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APOSTILA DE

DIREITOS HUMANOS
E CIDADANIA
SUMÁRIO
Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil.............03

Direitos e Garantias Fundamentais na República Federativa do Brasil......04

Poder Judiciário, Ministério Público, Advocacia Pública, Advocacia e


Defensoria Pública na Constituição da República Federativa do Brasil.........19

Defesa do Estado e das Instituições Democráticas na República


Federativa do Brasil.........................................................................................................................37

Declaração Universal dos Direitos Humanos. Conceitos. Dimensões


ou gerações. Direito Positivo e Direito Natural. Histórico. Documentos
internacionais históricos...............................................................................................................45

OEA e proteção aos direitos humanos. Declaração Americana dos


Direitos e Deveres do Homem. Convenção Americana sobre Direitos
Humanos....................................................................................................................52

Abuso de Autoridade......................................................................................................................88

Tortura e Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a


Tortura...............................................................................................................................91

Uso de Algemas..................................................................................................................................100

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CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA
DO BRASIL DE 1988
TÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos


Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo,


o Executivo e o Judiciário.

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;


II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade
e quaisquer outras formas de discriminação.

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais


pelos seguintes princípios:

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I - independência nacional; em direitos e obrigações, nos termos
II - prevalência dos direitos humanos; desta Constituição;
III - autodeterminação dos povos; II - ninguém será obrigado a fazer ou
IV - não-intervenção; deixar de fazer alguma coisa senão
V - igualdade entre os Estados; em virtude de lei;
VI - defesa da paz; III - ninguém será submetido a tortura
VII - solução pacífica dos conflitos; nem a tratamento desumano ou
VIII - repúdio ao terrorismo e ao degradante;
racismo; IV - é livre a manifestação do
IX - cooperação entre os povos para o pensamento, sendo vedado o
progresso da humanidade; anonimato;
X - concessão de asilo político. V - é assegurado o direito de resposta,
proporcional ao agravo, além da
Parágrafo único. A República indenização por dano material, moral
Federativa do Brasil buscará a ou à imagem;
integração econômica, política, social VI - é inviolável a liberdade de
e cultural dos povos da América consciência e de crença, sendo
Latina, visando à formação de uma assegurado o livre exercício dos cultos
comunidade latino-americana de religiosos e garantida, na forma da lei,
nações. a proteção aos locais de culto e a suas
liturgias;
TÍTULO II VII - é assegurada, nos termos da lei,
DOS DIREITOS E GARANTIAS
a prestação de assistência religiosa
FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO I nas entidades civis e militares de
DOS DIREITOS E DEVERES internação coletiva;
INDIVIDUAIS E COLETIVOS VIII - ninguém será privado de direitos
por motivo de crença religiosa ou de
Art. 5º Todos são iguais perante a lei,
convicção filosófica ou política, salvo se
sem distinção de qualquer natureza,
as invocar para eximir-se de obrigação
garantindo-se aos brasileiros e aos
legal a todos imposta e recusar-se a
estrangeiros residentes no País a
cumprir prestação alternativa, fixada
inviolabilidade do direito à vida, à
em lei;
liberdade, à igualdade, à segurança e
IX - é livre a expressão da atividade
à propriedade, nos termos seguintes:
intelectual, artística, científica e de
I - homens e mulheres são iguais
comunicação, independentemente

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de censura ou licença; XVI - todos podem reunir-
X - são invioláveis a intimidade, a se pacificamente, sem armas,
vida privada, a honra e a imagem em locais abertos ao público,
das pessoas, assegurado o direito a independentemente de autorização,
indenização pelo dano material ou desde que não frustrem outra reunião
moral decorrente de sua violação; anteriormente convocada para o
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, mesmo local, sendo apenas exigido
ninguém nela podendo penetrar sem prévio aviso à autoridade competente;
consentimento do morador, salvo em XVII - é plena a liberdade de associação
caso de flagrante delito ou desastre, para fins lícitos, vedada a de caráter
ou para prestar socorro, ou, durante paramilitar;
o dia, por determinação judicial; (Vide XVIII - a criação de associações e,
Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) na forma da lei, a de cooperativas
XII - é inviolável o sigilo da independem de autorização, sendo
correspondência e das comunicações vedada a interferência estatal em seu
telegráficas, de dados e das funcionamento;
comunicações telefônicas, salvo, XIX - as associações só poderão ser
no último caso, por ordem judicial, compulsoriamente dissolvidas ou ter
nas hipóteses e na forma que a lei suas atividades suspensas por decisão
estabelecer para fins de investigação judicial, exigindo-se, no primeiro caso,
criminal ou instrução processual o trânsito em julgado;
penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996) XX - ninguém poderá ser compelido
XIII - é livre o exercício de qualquer a associar-se ou a permanecer
trabalho, ofício ou profissão, atendidas associado;
as qualificações profissionais que a lei XXI - as entidades associativas, quando
estabelecer; expressamente autorizadas, têm
XIV - é assegurado a todos o acesso à legitimidade para representar seus
informação e resguardado o sigilo da filiados judicial ou extrajudicialmente;
fonte, quando necessário ao exercício XXII - é garantido o direito de
profissional; propriedade;
XV - é livre a locomoção no território XXIII - a propriedade atenderá a sua
nacional em tempo de paz, podendo função social;
qualquer pessoa, nos termos da lei, XXIV - a lei estabelecerá o procedimento
nele entrar, permanecer ou dele sair para desapropriação por necessidade
com seus bens; ou utilidade pública, ou por interesse

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social, mediante justa e prévia
indenização em dinheiro, ressalvados XXIX - a lei assegurará aos autores
os casos previstos nesta Constituição; de inventos industriais privilégio
XXV - no caso de iminente perigo temporário para sua utilização,
público, a autoridade competente bem como proteção às criações
poderá usar de propriedade industriais, à propriedade das marcas,
particular, assegurada ao proprietário aos nomes de empresas e a outros
indenização ulterior, se houver dano; signos distintivos, tendo em vista o
XXVI - a pequena propriedade rural, interesse social e o desenvolvimento
assim definida em lei, desde que tecnológico e econômico do País;
trabalhada pela família, não será XXX - é garantido o direito de herança;
objeto de penhora para pagamento XXXI - a sucessão de bens de
de débitos decorrentes de sua estrangeiros situados no País será
atividade produtiva, dispondo a lei regulada pela lei brasileira em
sobre os meios de financiar o seu benefício do cônjuge ou dos filhos
desenvolvimento; brasileiros, sempre que não lhes seja
XXVII - aos autores pertence o direito mais favorável a lei pessoal do "de
exclusivo de utilização, publicação cujus";
ou reprodução de suas obras, XXXII - o Estado promoverá, na forma
transmissível aos herdeiros pelo da lei, a defesa do consumidor;
tempo que a lei fixar; XXXIII - todos têm direito a receber
XXVIII - são assegurados, nos termos dos órgãos públicos informações
da lei: de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, que serão
a) a proteção às participações prestadas no prazo da lei, sob pena de
individuais em obras coletivas e responsabilidade, ressalvadas aquelas
à reprodução da imagem e voz cujo sigilo seja imprescindível à
humanas, inclusive nas atividades segurança da sociedade e do Estado;
desportivas; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, de
b) o direito de fiscalização do 2011)
aproveitamento econômico das obras XXXIV - são a todos assegurados,
que criarem ou de que participarem independentemente do pagamento
aos criadores, aos intérpretes e às de taxas:
respectivas representações sindicais e
associativas; a) o direito de petição aos Poderes

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Públicos em defesa de direitos ou da lei;
contra ilegalidade ou abuso de poder; XLIII - a lei considerará crimes
b) a obtenção de certidões em inafiançáveis e insuscetíveis de
repartições públicas, para defesa de graça ou anistia a prática da tortura
direitos e esclarecimento de situações , o tráfico ilícito de entorpecentes
de interesse pessoal; e drogas afins, o terrorismo e os
XXXV - a lei não excluirá da apreciação definidos como crimes hediondos,
do Poder Judiciário lesão ou ameaça por eles respondendo os mandantes,
a direito; os executores e os que, podendo evitá-
XXXVI - a lei não prejudicará o direito los, se omitirem; (Regulamento)
adquirido, o ato jurídico perfeito e a XLIV - constitui crime inafiançável
coisa julgada; e imprescritível a ação de grupos
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal armados, civis ou militares, contra
de exceção; a ordem constitucional e o Estado
XXXVIII - é reconhecida a instituição Democrático;
do júri, com a organização que lhe der XLV - nenhuma pena passará da pessoa
a lei, assegurados: do condenado, podendo a obrigação
de reparar o dano e a decretação do
a) a plenitude de defesa; perdimento de bens ser, nos termos
b) o sigilo das votações; da lei, estendidas aos sucessores e
c) a soberania dos veredictos; contra eles executadas, até o limite do
d) a competência para o julgamento valor do patrimônio transferido;
dos crimes dolosos contra a vida; XLVI - a lei regulará a individualização
da pena e adotará, entre outras, as
XXXIX - não há crime sem lei anterior seguintes:
que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal; a) privação ou restrição da liberdade;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo b) perda de bens;
para beneficiar o réu; c) multa;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação d) prestação social alternativa;
atentatória dos direitos e liberdades e) suspensão ou interdição de direitos;
fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui XLVII - não haverá penas:
crime inafiançável e imprescritível,
sujeito à pena de reclusão, nos termos a) de morte, salvo em caso de guerra

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declarada, nos termos do art. 84, XIX; recursos a ela inerentes;
b) de caráter perpétuo; LVI - são inadmissíveis, no processo, as
c) de trabalhos forçados; provas obtidas por meios ilícitos;
d) de banimento; LVII - ninguém será considerado
e) cruéis; culpado até o trânsito em julgado de
XLVIII - a pena será cumprida em sentença penal condenatória;
estabelecimentos distintos, de acordo LVIII - o civilmente identificado
com a natureza do delito, a idade e o não será submetido a identificação
sexo do apenado; criminal, salvo nas hipóteses previstas
XLIX - é assegurado aos presos o em lei; (Regulamento)
respeito à integridade física e moral; LIX - será admitida ação privada nos
L - às presidiárias serão asseguradas crimes de ação pública, se esta não for
condições para que possam intentada no prazo legal;
permanecer com seus filhos durante LX - a lei só poderá restringir a
o período de amamentação; publicidade dos atos processuais
LI - nenhum brasileiro será extraditado, quando a defesa da intimidade ou o
salvo o naturalizado, em caso de interesse social o exigirem;
crime comum, praticado antes da LXI - ninguém será preso senão em
naturalização, ou de comprovado flagrante delito ou por ordem escrita
envolvimento em tráfico ilícito de e fundamentada de autoridade
entorpecentes e drogas afins, na judiciária competente, salvo nos casos
forma da lei; de transgressão militar ou crime
LII - não será concedida extradição de propriamente militar, definidos em lei;
estrangeiro por crime político ou de LXII - a prisão de qualquer pessoa
opinião; e o local onde se encontre serão
LIII - ninguém será processado nem comunicados imediatamente ao juiz
sentenciado senão pela autoridade competente e à família do preso ou à
competente; pessoa por ele indicada;
LIV - ninguém será privado da LXIII - o preso será informado de
liberdade ou de seus bens sem o seus direitos, entre os quais o de
devido processo legal; permanecer calado, sendo-lhe
LV - aos litigantes, em processo judicial assegurada a assistência da família e
ou administrativo, e aos acusados em de advogado;
geral são assegurados o contraditório LXIV - o preso tem direito à identificação
e ampla defesa, com os meios e dos responsáveis por sua prisão ou por

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seu interrogatório policial; há pelo menos um ano, em defesa
LXV - a prisão ilegal será imediatamente dos interesses de seus membros ou
relaxada pela autoridade judiciária; associados;
LXVI - ninguém será levado à prisão LXXI - conceder-se-á mandado de
ou nela mantido, quando a lei admitir injunção sempre que a falta de norma
a liberdade provisória, com ou sem regulamentadora torne inviável o
fiança; exercício dos direitos e liberdades
LXVII - não haverá prisão civil por constitucionais e das prerrogativas
dívida, salvo a do responsável pelo inerentes à nacionalidade, à soberania
inadimplemento voluntário e e à cidadania;
inescusável de obrigação alimentícia LXXII - conceder-se-á "habeas-data":
e a do depositário infiel;
LXVIII - conceder-se-á "habeas- a) para assegurar o conhecimento
corpus" sempre que alguém sofrer ou de informações relativas à pessoa do
se achar ameaçado de sofrer violência impetrante, constantes de registros
ou coação em sua liberdade de ou bancos de dados de entidades
locomoção, por ilegalidade ou abuso governamentais ou de caráter público;
de poder; b) para a retificação de dados, quando
LXIX - conceder-se-á mandado de não se prefira fazê-lo por processo
segurança para proteger direito sigiloso, judicial ou administrativo;
líquido e certo, não amparado por
"habeas-corpus" ou "habeas-data", LXXIII - qualquer cidadão é parte
quando o responsável pela ilegalidade legítima para propor ação popular
ou abuso de poder for autoridade que vise a anular ato lesivo ao
pública ou agente de pessoa jurídica patrimônio público ou de entidade de
no exercício de atribuições do Poder que o Estado participe, à moralidade
Público; administrativa, ao meio ambiente
LXX - o mandado de segurança e ao patrimônio histórico e cultural,
coletivo pode ser impetrado por: ficando o autor, salvo comprovada
má-fé, isento de custas judiciais e do
a) partido político com representação ônus da sucumbência;
no Congresso Nacional; LXXIV - o Estado prestará assistência
b) organização sindical, entidade jurídica integral e gratuita aos que
de classe ou associação legalmente comprovarem insuficiência de
constituída e em funcionamento recursos;

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LXXV - o Estado indenizará o § 3º Os tratados e convenções
condenado por erro judiciário, assim internacionais sobre direitos humanos
como o que ficar preso além do tempo que forem aprovados, em cada Casa do
fixado na sentença; Congresso Nacional, em dois turnos, por
LXXVI - são gratuitos para os três quintos dos votos dos respectivos
reconhecidamente pobres, na forma membros, serão equivalentes às
da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989) emendas constitucionais. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de
a) o registro civil de nascimento; 2004) (Atos aprovados na forma deste
b) a certidão de óbito; parágrafo: DLG nº 186, de 2008, DEC
6.949, de 2009, DLG 261, de 2015, DEC
LXXVII - são gratuitas as ações de 9.522, de 2018 ) (Vide ADIN 3392)
"habeas-corpus" e "habeas-data", e,
na forma da lei, os atos necessários ao § 4º O Brasil se submete à jurisdição
exercício da cidadania. (Regulamento) de Tribunal Penal Internacional a cuja
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial criação tenha manifestado adesão.
e administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os CAPÍTULO II
DOS DIREITOS SOCIAIS
meios que garantam a celeridade
de sua tramitação. (Incluído pela
Art. 6º São direitos sociais a educação,
Emenda Constitucional nº 45, de
a saúde, a alimentação, o trabalho,
2004) (Vide ADIN 3392)
a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a
§ 1º As normas definidoras dos direitos
proteção à maternidade e à infância,
e garantias fundamentais têm
a assistência aos desamparados, na
aplicação imediata.
forma desta Constituição. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº
§ 2º Os direitos e garantias expressos
90, de 2015)
nesta Constituição não excluem
outros decorrentes do regime e dos
Art. 7º São direitos dos trabalhadores
princípios por ela adotados, ou dos
urbanos e rurais, além de outros que
tratados internacionais em que a
visem à melhoria de sua condição
República Federativa do Brasil seja
social:
parte.

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I - relação de emprego protegida X - proteção do salário na forma da
contra despedida arbitrária ou lei, constituindo crime sua retenção
sem justa causa, nos termos de dolosa;
lei complementar, que preverá XI - participação nos lucros, ou
indenização compensatória, dentre resultados, desvinculada da
outros direitos; remuneração, e, excepcionalmente,
II - seguro-desemprego, em caso de participação na gestão da empresa,
desemprego involuntário; conforme definido em lei;
III - fundo de garantia do tempo de XII - salário-família pago em razão do
serviço; dependente do trabalhador de baixa
IV - salário mínimo, fixado em lei, renda nos termos da lei; (Redação
nacionalmente unificado, capaz de dada pela Emenda Constitucional nº
atender a suas necessidades vitais 20, de 1998)
básicas e às de sua família com XIII - duração do trabalho normal
moradia, alimentação, educação, não superior a oito horas diárias e
saúde, lazer, vestuário, higiene, quarenta e quatro semanais, facultada
transporte e previdência social, a compensação de horários e a
com reajustes periódicos que lhe redução da jornada, mediante acordo
preservem o poder aquisitivo, sendo ou convenção coletiva de trabalho;
vedada sua vinculação para qualquer (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943)
fim; XIV - jornada de seis horas para
V - piso salarial proporcional à extensão o trabalho realizado em turnos
e à complexidade do trabalho; ininterruptos de revezamento, salvo
VI - irredutibilidade do salário, salvo negociação coletiva;
o disposto em convenção ou acordo XV - repouso semanal remunerado,
coletivo; preferencialmente aos domingos;
VII - garantia de salário, nunca inferior XVI - remuneração do serviço
ao mínimo, para os que percebem extraordinário superior, no mínimo,
remuneração variável; em cinqüenta por cento à do normal;
VIII - décimo terceiro salário com base (Vide Del 5.452, art. 59 § 1º)
na remuneração integral ou no valor XVII - gozo de férias anuais
da aposentadoria; remuneradas com, pelo menos, um
IX - remuneração do trabalho noturno terço a mais do que o salário normal;
superior à do diurno;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo

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do emprego e do salário, com a até o limite de dois anos após a extinção
duração de cento e vinte dias; do contrato de trabalho; (Redação
XIX - licença-paternidade, nos termos dada pela Emenda Constitucional nº
fixados em lei; 28, de 2000)
XX - proteção do mercado de trabalho XXX - proibição de diferença de
da mulher, mediante incentivos salários, de exercício de funções e de
específicos, nos termos da lei; critério de admissão por motivo de
XXI - aviso prévio proporcional ao sexo, idade, cor ou estado civil;
tempo de serviço, sendo no mínimo XXXI - proibição de qualquer
de trinta dias, nos termos da lei; discriminação no tocante a salário e
XXII - redução dos riscos inerentes critérios de admissão do trabalhador
ao trabalho, por meio de normas de portador de deficiência;
saúde, higiene e segurança; XXXII - proibição de distinção entre
XXIII - adicional de remuneração para trabalho manual, técnico e intelectual
as atividades penosas, insalubres ou ou entre os profissionais respectivos;
perigosas, na forma da lei; XXXIII - proibição de trabalho noturno,
XXIV - aposentadoria; perigoso ou insalubre a menores
XXV - assistência gratuita aos filhos e de dezoito e de qualquer trabalho
dependentes desde o nascimento até a menores de dezesseis anos, salvo
5 (cinco) anos de idade em creches na condição de aprendiz, a partir de
e pré-escolas; (Redação dada pela quatorze anos; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 53, de 2006) Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
XXVI - reconhecimento das convenções XXXIV - igualdade de direitos entre o
e acordos coletivos de trabalho; trabalhador com vínculo empregatício
XXVII - proteção em face da automação, permanente e o trabalhador avulso
na forma da lei;
XXVIII - seguro contra acidentes de Parágrafo único. São assegurados
trabalho, a cargo do empregador, sem à categoria dos trabalhadores
excluir a indenização a que este está domésticos os direitos previstos nos
obrigado, quando incorrer em dolo ou incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI,
culpa; XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX,
XXIX - ação, quanto aos créditos XXXI e XXXIII e, atendidas as condições
resultantes das relações de trabalho, estabelecidas em lei e observada a
com prazo prescricional de cinco anos simplificação do cumprimento das
para os trabalhadores urbanos e rurais, obrigações tributárias, principais e

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acessórias, decorrentes da relação independentemente da contribuição
de trabalho e suas peculiaridades, os prevista em lei;
previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV V - ninguém será obrigado a filiar-se
e XXVIII, bem como a sua integração à ou a manter-se filiado a sindicato;
previdência social. (Redação dada VI - é obrigatória a participação dos
pela Emenda Constitucional nº 72, de sindicatos nas negociações coletivas
2013) de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito
Art. 8º É livre a associação profissional a votar e ser votado nas organizações
ou sindical, observado o seguinte: sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do
I - a lei não poderá exigir autorização empregado sindicalizado a partir do
do Estado para a fundação de registro da candidatura a cargo de
sindicato, ressalvado o registro no direção ou representação sindical e,
órgão competente, vedadas ao Poder se eleito, ainda que suplente, até um
Público a interferência e a intervenção ano após o final do mandato, salvo se
na organização sindical; cometer falta grave nos termos da lei.
II - é vedada a criação de mais de uma
organização sindical, em qualquer Parágrafo único. As disposições deste
grau, representativa de categoria artigo aplicam-se à organização de
profissional ou econômica, na mesma sindicatos rurais e de colônias de
base territorial, que será definida pescadores, atendidas as condições
pelos trabalhadores ou empregadores que a lei estabelecer.
interessados, não podendo ser inferior
à área de um Município; Art. 9º É assegurado o direito de greve,
III - ao sindicato cabe a defesa dos competindo aos trabalhadores decidir
direitos e interesses coletivos ou sobre a oportunidade de exercê-lo
individuais da categoria, inclusive em e sobre os interesses que devam por
questões judiciais ou administrativas; meio dele defender.
IV - a assembléia geral fixará a
contribuição que, em se tratando § 1º A lei definirá os serviços ou
de categoria profissional, será atividades essenciais e disporá sobre
descontada em folha, para custeio o atendimento das necessidades
do sistema confederativo da inadiáveis da comunidade.
representação sindical respectiva,

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§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os brasileira competente ou venham a
responsáveis às penas da lei. residir na República Federativa do
Brasil e optem, em qualquer tempo,
Art. 10. É assegurada a participação depois de atingida a maioridade, pela
dos trabalhadores e empregadores nacionalidade brasileira; (Redação
nos colegiados dos órgãos públicos dada pela Emenda Constitucional nº
em que seus interesses profissionais 54, de 2007)
ou previdenciários sejam objeto de
discussão e deliberação. II - naturalizados:

Art. 11. Nas empresas de mais de a) os que, na forma da lei, adquiram


duzentos empregados, é assegurada a nacionalidade brasileira, exigidas
a eleição de um representante aos originários de países de língua
destes com a finalidade exclusiva de portuguesa apenas residência por um
promover-lhes o entendimento direto ano ininterrupto e idoneidade moral;
com os empregadores. b) os estrangeiros de qualquer
nacionalidade, residentes na República
CAPÍTULO III Federativa do Brasil há mais de quinze
DA NACIONALIDADE anos ininterruptos e sem condenação
penal, desde que requeiram a
Art. 12. São brasileiros: nacionalidade brasileira. (Redação
dada pela Emenda Constitucional de
I - natos: Revisão nº 3, de 1994)

a) os nascidos na República § 1º Aos portugueses com residência


Federativa do Brasil, ainda que de pais permanente no País, se houver
estrangeiros, desde que estes não reciprocidade em favor de brasileiros,
estejam a serviço de seu país; serão atribuídos os direitos inerentes
b) os nascidos no estrangeiro, de pai ao brasileiro, salvo os casos previstos
brasileiro ou mãe brasileira, desde nesta Constituição. (Redação
que qualquer deles esteja a serviço da dada pela Emenda Constitucional de
República Federativa do Brasil; Revisão nº 3, de 1994)
c) os nascidos no estrangeiro de pai
brasileiro ou de mãe brasileira, desde § 2º A lei não poderá estabelecer
que sejam registrados em repartição distinção entre brasileiros natos

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e naturalizados, salvo nos casos b) de imposição de naturalização,
previstos nesta Constituição. pela norma estrangeira, ao brasileiro
residente em estado estrangeiro,
§ 3º São privativos de brasileiro nato os como condição para permanência
cargos: em seu território ou para o exercício
de direitos civis; (Incluído pela
I - de Presidente e Vice-Presidente da Emenda Constitucional de Revisão nº
República; 3, de 1994)
II - de Presidente da Câmara dos
Deputados; Art. 13. A língua portuguesa é o idioma
III - de Presidente do Senado Federal; oficial da República Federativa do
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Brasil.
Federal;
V - da carreira diplomática; § 1º São símbolos da República
VI - de oficial das Forças Armadas. Federativa do Brasil a bandeira, o hino,
VII - de Ministro de Estado da Defesa. as armas e o selo nacionais.
(Incluído pela Emenda Constitucional
nº 23, de 1999) § 2º Os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios poderão ter símbolos
§ 4º - Será declarada a perda da próprios.
nacionalidade do brasileiro que:
CAPÍTULO IV
I - tiver cancelada sua naturalização, DOS DIREITOS POLÍTICOS
por sentença judicial, em virtude de
atividade nociva ao interesse nacional; Art. 14. A soberania popular será
II - adquirir outra nacionalidade, salvo exercida pelo sufrágio universal e
nos casos: (Redação dada pela pelo voto direto e secreto, com valor
Emenda Constitucional de Revisão nº igual para todos, e, nos termos da lei,
3, de 1994) mediante:

a) de reconhecimento de I - plebiscito;
nacionalidade originária pela lei II - referendo;
estrangeira; (Incluído pela Emenda III - iniciativa popular.
Constitucional de Revisão nº 3, de
1994) § 1º O alistamento eleitoral e o voto são:

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I - obrigatórios para os maiores de de paz;
dezoito anos; d) dezoito anos para Vereador.
II - facultativos para:
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os
a) os analfabetos; analfabetos.
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores § 5º O Presidente da República, os
de dezoito anos. Governadores de Estado e do Distrito
Federal, os Prefeitos e quem os houver
§ 2º Não podem alistar-se como sucedido, ou substituído no curso
eleitores os estrangeiros e, durante o dos mandatos poderão ser reeleitos
período do serviço militar obrigatório, para um único período subseqüente.
os conscritos. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 16, de 1997)
§ 3º São condições de elegibilidade, na
forma da lei: § 6º Para concorrerem a outros
cargos, o Presidente da República,
I - a nacionalidade brasileira; os Governadores de Estado e do
II - o pleno exercício dos direitos Distrito Federal e os Prefeitos devem
políticos; renunciar aos respectivos mandatos
III - o alistamento eleitoral; até seis meses antes do pleito.
IV - o domicílio eleitoral na
circunscrição; § 7º São inelegíveis, no território de
V - a filiação partidária; Regulamento jurisdição do titular, o cônjuge e os
VI - a idade mínima de: parentes consangüíneos ou afins,
até o segundo grau ou por adoção,
a) trinta e cinco anos para Presidente do Presidente da República, de
e Vice-Presidente da República e Governador de Estado ou Território,
Senador; do Distrito Federal, de Prefeito ou de
b) trinta anos para Governador e Vice- quem os haja substituído dentro dos
Governador de Estado e do Distrito seis meses anteriores ao pleito, salvo
Federal; se já titular de mandato eletivo e
c) vinte e um anos para Deputado candidato à reeleição.
Federal, Deputado Estadual ou
Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz § 8º O militar alistável é elegível,

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atendidas as seguintes condições: da lei, se temerária ou de manifesta
má-fé.
I - se contar menos de dez anos de
serviço, deverá afastar-se da atividade; Art. 15. É vedada a cassação de direitos
II - se contar mais de dez anos políticos, cuja perda ou suspensão só
de serviço, será agregado pela se dará nos casos de:
autoridade superior e, se eleito,
passará automaticamente, no ato da I - cancelamento da naturalização por
diplomação, para a inatividade. sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
§ 9º Lei complementar estabelecerá III - condenação criminal transitada
outros casos de inelegibilidade e em julgado, enquanto durarem seus
os prazos de sua cessação, a fim de efeitos;
proteger a probidade administrativa, IV - recusa de cumprir obrigação
a moralidade para exercício de a todos imposta ou prestação
mandato considerada vida pregressa alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
do candidato, e a normalidade e V - improbidade administrativa, nos
legitimidade das eleições contra a termos do art. 37, § 4º.
influência do poder econômico ou o
abuso do exercício de função, cargo Art. 16. A lei que alterar o processo
ou emprego na administração direta eleitoral entrará em vigor na data de
ou indireta. (Redação dada pela sua publicação, não se aplicando à
Emenda Constitucional de Revisão nº eleição que ocorra até um ano da data
4, de 1994) de sua vigência. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 4, de
§ 10 - O mandato eletivo poderá ser 1993)
impugnado ante a Justiça Eleitoral
no prazo de quinze dias contados da CAPÍTULO V
diplomação, instruída a ação com DOS PARTIDOS POLÍTICOS
provas de abuso do poder econômico,
corrupção ou fraude. Art. 17. É livre a criação, fusão,
incorporação e extinção de partidos
§ 11 - A ação de impugnação de políticos, resguardados a soberania
mandato tramitará em segredo de nacional, o regime democrático,
justiça, respondendo o autor, na forma o pluripartidarismo, os direitos

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fundamentais da pessoa humana e na forma da lei civil, registrarão
observados os seguintes preceitos: seus estatutos no Tribunal Superior
Regulamento Eleitoral.

I - caráter nacional; § 3º Somente terão direito a recursos


II - proibição de recebimento de do fundo partidário e acesso gratuito
recursos financeiros de entidade ao rádio e à televisão, na forma
ou governo estrangeiros ou de da lei, os partidos políticos que
subordinação a estes; alternativamente: (Redação dada
III - prestação de contas à Justiça pela Emenda Constitucional nº 97, de
Eleitoral; 2017)
IV - funcionamento parlamentar de
acordo com a lei. I - obtiverem, nas eleições para a
Câmara dos Deputados, no mínimo,
§ 1º É assegurada aos partidos 3% (três por cento) dos votos válidos,
políticos autonomia para definir distribuídos em pelo menos um terço
sua estrutura interna e estabelecer das unidades da Federação, com um
regras sobre escolha, formação e mínimo de 2% (dois por cento) dos
duração de seus órgãos permanentes votos válidos em cada uma delas; ou
e provisórios e sobre sua organização (Incluído pela Emenda Constitucional
e funcionamento e para adotar os nº 97, de 2017)
critérios de escolha e o regime de suas II - tiverem elegido pelo menos quinze
coligações nas eleições majoritárias, Deputados Federais distribuídos em
vedada a sua celebração nas eleições pelo menos um terço das unidades da
proporcionais, sem obrigatoriedade Federação. (Incluído pela Emenda
de vinculação entre as candidaturas Constitucional nº 97, de 2017)
em âmbito nacional, estadual, distrital
ou municipal, devendo seus estatutos § 4º É vedada a utilização pelos partidos
estabelecer normas de disciplina e políticos de organização paramilitar.
fidelidade partidária. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº § 5º Ao eleito por partido que não
97, de 2017) preencher os requisitos previstos
no § 3º deste artigo é assegurado o
§ 2º Os partidos políticos, após mandato e facultada a filiação, sem
adquirirem personalidade jurídica, perda do mandato, a outro partido

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que os tenha atingido, não sendo § 2º O Supremo Tribunal Federal e os
essa filiação considerada para fins Tribunais Superiores têm jurisdição em
de distribuição dos recursos do todo o território nacional. (Incluído
fundo partidário e de acesso gratuito pela Emenda Constitucional nº 45, de
ao tempo de rádio e de televisão. 2004)
(Incluído pela Emenda Constitucional
nº 97, de 2017) Art. 93. Lei complementar, de iniciativa
do Supremo Tribunal Federal, disporá
CAPÍTULO III sobre o Estatuto da Magistratura,
DO PODER JUDICIÁRIO
observados os seguintes princípios:
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial
será o de juiz substituto, mediante
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
concurso público de provas e títulos,
com a participação da Ordem dos
I-A o Conselho Nacional de Justiça;
Advogados do Brasil em todas as fases,
(Incluído pela Emenda Constitucional
exigindo-se do bacharel em direito, no
nº 45, de 2004)
mínimo, três anos de atividade jurídica
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho;
e obedecendo-se, nas nomeações, à
(Incluído pela Emenda Constitucional
ordem de classificação; (Redação
nº 92, de 2016)
dada pela Emenda Constitucional nº
III - os Tribunais Regionais Federais e
45, de 2004)
Juízes Federais;
II - promoção de entrância para
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
entrância, alternadamente, por
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
antigüidade e merecimento, atendidas
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
as seguintes normas:
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados
e do Distrito Federal e Territórios.
a) é obrigatória a promoção do juiz
que figure por três vezes consecutivas
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o
ou cinco alternadas em lista de
Conselho Nacional de Justiça e os
merecimento;
Tribunais Superiores têm sede na
b) a promoção por merecimento
Capital Federal. (Incluído pela
pressupõe dois anos de exercício na
Emenda Constitucional nº 45, de
respectiva entrância e integrar o juiz
2004) (Vide ADIN 3392)
a primeira quinta parte da lista de

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antigüidade desta, salvo se não houver 2004) (Vide ADIN 3392)
com tais requisitos quem aceite o IV - previsão de cursos oficiais
lugar vago; de preparação, aperfeiçoamento
c) aferição do merecimento conforme e promoção de magistrados,
o desempenho e pelos critérios constituindo etapa obrigatória
objetivos de produtividade e presteza do processo de vitaliciamento a
no exercício da jurisdição e pela participação em curso oficial ou
freqüência e aproveitamento em reconhecido por escola nacional
cursos oficiais ou reconhecidos de de formação e aperfeiçoamento de
aperfeiçoamento; (Redação dada magistrados; (Redação dada pela
pela Emenda Constitucional nº 45, de Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
2004) V - o subsídio dos Ministros dos
d) na apuração de antigüidade, o Tribunais Superiores corresponderá a
tribunal somente poderá recusar o juiz noventa e cinco por cento do subsídio
mais antigo pelo voto fundamentado mensal fixado para os Ministros
de dois terços de seus membros, do Supremo Tribunal Federal e os
conforme procedimento próprio, e subsídios dos demais magistrados
assegurada ampla defesa, repetindo- serão fixados em lei e escalonados,
se a votação até fixar-se a indicação; em nível federal e estadual, conforme
(Redação dada pela Emenda as respectivas categorias da estrutura
Constitucional nº 45, de 2004) judiciária nacional, não podendo
e) não será promovido o juiz que, a diferença entre uma e outra ser
injustificadamente, retiver autos superior a dez por cento ou inferior
em seu poder além do prazo legal, a cinco por cento, nem exceder a
não podendo devolvê-los ao cartório noventa e cinco por cento do subsídio
sem o devido despacho ou decisão; mensal dos Ministros dos Tribunais
(Incluída pela Emenda Constitucional Superiores, obedecido, em qualquer
nº 45, de 2004) caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39,
§ 4º; (Redação dada pela Emenda
III - o acesso aos tribunais de segundo Constitucional nº 19, de 1998)
grau far-se-á por antigüidade e VI - a aposentadoria dos magistrados
merecimento, alternadamente, e a pensão de seus dependentes
apurados na última ou única observarão o disposto no art. 40;
entrância; (Redação dada pela (Redação dada pela Emenda
Emenda Constitucional nº 45, de Constitucional nº 20, de 1998)

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VII - o juiz titular residirá na respectiva X - as decisões administrativas dos
comarca, salvo autorização do tribunais serão motivadas e em
tribunal; (Redação dada pela sessão pública, sendo as disciplinares
Emenda Constitucional nº 45, de tomadas pelo voto da maioria absoluta
2004) de seus membros; (Redação dada
VIII - o ato de remoção ou de pela Emenda Constitucional nº 45, de
disponibilidade do magistrado, por 2004)
interesse público, fundar-se-á em XI - nos tribunais com número superior
decisão por voto da maioria absoluta a vinte e cinco julgadores, poderá ser
do respectivo tribunal ou do Conselho constituído órgão especial, com o
Nacional de Justiça, assegurada mínimo de onze e o máximo de vinte
ampla defesa; (Redação dada e cinco membros, para o exercício
pela Emenda Constitucional nº 103, de das atribuições administrativas
2019) e jurisdicionais delegadas da
VIII-A - a remoção a pedido ou a competência do tribunal pleno,
permuta de magistrados de comarca provendo-se metade das vagas por
de igual entrância atenderá, no que antigüidade e a outra metade por
couber, ao disposto nas alíneas a , b , eleição pelo tribunal pleno; (Redação
c e e do inciso II; (Incluído pela dada pela Emenda Constitucional nº
Emenda Constitucional nº 45, de 45, de 2004)
2004) XII - a atividade jurisdicional será
IX - todos os julgamentos dos órgãos ininterrupta, sendo vedado férias
do Poder Judiciário serão públicos, e coletivas nos juízos e tribunais de
fundamentadas todas as decisões, segundo grau, funcionando, nos
sob pena de nulidade, podendo a lei dias em que não houver expediente
limitar a presença, em determinados forense normal, juízes em plantão
atos, às próprias partes e a seus permanente; (Incluído pela Emenda
advogados, ou somente a estes, em Constitucional nº 45, de 2004)
casos nos quais a preservação do XIII - o número de juízes na unidade
direito à intimidade do interessado jurisdicional será proporcional à
no sigilo não prejudique o interesse efetiva demanda judicial e à respectiva
público à informação; (Redação população; (Incluído pela Emenda
dada pela Emenda Constitucional nº Constitucional nº 45, de 2004)
45, de 2004) XIV - os servidores receberão
delegação para a prática de atos

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de administração e atos de mero perda do cargo, nesse período, de
expediente sem caráter decisório; deliberação do tribunal a que o juiz
(Incluído pela Emenda Constitucional estiver vinculado, e, nos demais casos,
nº 45, de 2004) de sentença judicial transitada em
XV - a distribuição de processos será julgado;
imediata, em todos os graus de II - inamovibilidade, salvo por motivo
jurisdição. (Incluído pela Emenda de interesse público, na forma do art.
Constitucional nº 45, de 2004) 93, VIII;
III - irredutibilidade de subsídio,
Art. 94. Um quinto dos lugares dos ressalvado o disposto nos arts. 37,
Tribunais Regionais Federais, dos X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, §
Tribunais dos Estados, e do Distrito 2º, I. (Redação dada pela Emenda
Federal e Territórios será composto de Constitucional nº 19, de 1998)
membros, do Ministério Público, com
mais de dez anos de carreira, e de Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
advogados de notório saber jurídico e
de reputação ilibada, com mais de dez I - exercer, ainda que em disponibilidade,
anos de efetiva atividade profissional, outro cargo ou função, salvo uma de
indicados em lista sêxtupla pelos magistério;
órgãos de representação das II - receber, a qualquer título ou
respectivas classes. pretexto, custas ou participação em
processo;
Parágrafo único. Recebidas as III - dedicar-se à atividade político-
indicações, o tribunal formará lista partidária.
tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, IV - receber, a qualquer título ou
que, nos vinte dias subseqüentes, pretexto, auxílios ou contribuições de
escolherá um de seus integrantes pessoas físicas, entidades públicas
para nomeação. ou privadas, ressalvadas as exceções
previstas em lei; (Incluído pela
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
garantias: V - exercer a advocacia no juízo ou
tribunal do qual se afastou, antes de
I - vitaliciedade, que, no primeiro decorridos três anos do afastamento
grau, só será adquirida após dois do cargo por aposentadoria ou
anos de exercício, dependendo a exoneração. (Incluído pela Emenda

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Constitucional nº 45, de 2004) Tribunais Superiores e aos Tribunais
de Justiça propor ao Poder Legislativo
Art. 96. Compete privativamente: respectivo, observado o disposto no
art. 169:
I - aos tribunais:
a) a alteração do número de membros
a) eleger seus órgãos diretivos e dos tribunais inferiores;
elaborar seus regimentos internos, b) a criação e a extinção de cargos
com observância das normas de e a remuneração dos seus serviços
processo e das garantias processuais auxiliares e dos juízos que lhes forem
das partes, dispondo sobre a vinculados, bem como a fixação do
competência e o funcionamento dos subsídio de seus membros e dos juízes,
respectivos órgãos jurisdicionais e inclusive dos tribunais inferiores, onde
administrativos; houver; (Redação dada pela Emenda
b) organizar suas secretarias e serviços Constitucional nº 41, 19.12.2003)
auxiliares e os dos juízos que lhes forem c) a criação ou extinção dos tribunais
vinculados, velando pelo exercício da inferiores;
atividade correicional respectiva; d) a alteração da organização e da
c) prover, na forma prevista nesta divisão judiciárias;
Constituição, os cargos de juiz de
carreira da respectiva jurisdição; III - aos Tribunais de Justiça julgar os
d) propor a criação de novas varas juízes estaduais e do Distrito Federal e
judiciárias; Territórios, bem como os membros do
e) prover, por concurso público Ministério Público, nos crimes comuns
de provas, ou de provas e títulos, e de responsabilidade, ressalvada a
obedecido o disposto no art. 169, competência da Justiça Eleitoral.
parágrafo único, os cargos necessários
à administração da Justiça, exceto os Art. 97. Somente pelo voto da maioria
de confiança assim definidos em lei; absoluta de seus membros ou
f) conceder licença, férias e outros dos membros do respectivo órgão
afastamentos a seus membros e aos especial poderão os tribunais declarar
juízes e servidores que lhes forem a inconstitucionalidade de lei ou ato
imediatamente vinculados; normativo do Poder Público. (Vide
Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos

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Art. 98. A União, no Distrito Federal e específicas da Justiça. (Incluído
nos Territórios, e os Estados criarão: pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)
I - juizados especiais, providos por
juízes togados, ou togados e leigos, Art. 99. Ao Poder Judiciário é
competentes para a conciliação, o assegurada autonomia administrativa
julgamento e a execução de causas e financeira.
cíveis de menor complexidade e
infrações penais de menor potencial § 1º Os tribunais elaborarão suas
ofensivo, mediante os procedimentos propostas orçamentárias dentro dos
oral e sumaríssimo , permitidos, nas limites estipulados conjuntamente
hipóteses previstas em lei, a transação com os demais Poderes na lei de
e o julgamento de recursos por turmas diretrizes orçamentárias.
de juízes de primeiro grau;
II - justiça de paz, remunerada, § 2º O encaminhamento da
composta de cidadãos eleitos pelo proposta, ouvidos os outros tribunais
voto direto, universal e secreto, interessados, compete:
com mandato de quatro anos e
competência para, na forma da lei, I - no âmbito da União, aos Presidentes
celebrar casamentos, verificar, de do Supremo Tribunal Federal e dos
ofício ou em face de impugnação Tribunais Superiores, com a aprovação
apresentada, o processo de habilitação dos respectivos tribunais;
e exercer atribuições conciliatórias, II - no âmbito dos Estados e no do
sem caráter jurisdicional, além de Distrito Federal e Territórios, aos
outras previstas na legislação. Presidentes dos Tribunais de Justiça,
com a aprovação dos respectivos
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação tribunais.
de juizados especiais no âmbito da
Justiça Federal. (Renumerado § 3º Se os órgãos referidos no § 2º
pela Emenda Constitucional nº 45, de não encaminharem as respectivas
2004) (Vide ADIN 3392) propostas orçamentárias dentro do
prazo estabelecido na lei de diretrizes
§ 2º As custas e emolumentos serão orçamentárias, o Poder Executivo
destinados exclusivamente ao custeio considerará, para fins de consolidação
dos serviços afetos às atividades da proposta orçamentária anual, os

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valores aprovados na lei orçamentária pessoas nas dotações orçamentárias
vigente, ajustados de acordo com os e nos créditos adicionais abertos para
limites estipulados na forma do § 1º este fim. (Redação dada pela
deste artigo. (Incluído pela Emenda Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
Constitucional nº 45, de 2004) (Vide Emenda Constitucional nº 62, de
2009) (Vide ADI 4425)
§ 4º Se as propostas orçamentárias
de que trata este artigo forem § 1º Os débitos de natureza
encaminhadas em desacordo com os alimentícia compreendem
limites estipulados na forma do § 1º, o aqueles decorrentes de salários,
Poder Executivo procederá aos ajustes vencimentos, proventos, pensões e
necessários para fins de consolidação suas complementações, benefícios
da proposta orçamentária anual. previdenciários e indenizações por
(Incluído pela Emenda Constitucional morte ou por invalidez, fundadas em
nº 45, de 2004) responsabilidade civil, em virtude
de sentença judicial transitada em
§ 5º Durante a execução orçamentária julgado, e serão pagos com preferência
do exercício, não poderá haver a sobre todos os demais débitos, exceto
realização de despesas ou a assunção sobre aqueles referidos no § 2º deste
de obrigações que extrapolem artigo. (Redação dada pela Emenda
os limites estabelecidos na lei de Constitucional nº 62, de 2009).
diretrizes orçamentárias, exceto se
previamente autorizadas, mediante a § 2º Os débitos de natureza alimentícia
abertura de créditos suplementares cujos titulares, originários ou por
ou especiais. (Incluído pela Emenda sucessão hereditária, tenham 60
Constitucional nº 45, de 2004) (sessenta) anos de idade, ou sejam
portadores de doença grave, ou
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas pessoas com deficiência, assim
Fazendas Públicas Federal, Estaduais, definidos na forma da lei, serão pagos
Distrital e Municipais, em virtude com preferência sobre todos os
de sentença judiciária, far-se-ão demais débitos, até o valor equivalente
exclusivamente na ordem cronológica ao triplo fixado em lei para os fins do
de apresentação dos precatórios disposto no § 3º deste artigo, admitido
e à conta dos créditos respectivos, o fracionamento para essa finalidade,
proibida a designação de casos ou de sendo que o restante será pago na

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ordem cronológica de apresentação valores atualizados monetariamente.
do precatório. (Redação dada pela (Redação dada pela Emenda
Emenda Constitucional nº 94, de 2016) Constitucional nº 62, de 2009).

§ 3º O disposto no caput deste § 6º As dotações orçamentárias e os


artigo relativamente à expedição créditos abertos serão consignados
de precatórios não se aplica aos diretamente ao Poder Judiciário,
pagamentos de obrigações definidas cabendo ao Presidente do Tribunal
em leis como de pequeno valor que que proferir a decisão exequenda
as Fazendas referidas devam fazer em determinar o pagamento integral e
virtude de sentença judicial transitada autorizar, a requerimento do credor
em julgado. (Redação dada e exclusivamente para os casos
pela Emenda Constitucional nº 62, de de preterimento de seu direito de
2009). precedência ou de não alocação
orçamentária do valor necessário à
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, satisfação do seu débito, o sequestro
poderão ser fixados, por leis próprias, da quantia respectiva. (Redação
valores distintos às entidades de dada pela Emenda Constitucional nº
direito público, segundo as diferentes 62, de 2009).
capacidades econômicas, sendo
o mínimo igual ao valor do maior § 7º O Presidente do Tribunal
benefício do regime geral de competente que, por ato comissivo
previdência social. (Redação dada ou omissivo, retardar ou tentar
pela Emenda Constitucional nº 62, de frustrar a liquidação regular de
2009). precatórios incorrerá em crime de
responsabilidade e responderá,
§ 5º É obrigatória a inclusão, no também, perante o Conselho Nacional
orçamento das entidades de direito de Justiça. (Incluído pela Emenda
público, de verba necessária ao Constitucional nº 62, de 2009).
pagamento de seus débitos, oriundos
de sentenças transitadas em julgado, § 8º É vedada a expedição de
constantes de precatórios judiciários precatórios complementares ou
apresentados até 1º de julho, fazendo- suplementares de valor pago, bem
se o pagamento até o final do como o fracionamento, repartição
exercício seguinte, quando terão seus ou quebra do valor da execução para

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fins de enquadramento de parcela do créditos em precatórios para compra
total ao que dispõe o § 3º deste artigo. de imóveis públicos do respectivo
(Incluído pela Emenda Constitucional ente federado. (Incluído pela Emenda
nº 62, de 2009). Constitucional nº 62, de 2009).

§ 9º No momento da expedição dos § 12. A partir da promulgação


precatórios, independentemente de desta Emenda Constitucional, a
regulamentação, deles deverá ser atualização de valores de requisitórios,
abatido, a título de compensação, valor após sua expedição, até o efetivo
correspondente aos débitos líquidos e pagamento, independentemente de
certos, inscritos ou não em dívida ativa sua natureza, será feita pelo índice
e constituídos contra o credor original oficial de remuneração básica da
pela Fazenda Pública devedora, caderneta de poupança, e, para fins
incluídas parcelas vincendas de de compensação da mora, incidirão
parcelamentos, ressalvados aqueles juros simples no mesmo percentual
cuja execução esteja suspensa em de juros incidentes sobre a caderneta
virtude de contestação administrativa de poupança, ficando excluída a
ou judicial. (Incluído pela Emenda incidência de juros compensatórios.
Constitucional nº 62, de 2009). (Vide (Incluído pela Emenda Constitucional
ADI 4425) nº 62, de 2009). (Vide ADI 4425)

§ 10. Antes da expedição dos preca- § 13. O credor poderá ceder, total
tórios, o Tribunal solicitará à Fazenda ou parcialmente, seus créditos
Pública devedora, para resposta em em precatórios a terceiros,
até 30 (trinta) dias, sob pena de perda independentemente da concordância
do direito de abatimento, informação do devedor, não se aplicando ao
sobre os débitos que preencham cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º.
as condições estabelecidas no § 9º, (Incluído pela Emenda Constitucional
para os fins nele previstos. (Incluído nº 62, de 2009).
pela Emenda Constitucional nº 62, de
2009). (Vide ADI 4425) § 14. A cessão de precatórios somente
produzirá efeitos após comunicação,
§ 11. É facultada ao credor, conforme por meio de petição protocolizada,
estabelecido em lei da entidade ao tribunal de origem e à entidade
federativa devedora, a entrega de devedora. (Incluído pela Emenda

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Constitucional nº 62, de 2009). agropecuárias, de contribuições
e de serviços, de transferências
§ 15. Sem prejuízo do disposto correntes e outras receitas correntes,
neste artigo, lei complementar a incluindo as oriundas do § 1º do
esta Constituição Federal poderá art. 20 da Constituição Federal,
estabelecer regime especial para verificado no período compreendido
pagamento de crédito de precatórios de pelo segundo mês imediatamente
Estados, Distrito Federal e Municípios, anterior ao de referência e os 11 (onze)
dispondo sobre vinculações à receita meses precedentes, excluídas as
corrente líquida e forma e prazo de duplicidades, e deduzidas: (Incluído
liquidação. (Incluído pela Emenda pela Emenda Constitucional nº 94, de
Constitucional nº 62, de 2009). 2016)

§ 16. A seu critério exclusivo e na I - na União, as parcelas entregues


forma de lei, a União poderá assumir aos Estados, ao Distrito Federal e
débitos, oriundos de precatórios, de aos Municípios por determinação
Estados, Distrito Federal e Municípios, constitucional; (Incluído pela
refinanciando-os diretamente. Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
(Incluído pela Emenda Constitucional II - nos Estados, as parcelas entregues
nº 62, de 2009). aos Municípios por determinação
constitucional; (Incluído pela
§ 17. A União, os Estados, o Distrito Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
Federal e os Municípios aferirão III - na União, nos Estados, no Distrito
mensalmente, em base anual, Federal e nos Municípios, a contribuição
o comprometimento de suas dos servidores para custeio de seu
respectivas receitas correntes líquidas sistema de previdência e assistência
com o pagamento de precatórios social e as receitas provenientes da
e obrigações de pequeno valor. compensação financeira referida no §
(Incluído pela Emenda Constitucional 9º do art. 201 da Constituição Federal.
nº 94, de 2016) (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 94, de 2016)
§ 18. Entende-se como receita
corrente líquida, para os fins de que § 19. Caso o montante total de débitos
trata o § 17, o somatório das receitas decorrentes de condenações judiciais
tributárias, patrimoniais, industriais, em precatórios e obrigações de

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pequeno valor, em período de 12 observados os requisitos definidos na
(doze) meses, ultrapasse a média do regulamentação editada pelo ente
comprometimento percentual da federado. (Incluído pela Emenda
receita corrente líquida nos 5 (cinco) Constitucional nº 94, de 2016)
anos imediatamente anteriores, a
parcela que exceder esse percentual CAPÍTULO IV
poderá ser financiada, excetuada DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À
dos limites de endividamento de que JUSTIÇA
(Redação dada pela Emenda Constitucional
tratam os incisos VI e VII do art. 52 da nº 80, de 2014)
Constituição Federal e de quaisquer SEÇÃO I
outros limites de endividamento DO MINISTÉRIO PÚBLICO
previstos, não se aplicando a esse
financiamento a vedação de Art. 127. O Ministério Público é
vinculação de receita prevista no instituição permanente, essencial
inciso IV do art. 167 da Constituição à função jurisdicional do Estado,
Federal. (Incluído pela Emenda incumbindo-lhe a defesa da ordem
Constitucional nº 94, de 2016) jurídica, do regime democrático e
dos interesses sociais e individuais
§ 20. Caso haja precatório com indisponíveis.
valor superior a 15% (quinze por
cento) do montante dos precatórios § 1º - São princípios institucionais
apresentados nos termos do § 5º do Ministério Público a unidade, a
deste artigo, 15% (quinze por cento) indivisibilidade e a independência
do valor deste precatório serão pagos funcional.
até o final do exercício seguinte e o
restante em parcelas iguais nos cinco § 2º Ao Ministério Público é assegurada
exercícios subsequentes, acrescidas autonomia funcional e administrativa,
de juros de mora e correção monetária, podendo, observado o disposto no
ou mediante acordos diretos, perante art. 169, propor ao Poder Legislativo
Juízos Auxiliares de Conciliação de a criação e extinção de seus cargos
Precatórios, com redução máxima e serviços auxiliares, provendo-
de 40% (quarenta por cento) do valor os por concurso público de provas
do crédito atualizado, desde que ou de provas e títulos, a política
em relação ao crédito não penda remuneratória e os planos de carreira;
recurso ou defesa judicial e que sejam

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a lei disporá sobre sua organização e realização de despesas ou a assunção
funcionamento. (Redação dada de obrigações que extrapolem os
pela Emenda Constitucional nº 19, de limites estabelecidos na lei de diretrizes
1998) orçamentárias, exceto se previamente
autorizadas, mediante a abertura de
§ 3º O Ministério Público elaborará créditos suplementares ou especiais.
sua proposta orçamentária dentro (Incluído pela Emenda Constitucional
dos limites estabelecidos na lei de nº 45, de 2004)
diretrizes orçamentárias.
Art. 128. O Ministério Público abrange:
§ 4º Se o Ministério Público não
encaminhar a respectiva proposta I - o Ministério Público da União, que
orçamentária dentro do prazo compreende:
estabelecido na lei de diretrizes
orçamentárias, o Poder Executivo a) o Ministério Público Federal;
considerará, para fins de consolidação b) o Ministério Público do Trabalho;
da proposta orçamentária anual, os c) o Ministério Público Militar;
valores aprovados na lei orçamentária d) o Ministério Público do Distrito
vigente, ajustados de acordo com os Federal e Territórios;
limites estipulados na forma do § 3º.
(Incluído pela Emenda Constitucional II - os Ministérios Públicos dos Estados.
nº 45, de 2004)
§ 1º O Ministério Público da União
§ 5º Se a proposta orçamentária de que tem por chefe o Procurador-Geral da
trata este artigo for encaminhada em República, nomeado pelo Presidente
desacordo com os limites estipulados da República dentre integrantes da
na forma do § 3º, o Poder Executivo carreira, maiores de trinta e cinco
procederá aos ajustes necessários anos, após a aprovação de seu nome
para fins de consolidação da proposta pela maioria absoluta dos membros
orçamentária anual. (Incluído do Senado Federal, para mandato de
pela Emenda Constitucional nº 45, de dois anos, permitida a recondução.
2004)
§ 2º A destituição do Procurador-
§ 6º Durante a execução orçamentária Geral da República, por iniciativa do
do exercício, não poderá haver a Presidente da República, deverá ser

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precedida de autorização da maioria b) inamovibilidade, salvo por motivo
absoluta do Senado Federal. de interesse público, mediante decisão
do órgão colegiado competente
§ 3º Os Ministérios Públicos dos do Ministério Público, pelo voto da
Estados e o do Distrito Federal e maioria absoluta de seus membros,
Territórios formarão lista tríplice dentre assegurada ampla defesa; (Redação
integrantes da carreira, na forma da dada pela Emenda Constitucional nº
lei respectiva, para escolha de seu 45, de 2004)
Procurador-Geral, que será nomeado c) irredutibilidade de subsídio, fixado
pelo Chefe do Poder Executivo, para na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o
mandato de dois anos, permitida uma disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153,
recondução. III, 153, § 2º, I; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 4º Os Procuradores-Gerais nos
Estados e no Distrito Federal e II - as seguintes vedações:
Territórios poderão ser destituídos
por deliberação da maioria absoluta a) receber, a qualquer título e sob
do Poder Legislativo, na forma da lei qualquer pretexto, honorários,
complementar respectiva. percentagens ou custas processuais;
b) exercer a advocacia;
§ 5º Leis complementares da União e c) participar de sociedade comercial,
dos Estados, cuja iniciativa é facultada na forma da lei;
aos respectivos Procuradores-Gerais, d) exercer, ainda que em
estabelecerão a organização, as disponibilidade, qualquer outra função
atribuições e o estatuto de cada pública, salvo uma de magistério;
Ministério Público, observadas, e) exercer atividade político-partidária;
relativamente a seus membros: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
I - as seguintes garantias: f) receber, a qualquer título ou
pretexto, auxílios ou contribuições de
a) vitaliciedade, após dois anos de pessoas físicas, entidades públicas
exercício, não podendo perder o cargo ou privadas, ressalvadas as exceções
senão por sentença judicial transitada previstas em lei. (Incluída pela Emenda
em julgado; Constitucional nº 45, de 2004)

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§ 6º Aplica-se aos membros do VII - exercer o controle externo da
Ministério Público o disposto no art. atividade policial, na forma da lei
95, parágrafo único, V. (Incluído complementar mencionada no artigo
pela Emenda Constitucional nº 45, de anterior;
2004) VIII - requisitar diligências
investigatórias e a instauração
Art. 129. São funções institucionais do de inquérito policial, indicados os
Ministério Público: fundamentos jurídicos de suas
manifestações processuais;
I - promover, privativamente, a ação IX - exercer outras funções que
penal pública, na forma da lei; lhe forem conferidas, desde que
II - zelar pelo efetivo respeito dos compatíveis com sua finalidade,
Poderes Públicos e dos serviços sendo-lhe vedada a representação
de relevância pública aos direitos judicial e a consultoria jurídica de
assegurados nesta Constituição, entidades públicas.
promovendo as medidas necessárias
a sua garantia; § 1º - A legitimação do Ministério
III - promover o inquérito civil e a Público para as ações civis previstas
ação civil pública, para a proteção neste artigo não impede a de terceiros,
do patrimônio público e social, do nas mesmas hipóteses, segundo o
meio ambiente e de outros interesses disposto nesta Constituição e na lei.
difusos e coletivos;
IV - promover a ação de § 2º As funções do Ministério Público só
inconstitucionalidade ou podem ser exercidas por integrantes
representação para fins de intervenção da carreira, que deverão residir na
da União e dos Estados, nos casos comarca da respectiva lotação, salvo
previstos nesta Constituição; autorização do chefe da instituição.
V - defender judicialmente os direitos (Redação dada pela Emenda
e interesses das populações indígenas; Constitucional nº 45, de 2004)
VI - expedir notificações nos
procedimentos administrativos § 3º O ingresso na carreira do Ministério
de sua competência, requisitando Público far-se-á mediante concurso
informações e documentos público de provas e títulos, assegurada
para instruí-los, na forma da lei a participação da Ordem dos
complementar respectiva; Advogados do Brasil em sua realização,

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exigindo-se do bacharel em direito, no que o preside; (Incluído pela Emenda
mínimo, três anos de atividade jurídica Constitucional nº 45, de 2004)
e observando-se, nas nomeações, a II quatro membros do Ministério
ordem de classificação. (Redação Público da União, assegurada a
dada pela Emenda Constitucional nº representação de cada uma de suas
45, de 2004) carreiras; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, III três membros do Ministério Público
no que couber, o disposto no art. dos Estados; (Incluído pela Emenda
93. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Constitucional nº 45, de 2004) IV dois juízes, indicados um pelo
Supremo Tribunal Federal e outro pelo
§ 5º A distribuição de processos no Superior Tribunal de Justiça; (Incluído
Ministério Público será imediata. pela Emenda Constitucional nº 45, de
(Incluído pela Emenda Constitucional 2004)
nº 45, de 2004) V dois advogados, indicados pelo
Conselho Federal da Ordem dos
Art. 130. Aos membros do Ministério Advogados do Brasil; (Incluído pela
Público junto aos Tribunais de Contas Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
aplicam-se as disposições desta seção VI dois cidadãos de notável saber
pertinentes a direitos, vedações e jurídico e reputação ilibada, indicados
forma de investidura. um pela Câmara dos Deputados e
outro pelo Senado Federal. (Incluído
Art. 130-A. O Conselho Nacional do pela Emenda Constitucional nº 45, de
Ministério Público compõe-se de 2004)
quatorze membros nomeados pelo
Presidente da República, depois § 1º Os membros do Conselho oriundos
de aprovada a escolha pela maioria do Ministério Público serão indicados
absoluta do Senado Federal, para pelos respectivos Ministérios Públicos,
um mandato de dois anos, admitida na forma da lei. (Incluído pela Emenda
uma recondução, sendo: (Incluído Constitucional nº 45, de 2004)
pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004) § 2º Compete ao Conselho Nacional
do Ministério Público o controle da
I o Procurador-Geral da República, atuação administrativa e financeira do

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Ministério Público e do cumprimento a disponibilidade e aplicar outras
dos deveres funcionais de seus sanções administrativas, assegurada
membros, cabendo lhe: (Incluído ampla defesa; (Redação dada pela
pela Emenda Constitucional nº 45, de Emenda Constitucional nº 103, de
2004) 2019)
IV rever, de ofício ou mediante
I zelar pela autonomia funcional e provocação, os processos disciplinares
administrativa do Ministério Público, de membros do Ministério Público
podendo expedir atos regulamentares, da União ou dos Estados julgados há
no âmbito de sua competência, ou menos de um ano; (Incluído pela
recomendar providências; (Incluído Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
pela Emenda Constitucional nº 45, de V elaborar relatório anual, propondo
2004) as providências que julgar necessárias
II zelar pela observância do art. 37 sobre a situação do Ministério Público
e apreciar, de ofício ou mediante no País e as atividades do Conselho,
provocação, a legalidade dos atos o qual deve integrar a mensagem
administrativos praticados por prevista no art. 84, XI. (Incluído pela
membros ou órgãos do Ministério Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Público da União e dos Estados,
podendo desconstituí-los, revê-los § 3º O Conselho escolherá, em votação
ou fixar prazo para que se adotem secreta, um Corregedor nacional,
as providências necessárias ao exato dentre os membros do Ministério
cumprimento da lei, sem prejuízo da Público que o integram, vedada
competência dos Tribunais de Contas; a recondução, competindo-lhe,
(Incluído pela Emenda Constitucional além das atribuições que lhe forem
nº 45, de 2004) conferidas pela lei, as seguintes:
III - receber e conhecer das (Incluído pela Emenda Constitucional
reclamações contra membros ou nº 45, de 2004)
órgãos do Ministério Público da
União ou dos Estados, inclusive I receber reclamações e denúncias,
contra seus serviços auxiliares, sem de qualquer interessado, relativas aos
prejuízo da competência disciplinar membros do Ministério Público e dos
e correicional da instituição, podendo seus serviços auxiliares; (Incluído
avocar processos disciplinares em pela Emenda Constitucional nº 45, de
curso, determinar a remoção ou 2004)

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II exercer funções executivas do é a instituição que, diretamente ou
Conselho, de inspeção e correição através de órgão vinculado, representa
geral; (Incluído pela Emenda a União, judicial e extrajudicialmente,
Constitucional nº 45, de 2004) cabendo-lhe, nos termos da lei
III requisitar e designar membros do complementar que dispuser sobre
Ministério Público, delegando-lhes sua organização e funcionamento,
atribuições, e requisitar servidores as atividades de consultoria e
de órgãos do Ministério Público. assessoramento jurídico do Poder
(Incluído pela Emenda Constitucional Executivo.
nº 45, de 2004)
§ 1º - A Advocacia-Geral da União tem
§ 4º O Presidente do Conselho Federal por chefe o Advogado-Geral da União,
da Ordem dos Advogados do Brasil de livre nomeação pelo Presidente da
oficiará junto ao Conselho. (Incluído República dentre cidadãos maiores de
pela Emenda Constitucional nº 45, de trinta e cinco anos, de notável saber
2004) jurídico e reputação ilibada.

§ 5º Leis da União e dos Estados § 2º - O ingresso nas classes iniciais das


criarão ouvidorias do Ministério carreiras da instituição de que trata
Público, competentes para receber este artigo far-se-á mediante concurso
reclamações e denúncias de qualquer público de provas e títulos.
interessado contra membros ou
órgãos do Ministério Público, inclusive § 3º - Na execução da dívida ativa de
contra seus serviços auxiliares, natureza tributária, a representação
representando diretamente ao da União cabe à Procuradoria-Geral
Conselho Nacional do Ministério da Fazenda Nacional, observado o
Público. (Incluído pela Emenda disposto em lei.
Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 132. Os Procuradores dos Estados
SEÇÃO II e do Distrito Federal, organizados em
DA ADVOCACIA PÚBLICA carreira, na qual o ingresso dependerá
(Redação dada pela Emenda Constitucional de concurso público de provas e
nº 19, de 1998) títulos, com a participação da Ordem
dos Advogados do Brasil em todas as
Art. 131. A Advocacia-Geral da União suas fases, exercerão a representação

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judicial e a consultoria jurídica das instrumento do regime democrático,
respectivas unidades federadas. fundamentalmente, a orientação
(Redação dada pela Emenda jurídica, a promoção dos direitos
Constitucional nº 19, de 1998) humanos e a defesa, em todos os graus,
judicial e extrajudicial, dos direitos
Parágrafo único. Aos procuradores individuais e coletivos, de forma
referidos neste artigo é assegurada integral e gratuita, aos necessitados,
estabilidade após três anos na forma do inciso LXXIV do art. 5º
de efetivo exercício, mediante desta Constituição Federal . (Redação
avaliação de desempenho perante dada pela Emenda Constitucional nº
os órgãos próprios, após relatório 80, de 2014)
circunstanciado das corregedorias.
(Incluído pela Emenda Constitucional § 1º Lei complementar organizará
nº 19, de 1998) a Defensoria Pública da União e do
Distrito Federal e dos Territórios e
SEÇÃO III prescreverá normas gerais para sua
DA ADVOCACIA organização nos Estados, em cargos
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº de carreira, providos, na classe inicial,
80, de 2014) mediante concurso público de provas
e títulos, assegurada a seus integrantes
Art. 133. O advogado é indispensável a garantia da inamovibilidade e
à administração da justiça, sendo vedado o exercício da advocacia
inviolável por seus atos e manifestações fora das atribuições institucionais.
no exercício da profissão, nos limites (Renumerado do parágrafo único
da lei. pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)
SEÇÃO IV
DA DEFENSORIA PÚBLICA § 2º Às Defensorias Públicas Estaduais
(Redação dada pela Emenda Constitucional são asseguradas autonomia funcional
nº 80, de 2014) e administrativa e a iniciativa de sua
proposta orçamentária dentro dos
Art. 134. A Defensoria Pública é limites estabelecidos na lei de diretrizes
instituição permanente, essencial orçamentárias e subordinação ao
à função jurisdicional do Estado, disposto no art. 99, § 2º . (Incluído
incumbindo-lhe, como expressão e pela Emenda Constitucional nº 45, de

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2004) Nacional, decretar estado de defesa
para preservar ou prontamente
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às restabelecer, em locais restritos e
Defensorias Públicas da União e determinados, a ordem pública ou
do Distrito Federal. (Incluído pela a paz social ameaçadas por grave e
Emenda Constitucional nº 74, de 2013) iminente instabilidade institucional ou
atingidas por calamidades de grandes
§ 4º São princípios institucionais proporções na natureza.
da Defensoria Pública a unidade, a
indivisibilidade e a independência § 1º O decreto que instituir o estado de
funcional, aplicando-se também, no defesa determinará o tempo de sua
que couber, o disposto no art. 93 e no duração, especificará as áreas a serem
inciso II do art. 96 desta Constituição abrangidas e indicará, nos termos e
Federal. (Incluído pela Emenda limites da lei, as medidas coercitivas a
Constitucional nº 80, de 2014) vigorarem, dentre as seguintes:

Art. 135. Os servidores integrantes das I - restrições aos direitos de:


carreiras disciplinadas nas Seções II e
III deste Capítulo serão remunerados a) reunião, ainda que exercida no seio
na forma do art. 39, § 4º. (Redação das associações;
dada pela Emenda Constitucional nº b) sigilo de correspondência;
19, de 1998) c) sigilo de comunicação telegráfica e
telefônica;
TÍTULO V
DA DEFESA DO ESTADO E DAS II - ocupação e uso temporário de
INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS bens e serviços públicos, na hipótese
CAPÍTULO I de calamidade pública, respondendo
DO ESTADO DE DEFESA E DO a União pelos danos e custos
ESTADO DE SÍTIO decorrentes.
SEÇÃO I
DO ESTADO DE DEFESA § 2º O tempo de duração do estado de
defesa não será superior a trinta dias,
Art. 136. O Presidente da República podendo ser prorrogado uma vez, por
pode, ouvidos o Conselho da igual período, se persistirem as razões
República e o Conselho de Defesa que justificaram a sua decretação.

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§ 3º Na vigência do estado de defesa: de seu recebimento, devendo
continuar funcionando enquanto
I - a prisão por crime contra o Estado, vigorar o estado de defesa.
determinada pelo executor da
medida, será por este comunicada § 7º Rejeitado o decreto, cessa
imediatamente ao juiz competente, imediatamente o estado de defesa.
que a relaxará, se não for legal,
facultado ao preso requerer exame de SEÇÃO II
corpo de delito à autoridade policial; DO ESTADO DE SÍTIO
II - a comunicação será acompanhada
de declaração, pela autoridade, do Art. 137. O Presidente da República
estado físico e mental do detido no pode, ouvidos o Conselho da República
momento de sua autuação; e o Conselho de Defesa Nacional,
III - a prisão ou detenção de qualquer solicitar ao Congresso Nacional
pessoa não poderá ser superior a dez autorização para decretar o estado de
dias, salvo quando autorizada pelo sítio nos casos de:
Poder Judiciário;
IV - é vedada a incomunicabilidade do I - comoção grave de repercussão
preso. nacional ou ocorrência de fatos que
comprovem a ineficácia de medida
§ 4º Decretado o estado de defesa tomada durante o estado de defesa;
ou sua prorrogação, o Presidente II - declaração de estado de guerra
da República, dentro de vinte e ou resposta a agressão armada
quatro horas, submeterá o ato com a estrangeira.
respectiva justificação ao Congresso
Nacional, que decidirá por maioria Parágrafo único. O Presidente da
absoluta. República, ao solicitar autorização
para decretar o estado de sítio ou
§ 5º Se o Congresso Nacional sua prorrogação, relatará os motivos
estiver em recesso, será convocado, determinantes do pedido, devendo
extraordinariamente, no prazo de o Congresso Nacional decidir por
cinco dias. maioria absoluta.

§ 6º O Congresso Nacional apreciará o Art. 138. O decreto do estado de sítio


decreto dentro de dez dias contados indicará sua duração, as normas

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necessárias a sua execução e as II - detenção em edifício não destinado
garantias constitucionais que ficarão a acusados ou condenados por crimes
suspensas, e, depois de publicado, o comuns;
Presidente da República designará o III - restrições relativas à inviolabilidade
executor das medidas específicas e as da correspondência, ao sigilo das
áreas abrangidas. comunicações, à prestação de
informações e à liberdade de imprensa,
§ 1º O estado de sítio, no caso do art. radiodifusão e televisão, na forma da
137, I, não poderá ser decretado por lei;
mais de trinta dias, nem prorrogado, IV - suspensão da liberdade de reunião;
de cada vez, por prazo superior; no V - busca e apreensão em domicílio;
do inciso II, poderá ser decretado por VI - intervenção nas empresas de
todo o tempo que perdurar a guerra serviços públicos;
ou a agressão armada estrangeira. VII - requisição de bens.

§ 2º Solicitada autorização para Parágrafo único. Não se inclui nas


decretar o estado de sítio durante o restrições do inciso III a difusão de
recesso parlamentar, o Presidente pronunciamentos de parlamentares
do Senado Federal, de imediato, efetuados em suas Casas Legislativas,
convocará extraordinariamente o desde que liberada pela respectiva
Congresso Nacional para se reunir Mesa.
dentro de cinco dias, a fim de apreciar
o ato. SEÇÃO III
DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 3º O Congresso Nacional
permanecerá em funcionamento até Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional,
o término das medidas coercitivas. ouvidos os líderes partidários,
designará Comissão composta
Art. 139. Na vigência do estado de sítio de cinco de seus membros para
decretado com fundamento no art. acompanhar e fiscalizar a execução
137, I, só poderão ser tomadas contra das medidas referentes ao estado de
as pessoas as seguintes medidas: defesa e ao estado de sítio.

I - obrigação de permanência em Art. 141. Cessado o estado de defesa


localidade determinada; ou o estado de sítio, cessarão

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também seus efeitos, sem prejuízo § 2º Não caberá habeas corpus em
da responsabilidade pelos ilícitos relação a punições disciplinares
cometidos por seus executores ou militares.
agentes.
§ 3º Os membros das Forças Armadas
Parágrafo único. Logo que cesse são denominados militares, aplicando-
o estado de defesa ou o estado se-lhes, além das que vierem a ser
de sítio, as medidas aplicadas fixadas em lei, as seguintes disposições:
em sua vigência serão relatadas (Incluído pela Emenda Constitucional
pelo Presidente da República, em nº 18, de 1998)
mensagem ao Congresso Nacional,
com especificação e justificação das I - as patentes, com prerrogativas,
providências adotadas, com relação direitos e deveres a elas inerentes,
nominal dos atingidos e indicação das são conferidas pelo Presidente da
restrições aplicadas. República e asseguradas em plenitude
aos oficiais da ativa, da reserva ou
CAPÍTULO II reformados, sendo-lhes privativos os
DAS FORÇAS ARMADAS títulos e postos militares e, juntamente
com os demais membros, o uso
Art. 142. As Forças Armadas, dos uniformes das Forças Armadas;
constituídas pela Marinha, pelo (Incluído pela Emenda Constitucional
Exército e pela Aeronáutica, são nº 18, de 1998)
instituições nacionais permanentes II - o militar em atividade que tomar
e regulares, organizadas com base posse em cargo ou emprego público
na hierarquia e na disciplina, sob a civil permanente, ressalvada a
autoridade suprema do Presidente hipótese prevista no art. 37, inciso
da República, e destinam-se à defesa XVI, alínea "c", será transferido para a
da Pátria, à garantia dos poderes reserva, nos termos da lei; (Redação
constitucionais e, por iniciativa de dada pela Emenda Constitucional nº
qualquer destes, da lei e da ordem. 77, de 2014)
III - o militar da ativa que, de acordo
§ 1º Lei complementar estabelecerá as com a lei, tomar posse em cargo,
normas gerais a serem adotadas na emprego ou função pública civil
organização, no preparo e no emprego temporária, não eletiva, ainda que da
das Forças Armadas. administração indireta, ressalvada

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a hipótese prevista no art. 37, inciso VIII - aplica-se aos militares o disposto
XVI, alínea "c", ficará agregado ao no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX
respectivo quadro e somente poderá, e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e
enquanto permanecer nessa situação, XV, bem como, na forma da lei e com
ser promovido por antiguidade, prevalência da atividade militar, no
contando-se-lhe o tempo de serviço art. 37, inciso XVI, alínea "c"; (Redação
apenas para aquela promoção e dada pela Emenda Constitucional nº
transferência para a reserva, sendo 77, de 2014)
depois de dois anos de afastamento, X - a lei disporá sobre o ingresso nas
contínuos ou não, transferido para a Forças Armadas, os limites de idade,
reserva, nos termos da lei; (Redação a estabilidade e outras condições
dada pela Emenda Constitucional nº de transferência do militar para a
77, de 2014) inatividade, os direitos, os deveres, a
IV - ao militar são proibidas a remuneração, as prerrogativas e outras
sindicalização e a greve; (Incluído pela situações especiais dos militares,
Emenda Constitucional nº 18, de 1998) consideradas as peculiaridades de
V - o militar, enquanto em serviço suas atividades, inclusive aquelas
ativo, não pode estar filiado a partidos cumpridas por força de compromissos
políticos; (Incluído pela Emenda internacionais e de guerra. (Incluído
Constitucional nº 18, de 1998) pela Emenda Constitucional nº 18, de
VI - o oficial só perderá o posto e a 1998)
patente se for julgado indigno do
oficialato ou com ele incompatível, por Art. 143. O serviço militar é obrigatório
decisão de tribunal militar de caráter nos termos da lei.
permanente, em tempo de paz, ou de
tribunal especial, em tempo de guerra; § 1º Às Forças Armadas compete,
(Incluído pela Emenda Constitucional na forma da lei, atribuir serviço
nº 18, de 1998) alternativo aos que, em tempo de paz,
VII - o oficial condenado na justiça após alistados, alegarem imperativo
comum ou militar a pena privativa de consciência, entendendo-se como
de liberdade superior a dois anos, por tal o decorrente de crença religiosa
sentença transitada em julgado, será e de convicção filosófica ou política,
submetido ao julgamento previsto para se eximirem de atividades
no inciso anterior; (Incluído pela de caráter essencialmente militar.
Emenda Constitucional nº 18, de 1998) (Regulamento)

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§ 2º - As mulheres e os eclesiásticos a ordem política e social ou em
ficam isentos do serviço militar detrimento de bens, serviços e
obrigatório em tempo de paz, sujeitos, interesses da União ou de suas
porém, a outros encargos que a lei entidades autárquicas e empresas
lhes atribuir. (Regulamento) públicas, assim como outras infrações
cuja prática tenha repercussão
CAPÍTULO III interestadual ou internacional e exija
DA SEGURANÇA PÚBLICA repressão uniforme, segundo se
dispuser em lei;
Art. 144. A segurança pública, dever do II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito
Estado, direito e responsabilidade de de entorpecentes e drogas afins, o
todos, é exercida para a preservação contrabando e o descaminho, sem
da ordem pública e da incolumidade prejuízo da ação fazendária e de outros
das pessoas e do patrimônio, através órgãos públicos nas respectivas áreas
dos seguintes órgãos: de competência;
III - exercer as funções de polícia
I - polícia federal; marítima, aeroportuária e de
II - polícia rodoviária federal; fronteiras; (Redação dada pela
III - polícia ferroviária federal; Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
IV - polícias civis; IV - exercer, com exclusividade, as
V - polícias militares e corpos de funções de polícia judiciária da União.
bombeiros militares.
VI - polícias penais federal, estaduais § 2º A polícia rodoviária federal, órgão
e distrital. (Redação dada pela permanente, organizado e mantido
Emenda Constitucional nº 104, de pela União e estruturado em carreira,
2019) destina-se, na forma da lei, ao
patrulhamento ostensivo das rodovias
§ 1º A polícia federal, instituída por lei federais. (Redação dada pela Emenda
como órgão permanente, organizado Constitucional nº 19, de 1998)
e mantido pela União e estruturado
em carreira, destina-se a: (Redação § 3º A polícia ferroviária federal,
dada pela Emenda Constitucional nº órgão permanente, organizado e
19, de 1998) mantido pela União e estruturado em
carreira, destina-se, na forma da lei, ao
I - apurar infrações penais contra patrulhamento ostensivo das ferrovias

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federais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem,


ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração
de infrações penais, exceto as militares.

§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem


pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em
lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.

§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador do sistema penal da


unidade federativa a que pertencem, cabe a segurança dos estabelecimentos
penais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)

§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e


reserva do Exército subordinam-se, juntamente com as polícias civis e as polícias
penais estaduais e distrital, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e
dos Territórios. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)

§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis


pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.

§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção


de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.

§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados


neste artigo será fixada na forma do § 4º do art. 39. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da


incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 82, de 2014)

I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras


atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade

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urbana eficiente; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito,
estruturados em Carreira, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 82, de 2014).

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DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS
HUMANOS

ADOTADA E PROCLAMADA PELA ASSEMBLEIA GERAL


DAS NAÇÕES UNIDAS (RESOLUÇÃO 217 A III) EM 10 DE
DEZEMBRO 1948.

Preâmbulo

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros


da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da
liberdade, da justiça e da paz no mundo,

Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram


em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da humanidade e que o advento
de um mundo em que mulheres e homens gozem de liberdade de palavra, de
crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado
como a mais alta aspiração do ser humano comum,

Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo


império da lei, para que o ser humano não seja compelido, como último recurso,
à rebelião contra a tirania e a opressão,

Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas


entre as nações,

Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos
direitos fundamentais do ser humano, na dignidade e no valor da pessoa humana
e na igualdade de direitos do homem e da mulher e que decidiram promover o
progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,

Considerando que os Países-Membros se comprometeram a promover, em


cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos e liberdades

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fundamentais do ser humano e a observância desses direitos e liberdades,

Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da


mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,

Agora portanto a Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal


dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e
todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade
tendo sempre em mente esta Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da
educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção
de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu
reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos
próprios Países-Membros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

Artigo 1
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São
dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com
espírito de fraternidade.

Artigo 2
1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades
estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça,
cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional
ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política,
jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se
trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito
a qualquer outra limitação de soberania.

Artigo 3
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de
escravos serão proibidos em todas as suas formas.

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Artigo 5
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano
ou degradante.

Artigo 6
Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como
pessoa perante a lei.

Artigo 7
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção
da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole
a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo 8
Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes
remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam
reconhecidos pela constituição ou pela lei.

Artigo 9
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10
Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência
por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir seus direitos e
deveres ou fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.

Artigo 11
1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido
inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei,
em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias
necessárias à sua defesa.
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento,
não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não
será imposta pena mais forte de que aquela que, no momento da prática, era
aplicável ao ato delituoso.

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Artigo 12 Artigo 16
Ninguém será sujeito à interferência na 1. Os homens e mulheres de maior
sua vida privada, na sua família, no seu idade, sem qualquer restrição de raça,
lar ou na sua correspondência, nem a nacionalidade ou religião, têm o direito
ataque à sua honra e reputação. Todo de contrair matrimônio e fundar uma
ser humano tem direito à proteção família. Gozam de iguais direitos em
da lei contra tais interferências ou relação ao casamento, sua duração e
ataques. sua dissolução.
2. O casamento não será válido senão
Artigo 13 com o livre e pleno consentimento
1. Todo ser humano tem direito à dos nubentes.
liberdade de locomoção e residência 3. A família é o núcleo natural e
dentro das fronteiras de cada Estado. fundamental da sociedade e tem
2. Todo ser humano tem o direito direito à proteção da sociedade e do
de deixar qualquer país, inclusive o Estado.
próprio e a esse regressar.
Artigo 17
Artigo 14 1. Todo ser humano tem direito à
1. Todo ser humano, vítima de propriedade, só ou em sociedade com
perseguição, tem o direito de procurar outros.
e de gozar asilo em outros países. 2. Ninguém será arbitrariamente
2. Esse direito não pode ser invocado em privado de sua propriedade.
caso de perseguição legitimamente
motivada por crimes de direito comum Artigo 18
ou por atos contrários aos objetivos e Todo ser humano tem direito à
princípios das Nações Unidas. liberdade de pensamento, consciência
e religião; esse direito inclui a liberdade
Artigo 15 de mudar de religião ou crença e a
1. Todo ser humano tem direito a uma liberdade de manifestar essa religião
nacionalidade. ou crença pelo ensino, pela prática,
2. Ninguém será arbitrariamente pelo culto em público ou em particular.
privado de sua nacionalidade, nem do
direito de mudar de nacionalidade. Artigo 19
Todo ser humano tem direito à
liberdade de opinião e expressão;

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esse direito inclui a liberdade de, organização e recursos de cada
sem interferência, ter opiniões e Estado, dos direitos econômicos,
de procurar, receber e transmitir sociais e culturais indispensáveis à sua
informações e idéias por quaisquer dignidade e ao livre desenvolvimento
meios e independentemente de da sua personalidade.
fronteiras.
Artigo 23
Artigo 20 1. Todo ser humano tem direito ao
1. Todo ser humano tem direito à trabalho, à livre escolha de emprego,
liberdade de reunião e associação a condições justas e favoráveis
pacífica. de trabalho e à proteção contra o
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer desemprego.
parte de uma associação. 2. Todo ser humano, sem qualquer
distinção, tem direito a igual
Artigo 21 remuneração por igual trabalho.
1. Todo ser humano tem o direito de 3. Todo ser humano que trabalha tem
tomar parte no governo de seu país direito a uma remuneração justa e
diretamente ou por intermédio de satisfatória que lhe assegure, assim
representantes livremente escolhidos. como à sua família, uma existência
2. Todo ser humano tem igual direito compatível com a dignidade humana
de acesso ao serviço público do seu e a que se acrescentarão, se necessário,
país. outros meios de proteção social.
3. A vontade do povo será a base da 4. Todo ser humano tem direito a
autoridade do governo; essa vontade organizar sindicatos e a neles ingressar
será expressa em eleições periódicas para proteção de seus interesses.
e legítimas, por sufrágio universal, por
voto secreto ou processo equivalente Artigo 24
que assegure a liberdade de voto. Todo ser humano tem direito a
repouso e lazer, inclusive a limitação
Artigo 22 razoável das horas de trabalho e a
Todo ser humano, como membro férias remuneradas periódicas.
da sociedade, tem direito à
segurança social, à realização pelo Artigo 25
esforço nacional, pela cooperação 1. Todo ser humano tem direito a um
internacional e de acordo com a padrão de vida capaz de assegurar a

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si e à sua família saúde, bem-estar, paz.
inclusive alimentação, vestuário, 3. Os pais têm prioridade de direito na
habitação, cuidados médicos e os escolha do gênero de instrução que
serviços sociais indispensáveis e direito será ministrada a seus filhos.
à segurança em caso de desemprego,
doença invalidez, viuvez, velhice ou
outros casos de perda dos meios de Artigo 27
subsistência em circunstâncias fora 1. Todo ser humano tem o direito de
de seu controle. participar livremente da vida cultural
2. A maternidade e a infância têm da comunidade, de fruir as artes e de
direito a cuidados e assistência participar do progresso científico e de
especiais. Todas as crianças, nascidas seus benefícios.
dentro ou fora do matrimônio, gozarão 2. Todo ser humano tem direito à
da mesma proteção social. proteção dos interesses morais e
materiais decorrentes de qualquer
Artigo 26 produção científica literária ou
1. Todo ser humano tem direito à artística da qual seja autor.
instrução. A instrução será gratuita,
pelo menos nos graus elementares e Artigo 28
fundamentais. A instrução elementar Todo ser humano tem direito a uma
será obrigatória. A instrução técnico- ordem social e internacional em que
profissional será acessível a todos, os direitos e liberdades estabelecidos
bem como a instrução superior, esta na presente Declaração possam ser
baseada no mérito. plenamente realizados.
2. A instrução será orientada no
sentido do pleno desenvolvimento Artigo 29
da personalidade humana e do 1. Todo ser humano tem deveres
fortalecimento do respeito pelos para com a comunidade, na qual o
direitos do ser humano e pelas livre e pleno desenvolvimento de sua
liberdades fundamentais. A instrução personalidade é possível.
promoverá a compreensão, a 2. No exercício de seus direitos
tolerância e a amizade entre todas as e liberdades, todo ser humano
nações e grupos raciais ou religiosos e estará sujeito apenas às limitações
coadjuvará as atividades das Nações determinadas pela lei, exclusivamente
Unidas em prol da manutenção da com o fim de assegurar o devido

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reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as
justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade
democrática.
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos
contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Unidas.

Artigo 30
Nenhuma disposição da presente Declaração poder ser interpretada como
o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer
qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer
dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.

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DECLARAÇÃO AMERICANA DOS DIREITOS E
DEVERES DO HOMEM

(APROVADA NA NONA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL


AMERICANA, BOGOTÁ, 1948)

A IX Conferência Internacional Americana,

CONSIDERANDO:

Que os povos americanos dignificaram a pessoa humana e que suas constituições


nacionais reconhecem que as instituições jurídicas e políticas, que regem a vida
em sociedade, têm como finalidade principal a proteção dos direitos essenciais
do homem e a criação de circunstâncias que lhe permitam progredir espiritual e
materialmente e alcançar a felicidade;

Que, em repetidas ocasiões, os Estados americanos reconheceram que os direitos


essenciais do homem não derivam do fato de ser ele cidadão de determinado
Estado, mas sim do fato dos direitos terem como base os atributos da pessoa
humana;

Que a proteção internacional dos direitos do homem deve ser a orientação


principal do direito americano em evolução;

Que a consagração americana dos direitos essenciais do homem, unida às


garantias oferecidas pelo regime interno dos Estados, estabelece o sistema
inicial de proteção que os Estados americanos consideram adequado às atuais
circunstâncias sociais e jurídicas, não deixando de reconhecer, porém, que
deverão fortalecê-lo cada vez mais no terreno internacional, à medida que essas
circunstâncias se tornem mais propícias,

RESOLVE:

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adotar a seguinte

DECLARAÇÃO AMERICANA DOS DIREITOS E


DEVERES DO HOMEM
Preâmbulo

Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos e, como são


dotados pela natureza de razão e consciência, devem proceder fraternalmente
uns para com os outros.

O cumprimento do dever de cada um é exigência do direito de todos. Direitos


e deveres integram-se correlativamente em toda a atividade social e política do
homem. Se os direitos exaltam a liberdade individual, os deveres exprimem a
dignidade dessa liberdade.

Os deveres de ordem jurídica dependem da existência anterior de outros de


ordem moral, que apóiam os primeiros conceitualmente e os fundamentam.

É dever do homem servir o espírito com todas as suas faculdades e todos os seus
recursos, porque o espírito é a finalidade suprema da existência humana e a sua
máxima categoria.

É dever do homem exercer, manter e estimular a cultura por todos os meios ao


seu alcance, porque a cultura é a mais elevada expressão social e histórica do
espírito.

E, visto que a moral e as boas maneiras constituem a mais nobre manifestação da


cultura, é dever de todo homem acatar-lhes os princípios.

CAPÍTULO PRIMEIRO
Direitos
Direito à vida, à liberdade, à segurança e integridade da pessoa.

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Artigo I. Todo ser humano tem direito e à sua vida particular e familiar.
à vida, à liberdade e à segurança de
sua pessoa. Direito à constituição e proteção da
família.
Direito de igualdade perante a lei.
Artigo VI. Toda pessoa tem direito
Artigo II. Todas as pessoas são iguais a constituir família, elemento
perante a lei e têm os direitos e deveres fundamental da sociedade e a receber
consagrados nesta declaração, sem proteção para ela.
distinção de raça, língua, crença, ou
qualquer outra. Direito de proteção à maternidade e
à infância.
Derecho de libertad religiosa y de
culto. Artigo VII. Toda mulher em estado
de gravidez ou em época de lactação,
Artigo III. Toda a pessoa tem o direito assim como toda criança, têm direito à
de professar livremente uma crença proteção, cuidados e auxílios especiais.
religiosa e de manifestá-la e praticá-la
pública e particularmente. Direito de residência e trânsito.

Direito de liberdade de investigação, Artigo VIII. Toda pessoa tem direito


opinião, expressão e difusão. de fixar sua residência no território do
Estado de que é nacional, de transitar
Artigo IV. Toda pessoa tem direito por ele livremente e de não abandoná-
à liberdade de investigação, de lo senão por sua própria vontade.
opinião e de expressão e difusão do
pensamento, por qualquer meio Direito à inviolabilidade do domicílio.

Direito à proteção da honra, Artigo IX. Toda pessoa tem direito à


da reputação pessoal e da vida inviolabilidade do seu domicílio.
particular e familiar.
Direito à inviolabilidade do domicílio.
Artigo V. Toda pessoa tem direito
à proteção da lei contra os ataques Artigo X. Toda pessoa tem o direito
abusivos à sua honra, à sua reputação à inviolabilidade e circulação da sua

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correspondência. Toda pessoa tem o direito de que lhe
seja ministrada gratuitamente, pelo
Direito à preservação da saúde e ao menos, a instrução primária.
bem-estar.
Direito aos benefícios da cultura.
Artigo XI. Toda pessoa tem direito a
que sua saúde seja resguardada por Artigo XIII. Toda pessoa tem o direito
medidas sanitárias e sociais relativas de tomar parte na vida cultural da
à alimentação, roupas, habitação e coletividade, de gozar das artes e de
cuidados médicos correspondentes desfrutar dos benefícios resultantes do
ao nível permitido pelos recursos progresso intelectual e, especialmente,
públicos e os da coletividade. das descobertas científicas.

Direito à educação. Tem o direito, outrossim, de ser


protegida em seus interesses morais e
Artigo XII. Toda pessoa tem direito à materiais no que se refere às invenções,
educação, que deve inspirar-se nos obras literárias, científicas ou artísticas
princípios de liberdade, moralidade e de sua autoria.
solidariedade humana.
Artigo XIV. Toda pessoa tem direito
Tem, outrossim, direito a que, por ao trabalho em condições dignas e o
meio dessa educação, lhe seja de seguir livremente sua vocação, na
proporcionado o preparo para medida em que for permitido pelas
subsistir de uma maneira digna, para oportunidades de emprego existentes.
melhorar o seu nível de vida e para
poder ser útil à sociedade. Direito ao trabalho e a uma justa
retribuição.
O direito à educação compreende o
de igualdade de oportunidade em Toda pessoa que trabalha tem o direito
todos os casos, de acordo com os de receber uma remuneração que, em
dons naturais, os méritos e o desejo relação à sua capacidade de trabalho
de aproveitar os recursos que possam e habilidade, lhe garanta um nível de
proporcionar a coletividade e o Estado. vida conveniente para si mesma e
para sua família.

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Direito ao descanso e ao seu outrossim, com processo simples e
aproveitamento. breve, mediante o qual a justiça a
proteja contra atos de autoridade que
Artigo XV. Toda pessoa tem direito violem, em seu prejuízo, qualquer dos
ao descanso, ao recreio honesto e à direitos fundamentais consagrados
oportunidade de aproveitar utilmente constitucionalmente.
o seu tempo livre em benefício de seu
melhoramento espiritual, cultural e Direito à nacionalidade.
físico
Artigo XIX. Toda pessoa tem direito
Direito à previdência social. à nacionalidade que legalmente lhe
corresponda, podendo mudá-la, se
Artigo XVI. Toda pessoa tem direito assim o desejar, pela de qualquer outro
à previdência social de modo a ficar país que estiver disposto a concedê-la.
protegida contra as conseqüências
do desemprego, da velhice e da Direito de sufrágio e de participação
incapacidade que, provenientes de no governo.
qualquer causa alheia à sua vontade, a
impossibilitem física ou mentalmente Artigo XX. Toda pessoa, legalmente
de obter meios de subsistência. capacitada, tem o direito de tomar
parte no governo do seu país, quer
Direito de reconhecimento da diretamente, quer através de seus
personalidade jurídica e dos direitos representantes, e de participar das
civis. eleições, que se processarão por voto
secreto, de uma maneira genuína,
Artigo XVII. Toda pessoa tem direito a periódica e livre.
ser reconhecida, seja onde for, como
pessoa com direitos e obrigações, e a Direito de reunião.
gozar dos direitos civis fundamentais.
Artigo XXI. Toda pessoa tem o direito
Direito à justiça. de se reunir pacificamente com
outras, em manifestação pública, ou
Artigo XVIII. Toda pessoa pode recorrer em assembléia transitória, em relação
aos tribunais para fazer respeitar os com seus interesses comuns, de
seus direitos. Deve poder contar, qualquer natureza que sejam.

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Direito de associação. existentes.

Artigo XXII. Toda pessoa tem o direito Ninguém pode ser preso por deixar
de se associar com outras a fim de de cumprir obrigações de natureza
promover, exercer e proteger os claramente civil.
seus interesses legítimos, de ordem
política, econômica, religiosa, social, Todo indivíduo, que tenha sido
cultural, profissional, sindical ou de privado da sua liberdade, tem o direito
qualquer outra natureza. de que o juiz verifique sem demora
a legalidade da medida, e de que o
Direito de propriedade. julgue sem protelação injustificada,
ou, no caso contrário, de ser posto em
Artigo XXIII. Toda pessoa tem liberdade. Tem também direito a um
direito à propriedade particular tratamento humano durante o tempo
correspondente às necessidades em que o privarem da sua liberdade.
essenciais de uma vida decente, e
que contribua a manter a dignidade Direito a processo regular.
da pessoa e do lar.
Artigo XXVI. Parte-se do princípio que
Direito de petição. todo acusado é inocente, até provar-
se-lhe a culpabilidade.
Artigo XXIV. Toda pessoa tem o direito
de apresentar petições respeitosas Toda pessoa acusada de um delito tem
a qualquer autoridade competente, o direito de ser ouvida numa forma
quer por motivo de interesse geral, imparcial e pública, de ser julgada por
quer de interesse particular, assim tribunais já estabelecidos de acordo
como o de obter uma solução rápida. com leis preexistentes, e de que se lhe
não inflijam penas cruéis, infamantes
Direito de proteção contra prisão ou inusitadas.
arbitrária.
Alcance dos direitos do homem.
Artigo XXV. Ninguém pode ser
privado da sua liberdade, a não ser nos Artigo XXVIII. Os direitos do homem
casos previstos pelas leis e segundo estão limitados pelos direitos do
as praxes estabelecidas pelas leis já próximo, pela segurança de todos

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e pelas justas exigências do bem- Dever de obediência à Lei.
estar geral e do desenvolvimento
democrático. Artigo XXXIII. Toda pessoa tem
o dever de obedecer à Lei e aos
CAPÍTULO SEGUNDO demais mandamentos legítimos das
Deveres autoridades do país onde se encontrar.
Deveres perante a sociedade.
Dever de servir a coletividade e a
Artigo XXIX. O indivíduo tem o nação.
dever de conviver com os demais, de
maneira que todos e cada um possam Artigo XXXIV. Toda pessoa devidamente
formar e desenvolver integralmente a habilitada tem o dever de prestar os
sua personalidade. serviços civis e militares que a pátria
exija para a sua defesa e conservação,
Deveres para com os filhos e os pais. e, no caso de calamidade pública, os
serviços civis que estiverem dentro de
Artigo XXX. Toda pessoa tem o dever de suas possibilidades.
auxiliar, alimentar, educar e amparar
os seus filhos menores de idade, e os Da mesma forma tem o dever de
filhos têm o dever de honrar sempre desempenhar os cargos de eleição
os seus pais e de os auxiliar, alimentar popular de que for incumbida no
e amparar sempre que precisarem. Estado de que for nacional.

Deveres de instrução. Deveres de assistência e previdência


sociais.
Artigo XXXI. Toda pessoa tem o dever
de adquirir, pelo menos, a instrução Artigo XXXV. Toda pessoa está
primária. obrigada a cooperar com o Estado
e com a coletividade na assistência
Dever do sufrágio. e previdência sociais, de acordo
com as suas possibilidades e com as
Artigo XXXII. Toda pessoa tem o dever circunstâncias.
de votar nas eleições populares do país
de que for nacional, quando estiver
legalmente habilitada para isso.

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Dever de pagar impostos.

Artigo XXXVI. Toda pessoa tem o dever de pagar os impostos estabelecidos pela
Lei para a manutenção dos serviços públicos.

Dever do trabalho.

Artigo XXXVII. Toda pessoa tem o dever de trabalhar, dentro das suas capacidades
e possibilidades, a fim de obter os recursos para a sua subsistência ou em benefício
da coletividade.

Dever de se abster de atividades políticas em países estrangeiros.

Artigo XXXVIII. Todo estrangeiro tem o dever de se abster de tomar parte nas
atividades políticas que, de acordo com a Lei, sejam privativas dos cidadãos do
Estado onde se encontrar.

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CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS
HUMANOS

(ASSINADA NA CONFERÊNCIA ESPECIALIZADA INTERAMERICANA


SOBRE DIREITOS HUMANOS, SAN JOSÉ, COSTA RICA, EM 22 DE
NOVEMBRO DE 1969)

PREÂMBULO

Os Estados americanos signatários da presente Convenção,

Reafirmando seu propósito de consolidar neste Continente, dentro do quadro


das instituições democráticas, um regime de liberdade pessoal e de justiça social,
fundado no respeito dos direitos essenciais do homem;

Reconhecendo que os direitos essenciais do homem não derivam do fato de ser


ele nacional de determinado Estado, mas sim do fato de ter como fundamento os
atributos da pessoa humana, razão por que justificam uma proteção internacional,
de natureza convencional, coadjuvante ou complementar da que oferece o direito
interno dos Estados americanos;

Considerando que esses princípios foram consagrados na Carta da Organização


dos Estados Americanos, na Declaração Americana dos Direitos e Deveres
do Homem e na Declaração Universal dos Direitos do Homem e que foram
reafirmados e desenvolvidos em outros instrumentos internacionais, tanto de
âmbito mundial como regional;

Reiterando que, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos do Homem,


só pode ser realizado o ideal do ser humano livre, isento do temor e da miséria,
se forem criadas condições que permitam a cada pessoa gozar dos seus direitos
econômicos, sociais e culturais, bem como dos seus direitos civis e políticos; e

Considerando que a Terceira Conferência Interamericana Extraordinária (Buenos

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Aires, 1967) aprovou a incorporação 2. Para os efeitos desta Convenção,
à própria Carta da Organização de pessoa é todo ser humano.
normas mais amplas sobre direitos
econômicos, sociais e educacionais Artigo 2. Dever de adotar disposições
e resolveu que uma convenção de direito interno
interamericana sobre direitos
humanos determinasse a estrutura, Se o exercício dos direitos e liberdades
competência e processo dos órgãos mencionados no artigo 1 ainda não
encarregados dessa matéria, estiver garantido por disposições
legislativas ou de outra natureza, os
Convieram no seguinte: Estados Partes comprometem-se a
adotar, de acordo com as suas normas
PARTE I constitucionais e com as disposições
DEVERES DOS ESTADOS E desta Convenção, as medidas
DIREITOS PROTEGIDOS legislativas ou de outra natureza que
forem necessárias para tornar efetivos
CAPÍTULO I tais direitos e liberdades.
ENUMERAÇÃO DE DEVERES
CAPÍTULO II
Artigo 1. Obrigação de respeitar os DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS
direitos
Artigo 3. Direito ao reconhecimento
1. Os Estados Partes nesta Convenção da personalidade jurídica
comprometem-se a respeitar os
direitos e liberdades nela reconhecidos Toda pessoa tem direito ao
e a garantir seu livre e pleno exercício reconhecimento de sua personalidade
a toda pessoa que esteja sujeita à jurídica.
sua jurisdição, sem discriminação
alguma por motivo de raça, cor, sexo, Artigo 4. Direito à vida
idioma, religião, opiniões políticas
ou de qualquer outra natureza, 1. Toda pessoa tem o direito de que se
origem nacional ou social, posição respeite sua vida. Esse direito deve
econômica, nascimento ou qualquer ser protegido pela lei e, em geral,
outra condição social. desde o momento da concepção.
Ninguém pode ser privado da vida

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arbitrariamente. estiver pendente de decisão ante a
autoridade competente.
2. Nos países que não houverem
abolido a pena de morte, esta só Artigo 5. Direito à integridade pessoal
poderá ser imposta pelos delitos mais
graves, em cumprimento de sentença 1. Toda pessoa tem o direito de que
final de tribunal competente e em se respeite sua integridade física,
conformidade com lei que estabeleça psíquica e moral.
tal pena, promulgada antes de haver
o delito sido cometido. Tampouco se 2. Ninguém deve ser submetido a
estenderá sua aplicação a delitos aos torturas, nem a penas ou tratos cruéis,
quais não se aplique atualmente. desumanos ou degradantes. Toda
pessoa privada da liberdade deve
3. Não se pode restabelecer a pena ser tratada com o respeito devido à
de morte nos Estados que a hajam dignidade inerente ao ser humano.
abolido.
3. A pena não pode passar da pessoa
4. Em nenhum caso pode a pena de do delinqüente.
morte ser aplicada por delitos políticos,
nem por delitos comuns conexos com 4. Os processados devem ficar
delitos políticos. separados dos condenados, salvo em
circunstâncias excepcionais, e ser
5. Não se deve impor a pena de submetidos a tratamento adequado
morte a pessoa que, no momento da à sua condição de pessoas não
perpetração do delito, for menor de condenadas.
dezoito anos, ou maior de setenta,
nem aplicá-la a mulher em estado de 5. Os menores, quando puderem ser
gravidez. processados, devem ser separados
dos adultos e conduzidos a tribunal
6. Toda pessoa condenada à morte especializado, com a maior rapidez
tem direito a solicitar anistia, indulto possível, para seu tratamento.
ou comutação da pena, os quais
podem ser concedidos em todos 6. As penas privativas da liberdade
os casos. Não se pode executar a devem ter por finalidade essencial a
pena de morte enquanto o pedido reforma e a readaptação social dos

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condenados. ser executados sob a vigilância e
controle das autoridades públicas, e
Artigo 6. Proibição da escravidão e da os indivíduos que os executarem não
servidão devem ser postos à disposição de
particulares, companhias ou pessoas
1. Ninguém pode ser submetido a jurídicas de caráter privado;
escravidão ou a servidão, e tanto estas
como o tráfico de escravos e o tráfico b. o serviço militar e, nos países onde
de mulheres são proibidos em todas se admite a isenção por motivos de
as suas formas. consciência, o serviço nacional que a
lei estabelecer em lugar daquele;
2. Ninguém deve ser constrangido
a executar trabalho forçado ou c. o serviço imposto em casos de
obrigatório. Nos países em que se perigo ou calamidade que ameace
prescreve, para certos delitos, pena a existência ou o bem-estar da
privativa da liberdade acompanhada comunidade; e
de trabalhos forçados, esta disposição
não pode ser interpretada no sentido d. o trabalho ou serviço que faça parte
de que proíbe o cumprimento da dita das obrigações cívicas normais.
pena, imposta por juiz ou tribunal
competente. O trabalho forçado Artigo 7. Direito à liberdade pessoal
não deve afetar a dignidade nem a
capacidade física e intelectual do 1. Toda pessoa tem direito à liberdade
recluso. e à segurança pessoais.

3. Não constituem trabalhos forçados 2. Ninguém pode ser privado de sua


ou obrigatórios para os efeitos deste liberdade física, salvo pelas causas e
artigo: nas condições previamente fixadas
pelas constituições políticas dos
a. os trabalhos ou serviços Estados Partes ou pelas leis de acordo
normalmente exigidos de pessoa com elas promulgadas.
reclusa em cumprimento de sentença
ou resolução formal expedida pela 3. Ninguém pode ser submetido
autoridade judiciária competente. a detenção ou encarceramento
Tais trabalhos ou serviços devem arbitrários.

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4. Toda pessoa detida ou retida deve 7. Ninguém deve ser detido por
ser informada das razões da sua dívidas. Este princípio não limita os
detenção e notificada, sem demora, mandados de autoridade judiciária
da acusação ou acusações formuladas competente expedidos em virtude
contra ela. de inadimplemento de obrigação
alimentar.
5. Toda pessoa detida ou retida deve ser
conduzida, sem demora, à presença Artigo 8. Garantias judiciais
de um juiz ou outra autoridade
autorizada pela lei a exercer funções 1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida,
judiciais e tem direito a ser julgada com as devidas garantias e dentro
dentro de um prazo razoável ou a ser de um prazo razoável, por um juiz ou
posta em liberdade, sem prejuízo de tribunal competente, independente e
que prossiga o processo. Sua liberdade imparcial, estabelecido anteriormente
pode ser condicionada a garantias que por lei, na apuração de qualquer
assegurem o seu comparecimento acusação penal formulada contra
em juízo. ela, ou para que se determinem seus
direitos ou obrigações de natureza
6. Toda pessoa privada da liberdade civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer
tem direito a recorrer a um juiz ou outra natureza.
tribunal competente, a fim de que
este decida, sem demora, sobre a 2. Toda pessoa acusada de delito
legalidade de sua prisão ou detenção tem direito a que se presuma sua
e ordene sua soltura se a prisão ou a inocência enquanto não se comprove
detenção forem ilegais. Nos Estados legalmente sua culpa. Durante o
Partes cujas leis prevêem que toda processo, toda pessoa tem direito,
pessoa que se vir ameaçada de ser em plena igualdade, às seguintes
privada de sua liberdade tem direito garantias mínimas:
a recorrer a um juiz ou tribunal
competente a fim de que este decida a. direito do acusado de ser assistido
sobre a legalidade de tal ameaça, tal gratuitamente por tradutor ou
recurso não pode ser restringido nem intérprete, se não compreender ou
abolido. O recurso pode ser interposto não falar o idioma do juízo ou tribunal;
pela própria pessoa ou por outra
pessoa.

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b. comunicação prévia e juiz ou tribunal superior.
pormenorizada ao acusado da
acusação formulada; 3. A confissão do acusado só é válida
se feita sem coação de nenhuma
c. concessão ao acusado do tempo natureza.
e dos meios adequados para a
preparação de sua defesa; 4. O acusado absolvido por sentença
passada em julgado não poderá ser
d. direito do acusado de defender- submetido a novo processo pelos
se pessoalmente ou de ser assistido mesmos fatos.
por um defensor de sua escolha e
de comunicar-se, livremente e em 5. O processo penal deve ser público,
particular, com seu defensor; salvo no que for necessário para
preservar os interesses da justiça.
e. direito irrenunciável de ser assistido
por um defensor proporcionado pelo Artigo 9. Princípio da legalidade e da
Estado, remunerado ou não, segundo retroatividade
a legislação interna, se o acusado não
se defender ele próprio nem nomear Ninguém pode ser condenado por
defensor dentro do prazo estabelecido ações ou omissões que, no momento
pela lei; em que forem cometidas, não sejam
delituosas, de acordo com o direito
f. direito da defesa de inquirir as aplicável. Tampouco se pode impor
testemunhas presentes no tribunal pena mais grave que a aplicável no
e de obter o comparecimento, como momento da perpetração do delito.
testemunhas ou peritos, de outras Se depois da perpetração do delito
pessoas que possam lançar luz sobre a lei dispuser a imposição de pena
os fatos; mais leve, o delinqüente será por isso
beneficiado.
g. direito de não ser obrigado a depor
contra si mesma, nem a declarar-se Artigo 10. Direito a indenização
culpada;
e Toda pessoa tem direito de ser
indenizada conforme a lei, no caso de
h. direito de recorrer da sentença para haver sido condenada em sentença

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passada em julgado, por erro judiciário. limitar sua liberdade de conservar sua
religião ou suas crenças, ou de mudar
Artigo 11. Proteção da honra e da de religião ou de crenças.
dignidade
3. A liberdade de manifestar a própria
1. Toda pessoa tem direito ao respeito religião e as próprias crenças está
de sua honra e ao reconhecimento de sujeita unicamente às limitações
sua dignidade. prescritas pela lei e que sejam
necessárias para proteger a segurança,
2. Ninguém pode ser objeto de a ordem, a saúde ou a moral públicas
ingerências arbitrárias ou abusivas ou os direitos ou liberdades das
em sua vida privada, na de sua demais pessoas.
família, em seu domicílio ou em sua
correspondência, nem de ofensas 4. Os pais, e quando for o caso os
ilegais à sua honra ou reputação. tutores, têm direito a que seus filhos ou
pupilos recebam a educação religiosa
3. Toda pessoa tem direito à proteção e moral que esteja acorde com suas
da lei contra tais ingerências ou tais próprias convicções.
ofensas.
Artigo 13. Liberdade de pensamento e
Artigo 12. Liberdade de consciência e de expressão
de religião
1. Toda pessoa tem direito à liberdade
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de expressão. Esse
de consciência e de religião. Esse direito compreende a liberdade
direito implica a liberdade de de buscar, receber e difundir
conservar sua religião ou suas crenças, informações e idéias de toda natureza,
ou de mudar de religião ou de crenças, sem consideração de fronteiras,
bem como a liberdade de professar e verbalmente ou por escrito, ou em
divulgar sua religião ou suas crenças, forma impressa ou artística, ou por
individual ou coletivamente, tanto em qualquer outro processo de sua
público como em privado. escolha.

2. Ninguém pode ser objeto de


medidas restritivas que possam

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2. O exercício do direito previsto religioso que constitua incitação à
no inciso precedente não pode discriminação, à hostilidade, ao crime
estar sujeito a censura prévia, mas ou à violência.
a responsabilidades ulteriores, que
devem ser expressamente fixadas pela Artigo 14. Direito de retificação ou
lei e ser necessárias para assegurar: resposta

a. o respeito aos direitos ou à reputação 1. Toda pessoa atingida por informações


das demais pessoas; ou inexatas ou ofensivas emitidas em
seu prejuízo por meios de difusão
b. a proteção da segurança nacional, legalmente regulamentados e que
da ordem pública, ou da saúde ou da se dirijam ao público em geral, tem
moral públicas. direito a fazer, pelo mesmo órgão de
difusão, sua retificação ou resposta,
3. Não se pode restringir o direito de nas condições que estabeleça a lei.
expressão por vias ou meios indiretos,
tais como o abuso de controles oficiais 2. Em nenhum caso a retificação
ou particulares de papel de imprensa, ou a resposta eximirão das outras
de freqüências radioelétricas ou de responsabilidades legais em que se
equipamentos e aparelhos usados houver incorrido.
na difusão de informação, nem por
quaisquer outros meios destinados a 3. Para a efetiva proteção da honra
obstar a comunicação e a circulação e da reputação, toda publicação ou
de idéias e opiniões. empresa jornalística, cinematográfica,
de rádio ou televisão, deve ter uma
4. A lei pode submeter os espetáculos pessoa responsável que não seja
públicos a censura prévia, com o protegida por imunidades nem goze
objetivo exclusivo de regular o acesso de foro especial.
a eles, para proteção moral da infância
e da adolescência, sem prejuízo do Artigo 15. Direito de reunião
disposto no inciso 2.
É reconhecido o direito de reunião
5. A lei deve proibir toda propaganda pacífica e sem armas. O exercício
a favor da guerra, bem como toda de tal direito só pode estar sujeito
apologia ao ódio nacional, racial ou às restrições previstas pela lei e que

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sejam necessárias, numa sociedade 1. A família é o elemento natural e
democrática, no interesse da fundamental da sociedade e deve
segurança nacional, da segurança ou ser protegida pela sociedade e pelo
da ordem públicas, ou para proteger Estado.
a saúde ou a moral públicas ou os
direitos e liberdades das demais 2. É reconhecido o direito do homem
pessoas. e da mulher de contraírem casamento
e de fundarem uma família, se tiverem
Artigo 16. Liberdade de associação a idade e as condições para isso
exigidas pelas leis internas, na medida
1. Todas as pessoas têm o direito em que não afetem estas o princípio
de associar-se livremente com fins da não-discriminação estabelecido
ideológicos, religiosos, políticos, nesta Convenção.
econômicos, trabalhistas, sociais,
culturais, desportivos ou de qualquer 3. O casamento não pode ser celebrado
outra natureza. sem o livre e pleno consentimento dos
contraentes.
2. O exercício de tal direito só pode
estar sujeito às restrições previstas 4. Os Estados Partes devem tomar
pela lei que sejam necessárias, numa medidas apropriadas no sentido de
sociedade democrática, no interesse assegurar a igualdade de direitos
da segurança nacional, da segurança e a adequada equivalência de
ou da ordem públicas, ou para responsabilidades dos cônjuges
proteger a saúde ou a moral públicas quanto ao casamento, durante o
ou os direitos e liberdades das demais casamento e em caso de dissolução do
pessoas. mesmo. Em caso de dissolução, serão
adotadas disposições que assegurem
3. O disposto neste artigo não impede a proteção necessária aos filhos,
a imposição de restrições legais, e com base unicamente no interesse e
mesmo a privação do exercício do conveniência dos mesmos.
direito de associação, aos membros
das forças armadas e da polícia. 5. A lei deve reconhecer iguais direitos
tanto aos filhos nascidos fora do
Artigo 17. Proteção da família casamento como aos nascidos dentro
do casamento.

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Artigo 18 - Direito ao nome esse uso e gozo ao interesse social.

Toda pessoa tem direito a um 2. Nenhuma pessoa pode ser privada


prenome e aos nomes de seus pais de seus bens, salvo mediante o
ou ao de um destes. A lei deve regular pagamento de indenização justa, por
a forma de assegurar a todos esse motivo de utilidade pública ou de
direito, mediante nomes fictícios, se interesse social e nos casos e na forma
for necessário. estabelecidos pela lei.

Artigo 19 - Direitos da criança 3. Tanto a usura, como qualquer outra


forma de exploração do homem pelo
Toda criança terá direito às medidas homem, devem ser reprimidas pela
de proteção que a sua condição de lei.
menor requer, por parte da sua família,
da sociedade e do Estado. Artigo 22 - Direito de circulação e de
residência
Artigo 20 - Direito à nacionalidade
1. Toda pessoa que se encontre
1. Toda pessoa tem direito a uma legalmente no território de um Estado
nacionalidade. tem o direito de nele livremente circular
e de nele residir, em conformidade
2. Toda pessoa tem direito à com as disposições legais.
nacionalidade do Estado em cujo
território houver nascido, se não tiver 2. Toda pessoa terá o direito de sair
direito a outra. livremente de qualquer país, inclusive
de seu próprio país.
3. A ninguém se deve privar
arbitrariamente de sua nacionalidade, 3. O exercício dos direitos supracitados
nem do direito de mudá-la. não pode ser restringido, senão
em virtude de lei, na medida
Artigo 21 - Direito à propriedade indispensável, em uma sociedade
privada democrática, para prevenir infrações
penais ou para proteger a segurança
1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo nacional, a segurança ou a ordem
de seus bens. A lei pode subordinar públicas, a moral ou a saúde públicas,

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ou os direitos e liberdades das demais políticas.
pessoas.
9. É proibida a expulsão coletiva de
4. O exercício dos direitos reconhecidos estrangeiros.
no inciso 1 pode também ser restringido
pela lei, em zonas determinadas, por Artigo 23 - Direitos políticos
motivo de interesse público.
1. Todos os cidadãos devem gozar dos
5. Ninguém pode ser expulso do seguintes direitos e oportunidades:
território do Estado do qual for
nacional e nem ser privado do direito a) de participar da condução dos
de nele entrar. assuntos públicos, diretamente ou por
meio de representantes livremente
6. O estrangeiro que se encontre eleitos;
legalmente no território de um
Estado-parte na presente Convenção b) de votar e ser eleito em eleições
só poderá dele ser expulso em periódicas, autênticas, realizadas por
decorrência de decisão adotada em sufrágio universal e igualitário e por
conformidade com a lei. voto secreto, que garantam a livre
expressão da vontade dos eleitores; e
7. Toda pessoa tem o direito de buscar e
receber asilo em território estrangeiro, c) de ter acesso, em condições gerais
em caso de perseguição por delitos de igualdade, às funções públicas de
políticos ou comuns conexos com seu país.
delitos políticos, de acordo com a
legislação de cada Estado e com as 2. A lei pode regular o exercício
Convenções internacionais. dos direitos e oportunidades, a
que se refere o inciso anterior,
8. Em nenhum caso o estrangeiro exclusivamente por motivo de idade,
pode ser expulso ou entregue a outro nacionalidade, residência, idioma,
país, seja ou não de origem, onde seu instrução, capacidade civil ou mental,
direito à vida ou à liberdade pessoal ou condenação, por juiz competente,
esteja em risco de violação em virtude em processo penal.
de sua raça, nacionalidade, religião,
condição social ou de suas opiniões Artigo 24 - Igualdade perante a lei

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Todas as pessoas são iguais perante Capítulo III - DIREITOS
a lei. Por conseguinte, têm direito, ECONÔMICOS, SOCIAIS E
sem discriminação alguma, à igual CULTURAIS
proteção da lei.
Artigo 26 - Desenvolvimento progres-
Artigo 25 - Proteção judicial sivo

1. Toda pessoa tem direito a um recurso Os Estados-partes comprometem-se a


simples e rápido ou a qualquer outro adotar as providências, tanto no âmbito
recurso efetivo, perante os juízes ou interno, como mediante cooperação
tribunais competentes, que a proteja internacional, especialmente
contra atos que violem seus direitos econômica e técnica, a fim de
fundamentais reconhecidos pela conseguir progressivamente a plena
Constituição, pela lei ou pela presente efetividade dos direitos que decorrem
Convenção, mesmo quando tal das normas econômicas, sociais e
violação seja cometida por pessoas sobre educação, ciência e cultura,
que estejam atuando no exercício de constantes da Carta da Organização
suas funções oficiais. dos Estados Americanos, reformada
pelo Protocolo de Buenos Aires, na
2. Os Estados-partes comprometem- medida dos recursos disponíveis, por
se: via legislativa ou por outros meios
apropriados.
a) a assegurar que a autoridade
competente prevista pelo sistema Capítulo IV - SUSPENSÃO DE
legal do Estado decida sobre os GARANTIAS, INTERPRETAÇÃO E
direitos de toda pessoa que interpuser APLICAÇÃO
tal recurso;
Artigo 27 - Suspensão de garantias
b) a desenvolver as possibilidades de
recurso judicial; e 1. Em caso de guerra, de perigo público,
ou de outra emergência que ameace
c) a assegurar o cumprimento, pelas a independência ou segurança do
autoridades competentes, de toda Estado-parte, este poderá adotar as
decisão em que se tenha considerado disposições que, na medida e pelo
procedente o recurso. tempo estritamente limitados às

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exigências da situação, suspendam e a data em que haja dado por
as obrigações contraídas em virtude terminada tal suspensão.
desta Convenção, desde que tais
disposições não sejam incompatíveis Artigo 28 - Cláusula federal
com as demais obrigações que lhe
impõe o Direito Internacional e não 1. Quando se tratar de um Estado-parte
encerrem discriminação alguma constituído como Estado federal, o
fundada em motivos de raça, cor, sexo, governo nacional do aludido Estado-
idioma, religião ou origem social. parte cumprirá todas as disposições
da presente Convenção, relacionadas
2. A disposição precedente não com as matérias sobre as quais exerce
autoriza a suspensão dos direitos competência legislativa e judicial.
determinados nos seguintes artigos:
3 (direito ao reconhecimento da 2. No tocante às disposições relativas
personalidade jurídica), 4 (direito à às matérias que correspondem
vida), 5 (direito à integridade pessoal), à competência das entidades
6 (proibição da escravidão e da componentes da federação, o
servidão), 9 (princípio da legalidade governo nacional deve tomar
e da retroatividade), 12 (liberdade de imediatamente as medidas
consciência e religião), 17 (proteção pertinentes, em conformidade com
da família), 18 (direito ao nome), 19 sua Constituição e com suas leis, a fim
(direitos da criança), 20 (direito à de que as autoridades competentes
nacionalidade) e 23 (direitos políticos), das referidas entidades possam
nem das garantias indispensáveis adotar as disposições cabíveis para o
para a proteção de tais direitos. cumprimento desta Convenção.

3. Todo Estado-parte no presente Pacto 3. Quando dois ou mais Estados-


que fizer uso do direito de suspensão partes decidirem constituir entre
deverá comunicar imediatamente aos eles uma federação ou outro tipo de
outros Estados-partes na presente associação, diligenciarão no sentido
Convenção, por intermédio do de que o pacto comunitário respectivo
Secretário Geral da Organização dos contenha as disposições necessárias
Estados Americanos, as disposições para que continuem sendo efetivas
cuja aplicação haja suspendido, os no novo Estado, assim organizado, as
motivos determinantes da suspensão normas da presente Convenção.

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Artigo 29 - Normas de interpretação exercício dos direitos e liberdades
nela reconhecidos, não podem ser
Nenhuma disposição da presente aplicadas senão de acordo com leis
Convenção pode ser interpretada no que forem promulgadas por motivo de
sentido de: interesse geral e com o propósito para
o qual houverem sido estabelecidas.
a) permitir a qualquer dos Estados-
partes, grupo ou indivíduo, suprimir Artigo 31 - Reconhecimento de outros
o gozo e o exercício dos direitos direitos
e liberdades reconhecidos na
Convenção ou limitá-los em maior Poderão ser incluídos, no regime de
medida do que a nela prevista; proteção desta Convenção, outros
direitos e liberdades que forem
b) limitar o gozo e exercício de qualquer reconhecidos de acordo com os
direito ou liberdade que possam ser processos estabelecidos nos artigo 69
reconhecidos em virtude de leis de e 70.
qualquer dos Estados-partes ou em
virtude de Convenções em que seja Capítulo V - DEVERES DAS PESSOAS
parte um dos referidos Estados;
Artigo 32 - Correlação entre deveres e
c) excluir outros direitos e garantias direitos
que são inerentes ao ser humano ou
que decorrem da forma democrática 1. Toda pessoa tem deveres para com a
representativa de governo; família, a comunidade e a humanidade.

d) excluir ou limitar o efeito que 2. Os direitos de cada pessoa são


possam produzir a Declaração limitados pelos direitos dos demais,
Americana dos Direitos e Deveres do pela segurança de todos e pelas justas
Homem e outros atos internacionais exigências do bem comum, em uma
da mesma natureza. sociedade democrática.

Artigo 30 - Alcance das restrições PARTE II - MEIOS DE PROTEÇÃO


Capítulo VI - ÓRGÃOS
As restrições permitidas, de acordo COMPETENTES
com esta Convenção, ao gozo e

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Artigo 33 - São competentes propostos pelos governos dos Estados-
para conhecer de assuntos membros.
relacionados com o cumprimento
dos compromissos assumidos pelos 2. Cada um dos referidos governos
Estados-partes nesta Convenção: pode propor até três candidatos,
nacionais do Estado que os propuser
a) a Comissão Interamericana ou de qualquer outro Estado-
de Direitos Humanos, doravante membro da Organização dos Estados
denominada a Comissão; e Americanos. Quando for proposta
uma lista de três candidatos, pelo
b) a Corte Interamericana de Direitos menos um deles deverá ser nacional
Humanos, doravante denominada a de Estado diferente do proponente.
Corte.
Artigo 37 - 1. Os membros da
Capítulo VII - COMISSÃO Comissão serão eleitos por quatro
INTERAMERICANA DE DIREITOS anos e só poderão ser reeleitos um
HUMANOS vez, porém o mandato de três dos
membros designados na primeira
Seção 1 - Organização eleição expirará ao cabo de dois
anos. Logo depois da referida eleição,
Artigo 34 - A Comissão Interamericana serão determinados por sorteio, na
de Direitos Humanos compor-se-á Assembléia Geral, os nomes desses
de sete membros, que deverão ser três membros.
pessoas de alta autoridade moral e
de reconhecido saber em matéria de 2. Não pode fazer parte da Comissão
direitos humanos. mais de um nacional de um mesmo
país.
Artigo 35 - A Comissão representa
todos os Membros da Organização Artigo 38 - As vagas que ocorrerem
dos Estados Americanos. na Comissão, que não se devam
à expiração normal do mandato,
Artigo 36 - 1. Os membros da Comissão serão preenchidas pelo Conselho
serão eleitos a título pessoal, pela Permanente da Organização, de
Assembléia Geral da Organização, acordo com o que dispuser o Estatuto
a partir de uma lista de candidatos da Comissão.

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respeito a esses direitos;
Artigo 39 - A Comissão elaborará seu
estatuto e submetê-lo-á à aprovação c) preparar estudos ou relatórios
da Assembléia Geral e expedirá seu que considerar convenientes para o
próprio Regulamento. desempenho de suas funções;

Artigo 40 - Os serviços da Secretaria da d) solicitar aos governos dos Estados-


Comissão devem ser desempenhados membros que lhe proporcionem
pela unidade funcional especializada informações sobre as medidas que
que faz parte da Secretaria Geral adotarem em matéria de direitos
da Organização e deve dispor dos humanos;
recursos necessários para cumprir as
tarefas que lhe forem confiadas pela e) atender às consultas que, por meio
Comissão. da Secretaria Geral da Organização dos
Estados Americanos, lhe formularem
Seção 2 - Funções os Estados-membros sobre questões
relacionadas com os direitos humanos
Artigo 41 - A Comissão tem a função e, dentro de suas possibilidades,
principal de promover a observância prestar-lhes o assessoramento que
e a defesa dos direitos humanos e, lhes solicitarem;
no exercício de seu mandato, tem as
seguintes funções e atribuições: f) atuar com respeito às petições e
outras comunicações, no exercício de
a) estimular a consciência dos direitos sua autoridade, de conformidade com
humanos nos povos da América; o disposto nos artigos 44 a 51 desta
Convenção; e
b) formular recomendações aos
governos dos Estados-membros, g) apresentar um relatório anual à
quando considerar conveniente, Assembléia Geral da Organização dos
no sentido de que adotem Estados Americanos.
medidas progressivas em prol dos
direitos humanos no âmbito de Artigo 42 - Os Estados-partes devem
suas leis internas e seus preceitos submeter à Comissão cópia dos
constitucionais, bem como disposições relatórios e estudos que, em seus
apropriadas para promover o devido respectivos campos, submetem

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anualmente às Comissões Executivas instrumento de ratificação desta
do Conselho Interamericano Convenção, ou de adesão a ela, ou em
Econômico e Social e do Conselho qualquer momento posterior, declarar
Interamericano de Educação, Ciência que reconhece a competência da
e Cultura, a fim de que aquela zele Comissão para receber e examinar as
para que se promovam os direitos comunicações em que um Estado-
decorrentes das normas econômicas, parte alegue haver outro Estado-
sociais e sobre educação, ciência parte incorrido em violações dos
e cultura, constantes da Carta da direitos humanos estabelecidos nesta
Organização dos Estados Americanos, Convenção.
reformada pelo Protocolo de Buenos
Aires. 2. As comunicações feitas em virtude
deste artigo só podem ser admitidas
Artigo 43 - Os Estados-partes obrigam- e examinadas se forem apresentadas
se a proporcionar à Comissão as por um Estado-parte que haja feito
informações que esta lhes solicitar uma declaração pela qual reconheça
sobre a maneira pela qual seu direito a referida competência da Comissão.
interno assegura a aplicação efetiva A Comissão não admitirá nenhuma
de quaisquer disposições desta comunicação contra um Estado-parte
Convenção. que não haja feito tal declaração.

Seção 3 - Competência 3. As declarações sobre


reconhecimento de competência
Artigo 44 - Qualquer pessoa ou podem ser feitas para que esta
grupo de pessoas, ou entidade vigore por tempo indefinido, por
não-governamental legalmente período determinado ou para casos
reconhecida em um ou mais Estados- específicos.
membros da Organização, pode
apresentar à Comissão petições que 4. As declarações serão depositadas
contenham denúncias ou queixas na Secretaria Geral da Organização
de violação desta Convenção por um dos Estados Americanos, a qual
Estado-parte. encaminhará cópia das mesmas
aos Estados-membros da referida
Artigo 45 - 1. Todo Estado-parte pode, Organização.
no momento do depósito do seu

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Artigo 46 - Para que uma petição ou processo legal para a proteção do
comunicação apresentada de acordo direito ou direitos que se alegue
com os artigos 44 ou 45 seja admitida tenham sido violados;
pela Comissão, será necessário:
b) não se houver permitido ao
a) que hajam sido interpostos e presumido prejudicado em seus
esgotados os recursos da jurisdição direitos o acesso aos recursos da
interna, de acordo com os princípios jurisdição interna, ou houver sido ele
de Direito Internacional geralmente impedido de esgotá-los; e
reconhecidos;
c) houver demora injustificada na
b) que seja apresentada dentro do decisão sobre os mencionados
prazo de seis meses, a partir da data recursos.
em que o presumido prejudicado em
seus direitos tenha sido notificado da Artigo 47 - A Comissão declarará
decisão definitiva; inadmissível toda petição ou
comunicação apresentada de acordo
c) que a matéria da petição ou com os artigos 44 ou 45 quando:
comunicação não esteja pendente
de outro processo de solução a) não preencher algum dos requisitos
internacional; e estabelecidos no artigo 46;

d) que, no caso do artigo 44, a petição b) não expuser fatos que caracterizem
contenha o nome, a nacionalidade, a violação dos direitos garantidos por
profissão, o domicílio e a assinatura esta Convenção;
da pessoa ou pessoas ou do
representante legal da entidade que c) pela exposição do próprio
submeter a petição. peticionário ou do Estado, for
manifestamente infundada a petição
2. As disposições das alíneas "a" e "b" do ou comunicação ou for evidente sua
inciso 1 deste artigo não se aplicarão total improcedência; ou
quando:
d) for substancialmente reprodução
a) não existir, na legislação interna de petição ou comunicação anterior,
do Estado de que se tratar, o devido já examinada pela Comissão ou por

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outro organismo internacional. supervenientes;

Seção 4 - Processo d) se o expediente não houver sido


arquivado, e com o fim de comprovar
Artigo 48 - 1. A Comissão, ao receber os fatos, a Comissão procederá, com
uma petição ou comunicação na qual conhecimento das partes, a um
se alegue a violação de qualquer dos exame do assunto exposto na petição
direitos consagrados nesta Convenção, ou comunicação. Se for necessário e
procederá da seguinte maneira: conveniente, a Comissão procederá
a uma investigação para cuja eficaz
a) se reconhecer a admissibilidade da realização solicitará, e os Estados
petição ou comunicação, solicitará interessados lhe proporcionarão,
informações ao Governo do Estado todas as facilidades necessárias;
ao qual pertença a autoridade
apontada como responsável pela e) poderá pedir aos Estados
violação alegada e transcreverá as interessados qualquer informação
partes pertinentes da petição ou pertinente e receberá, se isso for
comunicação. As referidas informações solicitado, as exposições verbais
devem ser enviadas dentro de um ou escritas que apresentarem os
prazo razoável, fixado pela Comissão interessados; e
ao considerar as circunstâncias de
cada caso; f) pôr-se-á à disposição das partes
interessadas, a fim de chegar a uma
b) recebidas as informações, ou solução amistosa do assunto, fundada
transcorrido o prazo fixado sem que no respeito aos direitos reconhecidos
sejam elas recebidas, verificará se nesta Convenção.
existem ou subsistem os motivos da
petição ou comunicação. No caso 2. Entretanto, em casos graves e
de não existirem ou não subsistirem, urgentes, pode ser realizada uma
mandará arquivar o expediente; investigação, mediante prévio
consentimento do Estado em cujo
c) poderá também declarar a território se alegue houver sido
inadmissibilidade ou a improcedência cometida a violação, tão somente
da petição ou comunicação, com com a apresentação de uma petição
base em informação ou prova ou comunicação que reúna todos os

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requisitos formais de admissibilidade. será facultado publicá-lo.

Artigo 49 - Se se houver chegado 3. Ao encaminhar o relatório,


a uma solução amistosa de acordo a Comissão pode formular as
com as disposições do inciso 1, "f", do proposições e recomendações que
artigo 48, a Comissão redigirá um julgar adequadas.
relatório que será encaminhado ao
peticionário e aos Estados-partes Artigo 51 - 1. Se no prazo de três
nesta Convenção e posteriormente meses, a partir da remessa aos
transmitido, para sua publicação, Estados interessados do relatório
ao Secretário Geral da Organização da Comissão, o assunto não houver
dos Estados Americanos. O referido sido solucionado ou submetido à
relatório conterá uma breve exposição decisão da Corte pela Comissão ou
dos fatos e da solução alcançada. Se pelo Estado interessado, aceitando
qualquer das partes no caso o solicitar, sua competência, a Comissão poderá
ser-lhe-á proporcionada a mais ampla emitir, pelo voto da maioria absoluta
informação possível. dos seus membros, sua opinião e
conclusões sobre a questão submetida
Artigo 50 - 1. Se não se chegar a uma à sua consideração.
solução, e dentro do prazo que for
fixado pelo Estatuto da Comissão, esta 2. A Comissão fará as recomendações
redigirá um relatório no qual exporá os pertinentes e fixará um prazo dentro
fatos e suas conclusões. Se o relatório do qual o Estado deve tomar as
não representar, no todo ou em parte, medidas que lhe competir para
o acordo unânime dos membros da remediar a situação examinada.
Comissão, qualquer deles poderá
agregar ao referido relatório seu voto 3. Transcorrido o prazo fixado, a
em separado. Também se agregarão Comissão decidirá, pelo voto da
ao relatório as exposições verbais ou maioria absoluta dos seus membros,
escritas que houverem sido feitas se o Estado tomou ou não as medidas
pelos interessados em virtude do adequadas e se publica ou não seu
inciso 1, "e", do artigo 48. relatório.

2. O relatório será encaminhado aos


Estados interessados, aos quais não

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Capítulo VIII - CORTE três candidatos, pelo menos um
INTERAMERICANA DE DIREITOS deles deverá ser nacional do Estado
HUMANOS diferente do proponente.
Seção 1 - Organização
Artigo 54 - 1. Os juízes da Corte serão
Artigo 52 - 1. A Corte compor-se-á de eleitos por um período de seis anos
sete juízes, nacionais dos Estados- e só poderão ser reeleitos uma vez. O
membros da Organização, eleitos a mandato de três dos juízes designados
título pessoal dentre juristas da mais na primeira eleição expirará ao cabo
alta autoridade moral, de reconhecida de três anos. Imediatamente depois
competência em matéria de direitos da referida eleição, determinar-se-ão
humanos, que reúnam as condições por sorteio, na Assembléia Geral, os
requeridas para o exercício das mais nomes desse três juízes.
elevadas funções judiciais, de acordo
com a lei do Estado do qual sejam 2. O juiz eleito para substituir outro,
nacionais, ou do Estado que os cujo mandato não haja expirado,
propuser como candidatos. completará o período deste.

2. Não deve haver dois juízes da 3. Os juízes permanecerão em suas


mesma nacionalidade. funções até o término dos seus
mandatos. Entretanto, continuarão
Artigo 53 - 1. Os juízes da Corte serão funcionando nos casos de que já
eleitos, em votação secreta e pelo houverem tomado conhecimento
voto da maioria absoluta dos Estados- e que se encontrem em fase de
partes na Convenção, na Assembléia sentença e, para tais efeitos, não serão
Geral da Organização, a partir de uma substituídos pelos novos juízes eleitos.
lista de candidatos propostos pelos
mesmos Estados. Artigo 55 - 1. O juiz, que for nacional
de algum dos Estados-partes em caso
2. Cada um dos Estados-partes pode submetido à Corte, conservará o seu
propor até três candidatos, nacionais direito de conhecer do mesmo.
do Estado que os propuser ou de
qualquer outro Estado-membro da 2. Se um dos juízes chamados a
Organização dos Estados Americanos. conhecer do caso for de nacionalidade
Quando se propuser um lista de de um dos Estados-partes, outro

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Estado-parte no caso poderá designar Americanos em que considerar
uma pessoa de sua escolha para conveniente, pela maioria dos
integrar a Corte, na qualidade de juiz seus membros e mediante prévia
ad hoc. aquiescência do Estado respectivo. Os
Estados-partes na Convenção podem,
3. Se, dentre os juízes chamados a na Assembléia Geral, por dois terços
conhecer do caso, nenhum for da dos seus votos, mudar a sede da Corte.
nacionalidade dos Estados-partes,
cada um destes poderá designar um 2. A Corte designará seu Secretário.
juiz ad hoc.
3. O Secretário residirá na sede da
4. O juiz ad hoc deve reunir os Corte e deverá assistir às reuniões que
requisitos indicados no artigo 52. ela realizar fora da mesma.

5. Se vários Estados-partes na Artigo 59 - A Secretaria da Corte será


Convenção tiverem o mesmo por esta estabelecida e funcionará
interesse no caso, serão considerados sob a direção do Secretário Geral da
como uma só parte, para os fins das Organização em tudo o que não for
disposições anteriores. Em caso de incompatível com a independência
dúvida, a Corte decidirá. da Corte. Seus funcionários serão
nomeados pelo Secretário Geral da
Artigo 56 - O quorum para as Organização, em consulta com o
deliberações da Corte é constituído Secretário da Corte.
por cinco juízes.
Artigo 60 - A Corte elaborará seu
Artigo 57 - A Comissão comparecerá Estatuto e submetê-lo-á à aprovação
em todos os casos perante a Corte. da Assembléia Geral e expedirá seu
Regimento.
Artigo 58 - 1. A Corte terá sua sede
no lugar que for determinado, na Seção 2 - Competência e funções
Assembléia Geral da Organização,
pelos Estados-partes na Convenção, Artigo 61 - 1. Somente os Estados-
mas poderá realizar reuniões no partes e a Comissão têm direito de
território de qualquer Estado- submeter um caso à decisão da Corte.
membro da Organização dos Estados

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2. Para que a Corte possa conhecer de convenção especial.
qualquer caso, é necessário que sejam
esgotados os processos previstos nos Artigo 63 - 1. Quando decidir que houve
artigos 48 a 50. violação de um direito ou liberdade
protegidos nesta Convenção, a Corte
Artigo 62 - 1. Todo Estado-parte pode, determinará que se assegure ao
no momento do depósito do seu prejudicado o gozo do seu direito
instrumento de ratificação desta ou liberdade violados. Determinará
Convenção ou de adesão a ela, ou em também, se isso for procedente, que
qualquer momento posterior, declarar sejam reparadas as consequências
que reconhece como obrigatória, da medida ou situação que haja
de pleno direito e sem convenção configurado a violação desses
especial, a competência da Corte em direitos, bem como o pagamento de
todos os casos relativos à interpretação indenização justa à parte lesada.
ou aplicação desta Convenção.
2. Em casos de extrema gravidade e
2. A declaração pode ser feita urgência, e quando se fizer necessário
incondicionalmente, ou sob evitar danos irreparáveis às pessoas,
condição de reciprocidade, por a Corte, nos assuntos de que estiver
prazo determinado ou para casos conhecendo, poderá tomar as
específicos. Deverá ser apresentada medidas provisórias que considerar
ao Secretário Geral da Organização, pertinentes. Se se tratar de assuntos
que encaminhará cópias da mesma que ainda não estiverem submetidos
a outros Estados-membros da ao seu conhecimento, poderá atuar a
Organização e ao Secretário da Corte. pedido da Comissão.

3. A Corte tem competência para Artigo 64 - 1. Os Estados-membros


conhecer de qualquer caso, relativo da Organização poderão consultar
à interpretação e aplicação das a Corte sobre a interpretação desta
disposições desta Convenção, que lhe Convenção ou de outros tratados
seja submetido, desde que os Estados- concernentes à proteção dos direitos
partes no caso tenham reconhecido ou humanos nos Estados americanos.
reconheçam a referida competência, Também poderão consultá-la, no que
seja por declaração especial, como lhes compete, os órgãos enumerados
prevêem os incisos anteriores, seja por no capítulo X da Carta da Organização

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dos Estados Americanos, reformada da sentença, a Corte interpretá-la-á, a
pelo Protocolo de Buenos Aires. pedido de qualquer das partes, desde
que o pedido seja apresentado dentro
2. A Corte, a pedido de um de noventa dias a partir da data da
Estado-membro da Organização, notificação da sentença.
poderá emitir pareceres sobre a
compatibilidade entre qualquer de Artigo 68 - 1. Os Estados-partes na
suas leis internas e os mencionados Convenção comprometem-se a
instrumentos internacionais. cumprir a decisão da Corte em todo
caso em que forem partes.
Artigo 65 - A Corte submeterá à
consideração da Assembléia Geral 2. A parte da sentença que determinar
da Organização, em cada período indenização compensatória poderá
ordinário de sessões, um relatório ser executada no país respectivo
sobre as suas atividades no ano pelo processo interno vigente para
anterior. De maneira especial, e com a execução de sentenças contra o
as recomendações pertinentes, Estado.
indicará os casos em que um Estado
não tenha dado cumprimento a suas Artigo 69 - A sentença da Corte deve
sentenças. ser notificada às partes no caso e
transmitida aos Estados-partes na
Seção 3 - Processo Convenção.

Artigo 66 - 1. A sentença da Corte deve Capítulo IX - DISPOSIÇÕES COMUNS


ser fundamentada.
Artigo 70 - 1. Os juízes da Corte e
2. Se a sentença não expressar no todo os membros da Comissão gozam,
ou em parte a opinião unânime dos desde o momento da eleição e
juízes, qualquer deles terá direito a enquanto durar o seu mandato,
que se agregue à sentença o seu voto das imunidades reconhecidas aos
dissidente ou individual. agentes diplomáticos pelo Direito
Internacional. Durante o exercício dos
Artigo 67 - A sentença da Corte será seus cargos gozam, além disso, dos
definitiva e inapelável. Em caso de privilégios diplomáticos necessários
divergência sobre o sentido ou alcance para o desempenho de suas funções.

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Artigo 73 - Somente por solicitação
2. Não se poderá exigir responsabilidade da Comissão ou da Corte, conforme
em tempo algum dos juízes da Corte, o caso, cabe à Assembléia Geral da
nem dos membros da Comissão, por Organização resolver sobre as sanções
votos e opiniões emitidos no exercício aplicáveis aos membros da Comissão
de suas funções. ou aos juízes da Corte que incorrerem
nos casos previstos nos respectivos
Artigo 71 - Os cargos de juiz da Corte Estatutos. Para expedir uma resolução,
ou de membro da Comissão são será necessária maioria de dois terços
incompatíveis com outras atividades dos votos dos Estados-membros da
que possam afetar sua independência Organização, no caso dos membros
ou imparcialidade, conforme o que da Comissão; e, além disso, de dois
for determinado nos respectivos terços dos votos dos Estados-partes
Estatutos. na Convenção, se se tratar dos juízes
da Corte.
Artigo 72 - Os juízes da Corte e os
membros da Comissão perceberão PARTE III - DISPOSIÇÕES GERAIS E
honorários e despesas de viagem TRANSITÓRIAS
na forma e nas condições que
determinarem os seus Estatutos, Capítulo X - ASSINATURA,
levando em conta a importância RATIFICAÇÃO, RESERVA, EMENDA,
e independência de suas funções. PROTOCOLO E DENÚNCIA
Tais honorários e despesas de
viagem serão fixados no orçamento- Artigo 74 - 1. Esta Convenção está
programa da Organização dos aberta à assinatura e à ratificação
Estados Americanos, no qual devem de todos os Estados-membros da
ser incluídas, além disso, as despesas Organização dos Estados Americanos.
da Corte e da sua Secretaria. Para tais
efeitos, a Corte elaborará o seu próprio 2. A ratificação desta Convenção ou
projeto de orçamento e submetê-lo-á a adesão a ela efetuar-se-á mediante
à aprovação da Assembléia Geral, por depósito de um instrumento de
intermédio da Secretaria Geral. Esta ratificação ou adesão na Secretaria
última não poderá nele introduzir Geral da Organização dos Estados
modificações. Americanos. Esta Convenção
entrará em vigor logo que onze

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Estados houverem depositado na data em que eles depositarem os
os seus respectivos instrumentos seus respectivos instrumentos de
de ratificação ou de adesão. Com ratificação.
referência a qualquer outro Estado
que a ratificar ou que a ela aderir Artigo 77 - 1. De acordo com a
ulteriormente, a Convenção entrará faculdade estabelecida no artigo 31,
em vigor na data do depósito do seu qualquer Estado-parte e a Comissão
instrumento de ratificação ou adesão. podem submeter à consideração
dos Estados-partes reunidos por
3. O Secretário Geral comunicará ocasião da Assembléia Geral projetos
todos os Estados-membros da de Protocolos adicionais a esta
Organização sobre a entrada em vigor Convenção, com a finalidade de
da Convenção. incluir progressivamente, no regime
de proteção da mesma, outros direitos
Artigo 75 - Esta Convenção só pode ser e liberdades.
objeto de reservas em conformidade
com as disposições da Convenção de 2. Cada Protocolo deve estabelecer
Viena sobre o Direito dos Tratados, as modalidades de sua entrada em
assinada em 23 de maio de 1969. vigor e será aplicado somente entre os
Estados-partes no mesmo.
Artigo 76 - 1. Qualquer Estado-parte,
diretamente, e a Comissão e a Corte, Artigo 78 - 1. Os Estados-partes
por intermédio do Secretário Geral, poderão denunciar esta Convenção
podem submeter à Assembléia Geral, depois de expirado o prazo de cinco
para o que julgarem conveniente, anos, a partir da data em vigor da
proposta de emendas a esta mesma e mediante aviso prévio de
Convenção. um ano, notificando o Secretário Geral
da Organização, o qual deve informar
2. Tais emendas entrarão em vigor as outras partes.
para os Estados que as ratificarem, na
data em que houver sido depositado o 2. Tal denúncia não terá o efeito de
respectivo instrumento de ratificação, desligar o Estado-parte interessado
por dois terços dos Estados-partes das obrigações contidas nesta
nesta Convenção. Quanto aos outros Convenção, no que diz respeito a
Estados-partes, entrarão em vigor qualquer ato que, podendo constituir

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violação dessas obrigações, houver necessário realizar várias votações,
sido cometido por ele anteriormente serão eliminados sucessivamente,
à data na qual a denúncia produzir na forma que for determinada pela
efeito. Assembléia Geral, os candidatos que
receberem maior número de votos.
Capítulo XI -
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS Seção 2 - Corte Interamericana de
Direitos Humanos
Seção 1 - Comissão Interamericana de
Direitos Humanos Artigo 81 - Ao entrar em vigor esta
Convenção, o Secretário Geral pedirá
Artigo 79 - Ao entrar em vigor esta a cada Estado-parte que apresente,
Convenção, o Secretário Geral pedirá dentro de um prazo de noventa
por escrito a cada Estado-membro da dias, seus candidatos a juiz da Corte
Organização que apresente, dentro Interamericana de Direitos Humanos.
de um prazo de noventa dias, seus O Secretário Geral preparará uma lista
candidatos a membro da Comissão por ordem alfabética dos candidatos
Interamericana de Direitos Humanos. apresentados e a encaminhará aos
O Secretário Geral preparará uma lista Estados-partes pelo menos trinta dias
por ordem alfabética dos candidatos antes da Assembléia Geral seguinte.
apresentados e a encaminhará aos
Estados-membros da Organização, Artigo 82 - A eleição dos juízes da Corte
pelo menos trinta dias antes da far-se-á dentre os candidatos que
Assembléia Geral seguinte. figurem na lista a que se refere o artigo
81, por votação secreta dos Estados-
Artigo 80 - A eleição dos membros da partes, na Assembléia Geral, e serão
Comissão far-se-á dentre os candidatos declarados eleitos os candidatos que
que figurem na lista a que se refere obtiverem o maior número de votos
o artigo 79, por votação secreta da e a maioria absoluta dos votos dos
Assembléia Geral, e serão declarados representantes dos Estados-partes.
eleitos os candidatos que obtiverem Se, para eleger todos os juízes da Corte,
maior número de votos e a maioria for necessário realizar várias votações,
absoluta dos votos dos representantes serão eliminados sucessivamente,
dos Estados-membros. Se, para eleger na forma que for determinada pelos
todos os membros da Comissão, for Estados-partes, os candidatos que

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receberem menor número de votos.

____________

Adotada e aberta à assinatura na Conferência Especializada Interamericana sobre


Direitos Humanos, em San José de Costa Rica, em 22.11.1969 - ratificada pelo Brasil
em 25.09.1992

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LEI Nº 13.869, DE 5 DE SETEMBRO DE 2019

(A LEI LEI N.º 4.898, DE 1965 FOI REVOGADA PELA LEI Nº 13.869, DE
2019)

Dispõe sobre os crimes de abuso de autoridade; altera a Lei nº 7.960, de 21 de
dezembro de 1989, a Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996, a Lei nº 8.069, de 13 de
julho de 1990, e a Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994; e revoga a Lei nº 4.898, de 9
de dezembro de 1965, e dispositivos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
de 1940 (Código Penal).

CAPÍTULO III
DA AÇÃO PENAL

Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.

§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no
prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer
denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos
de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante,
retomar a ação como parte principal.

§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado


da data em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.”

“CAPÍTULO VI
DOS CRIMES E DAS PENAS

‘Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade


com as hipóteses legais:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de

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prazo razoável, deixar de: ................................

I - relaxar a prisão manifestamente Parágrafo único. Incorre na mesma


ilegal; pena quem prossegue com o
interrogatório:
II - substituir a prisão preventiva
por medida cautelar diversa ou de I - de pessoa que tenha decidido
conceder liberdade provisória, quando exercer o direito ao silêncio; ou
manifestamente cabível;
II - de pessoa que tenha optado
III - deferir liminar ou ordem de habeas por ser assistida por advogado ou
corpus, quando manifestamente defensor público, sem a presença de
cabível.’ seu patrono.’

‘Art. 13. Constranger o preso ou o ‘Art. 16. Deixar de identificar-se ou


detento, mediante violência, grave identificar-se falsamente ao preso por
ameaça ou redução de sua capacidade ocasião de sua captura ou quando
de resistência, a: deva fazê-lo durante sua detenção ou
prisão:
.........................................................................................
................................ Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2
(dois) anos, e multa.
III - produzir prova contra si mesmo
ou contra terceiro: Parágrafo único. Incorre na mesma
pena quem, como responsável
......................................................................................... por interrogatório em sede de
...............................’ procedimento investigatório de
infração penal, deixa de identificar-se
‘Art. 15. Constranger a depor, sob ao preso ou atribui a si mesmo falsa
ameaça de prisão, pessoa que, em identidade, cargo ou função.’
razão de função, ministério, ofício ou
profissão, deva guardar segredo ou ‘Art. 20. Impedir, sem justa causa,
resguardar sigilo: a entrevista pessoal e reservada do
preso com seu advogado:
.........................................................................................

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Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 sigilo seja imprescindível:
(dois) anos, e multa.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2
Parágrafo único. Incorre na mesma (dois) anos, e multa.’
pena quem impede o preso, o réu
solto ou o investigado de entrevistar- ‘Art. 38. Antecipar o responsável
se pessoal e reservadamente com pelas investigações, por meio de
seu advogado ou defensor, por prazo comunicação, inclusive rede social,
razoável, antes de audiência judicial, atribuição de culpa, antes de
e de sentar-se ao seu lado e com ele concluídas as apurações e formalizada
comunicar-se durante a audiência, a acusação:
salvo no curso de interrogatório ou
no caso de audiência realizada por Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2
videoconferência.’ (dois) anos, e multa.’”

‘Art. 30. Dar início ou proceder “CAPÍTULO VIII


à persecução penal, civil ou DISPOSIÇÕES FINAIS
administrativa sem justa causa
fundamentada ou contra quem sabe .........................................................................................
inocente: ..............................

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) Art. 43. A Lei nº 8.906, de 4 de julho


anos, e multa.’ de 1994, passa a vigorar acrescida do
seguinte art. 7º-B:
‘Art. 32. Negar ao interessado, seu
defensor ou advogado acesso aos ‘Art. 7º-B Constitui crime violar direito
autos de investigação preliminar, ao ou prerrogativa de advogado previstos
termo circunstanciado, ao inquérito nos incisos II, III, IV e V do caput do art.
ou a qualquer outro procedimento 7º desta Lei:
investigatório de infração penal, civil
ou administrativa, assim como impedir Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1
a obtenção de cópias, ressalvado o (um) ano, e multa.’”
acesso a peças relativas a diligências
em curso, ou que indiquem a Brasília, 27 de setembro de 2019; 198o
realização de diligências futuras, cujo da Independência e 131o da República.

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LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997.

DEFINE OS CRIMES DE TORTURA E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-


lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira


pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de


violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de
aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de


segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não
previsto em lei ou não resultante de medida legal.

§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-
las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão


de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público;


II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência,

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adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; '(Redação dada pela Lei nº 10.741, de
2003)

III - se o crime é cometido mediante seqüestro.

§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a


interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o
cumprimento da pena em regime fechado.

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido
cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o
agente em local sob jurisdição brasileira.

Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da


Criança e do Adolescente.

Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da Independência e 109º da República.

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CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA
PREVENIR E PUNIR A TORTURA

OS ESTADOS AMERICANOS SIGNATÁRIOS DA PRESENTE


CONVENÇÃO,

Conscientes do disposto na Convenção Americana sobre Direitos Humanos,


no sentido de que ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou
tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes;

Reafirmando que todo ato de tortura ou outros tratamentos ou penas cruéis,


desumanos ou degradantes constituem uma ofensa à dignidade humana e
uma negação dos princípios consagrados na Carta da Organização dos Estados
Americanos e na Carta das Nações Unidas, e são violatórios aos direitos humanos
e liberdades fundamentais proclamados na Declaração Americana dos Direitos e
Deveres do Homem e na Declaração Universal dos Direitos do Homem;

Assinalando que, para tornar efetivas as normas pertinentes contidas nos


instrumentos universais e regionais aludidos, é necessário elaborar uma
convenção interamericana que previna e puna a tortura;

Reiterando seu propósito de consolidar neste Continente as condições que


permitam o reconhecimento e o respeito da dignidade inerente à pessoa humana
e assegurem o exercício pleno das suas liberdades e direitos fundamentais:

Convieram no seguinte:

Artigo l

Os Estados Partes obrigam-se a prevenir e a punir a tortura, nos termos desta


Convenção.

Artigo 2

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Para os efeitos desta Convenção, não o façam;
entender-se-á por tortura todo ato pelo
qual são infligidos intencionalmente b) As pessoas que, por instigação dos
a uma pessoa penas ou sofrimentos funcionários ou empregados públicos
físicos ou mentais, com fins de a que se refere a alínea a, ordenem
investigação criminal, como meio de sua comissão, instiguem ou induzam
intimidação, como castigo pessoal, a ela, cometam-no diretamente ou
como medida preventiva, como pena nele sejam cúmplices.
ou com qualquer outro fim. Entender-
se-á também como tortura a aplicação, Artigo 4
sobre uma pessoa, de métodos
tendentes a anular a personalidade da O fato de haver agido por
vítima, ou a diminuir sua capacidade ordens superiores não eximirá
física ou mental, embora não causem da responsabilidade penal
dor física ou angústia psíquica. correspondente.

Não estarão compreendidos no Artigo 5


conceito de tortura as penas ou
sofrimentos físicos ou mentais que Não se invocará nem admitirá como
sejam unicamente conseqüência de justificativa do delito de tortura a
medidas legais ou inerentes a elas, existência de circunstâncias tais
contanto que não incluam a realização como o estado de guerra, a ameaça
dos atos ou a aplicação dos métodos a de guerra, o estado de sítio ou de
que se refere este artigo. emergência, a comoção ou conflito
interno, a suspensão das garantias
Artigo 3 constitucionais, a instabilidade política
interna, ou outras emergências ou
Serão responsáveis pelo delito de calamidades públicas.
tortura:
Nem a periculosidade do detido
a) Os empregados ou funcionários ou condenado, nem a insegurança
públicos que, aluando nesse caráter, do estabelecimento carcerário ou
ordenem sua comissão ou instiguem penitenciário podem justificar a
ou induzam a ela, cometam-no tortura.
diretamente ou, podendo impedi-lo,

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Artigo 6 medidas semelhantes para evitar
outros tratamentos ou penas cruéis,
Em conformidade com o disposto no desumanos ou degradantes.
artigo l, os Estados Partes tomarão
medidas efetivas a fim de prevenir Artigo 8
e punir a tortura no âmbito de sua
jurisdição. Os Estados Partes assegurarão a
qualquer pessoa que denunciar haver
Os Estados Partes as segurar-s e-ao sido submetida a tortura, no âmbito de
de que todos os atos de tortura e sua jurisdição, o direito de que o caso
as tentativas de praticar atos dessa seja examinado de maneira imparcial.
natureza sejam considerados delitos
em seu direito penal, estabelecendo Quando houver denúncia ou razão
penas severas para sua punição, que fundada para supor que haja sido
levem em conta sua gravidade. cometido ato de tortura no âmbito
de sua jurisdição, os Estados Partes
Os Estados Partes obrigam-se também garantirão que suas autoridades
a tomar medidas efetivas para prevenir procederão de ofício e imediatamente
e punir outros tratamentos ou penas à realização de uma investigação
cruéis, desumanos ou degradantes, sobre o caso e iniciarão, se for cabível,
no âmbito de sua jurisdição. o respectivo processo penal.

Artigo 7 Uma vez esgotado o procedimento


jurídico interno do Estado e os recursos
Os Estados Partes tomarão medidas que este prevê, o caso poderá ser
para que, no treinamento de agentes submetido a instâncias internacionais,
de polícia e de outros funcionários cuja competência tenha sido aceita
públicos responsáveis pela custódia por esse Estado.
de pessoas privadas de liberdade,
provisória ou definitivamente, e nos Artigo 9
interrogatórios, detenções ou prisões,
se ressalte de maneira especial a Os Estados Partes comprometem-
proibição do emprego da tortura. se a estabelecer, em suas legislações
nacionais, normas que garantam
Os Estados Partes tomarão também compensação adequada para as

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vítimas do delito de tortura. jurisdição sobre o delito descrito nesta
Convenção, nos seguintes casos:
Nada do disposto neste artigo afetará o
direito que possa ter a vítima ou outras a) quando a tortura houver sido
pessoas de receber compensação cometida no âmbito de sua jurisdição;
em virtude da legislação nacional
existente. b) quando o suspeito for nacional do
Estado Parte de que se trate;
Artigo 10
c) quando a vítima for nacional do
Nenhuma declaração que se comprove Estado Parte de que se trate e este o
haver sido obtida mediante tortura considerar apropriado.
poderá ser admitida como prova
num processo, salvo em processo Todo Estado Parte tomará também as
instaurado contra a pessoa ou pessoas medidas necessárias para estabelecer
acusadas de havê-la obtido mediante sua jurisdição sobre o delito descrito
atos de tortura e unicamente como nesta Convenção, quando o suspeito
prova de que, por esse meio, o acusado se encontrar no âmbito de sua
obteve tal declaração. jurisdição e o Estado não o extraditar,
de conformidade com o artigo 11.
Artigo 11
Esta Convenção não exclui a jurisdição
Os Estados Partes tomarão as penal exercida de conformidade com
medidas necessárias para conceder o direito interno.
a extradição de toda pessoa acusada
de delito de tortura ou condenada por Artigo 13
esse delito, de conformidade com suas
legislações nacionais sobre extradição O delito a que se refere o artigo 2 será
e suas obrigações internacionais nessa considerado incluído entre os delitos
matéria. que são motivo de extradição em todo
tratado de extradição celebrado entre
Artigo 12 Estados Partes. Os Estados Partes
comprometem-se a incluir o delito
Todo Estado Parte tomará as medidas de tortura como caso de extradição
necessárias para estabelecer sua em todo tratado de extradição que

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celebrarem entre si no futuro. suas autoridades competentes, como
se o delito houvesse sido cometido
Todo Estado Parte que sujeitar a no âmbito de sua jurisdição, para fins
extradição à existência de um tratado de investigação e, quando for cabível,
poderá, se receber de outro Estado de ação penal, de conformidade com
Parte, com o qual não tiver tratado, sua legislação nacional. A decisão
uma solicitação de extradição, tomada por essas autoridades será
considerar esta Convenção como comunicada ao Estado que houver
a base jurídica necessária para a solicitado a extradição.
extradição referente ao delito de
tortura. A extradição estará sujeita Artigo 15
às demais condições exigíveis pelo
direito do Estado requerido. Nada do disposto nesta Convenção
poderá ser interpretado como
Os Estados Partes que não sujeitarem limitação do direito de asilo, quando
a extradição à existência de um for cabível, nem como modificação
tratado reconhecerão esses delitos das obrigações dos Estados Partes em
como casos de extradição entre eles, matéria de extradição.
respeitando as condições exigidas
pelo direito do Estado requerido. Artigo 16

Não se concederá a extradição nem Esta Convenção deixa a salvo o


se procederá à devolução da pessoa disposto pela Convenção Americana
requerida quando houver suspeita sobre Direitos Humanos, por outras
fundada de que corre perigo sua convenções sobre a matéria e pelo
vida, de que será submetida à tortura, Estatuto da Comissão Interamericana
tratamento cruel, desumano ou de Direitos Humanos com relação ao
degradante, ou de que será julgada delito de tortura.
por tribunais de exceção ou ad hoc,
no Estado requerente. Artigo 17

Artigo 14 Os Estados Partes comprometem-se


a informar a Comissão Interamericana
Quando um Estado Parte não conceder de Direitos Humanos sobre as medidas
a extradição, submeterá o caso às legislativas, judiciais, administrativas e

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de outra natureza que adotarem em
aplicação desta Convenção. Os Estados Partes poderão formular
reservas a esta Convenção no
De conformidade com suas atribuições, momento de aprová-la, assiná-la,
a Comissão Interamericana de Direitos ratificá-la ou de a ela aderir, contanto
Humanos procurará analisar, em seu que não sejam incompatíveis com o
relatório anual, a situação prevalecente objeto e o fim da Convenção e versem
nos Estados membros da Organização sobre uma ou mais disposições
dos Estados Americanos, no que diz específicas.
respeito à prevenção e supressão da
tortura. Artigo 22

Artigo 18 Esta Convenção entrará em vigor no


trigésimo dia a partir da data em que
Esta Convenção estará aberta à tenha sido depositado o segundo
assinatura dos Estados membros da instrumento de ratificação. Para cada
Organização dos Estados Americanos. Estado que ratificar a Convenção
ou a ela aderir depois de haver sido
Artigo 19 depositado o segundo instrumento de
ratificação, a Convenção entrará em
Esta Convenção estará sujeita a vigor no trigésimo dia a partir da data
ratificação. Os instrumentos de em que esse Estado tenha depositado
ratificação serão depositados na seu instrumento de ratificação ou
Secretaria-Geral da Organização dos adesão.
Estados Americanos.
Artigo 23
Artigo 20
Esta Convenção vigorará
Esta Convenção ficará aberta à adesão indefinidamente, mas qualquer dos
de qualquer outro Estado Americano. Estados Partes poderá denunciá-
Os instrumentos de adesão serão la. O instrumento de denúncia será
depositados na Secretaria-Geral da depositado na Secretaria-Geral da
Organização dos Estados Americanos. Organização dos Estados Americanos.
Transcorrido um ano, contado a partir
Artigo 21 da data de depósito do instrumento

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de denúncia, a Convenção cessará em seus efeitos para o Estado denunciante,
ficando subsistente para os demais Estados Partes.

Artigo 24

O instrumento original desta Convenção, cujos textos em português, espanhol,


francês e inglês são igualmente autênticos, será depositado na Secretaria-Geral da
Organização dos Estados Americanos, que enviará cópia autenticada do seu texto
para registro e publicação à Secretaria das Nações Unidas, de conformidade com
o artigo 102 da Carta das Nações Unidas. A Secretaria-Geral da Organização dos
Estados Americanos comunicará aos Estados membros da referida Organização
e aos Estados que tenham aderido à Convenção, as assinaturas e os depósitos
de instrumentos de ratificação, adesão e denúncia, bem como as reservas que
houver.

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USO DE ALGEMAS

(ENUNCIADO N.º 11 DA SÚMULA VINCULANTE DO SUPREMO


TRIBUNAL FEDERAL

SÚMULA VINCULANTE 11

Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga


ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de
terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do
ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

Precedentes Representativos

Em primeiro lugar, levem em conta o princípio da não culpabilidade. É certo


que foi submetida ao veredicto dos jurados pessoa acusada da prática de crime
doloso contra a vida, mas que merecia tratamento devido aos humanos, aos
que vivem em um Estado Democrático de Direito. (...) Ora, estes preceitos — a
configurarem garantias dos brasileiros e dos estrangeiros residentes no País —
repousam no inafastável tratamento humanitário do cidadão, na necessidade de
lhe ser preservada a dignidade. Manter o acusado em audiência, com algema,
sem que demonstrada, ante práticas anteriores, a periculosidade, significa colocar
a defesa, antecipadamente, em patamar inferior, não bastasse a situação de todo
degradante. O julgamento no Júri é procedido por pessoas leigas, que tiram as
mais variadas ilações do quadro verificado. A permanência do réu algemado
indica, à primeira visão, cuidar-se de criminoso da mais alta periculosidade,
desequilibrando o julgamento a ocorrer, ficando os jurados sugestionados.
[HC 91.952, voto do rel. min. Marco Aurélio, P, j. 7-8-2008, DJE 241 de 19-12-2008.]

O uso legítimo de algemas não é arbitrário, sendo de natureza excepcional, a


ser adotado nos casos e com as finalidades de impedir, prevenir ou dificultar a
fuga ou reação indevida do preso, desde que haja fundada suspeita ou justificado

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receio de que tanto venha a ocorrer, e DJE 164 de 14-8-2018.]
para evitar agressão do preso contra
os próprios policiais, contra terceiros (...) a decisão desvirtua a lógica da
ou contra si mesmo. Súmula. Compreende que a infração
[HC 89.429, rel. min. Cármen Lúcia, 1ª que motiva a acusação não afasta a
T, j. 22-8-2006, DJ de 2-2-2007.] periculosidade do agente, partindo
da inconfessada premissa de que o
Jurisprudência selecionada uso de algemas configura regra não
afastada pelo caso concreto. Mas a
- Necessidade de justificativa por ótica da Súmula é inversa. E ótica
escrito pelo magistrado para o uso de vinculante! O fato de o réu encontrar-
algema em réu preso se preso é absolutamente neutro,
pois não se imagina que o uso de
O parâmetro invocado é a Súmula algemas seja cogitado na hipótese
Vinculante 11 (...). Por fim, o fundado de acusado que responde à acusação
receio de perigo à integridade física em liberdade. À obviedade, ao exigir
alheia, ocasionado pelo alto número causa excepcionante, a Súmula não se
de réus e pelo número reduzido de contenta com os requisitos da prisão,
policiais para garantir a segurança naturalmente presentes. Com efeito,
dos presentes durante a realização é certo que as impressões do Juiz da
de ato judicial, é argumento legítimo causa merecem prestígio e podem
para autorizar o excepcional uso de sustentar, legitimamente, o uso de
algemas, conforme entendimento algemas. Não se admite, contudo,
deste SUPREMO (Rcl 30.410/SP, Rel. que mediante mero jogo de palavras,
Min. Edson Fachin, DJe de 28/06/2018; calcado no singelo argumento de
Rcl 30.802/MT, Rel. Min. Luiz Fux, DJe que não se comprovou a inexistência
de 18/06/2018; Rcl 30.729/MT, Rel. Min. de exceção, seja afastada a
Dias Toffoli, DJe de 13/06/2018; Rcl imperatividade da Súmula Vinculante.
19.501 AgR/SP, Rel. Min. Alexandre Se a exceção não se confirmou, a regra
de Moraes, Primeira Turma, DJe de merece aplicação, de modo que, a teor
14/03/2018 e Rcl 14.663 AgR, Rel. Min. do verbete, o ato judicial é nulo, com
Rosa Weber, Primeira Turma, DJe de prejuízo dos posteriores.
13/4/2016) (...). [Rcl 22.557, rel. min. Edson Fachin, dec.
[Rcl 31.058, rel. min. Alexandre de monocrática, j. 14-12-2015, DJE 254 de
Moraes, dec. monocrática, j. 8-8-2018, 17-12-2015.]

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se mostra infundada a pretensão dos
No caso em comento, o enunciado reclamantes.
da Súmula Vinculante 11 assentou o [Rcl 12.511 MC, rel. min. Luiz Fux, dec.
entendimento de que a utilização monocrática, j. 16-10-2012, DJE 204 de
de algemas se revela medida 18-10-2012.]
excepcional, notadamente quando
envolver processos perante o Tribunal O uso de algemas durante audiência
do Júri em que jurados poderiam ser de instrução e julgamento pode ser
influenciados pelo fato de o acusado determinado pelo magistrado quando
ter permanecido algemado no presentes, de maneira concreta,
transcurso do julgamento. Com efeito, riscos à segurança do acusado ou das
a utilização das algemas somente se pessoas ao ato presentes. (...) II — No
legitima em três situações, a saber: (i) caso em análise, a decisão reclamada
quando há fundado receio de fuga, (ii) apresentou fundamentação idônea
quando há resistência à prisão ou (iii) justificando a necessidade do uso de
quando há risco à integridade física algemas, o que não afronta à Súmula
do próprio acusado ou de terceiros Vinculante 11.
(e.g., magistrados ou autoridades [Rcl 9.468 AgR, rel. min. Ricardo
policiais). Mais que isso, é dever do Lewandowski, P, j. 24-3-2011, DJE 68 de
agente apresentar, posteriormente, 11-4-2011.]
por escrito, as razões que o levaram a
proceder à utilização das algemas. Do - Necessidade de justificação por
contrário, haverá a responsabilização escrito pela autoridade policial para o
tanto do agente que efetuou a prisão uso de algema em cumprimento de
(criminal, cível e disciplinar) quanto mandado de prisão temporária
do Estado, bem como a decretação
de nulidade da prisão e/ou dos atos (...) nestes autos os reclamantes
processuais referentes à constrição insurgem-se contra ato praticado
ilegal da liberdade ambulatorial por policiais em cumprimento ao
do indivíduo. Ocorre que, in casu, mandado de prisão temporária
a autoridade reclamada (Juízo da decretado pelo Juízo da 2ª Vara
2ª Vara Criminal da Comarca de Criminal da Comarca de Betim/MG.
Americana/SP) apresentou extensa (...) Destaco, também, que o Juízo da 2ª
fundamentação ao indeferir o pedido Vara Criminal da Comarca de Betim/
de relaxamento da prisão. Daí por que MG, ao decretar a prisão temporária

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dos reclamantes, consignou que o à discrição da autoridade policial
mandado deveria ser cumprido “com responsável pela escolta do reclamante,
as cautelas previstas em lei, evitando conforme as circunstâncias e as
qualquer abuso ou arbitrariedade necessidades do caso concreto.
por parte dos seus cumpridores” (...). Cumpre ressaltar, nesse ponto, que a
No caso, a utilização excepcional das Súmula Vinculante 11 não aboliu o uso
algemas foi devidamente justificada das algemas, mas pretendeu apenas
pela autoridade policial, nos termos evitar os abusos que, se comprovados,
exigidos pela Súmula Vinculante 11. implicam a responsabilização penal
Ficou demonstrada a existência de e administrativa dos responsáveis.
fundado perigo à integridade física dos Dessa forma, considerando-se a
conduzidos, de terceiros e dos agentes natureza preventiva do pedido,
policiais que realizaram a escolta. veiculado contra ato futuro e incerto,
Ademais, como bem destacado pelo não há falar em afronta à autoridade
MPF, “eventual nulidade decorrente da Súmula Vinculante 11 desta Corte.
do uso de algemas no cumprimento [Rcl 14.434, rel. min. Ricardo
do mandado não vicia a prisão Lewandowski, dec. monocrática, j. 28-
processual”. 8-2012, DJE 172 de 31-8-2012.]
[Rcl 8.409, rel. min. Gilmar Mendes,
dec. monocrática, j. 29-11-2010, DJE - Impossibilidade de reavaliação do
234 de 3-12-2010.] fundamento de magistrado para o
uso de algemas em habeas corpus
- Descabimento de reclamação para
prevenir uso de algemas (...) o paradigma tido como violado
legitima a utilização excepcional
Nesse contexto, a leitura da inicial de algemas, desde que o ato seja
não permite identificar ato concreto adequadamente fundamentado. (...) a
passível de ser impugnado mediante fundamentação apresentada aponta
reclamação, uma vez que a decisão quais seriam os motivos concretos e
do Juízo da 5ª Vara Criminal da peculiares justificadores da eventual
Circunscrição Judiciária de Brasília/DF utilização das algemas, razão pela
não desrespeitou o que definido por qual não há falar-se em ofensa à
esta Corte na Súmula Vinculante 11. Ao Súmula Vinculante 11. No mais, divergir
indeferir o pedido da defesa, o juízo de tal fundamentação demandaria
reclamado deixou o uso das algemas aprofundamento em matéria fático-

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probatória, o que é inviável em sede
de Reclamação constitucional. (...) A decisão atacada levou em conta
Por fim, o fundado receio de perigo à a existência de fundado perigo
integridade física alheia, ocasionado consubstanciado no envolvimento
pelo alto número de réus e pelo dos acusados com facção criminosa,
número reduzido de policiais para na deficiência da segurança do
garantir a segurança dos presentes Fórum e, ainda, no grande número de
durante a realização de ato judicial, é advogados e funcionários presentes à
argumento legítimo para autorizar o sala de audiência. 5. O uso de algemas
excepcional uso de algemas, (...). durante a audiência de instrução
[Rcl 32.192, rel. min. Alexandre de e julgamento somente afronta o
Moraes, dec. monocrática, j. 23-10- enunciado da Súmula Vinculante
2018, DJE 231 de 30-10-2018.] 11 quando impõe constrangimento
absolutamente desnecessário, o que
AGRAVO REGIMENTAL EM não se verifica nos autos. 6. Não é
RECLAMAÇÃO. CRIMINAL. USO DE possível admitir-se, em sede de habeas
ALGEMAS EM AUDIÊNCIA. ALEGADO corpus, qualquer dúvida a respeito
DESCUMPRIMENTO DA SÚMULA das questões de fato apontadas pela
VINCULANTE 11. SUBSTRATO FÁTICO magistrada para determinar o uso
E JURÍDICO DIVERSO. ESTRITA das algemas durante a realização das
OBSERVÂNCIA AO ENUNCIADO audiências.
SUMULAR. IMPROCEDÊNCIA DA [HC 103.003, rel. min. Ellen Gracie, 2ª T,
RECLAMAÇÃO. 1. Inexiste substrato j. 29-3-2011, DJE 162 de 24-8-2011.]
fático ou jurídico capaz de atrair
a incidência do enunciado da Verifico, portanto, não haver, nos
Súmula Vinculante 11, justificada a autos da presente reclamação,
excepcionalidade do uso das algemas substrato fático ou jurídico capaz de
em audiência ante o fundado receio atrair a incidência do enunciado da
de perigo à integridade física alheia, Súmula Vinculante 11, visto que há, in
ocasionado pelo alto número de réus e casu, justificativa idônea para o uso
reduzida quantidade de policiais para das algemas durante a realização
garantir a segurança dos presentes da audiência. Assim, não é possível
durante a realização do ato. admitir-se, em reclamação, qualquer
[Rcl 14.663 AgR, rel. min. Rosa Weber, dúvida a respeito das questões de
1ª T. j. 15-3-2016, DJE 68 de 13-4-2016.] fato apontadas pelo magistrado

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para determinar o uso das algemas Esse postulado básico — pas de nullité
durante a realização das audiências. sans grief — tem por finalidade rejeitar
[Rcl 9.877, rel. min. Ellen Gracie, dec. o excesso de formalismo, desde que a
monocrática, j. 11-6-2010, DJE 116 de eventual preterição de determinada
25-6-2010.] providência legal não tenha causado
prejuízo para qualquer das partes (...).
- Necessidade de comprovação de [Rcl 16.292 AgR, voto do rel. min. Celso
efetivo prejuízo à defesa em razão do de Mello, 2ª T, j. 15-3-2016, DJE 80 de 26-
uso injustificado de algema 4-2016.]

(...) é de registrar-se, tal como Quanto ao tema atinente ao uso


assinalado pelo Ministério Público de algemas no interrogatório do
Federal em seu douto parecer, que paciente, não prospera a irresignação
o uso injustificado de algemas em do impetrante, uma vez que não há
audiência, ainda que impugnado qualquer comprovação nos autos de
em momento procedimentalmente que o réu esteve algemado, bem como
adequado, traduziria causa de não houve a insurgência da defesa
nulidade meramente relativa, de modo em tempo hábil, restando a matéria
que o seu eventual reconhecimento preclusa. De qualquer modo, também
exigiria a demonstração inequívoca, não ficou demonstrado prejuízo a
pelo interessado, de efetivo defesa, bem como as situações físicas
prejuízo à defesa — o que não se da sala de audiências justificam, em
evidenciou no caso —, pois não se tese, o uso de algemas. (...) Por fim,
declaram nulidades processuais como já destacado, o princípio pas de
por mera presunção, consoante nullité sans grief exige a demonstração
tem proclamado a jurisprudência de prejuízo concreto à parte que
do Supremo Tribunal Federal (...). O suscita o vício, independentemente da
entendimento ora referido reafirma a sanção prevista para o ato, podendo
doutrina segundo a qual a disciplina ser ela tanto a de nulidade absoluta
normativa das nulidades no sistema (...) quanto relativa (...), pois “não se
jurídico brasileiro rege-se pelo declara nulidade por mera presunção”
princípio de que “Nenhum ato será (RHC 99.779, rel. min. Dias Toffoli, DJE
declarado nulo, se da nulidade não de 13-9-2011). Esse princípio, corolário
resultar prejuízo para a acusação ou da natureza instrumental do processo,
para a defesa” (CPP/1941, art. 563 (...)). exige a demonstração de prejuízo

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concreto pela parte que argui a mácula (arts. 563 e 566 do Código de Processo
Penal (...)), o que não se deu na espécie.
[HC 121.350, voto do rel. min. Luiz Fux, 1ª T, j. 13-5-2014, DJE 189 de 29-9-2014.]

- Uso injustificado de algema em razão de ato não processual praticado por


autoridade policial

A leitura do processo, especialmente do pronunciamento mediante o qual


implementada a segregação, revela a ausência de manifestação do juízo criminal
acerca da utilização das algemas. Embora evidenciado o emprego injustificado
do artefato, a providência decorreu de ato administrativo da autoridade policial,
situação não abarcada pelo verbete, no que alude à prática de ato processual.
As algemas foram utilizadas um dia após a prisão, quando o reclamante já se
encontrava na delegacia de polícia, tão somente no momento da exibição dos
presos à imprensa. Eventual responsabilização do Estado ou, até mesmo, dos
agentes envolvidos, decorrente dos fatos noticiados na inicial, deve ser buscada
na via apropriada. Descabe potencializar o alcance da reclamação.

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