteúdos, como forma de auxiliar o entendimento pelo aluno.
No entanto, para que esta linguagem de comunicação seja compreendida, é preciso que as
representações sejam realizadas de forma clara e concisa, mostrando elementos que realmente são
importantes. Estas representações podem ser realizadas com instrumentos apropriados ou a mão
livre sob a forma de esboços.
Existem algumas formas de representação, como:

• Método de projeção cotada, cuja utilização é sempre presente em topografia;


• Método da Dupla Projeção Ortogonal, para os licenciados de matemática uma das
aplicações deste método está presente na elaboração de materiais didáticos
relacionadas a construções de sólidos e secções, além do desenvolvimento da visão
espacial. Este método é base para o Desenho Técnico, utilizado por Engenheiros,
Arquitetos, entre outros profissionais;
• Perspectivas é a forma de representação mais utilizada quando se quer representar a
forma do objeto e quando se quer que o objeto seja visualizado de uma maneira
“mais rápida”. É de extrema importância que todo os professores saibam representar
objetos através desta técnica.

Nas aulas de matemática as representações geométricas mais utilizadas são executadas


através de Perspectivas, sejam elas perspectivas cavaleiras ou isométricas.
Assim, o objetivo desta e da próxima aula é estudar os sistemas de projeção e perspectivas
com a finalidade de apresentar de maneira formal uma linguagem de comunicação que poderá
utilizar futuramente com seus alunos.

Sistema de Projeção

Segundo a NBR 10.647/1989, que define os termos empregados em Desenho Técnico, o


desenho pode ser projetivo ou não-projetivo.
O desenho projetivo é resultante de projeções do objeto sobre um ou mais planos que
fazem coincidir com o próprio desenho, compreendendo:

• Vistas ortográficas: figuras resultantes de projeções cilíndricas ortogonais do


objeto, sobre planos convenientemente escolhidos, de modo a representar, com
exatidão, a forma do mesmo com seus detalhes;
• Perspectivas: figuras resultantes de projeção cilíndrica ou cônica, sobre um
único plano, com a finalidade de permitir uma percepção mais fácil da forma do
objeto.
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FIGURA 01 – Vistas Ortogonais

FIGURA 02 – Torres – Perspectiva isométrica, cavaleira e cônica

Uma das operações o sistema projeção é o “Projetar um objeto num plano α ”, que
significa representar graficamente a interseção dos raios projetantes, que partem do centro de
projeção, com o plano α . Assim, a projeção de um objeto sobre um plano se dá através de alguns
elementos da projeção: Plano de projeção; Objeto ou ponto; Reta projetante; e Centro de projeção.

A Projetante é a reta que passa pelos pontos do objeto e intercepta o plano de projeção.
Pode ser oblíqua ou ortogonal ao plano de projeção, dependendo da direção.
O Centro de Projeção é o ponto fixo de onde partem ou por onde passam as projetantes.

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Os sistemas de projeções são classificados de acordo com a posição ocupada pelo centro de
projeção. Esse centro pode ser finito ou infinito, classificando os sistemas em Projeção Cônica ou
Cilíndrica.
A Projeção Cilíndrica pode se dividir em Projeção Cilíndrica Oblíqua e Projeção Cilíndrica
Ortogonal, ou simplesmente, Projeção Ortogonal.

Cônica → Perspectiv a Rigorosa



  Oblíqua → Perspectiv a Cavaleira
 
  Isométrica
  


  Perspectiv as Dimétrica
  Trimétrica
  
 
    Anterior
Sistema  
    Lateral esquerda
   
de  
Cilíndrica     Lateral direita
Projeção   Ortogonal   Vistas Comuns 

   Vistas   Posterior
  Superior
  
  Ortográfic as  
     Inferior
   
   
   Vistas Secionais → Corte e Seções
   Vistas Auxiliares → Primária e Secundária
  

Projeção Cônica

A projeção cônica, ou projeção central, é a projeção onde os raios projetantes que


incidentes no objeto e no plano de projeção são todos concorrentes no ponto O, como as geratrizes de
um cone.
Para exemplificar este tipo de projeção vamos imaginar um objeto sendo iluminado por
uma fonte de luz (lâmpada incandecente) e produzindo uma sombra sobre uma superfície lisa (uma
mesa, por exemplo). Esta sombra é a projeção do objeto sobre a mesa, e os raios de luz que saem da
lâmpada são os raios projetantes, a lâmpada é o centro de projeção e a mesa é o plano de projeção.

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Projeção Cilíndrica

A projeção cilíndrica, ou projeção paralela, é a projeção onde os raios incidentes no objeto


e no plano de projeção são todos paralelos entre si, como as geratrizes de um cilindro. Neste tipo de
projeção o centro de projeção é impróprio.
De maneira análoga a situação de Projeção Cônica, vamos imaginar o sol como a nossa
fonte de luz. Assim, o objeto sendo iluminado pelo sol, produz uma sombra sobre uma superfície lisa
(o chão, por exemplo). Esta sombra é a projeção do objeto sobre o chão, e os raios de luz que partem
do sol são os raios projetantes (quando estes indicem na Terra, são paralelos), o sol é o centro de
projeção e o chão é o plano de projeção.

A Projeção Cilíndrica pode ser Oblíqua (quando as projetantes são oblíquas ao plano de
projeção) ou Ortogonal (quando as projetantes são ortogonais ao plano de projeção).

Projeção Cotada

A Projeção Cotada é uma projeção cilíndrica ortogonal realizada sobre um plano


horizontal. Em sua representação escrevemos em alguns de seus pontos, a distância do plano ao ponto
correspondente.
Sua aplicação está nas mais diversas áreas, como por exemplo, em topografia, estradas,
rios, canais, barragens e coberturas.

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Vistas Ortográficas

No sistema cilíndrico ortogonal, cada projeção define com clareza duas dimensões do objeto,
por exemplo, a projeção vertical (vista frontal) fornece o comprimento e a altura e a horizontal (vista
superior) fornece o mesmo comprimento e a largura.
As formas de alguns objetos necessitam, entretanto, para uma exata visualização, de mais de
duas projeções. Por isso, em Desenho Técnico utilizamos o chamado SOLIDO ENVOLVENTE, que
é um paralelepípedo composto pelos dois planos de projeção pertencentes aos diedros e mais outros
quatros, com o propósito de possibilitar seis projeções, ao invés de duas somente. Essas projeções nos
planos são chamadas de vistas principais.
A vista principal deve ser a vista frontal, onde o plano vertical fica imóvel na planificação do
sólido envolvente.
Critério para escolha da vista principal:
 Aquela que mostre a forma mais característica do objeto;
 A que indique a posição do trabalho do objeto, ou seja, como ele é encontrado
isoladamente ou num conjunto;
 Se os critérios acima continuarem insuficientes, escolhe-se a posição que mostre a maior
dimensão do objeto e possibilite o menor número de linhas invisíveis nas outras vistas.

Aresta e contornos visíveis são desenhados com linhas grossas contínuas. As arestas e
contornos invisíveis são desenhados com linhas médias tracejadas (não é pontilhada!!!).

Inferior

Lat. Dir Frontal Lat Esq Poster.

Sup.

FIGURA 03 – Vistas Ortográficas

Executar as vistas ortográficas do sólido/maquete

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Perspectivas

Perspectiva é o desenho que mostra os objetos da maneira como eles são vistos na realidade. A
rigor, a visualização exata não se consegue, porque este desenho é feito com um ponto de vista e
lançado sobre uma superfície plana, enquanto a imagem real é binocular e obtida numa superfície
curva do olho.
Devido às varias inclinações que podemos dar ao objeto temos um número infinito de
perspectiva.

 Perspectiva monodimétrica (dimétrica): os três eixos perspectivados formam entre si


dois ângulos iguais e um diferente;
 Perspectiva anisométrica: os três eixos perspectivados formam entre si ângulos
diferentes;
 Perspectiva isométrica: os três eixos perspectivados formam entre si ângulos iguais

Perspectiva isométrica

É o processo de representação tridimensional em que objeto se situa em um sistema de três


eixos coordenados (axonometria). Estes eixos, quando perspectivados, formam entre si ângulos de
120º.

FIGURA 04 – Obtenção da Perspectiva Isométrica

No entanto, por razões práticas vamos utilizar, na construção das perspectivas, o


prolongamento dos eixos X e Y a partir do ponto O, no sentido contrário, obtendo assim ângulos de
30° com a horizontal.

FIGURA 05 – Eixos na Perspectiva Isométrica

Nesta perspectiva as três faces do objeto sofrem as mesmas deformações, cerca de 81% de
seus valores reais e por serem iguais as reduções, vamos utilizar o chamado DESENHO

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ISOMÉTRICO, que é a figura obtida quando se passa para os eixos perspectivados as medidas reais
do objeto em escala.

Malha Isométrica
Consiste na malha de triângulos eqüiláteros formada por retas paralelas aos eixos, com o
objetivo de possibilitar a reprodução de desenhos isométricos.

Desenho na malha isomé-


trica ao lado a “maquete”.
1cm = 1 segmento da malha.

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Atividades:

1) Pesquisar em livros didáticos de Ensino Fundamental e/ou Médio, como são abordados os
conteúdos desta aula (indique a coleção, autor e série)
2) Propor atividade em que você (como professor) poderá utilizar algum dos conteúdos
abordados nesta aula para auxiliá-lo no ensino-aprendizado.
3) Propor atividade a ser aplicada aos alunos do ensino fundamental e/ou médio, onde estes
necessitem aplicar a representação gráfica para identificar, analisar, explorar e resolver a
atividade proposta.

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Círculo em Perspectiva Isométrica

Perspectiva Cilíndrica Oblíqua (Cavaleira)

Consiste na representação do objeto, como ele seria visto por um observador situado a uma
distância infinita, segundo uma direção inclinada em relação ao quadro, o qual deve ser paralelo a
dois eixos do referido objeto.
Como duas dimensões do objeto são paralelas ao quadro, tem-se que esta face está
representada em verdadeira grandeza.
Para definir a melhor posição para executar a perspectiva do objeto, pode-se utilizar as
seguintes regras:
 O objeto deve ser colocado com o contorno irregular paralelo ao quadro;
 A maior dimensão deve ser de preferência paralela ao quadro;
 A primeira regra tem precedência sobre a segunda.

Apenas a profundidade do objeto deve ser perspectivada, ou seja, deve sofrer alguma redução.
A perspectiva cavaleira pode ser desenhada com ângulo de 30º, 45º e 60º, sendo
recomendável, pra minimizar as deformações impostas por este tipo de perspectiva, representar a face
perspectivada com suas dimensões reduzidas às medidas abaixo:

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 30º - 2/3 - profundidade << largura;


 45º - 1/2 - profundidade = largura;
 60º - 1/3 - profundidade >> largura;

1) Representar em perspectiva cavaleira um paralelepípedo de arestas 40, 60 e 120 mm (L x A x P)

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2) Representar em perspectiva cavaleira uma pirâmide de base quadrada, cuja aresta da base mede
70mm e a altura 80mm.

3) Representar em perspectiva cavaleira um cilindro, cujo raio da base é 40mm e altura 120mm

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4) Para cada sólido executar a perspectiva isométrica, a perspectiva cavaleira e as vistas ortográficas
principais.

a) Cubo

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b) Tetraedro

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c) Pirâmide de base hexagonal

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d) Prisma de base triangular

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e) Cilindro

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f) Cone

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5) Dadas as vistas executar as perspectivas isométricas e cavaleiras respeitando as proporções.

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