Você está na página 1de 8

INCLUSÃO DIGITAL NO BREJO PARAIBANO, COMO INSTRUMENTO DE

SUSTENTABILIDADE PARA A COMUNIDADE

(1) (2);
Luana de Fátima Damasceno dos Santos ; Carlos Dornelles Ferreira Soares
Márcia Verônica Costa Miranda(3);
(1)
Extensionista Bolsista, graduada em Zootecnia; E-mail: luana_jppb@yahoo.com.br;
(2)
Extensionista Colaborador, graduando em Agronomia;E-mail: dodo16_carlos@hotmail.com
(3)
Professora Orientadora/Coordenadora Centro de Ciências Agrárias/Departamento de Ciências
Fundamentais e Sociais/PROBEX, Areia-PB, E-mail: miranda@cca.ufpb.br.

Resumo: Em virtude da evolução da informática, é necessário acompanhar os passos das


tecnologias emergentes, fazendo com que a comunidade em geral seja envolvida nas
vantagens e recursos proporcionados pelos recentes instrumentos da Tecnologia da
Informação. Este artigo descreve a execução do projeto voltado para a comunidade carente do
brejo paraibano, cujo objetivo principal consiste em prover a inserção social dessas pessoas
através da disseminação do conhecimento digital. Partindo do princípio de que a Universidade
deve também estar voltada para a comunidade onde está inserida, visamos, neste projeto, a
inclusão digital da comunidade carente distritais ao Centro de Ciências Agrárias da
Universidade Federal da Paraíba, dentre elas estão os funcionários, professores e seus
dependentes. Como a informática, incluindo seus recursos da Tecnologia de Informação e
Comunicação, é uma ferramenta indispensável ao trabalho, à comunicação e ao próprio modo
de vida contemporânea, o seu domínio resulta em uma inclusão social mais ampla, pois gera
conhecimentos e atividades que promovem a sustentabilidade social e ao ingresso no mercado
de trabalho. Por isso, este projeto consiste na execução de ações que visam ampliar o acesso
das camadas populares ao mundo digital e que possibilitem esta clientela estarem aptos ao
mercado de trabalho através de um instrumento poderoso para a construção da inteligência
coletiva.

Palavras-chave: Inclusão digital, sustentabilidade, mercado de trabalho

Introdução

Atualmente, o acesso à informação é fator determinante no desenvolvimento social e


econômico de um país e, no Brasil, o uso dos recursos tecnológicos de informática e
comunicação está, ainda, muito limitado a uma pequena camada da população. Isto acaba
acentuando as diferenças sociais, sendo um dos maiores males da atualidade, principalmente
no nordeste brasileiro. Para combater a exclusão social, faz-se necessário uma iniciativa de
inclusão que possa capacitar as pessoas a ingressarem no mercado de trabalho.
A exclusão digital é um dos fatores que gera a desigualdade, existente na maioria da
população brasileira, especialmente a nordestina. Segundo dados do Mapa de Exclusão Digital
divulgado no início de abril/2003, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ), juntamente com
outras entidades, “aproximadamente 12% dos brasileiros têm computador em suas residências
e pouco mais de 8% encontram-se conectados à Internet.” (FGV et SILVA FILHO, 2003). Em
2001, 12,64% da população brasileira dispunha de acesso ao computador e 8,31% à Internet.
Atualmente, segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio - 2006)
22,4% das famílias declaram ter computador e o acesso à Internet passou para 16,9% (IBGE,
2007). Um dos fatores que leva a essa situação é a omissão dos poderes públicos em executar
políticas de incentivo à inclusão digital, pois não adianta ampliar o número de computadores
nas cidades, e escolas, sem capacitar os operadores para seu manejo, fato observado por
Silveira, ao afirmar que “em geral, a maioria dos programas de inclusão digital estão voltados
apenas ao acesso à conexão, esquecendo que se trata de um passo inicial”.
Portanto, é essencial que as diretrizes definidas por uma Política Pública de Inclusão
Digital possam promover a disseminação e produção da informação e do conhecimento,
contribuindo para uma inclusão social mais equitativa, além da promoção natural de inserção
no mercado de trabalho, auxiliando na geração de emprego e renda. As autoridades
governamentais devem investir na melhoria da educação pública, que vise a formação de uma
geração capaz de competir no mercado de trabalho e, sobretudo, na sociedade globalizada,
segundo Gonçalves (1999).
O objetivo do projeto é promover formas de inserir as pessoas das comunidades
circunvizinhas da Universidade no mercado de trabalho, principalmente as do brejo paraibano,
e integrar pessoas comuns (idosos, funcionários, professores de rede pública, docentes da
universidade, dependentes de funcionários e professores) na sociedade através de uma nova
linguagem e conhecimento de novas tecnologias. Procura-se resgatar o status intelectual da
população, fazê-los cidadãos produtivos e redescobrir suas potencialidades, estimulando-os a
uma prática consciente e participativa de cidadania.

Metodologia

Este projeto tem sua execução em caráter contínuo e, durante o último semestre, foi
apresentada uma grande demanda para a abertura de novos cursos, nas áreas de Informática
básica e Informática Avançada, como forma de dar continuidade ao conteúdo já apresentado.
O público-alvo, requerido para estas novas turmas, consiste em alunos de escolas
públicas da cidade de Areia e de sua circunvizinhança, incluindo tambem funcionários e
professores da Universidade Federal, bem como seus dependentes, e os próprios alunos do
Centro de Ciências Agrárias, sendo exigido, para este ano, uma faixa etária mínima de 18
anos.
Esse curso foi elaborado para ter uma duração de aproximadamente 3 meses, com carga
horária de 40 horas, e turmas compostas por, no máximo, 20 vagas. O período de inscrição
durou aproximadamente um mês, realizada na própria Universidade, na Assessoria de
Extensão do CCA. Ao término dos cursos de Informática, em cada turma, é realizada uma
confraternização para entrega de certificados e palestras para incentivá-los a continuarem se
especializando em outras áreas de conhecimento. As aulas foram ministradas durante a
semana, com atividades durante os turnos manhã e tarde. Além do horário normal de aulas,
oferecemos aulas extras para aplicação de exercícios, exposição de material complementar e
tirar dúvidas existentes sobre o conteúdo ministrado em sala de aula e laboratório.
As aulas foram ministradas no Laboratório de Informática Aplicada do Centro de
Ciências Agrárias (LACACIA), com conteúdo envolvendo atividades teóricas e práticas. Os
recursos didáticos utilizados foram projetor multimídia, quadro-branco e pincel, listas de
exercícios, exercícios práticos contínuos, que foram utilizados para facilitar tanto no modo de
explicação para os alunos, como uma forma de melhorar a assimilação do conteúdo do curso.
Além disto, foram confeccionadas apostilas com o conteúdo programático aplicado em sala de
aula. O conteúdo ministrado para o curso de Informática Básica foi dividido em quatro
módulos:
 Módulo 1: Noções básicas de um computador, visando os seus componentes;
 Módulo 2: Noções sobre Sistemas Operacionais; Windows e utilitários;
 Módulo 3: Editor de texto (Word);
 Módulo 4: Internet, seus recursos e aplicações, com treinamento sobre navegação
dentro desse mundo tecnológico, o correio eletrônico, pesquisas e outros trabalhos.
O conteúdo ministrado para o curso de Informática Avançada foi assim dividido:
 Módulo 1: Editor de Planilhas (PowerPoint) – recursos avançados;
 Módulo 2: Planilha Eletrônica – Excel;
 Módulo 3: Internet, seus recursos e aplicações mais avançados.
A Tabela 1, abaixo, descreve, sucintamente, o conteúdo ministrado nos cursos e suas
respectivas cargas horárias.

Tabela 1. Conteúdo Programático e carga horária do Curso de Microinformática Básica

Nome do Software Carga Horária Objetivo do Programa

Noções de Computação 6h Introdução a Informática


Windows 6h Noções de sistema operacional
Word 20 h Formatação de Textos
Internet Explorer 8h Recursos, navegação, E-mail, etc.

Total da carga horária 40 h


A Tabela 2 descreve, sucintamente, o conteúdo ministrado nos cursos de Informática
Avançada e suas respectivas cargas horárias.

Tabela 2. Conteúdo Programático e carga horária do Curso de Informática Avançada.

Nome do Software Carga Horária Objetivo do Programa

Editor de Planilhas (PowerPoint) 16 h Recursos avançados do PowerPoint


Planilha Eletrônica (Excel) 14 h Elaboração de planilhas e fórmulas
Internet 10 h Recursos avançados de Internet.

Total da carga horária 40 h

As aulas práticas têm como uma finalidade principal passar para os alunos os
conteúdos de uma forma bastante simples, aliando-as sempre com as aulas teóricas,
melhorando a compreensão e aprendizagem do conteúdo pelos alunos. Além do exposto,
como já mencionado, foram construídos exercícios e apostilas didáticas, favorecendo a
assimilação e um melhor entendimento de cada conteúdo ministrado. A apostilha possui todo
conteúdo programático proposto e serve como fonte de pesquisa futura para eventuais
necessidades do aluno. Para observar os resultados obtidos das aulas de informática, optamos
em realizar algumas avaliações práticas para analisar o aprendizado, o ensino proposto e o
aperfeiçoamento dos alunos em relação aos exercícios desenvolvidos nas aulas.
No final de todos esses módulos aplicamos um questionário, no qual eles não
precisavam se identificar, solicitando aos participantes que exponham sua opinião sobre o
curso e façam sugestões sobre futuras melhorias e aperfeiçoamentos.

Resultados e Discussão

Nessa sessão, são exibidos os resultados obtidos através de entrevistas e questionários


aplicados aos alunos no inicio dos cursos. Este levantamento é importante para a análise
estatística do projeto, com o objetivo de conhecer suas opiniões e perspectivas em relação a
algumas diretrizes adotadas e a serem melhoradas no futuro.
Nos questionários, são analisados dados como o estado civil, sexo, faixa etária, grau de
instrução, nível de utilização do computador, programas utilizados em tarefas, o interesse em
fazer o curso, estímulo familiar e as expectativas esperadas do curso de informática. A Tabela
3 ilustra a quantificação das turmas em relação ao seu perfil.
Tabela 3- Perfil dos alunos do curso de informática

Quantidade % Total
Faixa Etária
Entre 18-25 anos 41 67,21
Entre 26-40 anos 11 18,03
Entre 40-70 anos 9 14,75
Sexo
Feminino 30 49,18
Masculino 31 50,81
Estado Civil
Solteiro 45 73,77
Casado 16 26,22
Outros 0 0

Conclui-se que todos os alunos matriculados no curso pertenciam a uma faixa etária
bastante diversificada, onde 67,21% dos alunos tinham entre 18 e 25 anos, contra os 14,75%
encontra-se na faixa etária de 40 a 70 anos. A Figura 1 ilustra melhor a diversidade dos dados
coletados em relação à faixa etária.

Figura 1- Perfil dos alunos matriculados, observando a faixa etária

Em relação ao perfil do sexo dos alunos que se matricularam nos cursos, observou-se
um dado bastante importante: alunos do sexo masculino tiveram participação de 50,81% contra
a participação do sexo feminino que se mostra a cada ano crescente, com 49,18%, ilustrados
na Figura 2.
Como este projeto está em seu sexto ano de execução, durante os anos anteriores, a
participação feminina mostrou-se sempre muito menor que a masculina. Entretanto, temos
observado que, nos últimos anos, o público feminino tem buscado mais qualificação e
aprimoramento, visando o seu espaço no mercado de trabalho.
Figura 2 – Perfil dos alunos matriculados, observando o sexo presente

Em relação ao estado civil dos alunos matriculados no curso de Informática, os alunos


solteiros obtiveram 73,77% enquanto que os alunos casados apresentaram um percentual de
26,22%, ilustrados na Figura 3. Este dado representa o fato de que, ao contrário de anos
anteriores, aumentou a consciência de que nunca é tarde para adquirir conhecimentos, mesmo
que o aluno tenha outras responsabilidades.

Figura 3 – Perfil dos alunos matriculados, observando o estado civil

Em relação ao grau de instrução dos alunos matriculados no curso de Informática, são


observados que 6,55% dos alunos possuem apenas o ensino fundamental, enquanto que
75,40% dos alunos encontram-se no ensino médio, dados ilustrados na Figura 4. Os alunos
reconhecem e identificam no saber e na aquisição de conhecimento uma forma de melhoria em
sua vida, estando, portanto; ligado diretamente com o aumento das necessidades na vida
educacional.
Figura 4 – Perfil dos alunos matriculados, observando o grau de instrução

Em relação ao nível de utilização de recursos de Informática para alguma atividade


diária, obteve-se que 62,29% já utilizaram o computador para alguma tarefa, contra os 37,7%
que responderam que nunca utilizaram o computador para a realização de alguma tarefa,
ilustrados na Figura 5. Percebemos o crescente aumento da utilização do computador para
eventuais tarefas e atividades do dia-a-dia; mostrando a importância da inclusão digital para a
comunidade.

Figura 5 – Perfil dos alunos matriculados, observando a utilização do computador

O conhecimento desses dados nos mostra o grau de utilização do computador pelos


alunos, obteve-se que 24,4% utilizaram o programa Microsoft Office Word, 29,13% utilizaram o
Windows, 11,81% utilizaram o Microsoft Office PowerPoint, 7,08% utilizaram o Microsoft Office
Excel, 22,83% dos alunos utilizam o Internet Explorer, 0,78% utilizaram o AutoCad, e outros
programas utilizados obteve-se 3,97%.
Com o término do curso, observamos algumas mudanças significativas em relação ao
conhecimento dos alunos em relação ao mesmo. Antes mesmo do início do curso, foram
realizadas avaliações pessoais entre os alunos objetivando conhecer suas opiniões e
perspectivas em relação ao computador. Os resultados para estas foram os seguintes:
a) Qual o interesse em fazer o curso de microinformática?
Em sua maioria os alunos responderam que esse curso é de grande importância para a
sua vida profissional e até melhoria de vida, visando ingressarem futuramente no mercado de
trabalho com mais facilidade, com o certificado em suas mãos, de curso concluído.
b) Qual sua expectativa em relação ao curso?
Em sua maioria, os alunos demonstraram que gostariam de possuir um maior
conhecimento nessa área, que apresentam um crescimento constante e é bastante exigido na
busca pelo mercado de trabalho.
Através do levantamento e análise destes dados, observou-se a importância que a
execução deste projeto tem para a comunidade nas cercanias do CCA-UFPB, pensando em
um futuro mais promissor para seu público-alvo, além de também ter uma importância
fundamental no aspecto social.

Conclusões

Ações, como as propostas neste projeto, são significativas quando se consegue alcançar
o objetivo principal. Proporcionar a essas pessoas o acesso e a democratização das
informações oriundas das tecnologias utilizadas por uma parcela privilegiada da população
brasileira. A cada semestre percebe-se um acréscimo importante neste trabalho, não somente
com relação a um número de participantes, uma constante a cada semestre, mas por uma
preocupação na formação dos alunos envolvendo tanto o aprendizado dos ambientes
tecnológicos como da convivência social e do trabalho voluntário. Dessa forma, esse projeto
tem tomado uma forma e uma direção no sentido de que a inclusão digital não é apenas o
aprendizado das ferramentas e, sim, dos ambientes tanto de software proprietário quanto do
software livre, bem como de uma oportunidade de estarem incluídos tanto socialmente como
digitalmente.

Referências Bibliográficas

Gonçalves, Irlen Antônio. (1999). Informática e Educação: Um diálogo com a produção


intelectual brasileira dos últimos vinte anos. Belo Horizonte, Cefet-MG.

IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD 2007. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br. Acessado em: 15 de setembro de 2007.

SILVEIRA, Sérgio Amadeu da; CASSINO, João (org.). Software livre e inclusão digital. São
Paulo: Conrad Editoras do Brasil, 2003.

SILVA FILHO, Antonio Mendes da. Os três pilares da inclusão digital. Disponível em:
<http://www.espacoacademico.com.br/024/24amsf.htm>. Acesso em 01 set. 2005.

Você também pode gostar