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Olavo de Carvalho
Os motivos para a resistência americana são bem claros: os EUA criaram a maior,
a mais estável, a mais próspera e a mais duradoura democracia que o mundo já
conheceu, e o fizeram sem nenhuma ajuda de organismos internacionais, os
quais, ao contrário, dependem da contribuição americana em quase tudo. E os
EUA têm uma Constituição que não permite ao seu presidente ceder um milímetro
cúbico da soberania nacional a quem quer que seja – Constituição que não é só
um documento jurídico, mas a fonte viva do senso de orientação dos americanos
em inumeráveis situações da vida.
Israel, porém, tem muito mais que isso: tem cinco milênios de História, tem a
consciência da sua missão no mundo e tem a lembrança de sofrimentos horríveis
que jamais teriam podido lhe ser impostos se não fosse a sua condição de povo
nômade, obrigado a lutar pela vida “in partibus infidelium“.
Embora muitos judeus hoje em dia, sobretudo nos círculos intelectuais elegantes,
sejam idiotas o bastante para ignorá-lo ou cínicos o bastante para fingir que o
ignoram, o fato é que a defesa da soberania territorial de Israel é uma questão de
sobrevivência não só para os seus habitantes, mas para todos os judeus
espalhados pelo mundo. E, junto com a soberania territorial, vêm todas as demais
formas de soberania: militar, jurídica, diplomática, etc. Qualquer concessão que
Israel faça às pressões do globalismo, por mínima que seja, coloca em risco o
futuro do povo judeu inteiro. Principalmente quando essas pressões, exercidas
por meio de um arremedo de “proletariado externo” regiamente subsidiado por
banqueiros internacionais, alegam agir em defesa de um “proletariado interno”
que por sua vez é uma farsa no sentido mais pleno da palavra. Os únicos
“palestinos” que algum dia existiram são os próprios judeus. Todos os outros são
uma fabricação grotesca inspirada na fórmula de Toynbee.