Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
P r e f á c i o ....................................................................... ix
ix
militante. Correu todos os riscos quando percebeu que, no
âmbito dos operadores do sistema penal, o paradigm a do
jurista “ puro” , em sentido kelseniano, é o carrasco.
Inscreveu-se numa tradição combativa, questionadora do
positivismo jurídico individualista burguês, a mesma que
levou Kantorowicz a supor que seu direito livre fosse o
direito natural do século XX, a mesma que fez Ehrlich per
ceber que os jusnaturalistas haviam convertido os desejos
de uma classe social em prescrições imutáveis. Seu m ovi
mento de direito alternativo exprime a mais original contri
buição brasileira na direção do pluralismo jurídico que as
ciências sociais descobriram e descreveram, mas que a
visão sacralizada do direito estatal recalca e confina em
certas prateleiras teóricas, como o criminoso por convicção
e o conflito de deveres. Saio surpreende a cada passo de
sua carreira acadêmica: botou o dedo na ferida aberta da
política criminal de drogas ao fazer-se mestre, e visitou a
deterioração prisional com o direito de resistência nas
mãos, em sua tese doutorai. Como os colegas do modelo
colonizado, sabe que a prisão desvirtua, deforma e corrom
pe, mas ao contrário deles não se vale do argumento ape
nas para manter o consumidor fora da penitenciária, esque-
cendo-o perante os crimes grosseiros da pobreza.
O estudo de Saio sobre a aplicação da pena principia
por uma saudável advertência: a secularização constitui
um processo inconcluso no âmbito do direito penal, e os
indicadores disso estarão à nossa espera naqueles nichos
de subjetividade que o procedimento de individualização
judicial da pena estatui como referenciais ônticos n egati
vos, alavancadores de exasperação penal, e pois negadores
da autonomia moral da pessoa humana. "Antecedentes” ,
“conduta social" e “personalidade” - este último, como
demonstra Saio, um conceito problemático e polissêmico
em sua própria sede acadêmica, e por isso mesmo infenso
ao princípio jurisdicional da refutabilidade das hipóteses -
são indicadores dessa espécie: eles desatam necessaria
mente mecanismos retóricos somente compatíveis com um
direito penal de autor. Chegamos aí a outro farisaísmo teó
rico: ensinar o direito penal do ato na culpabilidade, e pra
ticar o direito penal de autor na aplicação da pena. A o tra
tar da reincidência, Saio confluirá, a partir do irretorquível
dado da deterioração prisional, com Juarez Cirino dos
Santos: se o que conhecemos da prisonização é verdadeiro,
se as estatísticas da recidiva penitenciária não mentem,
então a reincidência só poderia ser olhada como atenuante
para o egresso! Consciente da missão limitativa do direito
penal, Saio não circunscreve seu estudo - e isso já seria
bastante - a desvelar tais contradições, senão que constrói
interpretações inabilitadoras da leitura usual exasperadora
de pena. O estudo se encerra com o exame da co-culpabili-
dade, já enunciada num dispositivo da lei dos crimes
ambientais, cuja expansão lógica para todo o sistema Saio,
com toda a razão, postula.
O texto de Amilton, sobre as majorantes dos crimes
sexuais (art. 226 CP), tem suas impressões digitais; ocorreu-
me pensar no diário de um guerrilheiro. Vejo-o, com seus
companheiros de Câmara Criminal, Aramis Nassif (por que
não escrevi mosqueteiros?) e Paulo Moacir, chocados com a
majorante “ser casado", que vale pelo menos 1 ano e 6 meses
a mais de prisão, julgando um caso, numa tarde de março de
1999. Naquele momento, “não estávamos preparados para
negar a le i" que negava a justiça. Poucos dias depois, a
mesma perplexidade se reapresenta, dessa vez nas mãos do
Desembargador Gonzaga Moura. Estava deflagrada, para
esses criativos magistrados, a "autêntica guerrilha no espa
ço jurídico" que produziria os acórdãos pioneiros e inovado
res que se integram ao texto. Silenciarei sobre o magnífico
estudo das duas primeiras causas especiais de majoração
de pena - o mais completo de toda a nossa doutrina - para
caminhar ao lado dessa "despedida de casado” (enquanto
majorante) que o estudo promove.
A primeira providência do guerrilheiro foi levantar o
poder de fogo retórico das forças da ordem jurídica, desco
brindo que ele repousava em dois argumentos: la a irrepa-
xi
rabilidade do dano, pela impossibilidade do casamento; 2a
a maior imoralidade, pela violação do dever de fidelidade.
No primeiro momento, o guerrilheiro trata de reconhecer o
terreno: perante uma Constituição que admitiu a “união
estável", pode-se olhar para o casamento da mesma forma
que o legislador de 1940? Logo, porém, detona sua primei
ra granada, com uma pergunta chocantemente desconfor
tável para as donas Baratinhas do direito penal: Quem
quer casar com o estuprador"?! Quando ainda se ouviam os
risos do estrago, o guerrilheiro vai à carga: desde a lei do
divórcio, o argumento da irreparabilidade do dano (que
subsistiria apenas para aquela maluca cujo sonho dourado
fosse casar com seu estuprador) simplesmente desapare
ceu. A s forças da ordem jurídica se refugiam imediatamen
te na fortaleza da "maior imoralidade por violação do dever
de fidelidade". Agora, o guerrilheiro, sob a luz das estrelas,
cisma sobre o horizonte do dever de fidelidade: parece-lhe
que só o cônjuge pode exigi-lo, e encontra uma boa
demonstração disso na drástica personalização do exercí
cio da ação penal por adultério. Um cerco à fortaleza se
estabelece, e ela já pode ser bombardeada com o absurdo
obus que compara a própria pena do adultério (15 dias a 6
m eses) com a majoração máxima de “ser casado" (1 ano e
6 meses). Ou seja: essa criminalização oblíqua do adultério
como delito de ação pública acresce como mínimo três
vezes mais do que é o merecimento penal máximo do pró
prio adultério! O aríete da proporcionalidade derruba o por
tão, e o guerrilheiro está entrando na fortaleza onde se refu
giara o argumento da “maior im oralidade” . De longe, go s
taria de enviar-lhe suprimentos no parágrafo único do arti
go 69 do Código Penal, que proibe no concurso formal uma
pena que exceda a simples cumulação material: logo, quem
com ete estupro e adultério... Não é preciso; Am ilton já has
teou sua bandeira, e daqui para a frente a "maior imorali
dade" será algum juiz brasileiro aplicar essa majorante
sem dores de consciência.
Am ilton e Saio, pai e filho, sabem que a importância
do afazer penalístico está na razão direta de sua capacida
de inabilitadora do poder punitivo inconstitucional, ilegal
ou grosseiramente irracional. Sabem que, especialm ente
numa conjuntura como a que vivemos, na qual um projeto
econôm ico que produz m assivam ente m arginalização
social requer crescentemente controle penal, tal afazer
ganha as características de uma luta, que é a mesma luta
pelo direito do fundador da dogmática, nesses tempos som
brios. Entrarão no reino, porque não fugiram ao bom com
bate. Estarão imunes a certas advertências que não cons
tam do Evangelho.
A i de vós, penalistas, que invocais os demonstrados
malefícios do encarceramento para impedir que os consu
midores não ingressem na penitenciária, e silenciais dian
te do apodrecimento em vida dos filhos da hedionda pobre
za! A i de vós, penalistas, que vos mobilizais em polêmicas
intermináveis sobre os fungíveis médicos nazistas que
remetiam menor quantidade de internos enfermos para o
extermínio, e ignorais que no hospital público do lado uma
comissão de bioética está agora escolhendo entre alguns
pacientes quem vai morrer! A i de vós, penalistas, que pro
clamais o direito penal do ato quando ensinais culpabilida
de, e exerceis implacavelm ente o direito penal de autor
quando aplicais a pena! Az de vós quando vos louvarem,
porque assim procederam seus pais com os falsos profetas
(Lucas 6:26).
N ilo Batista
Nota Introdutória
XV
P r im e ir a P a r t e
A p l ic a ç ã o d a Pena no E stado
D e m o c r á t ic o de D ir e it o e
G a r a n t i s m o : C o n s id e r a ç õ e s a p a r t ir
do P r in c íp io da S e c u l a r iz a ç ã o
Sa l o de Ca r v a lh o
Nenhum valor ou princípio pode se satisfazer
sem custos. Tais custos o sistema penal deve
estar disposto a pagar se quer salvaguardar
sua razão de ser.
Luigi Ferrajoli,
Dirítto e Ragione: Teoria dei Garantismo Penale
Aplicação da Pena no Estado Democrático
de Direito e Garantismo: Considerações a
partir do Princípio da Secularização
5
Saio d e Carvalho
6
A p licação da Pena no Estado D em ocrático d e Direito e
G arantismo: C on siderações a partir do Princípio d a S eculaiização
9
Saio de Carvalho
10
A p lic a ç ã o da Pena 110 Estado D em ocrático de Direito e
Garantismo: C on siderações a partir do Principio da Secularização
11
Saio de Carvalho
12
A p licação da Pena no Estado D em ocrático de Direito e
Garantismo: Considerações a partir do Princípio da Secularização
13
Saio d e Carvalho
14
A p lic a ç a o da Pena no E stado D em ocrático de Direito e
Garantism o: Considerações a partir do Princípio da Secularização
15
Saio d e Carvalho
16
A p licaçao da Pena 110 Estado D em ocrático de D iieito e
Garantismo: Considerações a partir do Princípio da Secularização
17
Saio d e Carvalho
18
A p licação da Pena no Estado D em ocrático de Direito e
Garantismo: C on siderações a partir do Principio da Secularizacã;
20
A p licação d a Pena no E stado D em ocrático de Direito e
Garantism o: C on siderações a partir dn Princípio da Secularização
21
Saio de Carvalho
22
A p lic a ç ã o da Pena no E stado D em ocrático d e Direito e
G arantismo: Considerações a partir do Principio da Secularização
23
Saio de Carvalho
24
A p licação da Pena no Estado D em ocrático de Direito e
Garantismo: Considerações a partir do Principio da Secularização
25
Saio de Carvalho
26
A p lic a ç ã o da Pena no Estado D em ocrático de Direito e
Garantismo: C on sid erações a partir do Princípio da Secularização
27
Saio de C arvallio
28
Ap licação da Pena no E stado D em ocrático de Direito e
Garantism o: C on siderações a partii do Principio da Secularização
29
SaLo de Carvalho
30
A p lica çã o da Pena no Estado D em ocrático de Direito e
Garantismo: C on siderações a partir do Princípio da Secularização
31
Saio do Carvalho
32
Aplicaçào da Pena 110 Estado Democrático de Direito e
Garantismo Considerações a partir do Princípio da Secularização
33
Saio d e Carvalho
*
34
A p licação da Pena no E stado D em ocrático d e Direito e
Garantismo: Considerações a partir do Princípio da Secularização
35
Saio de Carvalho
36
A p licação da Pena no E stado D em ocrático de Direito e
Garantism o: Con siderações a partir do Princípio da Secularização
37
Saio de Carvalho
38
A p lic a ç ã o da Pena no Estado D em ocrático d e Direito e
G arantism o: Considerações a partir do Princípio da Secularização
39
Saio de Carvalho
40
A p lica çã o da Pena no E stado D em ocrático d e Direito e
Garantismo: Considerações a partir do Princípio da Secularização
41
Saio de Carvalho
42
A p licação da Pena no E stado D em ocrático d e Direito e
Garantismo: C on siderações a partir do Princípio da Secularização
43
Saio d e Carvalho
44
ApLicaçao da Pena no Estado D em ocrático de Direito e
Garantismo: C on siderações a partir do Princípio da Secularização
45
Saio de Carvalho
46
A p licação da Pena no Estado D em ocrático de Direito e
Garantismo: Considerações a partir do Princípio da Secularização
47
Saio d e Carvalho
49
Saio d e Carvalho
50
A p licação da Pena no Estado D em ocrático de Direito e
Garantismo: C onsiderações a partir do Princípio da Secularização
52
A p licação da Pena no E stado D em ocrático de Direito e
Garantismo: Considerações a partir do Princípio da Secularização
90 RHC n£ 2.227-2 MG, 6a Turm a STJ, rei. Min. Luiz V icen te Cernicchiaro, DJ
29/3/93, p. 5.268.
91 Boschi, ob. cit., p. 210.
53
Saio de Carvalha
54
A p licação da Pena 110 Estado D em ocrático de Direito e
Garantismo: Considerações a partir do Princípio d a Secularização
56
A p licação da Pena no E stado D em ocrático d e Direito e
Garantismo: Considerações a partir do Princípio da Secularização
57
Saio d e Carvalho
58
A p licação da Pena no E stado D em ocrático de Direito e
Garantismo: Considerações a partir do Princípio da Secularização
59
Saio d e Carvalho
104 A p e la ç ã o -crim e na 70000907659, 6a Câm ara Crim inal TJRS, rei. Des.
Sylvio Baptista, j. em 15/6/2000. N o m esm o sentido, conferir os julgados
nas 70001004530 e 70001014810, proven ien tes da m esm a corte (TJRS, 6a
Câm ara Criminal, rei. Des. Sylvio Baptista),
60
A p licação da Pena no Estado Dem ocrático de Direito e
Garantismo: Con siderações a partir do Princípio da Secularização
61
Saio de Carvalho
62
A p lic a ç ã o da Pena no E stad o D em ocrático de Direito e
Garantismo: Con siderações a partir do Princípio da Secularização
63
Saio d e Carvalho
64
A p licação da Pena no Estado Dem ocrático d e Direito e
Garantismo: Considerações a partir do Princípio da Secularização
110 Zaffaroni, R eincidên cia: Um C on ceito do D ireito Penal A u to ritá rio , p. 53.
111 Streck, Tribunal do Júri: Sím bolos e R itu a is , p. 66.
112 M aia Neto, D ireitos H um anos do Preso, p. 147.
113 Zaffaroni, Sistem as P en a lesy D erech osH u m a nos en A m é rica Latina, p. 89.
65
Saio de Carvalho
66
A p licação d a Pena no Estado D em ocrático d e D ireito e
G arantismo: C on siderações a partir do Princípio da Secularização
115 A p e la ç ã o Crim e na 699291050, 5a Câm ara Crim inal TJRS, rei. Des.
Am ilton Bueno d e Carvalho, j. em 11/9/99. N o m esm o sentido, conferir os
julgados nss 70001004530 e 70001014810 (Apelação-C rim in al, 6a Câm ara
Crim inal TJRS, rei. Des. Sylvio Baptista) e 70000916197 (Em bargos
Infringentes, 3a Grupo Crim inal TJRS, rei. Des. Paulo M oacir A g u ia r
Vieira), p roven ien tes da m esm a corte. In teressan te v erifica r p arte do
v oto d o R elator q u e subscreve a d ecisão do m agistrad o d e prim eiro grau
de jurisdição, M auro Borba: Nada se acrescenta à exe m p la r decisáo do
colega M a u ro que va i adotada com o razão de decidir... : E scla reço q u e não
operei com a circu nstân cia da reincidência, p o is entendo q u e ela não tem
aplicação, n o caso, p o rq u e afronta a C on stitu içã o Federal. E xplico.
Conform e liçã o do sem pre b rilh a n te Lenio L u iz S tre ck (Tribun a l do J ú ri -
Sím bolos & Rituais, Livraria do A d voga d o Editora, 3a edição, p. 63 a 68,
P o rto A le gre , 1998), 'O D ire ito Penal Hoje, em fa ce da in s titu içã o do Estado
D em ocrá tico de D ire ito em nossa C onstitu ição - não p o d e (m ais) ser visto
co m o uma m era racionalidade instrum ental. 'Para tanto, há q u e se p erq u i-
r ir os critérios que fu nd am entam o estabelecim en to dos b en s ju ríd ico s
tutelados p e lo D ire ito Penal, isto p o rq u e não é liv r e o ‘le g isla d or’ para esta
b e le ce r tip os pen ais e penas e das exigências fu nd am entais inseridas na
C onstitu ição inferem -se os lim ite s traçados, p o r ela, para o D ire ito Pen al'
(Carvalho, M árcia D om etíla Lim a de. F undam entação C on stitu cion a l do
D ire ito Penal. P orto A legre, Fabris, 1992, p. 44) (...). 'E n xerg a r o direito
p elos olhos da C onstituição, significa, p o r exem plo, v e r o d ireito à lu z do
P rin cip io da Proporcionalidade, ou Razoabílídade, que é um dos m ais
im p orta n tes (se n ão fo r o m ais) p rin cíp io s albergados na C onstituição, o
q u a l consiste n um p a râ m etro de valoraçáo dos atos do P od e r Pú blico, para
a ferír se eles são inform ados pelos valores ditad os p ela C onstitu ição
(Barroso, L u ís R o b erto, 'In te rp reta çã o e A p lica çã o da C o n s titu iç ã o ’,
Saraiva, p. 204, 1996.) (...)’. Nesse co n te x to , co m o fica a re in c id ê n cia ?
C om o m a is uma vez ensina L e n io S tre ck (op. cit. p . 66/67): 'no nosso
C ód ig o Penal, a rein cid ên cia , além de a gra va r a p en a do (n ovo ) delito,
co n s titu i-s e em fa to r ob sta cu líza n te de uma série de b e n e fício s legais,
tais com o a suspensão con d icion a l da pena, o a lon g a m en to do p ra zo
pa ra o d eferim en to da lib erd a d e cond iciona l, a concessão do p riv ilé g io
do fu rto de p e q u e n o valor, só para c ita r alguns. Esse d u plo g ra v a m e da
rein cid ên cia é a n tíg a ra n tista , sendo, à evidência, in c o m p a tív e l com o
E stad o D e m o crá tico de D ireito, m o rm e n te p e lo seu co m p o n e n te estígm a -
tízante, q u e divid e os in d ivíd u os em a qu eles-qu e-a p re n d e ra m -a -con vi-
ver-em -socied a d e e a qu e le s -q u e -n ã o -a p re n d e ra m -e -in s is te m -e m -co n ti-
nuar-d elínqüíndo. “Le n io questiona, cita nd o Za ffa ron i (Zaffaroni, Raúl
E u gên io. "R ein cidên cia; um co n ceito do d ireito p e n a l a u to ritá rio", in Livro
de Estudos Jurídicos m 3RJ, IEJ, 1991, p. 55 e 56.) se: 'se p od e a plica r uma
p en a m a is g ra v e do q u e a co rre s p o n d e n te à classe de d elito de que se é
67
Saio d e Carvalho
cu lpá vel; se in flig ir a a lguém que com eteu um p rim e iro delito p elo q u a l foi
apenado uma nova p en a p o r esse crim e não seria viola r a b erta m en te o non
bis in idem, q u e é uma das bases fund am entais de toda a legislação em
m a téria crim in a l' (,..)."0 exam e do caso concreto, à lu z de tais considera
ções, aponta, in du b ita velm en te, para a violação do P rin cíp io da P ro p o rc io
n alidade ou Razoabilídade, se operada co m a reincidên cia. E que, sem a
reincidên cia, o sancionam ento para o d elito p ra tica d o seria um, ao passo
que, in cid in d o ela, o apenam ento seria ou tro e as conseqüências da co n d e
n ação tam bém , m u ito m a is gravosas para o réu, ocorrendo, pois, a despro
p orçã o en tre o resultado e o m eio. Ou seja, a sim ples in cid ên cia da re in c i
dência (m eio) acarreta um resultado (apen am en to e conseqüências m a is
gravosas ao réu ) absolutam ente desproporcional, ferindo, desta form a o
P rin cip io da Proporcionalidade, conseqü en tem ente, ferind o a própria
C onstituição, que, p o r ser a norm a fund ante de tod o o sistema, retira o
su p orte de validade do dispositivo le g a l que prevê a reincidência, porque,
m a teria lm en te co m ela conflita...
116 C opetti, D ireito Penal e Estad o D em ocrá tico de D ireito, p, 194.
68
A p lic a ç ã o da Pena n o E stado D em ocrático de Direito e
G arantism o: C on siderações a partir do Princípio da Secularização
69
Saio d e Carvalho
70
A p lic a ç ã o da Pena no E stado D em ocrático de Direito e
Garantism o: Considerações a partir do Princípio da Secularização
71
Saio de Carvalho
72
A p licação da Pena no E stado D em ocrático d e Direito e
Garantismo: Con siderações a partir do Princípio da Secularização
73
Saio de Carvalho
74
A p lic a ç ã o da Pena no Estado D em ocrático d e Direito e
Garantism o: Considerações a partir do Princípio da Secularização
127 O Tribunal d e Jvistiça do Rio G rande do Sul, d e form a in éd ita no país, apli
cou, recen tem ente, o princípio, dim inuindo a p en a em razão das con d i
ç ões econ ôm icas d o réu, em ju lgad o assim em entado: Roubo. Concurso.
C orrupção de M enores. Co-C ulpabilidade. Se a grave am eaça em erge u n i
ca m ente em razão da superioridade n um érica de agentes, não se sustenta
a m a jora n te do concurso, pena de bis in idem. Inepta é a in icia l do delito
de co rru p çã o de m enores (lei 2.252/54) que n ão descreve o antecedente
(m enores n ão corrom p id os) e o conseqü en te (efetiva corru pçã o pela p rá ti
ca de delito), am parado em dados seguros' coletados na fase inquisitorial.
O p rin cíp io da co-culpabilid ade faz a sociedade ta m bém responder pelas
possibilidades sonegadas ao cidadão-réu. R ecurso im provid o, com lo u vo r
75
Saio d e Carvalho
76
A p licação da Pena no E stado D em ocrático de Direito e
Garantismo: Considerações a partir do Princípio da Secularização
77
Saio de Carvalho
129 R eza o art. 14 da L ei n£ 9.605/98: São circu nstân cias que atenuam a pena:
I - b a ixo g ra u de in stru çã o ou escolaridade do agente; I I - arrepen d im en
to do infrator, m anifestado pela espontânea reparação do dano, ou lim ita
ção sign ifica tiva da degradação a m b ien ta l causada; I I I - com u nica çã o
p révia p elo a gen te do p e rig o im in en te da degradação am bienta l; e I V -
colaboração com os a gentes encarregados da vigilância e do controle
am biental.
78
A p licação da Pena no Estado D em ocrático de Direito e
Garantismo: Considerações a partir do Princípio da Secularização
79
Saio de Carvalho
130 Sobre a d efin ição e classificação m etod ológica, conferir Carvalho, D ireito
A lte rn a tiv o : Uma R evisita C onceituai, A rru d a Jr., Teoria do D ireito:
E sperando G odot?, H errera Flores e Sanchez Rubio, A p ro x im a ció n al
D erech o A lte rn a tiv o en Ib eroa m éríca , pp. 87-93, e D uquelsky Gom ez,
E n tre a L e i e o D ireito, pp. 84-99.
131 H errera Flores e Sanchez Rubio, ob. cit., p. 143.
132 Barcellona e Cotturri, E l Estado y los Juristas, p. 255.
80
A p lic a ç ã o da Pena no Estado D em ocrático de Direito e
Garantism o: Considerações a partir do Princípio da Secularização
81
Saio d e Carvalho
82
A p lica çã o da Pena no Estado D em ocrático de Direito e
Garantismo: C on siderações a partir do Princípio da Secularização
83
Saio d e Carvalho
139 Sobre o tema, conferir Sutherland, II C rim ine dei C o lle tti B ia nchi: La
Versione Integra le.
140 Larrauri, La H erencia d e la C rim inologia C rítica, p. 120.
A p licaçao da Pena no E stado D em ocrático de Direito e
Garantism o: C on siderações a partir do Princípio da Secularização
85
Saio de Carvalho
86
A p licação da Pena no Estado D em ocrático d e Direito e
G arantism o: Considerações a partir do Princípio da Secularização
146 Carvalho, Fundam entação C on stitu cion a l do D ire ito Penal, p. 72.
87
Saio de Carvalho
6. A Guisa de Conclusão
88
Ap licação d a Pen a no Estado D em ocrático d e Direito e
Garantism o: C on siderações a partir do Princípio da Secularização
89
Saio de Carvalho
90
A p licação da Pena no Estado Dem ocrático de Direito e
G arantismo; Considerações a partii do Princípio da Secularização
7. Referências Bibliográficas
91
Saio d e Carvalho
93
Saio de C arvallio
94
A p licação da Pena 110 E stado Democi át.ico de Direito e
Garantismo: Considerações a partir do Princípio da Secularização
95
Saio d e Carvalho
96
A p licação da Pena no E stado D em ocrático de Direito e
Garantism o: C on siderações a partir do Princípio da Secularização
97
Saio d e Carvalho
C r im e s S e x u a is V io l e n t o s
A m il t o n B ueno de Ca r v a l h o
As Major antes nos Crimes
Sexuais Violentos
1. Introdução I
101
A m ilto n Bueno d e Carvalho
2. Introdução II
102
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolen tos
103
Am ilton Bueno d e Carvalho
104
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolen tos
105
A m ilto n Bueno d e Carvalho
3. Introdução III
106
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolentos
107
A m ilto n Bueno d e Carvalho
4. O Alcance do Debate
108
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolentos
109
A m ilto n Bueno de Carvalho
110
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolentos
Pois bem.
A regra em discussão (art. 226 do CP) constitui-se
majorante. Assim, necessária sua conceituação.
Em nível doutrinário, a matéria é analisada de maneira
simplificada e seus contornos, dogmaticamente, estão defi
nidos - no sentido de ocorrer consenso no saber vigente.
A identificação da causa especial de aumento ocorre,
como regra, no confronto com as agravantes e as qualifica-
doras.
Parte-se, neste momento, do saber do precioso pena-
lista - crítico de vanguarda - Juarez Cirino dos Santos.9
Para Juarez, as causas especiais (seja de aumento,
seja de diminuição) têm os seguintes contornos hábeis a
identificá-las:
primeiro, estão previstas na parte geral e na parte
especial do Código - as estabelecidas na geral alcançam
todos os tipos de crimes compatíveis (exs.: tentativa - dimi
nuição e concurso formal - aumento) e as vindas na esp e
cial são específicas (não alcançando, por óbvio, outros
tipos) e vêm ao lado do tipo respectivo (ex.: roubo majora-
do pelo uso de arma).
segundo, su a principal característica é a possibilidade
de excederem os lim ites m ínim o ou m áxim o da pena com i-
nada ao tipo legal.
111
A m ilton Bueno de Carvalho
112
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolentos
113
A m ilto n Bueno d e Carvalho
Registra-se, outrossim:
114
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais Violen tos
e,
115
A m ilto n Bueno d e Carvalho
116
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolen tos
117
Am ilton Bueno d e Carvalho
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
118
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolen tos
119
A m ilto n Bueno d e Carvalho
VOTO
120
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais Violen tos
121
A m ilto n Bueno de Carvalho
122
A s M ajorantes nos Crim es Sexxiais V iolen tos
123
Ain ilton Bueno d e Carvalho
124
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais Violen tos
125
A m ilto n Bueno d e Carvalho
126
A s M ajorantes nos Crimes Sexuais V iolentos
127
A m ilton Bueno d e Carvalho
128
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolen tos
129
A m ilton Bueno d e Carvalho
130
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolen tos
131
A m ilton Bueno d e Carvalho
132
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolentos
133
A m ilto n Bueno d e Carvalho
134
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolen tos
135
A m ilton Bueno d e C arvalho
136
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolen tos
137
A m ilto n Bueno d e Carvalho
138
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolen tos
139
A m ilton Bueno d e Carvalho
140
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolen tos
141
A m ilto n Bueno d e Carvalho
ACÓRD ÃO
142
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais Violentos
RELATÓ RIO
143
A m ilton Bueno d e Carvalho
VOTO
144
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolen tos
(Apelação-Crim e n 2 70000804823).
145
A m ilto n Bueno d e C arvalho
146
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolentos
147
Am ilton Bueno d e Carvalho
148
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolentos
149
A m ilto n Bueno d e Carvalho
150
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolen tos
151
A m ilto n Bueno d e Carvalho
152
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais Violen tos
153
A m ilto n Bueno d e Carvalho
Pois bem.
Há razão para existência de tal causa de aumento? E
se há, é razoável o quantum do aumento? Eis as respostas
buscadas - como, aliás, foi a orientação seguida quando da
análise dos outros incisos do art. 226 do Código Penal.
Delmanto afirma que :33 A disposição contida no art.
226, III, não é, certamente, graciosa e tem a sua razão de
ser. Terá mesmo razão de ser? Não será graciosa (leia-se
irracional)? Para mim é graciosa (leia-se, agora, risível)
mesmo! Sua razão de ser é infundada ante o que se enten
de por direito penal garantista!
Vejamos, pois.
No texto antes referido, Delmanto assevera que, apesar
do interesse prático (acontecem, com freqüência, delitos
sexuais onde o agente é casado; acarretam forte exacerba
ção da pena e têm efeitos colaterais perversos - cálculo da
prescrição e dos benefícios em execução penal), a referida
causa de aumento nunca chegou a merecer, por parte da dou
trina, mais do que sucintas e rápidas observações. De modo
geral, faltou-lhe, sempre, exame mais aprofundado.
E ele tem razão. Há que se questionar, antes de mais
nada, o que gera tamanho desin teresse doutrinário:
qual(ais) a(s) razão(ões) que levam o pensador do direito a
quase que, irresponsavelmente, omitir-se?
Quer me parecer, em primeiro, que tudo tem origem na
concepção de qual seja a atividade do jurista. E, no senso
comum teórico, não se lhe dá, em nível teórico, a possibili
dade criativa do direito. Tem-se-o apenas como revelador do
direito (im)posto pelo Estado. Ou seja, alguém diz o que é
direito e o jurista apenas diz aquilo que alguém disse (aliás,
mesmo aí há criação: dizer o que o texto diz - dar seu alcan
ce - é ato que gera produto novo, embora mais limitado). O
direito é-lhe, pois, apenas dado, no dizer de Lyra Filho.
Em assim sendo, efetivam en te pouco há a dizer, só
rapidez e sucintas observações: há o acréscim o de pena
154
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolen tos
155
A m ilto n Bueno d e Carvalho
156
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolen tos
47 R JTJR G S , 191/76.
48 Loc. cit., p. 25.
157
A m ilto n Bueno de Carvalho
49 R T, 1938, p. 223.
50 Sérgio A n tôn io Fabris, 1988, p. 91.
158
A s M ajoran tes nos Crim es Sexuais V iolen tos
159
A m ilton Bueno d e Carvalho
160
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolen tos
161
A m ilto n Bueno d e Carvalho
162
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolen tos
163
A m ilto n Bueno d e C arvalho
164
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais Violen tos
ACÓRDÃO
RELATÓ RIO
165
A m ilto n Bueno d e Carvalho
166
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais Violen tos
167
Am ilton Bueno d e Carvalho
VOTO
3. Quanto ao m érito:
A o exame da existência do fato e sua materialidade,
percebe-se que não foi comprovada através do exame de
corpo de delito (fls. 15el6), o que se justifica porque, em face
de ser o denunciado o sujeito passivo no ato incriminado na
peça vestibular, pois, segundo a prova, era o réu que pedia
aos meninos I. e M. que introduzissem seus órgãos sexuais
no ânus do denunciado. São duas crianças (seis e oito anos
de idade), que, certamente, não poderiam consumar o sexo
anal pretendido pelo apelante.
A prova encaminha o convencim ento de que a senten
ça deve ser mantida.
168
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolen tos
169
A m ilto n Bueno d e Carvalho
170
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolen tos
171
A m ilton Bueno de Carvalho
172
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolen tos
Pois bem.
O crime sexual violento, quando praticado pelo pai, como
se viu anteriormente, transforma-se no delito por excelência -
o mais grave entre todos os crimes: destruidor da conquista
primeira da humanidade - diferenciador do homem dos
demais animais.
173
A m ilton Bueno d e Carvalho
174
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais V iolen tos
6. Referências Bibliográficas
175
Am ilton Bueno de Carvalho
Jesus, Damásio E. de. Direito Penal, vol. III, São Paulo: Sa
raiva, 1996.
_________ . Código Penal Anotado, 9a ed., São Paulo: Saraiva,
1999.
Kuehne, Maurício. Teoria e Prática de Aplicação de Pena, 2a
ed. Curitiba: Juruá, 1998.
Lyra Filho, Roberto. O Que é Direito, 4a ed. Brasília: Brasi-
liense, 1982.
Mestieri, João. Do Delito de Estupro. São Paulo: RT, 1982.
_________ . Teoria Elementar do Direito Criminal - Parte
Geral, Ed. J. Mestieri, 1990.
Mirabete, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal, 6a ed.,
vol. II. São Paulo: Atlas, 1991.
Noronha, E. M agalhães. Direito Penal, 16a ed., vol. III. São
Paulo: Saraiva, 1983.
Prado, Luiz Régis. Curso de Direito Penal Brasileiro - Parte
Geral, São Paulo: RT, 1999.
Saavedra, Modesto. “ Poder Judicial, Interpretación Jurídica
y Critérios de Legitimidad", in Anuário de Derecho
Publico y Estudos Políticos, na 1, Granada, 1988.
Salles Jr., Romeu de Alm eida, Curso Completo de Direito
Penal, São Paulo: Saraiva, 1987.
Santos, Juarez Cirino. Direito Penal: A Nova Parte Geral, Rio
de Janeiro: Forense, 1985.
Scapini, Marco Antonio Bandeira. “A cesso à Justiça e
G ênero” , in Feminino-Masculino: Igualdade e Diferença
na Justiça, Ed. Sulina, 1997.
Streck, Lenio Luiz. "O Direito Penal à Luz do Princípio da
Proporcionalidade - Um A córd ão G arantista” , in
Doutrina n° 9, Rio de Janeiro: Luam, 2000.
Suannes, Adauto. Os Fundamentos Éticos do Devido Proces
so Penal, São Paulo: RT, 1999.
Tavares, Juarez. Teoria do Injusto Penal, Belo Horizonte: Del
Rey, 2000.
Telles, Sérgio. “Absolvido Pai que fez Sexo com Filha de 15
A n o s” , in Boletim dos Juizes para Democracia, ano 5, nfl
16, 1999.
176
A s M ajorantes nos Crim es Sexuais Violentos
177