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SUMÁRIO

1. Definição e epidemiologia....................................... 3
2. Características gerais................................................ 4
3. Estrutura das células fúngicas............................... 7
4. Morfologia....................................................................10
5. Reprodução.................................................................13
6. Classificação dos fungos.......................................17
Referências bibliográficas .........................................20
MICOLOGIA 3

1. DEFINIÇÃO E
EPIDEMIOLOGIA
A Micologia é definida como o estu-
do de microrganismos conhecidos
por fungos e leveduras. Acredita-se
que exista mais de 5 milhões de es-
pécies no Reino Fungi, sendo, depois
dos insetos, o grupo de organismos
mais diverso do planeta. No período
pré-histórico, os fungos comestíveis,
os venenosos e os alucinogênicos já
eram conhecidos (Figura 1). Entretan-
to, durante várias décadas, os fungos
foram pouco explorados pela medici-
na, apesar de terem um papel crucial
na saúde humana. Esses organismos
convivem conosco todos os dias e são
encontrados praticamente em qual- Figura 1. Cogumelo Boletus. Pintura em acrilico.Autora:
quer local do ambiente, inclusive em Regina M de Vasconcellos C de Oliveira. Fonte: Tópicos
de microbiologia, 4°ed.
nós, seres humanos. Além do ponto
de vista da medicina, estes organis-
mos são úteis como decompositores Acredita-se que existam pelo menos
de resíduos orgânicos, causando a 250 mil espécies de fungos, sendo
decomposição ou a degradação de que menos de 150 foram descritos
alimentos, transformando-os em ele- como patógenos humanos. A nossa
mentos assimiláveis pelas plantas. relação com os fungos podem envol-
Eles também têm implicações em vá- ver tanto fatores benéficos, quanto
rias áreas: Medicina humana e veteri- maléficos. Quem nunca comeu um
nária, Farmácia, Nutrição, Fitopatolo- pão, bolo ou cerveja que contenha
gia, Agricultura, Biotecnologia, entre leveduras? Então! Muitos fungos são
outras. comestíveis e fazem parte da nossa
mesa todos os dias. Além disso, quem
nunca ouviu falar sobre o antibiótico
Penicilina? Pois é, sua origem também
vem dos fungos. Alguns fungos estão
constantemente presentes no nosso
corpo, sem gerarem doença, princi-
palmente na boca, pele, intestino e
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vagina. A presença da microbiota bac- ambientes que os cerca. Como outros


teriana residente e as defesas imuni- organismos, existem meios ideais
tárias do organismo impedem-nos de para a sobrevivência fúngica, o que
se disseminarem. De modo contrário, ajuda na sua proliferação e patogenia.
alguns fungos são capazes de provo- Abaixo está descrito alumas especifi-
car diversos quadros infecciosos com cidades desses organismos:
formas clínicas localizadas ou disse-
minadas. Isso ocorre principalmente
em indivíduos submetidos a terapêu- Temperatura
ticas antibióticas de longo prazo que Diferentes tipos de fungos podem se
alteram o equilíbrio entre fungos e desenvolver em uma extensa faixa
bactérias e nas que tomam corticos- de temperatura. No entanto, a maio-
teroides ou são imunossuprimidos. ria desenvolve-se melhor entre 25º
Dentre as centenas de espécies de a 30º C. Alguns fungos isolados do
fungo descritas, as leveduras do gê- estado parasitário preferem tempe-
nero Cândida são os maiores agentes raturas próximas de 37º C, para seu
relacionados a infecção humana. No isolamento inicial.
entanto, de um modo geral, ao longo
dos últimos dez anos, a incidência de
infecções importantes causadas por Umidade
fungos tem aumentado. Estas infec- Diferente da temperatura, o ambiente
ções estão ocorrendo como infecções saturado de umidade é melhor para
nosocomiais e em indivíduos com sis- os fungos. Exemplo disso, são os bo-
tema imunológico comprometido. As lores que aparece nos lugares mais
micoses mais comuns são as super- úmidos de nossas casas (Figura 2).
ficiais, que afetam a pele, os pelos, o
cabelo, as unhas, os órgãos genitais e
a mucosa oral. Note que esses orga-
nismos dão preferência a locais úmi-
dos e quentes, pois nestas regiões
eles encontram as condições propí-
cias para o seu desenvolvimento.

2. CARACTERÍSTICAS
GERAIS
Figura 2. Morango mofado. Fonte: Raven et al., 1992.
Os fungos interagem de várias ma-
neiras com os seres humanos e os
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Termogenia Cromogenia
Devido a propriedades fermentativas Os fungos são cromóparos, ou seja,
presente em alguns tipos de fungos, eles possuem a particularidade de di-
como as leveduras, pode haver um fundir no meio em que se reproduzem,
aumento da temperatura do meio em pigmentos que produzem. Por conta
que se desenvolvem. Isso ocorre por- disso, eles podem “colorir” o ambiente
que estas fermentações são reações ou apenas pigmentar os seus micé-
exotérmicas, ou seja, liberam calor. Por lio e esporos. Quando os pigmentos
exemplo, a oxidação total de 180g de vão para o meio, os fungos se cha-
glicose pela levedura Saccharomyces mam Cromóparos, quando o pigmen-
cerevisiae, produz cerca de 700.000 to fica retido em partes do fungo, eles
calorias. Essas fermentações ocor- se chamam Cromóforos. É por conta
rem pela presença de diversas enzi- disso que algumas culturas fúngicas
mas presentes dos mais variados ti- apresentam-se com variadas colora-
pos de fungos: Glicidases (sacarases, ções: negra, vermelha, amarela, bran-
maltases etc.), Enzimas Proteolíticas ca, acastanhada, verde etc.
(proteases, peptidases) e ainda fos-
fatases, asparaginase, oxirredutase,
dehidrogenase, entre outras. Vias de dispersão
Apesar de poder se dispersar por
meio da água, sementes, insetos, car-
Acidez do meio
regado por animais ou até seres hu-
A maioria dos fungos se desenvolvem manos, a principal via de dispersão é
em um pH entre 5,6 e 7. No entanto, o ar atmosférico, através dos ventos.
eles possuem tolerância em uma am- Os fungos que se dispersam pelo ar
pla faixa de variação. Os fungos fila- atmosférico são denominados de fun-
mentosos podem crescer na faixa de gos anemófilos e tem importância em
pH entre 1,5 e 11, já as leveduras não alergias no homem e como agentes
toleram pH alcalino. Muitas vezes, a deteriorantes de diversos materiais.
pigmentação dos fungos está rela-
cionada com o pH do substrato. Os
meios com pH entre 5 e 6, com ele- Metabólitos
vadas concentrações de açúcar, alta Outra característica bem importante
pressão osmótica, tais como geleias, para a medicina, é o fato de que os
favorecem o desenvolvimento dos fungos podem produzir metabolitos.
fungos nas porções em contato com O metabolismo dos fungos tanto pro-
o ar. duzem uma vitamina como uma to-
xina, tanto um antibiótico como um
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outro produto industrial qualquer (leu- Nutrição


cina, serina, arginina, metionina, ácido
Diferente das plantas, os fungos não
oleico, ácido esteárico, prolina, histidi-
possuem clorofila, e consequente-
na e muitos outros). Exemplo disso, é
mente não são capazes de sintetizar
a penicilina produzida pelo Penicillium
sua própria fonte de energia. Esses
notadum, ou a estreptomicina produ-
organismos são responsáveis por
zida pelo Stretomyces griseus.
ajudar na decomposição da matéria
orgânica morta, transformando-as
Ecologia em micronutrientes para continuar o
ciclo da cadeia alimentar. Além dis-
A maioria dos fungos vivem nos mais so, estão associados a simbiose com
diversos substratos da natureza e são vários vegetais, ajudando-os na re-
isolados do solo seco, pântanos, tron- tenção de água e nutrientes. Sendo
cos apodrecidos ou nas frutas, leite, assim, eles obtêm sua nutrição atra-
água, poeira. São denominados geofí- vés do saprofitismo e parasitismo. A
licos aqueles que têm preferência para maioria é saprófita.
o solo. Os zoofílicos são aqueles que
usualmente crescem em animais e an- Muitas espécies fúngicas podem se
tropofílicos, os que só têm sido isola- desenvolver em meios mínimos, con-
dos do homem. Exemplos de agentes tendo amônia ou nitritos, como fontes
que infectam os seres humanos são os de nitrogênio. As substâncias orgâni-
Trichophyton rubrum e Epidermophy- cas, de preferência, são carboidratos
ton floccosum, causadores de micoses simples como D-glicose e sais mine-
superficiais (Figura 3). rais como sulfatos e fosfatos. Além
disso, oligoelementos como ferro,
zinco, manganês, cobre, molibdênio
e cálcio são exigidos em pequenas
quantidades. No entanto, alguns fun-
gos requerem fatores de crescimen-
to, que não conseguem sintetizar, em
especial, vitaminas, como tiamina,
biotina, riboflavina e ácida pantotê-
nico. Nesta condição, os fungos tra-
zem, muitas vezes, benefícios, como,
por exemplo, na função de limpado-
res do solo, pelo consumo de matéria
Figura 3. Micose superficial em pé humano. Fonte: orgânica apodrecida nele espalhada.
Material complementar do livro Sistemática Vegetal:
Fungos, 2015. Outras vezes acarretam prejuízos
quando, por exemplo, crescem em
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comestíveis enlatados, nos celeiros armazenar glicogênio. Lembrando


de cereais, nas frutas ou legumes. que o glicogênio é um polissacarídio
constituído por uma cadeia de monô-
meros de glicose. Ele se assemelha a
Reserva cadeia do amido, sendo ainda mais
Assim como os seres humanos, os ramificado.
fungos também são capazes de

MAPA MENTAL CARACTERISTICAS GERAIS

Simbioses com
plantas e animais

Microrganismos de
grande impacto na vida
humana e para natureza
Reciclagem de matéria
nos ecossistemas
Ecologia
Pode gerar aumento da
temperatura do meio Decomposição da
matéria orgânica

Termogenia Nutrição
CARACTERISTICAS
GERAIS
Temperatura Acidez

A maioria desenvolve-se A maioria desenvolvem


melhor entre 25º a 30º C  melhor em um pH entre 5 e 7
Úmidade

Ambiente saturado de
umidade é o melhor

3. ESTRUTURA DAS Unicelulares X pluricelulares


CÉLULAS FÚNGICAS Em termos microscópicos, os fungos
Os fungos são organismos eucarion- podem ser divididos em unicelula-
tes. Por conta disso, suas estruturas res, como as leveduras ou multicelu-
possuem diversos aspectos em co- lares, como os fungos filamentosos.
mum com outros tipos de organismos Isso é importante, pois tem impacto
eucarióticos. na reprodução fúngica. Por exemplo,
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leveduras crescem na forma de célu- dois tipos de aspectos. Os fungos


las únicas, que se reproduzem asse- unicelulares se juntam, formando os
xuadamente por brotamento. Quando bolores e os fungos filamentosos for-
esses fungos se organizam e formam mam os cogumelos (Figuras 4 e 5).
estruturas macroscópicas, eles têm

Figura 4. Bolores. Fonte: Material complementar Figura 5. Cogumelos. Fonte: Disponível em: https://postal.pt
do livro Sistemática Vegetal: Fungos, 2015.

formada por celulose, um dos moti-


SE LIGA! Apesar dessa classificação, vos para considerar esse grupo como
diversos fungos de importância médica pseudofungos. A quitina é o mesmo
exibem dimorfismo térmico, isto é, for-
material de que é feito o exoesque-
mam estruturas distintas em diferentes
temperaturas. Apresentam-se como leto dos artrópodes. É por conta da
bolores no meio externo, à temperatura característica da parede fúngica que
ambiente e como leveduras, ou outras faz com que eles sejam insensíveis
estruturas, nos tecidos humanos, à tem-
peratura corporal.
a antibióticos, como a penicilina, que
inibem a síntese de peptideoglicano.
Quitina é um polissacarídeo nitroge-
Parede celular nado composto por longas cadeias
de N-acetilglicosamina. É por con-
A parede celular fúngica é muito com-
ta da dessa parede que os fungos
plexa quimicamente, apresentando
podem se proteger da diferença de
uma matriz externa mucilaginosa, for-
osmolaridade entre o meio interno
mada por um polissacarídeo solúvel.
e externo, evitando a infiltração de
As espécies de fungos verdadeiros
água e rotura da parede. Além dis-
apresentam uma parede formada por
so, a parede celular fúngica contém
uma matriz de fibras de quitina. Já os
também outros polissacarídeos, dos
Oomycetes apresentam uma parede
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quais o mais importante é o β-glica- Citoplasma fúngico


no, um longo polímero de D-glicose.
Como já foi dito, os fungos são seres
Mas também, pode possuir celulose,
vivos eucarióticos. Quando se trata de
mananas e membrana celular com
leveduras, há apenas um núcleo, já os
esteróis presentes.
fungos filamentosos ou bolores, são
multinucleados. O núcleo é envolto
Membrana plasmática por uma carioteca, lipoproteica e po-
rosa, permitindo a saída de material
A membrana da célula fúngica é fun- genético para o citoplasma. O nuclé-
damentalmente lipoproteica, sendo olo, assim como nos seres humanos,
composta por duas camadas de lipí- também tem a função de produzir o
dios e dotada de permeabilidade se- RNA ribossômico. Seu citoplasma
letiva. Possuem várias glicoproteínas contém mitocôndrias constituídas
voltadas para o meio extracelular, com por cristas planas, DNA e ribossomos
capacidade de aderência de molécu- próprios. Além disso, há a presença
las. Além disso, é dotada de proteínas de proteínas do citoesqueleto que
transmembranas que permitem o flu- ajuda no processo de divisão celular.
xo de substâncias do intracelular para As células dos fungos não possuem
o extracelular e vice-versa. Tudo isso plastídios e nem centríolo, mas estão
é muito semelhante com a estrutura presentes a estrutura de Golgi, retícu-
da membrana plasmática humana. lo endoplasmático rugoso e os pero-
No entanto, a principal diferença é que xissomos. Os Flagelos podem estar
nos fungos a membrana contém er- presentes somente nas estruturas de
gosterol, contrariamente à membrana reprodução em alguns grupos.
humana, que contém colesterol.

SE LIGA! É por conta da ação seletiva


da anfotericina B e de azóis, como flu-
conazol e cetoconazol, sobre os fungos
que o antifúngico ataca a membrana do
fungo e não dos seres humanos.
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MAPA MENTAL ESTRUTURA DA CÉLULA

Estrutura rígida → protege


de diferenças osmóticas

Constituída por quitina

Parede celular Uni ou pluricelulares

DNA e associação com histonas Membrana plasmatica

ESTRUTURA
Heterotróficos por absorção Endomembranas
DA CÉLULA

Aeróbios e/ou anaeróbios Núcleo, nucleolo, mitocondrias

Proteínas do citoesqueleto Eucariontes

4. MORFOLOGIA que recebem o nome de hifas. O con-


junto de hifas, entrelaçam-se e aca-
Como foi dito acima, microscopica-
bam formando o corpo do fungo, esse
mente, os fungos podem ser dividi-
conjunto de hifas forma uma estrutu-
dos em colônias de leveduras ou fila-
ra chamada de micélio. Em relação a
mentosas. As colônias leveduriformes
presença de septos, as hifas podem
são pastosas ou cremosas, formadas
ser classificadas em contínuas ou ce-
por microrganismos unicelulares que
nocíticas e tabicadas ou septadas (Fi-
cumprem as funções vegetativas e
gura 6 e 7). Os septos são projeções
reprodutivas. Enquanto isso, as colô-
da parede celular em direção ao centro
nias filamentosas podem ser algodo-
do tubo, mas que não se encontram
nosas, aveludadas ou pulverulentas;
no centro da hifa e, portanto formam
são constituídas fundamentalmente
um poro. Estas paredes transversais
por elementos multicelulares em for-
dão um aspecto de compartimentos
ma de tubo, que denominamos de hi-
para a hifa, ou seja, as hifas não ceno-
fas. Portanto, os fungos pluricelulares
cíticas ou regularmente septadas são
são formados por células alongadas
multicompartimentadas (Figura 8).
constituindo estruturas filamentosas
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Figura 6. Hifa contínua ou cenocítica. Fonte: Tópicos de Figura 7. Hifa septada. Fonte: Tópicos de microbiologia,
microbiologia, 4°ed. 4°ed.

Possuem hifas septadas os fun- cenocíticas, os das divisões Masti-


gos das divisões Ascomycota, Basi- gomycota e Zygomycota.
diomycota e Deuteromycota e hifas

Figura 8. Tipos de hifas. Fonte: Material Complementar ao livro Sistemática Vegetal I: Fungos, 2015.

Em relação a espessura, as hifas po- são as que crescem sem interrupção,


dem ser delgadas (como os Actino- a partir de germinação de um esporo.
micetos, micetoma actinomicótico e As falsas hifas ou hifas gemulantes
pseudomicoses superficiais), que são ou pseudo-hifas (Figura 9) são as que
aquelas que tem espessura em torno crescem por gemulação ou por bro-
de 1 μm, mais ou menos (são atual- tamento sucessivo. Estas últimas são
mente denominadas de filamento características das leveduras ou fun-
bacteriano); já as hifas mais espessas, gos que se reproduzem por gemula-
de 2 até mais de 10 μm, são próprias ção (brotamento) e produzem as le-
dos fungos verdadeiros. Como assim veduroses (sapinho) bucal, sapinho
verdadeiro? Pois é! As hifas podem vaginal, por exemplo.
ser classificadas ainda como verda-
deiras ou falsas. As hifas verdadeiras
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ou negra são hifas demácias. Neste


caso, as micoses por elas produzi-
das são chamadas Demaciomicoses.
Exemplos: Cromomicose e Tinea ni-
gra (Figura 10).

Figura 9. Candida albicans, uma pseudo-hifa. Fonte:


Tópicos de microbiologia, 4°ed

Uma última maneira de estudar as hi-


fas é pela coloração. As hifas hialinas
de cores claras são chamadas muce- Figura 10. Forma clínica da Tinea nigra. Fonte: Tópicos
de microbiologia, 4°ed.
díneas. As hifas de tonalidade escura

SAIBA MAIS!
A Tinea nigra é uma ceratofitose que se manifesta pelo aparecimento de manchas enegre-
cidas ou na tonalidade café-com-leite, ocorrendo principalmente na palma da mão, mas que
pode surgir em qualquer localização do corpo, como na região plantar, na região glútea, no
abdome e até na unha. As margens da lesão podem apresentar-se ligeiramente elevadas e
são levemente descamativas. No entanto, não há prurido.

O micélio pode se desenvolver no in- reprodutivo. Os propágulos ou órgãos


terior do substrato, funcionando tam- de disseminação dos fungos são clas-
bém como elemento de sustentação sificados, segundo sua origem, em
e de absorção de nutrientes. Quando externos e internos, sexuados e asse-
isto ocorre, chamamos esse micélio xuados, mas veremos isso com mais
de vegetativo. Por outro lado, quan- detalhe do próximo tópico. Embora o
do o micélio que se projeta na su- micélio vegetativo não tenha espe-
perfície e cresce acima do meio de cificamente funções de reprodução,
cultivo, chamamos de micélio aéreo. alguns fragmentos de hifa podem se
Quando o micélio aéreo se diferencia desprender do micélio vegetativo e
para sustentar os corpos de frutifica- cumprir funções de propagação.
ção ou propágulos, temos um micélio
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MAPA MENTAL MORFOLOGIA

Contínuas ou septadas

Tubo microcópico que


contém o material do fungo

Hifas
Conjunto de hifas Pastosas ou cremosas

Micélio Colônias de leveduras

MORFOLOGIA
Septos Colônias filamentosas

Projeções da parede celular Algodonosas, aveludadas


em direção ao centro do tubo Corpo de frutificação ou pulverulentas

Agrupamento de micélios

5. REPRODUÇÃO sexuada tem como principal função


a produção de variabilidade gené-
A maioria dos fungos se reproduzem
tica da progênie. Fungos que não
de forma sexuada por acasalamen-
formam esporos sexuados são refe-
to, resultado da plasmogamia, cario-
ridos como “imperfeitos”, sendo clas-
gamia e meiose . Nos fungos que se
sificados como fungos imperfeitos. A
reproduzem de forma assexuada, en-
maioria dos fungos de importância
volve apenas a mitose. Os fungos se-
médica propaga-se assexuadamente
xuados são aqueles que se reprodu-
pela formação de conídios, esporos
zem por meio de esporos sexuados.
assexuados que se formam a partir
Já os assexuados formam os conídios
das laterais ou extremidades de es-
que são os esporos assexuados.
truturas especializadas. A morfologia,
A reprodução assexuada é mais im- a coloração e o arranjo dos conídios
portante para a multiplicação e dis- auxiliam na identificação dos fungos
persão, enquanto a reprodução (Figura 11).
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Figura 11. Esporos assexuados. A: Blastoconídios e pseudo-hifas (Candida). B: Clamidósporos (Candida). C: Artrós-
poros (Coccidioides). D: Esporângios e esporangiósporos (Mucor). E: Microconídios (Aspergillus). F: Microconídios e
macroconídios (Microsporum). Fonte: Microbiologia médica e imunologia. Warren, 10°ed.

Alguns conídios importantes são:


Artrósporos Formados pela fragmentação das extremidades das hifas
Clamidósporos São esféricos, de parede espessa e bastante resistentes.
São formados pelo processo de brotamento pelo qual as leveduras se repro-
Blastósporos
duzem assexuadamente.
São formados no interior de um saco, esporângio, em um pedúnculo, por
Esporangiósporos
bolores como Rhizopus e Mucor.

Existem dois tipos de reprodução seguida pela separação de células


assexuada: filhas, e fragmentação de hifas.
• Reprodução somática: Nesse • Reprodução Espórica: Ocorre
caso ocorre a gemação ou brota- pela produção de mitósporos, um
mento que é a divisão transversal derivado da meiose, podendo ser
móveis ou imóveis (Figura 12).
MICOLOGIA 15

os fungos podem realizar reprodução


sexuada ou assexuada. Em ambos
os casos, um grande número de es-
truturas é formado, dependendo da
espécie. As estruturas assexuadas,
como também as sexuadas, podem
ser formadas isoladamente ou em
grupos, neste caso, formando corpos
de frutificação.
Figura 12. Aspergillus sp. liberando vários conídios
(mitósporos). Fonte: Material Complementar ao livro
De acordo com tipo de reprodução
Sistemática Vegetal I: Fungos, 2015. realizada, os fungos podem ser divi-
didos em três grupos:
Na reprodução assexuada, os coní- • Holomorfo: aquele que no ciclo de
dios são produzidos em grande nú- vida realiza ambas as reproduções,
mero e resistentes às condições am- sexuada e assexuada.
bientais diversas. Podem ser ativa ou • Anamorfo: aquele que no ciclo de
passivamente liberados e dispersos vida realiza apenas a reprodução
por diversos meios. Os esporos ou assexuada.
conídios, para germinarem, necessi-
tam de calor e umidade e o resulta- • Teleomorfo: aquele que no ciclo
do desta germinação é a formação de vida realiza apenas a reprodu-
de um ou mais filamentos finos, co- ção sexuada.
nhecidos como tubos germinativos.
Estes tubos se ramificam em todos
os sentidos formando uma massa fi-
lamentosa que é o micélio. Na maio-
ria dos casos, o sistema vegetativo
encontra-se no interior dos tecidos
parasitados, no solo ou na matéria
orgânica em decomposição. Com a
formação dos esporos ou conídios é
necessário que estes tenham acesso
livre ao ar, para assegurar sua disse-
minação. O ciclo de vida dos fungos
compreende duas fases. Uma somá-
tica, caracterizada por atividades ali-
mentares, e outra reprodutiva, onde
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MAPA MENTAL REPRODUÇÃO

ESTRUTURA PRODUTORA
CONÍDEOS
DE CONÍDEOS

GERMINAÇÃO MICÉLIO

HIFAS

ASSEXUADA

REPRODUÇÃO
FÚNGICA

SEXUADA

ESTADO
HETEROCARIÓTICO
FUSÃO DOS
FUSÃO DOS NÚCLEOS
CITOPLASMAS

MICÉLIO ZIGOTO

GERMINAÇÃO MEIOSE

ESTRUTURA PRODUTORA
ESPORO
DE ESPOROS
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6. CLASSIFICAÇÃO DOS Divisão basidiomycota


FUNGOS Compreendem fungos de hifas sep-
Lembram da classificação dos seres tadas, que se caracterizam pela pro-
vivos? Então! No planeta existe um dução de esporos sexuados, os basi-
número enorme de seres vivos que diósporos, típicos de cada espécie. A
são classificados como integrantes espécie patogênica mais importante
dos reinos Monera, Plantae, Fungi, se enquadra na classe Teliomycetes.
Protista e Animalia. O Reino Fungi é
dividido em seis filos ou divisões dos
Divisão deuteromycota
quais quatro são de importância mé-
dica: Zygomycota, Ascomycota, Basi- Engloba fungos de hifas septadas
diomycota e Deuteromycota. que se multiplicam apenas por coní-
dios e por isso são conhecidos como
Fungos Imperfeitos. Os conídios po-
Divisão zygomycota dem ser exógenos ou estar contidos
Nessa divisão temos os fungos de em estruturas como os picnídios. En-
micélio cenocítico. A reprodução de- tre os Deuteromycota se encontra a
les pode ser sexuada, pela formação maior parte dos fungos de importân-
de zigósporos e assexuada com a cia médica.
produção de esporos, os esporangi-
ósporos, no interior dos esporângios.
Os fungos de interesse médico se
encontram nas ordens Mucorales e
Entomophthorales.

Divisão ascomycota
É nesse grupo que estão inclusos os
fungos de hifas septadas. A sua prin-
cipal característica é o asco, estrutura
em forma de saco ou bolsa, no inte-
rior do qual são produzidos os ascós-
poros, esporos sexuados, com forma,
número e cor variáveis para cada es-
pécie. As espécies patogênicas para
o homem se classificam em três clas-
ses: Hemiascomycetes, Loculoas-
comycetes e Plectomycetes.
MICOLOGIA 18

MAPA MENTAL MORFOLOGIA

Fungos de micélio cenocítico,


com reprodução
sexuada e assexuada

Divisão zygomycota
Fungos de hifas septadas e
presença de asco

Divisão basidiomycota CLASSIFICAÇÃO Divisão ascomycota

Fungos de hifas septadas,


que tem esporos sexuado,
os basidiósporos
Divisão deuteromycota

Fungos que se multiplicam


apenas por conídios e por isso
são Fungos Imperfeitos. 
MICOLOGIA 19

MAPA GERAL

Micélio

Septos

Hifas

SEXUADA OU ASSEXUADA
Colônias de leveduras
e filamentosas

REPRODUÇÃO FÚNGICA
Corpo de frutificação

Microrganismos de
grande impacto na vida
MORFOLOGIA
humana e para natureza
MICOLOGIA

CLASSIFICAÇÃO Estudo dos fungos

Divisão ascomycota
ESTRUTURA

Divisão basidiomycota
Parede celular de quitina

Divisão zygomycota
Uni ou pluricelulares

Divisão deuteromycota
Eucariontes

Heterotróficos
por absorção
MICOLOGIA 20

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
OLIVEIRA, Jeferson Carvalhaes de. Tópicos em Micologia Médica / Jeferson Carvalhaes de
Oliveira – Rio de Janeiro; 2014. 230 págs.
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Koogan S.A. 5º ed. 728p.
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4A Ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2004.
MICOLOGIA 21

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