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Introdução para o leitor:

Esta atividade pode ser desenvolvida tanto em contexto de sala de aula, como individualmente (ou seja, apenas com a
criança). Deve estar sempre presente pelo menos um adulto, para que possa ler o pequeno conto à criança e para que
a estimule no sentido do autoconhecimento e regulação emocional.

Inicialmente, o terapeuta/educador deve introduzir o tema à criança de uma forma breve e suscinta, como por exem-
plo: “Vamos agora ler um pequeno conto sobre a Benedita e a sua aventura na descoberta das emoções. Depois va-
mos fazer alguns jogos para que possas ajudar a Benedita com o seu dilema.”

É importante que a criança consiga observar as ilustrações colocadas ao longo do conto, para que possa envolver-se
na história.

A) Leitura do conto

A Benedita é uma menina de 6 anos que vive num mundo a


preto e branco, onde não existem emoções.

As pessoas que vivem nesse mundo agem quase como Ro-


bots: não choram, não riem, não gritam, nem brincam com
ninguém. Não têm amigos nem passatempos, ambições ou
desejos, elas simplesmente existem.

Não existem fins-de-semana, jardins, jogos nem televisão,


pois ninguém precisa de descansar ou divertir-se. A vida dos
adultos é passada no trabalho e a das crianças na escola. Ao final do dia, chegam a casa, jantam e vão dormir.

Um certo dia, Benedita saiu da escola e, ao ir para casa, em vez de percor-


rer o caminho habitual, decidiu ir por um pequeno atalho pelo meio da flo-
resta.

Foi aí que encontrou uma porta secreta, com muita luz e muita cor.

Curiosa sobre o que estaria por detrás daquela porta, a menina decidiu
entrar e investigar...

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Assim que puxou a maçaneta, um mundo novo abriu-se à sua frente: as flores tinham milhares de cores e cheiros, o céu
era o mais azul e brilhante que alguma vez tinha visto, os pássaros cantavam alegremente, a relva era verde e macia, e
estava coberta de milhares de pedras preciosas. Tudo tinha VIDA.

Radiante com aquilo que estava a ver, Benedita decidiu explorar todos os recantos desse local encantado.

Foi aí que encontrou um pequeno letreiro de madeira que dizia:

“Bem-vindos ao mundo das emoções. Aqui descobri-


rão todos os sentimentos que existem: tanto os bons
como os menos bons. Mas não se assustem! Todos eles
são normais e devem ser sentidos, desde que exista
um equilíbrio. Sintam-se livres para explorar e des-
cubram o que melhor há na vida - as EMOÇÕES!”

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Benedita encheu o peito de ar, fechou os olhos durante alguns segundos e decidiu que queria tornar o sítio onde vive
igual a este - com vida e cor. Mesmo que existissem emoções negativas, elas faziam parte de um mundo bem melhor do
que aquele onde estava.

Assim, Benedita partiu para a descoberta das emoções que aquele local guardava. Olhou para o céu, e nada encontrou.
Viu um pequeno riacho à sua frente, mergulhou nele, mas não avistou nada. Colheu algumas flores e abanou-as, mas
nada saiu delas.

- Como é que irei descobrir onde estão as emoções?- perguntou a si mesma. Exausta de tanto procurar, sentou-se na
relva macia e foi aí que viu, pelo canto do olho, um objeto muito brilhante.

Aproximou-se dele com cuidado e percebeu que se tratava de um frasquinho. Tinha escrito na
sua frente “Alegria”. Era colorido, quente, e radiava imensa luz.

- Então é assim que estão guardadas as emoções!- exclamou Benedita enquanto colocava
apressadamente o frasquinho na sua mochila vermelha.

O segundo frasquinho apareceu à frente de Benedita como por magia.

Dizia “Surpresa” e fazia pequenos sons de tempos em tempos, mudava de forma e de cor repen-
tinamente.

No meio de uma poça de lama, cheio de minhocas e bichos à sua volta estava outro recipien-
te, grande e verde.

A menina pegou no frasco, limpou a lama que o cobria e conseguiu ler a palavra “Nojo”.

Benedita colocou os restantes frasquinhos na sua mochila e olhou à sua volta.

-Onde estarão as outras emoções?-pensou para si mesma.

Nesse mesmo momento, viu ao longe uma pequena gruta, bastante escura, e correu na sua direção.

- De certeza que estarão aqui! -disse ela.

Assim que entrou na gruta, viu um lado mais negro da floresta: o lado que guardava as emoções negativas.

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Aqui, encontrou três frasquinhos:

O da tristeza, um recipiente de cor azul, muito, muito pequenino, e em forma de lágrima;

O frasquinho da Raiva, que borbulhava sem parar e tinha uma cor vermelha muito forte;

E um frasquinho de cor roxa, onde estava escrito “Medo”. Tinha uma base semelhante à garra de um
monstro e era muito frio.

A Benedita encheu a sua mochila com as restantes emoções e decidiu voltar para casa, para que as conseguisse estu-
dar e conhecer com calma.

Assim que chegou a casa, a menina abriu a sua mochila e retirou todos os frasquinhos que havia colecionado durante a
sua aventura. O brilho dos frasquinhos sobressaía ainda mais agora que a menina tinha voltado para o seu mundo sem
cor. Olhou para eles durante algum tempo, mas não sabia o que fazer.

- Como é que vou aprender e compreender todas estas emoções? E como é que as vou conseguir explicar aos outros?
Parece um trabalho impossível! - Pensou Benedita.

Será que consegues ajudar a Benedita a compreender as suas emoções para que ela possa colorir o seu mundo?

Lembra-te que também é importante ajudá-la a gerir as emoções negativas para que elas não se tornem demasiado
fortes e para que a Benedita são se prejudique nem a si, nem aos outros.

Será que estás pronto/a para embarcar nesta missão?

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B) Roleta das emoções

Após a leitura do conto, coloca-se um desafio à criança: conseguir explicar a Benedita cada uma das emoções.

Se a criança não demonstrar proatividade para começar por uma emoção em específico, poderá utilizar-se uma
“Roleta de emoções”. Esta é bastante fácil de fazer, sendo que o leitor poderá utilizar/guiar-se pelo modelo abaixo
(prender o ponteiro à roleta com alfinete):

Raiva Surpresa

C) Identificar/ Explicar cada uma das emoções

Após girar a roleta, a criança deve utilizar a Imagem da Benedita disponibilizada na página 8, e colocar por cima da
figura a expressão facial referente à emoção em questão (“Que cara achas que melhor descreve esta emoção?”).

Assim que o faça corretamente deve colocar-se à criança algumas questões-base tais como:

“Alguma vez sentiste esta emoção? Quando é que a sentiste?”

“Se tivesses de explicar à Benedita como é que te sentes quando estás ______, como é que o farias?”

“Consegues dizer-me algum sinónimo desta emoção? E Antónimo?

“O que é que costumas fazer quando te sentes assim?”


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No seguimento das estratégias que a criança enumerar, principalmente no que toca às emoções negativas, é aconse-
lhável que o terapeuta trabalhe com a criança para que esta desenvolva estratégias mais adequadas. Se a atividade for
realizada em contexto de sala de aula, o educador/a pode ainda solicitar aos restantes colegas da sala de aula que aju-
dem a Benedita a lidar com Tristeza/Raiva/Medo da melhor forma possível, isto é, sem se prejudicar a ela própria,
nem magoar os outros (apelar à empatia).

Aconselha-se ainda a trazer 6 frasquinhos, rotulados com as diferentes emoções, para que a criança possa escrever
num papel o momento/situação em que sentiu determinada emoção. Isto torna-se importante principalmente no que
diz respeito às emoções negativas, já que ajuda a criança a desvincular-se daquele acontecimento/emoção, observan-
do-o e analisando-o como se não lhe pertencesse.

De salientar ainda que o objetivo é fazer com que a criança pense por si mesma, portanto o seu conhecimento não
deve ser desvalorizado e devem fazer-se o máximo de perguntas possíveis, sem dar respostas.

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